"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MENSAGEM DE FIM DE ANO POUCO ALVISSAREIRA. MAS O QUE FAZER?


Depois de ler os inúmeros cartões recebidos com desejos de prosperidade e felicidades no novo ano, fiquei matutando em como escrever algo semelhante aos que perambulam nestas páginas. E depois de muito mastigar outras mensagens internéticas, todas alvissareiras, fiquei perdido, remoendo idéias de como também me comprometer em desejar votos de prosperidade e felicidade.

Mas como, diante do cenário que diariamente enfrento com notícias tão pouco radiantes?

Então, contrariando os otimistas, resolvi garatujar uma mensagem nem tão edificante, mas franca.

Entre denúncias, escândalos, julgamentos e impunidades, o ano de 2012 terminará sem deixar saudades, sem que possamos esperar uma nova aurora de esperanças.
Como será uma aurora com Renan, presidente do Senado, ou com Henrique Eduardo Alves, presidindo a Câmara, o deputado José Nobre Guimarães como líder da bancada petista, José genoíno voltando a sentar na poltrona de deputado... É a volta dos que não foram!!!
Há que se acordar desta letargia que adormeceu a consciência da nação, para com ardo labor possa semear-se para colheitas futuras. Que os grãos desta safra estão quase todos carunchados.

Todas as previsões não nos apontam rumos otimistas. A impressão que os analistas econômicos passam é a de um Brasil que navega entre o futebol e as celebridades das telenovelas, ou dos BBBs, em busca do seu iceberg. Ainda que não naufrague, fruto da incompetência de um Partido que chegou ao poder sem um projeto de governo, senão o de no poder permanecer, não importando os meios para alcançar os fins, ficaremos no mínimo à deriva.

O ralo da corrupção continua engolindo somas impressionantes! Recursos roubados do erário que deveriam ser investidos em infraestrutura, saúde, educação, segurança, saneamento... Recursos que poderiam sanar os grandes males do atraso. E o cinismo, a desfaçatez, o descaso com que os chamados "homens públicos" olham para esses eleitores que os entronizam no poder, é o indicativo pior da qualidade ética da política que se pratica no país. É inominável o cinismo e a caradura de um Demóstenes. Um Senador da República amancebado com a corrupção e a jogatina. Não lhe faltou o dedo em riste, as acusações de fraudes que imputava a seus pares, os discursos inflamados em prol da Ética. E quantos demóstenes estão por aí, mascarados nos desvãos do peculato
? E de quantos demóstenes se faz este Brasil? Ou de quantos estamos falando?

Relembro um caso dos mais curiosos, e não obstante, dos mais significativos, narrado por Marco Morel em seu livro "Corrupção, mostra a sua cara".

Butsé Dzuruna, mais conhecido por Mario Juruna, foi o primeiro e único índio eleito deputado no Brasil, lá pelos idos de 1983. Em suas idas e vindas pelos corredores do Congresso, também conhecido como a "casa do espanto", logo percebeu que a maioria dos parlamentares com quem discutia os problemas indígenas, não era lá muito confiável. O melhor exemplo do confronto de duas culturas...

Resolveu adotar uma estratégia: um gravador, que não ocultava nas suas interlocuções com a politicalha, onde ficava registrado o "papo furado".

Era um daqueles gravadores cassetes, que ele ligava na cara da pessoa, sem o menor acanhamento. Era um horror... As reações eram variadas. Os 'involuntários' entrevistados mostravam-se irritados, ofendidos. Muitos sentiam-se desrespeitados, negavam-se a conversar, ou se limitavam a falar amenidades.

Os jornalistas se divertiam e a população muito mais, com os feitos e efeitos, com a sinceridade ingênua do cacique xavante.

Certa vez, em plenário, acusou o presidente João Baptista Figueiredo - e seu ministros - de ladrões, corruptos e outros qualificativos pouco recomendáveis. Sofreu intimidações e ameaças de cassação de mandato e por aí a fora.

Corria o ano de 1984. A campanha das "Diretas Já" fora derrotada. A eleição presidencial seria indireta. Paulo Maluf, candidato situacionista, segundo rumores estaria distribuindo dinheiro aos parlamentares para derrotar seu adversário, Tancredo Neves.

O primeiro mensalão da história da política brasileira.

Em outubro, Juruna convocou a imprensa e mostrou uma valise cheia de dinheiro, afirmando ter recebido a "grana" do empresário Calim Eid - coordenador da campanha de Maluf, para que votasse no candidato. Ou não comparecesse. Os acusados negaram.

Mas qual o propósito desta historinha? Ilustrar a esperteza de um cacique xavante, que logo descobriu que na "casa do espanto", não se podia confiar na palavra de qualquer parlamentar? Ou demonstrar que vem de longe a corrupção, o mensalão e a falta de ética?

Novidade mesma, só a do xavante, apesar de antiga, pois ambas as coisas sedimentam a vida pública brasileira, e o propósito é exatamente este. Vem de longe a falta de escrúpulos e seriedade, que a ingenuidade de um cacique cedo percebeu e desnudou.
O Congresso está nu! - gritou o cacique.
Apesar de todo o sofrimento por que passa o povo brasileiro, continua acreditando em promessas eleitoreiras, elegendo uma gangue de espertalhões que apenas procura o caminho do cofre público, e ainda não percebeu a bandalha, como o cacique Juruna, e continua sendo enganado.

Conclusão: precisamos de mais xavantes, pois como profetizou o homem do lula, "o bicho vai pegar!". O velho ano novo promete ser animado!

Apesar de tudo, um ótimo Ano de 2013! Se for possível... Afinal, Deus é brasileiro, o que explica andar tão deprimido...

31 de dezembro de 2012
m.americo

THE END...





31 de dezembro de 2012
  

REINO UNIDO DECIDE "DISCUTIR A RELAÇÃO" COM A UNIÃO EUROPÉIA

 

Londres – A alguns dias de se completarem 40 anos do ingresso do Reino Unido na Comunidade Econômica Europeia, a relação dos britânicos com a Europa se parece cada vez mais com a música da banda Clash, “Should I stay or should I go?” (Devo ficar ou devo ir embora?).
Em uma pesquisa publicada pelo jornal The Guardian, 51% dos entrevistados se inclinaram pela segunda opção. Em 2001 era o contrário: 68% se inclinavam por ficar. Agora que a intenção da opinião pública parece estar mudando de direção a pergunta que fica é “ir para onde?”



A crise na eurozona desenterrou o sempre latente euroceticismo britânico expresso magnificamente por uma manchete do período pré-guerra: “Densa neblina. Europa está isolada”.

Os setores eurocéticos conservadores, que estão pressionando o primeiro ministro David Cameron para que convoque um referendo sobre o tema, tem agora o respaldo contundente dos números. A pesquisa mostra que cerca de 36% votariam “por abandonar definitivamente a União Europeia” e outros 15% se inclinariam “muito provavelmente” pela permanência.
Para satisfação dos eurocéticos, essas porcentagens refletem claramente uma tendência. Em outubro do ano passado, as porcentagens eram 49% a favor de deixar a UE e 40% a favor da permanência.

O tema europeu não divide só os conservadores: abre um abismo entre estes e seus parceiros na coalizão que governa o país, os liberal-democratas. Em uma entrevista publicada no The Guardian, o vice-primeiro ministro, o liberal-democrata Nick Clegg, lançou uma clara advertência aos conservadores.
“O que temos que fazer é nos concentrarmos na crise econômica, cooperar ativamente com a eurozona para apagar o incêndio e sair da atual emergência. Não podemos ficar à margem do que ocorre na Europa”, assinalou Clegg. O
s liberal-democratas são, tradicionalmente, os mais europeístas do arco político britânico e tem um pouco mais controladas as velhas manias imperiais que ainda confundem o raciocínio de seus sócios conservadores.

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POSIÇÃO

Nos próximos dias o primeiro ministro Cameron vai pronunciar um muito esperado discurso sobre a Europa que deverá definir a posição dos conservadores a respeito. O consenso entre os analistas é que o discurso, tema de fofoca política nos últimos dois meses, prometerá um referendo e a repatriação de certos poderes (em especial em temas financeiros e trabalhistas) se houver uma substancial mudança do Tratado de Lisboa que rege o funcionamento da UE para alavancar o euro.

Cameron está lutando não só contra seus eurocéticos, mas também com a crescente popularidade do partido antieuropeu UKIP que se converteu em um depositário de votos de protesto em eleições locais ou de renovação de cadeiras.
Na pesquisa do The Guardian, o UKIP manteve pelo segundo mês consecutivo um apoio de 7% do eleitorado, em sua imensa maioria roubados do Partido Conservador em virtude de seu pobre gerenciamento da situação econômica.

Esta drenagem de votos encorajou os eurocéticos conservadores que hoje querem reformular a relação com a Europa e aproximá-la daquela que é mantida pela Suíça, que se reserva o direito a participar do mercado comum, mas mantem uma relativa autonomia em relação a orçamento e regulações europeias.
Em resumo, os eurocéticos acreditam que o “should I stay or should I go” pode se converter em “I should stay and go” (“eu devo ficar e ir”).
Para quê? Para desregular mais o mercado de trabalho e o mercado financeiro e sonhar que ainda são um império que pode manter uma olímpica distância da Europa.

(Tradução: Katarina Peixoto / Transcrito do site Pátria Latina)

31 de dezembro de 2012
Marcelo Justo (Carta Maio)
 

TROFÉU CARA-DE-PAU

Genoino assumirá vaga na Câmara, diz advogado

 
Condenado no julgamento do mensalão, o ex-presidente do PT José Genoino vai assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados na próxima semana. A informação é do advogado do petista, Luiz Fernando Pacheco. “Acredito que a posse seja no dia 2 ou dia 3 (de janeiro)”, afirmou.



Genoino ficará com a vaga do deputado Carlinhos Almeida (PT-SP), que entregou o seu pedido de renúncia à Secretaria-Geral da Mesa da Casa nesta quinta-feira, 27, para assumir a Prefeitura de São José dos Campos (SP).
 
Na última sessão do julgamento do mensalão, em 17 de dezembro, os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram que os deputados condenados perderiam os mandatos automaticamente. Além de Genoino, seriam afetados João Paulo Cunha, do PT; Valdemar Costa Neto, do PR; e Pedro Henry, do PP.
 
O advogado do petista argumenta, no entanto, que é legítimo que Genoino assuma o cargo porque a decisão do Supremo pode mudar após a apreciação de todos os recursos.
“A decisão do STF é uma decisão provisória, que está sujeita a alterações até o seu trânsito em julgado e que, portanto, não o impede de cumprir com esse compromisso que foi delegado a ele pelo povo.”
 
Mas, caso o STF escolha manter a sua posicção, Pacheco admite que a Câmara terá de cumprir o que foi decido pela Corte. O presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), porém, vem sustentando que a última palavra sobre cassação é dos parlamentares, e não dos ministros do tribunal.

O site da bancada do PT na Câmara sustentava desde segunda-feira que Genoino – condenado a 6 anos e 11 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro – seria um dos novos deputados que iriam assumir uma vaga a partir do dia 1º de janeiro.

31 de dezembro de 2012
Isadora Peron (O Estado de S.Paulo)

UMA RECEITA DE ANO NOVO, SEGUNDO CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Bacharel em Farmácia, funcionário público, escritor e poeta, o mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) é um dos mestres da poesia brasileira. O significado principal do poema "Receita de Ano Novo" está em olhar para dentro de si mesmo e sentir-se, realmente, apto para ganhar um belíssimo Ano Novo.

RECEITA DE ANO NOVO

Carlos Drumond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


31 de dezembro de 2012
(Colaboração do poeta Paulo Peres, do site Poemas & Canções)

DIRETO PARA A CLÍNICA DE QUEIMADOS...


"Eu ponho as duas mãos no fogo por ele."


Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo pelo PT, a respeito de Lula


31 de dezembro de 2012

IMAGEM DO DIA

Paquistaneses bebem chá ao longo de uma estrada durante uma manhã fria e com névoa em Lahore
Paquistaneses bebem chá ao longo de uma estrada durante uma manhã fria e com névoa em Lahore - Arif Ali/AFP
 
31 de dezembro de 2012

LULA E DILMA TORRAM QUASE MEIO BI COM CARTÕES CORPORATIVOS

A FARRA É GRANDE!!! HAJA BRASIL PARA PAGAR A CONTA!!! "ISTO É UMA VERGONHA!!!                           


Nos últimos 10 anos, o governo federal gastou quase meio bilhão de reais com compras feitas por meio de cartões corporativos. Foram R$ 462.560.739,31 despendidos de 2002 a 2012.
 
O ápice ocorreu no último ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, 2010, quando R$ 80 milhões foram gastos, valor 42,32% maior que o despendido em 2012.

Entre os ministérios e secretarias, o campeão de gastos nestes 10 anos foi a Presidência da República, que acumulou R$ 135,6 milhões em compras. Em segundo lugar aparece o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que somou R$ 80,4 milhões, seguido pelo Ministério da Justiça, com pouco mais de R$ 60 milhões, Ministério da Educação, com R$ 36,4 milhões e Ministério do Desenvolvimento Agrário, com R$ 27 milhões.

Esse sistema de pagamento, criado ainda no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, ganhou as manchetes na gestão petista, em 2008, quando veio à tona um escândalo de uso de indevido dos cartões.
O caso provocou a queda da então ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.

O cartão deve ser usado para compras de materiais, prestação de serviços, para o pagamento de despesas de hospedagem de ministros e como funciona como cartão de crédito normal, podia ser usado até para saques em dinheiro.
Essa forma de pagamento foi utilizada para compras em free shops e para a hospedagem de familiares de ministros durante compromissos oficiais.

No ano em que o escândalo veio à tona foram gastos R$ 55,2 milhões com os cartões, valor menor que os R$ 76,2 milhões dependidos em 2007. No entanto, a repercussão midiática não freou o uso dos cartões.
Em 2009 o gasto aumentou 16,81%, e continuou crescendo até o último ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quando os pagamentos chegaram a mais de R$ 80 milhões, o maior desde 2002.

31 de dezembro de 2012
Daniel Favero - Terra

MOVCC

CUSTO BRASIL

 

Nos jornais de 24/12/12 saiu uma matéria informando que em plana seca e sufoco do povo, os políticos dos municípios nordestinos aprovaram reajustes de até 272% nos subsídios de prefeito e de vereador, e tudo conforme as regras do jogo.
Segundo dados do governo federal, da conta "quanto paga ao governo federal" - "quanto recebe do governo federal", apenas 8 estados repassam impostos com sinal positivo, são eles:

SP (com 57%); RJ (27%); RS (4%); PR (4%); MG (4%); SC (3%); ES (1%) e AM (1%).

Maranhão do Sarney é o estado que mais recebe, quase R$ 8 bi. Seu principal, político que está no poder há mais de 50 anos, fez um bom trabalho!
Ou:dos 26 Estados da Federação:

18 – Dão Prejuízo (Recebem pra Viver)
08 – Dão Lucro (Pagam pra Viver)


Dos 8 que pagam só São Paulo paga mais que os outros 7 juntos - contribui com 57%.

Resumindo: não existe só bolsa família/esmola, existe também uma enorme carga de bolsa-burocracia e de bolsa-políticos-incompetentes ou corruptos, na atual situação fica difícil definir.


 
Como tudo está estabelecido na carta magna e não tem limite para acabar - somos obrigados a ser eternos solidários -, os improdutivos não precisam se preocupar em se tornar produtivos. Para quê?
Têm incautos suando para pagar as contas. Podemos aproveitar a situação e perguntar: para aonde vão tantos impostos (12ª maior carga tributária do planeta)?
Pela proporção (18 a 8) percebemos que o Brasil foi montado exatamente de forma contrária ao lema de sua bandeira. Seu lema deveria ser “cruzar os braços que a grana chegará. Produzir? Isso é coisa de neoliberal”; e lembrando que os incautos que pagam a pesada conta poderiam viver muito melhor se aproveitassem os frutos de seus trabalhos.
Isso é democracia ou baderna estabelecida?
 
Obs. Alguns exemplos: Sítio de Quinto (BA); Alagoa Grande (PB), Aroeiras do Itaim (PI), Souza (PB), Pombal (PB), Venha Ver (RN), Arneiroz (CE), Carira (SE) e Malhada (BA).
31 de dezembro de 2012
Artur Larangeira Filho

OS FATOS MAIS IMPORTANTES DE 2012. ASSIM PARECEU A ALGUNS ANALISTAS.

Sugestão do Leitor

Caro leitor, neste espaço, você pode participar da produção de conteúdo em conjunto com a equipe do Opinião e Notícia. Sugira temas para pautas preenchendo os campos abaixo. Participe!


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O mundo não acabou, mas 2012 deixou seu legado na história da humanidade (Reprodução/Internet)

Especialistas fazem uma retrospectiva nas áreas de política, economia e relações internacionais
 
O mundo não acabou no dia 21 de dezembro como sugeriam interpretações do calendário maia, e, como era de se esperar, 2012 chega ao fim deixando seu legado para a história da humanidade. Para analisar o ano que termina, o Opinião e Notícia convidou cinco especialistas a apontar o que para eles foram os fatos mais marcantes nas áreas de política, economia e relações internacionais:
 
Geraldo Tadeu Moreira Monteiro, professor de Ciência Política e diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj):

“Inquestionavelmente, o mais importante no cenário político nacional foi o julgamento do processo do mensalão porque ele provoca uma mudança de paradigmas. Nosso país era conhecido como o paraíso da impunidade até recentemente.
Levantamentos feitos pela imprensa sobre casos de políticos julgados pelo STF mostram que quase não havia condenados e sim processos com recursos que se eternizavam. Espero que o julgamento do mensalão sinalize uma nova abordagem que começou ainda no ano passado com a lei da ficha limpa, que já foi muito importante.
 
Em segundo lugar, houve a polêmica em torno da distribuição dos royalties. Esse é um debate que se arrasta desde 2007, quando foi descoberto o pré-sal, e tem exposto algumas das fraturas federativas. A ameaça de derrubada do veto da presidente Dilma mexe com muitas questões da ordem constitucional brasileira e até mesmo com a base do governo. Até agora não houve uma mobilização para impedir a derrubada do veto.

Em terceiro lugar, claro, tivemos um ano eleitoral. As eleições locais não dão para se ter uma ideia muito marcante do quadro nacional, mas elas indicaram um maior pluralismo de partidos e lideranças nas capitais, por exemplo.
E mais uma vez se viu a vitória da aposta do ex-presidente Lula em um candidato sem experiência eleitoral prévia, mas que acabou eleito (Fernando Haddad).

Gilberto Braga, economista e professor da Ibmec-RJ:  "Na economia, pode-se dizer que foi um ano quase perdido, principalmente quando se constata que a economia brasileira deve crescer algo próximo a 1,5%, o que acabou sendo apelidado pelos especialistas de um ‘pibinho’, quando comparado com a previsão inicial de pelo menos 4%. Contribuíram para isso a tímida resposta do setor externo e os sinais claros de esgotamento da política de estímulos ao mercado interno.

No front externo, a Europa pouco avançou. A eleição do socialista François Hollande na França, com o um discurso de austeridade com desenvolvimento, confundiu os economistas, que temiam por uma desintegração econômica da zona do euro.
Essa indefinição retardou várias decisões estratégicas, ao mesmo tempo em que outras economias como as da Grécia, Holanda e Portugal sangravam em dificuldades. A formação de um fundo de reserva, com a liderança da Alemanha, o apoio do FMI e a gestão do Banco Central Europeu ajudou a desanuviar as tensões e a melhorar as condições de recuperação da União Europeia.

A disputada eleição dos Estados Unidos e a fraca recuperação de sua economia lançam uma nova onda de pressão para o segundo mandato de Obama, que ainda enfrentará uma situação fiscal difícil e sem folga. A China também diminuiu o seu ritmo de expansão da atividade econômica, o que significa que todos com que ela faz negócios venderão menos.

No mercado interno brasileiro houve acertos na diminuição das taxas de juros e nas desonerações tributárias. Entretanto, essas medidas não foram suficientes para manter o mercado interno como mola propulsora da nossa economia.
Hoje há consenso que faltam medidas que estimulem os investimentos. A inflação foi muito alta ainda, em boa parte devido à crise dos grãos no exterior que pressionaram os preços dos alimentos, mas deve ceder um pouco em 2013. O ano novo deve ser melhor do que 2012 na economia, com um PIB mais gordinho. Não muito, mas talvez o suficiente para pegar um novo embalo para o futuro".

Marcelo Suano, sócio-diretor do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (Ceiri) e analista de política internacional:  "Inicialmente, deve ser destacada a reeleição de Barack Obama que implicará na manutenção da política internacional de multilateralismo do atual mandatário estadunidense, apesar da defesa unilateral de questões essenciais para o país ao redor do mundo, em especial na Ásia e no Oriente Médio.

Destaca-se também a eleição de Vladmir Putin na Rússia no início do ano, que, embora esperada, representa um enrijecimento das políticas interna e externa. Isso pode ser constatado nas propostas de modificação nas leis de segurança do Estado, com maiores poderes para as forças policiais, e também num discurso de confronto direto com as potências ocidentais na crise do Oriente Médio, uma vez que a Rússia não hesitará em enfrentar quaisquer atores para manter sua influência na região.

Na América Latina, ganharam destaque os acontecimentos envolvendo o Mercosul e a Venezuela. O impedimento do presidente Fernando Lugo seguido da suspensão do Paraguai do bloco regional tiveram efeitos locais estruturais, pois permitiram e aceleraram da entrada da Venezuela como membro efetivo do grupo.
 
Tal acontecimento ainda trará consequências, até nas questões jurídicas internacionais, porque o Paraguai foi impedido de participar da negociação e teve ignorado o seu posicionamento contrário à entrada dos venezuelanos com o novo status.
Agregada a este cenário está a reeleição de Hugo Chávez para presidente da Venezuela em um pleito que refletiu a cisão interna no país, bem como a possibilidade de surgimento de uma oposição unida para confrontar os bolivarianos em um futuro breve que poderá ser acelerado com a doença de Hugo Chávez. Se ele for mesmo incapaz de assumir o governo, haverá um vácuo de poder no país que se refletirá em toda a América Latina.

No Oriente Médio mantiveram-se como focos de tensão e pontos para reflexão dos estrategistas principalmente: (1) a crise na Síria, que aumentou o grau da violência e manteve o risco de se alastrar para o região; (2) as ameaças de Israel bombardear as usinas nucleares iranianas, devido aos fracassos das negociações para buscar uma alternativa ao programa nuclear persa e (3) a paulatina centralização e tendência ao fundamentalismo islâmico do presidente egípcio Mohamed Morsi, cujo país, embora no norte da África, afeta a política de todo o Oriente Médio. A atual situação egípcia pode gerar manifestações similares às que afastaram Hosni Mubarak. Isso levaria a uma nova crise no país".

Daniela Alves, sócia-diretora do Ceiri:  "Na Europa, o ano começou com comprovações de que a recessão se manteria e, apesar das manifestações contra as medidas de austeridade que levaram a eleições de líderes de esquerda contrários a elas, suas políticas cederam à necessidade de controle dos gastos públicos.
 
Primeiramente, no mês de maio, os franceses, descontentes com o clima econômico, votaram para tirar o presidente conservador Nicolas Sarkozy e dar poder aos socialistas com François Hollande apostando contra as propostas de austeridade que eram defendidas entre os europeus. Ele, no entanto, paulatinamente vem guinando para o modelo de austeridade adotado em vários governos da Europa.
 
A impopularidade das medidas de austeridade pelo continente se estendeu, afetando fortemente Portugal, Grécia e Espanha. Mesmo a estável Holanda ficou descontente com o tamanho dos cortes que faria e antecipou suas eleições.

A Espanha chegou bem próximo ao abismo, com bancos sob risco de pedirem resgates bilionários e com as mais altas taxas de desemprego de toda Europa. A crise gerou inúmeros protestos e greves gerais em praticamente toda a União Europeia.
A Alemanha se manteve como a líder do bloco, mas as incertezas sobre a região aumentam conforme se aproximam as eleições legislativas em 2013 no país."

Fabricio Bomjardim, consultor do Ceiri para Ásia:  "A escolha de Xi Jinping para presidente da China não refletiu em mudanças gerais, nem trouxe grandes questionamentos sobre possíveis alterações nas políticas internas e externas chinesas.
Os desentendimentos territoriais no leste e sudeste asiático foram os acontecimentos que mais impactaram no desenvolvimento das relações regionais.
As divergências entre chineses e sul-coreanos com o Japão resultaram em boicotes comerciais, no congelamento dos planos de livre comércio regional, na redução de investimentos e na lentidão da negociação de importantes acordos que estavam para ser finalizados junto a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean)".

31 de dezembro de 2012
Fernanda Dias

O BICHO VAI PEGAR

 

Conselho que vale no mínimo para os primeiros meses do novo ano: preste atenção quando Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, disser alguma coisa.

Lula alugou a boca de Gilberto ao se ver acuado pelo julgamento do mensalão, pela descoberta da quadrilha da qual fazia parte Rosemary Noronha, sua ex-secretária, e pela delação à procura de um prêmio feita por Marcos Valério.

Gilberto foi posto na antessala da presidente Dilma para funcionar como principal olheiro de Lula, prestando também ao exigente chefe todo tipo de serviço.


Um deles: falar quando Lula não puder ou não achar conveniente. Transmitir suas orientações públicas para dentro ou fora do PT. Com especial afinco, Gilberto ocupou-se disso nas últimas atribuladas semanas.

Em entrevistas vapt-vupt, em pelo menos uma, extensa, concedida ao jornal Correio Braziliense, e em vídeo divulgado no site do PT, ele disse o que Lula lhe soprou.

O PT está obrigado a ser solidário com os mensaleiros que tombaram lutando, imagina Lula. Mais do que isso: está obrigado a defendê-los diante dos evidentes "exageros" produzidos durante os quatro meses de julgamento.

"Não é porque um companheiro seu cometeu um erro ou foi vítima de exageros que você irá abandoná-lo", ensina Lula. Ou melhor: Gilberto. "Por outro lado, não há dúvida de que o PT precisa se renovar e se refazer do ponto de vista da ética, da coisa pública, e fazer isso não apenas olhando para os próprios erros, mas para as questões estruturais da política que induzem a essa cultura".

No segundo semestre de 2005, Lula foi à televisão e pediu desculpas aos brasileiros. Uma vez reeleito no ano seguinte, voltou a se referir ao mensalão como "uma farsa".

Quem quiser espere deitado o dia em que Lula admitirá o que o Supremo Tribunal Federal concluiu enfático: foi mensalão. E com dinheiro público. Não foi Caixa 2, o que também configuraria crime.

"O erro do PT foi um erro de Caixa 2", insiste Gilberto. Digo: Lula. "Não reconheço nada do que foi colocado em termos de pagamentos mensais".

Compreensível. Lula não pode admitir que mentiu durante todos esses anos. De resto, os presídios estão superlotados de inocentes condenados sem motivo... Acolher mais alguns não fará para eles a menor diferença.

A esperteza de Lula é maior do que a de Gilberto. Lula teria sido mais cuidadoso ao responder sobre a reforma política, que poderia introduzir o financiamento público de campanhas.

Gilberto revelou sua descrença na aprovação da ideia de financiamento público - até aí nada demais. Mas derrapou ao afirmar: "os outros partidos não são menos corrompidos do que o PT". Êpa!

Lula não diria que o PT é um partido corrompido - o que é isso, meu irmão? Golpismo mediático? Sai pra lá!

Lula diria que o PT apenas se valeu das mesmas armas empregadas pelos demais partidos. Não deixaria brecha para que se pense que seus companheiros, mártires do mensalão, possam ter embolsado algum.

Se desviaram dinheiro foi para o bem do povo brasileiro. Quem duvida?

Por fim, em 2013 o "bicho vai pegar", alertou Lula via Gilberto.

Para ele, os ataques sofridos por Lula têm um só objetivo: "destruir o nosso PT, o nosso governo".

Lula receia ser processado pelo que Marcos Valério anda dizendo e convoca o PT para a luta.

Ao mesmo tempo, sabe que ser processado seria sua melhor chance para voltar como candidato a presidente em 2014.

"O povo é quem me julgará".

Que tal?

(Vai que é tua, João Santana, o marqueteiro de nove entre 10 candidatos vencedores!).

Feliz Ano Novo!

31 de dezembro de 2012
ricardo noblat

LULA CONTINUA DEVENDO AOS BRASILEIROS DE BEM UMA EXPLICAÇÃO SOBRE O "ESCÂNDALO DE ROSEMARY"

 


Boca fechada – O ano de 2012 entrou em suas horas finais, mas o ex-presidente Luiz Inácio da Silva ainda não deu qualquer explicação sobre o esquema de corrupção desvendado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que acabou indiciando criminalmente Rosemary Nóvoa de Noronha e outros integrantes da quadrilha que se especializou na venda de pareceres técnicos de órgãos do governo.

Lula, alarife que é, jogou com o tempo para que o assunto deixasse as manchetes, diminuindo a força do furacão que ainda pode levá-lo a uma CPI no Congresso Nacional. A cada novo capítulo dessa epopeia descobre-se a extensão da teia criminosa que surgiu a partir do gabinete da Presidência da República em São Paulo, cuja chefia foi entregue a Rosemary Noronha, a Marquesa de Garanhuns, até então mantida no cargo pela presidente Dilma Rousseff a pedido de Lula.

Rosemary Noronha, que se apresentava como namorada de Lula, logo nos primeiros dias após o escândalo ameaçou revelar a verdade, mas acabou convencida por emissários do ex-presidente de que o silêncio seria mais conveniente.

As autoridades não podem, em hipótese alguma, fechar os olhos para o caso, uma vez que a organização criminosa que se instalou no governo federal funcionava com o conhecimento e o aval camuflado do próprio Lula, que como sempre deve alegar que de nada sabia. Trata-se de mais um conjunto de atos de corrupção tracejado na órbita do ex-metalúrgico e que engrossa o período mais corrupto da história nacional, patrocinado por um partido que chegou ao poder central na esteira do discurso da ética e da moralidade.

A onda de mitomania que vem sendo mantida, com muito esforço, pelos petistas é a única saída para postergar ao máximo o desmoronamento do partido, mas é preciso que os culpados sejam punidos com o rigor da lei, assim como ocorreu no caso do Mensalão do PT, porém com decisões céleres por parte da Justiça e sem direito a devaneios jurídico-filosóficos dos julgadores.

Caso os crimes tivessem ocorrido em uma empresa privada, por certo os envolvidos já estariam presos. Isso só não aconteceu na Operação Porto Seguro porque os integrantes da quadrilha acabariam revelando mais detalhes do esquema, que tinha no comando gente muito graúda.

31 de dezembro de 2012
ucho.info

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Que vã esperança! Um homem que nada sabe e nada viu, pode dever explicações a alguém?! E ainda mais ao povo! Lula é candidato e lider da amnésia popular! Um malabarista! Joga com a ignorância política do eleitor - que é obrigado a votar, sem nem saber em quem - e com os interesses de bancos e empresários.
E as nobres multinacionais!
Cabe lembrar aquele animado refrão do programa do chacrinha: "vai para o trono, ou não vai?" E o povo uníssono na sua santa ingenuidade: "VAAAAAIIIIII !!!"

Não há Ano Novo que dê jeito nisto!
m.americo

INTEGRANTES DA CÚPULA PETISTA CONTINUAM COM DISCURSOS DESCONEXOS SOBRE O ESCÂNDALO DO MENSALÃO

 


Fios trocados – Tirante a incompetência da maioria dos seus integrantes e o incontestável talento da legenda para a corrupção e a desfaçatez, o PT peca ao não combinar prévia e internamente os discursos que servem para ludibriar a opinião pública.

As mentiras são tantas dentro do PT, que nem mesmo Joseph Goebbels – homem forte da propaganda nazista e autor da frase “Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade” – daria conta do recado.

Dias após o escândalo do Mensalão do PT vir à tona, Luiz Inácio da Silva, temendo ser apeado do poder, ocupou os meios de comunicação e afirmou que o Partido dos Trabalhadores devia desculpas ao povo brasileiro. Acreditou nesse palavrório visguento apenas a parcela incauta da população, pois os que conhecem os meandros da política sabiam da verdade.

O tempo avançou, a CPI dos Correios e outras mais acabaram e Lula começou a construir um discurso diferente, maquiavélico e mentiroso. Passou a falar em todos os cantos que o Mensalão do PT fora uma tentativa de golpe da oposição e das elites brasileiras, que, segundo o petista, queriam vê-lo longe do Palácio do Planalto.

Parlapatão experiente, Lula foi reeleito e deixou o assunto decantar, até que o julgamento dos mensaleiros despontou na agenda do Supremo Tribunal Federal. Na esperança de postergar a condenação dos companheiros, o ex-presidente retomou o velho discurso, mas incluiu no bojo da culpa pelo golpe, que nunca aconteceu, setores da imprensa e o Judiciário. Estava criada na cabeça de Lula a tríade do mal que conspirou contra o Messias tupiniquim.

Antes disso, Silvio Pereira, secretário-geral do PT à época do escândalo e denunciado pelo Ministério Público Federal por participar do esquema de compra de parlamentares e desvio de dinheiro público, fez um acordo com a Justiça, o que foi considerado como um reconhecimento de que aquilo que Lula negava, como ainda nega, realmente existiu. Tempos depois, Silvinho Pereira, como é conhecido o ex-petista, revelou que o objetivo do esquema era irrigar o PT com R$ 1 bilhão.

Ministro da Justiça, o também petista José Eduardo Martins Cardozo não apenas afirmou que o Mensalão do PT existiu, mas disse que os culpados deveriam ser condenados. Enquanto isso, Lula insistia na tese mentirosa do golpe das elites.

Ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares concordou, depois de reunião da cúpula do partido, assumir a culpa pelo ocorrido. A tentativa de salvar José Dirceu e José Genoino, ambos condenados, não funcionou e Lula retomou seu enfadonho discurso.

Com o julgamento da Ação Penal 470 avançando no Supremo e a possibilidade de condenação dos réus crescendo a cada dia, a presidente Dilma Rousseff ordenou aos assessores silêncio obsequioso em relação ao tema, evitando assim qualquer respingo do escândalo no Palácio do Planalto.

Há dias, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, disse em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo” que o PT precisa esgotar a “agenda de solidariedade” aos condenados no mensalão. “Já falamos o suficiente sobre isso”, declarou o governador gaúcho. É mais um integrante da cúpula do partido que, não declaradamente, reconhece a existência do esquema criminoso.

Como Goebbels não ressuscitou, o plano é transformar em mártires os petistas condenados no processo do Mensalão do PT que terão de cumprir parte das respectivas penas de prisão em regime fechado.

31 de dezembro de 2012
ucho.info

APESAR DE TUDO, FELIZ ANO NOVO.

 



1- Renan Calheiros é candidato à Presidência do Senado – e favorito.
 
2José Genoíno, condenado pelo STF no processo do Mensalão, assume a cadeira de deputado federal como suplente de Carlinhos de Almeida, que se elegeu prefeito de São José dos Campos. A pena de Genoíno é de 6 anos e 11 meses de prisão, em regime semiaberto. Sessões à noite, nem pensar.
 
3- A família vai bem, obrigado. O deputado federal José Nobre Guimarães, irmão de Genoíno, é líder da bancada petista. Lembra do cavalheiro preso com cem mil dólares na cueca? Era assessor do Nobre parlamentar.
 
4 – A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, engordou o cofrinho aposentando-se como ex-senadora. Saiu no Diário Oficial do dia 27.
 
5O Governo paulista, forçado pela Lei de Acesso à Informação, revelou que paga pensão vitalícia a 266 políticos ou parentes de políticos. São R$ 33 milhões, para, entre outros, dois ex-ministros, dois ex-governadores, um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, a viúva de um ex-governador e um ex-candidato à Presidência da República.

Nomes? Ex-ministros, Almir Pazzianoto e Wagner Rossi; ex-governadores, José Maria Marin – sim, o presidente da CBF – e Alberto Goldman; conselheiro do TCE, Robson Marinho (que acumula a pensão com o salário do tribunal); viúva de ex-governador (Mário Covas), Lila Covas; ex-candidato à Presidência da República, Plínio de Arruda Sampaio.
 
Tudo isso está na lei. E esqueça Chico Buarque: amanhã não vai ser outro dia.
 
Detalhes…
 
Uma das pensionistas do Governo paulista é Roseli Fátima Gonzalez, viúva do deputado estadual Nunes Ferreira. Ferreira exerceu o mandato de 1954 a 1962. A Carteira de Previdência dos parlamentares foi criada em apenas em 1976, 14 anos depois. Mas tudo, não se preocupe, está dentro da lei.
Pague, pois.
 
…tão pequenos
 
As pensões variam de R$ 10 mil a R$ 19 mil para ex-deputados e de R$ 7.500 a R$ 19 mil para dependentes.
Mas não se preocupe, isso sobe agora em janeiro.
 
Quem procura acha
 
Renan Calheiros já teve de renunciar à Presidência do Senado para não ser abatido por um escândalo. Agora é favorito por ter o apoio de Sarney, dos partidos governistas (com raras exceções, como Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon, PMDB, Pedro Taques, PDT, Randolfe Rodrigues, PSOL), mais o do PSDB. E por que os tucanos apoiam Renan? Simples: é o retorno do trabalho de Renan para livrar o governador goiano Marconi Perillo, do PSDB, da CPI do Cachoeira.
 
Luz não, choque sim
 
Pode ficar tranquilo, diz a presidente Dilma Rousseff: não há uma crise no setor de energia do Brasil, apesar dos múltiplos apagões que têm ocorrido. “Acho ridículo dizer que o Brasil corre risco de racionamento de energia”.
A presidente tem razão: racionamento é coisa organizada, em que se distribui da melhor maneira possível um produto insuficiente e se comunica à população como as coisas vão funcionar. Aqui não há racionamento: a luz cai, e volta um dia desses.
 
Gargalhe no escuro
 
A presidente disse também que devemos gargalhar quando alguém atribuir a raios os problemas no sistema elétrico. “É falha humana”, assegurou. Mais uma vez, tem razão: quem será a pessoa que falhou ao nomear um político maranhense sarneyzista, cujo conhecimento de energia se limita a acender e apagar a luz da sala, para comandar o abastecimento e distribuição de eletricidade no Brasil?
 
Imexível
 
A presidente Dilma garantiu também que seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, só deixa o cargo se quiser. Por ela, fica. E mais uma vez tem razão. Na mitologia grega, Cassandra, princesa troiana, negou-se a dormir com o deus Apolo, e foi condenada a ter o dom da profecia precisa, sem que ninguém nela acreditasse (e, por rejeitar suas previsões, Troia foi vencida pelos gregos). O nome de Cassandra é lembrado até hoje.
E Guido Mantega é superior: ninguém acredita nele, mas como suas profecias nunca estão certas, isso não faz mal a ninguém.
 
Quem sabe
 
Triste com as informações desta coluna? Mas este, convencionou-se, é um dia de festa, de alegria, de esperanças no novo ano. Então, colaboremos: o senador José Sarney, do PMDB do Amapá, está dizendo que, ao final de seu mandato (daqui a exatamente dois anos), deixará de se candidatar.
 
Na política, claro, continua, que osso bom não se larga: deve participar da campanha de sua filha Roseana à reeleição para o Governo maranhense, e continuará comandando seu grupo, que inclui o atual ministro das Minas e Energia, Édison Lobão.
 
Sarney assumiu seu primeiro mandato (deputado federal) em 1955 – há 58 anos. Há 50 anos manda no Maranhão. Esteve em quatro partidos – PSD, UDN, Arena, PMDB – sempre no Governo.
E o Maranhão? Está onde sempre esteve.
 
Frase a guardar
 
De Alex Solomon, assíduo leitor desta coluna:

“Na internet é possível ser qualquer coisa. Por que será que tantos escolhem ser estúpidos?”

31 de dezembro de 2012
Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

BRASILEIRO QUE DECIDIR BRINDAR A CHEGADA DO ANO NOVO, FOI ASSALTADO PELO ESTADO NO ANO VELHO

 

Mãos ao alto – Arrecadando cada vez mais impostos, o Estado (União, estados e municípios) obriga o contribuinte brasileiro a trabalhar cinco meses por ano para entupir os cofres oficiais.

Mesmo com uma arrecadação que em 2012 ultrapassou a casa de R$ 1,5 trilhão, a contrapartida continua na seara da vergonha.
Essa inoperância generalizada se explica por um Estado inchado, cujo custeio consome boa parte dos impostos.

Mesmo diante desse cenário revoltante, o brasileiro, que parece por uma inércia letárgica, pois nega a reagir, continua acreditando nos discursos mentirosos dos governantes, que prometem sabendo da impossibilidade de cumprir.

Para que a fome arrecadatória do governo não passe despercebida, quem comemorar a chegada do Ano Novo com uma garrafa de espumante precisa saber que o equivalente 60% do valor do produto são impostos. Mas o assalto oficial não para por aí. Nas taças, que serão utilizadas para o brinde ao ano que está prestes a estrear, a carga tributária é de mais de 44%. Aquele que não gosta de espumante e optar pela cerveja, destinará 55% em impostos ao governo.

Em um país cuja carga tributária que representa quase 40% do Produto Interno Bruto, nenhum representante do governo pode falar em crescimento econômico ou dias melhores.

Isso mostra que se depender do Estado, como um todo, nenhum ano será feliz. Mesmo assim, há quem diga que o Brasil é o país do futuro. Enfim, feliz Ano Novo, mesmo com os velhos impostos de sempre!

31 de dezembro de 2102
ucho.info

URGENTE! ESTADO DE SAÚDE DE HUGO CHÁVEZ SE AGRAV. SITUAÇÃO MOSTRA-SE IRREVERSÍVEL.


O jornalista venezuelano Nelson Bocaranda revelou pela sua conta do Twitter nesta madrugada que o estado de saúde de Hugo Chávez se agrava com o passar das horas e somente sua família está ao seu lado. Chávez está internado no hospital Cimeq em Havana há cerca de 20 dias, onde submeteu-se a uma cirurgia destinada a controlar os efeitos do câncer no seu organismo. Depois da cirurgia sobreveio uma sucessão de complicações e o caudilho, ao que parece, permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Ao relatar informações recebidas desde Havana, a capital cubana, Bocaranda afirma que Chávez está sob sedação intensa, e tabmém sob a vigília de seus familiares e do vice-presidente Nicolás Maduro. Segundo Bocaranda, Maduro foi para Cuba para "preparar os venezuelanos ante a situação irreversível".
O jornalista diz que as próximas horas serão decisivas. O presidente cubano Raúl Castro alertou seus ministros e conversou com "presidentes amigos" e também com o vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro.
Na noite deste domingo Maduro falou em cadeia estatal de televisão, quando referiu-se ao estado de saúde de Chávez como "delicado", em razão de novas complicações surgidas em decorrência de grave infecção respiratória.
O jornalista Nelson Bocaranda é um dos mais conceituados na Venezuela e foi quem revelou ao mundo que Hugo Chávez padecia de câncer há um ano e meio.
 
31 de dezembro de 2012
in aluizio amorim

AS ÚLTIMAS DO ANO DE 2012

O Deus de Rose pede adiamento de 2013

 
Lula, o Deus de Rosemary e de fiéis radicais já jurou de pé junto para seu irmão mais velho, o Deus criador de todas as coisas que a partir deste novo ano nunca mais vai mentir na vida. Só tem uma condição: seu mano, como primogênito e inventor do universo, vai ter que decretar nesta virada que 2013 só comece em 1° de abril.
Reprodução
Epa! No quadro, um triângulo.

Cadê Rose
 
Alguém sabe por acaso por onde anda Rose, a ex-primeira-dama da 2ª Divisão do governo Dilma Vana que agia às escãncaras em São Paulo? É uma farsa que ela esteja relaxando e gozando numa praia ao sul da Bahia. Não, ela não foi fotografada de biquini e muito menos de saia justa em Porto Seguro. É que os paparazzi estão focados no veraneio de Dilma Vana, ali por perto, na recatada e caríssima pousada da base naval de Aratu. Cadê Rose, cadê?!?
O Implacável pode emplacar
Reprodução
 
Joaquim Barbosa apenas vem cumprindo com o seu dever. Porque no Brasil esta é uma tarefa de Hércules, o primeiro-presidente-negro da mais alta corte de Justiça do País está virando mito. Sozinho, Barbosa é hoje mais forte que a oposição em peso. O governo e o PT - isto é pleonasmo - fazem gato e sapato com demos e tucanos, mas tremem nas bases aliadas e terceirizadas diante de Joaquim Barbosa. Ele representa para os cães fiéis do Cara, a transformação da mais temida falsa verdade da democracia em dura realidade: somos todos iguais diante da lei. Dilma Vana e Lula - os dois soberanos candidatos ao Palácio em2014 - sabem que Joaquim Barbosa, O Implacável, pode emplacar sua candidatura quando quiser e achar por bem. Todo brasileiro sério está com ele.

Os grandes perdedores
Arq/Div
Se alguém conseguisse superar Lula em fracassos neste 2012 que já vai tarde, este sujeito é Eike Batista, o maior vendedor de ilusões do ano, sem qualquer eficácia no sistema de entrega do seu produto imaginário.Batista conseguiu igualar-se a Lula em matéria de promessas não realizadas. Pelo três de suas empresas estão entre as dez que mais perderam valor de mercado em 2012: a sua campeã de perdas foi a OGX que conseguiu ficar R$ 25 bilhões mais pobre. Eike Batista perdeu lugar de brasileiro mais rico do mundo para Jorge Paulo Lehmann. Em compensação, está ali, alí, cabeça com cabeça com Luiz Erário da Silva, no ranking dos grandes perdedores do ano.

Mais um

Mais um que dá nos dedos do garanhão de Garanhuns: Zé Sarney, ainda presidente do Senado acaba de sugerir que o Estado dê condições aos ex-presidentes de exercer funções políticas, mas sem mandatos eletivos.
Ele tira o dele da reta dizendo que só voltou a eleger-se por causa da crise do governo Collor.
Pelo que fez esse tempo todo na vida pública, está na cara que a sua preferência era ficar na privada
 
 
 
 
31 de dezembro de 2012
sanatório da notícia

AS TRÊS VIAS DE ACESSO


Após ler minha crônica sobre os cavacos do ofício do jornalismo, uma amiga me pergunta porque não estou lecionando numa universidade. Coincidentemente, a resposta está no artigo de Cláudio de Moura Castro, na Veja da semana passada:

“Na UFRJ, um aluno brilhante de física foi mandado para o MIT antes de completar sua graduação. Lá chegando, foi guindado diretamente ao doutorado.


Com seu reluzente Ph.D., ele voltou ao Brasil. Mas sua candidatura a professor foi recusada pela UFRJ, pois ele não tinha diploma de graduação. Luiz Laboriou foi um eminente botânico brasileiro, com Ph.D. pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e membro da Academia Brasileira de Ciências. Mas não pôde ensinar na USP, pois não tinha graduação”.

Estas peripécias, eu as conheço de perto. Começo pelo início. Nunca me ocorreu lecionar na universidade. Eu voltara da Suécia, cronicava em Porto Alegre e fui tomado pela resfeber, doença nórdica que contraí na Escandinávia. Traduzindo: febre de viagens. Li nos jornais que estavam abertas inscrições para bolsas na França e me ocorreu passar alguns anos em Paris. A condição era desenvolver uma tese? Tudo bem. Paris vale bem uma tese. Tese em que área? Busquei algo que me agradasse. Na época, me fascinava a literatura de Ernesto Sábato. Vamos então a Paris estudar Sábato.

Mas eu não tinha o curso de Letras. O cônsul francês, ao me encontrar na rua, perguntou-me se eu não podia postular algo em outra área. Em Direito havia mais oferta de bolsas. Poder, podia. Eu cursara Direito. Mas do Direito só queria distância. Mantive minha postulação em Letras. Para minha surpresa, recebi a bolsa. A França me aceitava, em função de meu currículo, para um mestrado em Letras, curso que eu jamais havia feito. Nenhuma universidade brasileira teria essa abertura. Aliás, os componentes brasileiros da comissão franco-brasileira que examinava as candidaturas, tentaram barrar a minha. Fui salvo pelos franceses.

Fui, vi e fiz. Em função de meu currículo, aceito para mestrado, fui guindado diretamente ao doutorado. Tive o mesmo reconhecimento que o aluno do MIT. Acabei defendendo tese em Letras Francesas e Comparadas. Menção: Très bien. Não me movera nenhuma pretensão acadêmica, apenas o desejo de curtir Paris, suas ruelas, vinhos, queijos e mulheres. A tese não passou de diletantismo. De Paris, eu escrevia diariamente uma crônica para a Folha da Manhã, de Porto Alegre. Salário mais bolsa me propiciaram belos dias na França. Foi quando minha empresa faliu. Conversando com colegas, fiquei sabendo que um doutorado servia para lecionar. Voltei e enviei meu currículo para três universidades. Sei lá que loucura me havia acometido na época: um dos currículos enviei para o curso de Letras da Universidade de Brasília.

Fui a Brasília acompanhar meu currículo. Procurei o chefe do Departamento de Letras. Ele me cobriu de elogios, o que só ativou meu sistema de alarme. Que minha tese era brilhante, que meu currículo era excelente, que era um jovem doutor com um futuro pela frente. Etc. Mas... eu tinha apenas os cursos de Direito e Filosofia, não tinha o de Letras. Me sugeria enviar meu currículo ao Departamento de Filosofia, já que a tese tinha alguns componentes filosóficos.

Ingênuo, fui até o Departamento de Filosofia. O coordenador me recebeu muito bem, analisou minha tese, cobriu-a de elogios. Mas... eu não tinha o Doutorado em Filosofia. Apenas o curso. Considerando o grande número de artigos publicados em jornal, sugeria que eu fosse ao Departamento de Comunicações. Besta atroz, fui até lá. O coordenador considerou que meu currículo como jornalista era excelente. Mas... eu não tinha o Curso de Jornalismo.

Na Universidade Federal de Santa Catarina abriu um concurso para professor de Francês. Já que eu era Doutor em Letras Francesas, me pareceu que a ocasião era aquela. Duas vagas, dois candidatos. Fui solenemente reprovado. Uma das alegações foi que eu falava francês como um parisiense, e a universidade não precisava disso. A outra, e decisiva, era a de que eu tinha doutorado em Letras Francesas, mas não tinha curso de Letras.

Já estava desistindo de procurar emprego na área, quando fui convidado para lecionar Literatura Brasileira, na mesma UFSC que me recusara como professor de francês. Convidado como professor visitante, o que dispensa concurso. Mas o contrato é por prazo determinado, dois anos. O curso precisava de doutores para orientar teses e eu estava ali por perto, doutor fresquinho, recém-titulado e livre de laços com outra universidade. Fui contratado.

Acabei lecionando quatro anos, na graduação e pós-graduação. Findo meu contrato, foi aberto um concurso para professor de Literatura Brasileira. Me inscrevi imediatamente. Uma vaga, um candidato. Me pareceram favas contadas. Ledo engano. Eu não tinha o curso de Letras. Fui de novo solenemente reprovado.

Na mesma época, abriu um concurso na mesma universidade para professor de espanhol. Ora, eu já havia traduzido doze obras dos melhores autores da América Latina e Espanha (Borges, Sábato, Bioy Casares, Robert Arlt, José Donoso, Camilo José Cela). Vou tentar, pensei. Tentei. Na banca, não havia um só professor que tivesse doutorado. Pelo que me consta, jamais haviam traduzido nem mesmo bula de remédio. Mais ainda: não tinham uma linha sequer publicada. Novamente reprovado. Minhas traduções poderiam ser brilhantes. Mas eu jamais havia feito um curso de espanhol.

Melhor voltar ao jornalismo. Foi o que fiz. Anos mais tarde, já em São Paulo, por duas vezes fui convidado para participar de uma banca na Universidade Federal de São Carlos, pelo professor Deonísio da Silva, então chefe de Departamento do Curso de Letras. Uma das bancas era para escolher uma professora de Literatura Espanhola, outra uma professora de Literatura Brasileira. Deonísio sugeriu-me participar, como candidato, de um futuro concurso. Impossível, eu não tinha o curso de Letras. Quanto a julgar a candidatura de um professor de Letras, isto me era plenamente permissível.

Por estas e por outras – e as outras são também importantes, mas agora não interessam – não estou lecionando. Diz a lenda que na universidade da Basiléia havia um dístico no pórtico, indicando as três vias de acesso à universidade: per bucam, per anum, per vaginam. Lenda ou não, o dístico é emblemático. A universidade brasileira, particularmente, é visceralmente endogâmica. Professores se acasalam com professoras e geram professorinhos e para estes sempre se encontra um jeito de integrá-los a universidade. A maior parte dos concursos são farsas com cartas marcadas. Pelo menos na área humanística. As exceções ocorrem na área tecnológica, onde muitas vezes a guilda não tem um membro com capacitação mínima para proteger. Contou-me uma professora da Universidade de Brasília: “eu tive muita sorte, os dez pontos da prova oral coincidiam com os dez capítulos de minha tese”. O marido dela era um dos componentes da banca. A ingênua atroz – ou talvez cínica – falava de coincidência.

Na universidade brasileira, nem um Cervantes seria aceito como professor de Letras, afinal só teria em seu currículo o ofício de soldado e coletor de impostos. Um Platão seria barrado no magistério de Filosofia e um Albert Camus jamais teria acesso a um curso de Jornalismo. No fundo, a universidade ainda vive no tempo das guildas medievais, que cercavam as profissões como quem cerca um couto de caça privado. Na Espanha e na França, desde há muito se discute publicamente a endogamia universitária. Aqui, nem um pio sobre o assunto. E ainda há quem se queixe quando os melhores cérebros nacionais buscam reconhecimento no Exterior.

31 de dezembro de 2012
janer cristaldo