Joaquim Barbosa não pode ficar em silêncio. Sabendo que Luís Roberto Barroso, ainda como advogado, falou 7 horas, resolveu falar também. Só que imitar o tempo do já agora ministro (que assistiu até uma sessão do Supremo, sem toga), seria impossível. E, como sempre, criticou de longe e coletivamente: “O STJ (Superior Tribunal de Justiça) é composto por burocratas”.
Insinuaram que algum ministro do STJ responderia, eram rumores, se dissiparam. Agora, acreditam que o ministro do Supremo, Teori Zavascki, responda sutilmente. Motivo: veio diretamente do STJ, se não disser nada, dá a impressão de concordância.
O BELICOSO E BELIGERANTE
JOAQUIM BARBOSA
Há mais ou menos dois meses, entrou em pauta, no Congresso, a criação de quatro Tribunais Regionais Federais. No seu estilo (“o estilo é o homem”), usou a palavra “sorrateiro” no sentido mais negativo, dirigida a magistrados.
Revelou que isso custaria 8 bilhões por ano. Recebeu magistrados representantes de associações, e quando um deles começou a falar, recebeu o aviso: “O senhor só fala quando eu autorizar”.
E mais tarde: “Essa decisão do Congresso é inconstitucional, só o Judiciário pode criar tribunais”. Agora, o projeto foi aprovado e promulgado como emenda constitucional, por um deputado, que nem ligou para o presidente do Supremo.
Parlamentares não concordaram com a promulgação da emenda, recorreram. Quer dizer: volta ao âmbito do Supremo, o que fará ou dirá Joaquim Barbosa?
A VERDADE DO ORÇAMENTO
Afonso Arinos de Mello Franco, como deputado e duas vezes senador, defendia intransigentemente o orçamento IMPOSITIVO e não simplesmente AUTORIZATIVO. Apesar de muito respeitado e admirado, era sempre derrotado pelo Executivo.
Agora, deputados de vários partidos, liderados pelo próprio presidente da Câmara querem orçamento impositivo. Mas só para as emendas dos parlamentares, fixadas em R$ 1 milhão por ano para cada um dos 513 deputados.
QUANDO VALE A REELEIÇÃO?
A Datafolha apresentou queda de Dona Dilma, de 8%. É a primeira pesquisa de 2013. Analistas, em vários órgãos, concordaram: “Isso aconteceu por causa da economia”. É evidente que a economia é importantíssima, principalmente por causa dos efeitos diretos e indiretos.
Mas existem outros fatores fundamentais. Já disse aqui várias vezes: “Dona Dilma está aparecendo tanto na televisão, que dá a impressão de usar as câmeras junto com o Diário Oficial. E adora os holofotes, mas sempre negativamente. Na comparação desse item, perde para Lula de goleada.
LULA-DILMA-MERCADANTE
Há mais de um ano venho dizendo: desde 2002, quando se elegeu senador (e Lula presidente), vem sendo desprezado, humilhado, derrotado.
Acreditou que nem assumiria no Senado, direto para o Ministério da Fazenda. Não foi nada. Duas vezes derrotado para governador de São Paulo, onde estava Lula?
Com Dona Dilma sendo tudo, virou personagem e companheiro inseparável de viagem. Se Dona Dilma for candidata à reeleição (outra dúvida que venho colocando desde que Lula se curou do câncer), Mercadante será o coordenador da campanha, e com o futuro que não podia nem pôde ter com Lula.
PRESIDENCIÁVEL EM 2018
Confirmada como candidata, continuará frequentando o Planalto e o Alvorada. Então, 4 anos depois da reeleição, Mercadante com 64 anos, será o preferido dela.
Só que nesse confuso e conturbado quadro político-eleitoral, qualquer análise é arriscada e incerta.
Se não tenho certeza acerca do que acontecerá, de agora até abril, e depois de abril até outubro de 2014, por que avançar até 2018? Minhas duas dúvidas principais (Mercadante e reeleição) são copiadas vastamente. Não me incomodo.
A MISÉRIA DE CABRAL
O governador parece preocupado com os que ganham 70 reais por mês, menos de 3 reais por dia. Vai “aumentar” para quanto, 4 ou 5 reais por dia? Cabralzinho diz que a ONU confirmou: 1 bilhão e 400 milhões de pessoas, no mundo, recebem 2 reais e 50 por dia, menos do que no Rio.
Não dá nem para pegar um ônibus, que custa 3,20. No Estado do Rio, pessoas que moram no Rio capital, pegam 2 ônibus na ida e 2 na volta, às vezes 3.
Por isso, os protestos no Rio e em São Paulo, por causa do aumento do preço. Metrô e trens, fantasias de prefeitos e governadores, que consideram que “fazem mais”.
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PS – O técnico de vôlei Bernardinho e o filho de Abílio Diniz são os mais ricos proprietários de academias de ginástica. Investem, oferecem luxo e conforto (no Rio e em São Paulo), cobram bem caro. Mas limitam o número de clientes, não querem quantidade, mas qualidade (financeira).
PS2 – Estão todos satisfeitos. Os sócios, que faturam cada vez mais. E os clientes, que não se misturam com “a patuléia vil e ignara”, geralmente obesos, mal cheirosos e faladores.
PS3 – A revista britânica “The Economist”, no último número, confessa que “errou na tática” de combater o ministro Mantega. E mostra que o fato de pedir a saída dele, reforçou sua posição.
PS4 – “Vamos mudar de tática”, é a última palavra dos editores. Então, passaram a pedir a sua permanência, “Mantega é um sucesso”. Eles mesmos garantem que “isso é ironia”. Se precisa ser explicado, é ironia fracassada, exatamente como o jornalismo que praticam.
PS5 – Ao comentarista Laco Silva: José Olimpio, extraordinária figura, grande amigo do repórter. Quando comecei a fazer artigo e coluna diária (a primeira no Brasil e que mantive por mais de 50 anos, começando no Diário de Notícias), eu tinha um roteiro.
PS6 –Começava pelo jornal, deixava me carro, ia a pé pela Rua do Riachuelo. Naquele tempo, antes da mudança da capital, a notícia estava nas ruas. Parava no Senado, na Câmara Municipal, no restaurante do Jóquei (cheio de deputados, senadores, “quem era quem”. Ia pela Rua São José, entrava no restaurante “A Minhota”, onde ministros almoçavam desde o Império.
PS7 – Chegava à Praça 15, onde ficava a “Casa” José Olimpio, subia, tomava um suco de maracujá, na companhia dos maiores escritores do país, editados pela “Casa”. Ficava mais ou menos uma hora, terminava na Câmara dos Deputados. Ia para o jornal,. Tinha matéria para 3 colunas. Duas jogava fora, no dia seguinte tinha mais.
PS8 – Aos domingos íamos ao Jóquei, não jogávamos, conversávamos. Eu e José Olimpio, o grande estadista (que não foi presidente) Osvaldo Aranha, Luiz Viana e outros.
PS9 – Um dia fomos almoçar no sábado de corridas, nós dois e o Manuel Bandeira, que nunca fora ao Jóquei. No guardanapo, que José Olimpio levou e guardou, Bandeira rabiscou: “Os cavalinhos correndo, e nós, cavalões, comendo”.
11 de junho de 2013
Helio Fernandes