"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 11 de junho de 2013

KATIA ABREU CHAMA CARDOSO DE OMISSO NA QUESTÃO INDÍGENA.

E responsabiliza o ministério da Justiça pelo risco de uma guerra civil no país.

 Mundurukus flecham as carpas do Ministério da Justiça

Trecho do discurso da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) no plenário do Senado, hoje à tarde:

Quero conclamar o Sr. Ministro da Justiça, Sr. Eduardo Omisso Cardozo, a cumprir a determinação da Casa Civil, que já pediu a suspensão das demarcações em Mato Grosso do Sul, e ele ainda se nega, depois das mortes, da violência, da queimação de casas, de máquinas e implementos, ele ainda se recusa a cumprir o pedido e a determinação da Casa Civil. Já foi suspenso no Rio Grande do Sul. Já foi suspenso em Santa Catarina. Já foi suspenso no Paraná. É terrível o sofrimento que viveram aqueles produtores! E o Senador pelo Paraná, que esteve aqui há pouco, nem sequer comentou o sofrimento dos paranaenses com as invasões indígenas.

Eu exijo, Sr. Eduardo Cardozo, que, antes do dia 14, eu lhe imploro que, antes do dia 14, o senhor tome as providências porque nós não vamos dar conta de segurar o movimento. As pessoas estão indignadas e revoltadas e não sabem para onde ir.

São dezenas de fazendas sem reintegração de posse, invadidas por índios dentro das suas casas, usurpando do direito das pessoas. E, ainda por cima, a AGU e a própria Funai solicitam à Justiça Federal que suspenda a reintegração de posse. E a Justiça Federal resolve atender a AGU, resolve atender a Funai.

Onde estava a AGU, Sr. Ministro Adams, onde estava o Sr. Ministro Eduardo Cardoso, da Justiça, no dia em que desapropriaram Suiá-Missu, no Mato Grosso, onde 8 mil pessoas brasileiras não índias foram colocadas na estrada, de forma desolada, agressiva, sem perspectiva, e estão morando até hoje debaixo de lona?!

Não apareceu o Ministério Público para pedir a suspensão! Não apareceu o Sr. Eduardo Cardoso pedindo a suspensão! O senhor não é Ministro da Justiça indígena. O senhor é Ministro da Justiça de todos os brasileiros. Cumpra com sua obrigação, porque o senhor recebe salário do povo, salário público para ser imparcial, para promover a ordem e a justiça no País.
 
11 de junho de 2013

PESQUISAS JÁ INDICAM QUE 2014 TERÁ SEGUNDO TURNO

Em junho de 2009, a aprovação do governo Lula pela pesquisa CNT era de 69,8%. Em cima desta aprovação, construiu Dilma, o poste, que àquela altura já tinha 23,5% das preferências do eleitor. Enquanto isso, Serra liderava com 40,4%. Ciro Gomes e Heloísa Helena eram possíveis candidatos, ninguém cogitava Marina Silva. Dilma acabou vencendo as eleições, mas no segundo turno.
 
Hoje, a aprovação do governo Dilma é de 54,2%, muito abaixo de Lulka. A atual presidente lidera a pesquisa eleitoral com os mesmos (casualidade?) 54,2% de aprovação. Aécio Neves aparece com 18%, superando Marina Silva que perde muito do seu capital eleitoral. No entanto, quando a pesquisa ouve apenas os entrevistados que conhecem os prováveis candidatos -- 755 (37,5%) num universo de 2.010 pessoas, Dilma teria com 44,1%, Aécio 22,8%, Marina 14,2% e Eduardo Campos 5,8%, o que levaria a disputa para o segundo turno. 
 
Há mais indícios de que a aprovação do governo Dilma deve desabar nos próximos meses, pois não há mais milagres a fazer. 
 
A pesquisa registrou um maior pessimismo dos brasileiros com relação às expectativas para os próximos meses. Com relação à oferta de empregos, 39,6% dos entrevistados acham está melhor agora, ante 54,1% do ano passado. Já 44,5% acham que ficará igual, ante 32,2% da avaliação anterior, e 11,5% acreditam que poderá piorar frente 9,6%.  Aqueles que não sabem ou não responderam não se mantiveram no patamar de 4%.
 
A expectativa de aumento renda mensal também caiu de 35,8% deste ano ante 49% do ano passado. Mas a maioria (51,9%) acredita que deverá se manter igual – que é maior que a avaliação anterior de 42,9%. Somam 8,5% os que disseram acreditar que a renda vai diminuir, antes era 5,1%.
 
As ofertas de saúde e educação também registraram baixa na perspectiva de melhora de 43,7% (em julho de 2012) para 26,2% (em junho deste ano) e 47,2% (em julho de 2012) para 33,1% (em junho deste ano), respectivamente.
 
A situação da segurança no país também apresentou queda no otimismo: 29,1% dos entrevistados acham que vai melhorar, frente 39,1% da pesquisa passada. Outros 41,1% acham que ficaria igual (o índice era de 41,2%) e 27,3% acham que vai piorar ante 17,1% da avaliação anterior. 
 
" Há uma queda em relação no otimismo em relação ao emprego e à renda mensal. [Houve] também quedas nos índices de saúde e segurança estes itens pesam. É um alerta ao governo, apesar dos altos índices de popularidade da presidente", destacou Clésio Andrade.
 
(com informações do UOL)

DILMA CAI, MARINA DESABA, EDUARDO CAMPOS NÃO DECOLA, AÉCIO SOBE. E 73,1% AINDA NÃO TÊM CANDIDATO


A presidente Dilma Rousseff seria reeleita no primeiro turno para a Presidência da República caso as eleições de 2014 fossem hoje, segundo pesquisa divulgada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) nesta terça-feira (11). Nos dois cenários analisados pelos pesquisadores, a presidente teria mais de 50% das intenções de voto.  No primeiro cenário avaliado, a presidente teria 52,8% das intenções de voto, contra 17% do senador Aécio Neves (PSDB-MG); 12,5% da ex-senadora Marina.

Na segunda simulação, em que figuram apenas Marina e Aécio, Dilma lidera, com 54,2% das repostas dos entrevistados, ante 18% de Aécio e 13,3% de Marina. Os entrevistados que votam em branco somam 8,6% e os que não sabem ou não repsonderam totalizaram 5,9%. Segundo a CNT, a pesquisa não contemplou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque ele já declarou que não sairá como candidato.

Apesar dos números favoráveis à atual presidente, 73,1% dos entrevistados afirmaram que ainda não possuem candidato para a eleição de 2014. Apenas 17,4% deles sabem em quem votar no próximo pleito, enquanto 2% votariam branco ou nulo e 7,5% não sabem ou não responderam.

A pesquisa também considerou apenas os entrevistados que conhecem os prováveis candidatos -- 755 num universo de 2.010 pessoas. Nessa situação, Dilma teria com 44,1%, Aécio 22,8%, Marina 14,2% e Eduardo Campos 5,8%, o que levaria a disputa para o segundo turno. Ainda nesta simulação, brancos e nulos somariam 8,9% e 4,2% dos entrevistados não responderam ou não sabiam.
 
(Informações do UOL)
 
11 de junho de 2013
in coroneLeaks

CURIOSIDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA 2

 

 
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11 – Mantenha o timbre fechado do o no plural dessas palavras: almoços, bolsos, estojos, esposos, sogros, polvos, etc.
 
12 – O certo é alto-falante, e não auto-falante.
 
13 – O certo é alugam-se casas, e não aluga-se casas. Mas devemos dizer precisa-se de empregados, trata-se de problemas. Observe a presença da preposição (de) após o verbo. É a dica pra não errar.

14 – Depois de ditongo, geralmente se emprega x. Veja: afrouxar, encaixe, feixe, baixa, faixa, frouxo, rouxinol, trouxa, peixe, etc.
 
15 – Ancião tem três plurais: anciãos, anciães, anciões.
 
16 – Só use ao invés de para significar ao contrário de, ou seja, com idéia de oposição. Veja: Ela gosta de usar preto ao invés de branco. Ao invés de chorar, ela sorriu. Em vez de quer dizer em lugar de. Não tem necessariamente a idéia de oposição. Veja: Em vez de estudar, ela foi brincar com as colegas. (Estudar não é antônimo de brincar).
 
17 – Ainda se vê e se ouve muito aterrisar em lugar de aterrissar, com dois s. Escreva sempre com o s dobrado.
 
18 – Não existe preço barato ou preço caro. Só existe preço alto ou baixo. O produto, sim, é que pode ser caro ou barato. Veja: Esse televisor é muito caro. O preço desse televisor é alto.
 
19 – Ainda se vê muito, principalmente na entrada das cidades, a expressão bem vindo (sem hífen) e até benvindo. As duas estão erradas. Deve-se escrever bem-vindo, sempre com hífen.
 
20 – Atenção: nunca empregue hífen depois de bi, tri, tetra, penta, hexa, etc. O nome fica sempre coladinho. O Sport se tornou tetracampeão no ano 2000. O Náutico foi hexacampeão em 1968. O Brasil foi bicampeão em 1962.
 
11 de junho de 2013
magu

OS BEBÊS DE ROSEMARY




O jornalista Augusto Nunes vai direto ao ponto em apenas 1 minuto!

11 de junho de 2013

FESTAS QUE HUMILHAM


Nasci em família bem constituída, e só podia ser assim. Nasci em um deserto verde, onde os vizinhos mais próximos ficavam pelo menos a dois quilômetros de distância e eram todos parentes. Isto é, a geografia tornava inviável até mesmo a infidelidade. Apesar de às vezes apanhar com vara de marmelo – por certo o merecia – sempre tive carinho por meus pais. Ou seja, não tenho razão alguma para rejeitar a célula familiar.

No entanto, nunca me senti bem junto a famílias. Participo daquela concepção de Alberto Moravia (se é que alguém ainda lembra dele), de que a família é uma fortaleza de egoísmo, onde os soldados são os filhos e os pais são os generais. Me identifico mais com aquele lobo da estepe, do Herman Hesse, o Harry Haller. Diria que, fora minha família, jamais convivi com qualquer outra. E mesmo com a minha meu convívio foi curto, pois saí do campo para a cidade aos 11 anos.

Durante toda minha vida, cultivei pessoas isoladas. Me sinto mais à vontade entre elas. Minha relação com a mulher que elegi não chegou a constituir o que se chama família. (Entendo que família implique filhos). E até hoje me relaciono quase que exclusivamente com outros lobos de minha estirpe.

É possível que, em meus dias de adolescente, dadas minhas leituras de anarquistas portugueses, eu tenha dirigido impropérios à bendita instituição. Não lembro. Lembro de já ter falado em “raça infame de maridos”, herança de Les oiseaux vont mourir au Pérou, filme dirigido por Romain Gary, de 1968. Mas diria que sempre aceitei a família como fato consumado, e não tinha nada contra, desde que a tal de família não se aproximasse muito de mim.

Não me importando com a família, para mim tanto fazia que fosse destruída ou não. Assim, as ameaças à família denunciadas por católicos e religiosos outros jamais me comoveram. Se estava ameaçada e era incapaz de enfrentar a ameaça, isto apenas significava que a instituição não era lá muito sólida. A discussão não me dizia respeito. Lembro que nos anos 70, quando se falava da introdução do divórcio no Brasil, não faltou quem falasse na morte da família e em atentado aos valores do Ocidente. Morreu coisa nenhuma. Com o divórcio, as famílias se multiplicaram.

Se nada tenho contra a família, algo que sempre abominei foram os dias dos pais, dias das mães. Sempre vi estas comemorações apenas como pretextos de vendas, da mesma forma que o Natal. Embora hoje costume relembrar meus seres amados que partiram nessas ocasiões, jamais festejei nenhuma delas. Enfim, se querem vender ou comprar, que comprem e vendam. Mas as celebrações destas datas em escolas me parecem particularmente cruéis.

Vivemos em um país onde há milhares de crianças sem pais, isso sem falar das que também não têm mães. Em qualquer colégio vamos encontrar órfãos e filhos de casais separados. Como fica uma criança que não tem a presença do pai e da mãe em meio a outras que festejam os seus? Deve ser no mínimo traumático para a criança. Todas as crianças em volta celebram o carinho paterno e materno e sempre haverá não poucas que disto sempre foram ou estão privadas.

Leio nas ditas redes sociais – e digo leio nas redes porque ainda não vi a notícia em jornal sério - que a prefeitura de Brusque, Santa Catarina, proibiu a realização de homenagens ao Dia das Mães e dos Pais nas escolas da rede municipal, com a argumentação de que alguns alunos poderiam ficar constrangidos. Pode ser.

Se for, a prefeitura não deixa de ter razão. Esses festejos constrangem não poucas crianças. Mas já quem esteja vendo a famosa conspiração contra os valores do Ocidente e o incentivo ao fim da família. Já tem até intelectuais falando em “ataques à família por parte dessa esquerda gramscista” na decisão da prefeitura de Brusque.

Que foi associada a uma Proposta de Emenda Constitucional da senadora Marta Suplicy, elaborada pela Comissão Especial de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a qual estabelece o Estatuto da Diversidade Sexual. “Gente, estamos chegando ao final dos tempos, ao fundo do poço. Está se querendo acabar com a maior das nossas heranças que é a família”, disse alguém. Seria o avanço da Quinta Internacional, a dos Gays, em luta contra o Ocidente.

Depois da queda do Muro e do desmoronamento da União Soviética, ficou um tanto démodé falar em luta de classes. Mas os filhos-da-luta, no dizer de Ira Levin, não podiam ficar sem causa. Logo após a derrocada, a palavra racismo invadiu a redação dos jornais. A luta agora era a do negro contra o branco. Ultimamente surgiu mais uma, a dos homossexuais contra os heteros. E a não-celebração das festas dos pais ou das mães foi saudada como resultado da revolução gay em andamento.

Confesso não saber por que razões a festa foi proibida, se é que foi proibida, pois parece que não foi. Segundo uma vereadora, não há uma proibição por parte da prefeitura e sim uma recomendação para que cada escola faça a homenagem da forma que achar conveniente, e que faça não só para mãe ou pai, mas sim para a família.

Tenha sido ou não proibida, sou pela proibição. Tais festas, cujo objetivo é meramente comercial, acabam humilhando alunos pobres, que não têm como presentear seus pais; alunos órfãos e filhos sem pai conhecido, que não têm de quem receber – ou a quem atribuir – afeto; e alunos de pais separados, que não entendem porque seus pais se separaram.

Por outro lado, tais festas alimentam a ficção de que a instituição familiar continua sólida e saudável e tem um belo futuro pela frente. Ora, a família está em rápido processo de dissolução – ou de transformação como quisermos – mesmo ao arrepio da legislação.

Em nome de um neologismo torto, a tal de homoafetividade, o STF rasgou a Constituição de uma penada e instituiu casamento homossexual no país. E a bigamia está sendo instituída pelos cartórios, com o apoio de uma teoria psicológica, denominada "poliamorismo", que admite a coexistência de duas ou mais relações afetivas paralelas em que casais se conhecem e se aceitam em uma relação aberta. No fundo, a antiga formulinha conhecida como matriz e filial, só que agora com o respaldo de tabeliões.

Assim que, se alguma criança se sentir constrangida ao ver uma outra com dois pais ou duas mães, o constrangimento foi legitimado pela suprema corte do país e por cartórios. Mas esse é constrangimento menor. Constrangimento mesmo é não saber o que é pai ou mãe.


11 de junho de 2013
janer cristaldo

PERIGUETE, MEU AMOR



Estou com inveja do erotismo do século XXI? Será que fui apenas barrado do baile?

Meus artigos mais amados não foram escritos por mim. A internet está cheia de textos com meu nome, que causam frisson entre mulheres mal amadas, homens que amam pouco e subliteratos. E pior, chegam encantados me elogiando e, quando digo, com maligno sorriso, que jamais escreveria aquelas bobagens, me olham com rancor e partem batendo os pés. Os meus “falsos” artigos são quase sempre sobre as mulheres e de como devem ser “bonitinhas, obedientes e gratas aos maridos”.

Pois aqui, serei apócrifo de mim mesmo. Vamos a isso.

É espantoso o exibicionismo sexual das brasileiras — desde as mais mocinhas, ingênuas crianças, até coroas ex-gostosas e atuais barangas. Todas de shortinho ou “saias abajur” (que só cobrem a “perseguida”), barriga nua, todas bundudas e sapatos plataforma de dez centímetros. O modelo da mulher de hoje são as mulheres mangabas, melancias e abóboras — bundas que as defendem como airbags.

As periguetes aumentaram a solidão dos pobres voyeurs brasileiros. Sem falar nas revistas que programam industrialmente nossa tesão.

Nunca as mulheres foram tão nuas no Brasil; já expuseram o corpo todo, seios, vagina, mucosas, ânus. O que falta? Os órgãos internos?


Muitas têm boquinhas tímidas, algumas sugerem um susto de virgens, outras fazem cara de zangadas, ferozes gatas, mas todas nos olham dentro dos olhos como se dissessem: “Venham... eu estou sempre pronta, sempre excitada, eu independo de carícias, de romance”! Sugerem uma mistura de menina com vampira, de doçura com loucura. Seu ideal é serem desejadas como bons produtos. Felicidade é ser consumido. Felizes como coisas: Uma salsicha é feliz? Um bela lata de caviar? Mas, como amar um eletrodoméstico?

Que querem essas mulheres? Querem acabar com nossos lares? Querem nos humilhar com sua beleza inconquistável? Elas têm de fingir que não são reais, pois ninguém mais quer ser “real” hoje em dia. Vi um anúncio de uma boneca inflável que sintetizava o desejo impossível do homem de mercado: ter mulheres digitais que não vivam... O anúncio tinha o slogan embaixo: “She needs no food nor stupid conversation” (Nem precisa levar para jantar nem ter conversa fiada). A liberdade de mercado produziu um estranho “mercado da liberdade”.

Eu não falo isso como crítica. Não. Eu tenho inveja, a verde, viscosa e sinistra inveja da ausência de angústia, da ignorância gargalhante que adivinho sob seios siliconados de mulheres gostosérrimas ou sob os peitos raspados de garotões “tanquinhos”.


Chego na banca de jornais e peço: me dá o “Estadão”, “O GLOBO”. Pelo canto do olho, vejo as revistas sexy. Pergunto ainda: Já chegou a “The Economist”, o “Foreign Affairs”? Ah... não?... Então... tudo bem... ah... me dá aquela revista ali... “Qual?”, pergunta a jornaleira. “Aquela ali...” , respondo com falsa displicência, apontando uma mulher-fruta na capa. A gorda senhora italiana me olha com desprezo irônico.

Vou para o escritório como um velho onanista com um crime nas mãos. Eu precisava entender as bundas das mulheres-fruta. Começo a rasgar o papel de celofane com mãos trêmulas. As “frutas” me olham de costas, como uma salada. Lendo a revista, começo a sofrer. Decepciono-me com o que vejo. Penso: “Estou velho ou as ‘uvas estão verdes’?” Folheio a revista em busca do desejo, mas nada acontece. “Por quê, meu Deus? Elas são feias?” Que nada. Ninguém mais é feio. Ali só há mulheres retocadas e lindas, para programar nossa libido. Essas mulheres perfeitas pelo photoshop não precisam de nós. Elas parecem ser as namoradas de si mesmas.

Olho as revistas povoadas de mulheres lindas e me sinto mais só, diante de tanta oferta impossível. Elas são muita areia para o caminhão dos proletários sexuais que jamais terão dinheiro ou charme para conhecê-las. Elas provocam uma “tesão de classe”.


E a grande moda do momento? Ah... são mulheres penduradas em acrobáticas posições ginecológicas para raspar os pelos pubianos nos salões de beleza. Ficam balançando em paus de arara e, depois, saem felizes com apenas um canteirinho de cabelos, como um jardinzinho estreito e não mais a floresta peluda onde mora a temível “vagina dentata”. Parecem uns bigodinhos verticais que me fazem pensar em Hitler ou Sarney. Elas não querem ser amadas; querem que a gente sofra. Querem ser coloridos objetos para nossa masturbação. Mas isso é injusto para com o punheteiro contemporâneo, que vira um pobre excluído.

Antigamente não tinha isso não. A doce “punhetinha” era pura narrativa literária. Punheta era dramaturgia. Tínhamos de imaginar complicados enredos, com tramas de suspense e estrutura de romance policial. O que mais acendia o desejo eram justamente as peripécias, os obstáculos até chegarmos ao orgasmo. Imaginávamos cenas excitantes:

“Na sala vazia, D. Abigail, professora de matemática, irritou-se comigo: ‘Raiz quadrada de b2 menos 4ac sobre 2A! Será que você não aprende?’ Coberto de vergonha, abaixo a cabeça e vejo a saia justa lascada do lado, a deliciosa nesga de perna branca com celulite.”


“D. Abigail grita comigo: ‘Levanta a cabeça! Repete a equação!’ ‘Não sei, professora...’, respondo debulhado em lágrimas. ‘Vem cá, filhinho, eu te ensino.’ E D. Abigail me aperta contra os seios, e suas mãos descem lentamente, enquanto suas coxas com celulite se roçam, produzindo o suave fru-fru das meias “nylon” recém-chegadas da América...”

Ou podia ser então a mãe “boa” de algum amigo: “Carlos Eduardo está em casa, dona Flora?” “Não, Arnaldinho... Mas, eu estou. Venha cá no quarto ver meu sapato altíssimo de verniz negro e ponta fina que faz ‘tic-tic’ no assoalho...”

Mãe de amigo era “tudo” e nos dava um acre sabor de culpa perversa.

É isso aí.

E, ao fechar este texto, me assalta a dúvida: estou sendo hipócrita e com inveja do erotismo do século XXI? Será que fui apenas barrado do baile?
 
11 de junho de 2013
Arnaldo Jabor, O GLOBO

POR UMA AGÊNCIA INTERNACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO DE DEMOCRACIA

 

1

A notícia de que a Standard & Poor colocou a nota de risco do Brasil em perspectiva negativa no final da semana passada apontando os números falseados da inflação e do déficit nas contas públicas como justificativa lembrou-me a ideia que sempre me passa pela cabeça nessas ocasiões.

Reparem como isso ajudou a mudar o discurso e o comportamento do governo que foi obrigado a, pelo menos formalmente, reforçar o papel do Banco Central e conter o voluntarismo de dona Dilma.
É pena que só quem tem dinheiro no mundo continue se prevenindo dos comportamentos que possam vir a ameaçá-los e que só esse tipo de denuncia (que é do que se trata) renda tanta publicidade tão bem sincronizada por toda a imprensa nacional e internacional.

Faz muito mais falta a este planeta uma Agência Internacional de Classificação de Democracia.

Arsenal

Pense bem.
Até os mais notórios bandidos do mundo de hoje tratam de fingir-se de democráticos ou de disfarçar as violências institucionais que perpetram com algum tipo de verniz democrático. Tudo isso ficou mais fácil com as modernas comunicações e a internet que tende a empurrar incoercivelmente o processo político para expedientes plebiscitários.

O lado bom é que isso é uma prova de que a democracia hoje é um valor universal e uma exigência de todos os povos. O que a maioria desses povos não sabe é definir com mais precisão o que é ou o que não é um comportamento ou uma instituição democráticos.

3

Tendo partido de diferentes graus de servidão e avançado alguma coisa na direção de aberturas democratizantes, não chega a ficar claro para eles a que foi, exatamente, que chegaram, e o que falta conquistar para que os regimes sob os quais vivem passem a merecer de fato o nome de democracia.

A maior dificuldade dos aspirantes a democracias é, enfim, o desconhecimento do que seja ela. E como há uma tendência natural em quem nunca teve nada de ficar excessivamente agradecido por muito pouco, esses neófitos tornam-se vítimas fáceis para os lobos populistas e para as feras neo-autoritárias.

8

Sem ter uma ideia clara sobre a que têm direito de aspirar, podem levar séculos se tiverem de descobrir isso sozinhos em ambientes contaminados por sólidas paredes de ignorância e censura à informação, seja ela a diretamente imposta pelo governante autoritário, seja a censura granmscianamente infiltrada nos meios de difusão das ideias e da cultura, a escola em especial, de modo a impor subliminarmente um pensamento unitário essencialmente antidemocrático.
É este, por exemplo, o caso do Brasil.

Se tais avaliações tivessem o mesmo destaque planetário que recebem os alertas sobre expedientes de governantes que ameaçam os investimentos estrangeiros nos países avaliados pelas agências de risco de hoje e rendessem o mesmo tipo de sanção econômica (dinheiro mais caro, investimentos minguantes, etc.), o avanço da democracia no mundo mudaria de velocidade ao concentrar todas as atenções naquilo que realmente interessa.

6

O Brasil, por exemplo, renderia manchetes como: “Brasil é rebaixado pela ausência do instituto básico do um homem-um voto”, ou “Foros especiais configuram desigualdade perante a lei e desmascaram democracia brasileira”, ou ainda, “Impossibilidade de ligar representante a representados põe Brasil fora do clube das democracias”. A lista seria enorme…

E se isso nos obrigasse a discutir essas questões essenciais em vez das quimeras da governabilidade e das nuances ideológicas dos atores da comédia brasiliense  que tanto apaixonam os jornalistas da capital da República, certamente avançaríamos muito.

Todos teriam a ganhar, aliás, mesmo porque, afinal de contas, excluídas as novidades inventadas pelos tubarões da ponta tecnicamente mais avançada do capitalismo como as que, paridas em Wall Street, enganaram as agências de risco e mergulharam o mundo numa crise, o que essas agências medem são exatamente as violências contra a democracia que permitem a governantes de países institucionalmente imaturos por a economia a serviço dos seus delírios de poder em vez de colocá-la a serviço do bem público, ameaçando assim também os investimentos dos estrangeiros que se arriscaram a apostar neles. Caberia portanto, denunciar o que propicia tais abusos, antes de esperar para gritar só depois que eles acontecerem.

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11 de junho de 2013
vespeiro

VOCÊ ACREDITA QUE ALCKMIN VENCERIA LULA FACILMENTE NA DISPUTA PELO GOVERNO DE SÃO PAULO?



As pesquisas eleitorais sempre foram polêmicas e suscetíveis a manipulações. Às vezes, realmente fica difícil acreditar nos resultados que esses levantamentos apresentam. Por exemplo, pesquisa realizada pelo Datafolha e concluída no final da última semana aponta amplo favoritismo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), à reeleição.

Faltando um ano para as convenções partidárias que definirão os candidatos para a eleição, Alckmin levaria vantagem até em uma eventual e improvável disputa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vejam que notícia sensacional.
Segundo o Datafolha, se Lula se candidatar ao cargo de governador paulista, Lula obterá 26% das intenções de voto no estado contra 42% de Alckmin, no cenário hipotético. Esta seria a disputa mais apertada para o atual governador, que ainda foi colocado disputando o pleito em outras três campanhas hipotéticas, ganhando de lavagem em todas elas.

Outra enlouquecida novidade: Paulo Skaf (PMDB) aparece com força nas pesquisas e chega a somar 16% das intenções de voto quando Lula é trocado por Alexandre Padilha (PT) ou José Eduardo Cardozo (PT). Gilberto Kassab (PSD), ex-prefeito de São Paulo, também aparece na disputa com 9% das intenções de votos nos cenários em que o ex-presidente não disputa.

Traduzindo: essa pesquisa foi feita no estilo do velho Samba do Crioulo Doido, de Sérgio Porto, com os entrevistadores todos de porre e os entrevistados, idem. Colocar Lula 16 pontos abaixo de Alckmin é esquecer que há menos de um ano o ex-presidente elegeu um poste e derrotou um adversário fortíssimo como José Serra. E pior: nem a generosa mãe do empresário Paulo Skaf seria capaz do ato caridoso de lhe atribuir 16 pontos na sucessão paulista.  É demais…

DILMA EM BAIXA

Também é divertido assistir ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmar que a queda de 8 por cento na avaliação da presidente Dilma Rousseff  pode ser classificada como uma “oscilação normal” e reflete o aumento da inflação de alimentos, o incidente no pagamento do Bolsa Família e a seca no Nordeste.
Qualquer um pode notar que Dilma está descendo a ladeira. E parece que o Rolls Royce presidencial está com problema no freio.

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HÉLIO FERNANDES

Joaquim Barbosa, o beligerante. Barroso, se tivesse nascido muito antes, teria provado que a Terra se move ‘num ponto de curva’. Mercadante morreu eleitoralmente com Lula, ressuscitou politicamente com Dona Dilma.

Joaquim Barbosa não pode ficar em silêncio. Sabendo que Luís Roberto Barroso, ainda como advogado, falou 7 horas, resolveu falar também. Só que imitar o tempo do já agora ministro (que assistiu até uma sessão do Supremo, sem toga), seria impossível. E, como sempre, criticou de longe e coletivamente: “O STJ (Superior Tribunal de Justiça) é composto por burocratas”.

Insinuaram que algum ministro do STJ responderia, eram rumores, se dissiparam. Agora, acreditam que o ministro do Supremo, Teori Zavascki, responda sutilmente. Motivo: veio diretamente do STJ, se não disser nada, dá a impressão de concordância.

O BELICOSO E BELIGERANTE
JOAQUIM BARBOSA


Há mais ou menos dois meses, entrou em pauta, no Congresso, a criação de quatro Tribunais Regionais Federais. No seu estilo (“o estilo é o homem”), usou a palavra “sorrateiro” no sentido mais negativo, dirigida a magistrados.

Revelou que isso custaria 8 bilhões por ano. Recebeu magistrados representantes de associações, e quando um deles começou a falar, recebeu o aviso: “O senhor só fala quando eu autorizar”.

E mais tarde: “Essa decisão do Congresso é inconstitucional, só o Judiciário pode criar tribunais”. Agora, o projeto foi aprovado e promulgado como emenda constitucional, por um deputado, que nem ligou para o presidente do Supremo.

Parlamentares não concordaram com a promulgação da emenda, recorreram. Quer dizer: volta ao âmbito do Supremo, o que fará ou dirá Joaquim Barbosa?

A VERDADE DO ORÇAMENTO

Afonso Arinos de Mello Franco, como deputado e duas vezes senador, defendia intransigentemente o orçamento IMPOSITIVO e não simplesmente AUTORIZATIVO. Apesar de muito respeitado e admirado, era sempre derrotado pelo Executivo.
Agora, deputados de vários partidos, liderados pelo próprio presidente da Câmara querem orçamento impositivo. Mas só para as emendas dos parlamentares, fixadas em R$ 1 milhão por ano para cada um dos 513 deputados.

QUANDO VALE A REELEIÇÃO?

A Datafolha apresentou queda de Dona Dilma, de 8%. É a primeira pesquisa de 2013. Analistas, em vários órgãos, concordaram: “Isso aconteceu por causa da economia”. É evidente que a economia é importantíssima, principalmente por causa dos efeitos diretos e indiretos.
Mas existem outros fatores fundamentais. Já disse aqui várias vezes: “Dona Dilma está aparecendo tanto na televisão, que dá a impressão de usar as câmeras junto com o Diário Oficial. E adora os holofotes, mas sempre negativamente. Na comparação desse item, perde para Lula de goleada.

LULA-DILMA-MERCADANTE

Há mais de um ano venho dizendo: desde 2002, quando se elegeu senador (e Lula presidente), vem sendo desprezado, humilhado, derrotado.
Acreditou que nem assumiria no Senado, direto para o Ministério da Fazenda. Não foi nada. Duas vezes derrotado para governador de São Paulo, onde estava Lula?
Com Dona Dilma sendo tudo, virou personagem e companheiro inseparável de viagem. Se Dona Dilma for candidata à reeleição (outra dúvida que venho colocando desde que Lula se curou do câncer), Mercadante será o coordenador da campanha, e com o futuro que não podia nem pôde ter com Lula.

PRESIDENCIÁVEL EM 2018   

Confirmada como candidata, continuará frequentando o Planalto e o Alvorada. Então, 4 anos depois da reeleição, Mercadante com 64 anos, será o preferido dela.
Só que nesse confuso e conturbado quadro político-eleitoral, qualquer análise é arriscada e incerta.
Se não tenho certeza acerca do que acontecerá, de agora até abril, e depois de abril até outubro de 2014, por que avançar até 2018? Minhas duas dúvidas principais (Mercadante e reeleição) são copiadas vastamente. Não me incomodo.

A MISÉRIA DE CABRAL

O governador parece preocupado com os que ganham 70 reais por mês, menos de 3 reais por dia. Vai “aumentar” para quanto, 4 ou 5 reais por dia? Cabralzinho diz que a ONU confirmou: 1 bilhão e 400 milhões de pessoas, no mundo, recebem  2 reais e 50 por dia, menos do que no Rio.

Não dá nem para pegar um ônibus, que custa 3,20. No Estado do Rio, pessoas que moram no Rio capital, pegam 2 ônibus na ida e 2 na volta, às vezes 3.
Por isso, os protestos no Rio e em São Paulo, por causa do aumento do preço. Metrô e trens, fantasias de prefeitos e governadores, que consideram que “fazem mais”.

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PS – O técnico de vôlei Bernardinho e o filho de Abílio Diniz são os mais ricos proprietários de academias de ginástica. Investem, oferecem luxo e conforto (no Rio e em São Paulo), cobram bem caro. Mas limitam o número de clientes, não querem quantidade, mas qualidade (financeira).

PS2 – Estão todos satisfeitos. Os sócios, que faturam cada vez mais. E os clientes, que não se misturam com “a patuléia vil e ignara”, geralmente obesos, mal cheirosos e faladores.

PS3 – A revista britânica “The Economist”, no último número, confessa que “errou na tática” de combater o ministro Mantega. E mostra que o fato de pedir a saída dele, reforçou sua posição.

PS4 – “Vamos mudar de tática”, é a última palavra dos editores. Então, passaram a pedir a sua permanência, “Mantega é um sucesso”. Eles mesmos garantem que “isso é ironia”. Se precisa ser explicado, é ironia fracassada, exatamente como o jornalismo que praticam.

PS5 – Ao comentarista Laco Silva: José Olimpio, extraordinária figura, grande amigo do repórter. Quando comecei a fazer artigo e coluna diária (a primeira no Brasil e que mantive por mais de 50 anos, começando no Diário de Notícias), eu tinha um roteiro.

PS6 –Começava pelo jornal, deixava me carro, ia a pé pela Rua do Riachuelo. Naquele tempo, antes da mudança da capital, a notícia estava nas ruas. Parava no Senado, na Câmara Municipal,  no restaurante do Jóquei (cheio de deputados, senadores, “quem era quem”. Ia pela Rua São José, entrava no restaurante “A Minhota”, onde ministros almoçavam desde o Império.

PS7 – Chegava à Praça 15, onde ficava a “Casa” José Olimpio, subia, tomava um suco de maracujá, na companhia dos maiores escritores do país, editados pela “Casa”. Ficava mais ou menos uma hora, terminava na Câmara dos Deputados. Ia para o jornal,. Tinha matéria para 3 colunas. Duas jogava fora, no dia seguinte tinha mais.

PS8 – Aos domingos íamos ao Jóquei, não jogávamos, conversávamos. Eu e José Olimpio, o grande estadista (que não foi presidente) Osvaldo Aranha, Luiz Viana e outros.

PS9 – Um dia fomos almoçar no sábado de corridas, nós dois e o Manuel Bandeira, que nunca fora ao Jóquei. No guardanapo, que José Olimpio levou e guardou, Bandeira rabiscou: “Os cavalinhos correndo, e nós, cavalões, comendo”.

11 de junho de 2013
Helio Fernandes

FINO HUMOR... LANÇADA A BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA DE ZÉ DIRCEU



11 de junho de 2013

O HUMOR GENIAL DO DUKE

Charge do Dia



11 de junho de 2013

RETRATO DO MOMENTO


Dilma Rousseff na cerimônia de posse, em Brasília
A  testa apoiada na mão direita, os olhos cerrados em sinal de  cansaço, o s lábios formando um ríctus da irritação.
 
O teor do bilhete pendente na mão direita deve ter sido apenas gota d’água, na torrente de problemas dos últimas dias, que levou a sempre contida e litúrgica presidente Dilma Rousseff a permitir o registro da imagem, durante cerimônia sobre mudanças climáticas na quarta-feira passada.
Nenhuma outra fotografia, depois de sua posse, revelou tanto estresse. Nosso
sistema límbico não falha,  denuncia os sentimentos pelas expressões faciais. Mas a foto e as agruras decorrem de um momento  ainda distante da prova de fogo de 2014. Analistas e protagonistas não devem subestimar a conjuntura nem fazer apostas fatalistas em seu agravamento e em suas conseqüências políticas.
 
O primeiro semestre está terminando com problemas agudos nas frentes econômica, social e política. Ao longo da semana passada o dólar disparou, as bolsas caíram e a inflação, embora exibindo recuo em maio (0,37 contra 0,55 em abril), encostou no teto da meta em 12 meses (6,5%). A ata do Copom, da reunião que elevou os juros para 8%,  fez várias advertências sobre a renitência da inflação.
INDICADORES RUINS
Maio terminou com o IBGE divulgando um crescimento de apenas 0,6% no primeiro trimestre,  menor que o esperado, embora tenha havido crescimento de 1,9% em relação ao mesmo período de 2011. Na balança comercial, déficit de US$ 5,392 bilhões desde janeiro. E para completar, pela primeira vez desde 2002, uma agência de risco, a mesma que em 2008 conferiu ao Brasil o festejado “grau de investimento” (S&P),  fez apreciação negativa sobre a economia brasileira. O Governo não nega o inegável mas aposta que o vento  ruim na economia vai começar a virar.
Na área social, houve a anárquica onda de saques dos benefícios do Bolsa-família, provocados pela mal explicada antecipação dos depósitos pela CEF e por ainda não esclarecida onda de boatos sobre fim do programa. A questão indígena ressurgiu forte, com ocupação de obras e conflitos na desocupação de fazendas. A violenta ação policial terminou com um índio morto e um ferido. Muito feio, na hora em que o brasileiro Paulo Vannucchi é eleito para a comissão interamericana de direitos humanos. O aumento de tarifas de ônibus deflagrou ações de vandalismo em São Paulo e outras cidades.
Ao Nordeste que sofre com a seca Dilma anunciará um plano para a agricultura do semi-árido. Apesar de tudo isso, dizem auxiliares dela, m, não há desemprego nem encolhimento da renda. O sentimento de melhora de vida continua alto. O Governo tem lá suas pesquisas.
Na política, as dificuldades econômicas dão discurso para o principal candidato de oposição, o tucano Aécio Neves Dilma enfrenta problemas com a base aliada no Congresso, que ameaça derrubar seus vetos à lei dos portos e aprovar o orçamento impositivo. A antecipação da campanha atiçou as disputas estaduais na coalizão. Mas, enquanto a aprovação ao Governo e a popularidade da presidente se mantiverem altos, ninguém vai saltar do barco.
Dos nove partidos que a apoiaram em 2010, todos já se comprometeram com ela para 2014, exceto o PSB do provável concorrente Eduardo Campos. Há muito jogo pela frente mas, para seguir como favorita, Dilma precisa manter acesa a chama de satisfação da maioria do eleitorado. E isso, agora, passa a depender  também das condições da economia, uma variável de controle relativo.

CHOMSKY: EUA ESTÃO ACELERANDO A DESTRUIÇÃO DO MUNDO


                
Desde a crise dos mísseis de Cuba até o frenesi dos combustíveis fósseis, os Estados Unidos têm a intenção de ganhar a corrida rumo ao desastre. Essa é a opinião do filósofo, linguista e ativista norte-americano Noam Chomsky.

“Por primeira vez na história da espécie humana, desenvolvemos claramente a capacidade de destruir-nos a nós mesmos. Isso é assim desde 1945. Agora, finalmente, se reconhece que há processos de largo prazo, como a destruição ambiental, que leva na mesma direção”, assegura Chomsky em seu mais recente ensaio, publicado em Tomdispatch.com.

Segundo o linguista, as sociedades menos desenvolvidas estão tentando mitigar ou de superar essas ameaças. “Não estão falando de guerra nuclear ou desastre ambiental, e realmente estão tentando fazer algo a respeito”.

O filósofo ressalta as políticas de países como a Bolívia que tem “uma maioria indígena e requerimentos constitucionais que protegem os direitos da natureza”; e também do Equador, que tem uma grande população indígena “e é o único exportador de petróleo que conheço onde o governo busca ajudar a que esse petróleo permaneça no solo em vez de produzi-lo e exportá-lo; é no solo onde deve estar”.

CONSUMISMO

Segundo Chomsky, no outro extremo, as sociedades “mais ricas e poderosas da história do mundo, como os Estados Unidos e o Canadá, corem a toda velocidade para destruir o meio ambiente o mais rapidamente possível. Diferente do Equador e das sociedades indígenas em todo o mundo, querem extrair até a última gota de hidrocarboneto da terra na maior velocidade possível”.

O outro assunto que Chomsky analisa é a guerra nuclear.”Acabamos de passar o 50º Aniversário da Crise dos Mísseis, que foi considerado o momento mais perigoso da história pelo historiador Arthur Schlesinger, assessor do presidente John F. Kennedy. No entanto, o pior desses eventos nefastos é que não aprenderam a lição”, afirmou.

“Nesses momentos, o tema nuclear está frequentemente nas primeiras páginas dos meios de comunicação, como é o caso da Coreia do Norte e do Irã”.

Os recentes exercícios militares da Coreia do Sul e dos Estados Unidos na península coreana, que deram cabida às ameaças de Pyongyang de realizar um ataque nuclear, desde o ponto de vista do Norte deveriam parecer ameaçadores. “Nós os veríamos como ameaçadores se acontecessem no Canadá e nos tivessem como alvo”, agregou.

“Sem dúvida, isso desperta alarmas do passado. Eles recordam esse passado,e reagem de uma forma agressiva e extrema. Não é que não existam alternativas; mas que estas não são implementadas. Isso é perigoso. Por isso, nos perguntamos como ficará o mundo; e não é uma imagem bonita. A menos que as pessoas façam algo a respeito”, concluiu.

11 de junho de 2013
Deu no site Iran News

ADEPTOS DA ARAPONGAGEM, GOVERNO BRASILEIRO SILENCIA DIANTE DE ESCÂNDALO DE ESPIONAGEM NOS EUA

 

Fala que eu te escuto – O planeta se mostra revoltado com a espionagem patrocinada pelo governo dos Estados Unidos, denunciada por Edward Snowden, ex-funcionário da CIA que está foragido, mas o governo brasileiro preferiu um estranho silêncio acerca do assunto.

Que o governo norte-americano sempre se valeu desse expediente todos sabem, mas até então não se tinha qualquer prova da ação que é no mínimo uma violação de privacidade sem precedentes.

No Brasil a situação não é diferente da que ocorre na Terra do Tio Sam, respeitadas as devidas proporções e competências. Desde a chegada de Lula ao poder central, a espionagem ganhou força em território brasileiro. Por certo alguém há de afirmar que trata-se de teoria da conspiração, mas somente quem já foi alvo dessa arapongagem criminosa sabe o que é. O monitoramento oficioso não se limita ao grampo telefônico e telemático, mas conta também com o acompanhamento de críticos do governo.

Provas materiais dessa ação ilegal são quase impossíveis de se conseguir, mas basta acompanhar o desdobramento de alguns casos para se chegar à conclusão de que a operação existe e está em franco avanço.

O mais absurdo nesse cenário de crime é que alguns empresários, adeptos desse tipo de prática, acabam fornecendo ao governo dados sigilosos de pessoas que sequer imaginam que estão sob monitoramento. Como moeda de troca os tais empresários recebem favores do governo, que acaba se unindo aos criminosos.

Com a aproximação das eleições, tais operações de monitoramento crescem de forma assustadora. Por fazer um jornalismo independente, verdadeiro, crítico e didático, o ucho.info é alvo constante da bisbilhotagem oficial. Recentemente, telefones fixos, celulares e computadores do site e do editor estiveram sob intenso grampo, o que durou quase três meses. Isso explica o silêncio obsequioso dos palacianos diante do escândalo ianque.

11 de junho de 2013
ucho.info

VIGILÂNCIA DE DADOS NOS EUA CAUSA PREOCUPAÇÃO NA EUROPA

 

Antena ligada – A indignação é grande na Europa com o programa secreto de monitoramento Prism (sigla em inglês para Métodos Sustentáveis de Integração de Projetos), dos EUA.

Segundo informações reveladas na semana passada pelos jornais Washington Post (WP) e The Guardian, os serviços de inteligência norte-americanos usaram o programa para acessar diretamente servidores de grandes empresas de internet, analisando e-mails, telefonemas, vídeos, fotos e outros tipos de comunicação. As autoridades norte-americanas justificaram as ações como sendo parte de investigações sobre ameaças à segurança dos Estados Unidos.

Mas alguns peritos europeus não se surpreenderam com as denúncias do ex-empregado da CIA (Agência Central de Inteligência, o serviço secreto dos EUA) Edward Snowden, que no último fim de semana revelou ser o delator do esquema de espionagem do governo norte-americano na internet e agora tem paradeiro desconhecido em Hong Kong, no sul da China.

“O que Snowden revelou sobre o Prism já era conhecido há muito por alguns entendidos”, diz Benjamin Bergemann, autor no blog alemão netzpolitik.org e membro da associação alemã Sociedade Digital. Em entrevista à Deutsche Welle, ele lembra que um relatório encomendado pelo Parlamento Europeu já mostrou em 2012 que “as autoridades americanas têm permissão para acessar dados desde 2008. Não foi surpresa.”

O relatório de 2012 fez duras críticas aos legisladores europeus, afirmando que, na União Europeia (UE), os cidadãos não têm consciência de que existe a possibilidade de uma vigilância política das massas.
Os autores do documento notaram como “grave” o fato de “nem a Comissão Europeia [órgão executivo da UE] nem os legisladores nacionais terem conhecimento sobre emendas à FISAA [sigla inglesa para Emenda à Lei de Vigilância da Inteligência Internacional]“, que já estavam em vigor há três anos no momento em que o estudo do Parlamento Europeu foi publicado.

O relatório chegava à conclusão que “a União Europeia negligencia a proteção de seus cidadãos” porque a lei permitia às autoridades norte-americanas o acesso a dados de cidadãos – incluindo não-americanos fora dos EUA – nas chamadas “nuvens” (bases de armazenamento de dados na internet e acessíveis de qualquer lugar do mundo).

Foco na China e na Rússia

“Por muito tempo, os europeus investiram suas forças num só lado da luta contra crimes de internet e a proteção da rede mundial de computadores”, avalia Julien Jeandesboz, do Centro interuniversitário de Estudos sobre Conflitos e um dos autores da pesquisa. “O foco da UE era sobre como os cidadãos do bloco poderiam ser ameaçados por certas tendências, mas essas tendências não incluíam as chamadas ameaças patrocinadas por governos”, explica o especialista.

Os europeus, segundo ele, debatiam sobre hackers, roubo de identidade ou sobre a regulamentação das empresas de internet. Quando se tratava de atividades promovidas por Estados, o foco europeu se voltava para a China ou a Rússia – e não para “a relação muito sensível com os EUA, também por motivos políticos”, explica Jeandesboz.

Por outro lado, leis norte-americanas como o Patriot Act – que permitia a investigadores norte-americanos escutas indiscriminadas como medidas antiterror após o 11 de Setembro de 2001 – foram debatidas fervorosamente na UE.

“Mas uma coisa é tomar medidas contra os infratores privados, os chamados ‘cibercriminosos’, e outra coisa é tomar medidas contra o governo dos EUA”, reconhece Jeandesboz. “Afinal de contas, os Estados Unidos são um importante aliado e parceiro comercial para a maioria dos governos da UE, além de ser o líder mundial como provedor de serviços de internet. É uma questão delicada.”

O blogueiro Benjamin Bergemann ressalta que os usuários europeus de serviços como a rede social Facebook ou a ferramenta de buscas Google devem pelo menos considerar que os serviços de inteligência europeus podem se beneficiar das atividades dos norte-americanos, conforme relato divulgado pelo jornal britânico The Guardian. “Como usuário, pergunto: que interesse os EUA podem ter em mim? Então, não devemos esquecer que as autoridades policiais europeias também têm um interesse nisso e que pode haver algo como uma coalizão de interesses na troca desses dados”, observa Bergemann.

Porém, só ficará claro se as autoridades europeias tiraram proveito das informações recolhidas pelos EUA ao longo das investigações sobre o caso, acrescenta o blogueiro.

“Jogado no lixo”

Enquanto internautas europeus podem impedir o acesso a dados pessoais na Justiça, nos Estados Unidos isso não é possível. Porém, os europeus não têm ideia do que fazer com a própria legislação quando se trata da transferência internacional de dados. “É notável que muitas leis aprovadas nos EUA hoje também afetem os cidadãos da UE”, diz Nicholas Hernanz, do Center for European Policy Studies, um instituto de pesquisas em Bruxelas. “E o direito desses cidadãos, de autodeterminar sobre os próprios dados, é simplesmente jogado no lixo. Então, a situação legal causa preocupação a qualquer um.”

Talvez muitos lobistas dos EUA tenham conseguido impedir a implementação de regras mais rigorosas de proteção de dados vindas da UE, lamenta o ativista digital Benjamin Bergemann. Ele tem esperança que, agora, a importância da proteção de dados e da privacidade volte a receber mais atenção nos processos legislativos do bloco dos 27. “Se a descoberta do Prism não servir como um estopim, então nada mais será capaz de inflamar esse debate”, opina Julien Jeandesboz. “Considerávamos essa amplitude na coleta de dados possível, mas não provável.”

Jeandesboz ainda completa: “Se equipararmos o argumento da segurança com outros direitos humanos, então podemos justificar tudo em nome dessa segurança. A segurança tem de ser um meio e não um fim.”

Na opinião de Benjamin Bergemann, a descoberta do sistema Prism revela que “o temor ao terrorismo e o conceito de segurança preventiva originado desse medo chegaram ao seu ponto máximo”.

Já existem muitas ideias sobre como a UE pode proteger os seus cidadãos do recolhimento de dados pelos Estados Unidos. Mas falta consenso, especialmente num momento em que a UE discute sobre uma diretriz que prevê regulamentar a proteção de dados e que deverá ser votada antes das legislativas europeias, em 2014.

Também há sugestões de que sejam incluídas advertências em sites norte-americanos, informando que a página é sujeita às leis dos EUA e, portanto, ao controle potencial das autoridades norte-americanas. Outras propostas preveem a concessão de proteção legal para denunciantes como Edward Snowden. Observadores dizem que se pode exercer pressão política sobre os EUA para que seja assinado um acordo de apoio jurídico com a UE – um dispositivo que não existe atualmente.

Porém, ainda segundo especialistas, não adianta só olhar para os EUA. Mesmo dentro da UE deve haver uma maior discussão sobre a tendência em se sacrificar o sigilo de dados pessoais em prol da luta contra o terrorismo, pois até na União Europeia o conceito de segurança preventiva ganha importância. Bergemann cita uma lei aprovada na Alemanha no início de maio. “Nela, os operadores de telecomunicação foram obrigados a disponibilizar às autoridades uma interface eletrônica na qual elas podem ter acesso a endereços IP. Então podemos ver que essas tendências também existem por aqui na Europa.” (DW)

11 de junho de 2013
ucho.info

POPULARIDADE DE DILMA E APROVAÇÃO DO GOVERNO SÃO MENORES DO QUE AS APONTADAS NAS PESQUISAS

 

Conta que não fecha – Há quem garanta que estatística é ciência, mas dependendo do resultado pode-se afirmar que tudo não passa de um amontoado de conjecturas que favorecem algo ou alguém. Acreditar em pesquisas de opinião no Brasil tornou-se um misto de fé com inocência. Ou seja, só acredita quem quer.

No final de semana, o Instituto Datafolha divulgou os resultados de pesquisa que apontou queda de oito pontos percentuais na popularidade da presidente Dilma Rousseff, na comparação com o levantamento anterior. Em um país com população que beira 200 milhões de habitantes, ouvir 3.758 pessoas é querer oficializar a enganação. Pesquisas como as que atendem aos interesses dos políticos são realizadas com base na amostragem, mas é o mesmo que afirmar que está em temperatura morna o cidadão que tem a cabeça no freezer e os pés na fogueira. Morto está, mas esse é um detalhe à parte.

Uma nova pesquisa, desta vez encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), aponta queda na aprovação do governo petista de Dilma Rousseff. De acordo com o instituto MDA, que ouviu 2.010 pessoas, a avaliação positiva do governo caiu de 56,6%, em julho de 2012, para 54,2%, em junho deste ano.

Há algo errado nessa pesquisa, pois em onze meses de seguidas tragédias na economia a aprovação do governo não pode ter recuado tão pouco. Do contrário, o povo brasileiro tem inconteste vocação para o sofrimento silencioso. A indignação diante desses números estatísticos aumenta quando considerado o fato de que, em 2010, 40% dos eleitores não votaram em Dilma. Ao longo de trinta meses, o contingente de descontentes aumentou sobremaneira. Ou será que o efeito do programa Bolsa Família é maior do que se imagina?

11 de junho de 2013
ucho.info

A MAIOR QUADRILHA DO SÉCULO VIVE NA IMPUNIDADE

Parentes de autoridades, empresários e até mortos recebem Bolsa Família, aponta CGU
 


Carlos Madeiro
Do UOL, em Maceió
Servidores, empresários, produtores rurais, alunos de escolas particulares, familiares de autoridades e até pessoas falecidas constam na lista de beneficiários do Bolsa Família, segundo relatórios de fiscalização produzidos pela CGU (Controladora Geral da União) no início de 2013.
Na última etapa do programa de fiscalização por sorteio, segundo apurou o UOL, todos os 58 relatórios de municípios divulgados no site da CGU apresentam indícios de irregularidades no maior programa social do mundo, que atende a 13 milhões de famílias no país. A fiscalização foi feita no final de 2012, com relatórios divulgados no início deste ano.
Nesses municípios, a CGU encontrou mais de 5.000 benefícios pagos a pessoas que supostamente teriam renda per capita familiar superior ao limite estabelecido pelo programa. O UOL entrou em contato com oMinistério de Desenvolvimento Social, para obter detalhes de como é feita a fiscalização aos cadastros e aos municípios, mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem.
 
Somente em Belford Roxo (RJ), o relatório da CGU informou haver "1.512 famílias beneficiárias que constam na folha de pagamento de Julho/2012 na situação de benefício 'liberado' e que apresentam renda mensal per capita superior a meio salário mínimo".
Além de irregularidades no pagamento, os relatórios apontaram para uma série de problemas, como falta de controle da frequência escolar e do cartão de vacinação das crianças, inexistência de comissão gestora do programa e até desvios de recursos enviados para atividades complementares.
Pagamentos irregulares
O principal problema apontado pelos técnicos da CGU é a inclusão de pessoas com renda superior ao máximo permitido. Em alguns casos, há também servidores e familiares de autoridades inclusas na lista.
Em São Francisco de Assis (PI), a mulher de um vereador estava inclusa na lista do Bolsa Família. Outra beneficiária era a filha da coordenadora de Apoio ao Idoso, da Secretaria Municipal de Assistência Social --que é responsável pelo cadastro dos beneficiários. Além disso, ela e o marido são donos de uma panificadora e uma pousada.
Muitos servidores com salários acima do máximo estabelecido pelo programa também são beneficiários. Em Olindina (BA), cinco servidores públicos, entre eles dois estaduais da Secretaria da Educação e da Assembleia Legislativa da Bahia, estavam na lista.
Em Vazante (MG), vários servidores com renda superior a R$ 1.000 mensais recebiam o benefício. Um deles ganhava R$ 134 de Bolsa Família, mesmo com salário de R$ 2.279,05.

Mortos sim, vivos não

Em Xexéu (PE), a CGU encontrou pessoas mortas em 2011 na lista paga até o final do ano passado. Segundo a inspeção, o problema foi causado pela deficiência no controle do cadastro.
Enquanto mortos "recebem" o Bolsa Família, há pessoas vivas, enquadradas no perfil do programa, que ainda lutam para receber o benefício. Em Lagoa Alegre (PI), uma beneficiária do programa constava na folha de pagamento, mas afirmou que nunca havia recebido o cartão. Por mês, R$ 102 ficam na mão de alguém não identificado.
Enquanto isso, pessoas ricas recebem o benefício, como em São José do Sul (RS), onde uma produtora rural com faturamento anual, em 2011, de R$ 955 mil era beneficiária do programa. Em Barra do Ribeiro (RS), uma mulher era beneficiária, mesmo sendo dona de uma empresa e possuindo, junto com o marido, cinco carros.
Outros casos de empresários também foram encontrados em Jaguaribara (CE), onde uma dona de churrascaria recebia o benefício.  Em São Domingos (SE), havia um dono de mercearia na lista.

Sem controle e desvios

Além dos problemas no pagamento, a CGU também encontrou outros problemas organizacionais e desvios de verbas pelos municípios.
Em Aliança (PE), a CGU verificou a suspeita de fraude nos recursos enviados ao programa, com a não comprovações de despesas no valor de R$ 90 mil. O dinheiro deveria ter sido usado para  contratação de empresa para promoção de cursos de qualificação profissional. Continue a leitura aqui
 
11 de junho de 2013