"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

EUA VÃO VETAR A CRIAÇÃO DO ESTADO PALESTINO, MOSTRANDO QUE A ONU É UM ORGANISMO ANTIDEMOCRÁTICO

A organização das Nações Unidas serve para quê? Alguém por favor responda. Desde a formação da ONU que está para ser criado o Estado palestino. Agora, o assunto vai a votação no Conselho de Segurança da ONU, integrado por 15 anos, inclusive o Brasil, que é membro temporário.

Os palestinos precisam de nove votos, mas os Estados Unidos – um dos cinco membros permanentes com direito a veto – já anunciaram que vetarão a medida, o que impediria a sua aprovação. Mas que democracia é essa, em que um só país pode impedir a aprovação de um projeto apoiado por todos os demais?

Inglaterra, França, Rússia e China também desfrutam desse poder de veto. Os demais países, inclusive os três derrotados na Segunda Grande Guerra (Alemanha, Japão e Itália) são a ralé da ONU.

O ministro palestino das Relações Exteriores está confiante de que sua delegação vai angariar o mínimo de nove votos necessários para obter o apoio do Conselho de Segurança da ONU a um Estado palestino. “Estamos trabalhando para isso e acho que conseguiremos”, disse o ministro Riyad al-Malki, a jornalistas depois de se reunir com o chanceler venezuelano.

Malki é por demais otimista e não considera imutável a posição dos EUA. “Esperamos que os Estados Unidos revisem sua posição e fiquem do lado da maioria das nações ou países que querem o apoio ao direito palestino de obter autodeterminação e independência”, afirmou Malki.

Mas as autoridades de Israel disseram que os palestinos terão dificuldades para garantir o número mínimo necessário. A delegação israelense, que pediu por novas negociações diretas com os palestinos, opõe-se à medida na ONU e diz que ela é destinada a deslegitimar Israel.

Já os palestinos afirmam que sua candidatura na ONU tem como objetivo abrir as portas para novas conversas de paz entre dois Estados soberanos. A última rodada de negociações diretas entre Israel e os palestinos fracassou há um ano, depois que Israel se recusou a renovar uma moratória a novos assentamentos em áreas desejadas pelos palestinos para um futuro Estado.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, pretende apresentar na sexta-feira ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, uma inscrição para que o Estado palestino se torne um membro pleno da ONU, o que será contestado por Israel e os EUA.

O Brasil ocupa atualmente uma das vagas rotativas do Conselho de Segurança da ONU, sonha em ser membro permanente, isso pode até acontecer, mas jamais terá direito a veto. Traduzindo: nosso voto não vale nada mesmo.

Carlos Newton

ANALFABESTIMO CAI POUCO E ATINGE 9,7% DA POPULAÇÃO

Entre os que têm mais de 15 anos, 14,1 milhões não sabem ler e escrever. Região Nordeste tem a taxa mais alta

14,1 milhões de analfabetos entre a população com mais de 15 anos, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada nesta quarta-feira, dia 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Este total de pessoas representa 9,7% da população, 0,3 ponto percentual a menos que a taxa de 2008, que foi de 10% (14,247 milhões de pessoas). Desde 2004, quando o levantamento começou a ser realizado, a queda foi de 1,8 ponto percentual.

Considerada uma meta do Plano Nacional de Educação (PNE) que deveria ter sido atingida até 2010, a erradicação do analfabetismo está ainda mais distante quando se observa os dados do Nordeste.
Na região, embora a redução da taxa entre 2004 e 2009 tenha sido de 3,7 pontos percentuais, o índice é de 18,7%, maior que o percentual brasileiro há 18 anos, quando o IBGE calculou o dado em 17,2%.
Nas regiões Sul e Sudeste, onde a taxa é mais baixa, 5,5% e 5,7% das pessoas com mais de 15 anos ainda não sabem ler ou escrever.


Diferenças na taxa de analfabetismo entre Estados são grandes

A maior dificuldade para reduzir o número de analfabetos está em atacar o problema na população com mais de 25 anos: 92,6% deles estão nesta faixa etária, o que faz com que a taxa do grupo seja de 12%. Se a faixa de idade for ainda mais restrita, a taxa de analfabetismo atinge 21% das pessoas com mais de 50 anos.

Escolarização

Os anos de estudo, outro dado apresentado pelo Pnad, ajudam a explicar esta diferença nas proporções. A população de 10 anos ou mais atingiu, em 2009, 7,2 anos de estudo em média, um crescimento de 0,6 ano em relação a 2004.

No entanto, na observação apenas do grupo que tem entre 20 e 24 anos, a média sobe para 9,6 anos, e desce entre os que têm entre 50 e 59 (6,5 anos) e mais de 60 anos (4,2 anos).

No total, em 2009, 36,2 milhões (22,2%) de pessoas com mais de 10 anos estavam sem instrução ou tinham frequentado a escola por menos de quatro anos, contra 38,7 milhões (25,9%) em 2004.

Este dado desencadeia outro, o do analfabetismo funcional, representado pela proporção de pessoas de 15 anos ou mais com menos de quatro anos de estudo.

Apesar de o índice ainda ser de 20,3%, representa uma redução de 0,7 ponto percentual em relação a 2008 e 4,1 pontos percentuais sobre 2004.
No período, todas as regiões tiveram queda na taxa, principalmente o Nordeste, onde a retração foi de 6,6 pontos e chegou a 30,8%.

Tatiana Klix, iG São Paulo | 08/09/2010

QUAL NOSSA SALVAÇÃO? A CACHAÇA OU A INFORMAÇÃO?


Só a cachaça nos livra do Lula.

Ou as informações e o aprendizado é que poderão nos livrar?

O artigo com o título acima (Só a cachaça nos livra do Lula.), no blog Coturno Noturno, comenta sobre o gosto da maioria da população brasileira: 57% gostaria que a presidente Dilma Rousseff desistisse de tentar uma reeleição para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se candidatasse em seu lugar.
Apenas 29% prefere que Dilma busque um novo mandato em 2014.

A explicação para o desejo da maioria brasileira está na enorme diferença entre as pessoas mais ou menos esclarecidas.
A diferença na taxa de analfabetismo entre os Estados, por exemplo, é bem grande, enquanto a maior parte dos brasileiros conste de pessoas de pouca instrução. No mapa abaixo, podemos observar que, nos Estados na cor mais escura, é justamente onde se encontra a maior quantidade de analfabetos.

Os dados encontrados na Fonte IBGE informam que, entre as pessoas com mais de 15 anos, 14,1 milhões de brasileiros não sabem ler e escrever, sendo que a maior taxa de analfabetos está na Região Nordeste, justamente a região do Brasil onde se concentra a maioria dos admiradores do ex-presidente, tão pouco instruído quanto seus admiradores.

Aliás, há uma característica que passa despercebida por muitos no falatório do boquirroto Lula: a limitação de seus conhecimentos, que o obriga a ser extremamente repetitivo , embora consiga disfarçar muito bem, graças à sua esperteza (esperteza, não inteligência).

Considerada uma meta do Plano Nacional de Educação (PNE) que deveria ter sido atingida até 2010, a erradicação do analfabetismo está ainda mais distante quando se observa os dados do Nordeste.

A pesquisa nos informa também que a maior dificuldade para reduzir o número de analfabetos está em atacar o problema na população com mais de 25 anos.

Conclusão:

A preferência por Lula está diretamente ligada à incapacidade intelectual e mental das pessoas.
Quem admite ser lulista, está admitindo que é ignorante e desinformado.

A não ser em casos excepcionais, naturalmente.

Dados mais completos no artigo Analfabetismo cai pouco e atinge 9,7% da população

FERREIRA GULLAR: PODE SER QUE ME ENGANE

Dando curso a minha tentativa de entender quem é esse cara chamado Lula, acrescento à crônica que publiquei aqui, faz algumas semanas, novas observações.

Por exemplo, fica evidente que Lula e seu pessoal, ao chegar ao poder, elaboraram um plano para nele permanecer. Aliás, José Dirceu chegou a afirmar isso, poucos meses depois da posse de Lula na Presidência: “Vamos ficar no poder pelo menos 20 anos”.

O mensalão era parte do plano. Descartar o PMDB e aliar-se a partidos pequenos para, em vez de lhes dar cargos ministeriais, lhes dar dinheiro. Sim, porque, para permanecer 20 anos no poder, era necessário ocupar a máquina do Estado, tê-la nas mãos, de modo a usá-la com finalidade eleitoral.

Por isso, um dos primeiros atos de Lula foi revogar o decreto de Fernando Henrique que obrigava a nomeação de técnicos para cargos técnicos. Eliminada essa exigência, pôde nomear para qualquer função os companheiros de partido, tivesse ou não qualificação para exercer o cargo.

Ocorreu que Roberto Jefferson, presidente do PTB, sublevou-se contra o mensalão e pôs a boca no mundo. Quase acaba com o governo Lula. Passado o susto, ele teve que render-se ao PMDB e distribuir ministérios e cargos oficiais a todos os partidos da base aliada. Não por acaso, os 26 ministérios que recebera de FHC cresceram para 37, mais 11.

No primeiro momento, ele próprio deve ter visto isso como uma derrota, mas, esperto como é, logo percebeu que aquele poderia ser um novo caminho para alcançar seu principal objetivo, isto é, manter-se no poder.

Se já não podia comprar os partidos aliados com a grana do mensalão, passou a comprá-los com outra moeda, entregando-lhes os ministérios para que os usassem como bem lhes aprouvesse: dinheiro ali é o que não falta. E assim, como se vê agora, nos ministérios dos Transportes, da Agricultura, do Turismo, cada partido aliado montou seu feudo e passou a explorá-los sem nenhum escrúpulo.

Lula, pragmático como sempre foi, fazia que não via, interessado apenas em contar com o apoio político que lhe permitiria garantir a sucessão, isto é, eleger Dilma. Essa candidatura inusitada – que surpreendeu e desagradou ao próprio PT – era a que convinha a ele, pelo fato mesmo de que se tratava de alguém que jamais sonhara com tal coisa e que, por isso mesmo, jamais se voltaria contra ele ou contrariaria seus propósitos. Não é por acaso que, regularmente, eles se encontram em jantares a dois, para acertarem os ponteiros e ele lhe dizer o que fazer.

Não estou inventando nada. Não só ambos já admitiram esses encontros como ela, recentemente, respondendo a uma jornalista que lhe perguntou se discordava de Lula, respondeu: “Não posso discordar de mim mesma”. Isso não exclui, porém, um fator contraditório: a necessidade que ela tem, como a primeira mulher presidente do Brasil, de afirmar sua autonomia.

Cabem aqui algumas considerações. Todos sabem que o PT, nascido partido da esquerda revolucionária, não admitia deixar o poder, uma vez tendo-o conquistado. Os demais partidos aceitam a alternância no poder porque estão de acordo com o regime. Já o partido revolucionário vem para implantar outro regime, que exclui os demais partidos. É claro que esse era o PT de 1980, que não existe mais, mesmo porque, afora o pirado do Chávez, ninguém em sã consciência acha que vai recomeçar o socialismo em Macondo, quando ele já acabou no mundo inteiro.

Disso resulta que os principais fundadores do PT abandonaram o sonho da sociedade igualitária e cuidam de seu próprio enriquecimento. Por esperteza e conveniência, porém, tentam fingir que se mantêm fieis aos ideais socialistas. Desse modo, dizendo uma coisa e fazendo outra, enganam os mal informados, enquanto usam o poder político e institucional para intermediar interesses de grupos econômicos nos contratos com o Estado brasileiro.

Ideologicamente, é preciso distinguir Lula do PT, ou de parte dele, que não consegue aceitá-lo como um partido igual aos outros nem perceber Lula como ele efetivamente se tornou. Nada mais esclarecedor do que vê-lo chegar a Cuba em companhia do dono da Odebrecht, no avião particular deste, para acertar as coisas com Fidel Castro.

ENTREVISTA: ANDRÉS OPPENHEIMER - A OBSESSÃO COM A HISTÓRIA

“Temos uma obsessão com a história”, diz Oppenheimer

O jornalista argentino diz que o passadismo da América Latina se reflete no atraso na educação

Por Humberto Maia Junior

O presidente Venezuelano Hugo Chávez, criou em 2008 uma comissão para investigar, “histórica e cientificamente”, a morte do herói da independência da América Latina, Simón Bolívar. Para o jornalista argentino Andrés Oppenheimer, o episódio ilustra bem como a América Latina, uma região com tanta desigualdade e pobreza, insiste em perder tempo discutindo assuntos que não vão ajudar em nada nos desafios do que ele chama de “era do conhecimento”. Sua indignação é o mote do livro “Basta de histórias! – A obsessão latino-americana com o passado e as 12 chaves para o futuro” (Objetiva, 392 páginas, R$ 49,90), que acaba de ser lançado no Brasil. “Essa obsessão pelo passado nos distrai de tarefas como investir em educação, ciência e tecnologia”, afirma. De Miami, onde vive, Oppenheimer falou por telefone a revista “Época”.

Quem é
Argentino, Andrés Oppenheimer tem 59 anos. É formado em Direito pela Universidade de Buenos Aires e mestre em jornalismo pela Universidade Colúmbia. Vive nos Estados Unidos desde 1976

O que faz
É comentarista da rede de TV CNN em espanhol e colunista do jornal The Miami Herald

O que publicou
Além de “Basta de histórias!”, é autor, entre outras obras, de “Los Estados Desunidos de Latinoamerica” e “La hora final de Castro”.

Leia:

O senhor diz que há uma obsessão pelo passado na América Latina. Como ela se manifesta?


Andrés Oppenheimer
– Os países latino-americanos vivem em revisão de suas histórias. Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez mudou o nome do país para um ridículo “República Bolivariana da Venezuela”. Ele discursa em frente a uma imagem de Simón Bolívar (militar que liderou a independência de vários países da região no século XIX). E diz que toda a sua política é baseada no que Bolívar disse. Usa o passado para dar legitimidade histórica a suas ações. Mas Bolívar viveu há quase dois séculos. Ele morreu 150 anos antes da invenção da internet e 40 anos antes do telefone. Ele pode ter sido um grande herói de seu tempo, mas vivemos num mundo novo.

Isso não ajudaria nos desafios atuais…


Oppenheimer – Claro que não. Ele não é a resposta para os desafios de um mundo globalizado. Estive em países como Índia e China, que têm histórias milenares, e não vi ninguém ficar falando no passado. Em meu livro, falo sobre minha surpresa quando cheguei a Cingapura, um dos países com maior renda per capita do mundo. Um exemplo é a moeda local (dólar de Cingapura). No dinheiro deles há a imagem de uma universidade com o professor e os alunos e, abaixo, uma palavra: educação. Na América Latina, como nos Estados Unidos, temos nossos heróis da independência. Nós olhamos para trás. Eles olham para a frente.

Por que isso ocorre?

Oppenheimer – Talvez porque os países latino-americanos sejam relativamente jovens, e idolatrar o passado é uma forma de criar um senso de coesão ou identidade nacional. O problema é que nós exageramos. Não estou dizendo que devemos esquecer nossa história. O que digo é que essa obsessão nos distrai de tarefas mais relevantes e urgentes como investir em educação, ciência, tecnologia, assuntos do futuro.

O senhor diz que a educação é a chave para o futuro. Mas esse pensamento não existe desde o século XX?

Oppenheimer – Sempre medimos nosso sucesso pelo crescimento econômico. Mas, sem uma boa educação, o crescimento da economia não reduz a pobreza nem a desigualdade, pelo menos não tão rapidamente como quando vem acompanhado de crescimento educacional. Os dois devem caminhar juntos. A razão é simples: quando a economia cresce, as pessoas que se beneficiam são as que tiveram boa educação e têm empregos formais. A mulher que vende limão na rua e não teve boa educação não vai conseguir ascender. Uma das coisas que proponho no livro é medir nosso sucesso pela educação, como um PIB para a educação, o Produto Educacional Bruto, o PEB.

E como está o PEB da América Latina?

Oppenheimer – Terrível. Não há uma única universidade da América do Sul entre as 200 melhores do mundo, segundo um ranking feito pelo jornal britânico The Times. No Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), os países latino-americanos estão na parte de baixo do ranking, em que participam 65 países. O Brasil está na 53a posição em matemática. O resultado é que nós, na América Latina, não registramos patentes, não inventamos nada. A Coreia do Sul, um pequeno país asiático que há 40 anos era mais pobre que o Brasil, no ano passado registrou 8.800 patentes nos Estados Unidos. O Brasil, muito maior que a Coreia, registrou só 100. Não é coincidência que a renda per capita lá seja maior que no Brasil.

Quais países vão um pouco melhor na região?


Oppenheimer – O Brasil e o Chile vão melhor na educação superior. O Brasil lidera nesse quesito. Forma 10 mil doutores por ano, tem indústrias de alta tecnologia, como a Embraer. E anunciou recentemente que vai pagar 100 mil bolsas de estudo para alunos estudarem fora. O Brasil está indo muito melhor do que outros países da América Latina. Mas, ainda assim, está muito pior do que outros países com quem quer competir, como Índia ou China. Há muito a ser feito. Digo que é um “gigante com pés de barro”: tem boas universidades e péssimas escolas.

O que o Brasil precisa fazer?


Oppenheimer – Primeiro, criar uma cultura de inovação, que resulte em invenções e registro de mais patentes. Estamos no começo de uma era da economia do conhecimento. Se o Brasil quiser se destacar nesse cenário, terá de produzir muito mais artigos de alta tecnologia. No livro, cito como exemplo uma xícara de café brasileiro vendida na rede Starbucks nos Estados Unidos. Só 3% do que se paga pela xícara vai para os agricultores brasileiros. Os outros 97% vão para quem processou o café, para o marketing etc. De qual lado o Brasil quer estar?

Como pensar em novas tecnologias se o Brasil vai mal no ensino primário e não valoriza o professor?

Oppenheimer
– Difícil. Quando estive na Finlândia e perguntei por que o país vai tão bem, me responderam: “Bons professores”. Para alguém ser um professor na Finlândia, é preciso estar entre os 10% com melhor desempenho escolar. Lá, eles são valorizados. Precisamos formar bons professores, dar status à profissão, avaliar seus desempenhos e pagar bons salários.

Mesmo com os problemas educacionais, o Brasil hoje cresce, a pobreza diminui e a classe média aumenta.

Oppenheimer – Sim, mas esse crescimento não é sustentável, está baseado na alta do preço das commodities. E quando o preço das matérias-primas cair? E quando a China parar de comprar soja e aço?

Por que não há revoluções educacionais na América Latina?

Oppenheimer
– Porque confiamos demais na exportação de matérias-primas. Fomos amaldiçoados com abundância de matérias-primas. Não é coincidência que os países com maior renda per capita do mundo, como Luxemburgo, Liechtenstein ou Cingapura, não têm recursos naturais. Por outro lado, países ricos em recursos naturais, como Nigéria ou Venezuela, estão entre os mais pobres. Deveríamos fazer como a Noruega, que coloca o dinheiro obtido com a venda de recursos naturais num fundo que, no caso da América Latina, poderia ser usado em educação e tecnologia.

Fonte: revista “Época”

UM MODELO DE COTAS

Escrevo este artigo na condição de advogada voluntária de partidos políticos perante o STF em razão de não conseguir ficar inerte diante da política de cotas raciais no Brasil.

A política de cotas raciais foi criada nos Estados Unidos pelo então presidente Nixon. Republicano, racista e conservador, Nixon realmente não se enquadrava como legítimo representante dos anseios de qualquer minoria. O que motivou a política de cotas raciais nos EUA foi a situação de caos e de violência instalados naquele país no fim da década de 60.

Após a abolição da escravatura, seguiu-se um século de segregação racial institucionalizada. Os conflitos raciais surgiram justamente após o Estado ter legislado com base na raça, dividindo direitos em razão da cor da pele.

Do hospital em que o bebê nascia, até o cemitério onde seria enterrado, todas as instituições sociais eram rigidamente separadas pela cor. Por tal motivo, até hoje o país se ressente pelo fato de haver construído uma sociedade polarizada e dividida entre valores pertencentes aos negros e valores do branco, com cultura e ambientes próprios. Mesmo assim, nos EUA, as cotas vigoraram por menos de dez anos e foram logo declaradas inconstitucionais pela Suprema Corte.

Existem inúmeras dificuldades para a importação do modelo:

(1) no Brasil, nunca houve uma política de segregação institucionalizada após a abolição da escravatura. Nesse sentido, ser negro no Brasil não significa ter uma barreira intransponível para acesso a cargos de prestígio, como aconteceu alhures. Nos EUA, pouco importava a renda: ao negro, ainda que rico, era vedado o acesso.

Por aqui, a duras penas, conseguimos formar uma sociedade na qual são compartilhados todos os valores, com a formação de uma única identidade nacional;

(2) o grande problema a impedir os negros no Brasil de assumirem postos sociais de destaque é a pobreza: 70% dos pobres no Brasil são negros. Se o problema de fato fosse o racismo, os negros seriam a maioria em concursos públicos, mas infelizmente não são porque não conseguem ter acesso ao preparo adequado, por serem pobres.

Neste sentido, devemos implementar uma política de cotas sociais para acesso às universidades: por meio delas, os negros que mais precisam da ajuda estatal serão integrados, sem haver o risco da polarização entre duas “raças” distintas;

(3) para se implementar uma política de distribuição de direitos, é preciso haver um critério objetivo para identificação dos beneficiários.

Talvez aqui resida o maior problema para a cota racial: nunca houve neste país um critério objetivo para identificação do negro, considerando que esta categoria é a soma de pretos mais pardos. Nos EUA, a política foi conduzida a partir do critério objetivo da gota de sangue, na qual bastava uma gota de “sangue negro” na ascendência do indivíduo para que este também fosse considerado negro, apesar de na aparência poder ser louro dos olhos azuis.
Desta forma, muitas instituições que adotaram a política de cotas raciais no Brasil resolveram instituir “Tribunais Raciais” de composição secreta e que com base em critérios secretos, “magicamente” decidem quem é pardo e quem é branco no país;

(4) o racismo existente no Brasil se combate com punição exemplar.

Não podemos tolerar o racismo. Entretanto, o mito sobre a existência de raças humanas é relativamente recente. As primeiras classificações raciais são do século XVIII. A recente decodificação do genoma humano mostra que biologicamente raças humanas não existem: somos todos igualmente diferentes. Tal como a crença nas bruxas, é preciso desmistificar a crença em raças!
Ora, se o Estado pretender legislar com base na “raça”, em vez de enfraquecer o mito, termina-se por fortalecê-lo, perpetuando a crença que legitimou o racismo.

Nós não precisamos copiar um modelo que foi pensado para resolver problemas de outras realidades. Podemos ser criativos e instituir um modelo próprio de ação afirmativa, à brasileira, para integrar aqueles que mais precisam da ajuda estatal, sem corrermos os riscos do incentivo ao ódio, à instituição de identidades paralelas e à racialização do país. Cotas sociais sim, porque a pobreza, no Brasil, é a verdadeira causa da segregação.

Fonte: O Globo, 21/09/2011
21 de setembro de 2011
Roberta Fragoso Kaufmann

O IMBECIL JUVENIL

Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à qual sempre fui imune: aquela que celebra a juventude como uma época de rebeldia, de independência, de amor à liberdade. Não dei crédito a essa patacoada nem mesmo quando, jovem eu próprio, ela me lisonjeava. Bem ao contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas.

O jovem, é verdade, rebela-se muitas vezes contra pais e professores, mas é porque sabe que no fundo estão do seu lado e jamais revidarão suas agressões com força total. A luta contra os pais é um teatrinho, um jogo de cartas marcadas no qual um dos contendores luta para vencer e o outro para ajudá-lo a vencer.

Muito diferente é a situação do jovem ante os da sua geração, que não têm para com ele as complacências do paternalismo. Longe de protegê-lo, essa massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e hostilidade que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir. É dos companheiros de geração que ele obtém a primeira experiência de um confronto com o poder, sem a mediação daquela diferença de idade que dá direito a descontos e atenuações. É o reino dos mais fortes, dos mais descarados, que se afirma com toda a sua crueza sobre a fragilidade do recém-chegado, impondo-lhe provações e exigências antes de aceitá-lo como membro da horda. A quantos ritos, a quantos protocolos, a quantas humilhações não se submete o postulante, para escapar à perspectiva aterrorizante da rejeição, do isolamento. Para não ser devolvido, impotente e humilhado, aos braços da mãe, ele tem de ser aprovado num exame que lhe exige menos coragem do que flexibilidade, capacidade de amoldar-se aos caprichos da maioria - a supressão, em suma, da personalidade.

É verdade que ele se submete a isso com prazer, com ânsia de apaixonado que tudo fará em troca de um sorriso condescendente. A massa de companheiros de geração representa, afinal, o mundo, o mundo grande no qual o adolescente, emergindo do pequeno mundo doméstico, pede ingresso. E o ingresso custa caro. O candidato deve, desde logo, aprender todo um vocabulário de palavras, de gestos, de olhares, todo um código de senhas e símbolos: a mínima falha expõe ao ridículo, e a regra do jogo é em geral implícita, devendo ser adivinhada antes de conhecida, macaqueada antes de adivinhada. O modo de aprendizado é sempre a imitação - literal, servil e sem questionamentos. O ingresso no mundo juvenil dispara a toda velocidade o motor de todos os desvarios humanos: o desejo mimético de que fala René Girard, onde o objeto não atrai por suas qualidades intrínsecas, mas por ser simultaneamente desejado por um outro, que Girard denomina o mediador.


Não é de espantar que o rito de ingresso no grupo, custando tão alto investimento psicológico, termine por levar o jovem à completa exasperação impedindo-o, simultaneamente, de despejar seu ressentimento de volta sobre o grupo mesmo, objeto de amor que se sonega e por isto tem o dom de transfigurar cada impulso de rancor em novo investimento amoroso. Para onde, então, se voltará o rancor, senão para a direção menos perigosa? A família surge como o bode expiatório providencial de todos os fracassos do jovem no seu rito de passagem. Se ele não logra ser aceito no grupo, a última coisa que lhe há de ocorrer será atribuir a culpa de sua situação à fatuidade e ao cinismo dos que o rejeitam.


Numa cruel inversão, a culpa de suas humilhações não será atribuída àqueles que se recusam a aceitá-lo como homem, mas àqueles que o aceitam como criança. A família, que tudo lhe deu, pagará pelas maldades da horda que tudo lhe exige.

Eis a que se resume a famosa rebeldia do adolescente: amor ao mais forte que o despreza, desprezo pelo mais fraco que o ama.

Todas as mutações se dão na penumbra, na zona indistinta entre o ser e o não-ser: o jovem, em trânsito entre o que já não é e o que não é ainda, é, por fatalidade, inconsciente de si, de sua situação, das autorias e das culpas de quanto se passa dentro e em torno dele. Seus julgamentos são quase sempre a inversão completa da realidade. Eis o motivo pelo qual a juventude, desde que a covardia dos adultos lhe deu autoridade para mandar e desmandar, esteve sempre na vanguarda de todos os erros e perversidade do século: nazismo, fascismo, comunismo, seitas pseudo-religiosas, consumo de drogas. São sempre os jovens que estão um passo à frente na direção do pior.

Um mundo que confia seu futuro ao discernimento dos jovens é um mundo velho e cansado, que já não tem futuro algum.

Jornal da Tarde, São Paulo, 3 abr. 1998
Olavo de Carvalho

PARLAMENTARES, PARA LAMENTAR !

Você gostaria de trabalhar aqui? Tudo bem, só que além de você há mais 200 milhões e um pouco mais de brasileiros que também gostariam

Vocè gostaria de saber quanto ganham as nossas excelências, e como vivem essas celebridades que pouco nos devolvem o que pagamos? E ainda, gostaria de saber com o dinheiro de quem? Para essa resposta basta saber quanto você paga de impostos (os mais altos do mundo!). Quanto a primeira pergunta, parte dela cabe a sua imaginação; quanto aos valores, assista ao vídeo...
O quadro comparativo, com países bem mais ricos, é uma vergonha... Quem tramou tudo isso? Quem deu a eles o direito de estabelecerem quanto devem ganhar, acrescido das mordomias - muitas delas inimagináveis aos políticos de outros países? Residências funcionais (e que residências!), viagens aéreas, automóveis oficiais, gabinetes com serviçais, chamados funcionários, motoristas... E sei lá mais o quê! Não vou me dar ao trabalho de levantar as vergonhosas benesses que custam fortunas aos bolsos dos contribuintes, quero dizer, aos nossos bolsos...
Votam seus próprios aumentos, viajam para o exterior, 'trabalham' quando muito seis meses por ano, se tanto, e muitos ainda dizem que "fica muito difícil viver com o que ganham'!
Vamos ao vídeo

GOVERNADOS POR CEGOS E IRRESPONSÁVEIS


Afunilando as muitas análises feitas acerca do complexo de crises que nos assolam, chegamos a algo que nos parece central e que cabe refletir seriamente. As sociedades, a globalização, o processo produtivo, o sistema econômico-financeiro, os sonhos predominantes e o objeto explícito do desejo das grandes maiorias é: consumir e consumir sem limites.

Criou-se uma cultura do consumismo propalada por toda a mídia. Há que consumir o último tipo de celular, de tênis, de computador. 66% do PIB norteamericano não vem da produção, mas do consumo generalizado. As autoridades inglesas se surpreenderam ao constatar que, entre os milhares que faziam turbulências nas várias cidades, não estavam apenas os habituais estrangeiros em conflito entre si e pessoas dos guetos, mas universitários, ingleses desempregados, professores e até recrutas. Era gente enfurecida porque não tinha acesso ao tão propalado consumo. Não questionavam o paradigma do consumo, mas as formas de exclusão dele.

No Reino Unido, depois de M.Thatcher, e nos USA, depois de R. Reagan, como em geral no mundo, grassa grande desigualdade social. Naquele país, as receitas dos mais ricos cresceram nos últimos anos 273 vezes mais do que as dos pobres, nos informa a Carta Maior de 12/08/2011. Então, não é de se admirar a decepção dos frustrados face a um “software social” que lhes nega o acesso ao consumo e face aos cortes do orçamento social, na ordem de 70% que os penaliza pesadamente. 70% do centros de lazer para jovens foram simplesmente fechados.

O alarmante é que nem o primeiro ministro David Cameron nem os membros da Câmara dos Comuns se deram ao trabalho de perguntar pelo porquê dos saques nas várias cidades. Responderam com o pior meio: mais violência institucional. O conservador Cameron disse com todas as letras:”vamos prender os suspeitos e publicar seus rostos nos meios de comunicação sem nos importarmos com as fictícias preocupações com os direitos humanos”. Eis uma solução do impiedoso capitalismo neoliberal: se a ordem, que é desigual e injusta, o exige, se anula a democracia e se passa por cima dos direitos humanos. Logo, no país onde nasceram as primeiras declarações dos direitos dos cidadãos.

Se bem repararmos, estamos enredados num círculo vicioso que poderá nos destruir: precisamos produzir para permitir o tal consumo. Sem consumo, as empresas vão à falência. Para produzir, elas precisam dos recursos da natureza. Estes estão cada vez mais escassos e já dilapidamos a Terra em 30% a mais do que ela pode repor. Se pararmos de extrair, produzir, vender e consumir não há crescimento econômico. Sem crescimento anual, os países entram em recessão, gerando altas taxas de desemprego. Com o desemprego, irrompem o caos social explosivo, depredações e todo tipo de conflitos. Como sair desta armadilha que nos preparamos a nós mesmos?

O contrário do consumo não é o não consumo, mas um novo “software social” na feliz expressão do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima. Quer dizer, urge um novo acordo entre consumo solidário e frugal, acessível a todos, também aos demais seres vivos e os limites intransponíveis da natureza.

Como fazer? Várias são as sugestões: um “modo sustentável de vida” da Carta da Terra, o “bem viver” das culturas andinas, fundada no equilíbrio homem/Terra, economia solidária, bio-sócio-economia, “capitalismo natural”(expressão infeliz) que tenta integrar os ciclos biológicos na vida econômica e social, e outras.

Mas, não é sobre isso que falam quando os chefes dos Estados opulentos se reunem. Lá se trata de salvar o sistema que veem dando água por todos os lados. Sabem que a natureza não está mais podendo pagar o alto preço que o modelo consumista cobra. Já está a ponto de pôr em risco a sobrevivência da vida e o futuro das próximas gerações. Somos governados por cegos e irresponsáveis, incapazes de dar-se conta das consequências do sistema econômico-político-cultural que defendem.

É imperativo um novo rumo global, caso quisermos garantir nossa vida e a dos demais seres vivos. A civilização técnico-científica que nos permitiu níveis exacerbados de consumo pode pôr fim a si mesma, destruir a vida e degradar a Terra.

Seguramente, não é para isso que chegamos até a este ponto no processo de evolução. Urge coragem para mudanças radicais, se ainda alimentamos um pouco de amor a nós mesmos.

Leonardo Boff

DE SARNEY A KATIA ABREU: UMA TRAGÉDIA BRASILEIRA

Quem vai dar a notícia a elas?

Até aqui, coube a José Sarney o papel explícito de estorvo a ser aturado, crise após crise, pela presidenta Dilma, como o foi, em tempos recentes, pelo ex-presidente Lula.

Sarney é, de certa forma, a única herança realmente maldita deixada por Lula para Dilma, e muito embora haja sempre certa disposição seletiva da velha mídia em avacalhar o ex-presidente, o fato é que, na maior parte do tempo, os jornalistas o deixam em paz. Sarney tem uma complexa rede de aliados e apadrinhados em vários setores da vida pública, inclusive dentro das redações. Sarney também domina o bilionário setor elétrico, nomeia e desnomeia ministros, é tratado com enorme deferência pelo Poder Judiciário, tanto no Maranhão, onde ainda se mantém como senhor feudal, como nas altas cortes. No Superior Tribunal de Justiça, foi brindado, recentemente, com a anulação da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, cujo principal alvo era, justamente, Fernando Sarney, o filho mais velho do coronel e seu principal operador nos negócios da família.

Sarney tem sido, para desespero dos que ainda crêem na política como uma ação baseada na ética e na decência, uma espécie de poder moderador entre as necessidades dos governos do PT e os velhos interesses das oligarquias no Senado e, por extensão, no Congresso Nacional.

Não obstante estar na origem de todos os mecanismos de produção de miséria, violência e exclusão do Maranhão, Sarney, como de resto, todos os demais do clã, posa ainda de astuto líder político capaz de apaziguar e cooptar alas descontentes do PMDB e mesmo da oposição.

Como se os pilares dessa elogiada performance não fossem, no fim das contas, o domínio puro e simples das estruturas partidárias e o controle da máquina fisiológica que é, no fim das contas, o chicote que o velho coronel brande, aqui e acolá, com enorme habilidade.

A presença de José Sarney como protagonista de um governo popular nos envergonha a todos e, imagino, também a boa parte do PT, mas essa questão caminha para se tornar pequena diante do que vem por aí.

Aos poucos, com a ajuda de colunistas amigos e interlocutores impregnados de pragmatismo dentro do Palácio do Planalto, a senadora Kátia Abreu, ex-DEM de Tocantins, atualmente, às vésperas de integrar o probo PSD, de Gilberto Kassab, vai se tornando a nova aliada do governo Dilma.

O fato é que nos falta a medida certa da indignação, acostumados a que estamos ficando em achar que basta juntar gente cheirosa em marchas contra a corrupção para, enfim, bradar por um país melhor. Mas essa simples perspectiva – a de um indivíduo como Kátia Abreu pertencer a um governo dito de esquerda, ainda que de forma periférica – deveria servir para tocar fogo nas ruas.

Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, líder da ultra-reacionária bancada ruralista no Congresso, Kátia Abreu é a face visível e supostamente moderna de uma ideologia que, desde o descobrimento, moldou as principais relações políticas, econômicas e sociais brasileiras. Moldura esta, é preciso que se diga, que ainda nos confere uma realidade cruel e desumana, baseada numa doutrina escravocrata e excludente, cimentada sob os interesses do latifúndio, da monocultura e da devastação ambiental. Kátia Abreu é a representação física e institucional dessa cultura perversa que produz resultados econômicos vibrantes nos campos de soja e miséria humana em tudo o mais.

Ao admiti-la como aliada, Dilma terá apunhalado cada uma das 70 mil bravas camponesas que, na Marcha das Margaridas, foram lhe prestar apoio e solidariedade, no mês passado, em Brasília.

De: "Brasília, eu vi"
Leandro Fortes

"MÁRCIA HONORATO NÃO DEVE MORRER"

Nas comemorações realizadas em Nova York, em 11 de setembro passado, foi emocionante o momento em que se leram os nomes e os sobrenomes dos mortos no atentado às torres gêmeas do World Trade Center. Gravados na pedra, entoados em voz alta, era como se os presentes quisessem dizer: vocês desapareceram, mas estão conosco, em nossa memória, e nela e na pedra permanecerão enquanto os humanos tiverem capacidade de evocar.

Quando tem nome e sobrenome, a morte de uma pessoa adquire uma espécie de espessura. Na identificação, uma tentativa de lutar contra o pó e as cinzas, o anonimato, o esquecimento.

A bonita cerimônia fez-me recordar um livro de Yves Courrière, publicado há algumas décadas, bem escrito e documentado, sobre a guerra que os argelinos travaram pela independência, contra a pretensão colonialista da sofisticada e civilizada França.

Referindo-se aos colonos franceses, mortos pela guerrilha argelina, o autor, sempre que possível, cuidava de identificá-los, com nome e sobrenome, proporcionando ao leitor uma sensação de mal-estar, como se conhecesse as pessoas que estavam morrendo.

Uma experiência penosa, capaz de suscitar interesse e compaixão. No entanto, quando falava dos mortos argelinos – cerca de um milhão em 8 anos de guerra, muitos enterrados vivos, outros, queimados por bombas incendiárias -, talvez por desconhecimento, ou distração, ou simplesmente porque eram muito mais numerosos, os nomes eram quase sempre substituídos por números. Frios. Os números, frios. Em vez dos nomes, quentes. De sorte que a sensação que se tinha era que os argelinos passavam melhor e mais levemente para a eternidade do que os franceses. A chave da diferença era que uns tornavam-se anônimos, sem nome, nem sobrenome. Que os outros, os franceses, tinham.

De fato, os nomes e os sobrenomes podem salvar um morto do esquecimento. Mas podem igualmente salvar uma vida.

A vida, por exemplo, de uma pessoa que tem nome e sobrenome: Márcia Honorato. Felizmente, está viva. E esperamos que viva continue. Mas ela está ameaçada de morrer. Não de morte natural, mas assassinada.

Quem é Márcia Honorato?

Ela faz parte da Rede contra a Violência do Estado do Rio de Janeiro e também da Rede Nacional de Familiares das Vítimas do Estado.


Desde 2005, há longos seis anos, quando policiais militares mataram 29 pessoas entre Nova Iguaçu e Queimados, resolveu entrar numa luta que não poucos consideram insana: levar à Justiça os responsáveis pelos desmandos. Cerca de dois anos depois, em abril de 2007, recebeu em casa a visita de dois homens.
Um deles esfregou uma arma de fogo em seu rosto e perguntou: “Você é um anjo, está querendo morrer?”

Ela teve então que se esconder: largou casa, filhos, família e atividade profissional. Perambulou por aí até que, um pouco mais de um ano depois, a partir de junho de 2008, inscreveu-se no Programa Nacional de Proteção aos Direitos Humanos/PNPDH, uma espécie de clandestinidade oficial, se o paradoxo é permitido, pois, em tese, clandestinos são, ou deveriam ser, os que vivem à margem da Lei, acuados pelo Estado.

Mas, no caso de Márcia, enquanto os agentes da Lei, que a ameaçaram de morte, permaneciam trafegando e traficando à luz do dia, em nome do Estado, ela caiu na clandestinidade, protegida por um programa oficial.

Mas a situação, em vez de melhorar, piorou. Não a encontrando mais, os caçadores ameaçaram sua família. Entraram na linha de mira os filhos, a sogra e o ex-marido, chamados impudicamente de “vítimas colaterais”. De sedentários, com domicílio conhecido, todos viraram nômades. Pulando de galho em galho, em moradias provisórias, precárias, arriscadas. Sem teto e sem segurança. Sob proteção, mas desprotegidos, à deriva.

Em julho deste ano, Márcia tentou falar pessoalmente com a ministra Maria do Rosário, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, durante as homenagens que se fizeram às vítimas da Chacina da Candelária. Não foi possível. Disseram-lhe que o seu caso estava “resolvido”. Que não fosse inadequada. Se continuasse im portunando, poderia acabar sozinha.

No último dia 12 de setembro, um dia depois das homenagens aos mortos de Nova York, ela foi novamente vítima de um duplo atentado: um automóvel – com as mesmas características – tentou atropelá-la duas vezes no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Seus ocupantes, ostensivamente, usavam capuzes. Entre uma e outra tentativa, apareceram outros PMs com atitudes intimidativas.

Márcia está com a vida em perigo. Faz lembrar os versos amargos da poeta Dinha, do Parque Bristol, da periferia de São Paulo: “De aqui, de dentro da guerra, qualquer tropeço é motivo”. Márcia tropeçou em mãos assassinas. Mas continua firme, embora tenha a morte anunciada, prometida e jurada. Ainda segundo a Dinha: “A morte te chama, te atrai, te cobiça”.

Ela tem um único trunfo: tem nome e sobrenome. Assim como as autoridades que têm responsabilidade por protegê-la: Dilma Rousseff, Maria do Rosário, Sergio Cabral, Eduardo Paes. Que detenham as mãos assassinas dos encapuzados, anônimos e sem-lei. É demasiado exigir-lhes que retirem Márcia da clandestinidade, recriando condições para que ela possa exercer efetivamente os direitos – que são seus – de cidadã?

Veremos daqui a alguns dias a reedição do assassinato da juíza Patrícia Acioli? Márcia Honorato não deve morrer, não pode morrer e não vai morrer. Sob pena de esta cidade, apesar da Copa e das Olimpíadas, virar mesmo, como denuncia a poeta da periferia, um cemitério geral de pessoas. Mesmo que estejam vivas.

Um artigo de Daniel Aarão Reis
TEXTO PUBLICADO NO GLOBO

CONSTITUIÇÃO ANTI-HOMOFOBIA PARA O BRASIL: UM SONHO DE MARTA SUPLICY E OAB

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) elogiou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), elaborada pela Comissão Especial de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que quer ampliar privilégios a indivíduos viciados em práticas homossexuais.

O texto tem a pretensão de introduzir na Constituição todas as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que favoreceram a agenda gay, inclusive a garantia de união estável para duplas homossexuais, com direito à conversão em casamento e adoção de crianças.

De acordo com a agência de notícias do Senado, “a PEC tem como um de seus principais ponto a criminalização da homofobia e estabelece a pena de dois a cindo anos de reclusão para aqueles que praticarem atos de discriminação e preconceito em virtude da orientação sexual de alguém. A mesma punição se estende aos que incitarem o ódio ou pregarem [contra a] orientação sexual ou identidade de gênero”.

Com a aprovação da PEC, a própria Constituição do Brasil se transformará num PLC 122. Mas Suplicy reconhece que a tentativa de transformar a Constituição do Brasil numa constituição anti-“homofobia” certamente enfrentará resistência de “setores como o da igreja”.

A senadora acredita que, estrategicamente, será importante aprovar primeiro o PLC 122/2006, pois sua tramitação está mais avançada, tendo já sido aprovado sorrateiramente na Câmara dos Deputados e restando apenas a votação no Senado. O segundo passo, na avaliação de Marta, é apresentar a PEC, que é uma matéria mais ampla e complexa. “A PEC é bem mais difícil de aprovar. Então, vamos começar com a homofobia e avaliar o momento adequado para fazer uma PEC com essa amplitude, que é realmente o sonho que nós gostaríamos para todo o País”, explicou a senadora à agência do Senado.

O Estatuto da Diversidade Sexual conta com 109 artigos, que alteram 132 dispositivos legais. O Estatuto criminaliza a homofobia, reconhece o direito à livre orientação sexual e iguala os direitos fundamentais entre heterossexuais e LGBTs.

Eis algumas dos “avanços” que o Estatuto da Diversidade Sexual propõe:

Legitimação da PEDOFILIA e outras anormalidades sexuais:

Título III, Art. 5º § 1º – É indevida a ingerência estatal, familiar ou social para coibir alguém de viver a plenitude de suas relações afetivas e sexuais.

Sob essa lei, a família nada poderá fazer para inibir um problema sexual nos filhos. A sociedade nada poderá fazer.
E autoridades governamentais que ainda restarem com um mínimo de bom senso estarão igualmente impedidas de “interferir”.

Retirar o termo PAI E MÃE dos documentos:

Título VI, Art. 32 – Nos registros de nascimento e em todos os demais documentos identificatórios, tais como carteira de identidade, título de eleitor, passaporte, carteira de habilitação, não haverá menção às expressões “pai” e “mãe”, que devem ser substituídas por “filiação”.

Essa lei visa beneficiar diretamente os ajuntamentos homossexuais desfigurados tratados como família. Para que as crianças se acostumem com “papai e papai” ou “mamãe e mamãe”, é preciso eliminar da mente delas o normal: “papai e mamãe”.

Começar aos 14 ano os preparativos para a cirurgia de mudança de sexo aos 18 anos (pode começar com hormônios sexuais para preparar o corpo):

Título VII, Art. 37 – Havendo indicação terapêutica por equipe médica e multidisciplinar de hormonoterapia e de procedimentos complementares não-cirúrgicos, a adequação à identidade de gênero poderá iniciar-se a partir dos 14 anos de idade.

Título VII, Art. 38 - As cirurgias de redesignação sexual podem ser realizadas somente a partir dos 18 anos de idade.

Cirurgias de mudança de sexo nos hospitais particulares e no SUS:

Título VII, Art. 35 – É assegurado acesso aos procedimentos médicos, cirúrgicos e psicológicos destinados à adequação do sexo morfológico à identidade de gênero.

Parágrafo único – É garantida a realização dos procedimentos de hormonoterapia e transgenitalização particular ou pelo Sistema Único de Saúde – SUS.

Uso de banheiros e vestiários de acordo com a sua opção sexual do dia:

Título VII, Art. 45 – Em todos os espaços públicos e abertos ao público é assegurado o uso das dependências e instalações correspondentes à identidade de gênero.

Não é permitido deixar de ser homossexual com ajuda de profissionais nem por vontade própria:

Título VII, Art. 53 – É proibido o oferecimento de tratamento de reversão da orientação sexual ou identidade de gênero, bem como fazer promessas de cura.

O Kit Gay será desnecessário, pois será dever do professor sempre abordar a diversidade sexual e consequentemente estimular a prática:

Título X, Art. 60 – Os profissionais da educação têm o dever de abordar as questões de gênero e sexualidade sob a ótica da diversidade sexual, visando superar toda forma de discriminação, fazendo uso de material didático e metodologias que proponham a eliminação da homofobia e do preconceito.

Contos infantis que apresentem casais heterossexuais devem ser banidos se também não apresentarem duplas homossexuais travestidas de “casais:

Título X, Art. 61 – Os estabelecimentos de ensino devem adotar materiais didáticos que não reforcem a discriminação com base na orientação sexual ou identidade de gênero.

As escolas não podem incentivar a comemoração do Dia dos Pais e das Mães:

Título X, Art. 62 – Ao programarem atividades escolares referentes a datas comemorativas, as escolas devem atentar à multiplicidade de formações familiares, de modo a evitar qualquer constrangimento dos alunos filhos de famílias homoafetivas.

Cotas nos concursos públicos para homossexuais assim como já existem para negros no RJ, MS e PR e cotas em empresas privadas como já existe para deficientes físicos:

Título XI, Art. 73 – A administração pública assegurará igualdade de oportunidades no mercado de trabalho a travestis e transexuais, transgêneros e intersexuais, atentando ao princípio da proporcionalidade.

Parágrafo único – Serão criados mecanismos de incentivo a à adoção de medidas similares nas empresas e organizações privadas.

Casos de pedofilia homossexual irão correr em segredo de justiça:


Título XIII, Art. 80 – As demandas que tenham por objeto os direitos decorrentes da orientação sexual ou identidade de gênero devem tramitar em segredo de justiça.

Censura a piadas sobre gays:

Título XIV, Art. 93 – Os meios de comunicação não podem fazer qualquer referência de caráter preconceituoso ou discriminatório em face da orientação sexual ou identidade de gênero.

“O Estatuto da Diversidade Sexual é um avanço. Isso nunca havia sido pensado em relação às questões LGBT”, reconheceu Marta Suplicy, classificando-o como de importância “inquestionável”.

O Estatuto defende que o Estado é obrigado a investir dinheiro público para homossexuais que querem caros procedimentos de reprodução assistida por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e também o Estado é obrigado a criar delegacias especializadas para o atendimento de denúncias por preconceito sexual contra homossexuais, atendimento privado para exames durante o alistamento militar e assegura a visita íntima em presídios para homossexuais e lésbicas.

Julio Severo
Com informações de Renato Tambellini e da agência Senado.

O CLÃ SARNEY, CORRUPTOR E OS ALIADOS


Desde a famosa Operação Satiagraha, que desvendou as artimanhas usadas por um dos maiores corruptores nacionais para garantir seus ricos contratos com o governo e os benefícios do poder para seus outros empreendimentos, o Brasil sentiu o peso real do poder dessa gente e como são rápidos os “Amigos do Rei” ao agirem em sua defesa.

Com a profética revelação do cúmplice de Daniel Dantas – “O problema é a primeira instância; nos tribunais superiores a gente “se garante”” – o país assistia, numa tacada só, suas cortes superiores sendo jogadas na vala comum da cumplicidade criminosa.

Alguns não acreditavam em tamanha afronta às instituições republicanas. Outros acreditavam que tudo era fruto da “garganta” do criminoso assecla do empresário. Afinal de contas, os ministros do Supremo e do STJ ganham verdadeiras fortunas mensais e são cobertos de pompa e privilégios no exercício de suas funções (além de terem cargos vitalícios); porque se venderiam?

A certeza de que tudo não passava de “garganta” deixou de ser uma unanimidade, de forma rápida e melancólica, quando o ministro do STF (e seu presidente à época) Gilmar Mendes emitiu um “Habeas Corpus” relâmpago, em favor do empresário; antes mesmo que sua condição fosse analisada pela instância anterior (o STJ). Tal fato causou um enorme mal-estar entre a comunidade jurídica na ocasião e fomentou até a emissão de um manifesto – assinado por inúmeros juristas de renome – contra a medida.


O fato que geraria uma investigação detalhada em qualquer nação do mundo – ainda mais depois das declarações do bandido preso em flagrante – aqui foi tratado como “um acinte” e relegado a “pó de traque” depois de uns “chiliques” de Gilmar Mendes e o “apoio” de alguns parlamentares e do presidente Lula a “limpidez” do STF. Curiosamente, alguns desses parlamentares e o próprio Lula estariam envolvidos nas denúncias da operação.

O mais “estranho” e “engraçado” é que a ação relâmpago de Gilmar Mendes veio somente depois de Daniel Dantas (já preso) avisar que faria uso dos benefícios da “delação premiada” e formaria acordo em troca da divulgação de todos os corruptos de quem “banhava as mãos” regularmente.

Quem esperava que a coisa fosse parar por aí, acabou ainda mais preocupado quando o STF passou a criar um enorme número de jurisprudências (interpretações da lei que têm força decisória em processos judiciários) que beneficiariam diretamente Daniel Dantas e os envolvidos naquela operação da PF.

O “requinte” dessa operação desmonte foi justamente não usar mais nenhum processo ligado ao empresário para estabelecer essas jurisprudências. Diante de toda a confusão armada com o socorro (claro e cristalino) dado pelo STF e pelo governo ao empresário corruptor. Assim, aqui e ali, em processos contra os muitos “Josés das Couves da Vida”; o STF passou a criar absurdos jurídicos que, mais tarde, acabariam destruindo completamente a maior operação anticorrupção realizada pela Polícia Federal em nossa história e que geraria reflexos até na Presidência da República.


Assim, daquele momento em diante, o STF criou a estranha jurisprudência de considerar interceptações telefônicas autorizadas pela justiça em coisa “ilegal”. O grande “truque” de nossos sapientíssimos ministros foi criar um critério subjetivo (e totalmente ridículo) que leva em conta o tempo das interceptações. Desta forma, se uma investigação é feita criteriosamente e leva “mais algum tempo” para levantar dados consistentes e formar provas robustas, visando evitar o escape dos criminosos por alguma tecnicalidade ou por provas mal apuradas; ela corre o risco de ser declarada “ilegal” pelo STF e de destruir completamente todo o trabalho feito pela PF.

Curiosamente, essa jurisprudência só é usada em casos de corrupção. Não se têm notícias de que traficantes ou bandidos comuns, que têm suas ligações telefônicas grampeadas quase eternamente, tenham tido seus processos anulados baseados nessa interpretação imbecil.

Exatamente por isso os membros do Clã Sarney e de tantos outros clãs que patrocinam o tráfico de influência e a corrupção nesse país dispõem hoje de um elemento poderoso a seu favor e uma verdadeira arma de destruição em massa contra qualquer autoridade policial nacional que tente colocar as mãos neles.

Infelizmente, continuaremos a ser conhecidos internacionalmente como uma nação de corruptos, um país onde o crime compensa e ladrões conhecidos e fichados são chamados de “excelências”.

E você, o que pensa disso?

Arthurius Maximus, 20/09/2011

ENTENDA O CONFRONTO ISRAEL x PALESTINA

Entenda o confronto Israel x Palestina e veja onde Dilma, Lula, Marco Aurélio Garcia e demais PTralhas querem meter a nação brasileira.




Argumentos sólidos

Vinte Fatos Sobre Israel e o Oriente Médio
Por William Bennett, Jack Kemp e Jeane Kirkpatrick

Estes 20 pontos servem como uma boa introdução para os que buscam entender o contexto histórico do conflito no Oriente Médio.

A atenção de todo o mundo está voltada para o Oriente Médio. Todos os dias somos confrontados com imagens de carnificina e destruição. Será possível entender tamanha violência? Sim, mas apenas se analisarmos a situação estando firmemente alicerçados nos fatos básicos relacionados, que muitas vezes são esquecidos, se é que chegamos a tomar conhecimento deles. Listaremos aqui 20 fatos que pensamos ser úteis para um entendimento maior da situação atual, mostrando como as coisas chegaram ao ponto em que se encontram e como uma solução poderia ser alcançada.

As Raízes do Conflito

Fronteiras após a Guerra da Independência de Israel - 1949.

1. Quando as Nações Unidas propuseram o estabelecimento de dois Estados naquela região – um árabe e outro judeu – os judeus aceitaram a proposta e declararam sua independência em 1948. O Estado judeu tem apenas 1/6 de 1% da extensão do que é conhecido como "mundo árabe". Os países árabes, no entanto, rejeitaram a proposta das Nações Unidas e desde então têm lutado contra Israel constantemente, através de conflitos militares abertos, de guerras de atrito e de ataques terroristas. Em 1948, as forças armadas de cinco nações árabes invadiram Israel numa tentativa de erradicá-lo. Jamal Husseini, do "Alto Comitê Árabe", falou por muitos árabes ao jurar "encharcar o solo de nossa amada nação com a última gota de nosso sangue".

2. A Organização pela Libertação da Palestina (OLP) foi fundada em 1964 – três anos antes de Israel controlar a Margem Ocidental do Jordão (a Cisjordânia) e Gaza. O propósito declarado da OLP era exterminar o Estado de Israel através da luta armada. Até hoje o site da Autoridade Palestina (AP) de Yasser Arafat afirma que toda a extensão de Israel é território "ocupado". É impossível conciliar essa posição com as declarações da OLP e da AP diante de audiências ocidentais, em que afirmam que a origem do conflito é a ocupação israelense da Margem Ocidental e de Gaza.

3. A Margem Ocidental e Gaza (controladas, respectivamente, pela Jordânia e pelo Egito de 1948 a 1967) passaram para o controle israelense durante a "Guerra dos Seis Dias" em 1967, que teve início quando o Egito fechou o Estreito de Tiran e os exércitos árabes ultrapassaram as fronteiras de Israel para invadir e tentar acabar com o Estado judeu. É importante destacar que durante os 19 anos em que exerceram domínio sobre aquela região, nem a Jordânia, nem o Egito fizeram qualquer esforço para estabelecer um Estado Palestino naquelas terras. Pouco antes das nações árabes iniciarem a guerra contra o Estado de Israel em 1967, Hafez Assad, o então ministro da Defesa da Síria (posteriormente presidente), declarou: "Agora nossas forças estão inteiramente preparadas... para iniciar a libertação e explodir a presença sionista em nossa pátria árabe... chegou a hora de iniciar a batalha de aniquilação". Na véspera da guerra de 1967, o presidente egípcio Gamal Nasser disse: "Nosso objetivo básico é a destruição de Israel".

4. Devido ao seu ódio por Israel, muitos líderes da causa palestina têm apoiado os inimigos dos EUA. O grão-mufti de Jerusalém aliou-se a Adolf Hitler durante a II Guerra Mundial. Yasser Arafat, líder da OLP e presidente da AP, repetidamente atacou e matou cidadãos americanos. Em 1973, Arafat ordenou a execução de Cleo Noel, o embaixador americano no Sudão. Sabe-se que durante a Guerra Fria Yasser Arafat tinha ligações muito fortes com a União Soviética e outros países inimigos dos Estados Unidos. Em 1991, durante a Guerra do Golfo, Arafat uniu-se a Saddam Hussein, que declarou ser "o defensor da nação árabe, dos muçulmanos e de todos os homens livres".

5. Na verdade, Israel devolveu a maior parte das terras que invadiu durante a guerra de 1967. Logo após o término da guerra, Israel ofereceu a devolução de todo o território ocupado em troca de paz e de relações normais, mas sua oferta foi rejeitada. Como resultado dos acordos firmados em Camp David em 1978 – quando o Egito reconheceu o direito da existência de Israel e as relações diplomáticas foram estabelecidas entre os dois países – Israel devolveu o deserto do Sinai, uma região três vezes maior que o Estado de Israel e que representava 91% dos territórios tomados por Israel durante a guerra de 1967.

6. No ano 2000, durante as negociações por uma paz consistente e durável, Israel se dispôs a devolver a Yasser Arafat a maior parte dos territórios que ainda mantinha sob controle. Mas a proposta foi rejeitada quando o líder da OLP abandonou Camp David e deu início aos conflitos que perduram até hoje.

7. Arafat sempre deixou claro quais eram os seus planos – ao menos quando se expressava em árabe. No mesmo dia em que assinou os acordos de Oslo em 1993 – quando prometeu abdicar do terrorismo e reconhecer Israel – ele dirigiu-se ao povo palestino pela TV jordaniana, dizendo abertamente que havia dado o primeiro passo "do plano de 1974". Essa foi uma referência velada ao "plano de fases", segundo o qual qualquer obtenção territorial era aceitável como uma maneira de se atingir o alvo final: a destruição de Israel.

8. Faisal al-Husseini (recentemente falecido), um dos principais porta-vozes dos palestinos, declarou o mesmo em 2001, quando afirmou que a Margem Ocidental e Gaza representavam apenas "22% da Palestina" e que o processo de Oslo era um "cavalo de Tróia". Ele explicou: "Quando pedimos às forças e facções palestinas que vejam o acordo de Oslo e outros semelhantes como procedimentos ‘temporários’, ou objetivos de uma fase, queremos dizer que estamos enganando os judeus e preparando uma emboscada para eles". Ele acrescentou: "Nosso alvo é a libertação da Palestina desde o rio [Jordão] até o mar [Mediterrâneo]", ou seja, todo o território de Israel.

9. Até hoje, a facção Fatah da OLP (a ala "moderada" da organização, que foi fundada e é controlada pelo próprio Arafat) tem como emblema um mapa do território completo de Israel com a imagem de dois fuzis cruzados e uma granada sobrepostos a ele. Isso mostra que não são verdadeiras as afirmações de que Arafat deseja apenas a Margem Ocidental e Gaza.

10. Mesmo que críticas a Israel não sejam necessariamente sinais de "anti-semitismo", devemos lembrar que a imprensa do Oriente Médio está, sem dúvida, dominada por idéias anti-semitas. Há mais de 15 anos atrás, o erudito Bernard Lewis destacou: "A demonização dos judeus [na literatura árabe] vai muito além do que é apresentado na literatura ocidental, com exceção da Alemanha durante o nazismo". Desde que ele fez tal declaração, e durante todos esses anos de "processo de paz", as coisas somente pioraram. A maneira de retratar os judeus na mídia árabe é semelhante ao que se fazia na Alemanha nazista e os libelos de sangue da Idade Média – incluindo alegações de que os judeus usam o sangue de cristãos e muçulmanos para preparar sua comida típica durante os feriados religiosos – têm sido divulgados rotineiramente com destaque. Um exemplo foi um sermão transmitido pelo canal de TV da Autoridade Palestina, em que o xeque Ahmad Halabaya declarou: "Eles [os judeus] devem ser mortos e destroçados, como disse o todo-poderoso Alá: ‘Combata-os: Alá irá torturá-los através de suas mãos’. Não tenha piedade dos judeus, não importa onde eles estejam, em qualquer país. Combata-os, onde quer que você esteja. Quando encontrá-los, mate-os".


Mais de ¾ dos palestinos aprovam a ação dos homens-bomba suicidas – uma estatística aterradora, mas pouco surpreendente à luz do que relatamos neste artigo.

11. Mais de 3/4 dos palestinos aprovam a ação dos homens-bomba suicidas – uma estatística aterradora, mas pouco surpreendente à luz do que já relatamos.

O Estado de Israel

12. Existem 21 países árabes no Oriente Médio e apenas um Estado judeu: Israel, que também é a única democracia naquela região.

13. Israel é o único país daquela região que permite a cidadãos de todas as crenças praticarem sua religião livre e publicamente. Vinte por cento dos cidadãos israelenses não são judeus.
14. Enquanto os judeus não podem viver em muitos países árabes, em Israel os árabes têm garantida a cidadania israelense e o direito de votar. Eles também podem ser eleitos como membros do Knesset (o Parlamento de Israel). Na verdade, muitos árabes já foram democraticamente eleitos e desempenham suas funções parlamentares há anos. Os árabes que vivem em Israel têm mais direitos e mais liberdades que a maioria dos árabes que vivem nas nações árabes.


O Estado judeu tem apenas 1/6 de 1% da extensão do que é conhecido como "mundo árabe".

15. Israel é muito pequeno [tem aproximadamente o tamanho de Sergipe] e está cercado de nações que se opõem à sua existência. Algumas propostas de paz – incluindo a que foi feita recentemente pela Arábia Saudita – exigem a retirada de toda a Margem Ocidental, o que deixaria o território israelense com menos de 15,5 km de largura em seu ponto mais vulnerável.

16. A resolução 242 das Nações Unidas (aprovada depois da guerra de 1967) é muito citada, mas na verdade não requer a retirada completa de Israel da Margem Ocidental. Conforme explicou o especialista em Direito Eugene Rostow: "A resolução 242, que eu, como subsecretário de Estado encarregado de questões políticas entre 1966 e 1969, ajudei a produzir, requer que seja feita a paz entre ambas as partes. Ela permite que Israel administre os territórios que ocupou em 1967 até que seja alcançada ‘uma paz justa e duradoura no Oriente Médio’. Quando essa paz for alcançada, Israel deve retirar suas forças armadas ‘de’ territórios que ocupou durante a Guerra dos Seis Dias – ela não diz ‘dos’ territórios ou de ‘todos’ os territórios, mas de alguns deles".


O ex-primeiro-ministro israelense Ehud Barak ofereceu quase todos os territórios em disputa a Arafat nas negociações em Camp David no ano 2000.

17. Israel, na verdade, já admitiu que os palestinos têm direitos legítimos de requerer os territórios em disputa e está disposto a negociar essa questão. Como já observamos, o primeiroministro israelense Ehud Barak ofereceu quase todos esses territórios a Arafat nas negociações em Camp David no ano 2000.

18. Apesar das alegações de que os assentamentos israelenses na Margem Ocidental são obstáculos para a paz, os judeus viveram ali durante séculos antes de serem massacrados ou expulsos pelos exércitos árabes invasores (em 1948-1949). Além disso, ao contrário da errônea idéia comumente aceita, os assentamentos israelenses – que perfazem menos de 2% dos territórios em questão – raras vezes desabrigaram habitantes palestinos.

19. A Margem Ocidental inclui alguns dos lugares mais importantes da história judaica. Entre eles estão Hebrom, Belém e Jericó. Na parte oriental de Jerusalém, muitas vezes chamada de "cidade árabe" ou "território ocupado", encontra-se o local mais sagrado do judaísmo [o Muro das Lamentações]. Enquanto esteve sob domínio dos árabes (entre 1948 e 1967), essa área era totalmente fechada para os judeus. Desde que Israel a controla, ela passou a ser acessível para pessoas de todas as religiões.

20. Por último, consideremos a exigência de que certos territórios do mundo muçulmano devem ser proibidos para os judeus. Ela equivale à proclamação de Hitler de que a Alemanha deveria ser "livre de judeus". Os árabes podem viver em liberdade e exercer sua cidadania sem restrições em qualquer parte de Israel. Por que os judeus devem ser proibidos de viver ou de possuir terras numa região como a Margem Ocidental, apenas porque a maioria dos que vivem ali são árabes?

Em suma, uma análise justa e equilibrada da situação no Oriente Médio revelará que apenas uma nação está bem acima das outras em seu respeito aos direitos humanos e à democracia, do mesmo modo que em seu compromisso com a paz e a segurança mútuas. Essa nação é Israel. (extraído de www.empoweramerica.com - http://www.beth-shalom.com.br)

William J. Bennett foi secretário da Educação dos EUA no governo de Ronald Reagan e diretor do Escritório de Controle Nacional de Drogas na administração de George Bush.

Jack Kemp foi secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA, além de deputado durante 18 anos. Ele foi candidato a vice-presidente na chapa do senador Bob Dole em 1996.

Jeane Kirkpatrick é uma das maiores especialistas americanas em política mundial e questões internacionais. Ela foi membro do Conselho de Segurança Nacional no governo de Ronald Reagan. Durante os anos em que representou os EUA na ONU, ela teve grande influência na política externa americana e mundial.

Postado por José de Araujo Madeiro