"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 14 de abril de 2013

A GRANDE FARRA DOS POLÍTICOS

 

Há uma estranha tendência de se apresentarem soluções parciais, às vezes simplórias, como um grande achado para resolver todos os males do nosso sistema político-eleitoral. A redução drástica do número de partidos existentes é uma delas.



Não seria melhor que se pensasse numa mudança radical que transformasse os partidos políticos em verdadeiros representantes das tendências e das aspirações da sociedade para que o povo, através do voto, se transformasse no verdadeiro dono do poder? Que diferença faz se hoje eles são 30 e amanhã serão 50?

Se todos são iguais, se representam apenas interesses de pequenos grupos que disputam o poder somente para dele se servirem, se têm donos, se não passam de balcões de negócios, se não praticam nem sequer a democracia interna, como poderão se arvorar em instrumentos de sua prática?
Que diferença faz a quantidade deles? Agora mesmo estamos assistindo à criação de mais um ministério – falta um para termos 40 – e a designação de um ministro filiado a um partido que foi afastado do poder em virtude das “maracutaias” que cometeu no mesmo ministério.

LOTEAMENTO DO PODER

É o “presidencialismo de coalizão” que vai loteando, aparelhando e criando novos cargos públicos para garantir sua permanência no poder. Criar partidos é indispensável para participar do loteamento do poder, das comissões que as obras públicas possibilitam, dos contratos de consultoria quando são substituídos nos cargos públicos, das viagens e das festas, do acesso à mídia, da propaganda eleitoral gratuita, do Fundo Partidário, da grande farra às nossas custas.

Uma parte da população defende uma reforma política de profundidade que mude paradigmas, que convoque o povo a uma grande discussão sobre qual o melhor sistema de representação, aquele que impeça a transformação da política numa profissão de esperteza vitalícia, que não faça da impunidade um estímulo permanente a toda sorte de crimes, especialmente o de corrupção.
É claro que uma reforma que aborde minimamente essas ideias não interessa à maioria do Congresso Nacional nem aos donos dos partidos.

O que eles querem é mais dinheiro para o Fundo Partidário, para o financiamento público das campanhas eleitorais e o voto nas listas que eles vão fazer e na ordem que lhes derem mais vantagens. Roger Garaudy já dizia que não existem partidos verdadeiramente democráticos.
No Brasil, a maioria deles é dirigida por “comissões provisórias” nomeadas por seus donos.
Em vez de querer limitar o número de partidos, não seria melhor proibir as coligações, acabar com o Fundo Partidário, com o voto obrigatório e com a chatice da propaganda gratuita?

(transcrito do jornal O Tempo)

14 de abril de 2013
Antônio de Faria Lopes

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 

CANONIZANDO MARGARET THATCHER

 

“Não existe esse negócio de sociedade. Existem apenas homens e mulheres individuais, e há famílias.” Foi com essa filosofia bizarra que Margaret Thatcher conseguiu transformar o Reino Unido em um dos mais brutais laboratórios do neoliberalismo.



Com uma visão que transformara em inimigo toda instituição de luta por direitos sociais globais, como sindicatos, Thatcher impôs a seu país uma política de desregulamentação do mercado de trabalho, de privatização e de sucateamento de serviços públicos, que seus seguidores ainda sonham em aplicar ao resto do mundo.

De nada adianta lembrar que o Reino Unido é, atualmente, um país com economia menor do que a da França e foi, durante um tempo, detentor de um PIB menor que o brasileiro.
Muito menos lembrar que os pilares de sua política nunca foram questionados por seus sucessores, produzindo, ao final, um país sacudido por motins populares, parceiro dos piores delírios belicistas norte-americanos, com economia completamente financeirizada, trens privatizados que descarrilam e universidades com preços proibitivos.

Os defensores de Thatcher dirão que foi uma mulher “corajosa” e, como afirmou David Cameron, teria salvo o Reino Unido (Deus sabe exatamente do quê).
É sempre bom lembrar, no entanto, que não é exatamente difícil mostrar coragem quando se escolhe como inimigo os setores mais vulneráveis da sociedade e quando “salvar” um país equivale, entre outras coisas, a fechar 165 minas.

Contudo, em um mundo que gostava de se ver como “pós-ideológico”, Thatcher tinha, ao menos, o mérito de não esconder como sua ideologia moldava suas ações.

A mesma mulher que chamou Nelson Mandela de ” terrorista” visitou Augusto Pinochet quando ele estava preso na Inglaterra, por ver no ditador chileno um “amigo” que estivera ao seu lado na Guerra das Malvinas e um defensor do “livre-mercado”.

Depois do colapso do neoliberalismo em 2008, ninguém nunca ouviu uma simples autocrítica sua a respeito da crise que destroçou a economia de seu país, toda ela inspirada em ideias que ela colocou em circulação.
O que não é estranho para alguém que, cinco anos depois de assumir o governo do Reino Unido, produziu o declínio da produção industrial, o fim de fato do salário mínimo, dois anos de recessão e o pior índice de desemprego da história britânica desde o fim da Segunda Guerra (11,9%, em abril de 1984). Nesse caso, também sem a mínima autocrítica.

Thatcher gostava de dizer que governar um país era como aplicar as regras do bom governo de sua “home”. Bem, se alguém governasse minha casa dessa forma, não duraria muito.

(artigo enviado po Mário Assis)

14 de abril de 2013
Vladimir Safatle (Folha de SP)

A TERCEIRIZAÇÃO DA GUERRA É UMA REALIDADE NO SÉCULO XXI

 

“A guerra não é mais para instalar outro modelo econômico: ela é o modelo”, diz Dario Azzelini, pesquisador italiano da evolução militar, acrescentando que a idéia de um conflito permanente cria condições para o surgimento de um modelo econômico que seria impossível de instalar em condições de paz.
Ao mesmo tempo, é cada vez mais importante a intervenção de Companhias Militares Privadas (CMPs) em todo o mundo, com a impressionante terceirização das guierras, abrangendo do Iraque até a Colômbia.



− Que significa a denominação de “novas guerras” que o senhor usa no livro O Negócio da Guerra?

− No debate acadêmico e − em parte − o político, a expressão “novas guerras” foi introduzida para denominar o fato que mais e mais guerras não se dão entre países mas no interior dos países ou, pelo menos, entre um exército regular e um irregular. A expressão, porém poderia se ampliada porque com as modificações de estratégias de sua condução, vemos que até os países com exércitos regulares estão transferindo a violência para empresas privadas ou estruturas paramilitares: atores que não são os tradicionais nas guerras “comuns”.

− Acabaram as guerras entre Estados?

− Não é que tenham acabado. Pelo contrário, na última década também houve um aumento das guerras entre países, mas se apresentaram de outra maneira. Os ataques ao Afeganistão ou Iraque foram guerras entre países, mas a porcentagem das guerras irregulares em comparação com as regulares está aumentando.

− Isso obedece à lógica neoliberal?

− Dizemos que obedece a certas lógicas do neoliberalismo no sentido de aumentar lucros. O sentido da guerra mudou. Tradicionalmente era para trocar as elites e o controle das economias, ou introduzir outro modelo de domínio econômico ou político. Agora, em muitos casos as guerras são permanentes. Não se faz a guerra para implementar outro modelo econômico, mas a guerra mesmo é o mecanismo de lucros.

− Por exemplo?

− Por exemplo, Colômbia. Muito dos lucros nesse país são porque − praticamente − é um país em guerra. Durante os últimos 20 anos, a passagem da pequena e média agricultura para a agroindústria se fez com uma guerra. Se não fosse assim, não teria sido possível expropriar as terras de milhões de camponeses e fazer uma reforma agrária ao contrário, na qual os latifundiários e paramilitares se apropriaram de 6 milhões de hectares de terra.

− Neste cenário, como fica o lugar do Estado?

− Em todo o discurso liberal se diz que o Estado está supostamente perdendo o controle desses atores armados. Fundamentalmente, no caso da Colômbia. Creio que os Estados não perdem o controle e, se o perdem, é em pequenos pontos. Simplesmente estão terceirizando as funções repressivas ou de guerra, criando mais confusão. Os grupos paramilitares colombianos foram criados pelas dificuldades do Estado em conseguir financiamento internacional nos anos 80, pela responsabilidade do exército ou da polícia em delitos contra os direitos humanos. Logo se montou o show da suposta desmobilização dos paramilitares, mas já no final dos 90 era de conhecimento público que o paramilitarismo estava coordenado, fomentado e controlado pelo exército e as autoridades colombianas. Em 2000, a Human Right Watch publicou uma análise da Colômbia cujo título era Paramilitarismo, a sexta divisão do exército colombiano (o exército colombiano tinha cinco divisões). Nesse informe esclarecem que o paramilitarismo é parte integral da situação do exército colombiano e que o processo de desarmamento é uma farsa. Os supostos paramilitares desmobilizados aparecem em outras zonas da Colômbia onde ainda se necessita o paramilitarismo como estratégia ou como supostos grupos rearmados.

− Como e quando nascem as Companhias Militares Privadas (CMPs)?

− As primeiras nascem imediatamente depois da II Guerra Mundial, porque o exército dos Estados Unidos tinha grande capacidade de transporte que já não necessita manter e começou a privatizar parte do transporte. Porém o verdadeiro boom dessas empresas começou em fins dos anos 80 e foi reforçado de forma maciça nos 90. Na primeira guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, a relação entre os empregados das CMPs e os soldados era de 1 para 100. No Afeganistão, de 1 para 50/40. Agora, no Iraque há 180 mil empregados das CMPs, segundo dados do próprio exército norte-americano, que só tem 140 mil homens no Iraque.

− Que atividades exercem estas companhias?

− Todas as que alguém possa imaginar. O emprego de armas sofisticadas (como aviões não tripulados, radares ou mísseis de navios estadunidenses) na primeira onda de ataques ao Iraque foi realizado por especialistas de empresas privadas. Além disso distribuem a correspondência, cozinham ou lavam a roupa dos soldados, montam os acampamentos militares, as prisões. No caso da prisão de Abu Ghraib houve julgamentos e investigações contra menos de 10 soldados dos Estados Unidos, quando deveria haver muitos mais implicados. A verdade é que a prisão era administrada em todas as suas funções por duas empresas privadas: CACI e Titan.

− Quais são as vantagens de terceirizar esse tipo de tarefas para as CMPs?

− Como formalmente são civis, não podem, portanto, ser julgados pela Justiça militar. Ao mesmo tempo, em seus contratos lhes é assegurado que não podem ser submetidos à Justiça civil dos países em que eles atuam. Praticamente se criou um campo de impunidade. E a única via para fazer algo contra esses crimes é iniciar processos nos Estados Unidos contra essas empresas. Quantas vítimas têm a possibilidade de fazer isso. Quase ninguém.

− Cria-se uma espécie de marco normativo para acionar estas empresas?

− Sim. Legaliza-se todo o negócio dos mercenários com esse marco de impunidade. Além disso, terceiriza-se a responsabilidade. Milles Frechette, ex-embaixador dos Estados Unidos na Colômbia, disse que é muito cômodo trabalhar com essas empresas porque se morrem, não são soldados dos Estados Unidos e, se fazem algo errado, a responsabilidade tampouco recai sobre os Estados Unidos. No caso da DynCorp que faz as fumigações de supostas culturas de amapola e coca, na Colômbia há um processo internacional porque fumigaram parte do Equador. Mas a empresa alega que eles não podem dizer nada porque parte de seu contrato é não dar informação a terceiros. O contrato vem do Pentágono. Então, se um congressista lhe solicita prestação de contas , o Pentágono apresenta o contrato e diz: eles fazem estas tarefas. Se faz algo mais não podemos controlá-la porque é uma empresa privada.

− Estas empresas, geralmente estadunidenses, são contratadas pelo Pentágono?

− A maioria. De fato, a maior parte do financiamento vem dos Estados Unidos. Do gasto militar no âmbito mundial os Estados Unidos executa a metade. Há empresas também na Europa, empresas russas, na Ásia. Mas as dos Estados Unidos só trabalham sob o consenso do Pentágono. Pode ser que treinem o exército da Coréia do Sul, mas com o de acordo do Pentágono. As empresas russas ou outras de países do Leste, contrata-as quem tem dinheiro.

− Como convive o exército norte-americano com as CMPs?

− Depende de que setores do exército falemos. No campo concreto provavelmente haja conflitos, já que os empregados dessas empresas de segurança costumam ganhar mais do que os soldados. Trabalham em assuntos de maior risco com menos segurança. Porém trabalhar juntos funciona muito bem porque as empresas de segurança são fundadas e organizadas por ex-membros do exército dos Estados Unidos. Também muitos políticos são donos ou copartícipes dessas empresas. Há empresas como a MPRI, fundada por generais dos Estados Unidos da primeira guerra contra o Iraque, que estiveram durante um tempo nas reuniões do Pentágono. Há ligações pessoais muito estreitas. A Eagle Aviation Services and Technology (EAST), que prestou serviços à CIA nos anos 80, é a encarregada do transporte de maquinaria no marco do Plano Colômbia e do Plano anti drogas na América do Sul.

− Quanto dinheiro movimentam estas empresas?

− É um negócio que deve estar movimentando ao redor de 150 a 200 bilhões de dólares por ano no mundo. As pequenas foram compradas pelas maiores, movimentam muito dinheiro, várias têm cotação na Bolsa. Tornou-se um mega negócio no qual participam empresas que trabalham em outros campos. Mas também há ligações entre empresas transnacionais de recursos naturais como petrolíferas e mineradoras.

− Pode nos dar um exemplo?

− Na guerra no Congo, antes que Laurent Cavila ganhasse, havia mineradoras transnacionais que pagavam a mercenários ou a empresas militares privadas para acompanhar as diferentes facções. Uma vez liberado um território mineiro, já havia engenheiros e as CMPs com as mineradoras tinham o controle do território e faziam um acordo com a facção ganhadora para explorar a jazida.

− Como é a contratação das CMPs?

− São contratadas para fazer trabalhos. E esse também é outro assunto para escapar do controle. A lei norte-americana estabelece que todos os contratos que superem 50 milhões de dólares têm que ser aprovados pelo Congresso. Normalmente fracionam-se os contratos para que sejam inferiores e o Congresso nem se intera desses contratos ou do que estejam fazendo essas missões. É a possibilidade de os Estados Unidos fazer intervenções militares em outros países sem que apareçam como tais, porque não são seus soldados que atuam. Todos sabemos o impacto público que causa a imagem dos soldados mortos com a bandeira yankee que regressam aos Estados Unidos. Isso não acontece se morre um empregado de uma empresa privada: não causa indignação pública porque é como se morresse um empregado da IBM em Cingapura. Ninguém se importa com isso. No Iraque pode-se estimar que haja morrido, no mínimo, 2 mil empregados das CMPs. Isso ajuda a manter o número de baixas num nível baixo.

14 de abril de 2013
Natália Aruguete e Walter Isaía (Jornal Página 12, Buenos Aires)

MALUF, O INVENCÍVEL, CONTINUA LAVANDO DINHEIRO NA SUIÇA...

 

Bancos suíços suspeitam que Paulo Maluf continuaria lavando dinheiro e bloqueiam transação de sua empresa, a Eucatex, em Zurique.
O UBS em Zurique alertou à COAF no Brasil sobre “possíveis atividades suspeitas” na tentativa da Eucatex de transferir a uma empresa uruguaia R$ 47 milhões no final de 2012.
A movimentação foi considerada pela Justiça paulista como um sinal suspeito de que Maluf continuaria a usar a Eucatex como veículo para lavagem de dinheiro.
O UBS se recusou a autorizar a transferência.



O banco Itaú – que representa o UBS no Brasil – foi intimado a executar a ordem da Justiça de São Paulo de bloquear os bens até o limite de R$ 519,7 milhões da Eucatex S.A. Indústria e Comércio.
O valor corresponderia ao que teria sido desviado pelo ex-prefeito da capital paulista e deputado Paulo Maluf (PP) e serviria para ressarcir os cofres públicos por causa de dinheiro supostamente desviado da Prefeitura.
A decisão é da juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 4.ª Vara da Fazenda Pública.
A liminar havia sido pedida pelo promotor Silvio Antônio Marques, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público.

Segundo o Estado apurou, a nova suspeita na Suíça sobre Maluf foi registrada no dia 19 de fevereiro deste ano, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) comunicou a tentativa da Eucatex de transferir ações de sua emissão do banco UBS à empresa uruguaia Cuznar. O banco envolvido na negociação, o Finter Bank de Zurique, se negou a revelar quem seria o dono dos valores mobiliários.

USANDO A EUCATEX

O alerta foi passado ao COAF pelo Itaú, banco que representa o UBS no Brasil. O banco brasileiro informou que, no dia 6 de outubro de 2012, o Finter Bank pediu ao UBS em Zurique fazer a transação de R$ 47 milhões da Eucatex aos uruguaios.

O UBS, em diversas ocasiões desde então, solicitou ao Finter Bank informações sobre quem seriam os propritários das ações. Cinco meses depois, o UBS ainda não tinha recebido as informações e o único dado repassado ao maior banco suíço foi que a pessoa envolvida era classificada no país como PEP – sigla para Politically Exposed People (Pessoas Politicamente Expostas). Sim informações, o UBS decidiu bloquear a transação até que ficasse esclarecida sua natureza.

Coube então ao Itaú, com base em cartas assinadas pelos executivos do UBS, Stephan de Boni e Oliver Barcholet, comunicar às autoridades brasileiras o fato.

Para a Justiça paulista, a mudança de custodiante das ações pela Eucatex foi uma prática que Maluf se utilizou em diversas ocasições nos últimos dez anos. Isso envolveu transações de até US$ 74 milhões em 2001 no mesmo Finter Bank de Zurique, além do uso da Durant Int, empresas que, em Jersey, já foi identificada como um dos veículos de Maluf para depositar dinheiro fruto de corrupção.

14 de abril de 2013
Jamil Chade (Estadão)

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




14 de abril de 2013

SANATÓRIO DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Neurônio avó

“Eu fico muito feliz, prefeito, quando o senhor fala que aqui nós estamos mudando as condições de mobilidade da cidade do meu neto – porque avó tem, não só, de prestar contas para todos os brasileiros e brasileiras, mas também para um menininho pequeno”

Dilma Rousseff, em Porto Alegre, decretando que todas as avós deste país têm de prestar conta de tudo o que fazem, como se todas fossem presidentes da República, a todos os habitantes do país — incluindo menininhos pequenos e grandes.

Neurônio desempregado

“Tem muita gente que fica dizendo por aí que nós temos de reduzir, reduzir o emprego, porque isso é perigoso: ´ah, tem de desempregar´. Tem muita gente falando isso. Muita também não é, é pouca, mas faz barulho”

Dilma Rousseff, no já histórico discurso sobre o programa Brasil sem Miséria, no Rio Grande do Sul, fazendo uma grave denúncia: muita gente que era contra o emprego mudou de ideia na linha seguinte.
 

Desculpe a nossa falha

“Vou quebrar o protocolo e comprimentar (sic) aqui os formandos e as formandas do Pronatec”.

Dilma Rousseff, internada por Celso Arnaldo depois de considerar rompimento de protocolo “comprimentar” formandos e formandas do Pronatec na formatura de formandos e formandas do Pronatec.

Movimento dos sem-vergonha

“O financiamento público é a melhor maneira de combater a corrupção e o poder econômico”.

Rui Falcão, ex-jornalista e presidente do PT, fingindo ignorar que a melhor maneira de combater a corrupção é fazer o que fez o STF com os companheiros da quadrilha do mensalão.

Ministro da Inflação

“O que nós temos hoje é que, com essa elevação pontual e localizada da inflação, você pode conter o risco de uma contaminação para setores que não têm aumentos de custos e que queiram aumentar os preços Então você tem que dar uma sinalização de que os preços não vão continuar subindo”.

Guido Mantega, ministro da Fazenda e único brasileiro que ainda classifica a inflação como “pontual e localizada” sem ficar ruborizado.

Caso clínico

“Quem leva para dentro do Estado o vírus da corrupção é a iniciativa privada”.

Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, esquecendo de acrescentar que, depois de contagiados pelo vírus, os companheiros que controlam o Estado exercem com muita animação o ofício de assaltante de cofres públicos.

Neurônio em duas metades

“Eu vou só fazer um parêntese aqui e contar uma coisa para vocês. Uma vez, numa discussão sobre esta questão: metade do Brasil é mulher… e mulher é muito importante, tem de ter seus direitos. E aí, os homens estavam meio tristes e uma companheira, metalúrgica, disse o seguinte: ´não tem problema, metade é mulher e a outra metade é filho desta primeira metade, então, fica todo mundo em casa´. E é verdade”.

Dilma Rousseff, em cerimônia do programa Brasil sem Miséria, internada por Celso Arnaldo ao finalmente revelar a autoria da estapafúrdia “Fábula das duas metades”, que há três anos ela repete obsessivamente em todos os discursos e entrevistas, a cada dia aprimorando a miséria do raciocínio

Nunca houve metrô neste país

“Eu não sei se vocês sabem, mas na década de 80 tentaram fazer metrô no Brasil. E houve… Tem sempre aquele pessoal que fala: ´Não faz metrô, isso não é adequado porque o Brasil é pobre, metrô é coisa de gente rica´. E não fizeram o metrô e o que acontece nas nossas grandes cidades? Nós temos grandes problemas de trafegabilidade, as pessoas ficam muito tempo dentro dos ônibus indo para o trabalho e do trabalho para os ônibus”.

Dilma Rousseff, durante cerimônia de repactuação do Programa Brasil sem Miséria, em outra grave crise de trafegabilidade de neurônios, internada por Celso Arnaldo ao insinuar que aqueles trens correndo debaixo da terra em São Paulo e no Rio são barcas subterrâneas e que, no fim do expediente, os trabalhadores brasileiros gastam mais tempo indo do trabalho para os ônibus do que destes para casa.

Expresso 171

“Lembro a vocês que são homens e mulheres. As crianças e os jovens têm um jeito de sair da pobreza extrema, e da miséria e da pobreza, para o nosso país ser de classe média: é educação, educação e mais educação, daí os ônibus escolares serem tão importantes”.

Dilma Rousseff, ainda no discurso das retroescavadeiras e das motoniveladoras no Rio Grande do Sul, internada por Celso Arnaldo ao lembrar aos homens e às mulheres, não aos demais presentes, que a educação brasileira é essa maravilha toda porque seu governo investe mais em bancos de ônibus que em carteiras escolares

14 de abril de 2013
in Augusto Nunes

O SERTANEJO SITIADO PELA SECA É ANTES DE TUDO UM FRÁGIL DEPENDENTE DAS VIGARICES POR ESPERTALHÕES FEDERAIS

 

 
A seca no Nordeste é a maior dos últimos 50 anos e não tem prazo para terminar. Além da chuva e do caminhão-pipa, incontáveis brasileiros esperam sentados pelas águas do São Francisco que Lula prometeu para 2006, 2008 e 2010 mas continuam onde sempre estiveram.

“Esta é uma das maiores obras já feitas no mundo que beneficiará 12 milhões de pessoas, o que significa vida e que nossos filhos não serão vítimas de doenças”, desandou Dilma Rousseff há quatro anos, numa das escalas da expedição de ministros liderada pelo chefe supremo (veja o post no Vale Reprise).
Ainda no comando da Casa Civil, o neurônio solitário naufragou de vez no fecho do falatório: “O setor está virando mar e desta vez o sertão vai virar mar”.

Conversa de 171. As carcaças de animais, a terra esturricada e os rostos mumificados antes da morte física atestam que o sertão só virou mar em palavrórios eleitoreiros.
Incumbida de concluir o que o padrinho mal começou, a Mãe do PAC deixou na orfandade o colosso forjado para transformar um palanque ambulante em D. Pedro III (ou simplesmente “Predo”).
Os canteiros de obras desertos confirmam que a transposição do São Francisco descansa no porão onde o trem-bala apita desde 2009.
A presidente preferiu tapear o povo com vigarices menos complicadas. Por exemplo, mudar o nome do problema, aumentar a gastança com a “bolsa-estiagem” e nadar de braçada no oceano de flagelados que pagam com votos as esmolas federais.

“O sertanejo é antes de tudo um forte”, escreveu Euclides da Cunha no começo do século 20. Passados 100 anos, o sertanejo castigado pela seca é antes de tudo um dependente de favores engendrados por espertalhões no poder.
Conformado com o ofício de bolsista, parece satisfeito com a vida não vivida: não morrer de fome e de sede já está de bom tamanho.
O voto dos desvalidos ficou bem mais barato que o apoio dos ricos, porque o governo que jura só pensar nos pobres anda cada vez mais ágil e mais pródigo na hora de estender a mão a bilionários em apuros.

Nesta semana, por exemplo, durante a troca de ideias sem pé nem cabeça com o roqueiro Bono Vox, Lula repetiu que tirou 35 milhões de brasileiros da miséria.
Também informou que, com o dinheiro desperdiçado em guerras pelo imperialismo ianque, acabaria com a pobreza no mundo.
Talvez conseguisse que todos os habitantes do planeta usassem de fraque, cartola e polainas se aplicasse nesse projeto as fortunas embolsadas pelos corruptos que protege e a dinheirama torrada no pronto-socorro financeiro montado para impedir que Eike Batista continue despencando no ranking da Forbes.

Em Londres, o camelô de empreiteiro reafirmou que tem algo a dizer sobre tudo, com exceção do escândalo protagonizado em parceria com Rosemary Noronha e das denúncias que o envolvem na roubalheira do mensalão.
Em Brasília, entre um e outro passeio pelo exterior, Dilma faz de conta que administra uma Noruega com sol, praia, carnaval e Copa do Mundo.
A inflação engordou mais um pouco? O PIB continua emagrecendo? A produção industrial caiu de novo? Nada que uma boa conversa com Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo não resolva. Os apagões se sucedem? Que se acrescente alguns centavos de desconto na tarifa de energia.

A Petrobras foi reduzida a uma usina de números perturbadores e falcatruas de dimensões amazônicas? Que se encomende ao marqueteiro João Santana um anúncio de página inteira festejando a fantasia do pré-sal. As escolas públicas ensinam que falar errado está certo? As melhores redações do Enem torturam a gramática e espancam a ortografia? O ministro Aloizio Mercadante saberá apressar o parto da cota para analfabetos. O sistema de saúde está em frangalhos?
A supergerente de araque logo comunicará à nação que todos os brasileiros, doentes ou não, poderão internar-se dois dias por ano na UTI do Sírio-Libanês.

Quem finge que entende uma presidente que não diz coisa com coisa engole sem engasgos qualquer embuste. O brasileiro deste começo de século, pelo menos o que mora em institutos de pesquisa, é antes de tudo um crédulo.
Acredita no que não existe, como as 6 mil creches da campanha de 2010, e acha admirável o que ninguém vê, como as 6 mil casas prometidas em janeiro de 2011 aos sobreviventes dos temporais na Região Serrana do Rio.
Ultimamente, deu de entusiasmar-se com legados imaginários.

O que sobrou do legado do Pan-2007 vai sendo demolido. O Engenhão foi fechado antes que sucumbisse a uma ventania. O Maracanã terá de ser reformado assim que for encerrada a reforma em andamento.
Os estádios planejados para a Copa de 2014 não estão prontos, os novos aeroportos nem saíram do papel e os antigos estão a poucas milhas do colapso. Em compensação, a ferradura do Itaipava Fonte Nova, na opinião de Dilma, é uma ousadia arquitetônica que reduz a trabalho de estagiário a mais audaciosa criação de Oscar Niemeyer.
E tudo vai dar certo, repetem a presidente e o presidente-adjunto. O Brasil Maravilha demora, atrasa, complica e rouba, mas faz.

Neste outono, anda fazendo coisas de que até Deus duvida. Por decisão do Planalto, acabam de ser promovidos a segredos de Estado os empréstimos concedidos pelo BNDES aos companheiros no poder em Cuba e Angola.
Só em 2027 serão conhecidas as tenebrosas transações monitoradas pelo inevitável Fernando Pimentel. Sobram bandidagens a investigar e problemas de grosso calibre a resolver. Faltam interessados em enfrentá-los.
O governo mente. A oposição continua de férias. E aos olhos da plateia, como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, nada parece mais importante que o Fla-Flu de terceira divisão disputado pelas torcidas dos deputados Jean Wyllys e Pastor Feliciano.

O espaço reservado ao assunto é tanto que notícias relevantes acabam escondidas em alguns centímetros de jornal ou comprimidas em menos de meio minuto na TV.
Talvez por isso, o País do Carnaval ainda não descobriu que o governo só gasta: todas as despesas são bancadas pelos pagadores de impostos.
E pouca gente soube que vai terminando agora a estação das chuvas que não vieram. Nem virão tão cedo: começam em abril os meses de estiagem no sertão nordestino. A maior das secas desde 1963 está longe do fim.

14 de abril de 2013
Veja

"EXCLUSIVA COM O COMANDANTE BORGES"

 



-Comandante, ainda bem que você veio. Ontem me disseram que você não queria mais dar a entrevista.
- É, mas pensei melhor. Se eu prometi, está prometido. Alguém tem que manter a palavra neste país. Mas isso não impede, sem querer ofender ninguém, que eu ache esta entrevista uma palhaçada.
- Não entendi.

- Não vai sair nada do que eu disser, a imprensa está toda no bolso do governo, devendo à Previdência e à Receita e mamando as verbas de publicidade. A imprensa está aí para ajudar no fingimento de que há liberdade, vontade popular, opinião pública e essas besteiras feitas para declamação. Isto mesmo que eu acabo de dizer quero ver sair, não sai. Está gravando?
- Estou.

- Você está perdendo seu tempo, não vai sair nada. Grave aí que eu acho que essa democracia é para as negas deles, o que eles fazem é entrolhar todo mundo e fazer tudo da veneta deles. Você viu a do ensino? Agora é obrigatório botar o filho na escola aos 4 anos!
A quem que eles perguntaram? Eles não conseguem dar conta nem de metade dos que já têm direito e inventam mais?
Estamos cheios de grandes escolas públicas para todos, todo mundo na escola de barriga cheia desde os 4 anos, que beleza! Eu não sou otário, eu não sou otário! Eu queria que eles compreendessem que eu não sou otário!

- Eu pretendia chegar a assuntos como esse, sei que você tem opiniões muito firmes. Mas minha primeira pergunta ia ser outra, mais pessoal.

- Ah, desculpe, eu às vezes me exalto um pouco. Pode perguntar o que você quiser. Se eu contar coisas pessoais, também não sai, eu não sou pervertido, a imprensa só se interessa quando é a vida pessoal dos pervertidos. Não vai sair nada, mas eu respondo a qualquer pergunta.

- Bem, a pergu
nta é uma curiosidade minha. Frequentamos este mesmo boteco há não sei quantos anos e nunca vi você chegar dando risada sozinho, como vi hoje, na hora em que você estava descendo da sua famosa bicicleta elétrica. Dá para dizer qual foi a razão?

- Dá, eu não escondo nada. Não era riso de satisfação, nem de felicidade. Era uma risada mórbida que deu para me atacar de uns tempos para cá, uma espécie de humor negro. Eu estava me lembrando de um comercial.
Não sei do que era, só me lembro da cena. Era um casal fazendo um piquenique romântico na Lagoa à noite, sentadinho com um pano de mesa estendido, luz de velas, cestinha de comida, parecia uma aquarela campestre.
Aí eu fiquei pensando e me deu uma crise desse riso mórbido. E, na hora de minha chegada, não sei por que, me lembrei de novo.
Sempre que eu lembro, rio novamente, é incoercível. Piquenique na Lagoa é demais, não é, não?

- Demais como?
- Você não entendeu? Piquenique na Lagoa, piquenique na Lagoa! Só pode ser Walt Disney, e dos anos 50! Quando o casal tivesse acabado de estender a toalha, já não ia ter mais cestinha, nem garrafinha, nem vela, nem piquenique nenhum!
Seja sincero e realista e me responda quantos segundos você daria para um casal começar um piquenique à noite na Lagoa e o piquenique ser todo comido e possivelmente o casal também.
Dou 90 segundos, mas ganha quem der um minuto. Aí eu fico pensando no que poderia acontecer a esse casal e o piquenique deles e tenho essas crises de riso, é tudo humor negro mesmo. Uns dois dimenores liquidavam tudo numa boa.
- Você tem uma birra com os menores, não tem?

- Eu não, eu só sou contra o que eu vou lhe figurar. Eu sou João Narigolé, traficante que de vez em quando precisa de outros serviços, notadamente os que envolvem dar cabo de alguém. Aí, quem é que eu chamo para fazer o serviço? Vou ao banco de dados de menores pistoleiros… Deve haver vários bancos de dados desse tipo, é capaz até de já ter no Facebook.
Vou lá, escolho um, ofereço uma graninha e ele faz a execução.
Se for preso, não pega nada e recebe a grana pelo serviço. Se me dedurar, sabe que eu posso mandar outro dimenor para rechear de azeitonas a cabeça dele e assim por diante, é um esquema perfeito. O dimenor é um grande patrimônio da criminalidade nacional.

- Então você é a favor da diminuição da maioridade penal.

- Eu não! Não distorça minhas palavras! A favor da diminuição geral, não, cada caso é um caso! Eu só tenho propostas sérias e eficazes, esse negócio de fixar idades com base em invencionices psicológicas não resolve nada.
Eu sou a favor de uma coisa muito simples: teve idade para apontar a arma e dar o tiro, tem idade para ir em cana. Não é simples? É a coisa mais óbvia para qualquer um e somente os intelectuais é que não concordam, porque as soluções simples dão desemprego para eles, tudo aqui é em função do emprego.
- Você não acha que a responsabilidade penal do menor…

- Ninguém mais é responsável por nada! Isso era antigamente, agora todo mundo é vítima e qualquer sacanagem que apronte recebe um nome artístico, dado pelos psiquiatras!
Um nome artístico e uma bolinha e está tudo resolvido, a culpa não é de ninguém, é da síndrome! A culpa não é dele, é das condições socioeconômicas!

A culpa não é dela, é dos traumas de infância! Ninguém tem mais culpa de nada, ninguém fica preso, ninguém paga do próprio bolso as multas às empresas, ninguém é responsável por nenhum desastre, todo mundo rouba e mata, há muito tempo que isto é uma esculhambação!
O que nós precisamos é de Robespierre! Nada de faxina! Para quem propina, rapina e assassina, o correto é guilhotina! Quero ver isso sair no jornal!

'E VAI ROLANDO A FESTA'

 



Roseana Sarney, filha de José Sarney, trabalhou três anos no Senado, entre 1982 e 1985 (aliás, foi nomeada sem concurso). Agora se aposentou, com aposentadoria de R$ 23.800,00 mensais.
A isso se soma seu salário como governadora do Maranhão, e há ainda a aposentadoria como senadora.
A aposentadoria como senadora é papa fina: a atual ministra Ideli Salvatti, que exerceu o cargo por exatos oito anos, aposentou-se com vencimentos de R$ 6.100,00 mensais – mais, naturalmente, mordomias e salários que recebe como ministra.

Como foi a carreira da primeira-filha de José Sarney no Senado? Foi nomeada em 1974, aos 21 anos de idade, num trem da alegria pilotado pelo senador Jarbas Passarinho, companheiro de seu pai no partido da ditadura militar, a Arena.

Num trem da alegria, os beneficiados recebem emprego provisório, mas são efetivados logo depois, sem concurso — concurso é para quem não tem padrinho, não para Roseana, que tem pai, padrinho e partido – é do PMDB e tem apoio do PT.

Ela só começou a trabalhar em 1982. Ficou até 1985, quando o pai chegou à Presidência da República e a levou com ele para o Palácio do Planalto (seu marido, Jorge Murad, foi junto). Não voltou mais, exceto agora para aposentar-se.

O caro leitor é aposentado? Ganha a aposentadoria pela qual pagou? Se contribuiu sobre dez mínimos, é isso que recebe? Mas não reclame só de Roseana e seus padrinhos. O PSDB ocupou a Presidência por oito anos, teve apoio de Sarney e criou o fator previdenciário, que reduz a aposentadoria.
A sua, não a dela.

Gente fina…

Nota do bem-informado colunista Aziz Ahmed, de O Povo, do Rio: “O milionário Eike Batista está assim com os homens. O Grupo X já recebeu R$ 11,7 bilhões em dinheiro público (…) R$ 6 bilhões do BNDES, R$ 3 bi do FAT, R$ 2 bi da Caixa e R$ 700 milhões do BNDES. Mesmo sem considerar juros e correção monetária, o volume de apoio oficial às empresas do amigão do governador Sérgio Cabral supera o que é investido por ano no principal programa social do Governo, o Bolsa-Família (R$ 11,5 bilhões)”.


…é outra coisa

Dois vereadores paulistanos que deixaram a Câmara Municipal no fim do ano passado não devolveram computadores portáteis e Ipads que receberam para ajudá-los no exercício do mandato: Agnaldo Timóteo, do PR, e Netinho de Paula, do PCdoB. Timóteo diz não ter a menor ideia do que ocorreu com os equipamentos, que aliás não usava por desconhecer como funcionam: “Não sei nem ligar um aparelho desses”, diz. Acredita que o equipamento possa ter sido levado “por algum canalha” de seu gabinete. Netinho de Paula evaporou-se: é o secretário da Igualdade Racial do prefeito Fernando Haddad, do PT, foi notificado por escrito, não disse nada (e, claro, nada devolveu). Seu gabinete foi procurado e nada respondeu. A assessoria de imprensa da Prefeitura se manteve em silêncio.


Rir, rir, rir

O prefeito paulistano Fernando Haddad, comentando o dramático pedido de doações, publicado no Diário Oficial, para que a Cia. de Engenharia de Tráfego, CET, possa funcionar, disse que achou tudo muito engraçado.

De certa forma, o prefeito tem razão. “Engraçado” é o que faz rir. Quase o mesmo que “ridículo”.

A sorte de Dilma

Do senador Aécio Neves, do PSDB mineiro, candidato tucano à Presidência da República: “O PSDB não está no divã. Somos oposição”.

Aécio tem razão: é por ter uma oposição como esta que o PT se move à vontade no Planalto.

O PT CONSEGUIU TRANSFORMAR EM "DIREITA RAIVOSA" ATÉ A SOCIAL-DEMOCRACIA

 



O PT em seus delírios persecutórios e tentativas intermináveis de transferir todos os males do Brasil a uma dita “direita” conseguiu o não desejado. Por eles.
O PT criou e está fortalecendo uma nova direita.

Ao rotular como direitistas todos os oponentes (com acréscimos de adjetivações tais como “raivosos” ou “trogloditas”), criou uma legião de mais de 44 milhões de brasileiros que não escolheram o projeto de poder hegemônico do PT.

São muitos. Milhões. A se acreditar na cantilena diária dos lulopetistas. Por que eu deveria duvidar? E Lula prestou uma notável contribuição ao propor a divisão do Brasil em “nós e eles”.
De tanto insistir, esta odiosa linha divisória hoje está entranhada no imaginário social.
Por fim, ao se afirmar como sendo a outra face da moeda (ou seja, a esquerda), acabou por fortalecer ainda mais a quem pretendia exterminar.

Afinal, se for contraponto às práticas do PT (de esquerda, a direita acaba sendo a opção natural para quem não comunga com corrupção, aparelhamento da máquina administrativa, afronta ao Estado de Direito, política externa mambembe, entre outros absurdos.

Com crescente intensidade, jovens (e outros nem tão jovens) assumem-se como de direita, sem que escondam ou se envergonhem da denominação.

São informados. Não confundem “direita” com nazismo ou fascismo. Ao contrário, explicitam de modo claro que são democratas, acreditam no Estado de Direito, na meritocracia e na liberdade de mercado.
E defendem regulações neste mesmo mercado. São absolutamente atuais nas convicções. E nem um pouco radicais ou sectários.
O que antes era vergonha hoje é somente uma opção democrática.

Há sim uma nova direita no Brasil. Se por tantos anos todos fomos contra a direita – por representar a ditadura militar de modo claro – hoje não mais.

Queiramos ou não, a ditadura brutal que nos humilhou já conta com 50 anos de seu início. Nesse período, o mundo mudou. A URSS deixou de existir. Veio abaixo o Muro de Berlim.
O capitalismo – tantas vezes dado como morto – continua a balizar o caminho da maioria do mundo civilizado. Até na China.

Os exemplos de esquerda no mundo são quase caricatos. Um ditador com cara de suíno na Coréia, uma dupla (ou parelha) de irmãos em Cuba, um defunto na Venezuela, um cocaleiro na Bolívia e um líder popular no Brasil que nunca foi de esquerda. Sempre foi uma metamorfose ambulante, como se autodefiniu. E que hoje é só lobista de empreiteiras e amante de secretária paga com nosso dinheiro.

O que esperávamos – nós, os simplesmente democratas – que fosse observado pelo que dizíamos perdemos a batalha. O PT ganhou. Foi este partido que recriou a direita no Brasil.
Ser “direitista” já não é mais ofensa. Passou a ser garantia de não estar de acordo com os poderosos de plantão.

Deixou de ser exemplo de insensibilidade. As verbas para prevenção de acidentes – ou falta delas – são o maior exemplo de quem é insensível. E são eles.

A pluralidade foi esticada a tal ponto que as cotas raciais, étnicas, sociais e outras excluem aqueles que nelas não se enquadram.

A política econômica é destruída quando afastada da responsabilidade fiscal e da não ingerência estatal em todo o mercado. Não se encontra mais quem se sinta ofendido por ser rotulado de direitista por ser contra a demagogia econômica do governo federal, baseada em crédito fácil (teria um fim, naturalmente), criação desenfreada de estatais e sucateamento de outras por indicações de companheiros (vide Petrobras).

As pessoas se perguntam: ser de direita é ser contra isto que aí está? E dizem: então sou!
Não é exatamente isto que o PT sempre pregou? Quem não está comigo (esquerda) é meu inimigo (direita)?

Está somente colhendo o que plantou.
Creio que esta visão ainda não chegou aos partidos de oposição. Mas irá chegar. Fica claro que é irresistível enquanto tomada de posição.

Resta admitir que o PT é mesmo muito competente. É situação, oposição a si mesmo, “reescritor” da história, vítima eterna culpando terceiros (ou o passado ou o mundo todo), e ainda, quem criou o que as oposições oficiais não conseguiram (sequer tentaram) oferecer como alternativa.

O PT conseguiu até transformar a doutrina social-democrata, mundialmente identificada como de esquerda, em coisa de “direitistas raivosos”. Idem com os liberais, sociais-cristãos, etc.

Um feito! Mais um. No fundo, todos temos que agradecer.
Obrigado, PT!

14 de abril de 2013
REYNALDO ROCHA

PYONGYANG, CAPITAL DE UMA BOLHA NUCLEAR

 



A Coreia do Sul está mergulhada em pobreza e violações brutais de direitos humanos, os moradores de Nova York têm de sair às ruas com colete à prova de balas para se proteger da violência e a ideologia juche criada por Kim Il-sung é estudada de maneira fervorosa ao redor do planeta.

O retrato do mundo e da Coreia do Norte apresentado nos jornais, rádios e TVs oficiais do país é um exercício de permanente glorificação da dinastia Kim.

Notícias internacionais são escassas e costumam dar destaque a catástrofes naturais, como tufões e terremotos, e ao impacto negativo da intervenção dos EUA em crises internacionais.

O sistema apela permanentemente para a demonização dos “imperialistas” americanos e seus “fantoches” sul-coreanos e exalta o militarismo e a suposta superioridade da peculiar versão local do socialismo.

As experiências de Iugoslávia, Iraque e Líbia são usadas para demonstrar o que pode ocorrer com países desprovidos de armas poderosas e servem para jutificar a defesa da construção de um arsenal nuclear pela Coreia do Norte.

A propaganda oficial sustenta que, sem ele, o país poderá ser invadido e dominado pelos americanos. O risco de um conflito armado é sempre apresentado como iminente, o que é usado para justificar o investimento militar num dos mais pobres países do mundo.

Também é o álibi para explicar a ausência de acesso à informação fora dos canais oficiais de propaganda, apresentada como uma maneira de proteger a população da influência inimiga. Norte-coreanos não têm internet, não usam e-mails e não têm ideia do que sejam Facebook e Twitter.

Na primavera, os meios oficiais trazem textos quase diários sobre exposições das flores em vários países. No universo em que habitam, a kimilsungia é a flor mais sagrada do mundo e kimjongilia, a mais famosa – homenagens aos dois primeiros ditadores.
Segundo a máquina de propaganda de Pyongyang, a kimjongilia floresce nos cinco continentes e “atrai a admiração da humanidade com seu charme”.

Os representantes das três gerações de líderes da família Kim são apresentados como estadistas respeitados.
Na quarta-feira, a agência oficial de notícias KCNA disse que “todo o mundo” enviou “calorosas congratulações” a Kim Jong-un pelo aniversário de um ano da nomeação como primeiro-secretário do Partido dos Trabalhadores e primeiro-presidente da Comissão de Defesa Nacional

“Mais de 12 mil veículos de comunicação de todo o mundo competiram entre si para dar ampla publicidade a suas incessantes inspeções do front e orientações práticas nas mais diferentes áreas”, declarou o texto.

Na mitologia construída pela propaganda oficial, Kim Il-sung (1912-1994), seu filho Kim Jong-il (1941-2011) e o neto Kim Jong-un, de 30 anos, são apresentados como líderes que guiam os norte-corea-nos em tarefas tão distintas como a plantação de batatas e a fabricação de foguetes.

O ponto alto da visita a qualquer instituição ou empresa é a relação das orientações escritas recebidas de cada um dos Kim e o registro das datas em que visitaram o local pessoalmente. Em todos os lugares há quadros, mosaicos ou fotos e de Kim Il-sung e Kim Jong-il, que também aparecem nos broches levados do lado esquerdo do peito.

A glorificação da Coreia do Norte e da dinastia Kim é acompanhada pela apresentação sombria do mundo exterior, em especial dos EUA e da Coreia do Sul. Sob o título O pior deserto de direitos humanos, os veículos oficiais divulgaram em março relatório que apontou a situação “medonha” em que vivem, os vizinhos do Sul.
“Mais de 7 milhões de famílias, que representam 45% do total, estão vivendo uma existência da mão para a boca, sem moradia permanente, e inúmeras enfrentam uma vida de privações em lugares que dificilmente podem ser chamados de lares”, sustentou a propaganda norte-coreana.

Os dois lados da península foram separados em 1945 em uma zona de influência socialista no Norte e outra capitalista no Sul. A Coreia do Sul é um dos países mais avançados tecnologicamente e tem um PIB per capital de US$ 31 mil, quando calculado de acordo com a Paridade do Poder de Compra (PPP), que leva em conta os preços domésticos. A Coreia do Norte não divulga estatísticas econômicas, mas a cifra é estimada em US$ 1.800.

Kim Jong-il acreditava que a diluição ideológica havia sido a principal razão para o fim da União Soviética e decidiu intensificar a doutrinação para sustentar o regime. Mas o contato com o mundo exterior começa a abrir brechas na propaganda monolítica, com a entrada clandestina de DVDs sul-coreanos e chineses.

14 de abril de 2013
CLÁUDIA TREVISAN, Estadão

NA MADRUGADA DESTE DOMINGO, O PUGILISGTA DEPORTADO POR TARSO GENRO NOCAUTEOU A DITADURA CUBANA E SEUS SABUJOS BRASILEIROS

 

O que se viu num ringue em Nova York, na madrugada deste domingo, foi muito mais que um grande combate pela unificação do título mundial da categoria supergalos.
Quem assistiu à luta no Radio City Music Hall em que o cubano Guillermo Rigondeaux derrotou o filipino Nonito Donaire testemunhou, sobretudo, o triunfo de um homem livre sobre a ditadura dos irmãos Castro e seus sabujos em ação no Brasil.
Ao fim de 12 assaltos, Donaire perdeu por pontos. Tarso Genro e o governo Lula foram nocauteados mais uma vez

Em agosto de 2007, depois de fugirem do alojamento dos atletas cubanos que participavam dos Jogos Panamericanos do Rio, Rigondeaux e o também pugilista Erislandy Lara tentavam alcançar a Alemanha e a liberdade quando descobriram que o ministro da Justiça do Brasil era um capitão-do-mato a serviço de Fidel Castro.
Capturados pela Polícia Federal, ambos foram devolvidos à ilha-presídio a bordo de um avião militar venezuelano.

“Eles quiseram voltar”, mentiu Tarso Genro. A falácia abençoada pelo presidente Lula foi implodida em janeiro de 2009 pela segunda e bem sucedida fuga das duas vítimas da política externa da canalhice.
“Enquanto ficamos na polícia, fomos proibidos de conversar com jornalistas ou advogados”, disse Erislandy Lara ao finalmente desembarcar na Alemanha.
Até a chegada do avião emprestado por Hugo Chávez, os carcereiros procuraram alquebrar moralmente os cativos com informações aflitivas e promessas falsas.

Souberam, por exemplo, que Fidel Castro os havia rebaixado a “traidores da pátria”, que alguns parentes já tinham sido demitidos e que seus amigos estavam sitiados por ameaças de morte.
Mas o ditador colérico agiria com magnanimidade, e revogaria todos os castigos, caso voltassem para Cuba em silêncio, ressalvaram os mensageiros de Tarso Genro. Outra cilada: já no aeroporto de Havana foram informados de que nunca mais voltariam a lutar.

Três anos depois da deportação dos cubanos insatisfeitos com a democracia proclamada por Fidel em 1959, o ministro da Justiça impediu que o terrorista em recesso Cesare Battisti fosse extraditado para a Itália e ali cumprisse a pena de prisão perpétua aplicada ao matador de quatro “inimigos do proletariado”.
Para livrá-lo da ditadura italiana que só bandidos ou vigaristas enxergam, Tarso promoveu o amigo comunista a “asilado político” e concedeu-lhe a cidadania brasileira.

Hoje com 32 anos, Rigondeaux só não onseguiu ganhar mais cedo o título que o eternizará na história do boxe porque foi vencido em 2007 pelo supergalo gaúcho que ganhou uma vaga na história universal da infâmia.

Tarso gosta de passear em Nova York, lembrei na madrugada deste domingo. E, enquanto erguia um brinde ao vitorioso, não resisti à tentação de imaginá-lo cruzando com Rigondeaux em alguma esquina de Manhattan.

Se isso acontecer, pensei, tomara que o campeão reconheça o homem que o derrotou num duelo repulsivamente desigual. E decida que a hora da revanche chegou.

A DITADURA DA COREIA DO NORTE TROCA A REALIDADE PELA FICÇÃO PARA QUE O POVO SOBREVIVA NUM MUNDO IMAGINÁRIO

 

“A Coreia do Sul está mergulhada em pobreza e violações brutais de direitos humanos, os moradores de Nova York têm de sair às ruas com colete à prova de balas para se proteger da violência e a ideologia juche criada por Kim Il-sung é estudada de maneira fervorosa ao redor do planeta”.

Assim começa a reportagem de Cláudia Trevisan, publicada no Estadão deste domingo, que descreve o país e o mundo recriados pelo regime totalitário instaurado nos anos 50.

14 de abril de 2013
Augusto Nunes, Veja

MINISTRO SILENCIA SOBRE MORTE DE DEPPMAN, MAS DEFENDE LEGISLAÇÃO QUE QUE PROTEGE ASSASSINOS

 

Ele não quer mudar nada na legislação: em defesa da lei que protege infratores e silêncio sobre a morte de Victor Hugo Deppman
 
Podem não gostar de mim, e muita gente não gosta — não sou mesmo um doce de coco —, mas é difícil negar que eu os conheça como a palma da mão. Num post desta manhã, escrevi escrevi o que vai em azul:
 
Ouvem este silêncio ensurdecedor?
É da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, diante do corpo de Victor Hugo Deppman.
Ouvem este silêncio ensurdecedor?
É do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, diante do corpo de Victor Hugo Deppman.
Ouvem este silêncio ensurdecedor?
É do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, diante do corpo de Victor Hugo Deppman.
Ouvem este silêncio ensurdecedor?
É das ONGs que se dizem dedicadas à defesa dos direitos humanos diante do corpo de Victor Hugo Deppman.
Em breve eles começarão a falar. Bastará que comece a tramitar no Congresso uma PEC alterando o Artigo 228 da Constituição, que define a inimputabilidade penal até os 18 anos, ou uma lei que mude o Artigo 121 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que estabelece um limite de três anos de “recolhimento” mesmo para assassinos, e toda essa gente falará freneticamente.
 
Retomando

 Mas quê… Eles nem esperaram a tramitação de coisa nenhuma! Alguns leitores ainda observaram: “Pô, você está pegando no pé do Gilberto Carvalho; o cara ainda nem falou nada.” Pensei cá comigo: “Esperem pra ver!”.
Bingo! Ele já saiu atirando contra a proposta de mudar a legislação. Sobre o assassinato de Victor Hugo Deppman, não disse uma vírgula. Como o Geraldo Alckmin defende mudança na legislação, teve de se referir à fala do governador de São Paulo. Afirmou Carvalho, segundo informa a Folha:

 “A gente é completamente contra. Não quero falar em uso político, não estou me referindo à declaração do governador. Estou me referindo ao tema da [redução da] maioridade penal, que temos uma posição historicamente contrária”.

Vamos ver

Pra começo de conversa, Alckmin não está defendendo exatamente a redução da maioridade penal, o que demandaria mudança na Constituição. O que ele defende é que o menor que pratica crime hediondo possa ficar recolhido mais do que os atuais três anos e que isso signifique perda da primariedade.
Cumpriria, no entanto, a chamada medida sócio-educativa em estabelecimento especial, não num presídio. A minha proposta é que não haja idade mínima nem idade-limite para o recolhimento (depende do crime) ou para o tempo em que o menor fica apartado da sociedade (depende do crime também). Adiante.

Aconteceu conforme o esperado. Carvalho, na prática, silencia diante da morte de um estudante e trabalhador e sai em defesa de um legislação que protege assassinos. Por quê? Porque ele acha que é a pobreza que leva alguém a matar. Leiam esta fala:

 “Queremos dar ao jovem alternativas de trabalho, cultura, lazer, formação profissional; uma possibilidade que não seja o crime. Nossa ênfase é isso. Reduzir a menoridade penal é uma lógica que não tem fim”.
 
É uma fala tola, que embute um raciocínio perigoso, que legitima, queira ou não, o banditismo e o assassinato.
No Canadá, na Espanha, em Israel e na Holanda, os jovens têm acesso a tudo isso, e se punem os infratores — ainda que com legislação especial — a partir dos… 12 anos!
Na Finlândia, na Suécia e na Dinamarca, países que disputam os primeiros lugares no IDH, a partir dos 15.
 
Carvalho finge acreditar que, quando todos tiverem acesso ao paraíso na terra, não haverá mais bandidos, não haverá mais assassinos.
O secretário-geral da Presidência, em suma, quer deixar a legislação como está porque deve acreditar que o seu entendimento muito particular do humanismo pode abrigar os cadáveres de alguns inocentes.
 
Há mais: na prática, ele está a dizer que ou esses benefícios todos são garantidos, ou o assassinato de inocentes vira uma consequência forçosa e natural.
Logo, segundo esse ponto de vista, quem matou Deppman não foi aquele vagabundo, que fez 18 anos três dias depois, mas “a sociedade”.
 
14 de abril de 2013
Por Reinaldo Azevedo