"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 25 de abril de 2012

GOVERNO ESTUDA EXIGIR DIPLOMA DE HUMORISTAS


Governo estuda exigir diploma de humoristas
Tiririca recebeu o título honoris causis concedido pelo Instituto Antonio Carlos Mussum

BRASÍLIA - Pressionado pelo consulado português, o governo brasileiro estuda adotar medidas para conter a explosão demográfica de humoristas ocorrida nos últimos anos. Segundo o IBGE, em menos de uma década o número de comediantes será maior do que a lista de parlamentares do PMDB. "Os dados são alarmantes, mesmo quando levamos em conta que há profissionais que acumulam as duas funções", explicou Hermógenes Monsueto, presidente do IBGE.

Sob a liderança de Tiririca, deputados instauraram uma CPI para apurar os escândalos envolvendo piadas sem graça. "Vamos chamar esses abestados para depor aqui na Câmara. Aqueles que não fizerem a gente rir serão indiciados pelo Ministério Público", explicou.

O deputado ainda apresentou uma série de medidas para proteger a nação de trocadilhos infames, sarcasmos mal construídos e ironias incompreensíveis. A primeira medida consiste em equipar o INMETRO para realizar uma bateria de testes com pretendentes a comediantes.
"Os proponentes terão de tecer comentários jocosos sobre canções de Roberto Justus, vídeos de Susana Vieira, o cabelo de Edison Lobão e os discursos de José Sarney frente a uma comissão composta por Fernanda Young, Iriny Lopes, Muricy Ramalho e Ariano Suassuna.
Só receberá selo de qualidade quem conseguir arrancar uma gargalhada dos quatro, em uníssono ", explicou Monsueto.

Como precaução, o MEC incluirá questões envolvendo interpretação de piadas no ENEM. "O candidato que acertar todas, poderá pleitear um diploma de humorista, que será obrigatório para todos os comediantes a partir de 2014", explicou Fernando Haddad.

Para evitar abusos e dar uma reposta imediata à sociedade, o PROCON já está autorizado a multar autores de piadas sem graça.

25 de abril de 2012
the i-piaui herald

APÓS LONGA DELIBERAÇÃO, PMDB DECIDE APOIAR HOLLANDE E SARKOZY NO SEGUNDO TURNO

Após longa deliberação, PMDB decide apoiar Hollande e Sarkozy no segundo turno


Michel Temer, que se declarou botafoguense cruzmaltino, torcerá pelos dois times na final da Taça Rio. Segundo ele, o partido voará baixo para abocanhar todas as boladas.

LOUIS VUITTON – Em reunião tensa que ocupou todo o setor de bolsas da loja Louis Vuitton do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, a direção do PMDB, fiel à história aguerrida do partido, decidiu não se abster de pronunciar-se sobre o segundo turno das eleições presidenciais francesas.

“Somos um partido de convicções e não poderíamos deixar de nos posicionar de maneira firme e republicana em relação a este importante pleito”, declarou o presidente da sigla, vice-presidente Michel Temer.
Com voz decidida, advertiu:

“Enganam-se aqueles que acreditam em aleivosias segundo as quais transigiremos em nosso compromisso de apoiar os dois candidatos”.

Da suíte presidencial do Hospital Sírio Libanês, o presidente do Senado, José Sarney, apoiou a decisão, aproveitando para indicar a posição que o partido deverá adotar nas próximas eleições norte-americanas.

“Acreditamos que o presidente Obama e o ex-governador Mitt Romney são os candidatos que por ora apresentaram os melhores projetos de governo. É nossa obrigação programática empenhar solidariedade a ambos, com a firmeza de convicção e o destemor da audácia que sempre pautaram a nossa caminhada política”, disse, agitando bandeirinhas do Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos.

De Paris, onde reside, o governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, declarou voto em Carla Bruni, não sem antes comentar que “aquela jornalista mulher do Hollande também dá um caldo”.

Cabral aproveitou a ocasião para negar qualquer participação na contratação da empreiteira Delta, de seu amigo Fernando Cavendish, para as obras de contenção do novo penteado da diretora do FMI, Christine Lagarde.

25 de abril de 2012
the i-piaui herald

ARMADILHA PARA NEGROS ( I )


Ainda há pouco, os movimentos negros brasileiros reivindicavam a eliminação do item cor nos documentos de identidade. Com a malsinada lei de cotas que hoje assola o ensino superior, os negros insistem em declarar a cor na inscrição no vestibular. Estes mesmos movimentos negros sempre consideraram que qualquer critério supostamente científico para determinar a cor de alguém é racista. Quem então é negro para efeitos legais? No caso da lei estadual no Rio e do projeto de lei federal, o critério é o da auto-declaração. Pardo ou negro é quem se considera pardo ou negro, mesmo que branco seja. Ora, neste país em que impera a chamada lei de Gérson, não poucos brancos se declararam negros no último vestibular da UERJ, a primeira universidade pública brasileira a estabelecer o sistema de cotas. Grita dos líderes negros: vamos determinar cientificamente quem é branco e quem é negro e processar os brancos que se declaram negros. Ou seja, as palavras de ordem da afrodescendentada são mais cambiantes que as nuvens. Mas mudam num só sentido, na direção de obter vantagens para os negros, não só dispensando méritos como também passando por cima dos eventuais méritos de quem se declara branco.

O atual presidente da República está longe de ser o primeiro apedeuta a assumir o poder neste país. Câmara e Senado estão repletos de analfabetos jurídicos, que nada entendem da confecção de leis nem sabem sequer distinguir lei maior de lei menor. Embalados por palavras de ordem estúpidas, em geral oriundas dos Estados Unidos, criam leis irresponsáveis, com a tranqüilidade de quem não precisa prestar contas a ninguém. É o caso da lei de cotas. Só agora, após o vestibular da UERJ e de uma enxurrada de ações judiciais, argutos analistas descobriram que a famigerada lei fere o artigo 5º da Constituição: "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza."

Não bastasse esta tremenda mancada jurídica, que daqui para frente só servirá para entupir ainda mais os já entupidos tribunais — gerando grandes lucros aos advogados, os reais beneficiados pela lei de cotas — o presidente da República, mal assumiu o poder, sancionou lei que obriga a inclusão da temática História e Cultura Afro-brasileira no currículo oficial da rede de ensino Fundamental e Médio. As aulas abordarão desde a história da África e dos africanos até a luta dos negros no Brasil. A medida é de um racismo evidente. E por que não a História de Portugal e a luta dos portugueses no Brasil? Ou a história da Itália e as lutas dos italianos? Ou a história do Japão e a luta dos japoneses? O Brasil é um cadinho de culturas e a contribuição africana a seu desenvolvimento está longe de ser a única ou a mais importante. O estudo da história afro-brasileira tem no entanto suas complicações.

Para os próceres do movimento negro, não basta historiar a cultura afro-brasileira. É preciso embelezá-la. É o que se deduz da proibição do livro Banzo, Tronco e Senzala, de Elzi Nascimento e Elzita Melo Quinta, na rede pública do Distrito Federal por ordem do governador Joaquim Roriz, em acatamento ao pedido do senador petista Paulo Paim. Um garoto teria ficado impressionado com as informações contidas no livro dizendo que os "negros perdiam a condição humana assim que eram aprisionados na África para se tornarem simples mercadoria à disposição dos brancos" e que aprisionar os negros não era difícil. "Principalmente, depois que os traficantes passaram a contar com o auxílio de negros traidores que prendiam elementos de sua própria raça em troca de fumo, cachaça, pólvora e armas."

"Qual é a auto-estima de uma criança negra quando recebe um livro que diz que, se seu povo um dia foi escravo, os culpados foram os negros, e não os europeus da época, mercadores de escravos?" — pergunta Paim. O deputado parece ignorar — ou propositadamente omite — o fato de que a escravidão não é invenção dos europeus. Ela já está na Bíblia e em momento algum é condenada pelos profetas ou patriarcas. Nem mesmo Paulo, reformador do Livro Antigo, a condena.

Foi norma na Grécia antes de a Europa existir. Séculos antes de o primeiro navio negreiro europeu aportar no continente africano, ela lá já existia, sem a interferência do Ocidente. O presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, que o diga. Comentando as reivindicações dos movimentos negros, identificou-se como descendente de uma rica família de senhores de escravos e perguntou se alguém iria pedir-lhe indenização. Ainda bem que não o fez em jornais do Distrito Federal, ou seria censurado pelo governador Joaquim Roriz.

Que os chefes tribais negros facilitavam a tarefa dos negreiros, vendendo escravos de outras tribos, isto tampouco é ignorado. Vendiam e continuam vendendo até hoje, em pleno século XXI. Na Mauritânia, Sudão e Gana, no Benin, Burkina Fasso, Mali e Niger, a escravidão ainda persiste como nos tempos dos navios negreiros. Ano passado, a GNT mostrava brancos europeus comprando escravos no Sudão. Não que fossem negreiros. Eram representantes de Ongs européias, que compravam negros para libertá-los. O propósito pode ser nobre. Mas toda procura gera oferta e os dólares dos ongueiros só serviram para estimular o tráfico de escravos. Esta é a história da África. E se algum autor relega a escravidão para tempos passados, o livro está desatualizado.

A nova lei assinada pelo presidente da República acrescenta ao calendário escolar o dia da morte de Zumbi (20 de novembro) como o Dia Nacional da Consciência Negra. Esta ambição patrioteira de ter heróis, típica de países subdesenvolvidos, levou políticos negros a elegeram Zumbi como herói da raça. Ora, o herói negro também era proprietário de escravos. Como é que ficamos? Irão as autoridades censurar qualquer livro que ateste esta condição de escravagista de Zumbi?

Ao defender os sistemas de cotas na universidade, os negros caíram em uma tosca armadilha. Podem hoje ter facilidades na obtenção de um diploma. Mas quem, amanhã, irá contratar os serviços de profissional que entrou na universidade pela porta dos fundos? Ao exigir a inclusão da história africana nos currículos, caíram em armadilha mais sofisticada. A história da África é a história das guerras tribais e da escravidão, da lapidação por adultério, da mutilação física como punição e da mutilação sexual como costume. Democracia, direitos humanos, liberdade de imprensa, emancipação da mulher, são instituições desconhecidas no continente. Seis mil meninas têm o clitóris extirpado, diariamente, em vinte países do Oriente Médio e da África. Por barbeiros locais ou parteiras, com instrumentos não-esterilizados.

A África, até hoje, está mais para Idi Amin Dada do que para Mozart. Mais para Bokassa que para Einstein. Estudar sua história, seja a passada, seja a presente, não leva criança alguma a nenhuma auto-estima.

Jamais tivemos leis Jim Crow— Em crônica passada, comentei o sistema de cotas para negros na universidade e o estudo obrigatório da História africana nas escolas brasileiras. O artigo rendeu uma saraivada de mensagens, em geral iradas, nas quais invariavelmente sou acusado de racista. “A doença do racismo é uma invenção européia” – escreve um dos leitores – “Você não pode infetar uma pessoa com a doença sem esperar ficar doente. Seu artigo mostra a doença que você ainda tem”. Tantas foram as objeções, que responder a todas é impossível. Atenho-me então a comentar os pontos mais recorrentes, como racismo, sistema de cotas, escravidão e história da África. Deixo de lado minha surpresa ao tomar conhecimento de que os hutus e tutsis que se cortam aos pedaços em Ruanda estão contaminados por uma invenção européia.

Comecemos por meu suposto racismo. Nasci no Rio Grande do Sul, Estado que, por sua forte colonização européia, tem a fama de ser o Estado mais racista do Brasil. Apesar de ser constituído por uma expressiva maioria branca, foi o primeiro Estado do país a eleger um governador negro, Alceu Collares. Ora, nem a Bahia, Estado majoritariamente negro, teve um governador negro. Collares não só foi governador, como também prefeito de Porto Alegre, capital também majoritariamente branca. Antes de ser prefeito da capital gaúcha, foi prefeito de Bagé, cidade da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde os brancos constituem maioria esmagadora. Desde minha infância, de meus estudos primários aos universitários, convivi afavelmente com negros. Em meus anos de Porto Alegre, por noites a fio participei da mesa de Lupicínio Rodrigues, no bar da Adelaide, e por ele sempre nutri admiração. Lupicínio –que compôs os mais belas letras de samba do Brasil – era universalmente querido pelos gaúchos. Hoje, noto que tive entre os negros bons amigos. E por que hoje? Porque na época nem notava que eram negros. Com o acirramento recente da luta racial, passamos a conviver com pessoas que insistem em se definir como negras, quando nem cogitávamos de que o fossem.

Entre os mails recebidos, sou acusado de defender a tese de que no Brasil não existe racismo. De certa forma, a defendo. Algum racismo existe entre nós, ou humanos não seríamos. Mas jamais ao nível dos EUA ou países europeus. O negro, quando rico ou bem-sucedido, é estimado e mesmo invejado no Brasil. Milhões de brancos brasileiros se sentiriam sumamente honrados sendo fotografados junto a um Pelé. O rechaço existe em relação ao negro pobre ou miserável. Neste caso, o fator de distanciamento não é a negritude do negro, mas sua miséria. Exceto padres católicos e assistentes sociais, ninguém gosta de miséria. Nem negro gosta de negro pobre.

Nunca tivemos, no Brasil, leis proibindo a negros qualquer direito. As chamadas leis Jim Crow, declaradas inconstitucionais pela Suprema Corte americana em 1954, constituíram a partir de 1880 a base legal da discriminação contra negros nos Estados do Sul, proibindo até mesmo um estudante passar um livro escolar a outro que não fosse da mesma raça. No Alabama, nenhum hospital podia contratar uma enfermeira branca se nele estivesse sendo tratado um negro. As estações de ônibus tinham de ter salas de espera e guichês de bilhetes separados para cada raça. Os ônibus tinham assentos também separados. E os restaurantes deveriam providenciar separações de pelo menos sete pés de altura para negros e brancos.

No Arizona, eram nulos casamento de qualquer pessoa de sangue caucasiano com outras de sangue negro, mongol, malaio ou hindu. Na Florida, proibia-se o casamento de brancos com negros, mesmo descendentes de quarta geração. Neste mesmo Estado, quando um negro compartilhasse por uma noite o mesmo quarto que uma mulher branca, ambos seriam punidos com prisão que não deveria exceder 12 meses e multa até 500 dólares. Na Geórgia, cerveja ou vinho tinham de ser vendidos exclusivamente a brancos ou a negros, mas jamais às duas raças no mesmo local. No Mississipi, mesmo as prisões tinham refeitórios e dormitórios separados para prisioneiros de cada raça. No Texas, cabia ao Estado providenciar escolas para crianças brancas e para negras. As leis Jim Crow explicam a mauvaise conscience ianque, que se traduziu na ação afirmativa.


25 de abril de 2012
janer cristaldo

ARMADILHA PARA NEGROS ( II )



Racismo negro no Brasil

Brasileiros, desconhecemos este racismo institucionalizado. Negros e brancos casam-se com brancas e negras, bebem e comem nos mesmos restaurantes, estudam e confraternizam nos mesmos bancos escolares. Se há menos negros que brancos na universidade, isto se deve a fatores econômicos, mas jamais legais. O branco pobre – e eles são legião – tem a mesma dificuldade de acesso aos bancos universitários que o negro pobre. O negro rico – e eles também existem – tem a mesma facilidade de acesso que o branco rico. É inteligível o ódio que um negro americano possa sentir por um branco americano. Não há no entanto razão alguma para que este ódio seja exportado ao Brasil. Neste país, do ponto de vista legal, o negro nunca foi discriminado.

O Brasil costuma importar as piores práticas do Primeiro Mundo, costumo afirmar. No censo de 2.000, quase sete milhões de norte-americanos, pela primeira vez, foram autorizados a identificar-se como integrantes de mais de uma raça. As categorias inter-raciais mais comuns citadas foram branco e negro, branco e asiático, branco e indígena americano ou nativo do Alasca e branco e "alguma outra raça". Os Estados Unidos deixam de lado a onedrope rule, pela qual um cidadão é considerado negro mesmo que tenha uma única gota de sangue negro em sua ascendência, e descobrem o mestiço.

Enquanto os Estados Unidos reconhecem a multi-racialidade, alguns movimentos negros no Brasil pretenderam que até os mulatos se declarassem negros no último censo. O propósito é óbvio, exercer pressão legislativa. A população negra do Brasil, em 99, era de apenas 5,4%. Com o acréscimo de 39,9% do contingente de mulatos, o Brasil estaria perto de ser definido como um país majoritariamente negro, como aliás é hoje considerado por muitos americanos e europeus. O presidente José Inácio Lula da Silva, em sua já proverbial incultura, caiu nesta armadilha, ao afirmar que o Brasil é a segunda nação negra do mundo. Não é. Negro é minoria ínfima no Brasil. A menos que, como fizeram os EUA, se pretenda negar este espécime híbrido, o mulato.

Quando os americanos descobrem o mestiço, os ativistas negros brasileiros querem eliminá-lo do panorama nacional. Em uma imitação servil da imprensa ianque, os jornais tupiniquins passam a usar o termo afrodescendente para definir a população que o IBGE classifica como negra ou parda. Mas se um negro é obviamente afrodescendente, o pardo é tanto afro como eurodescendente. A adotar-se a nova nomenclatura, sou forçado a declarar-me eurodescendente. E não vejo nisso nenhum desdouro.

A palavra racismo, pouco freqüente na imprensa brasileira em décadas passadas, passou a inundar as páginas dos jornais a partir da queda do Muro de Berlim. Apparatchiks saudosos da Guerra Fria, vendo desmoralizadas suas bandeiras de luta de classes, proletariado versus burguesia, trabalho versus capital, trataram logo de encontrar uma nova dicotomia, para lançar irmãos contra irmãos. Existem negros e brancos no Brasil? Maravilha. Vamos então lançá-los em luta fratricida. Criaram-se leis absurdas que, a pretexto de combater o racismo, só servem para estimulá-lo. Hoje, no Brasil, se você insultar um negro, incorre em crime hediondo, com prisão firme e sem direito à fiança. Mas se matar um negro, a lei é mais leniente. Se você for primário, pode responder ao processo em liberdade. Ou seja: se você, em um momento de ira, insultou um negro e quer escapar de uma prisão imediata, só lhe resta uma saída: mate-o. Segundo a lei absurda, assassinato é menos grave que ofensa verbal.

Vamos às cotas. Em virtude deste hábito nosso de importar do Primeiro Mundo seus piores achados, acabamos instituindo as cotas raciais na universidade. Mais uma dessas tantas leis que fabricam racismo. Como pode um jovem pobre e branco encarar sem animosidade um negro que lhe tomou a vaga na universidade, só porque é negro? Quando o juiz federal Bernard Friedman determinou o fim da política de ação afirmativa da faculdade de Direito da Universidade de Michigan, os americanos começaram a perceber que a política de cotas era uma péssima idéia. Em 1977, a estudante branca Barbara Grutter abriu processo depois de não ter sido aceita pela faculdade de Direito. Para Friedman, levar em consideração a raça dos estudantes como fator para decidir se os aceita ou não é inconstitucional. Segundo o juiz, a política de ação afirmativa da faculdade assemelha-se ao sistema de cotas, que determina que uma certa porcentagem de estudantes pertença a grupos minoritários. Ao ordenar que a faculdade deixe de praticar essa política, escreveu: “Aproximadamente 10% das vagas em cada turma são reservadas para membros de uma raça específica, e essas vagas são retiradas da competição”.

Em 2002, o programa 60 Minutes entrevistou um professor que mostrava a injustiça do sistema. De 51 estudantes brancos candidatos a um programa da faculdade, apenas um foi aceito. Entre dez candidatos negros, foram aceitos os dez. A universidade adota uma espécie de lei Jim Crow às avessas, aceitando qualquer candidato negro e recusando brancos. Quando os americanos descobrem que a política de afirmação positiva não constituiu uma idéia boa ou justa, autoridades brasileiras aderem a esta política infame. Já existe projeto, aprovado Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Federal, segundo o qual deverão ser escalados 25% de atores negros ou mulatos em peças de teatro, filmes e programas de televisão.

Só no teatro, o leitor já pode imaginar as peripécias de um diretor. Se pensa em encenar Ibsen ou Tchekhov, como inserir negros em contextos eslavos ou nórdicos? E se a peça tiver um só personagem? Pelo menos um quarto do monólogo terá de ser feito por um negro? Só mesmo no bestunto de um analfabeto poderia ocorrer esta pérola do politicamente correto. Quando os EUA passam a abandonar o sistema de cotas, deputados brasileiros querem adotá-lo até mesmo no universo do lazer.

A escravidão na Bíblia - Quando afirmei que negros capturavam negros na África, para vendê-los como escravos aos brancos europeus, não faltou interlocutor que alegasse que, se escravidão existia, é porque na Europa havia uma procura de escravos. Vários leitores jogaram sobre a Europa a pecha da escravidão. Tal atitude intelectual denota falta de leituras históricas. A escravidão é muito anterior à Europa. Ela já existe na Grécia socrática, quando Europa era apenas o nome de uma virgem raptada por Zeus, travestido em touro. Que mais não seja, a escravidão é vista como algo perfeitamente normal no livro que embasa o Ocidente.

Um leitor cita o Eclesiastes, quando Salomão fala de um homem que domina outro homem para arruiná-lo. Considera que esta declaração é universal, não se aplicando a uma raça, mas a todas as raças. E considera ser intelectualmente irresponsável invocar a Bíblia sem realçar este fato. O leitor esqueceu de ler o Êxodo:

“Quando comprares um escravo hebreu, seis anos ele servirá; mas no sétimo sairá livre, sem nada pagar. Se veio só, sozinho sairá; se era casado, com ele sairá a esposa. Se o seu senhor lhe der mulher, e esta der à luz filhos e filhas, a mulher e seus filhos serão do senhor, e ele sairá sozinho. Mas se o escravo disser: ‘eu amo a meu senhor, minha mulher e meus filhos, não quero ficar livre’, o seu senhor falo-á aproximar-se de Deus, e o fará encostar-se à porta e às ombreiras e lhe furará a orelha com uma sovela: e ele ficará seu escravo para sempre”. À semelhança de ativistas negros que não gostam de ouvir que chefes tribais africanos vendiam escravos aos brancos europeus, muitos católicos não gostam de ouvir que a Bíblia endossa a escravidão. Mas que se vai fazer? No Livro está escrito: “Se alguém ferir o seu escravo ou a sua serva com uma vara, e o ferido morrer debaixo de sua mão, será punido. Mas, se sobreviver um ou dois, não será punido, porque é dinheiro seu”.

O Levítico legitima a aquisição de escravos estrangeiros: “Os servos e servas que tiverdes deverão vir das nações que vos circundam; delas podereis adquirir servos e servas. Também podeis adquiri-los dentre os filhos dos hóspedes que habitam entre vós, bem como das suas famílias que vivem conosco e que nasceram na vossa terra: serão vossa propriedade e deixá-los-eis como herança a vossos filhos depois de vós, para que os possuam como propriedade perpétua. Tê-los-eis como escravos; mas sobre os vossos irmãos, os filhos de Israel, pessoa alguma exercerá poder de domínio”.

Ou seja, não há originalidade alguma no fato de a Europa ter sido escravista. Estava apenas seguindo os ditames do livro que a embasa. A escravidão percorre o Livro de ponta a ponta, só não vê quem não quer ver. Portugal, país bom cristão, não deixaria de dar continuidade à tradição bíblica. Negros brasileiros exigem hoje indenizações milionárias da República, em nome da escravidão passada. Ocorre que o Brasil república não conheceu a instituição da escravatura. A Lei Áurea é de 1888 – coincidentemente da mesma época em que nos EUA vigiam as hediondas leis Jim Crow. A república foi proclamada em 1889. Se os negros querem indenização, a conta deve ser enviada a Portugal.

Existe hoje trabalho escravo no Brasil? Sim, existe. Mas nenhuma lei o legitima, pelo contrário. É crime e como tal é punido. Seria insensato de nossa parte negar a existência de nossas mazelas, em nome de um enjolivement da história pátria.

E aqui entramos no ponto que mais protestos provocou em meu artigo, a afirmação de que a história da África é a história das guerras tribais e da escravidão, da lapidação por adultério, da mutilação física como punição e da mutilação sexual como costume. Choveram e-mails citando feitos passados, antigas culturas e houve quem empunhasse o Egito como um dos expoentes da cultura negra. Não bastasse a tese furada de que Atenas era negra, vemos agora o Egito inserido no debate afro. De Dakar, um leitor me envia referências sobre Cheikh Anta Diop, estudioso senegalês que parte da idéia de que o antigo Egito faz parte da África negra.

Pode ser. Mas tal tese está longe de constituir unanimidade entre historiadores. Mesmo que assim fosse, de nada vale o argumento. Se um dia um hipotético Egito negro teve uma trajetória gloriosa, hoje não mais a tem. Essa trajetória foi em algum momento interrompida, e hoje o Egito vive a hora nada gloriosa do Islã. Que mais não seja, o antigo Egito era escravagista — os hebreus que o digam! — e isto tampouco depõe a favor da África.

Não faltou quem me acusasse de ser filho ingrato, afinal nossos ancestrais todos teriam surgido em solo africano. O argumento é contraproducente. Se todos de lá descendemos, foi preciso abandonar Mãe África para que o homem evoluísse. Que mais não seja, apegar-se a passados gloriosos de um país para alimentar auto-estima é doença de nacionalistas tacanhos. Pior ainda quando o apego é ao passado de uma etnia: estamos entrando na estreita fímbria que separa orgulho étnico de racismo. Antes de pertencermos a uma ou outra nação, a esta ou aquela etnia, pertencemos à raça humana.

Sobre Idi Amin Dada e Mozart - Afirmei que estudar a história africana, seja a passada, seja a presente, não leva criança alguma a nenhuma auto-estima. Vejo que magoei muitos leitores. Inúmeros destes, munidos de um computador, enviaram suas mensagens por modem, em velocidade quase instantânea, via Internet. São pessoas alfabetizadas, o que neste nosso mundo já constitui privilégio. Em geral com curso superior, pelo que entendi. Usufruem das atuais facilidades de comunicação e da liberdade de expressão de pensamento nos países onde vivem. São nutridas por informação via satélite e podem acompanhar quase em tempo real os conflitos no planetinha, confortavelmente sentadas frente a um televisor. Certamente são usuárias de jatos e automóveis em seus deslocamentos, comem em bons restaurantes e foram formados em boas universidades. Ou seja, gozam do melhor do Ocidente.

Isto, caríssimos, não é herança africana. Que a África seja uma terna lembrança de um passado imemorial,vá lá. Hoje, não tem lição nenhuma a dar ao Ocidente. Quando na África existir eleições livres e democracia, noções de direitos humanos, imprensa e liberdade de imprensa, mulheres com os mesmos direitos que os homens, quando na África clitóris não mais sejam mutilados nem mulheres lapidadas, voltamos a conversar. A África trouxe contribuições à humanidade? Viva a África. O que não se pode, sob pena de falsificar a história, é ignorar suas mazelas presentes.

Olhe para os países africanos... e olhe para os países europeus. Olhe para as cidades esplendorosas do Velho Continente... e para as cidades miseráveis do continente negro. Você jamais encontrará um Mozart ou um Cervantes nas culturas africanas. Mas encontrará às pampas os Idi Amin Dadas e Mobutus Sessos da vida. Na Europa há Estados constituídos. Na África há arremedos de Estado e tribos e guerras tribais. Democracia é flor que viceja na Europa. Não há democracia em países africanos. Por enquanto, repito, a África está mais para Idi Amin Dada que para Mozart.

Quando alguém me fala da excelência de certas culturas primitivas, costumo lembrar de A Vida de Brian, dos Monty Python. Reunidos os conspiradores judeus, o líder pergunta: que nos trouxeram os romanos? Estradas, responde alguém. Certo. Mas além das estradas, que nos deram? Hospitais, responde outro. É! Mas que mais além das estradas e hospitais? Aquedutos, sugere um terceiro. E assim continua a discussão, até que sai um manifesto: apesar de nos terem trazido estradas, hospitais, aquedutos, escolas, esgotos, romanos go Rome!

Entendo o estudo da história como o estudo do acontecido. Não pode um historiador subtrair fatos só porque tais fatos são desonrosos à história de um povo. Durante todo um século – o passado – os comunistas construíram uma história fictícia para mostrar como paraíso o que em verdade era um inferno aqui na Terra mesmo. Não queiram os ativistas negros repetir esta infâmia. A do século passado ainda nos pesa e está longe de ser extirpada de nossa memória.

25 de abril de 2012
janer cristaldo

LÍDER DO PPS CONVOCA MINISTRO

Líder do PPS, Rubens Bueno defende convocação do ministro da Justiça pela CPI do Cachoeira



Mínimos detalhes – Integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as relações do bicheiro Carlos Cachoeira com políticos e empresários, o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) quer que o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, vá ao Congresso explicar detalhes e desdobramentos das operações Las Vegas e Monte Carlo, ambas realizadas pela Polícia Federal.
“Até o momento, sabemos destes fatos pela imprensa. O Ministério deve explicações ao Parlamento, já que é responsável pela PF, que desvendou o megaesquema – alvo da CPMI. Acreditamos que há muito mais informação do que aquilo que se viu nas páginas de jornais até o momento”, justifica Bueno, que é o líder do partido na Câmara.
O deputado preparou um requerimento de convocação que espera ser votado nos próximos dias pela CPMI.
“Sobre a operação Monte Carlo se sabe algo, mas não tudo. Agora, não temos dados nenhum sobre a Las Vegas. O acesso à integra destas duas ações é muito importante para a condução dos trabalhos da Comissão”, acrescentou Rubens Beno.
A operação Las Vegas foi realizada em 2009. Já a Monte Carlo, que resultou na prisão do bicheiro Carlos Cachoeira, ocorreu no último dia 29 de fevereiro. Até o momento, todas as investidas de deputados e senadores para obter junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) a íntegra destes inquéritos foram infrutíferas.

25 de abril de 2012
ucho.info

CÓDIGO FLORESTAL APROVADO NA CÂMARA


Por 274 a 184, com duas abstenções o relatório de Paulo Piau (PMDB-MG), que modificou o texto do Senado, foi aprovado pela Cãmara dos Deputados. Estão sendo votados os destaques. Depois, texto final segue para sanção de Dilma. 5,3 milhões de produtores rurais podem dormir com a certeza de que poderão continuar fazendo a agricultura mais sustentável e mais produtiva do planeta. Parabéns aos deputados e aos senadores. Pêsames para o PT, PPS, PV e PSOL que votaram contra a comida na mesa dos brasileiros. Pêsames para Marina Silva que, lá de Cambridge, está tuitando para cobrar um veto de Dilma, como se Dilma fosse a Ong do Planalto a serviço dos seus desígnios.
25 de abril de 2012
coroneLeaks

O CONSERVADORISMO AMERICANO E A IGREJA CATÓLICA


          Artigos - Conservadorismo        
Protestantismo e Catolicismo, que têm se digladiado ao longo da história, encontraram-se em pleno acordo em face da secularização e do relativismo moral, numa combinação de forças que tem fornecido apoio significativo para o movimento conservador nos Estados Unidos.

A relação entre o movimento conservador moderno e a Igreja Católica nos Estados Unidos está começando a ser compreendida agora. Apesar da evidência de uma relação estreita entre Catolicismo e Conservadorismo, a Igreja é quase sempre considerada uma instituição esquerdista, enquanto a Igreja Católica nega oficialmente qualquer conexão inerente a qualquer partido político ou ideologia.
Ainda assim, a conexão entre o Conservadorismo americano e o Catolicismo é muito mais forte do que normalmente se entende, tanto que a Igreja pode ser melhor entendida mais como uma instituição conservadora do que esquerdista.

As origens católicas do conservadorismo americano
 

Um dos fatos ignorados acerca do movimento conservador moderno é o papel imprescindível dos católicos [1]. De fato, é quase possível crer que o movimento conservador nos Estados Unidos é um movimento amplamente católico, mas isso seria superestimar a influência dos católicos.
O movimento conservador não era uma tentativa explícita de católicos leigos ou da própria Igreja de construir um movimento ou braço para obter influência política para a Igreja Católica (ao contrário da Moral Majority [2], que foi uma clara tentativa de se criar uma facção secular e se obter influência política direta para o Protestantismo evangélico).

A Igreja Católica nos Estados Unidos, ao contrário com a Igreja na Europa, não se aliou oficialmente a nenhum partido político ou movimento ideológico, respeitando a separação americana entre igreja e Estado. Na verdade, a influência católica tende a ser mais difusa, representando a grande variedade de opiniões políticas de seus membros.

Os maiores representantes do Catolicismo no movimento conservador, bastante conhecidos pelos leitores desta revista, são William F. Buckley e Russell Kirk, os fundadores de National Review e Modern Age, respectivamente. Buckley era um católico de berço que freqüentou uma escola confessional católica inglesa. Ele possuía uma forte visão tradicional da Igreja e era um opositor da Missa em língua vernácula resultante do Concílio Vaticano II (CV-II) [3].
A National Review tratava diretamente e com freqüência de questões católicas, sendo conhecida tanto por ter atacado as encíclicas do Papa João XXIII quanto pelas críticas à neo-marxista Teologia da Libertação, que emergiu na América Latina [4]. Russell Kirk, cujo livro The Conservative Mind foi publicado em diversas edições, encorajou fortemente uma forma tradicionalista de pensamento conservador.
Era católico converso, mas já havia estabelecido sua filosofia conservadora quando ingressou na Igreja [5].

Enquanto Buckley representa a influência dos católicos de berço cujas crenças religiosas os fizeram críticos agudos do desenvolvimento político e social americano pós-Segunda Guerra, Kirk representa os conservadores católicos que ingressaram na Igreja por razões pessoais de fé, certamente, mas também porque seu conservadorismo estava explícita e fortemente representado na Igreja Católica.
A presença de um grande número de católicos de berço no movimento conservador e a tendência de conservadores em se converterem em católicos levanta a questão: qual é o nexo entre Catolicismo e Conservadorismo?

Existe um grande elo entre Catolicismo e Conservadorismo, e isso pode ser observado sob cinco aspectos. Primeiro, há o respeito pela tradição, ou seja, o postulado burkeano de que qualquer instituição social vigente por um longo tempo e servindo bem às pessoas possui certo poder sobre nós. A Igreja Católica contribuiu de modo essencial e distinto para a civilização ocidental nas artes, na literatura, na música, na teologia, na filosofia e – não menos importante – na divulgação do evangelho cristão, que teve um efeito civilizatório sobre muitos povos da Europa, sobretudo aqueles originalmente chamados de “bárbaros”.

Segundo, há um realismo moral intrínseco às doutrinas e práticas da Igreja que pressupõe a existência e a distinção reais entre bem e mal. Enquanto a ordem do mundo europeu colapsou durante o século XX sob o peso de guerras totais e movimentos totalitários, bem e mal foram relegados ao posto de antigas idéias facilmente descartáveis ante o massacre do puro poder político. A contínua defesa da existência de uma ordem moral objetiva, por parte da Igreja Católica, parece, portanto, providencial e salutar.

Terceiro, havia uma política de anti-comunismo, que foi particularmente notável após a Segunda Guerra, quando a Igreja apoiou partidos de centro e centro-esquerda na Itália e na França em oposição a partidos comunistas. Nos Estados Unidos dos anos 1950, figuras como o Bispo Sheen [6] e o Cardeal Spellman [7] opuseram-se vigorosamente ao Comunismo; um resultado desconcertante do CV-II foi a mudança efetiva da Igreja de uma política anti-comunista para uma política anti-anti-comunista.

Quarto, a Igreja Católica fornece um exemplo primário de uma instituição que sobrevive na história não porque permanece estática, mas porque muda gradativamente ao longo do tempo, acomodando-se a novas circunstâncias enquanto retém sua identidade essencial. Assim, os efeitos confusos do CV-II contribuíram para uma aparente mudança radical na Igreja e um doloroso teste de fé para muitos católicos conservadores.

Alterações na ordem da Missa e a reversão da política anti-comunista causaram uma discórdia especialmente severa.
Finalmente, e apelando especialmente para os intelectuais conservadores, está a defesa, pela Igreja, da lei natural, que é consoante à doutrina dos direitos naturais fundada pela prática do direito americano e escrita na Declaração de Independência, que se refere à “natureza de Deus” como sendo a fonte dos direitos e de uma ordem moral implícita, de acordo com a qual as ações dos agentes políticos podem ser justa e racionalmente julgadas [8].

Isso não significa que o Catolicismo e o Conservadorismo americano são compatíveis em tudo. A tradição conservadora americana é diversa, tendendo especialmente para o princípio da liberdade pessoal face a controles estatais. A tradição católica é comunitária e familiar, vendo o indivíduo como algo ligado a uma rede de conexões sociais e responsabilidades cuja origem é divina.

Esse comunitarismo contradiz fortemente o individualismo que compõe inerentemente a cultura americana, como expressa em especial a vertente libertária do conservadorismo contemporâneo. Anteriormente, o magistério católico havia criticado a doutrina dos direitos individuais; isso, entretanto, está mudando.
Desde o CV-II, os documentos oficiais da Igreja defenderam a liberdade de consciência individual para defender a religião em lugares onde a Igreja é constantemente perseguida, como na China, ou onde o culto cristão é bastante restrito, como nas nações islâmicas [9].

Outro ponto semelhante de desacordo refere-se ao capitalismo de livre mercado. Teólogos católicos continentais há muito nutrem uma animosidade sobre a organização social “anglo-saxônica” da Inglaterra e dos Estados Unidos com sua ênfase na liberdade política e no desenvolvimento monetário [10].
Isso pode ser apenas um preconceito cultural, mas, na verdade, a doutrina social da Igreja não se sente à vontade com uma forma irrefreada de capitalismo na qual não há nenhuma rede reaganiana de segurança (pelo menos) para aqueles que não se beneficiam diretamente do livre mercado.
A doutrina católica advogava a promoção da solidariedade comunal com algumas garantias de moradia e dividendos para todos, e de uma perspectiva católica, a filosofia do capitalismo desenfreado eleva o livre mercado como um falso ídolo.
Novamente, entretanto, as atitudes católicas estão mudando para uma posição mais conservadora; a última encíclica social do Papa João Paulo II aprovou o livre mercado como uma maneira eficiente de estabelecer preços e alocar recursos, e proeminentes leigos católicos, como William Simon e Michael Novak, defenderam que o livre mercado é compatível com o pensamento católico [11].

A Igreja esquerdista
 

Enquanto não há nada nos documentos do CV-II que liga explicitamente o Catolicismo à filosofia social esquerdista, liberais e progressistas se valeram do Concílio para promover seus programas e filosofias dentro da Igreja. O CV-II urgiu pela participação dos leigos no mundo, de modo que a mensagem cristã pudesse espalhar-se por todos os âmbitos da sociedade.
Sem o devido delineamento dos bispos que participaram do Concílio e sob cuja supervisão seus documentos foram escritos, foi automaticamente interpretado que as reformas conciliares significavam um ativismo social semelhante ao promovido por esquemas e agendas de esquerda.
Os bispos, incluindo os papas que iniciaram o Concílio, João XXIII e Paulo VI, não desconfiavam de quão rapidamente essas mudanças deixariam a Igreja sob a pressão de diversos libelos da esquerda, incluindo feministas, pacifistas, especialistas em liturgia, radicais anarquistas e defensores da expansão do estado de bem-estar [12].
Autoridades da Igreja foram surpreendidas por alguns fatos até que se viram obrigadas a puxar as rédeas e restabelecer as linhas de autoridade, como aconteceu sob os papas João Paulo II e Bento XVI.

Uma das reformas do CV-II foi conferir um maior grau de autoridade e independência aos conselhos nacionais de bispos católicos, fazendo com que não mais precisassem esperar por diretrizes do Vaticano [13]. Nos Estados Unidos, os bispos fizeram política em seus encontros anuais e utilizaram a burocracia da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB) para promulgar essas políticas e fazê-las serem aplicadas. Uma vez que tanto os encontros anuais quanto a USCCB são sediados em Washington, D.C., isso contribuiu para que a Igreja se tornasse um grupo de lobby do Dupont Circle [14] promovendo uma agenda esquerdista em praticamente todas as áreas de políticas públicas e assuntos internos e externos [15].
Todavia, as políticas da USCCB, que pretendem “compartilhar a doutrina social da Igreja”, têm atraído a oposição de conservadores católicos que e outros críticos que não apenas possuem uma visão ideológica distinta desses assuntos, mas que também possuem mais conhecimento sobre tais assuntos do que a equipe do USCCB que escreve a faz lobby dessas políticas. A única exceção à orientação esquerdista adotada pela USCCB encontra-se na área de sexo e reprodução, incluindo aborto, casamento gay, clonagem e pesquisas com células-tronco.

A idéia de que a Igreja tornou-se politicamente esquerdista e progressista foi encorajada pelos escritos dos dois papas que supervisionaram o CV-II. João XXIII promulgou duas importantes encíclicas e, como mencionado acima, Mater et Magistra, em particular, foi criticada pela National Review.
É verdade, todavia, que essa encíclica era um ensaio sensível sobre a doutrina social católica tal qual havia sido desenvolvida até aquele tempo, e pareceu que a crítica conservadora focava mais seu tom utópico ou sua intenção presumida do que seus postulados específicos.
Paulo VI, por outro lado, em seu documento (não é uma encíclica) Populorum Progressio expressou uma profunda preocupação pela justiça no Terceiro Mundo e condenou as políticas econômicas do Primeiro Mundo [16]. Não apenas progressivas, mas radicais dimensões da doutrina social católica foram rapidamente desenvolvidas pela Conferência Episcopal Latino-Americana (CELAM), que empregou explicitamente linguagem e temas marxistas para denunciar o capitalismo americano.
Uma importante contribuição da CELAM foi promover a doutrina da opção preferencial pelos pobres, que num instante tornou-se o padrão usual pelo qual políticas econômicas e sociais eram julgadas e promovidas pelos bispos americanos e pela USCCB [17].

Os bispos promulgaram, nos anos 1980, uma carta pastoral intitulada “Justiça Econômica para Todos”, que deveria ser um guia para a ação social católica em audiências públicas sobre questões econômicas, uma nova maneira de se fazer as coisas [18].
Apesar do modo aberto com o qual opiniões eram buscadas e a importância do tópico, a carta foi um desastre, uma vez que era basicamente um documento coletivo com uma tendência geral para reformas sociais e econômicas progressistas, mas cujas recomendações não possuíam nenhum sentido consistente. Ao contrário de uma carta pastoral anterior sobre a guerra nuclear, a carta sobre economia não surtiu efeito em âmbito nacional.

As políticas sociais de esquerda defendidas por católicos liberais depois do CV-II foram tão influenciadas pelo pensamento esquerdista contemporâneo quanto pelos Evangelhos. A opção preferencial pelos pobres reflete o argumento do filósofo político esquerdista John Rawls [19] de que desigualdades econômicas e sociais só podem ser justificadas por seu efeito positivo nos mais pobres da sociedade [20].
É importante notar que essa opção preferencial marca uma divergência significativa com a preocupação pregressa da Igreja conforme refletida nas encíclicas sociais de papas anteriores. O objetivo dessas encíclicas era fornecer um argumento moral em favor dos trabalhadores e suas famílias, que eram vistos como menos poderosos do que os donos de fábricas e empresas comerciais que os empregavam.
Em meio ao processo de rápida industrialização, a Igreja estava ansiosa por proteger aquelas pessoas que, em larga escala, haviam deixado suas fazendas para se tornarem operárias nas grandes cidades [21]. A opção preferencial pelos pobres, no entanto, substituiu a preocupação da Igreja por trabalhadores produtivos por aqueles que estão nas últimas camadas sociais e não podem contribuir para ela.

Assim sendo, a Igreja, com efeito, deu as costas aos trabalhadores e cidadãos de classe média, que parecem não mais necessitar de sua defesa. Parece agora que, ao defender a opção preferencial pelos pobres em uma era de expansão global de uma economia industrial capitalista, a Igreja deseja atrair atenção àqueles que não podem participar dessa expansão. Defensores católicos da doutrina social progressista nos Estados Unidos tendem a igualar a opção preferencial pelos pobres diretamente à expansão dos benefícios do estado de bem-estar e devem ter achado desconcertante quando o Papa João Paulo II, em sua última encíclica social, declarou que a “assistência social do Estado”, ou seja, o estado de bem-estar, não era um reflexo na preocupação evangélica pelos pobres, e que o livre mercado era um meio de distribuição mais valioso [22].

O perigo da influência esquerdista sobre a Igreja Católica pode ser visto em seus efeitos. Primeiro, a promoção do engajamento social como uma vocação cristã preferencial após o CV-II resultou, por um lado, no abandono da vocação por parte de muitos sacerdotes e religiosos, e, por outro, no declínio de novas vocações, das quais a Igreja depende para sua existência.
Ativismo social supera a dedicação sacramental na igreja esquerdista. Segundo, fiéis liberais, tanto homens quanto mulheres, duvidam da legitimidade da idéia de que a Igreja é uma instituição fundada por Deus, e argumentam que a Igreja deveria cultivar uma idéia mais humilde de si mesma.
Os liberais opõem-se por princípio ao suposto triunfalismo da Igreja e pensam que a única atitude suficiente para reparar o anti-semitismo católico é adotar um grau de auto-abnegação equivalente a um suicídio institucional [23].

Há, na igreja esquerdista, um espírito de anti-autoridade geral que vai além do mero ressentimento das atitudes de império de padres e prelados na igreja imigrante. Ou melhor, é uma atitude que nega ou procura menosprezar a relevância das normas históricas e das estruturas institucionais presentes na Igreja.
O absolutismo de regras morais, o sacerdócio masculino, a existência do Inferno, e a autoridade papal são atacados como se nenhum impedimento a reformas radicais na Igreja ou restrições a quaisquer crenças ou comportamentos individuais fossem aceitáveis. A existência da Igreja Católica em sua forma histórica é vista pelos liberais como um impedimento à consecução da verdadeira liberdade e da perfeição terrena.

A Igreja conservadora
 

Não demorou muito para que ocorresse uma reação contra os liberais que dominaram e instituíram as reformas, primeiro por padres e leigos católicos tradicionalistas, mas subseqüentemente ao nível do papado [24]. A ascensão de João Paulo II parece providencial nesse sentido. Críticos liberais enxergavam-no como uma figura reacionária, ainda que João Paulo II e seu sucessor, Bento XVI, não estivessem voltando o relógio da Igreja para o período pré-Vaticano II. Ao contrário, esses dois papas estavam fazendo avançar os reais objetivos do CV-II, pois a eles parecia que os efeitos do concílio haviam ido longe demais.

João Paulo II e Bento XVI não são totalmente reacionários, mas representantes de uma reação termidoriana [25] eclesial lutando contra os excessos das reformas pós-conciliares e tentando trazer a Igreja de volta à forma originalmente pensada pelos padres conciliares.
Nunca foi intenção dos bispos do concílio abolirem antigas tradições católicas, e dentre essas reformas há um enorme desejo de que o antigo Rito Tridentino (a Forma Extraordinária) da Missa permanecesse disponível àqueles que o quisessem, e, nos últimos tempos, introduzir breves seções de latim na Missa vernacular (a Forma Ordinária ou Novus Ordo); católicos favoráveis à reforma litúrgica enxergam isso como uma completa reviravolta ao invés de uma acomodação.

No entanto, João Paulo II esmagou pesadamente o movimento pelo sacerdócio feminino mesmo quando, triunfante, perambulou pelas maiores cidades do mundo.
Durante seu longo papado, João Paulo II escreveu e enviou ao mundo uma grande quantidade de escritos que tratando não apenas de questões espirituais, mas também culturais, políticas e econômicas. Houve importantes encíclicas se opondo ao relativismo moral e epistemológico, e outra sobre a relação da fé com a razão direcionada a teólogos católicos, mas também de interesse direto para filósofos e intelectuais preocupados com essa questão [26]. Houve outros escritos, mas foi por sua própria presença como líder carismático, que freqüentemente ofuscava os políticos com os quais se encontrava, que João Paulo II foi influente, reavivando a confiança de muitos católicos em sua fé e, não incidentalmente, inspirando muitos jovens católicos a se tornarem padres.

Foi por sua presença carismática que ele inspirou o movimento Solidariedade na Polônia, e sua manobra conspiratória com Zbigniew Brzezinski (também polonês de berço), o movimento trabalhista americano, e o presidente Reagan foi decisiva para solapar os regimes comunistas na Polônia e no leste europeu – e, eventualmente, na própria Rússia [27]. O papado de João Paulo II foi enormemente influente, uma vez que reavivou o senso de tradição católica e cumpriu a política anti-comunista da Igreja na Europa.

Há uma igreja conservadora semelhante que consiste em instituições educacionais, editoras e uma rede de televisão que coexiste com a igreja esquerdista. Dentre elas há faculdades, incluindo University of Dallas, Fraciscan University of Steubenville, Ave Maria College and Law School, e Thomas More College, a maior parte sendo instituições recentes fundadas por leigos com tendências tradicionalistas ou conservadoras (Thomas More e outras faculdades tradicionalistas são freqüentemente propagandeadas pela National Review).

Essas faculdades produzem mais sacerdotes e religiosos dentre seus alunos, absoluta ou relativamente, do que faculdades e universidades católicas mais antigas e melhor estabelecidas. Há diversos diários católicos conservadores, incluindo Crisis (antigamente Catholicism Crisis), fundado por Ralph McInerny e Michael Novak, enquanto o National Catholic Register é a contraparte tradicionalista semanal do esquerdista National Catholic Reporter. Ignatius Press, fundada por Joseph Fessio, S.J., é a maior fornecedora de livros, Bíblias, DVDs e gravações de áudio para a igreja conservadora.

O elemento mais visível e ímpar da igreja conservadora é a Eternal Word Television Network (EWTN), fundada por uma freira carismática, Madre Angelica, e diretamente financiada por seus telespectadores. A EWTN transmite 24 horas por dia, 7 dias por semana, e produz a maior parte de sua programação em Irondale, Alabama.

A Igreja Católica nos Estados Unidos compartilha algumas tendências religiosas e culturais com o Protestantismo em suas variadas formas. Uma dessas tendências é enxergar a necessidade de restaurar os valores tradicionais e opor-se à recente secularização da política americana, algo defendido também por protestantes tradicionalistas e evangélicos.
Conservadores católicos e protestantes tradicionalistas têm unido forças em questões sociais, como o aborto e a sexualização da mídia, e cristãos tradicionalistas de todas as denominações receberam entusiasticamente o filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson [28].
Protestantismo e Catolicismo, que têm se digladiado ao longo da história, encontraram-se em pleno acordo em face da secularização e do relativismo moral, numa combinação de forças que tem fornecido apoio significativo para o movimento conservador nos Estados Unidos.

A Igreja Católica dividida
 

O dilema do Catolicismo americano é uma situação de profundo conflito entre aqueles caracterizados como esquerdistas, liberais ou progressistas, de um lado, e os direitistas ou conservadores do outro. Esse racha interno afeta a maneira como a doutrina é interpretada e compreendida, o modo como os católicos praticam sua religião individualmente, e suas opiniões sobre política, cultura, e o papel da Igreja na arena pública.

É possível, até mesmo provável, que um católico conservador irá discordar de um comunicado que os bispos católicos americanos emitem através de sua organização oficial, a USCCB [29]. Por outro lado, é também provável que um católico esquerdista discordará de pronunciamentos e políticas papais que contradigam o “espírito” do Vaticano II, que, não obstante indefinido, pareceu prometer uma maior liberdade de opiniões e ações dentro da Igreja.
É possível tanto a um esquerdista quanto a um conservador ser um “bom católico”, ou seja, ir à Missa regularmente, ser leal à Igreja e tentar obedecer aos Mandamentos.
No entanto, é quase certo que os liberais irão escarnecer práticas católicas tradicionais, como a adoração eucarística e o rosário, ou devoções a santos específicos como Teresa de Lisieux [30], e apoiar a ordenação de mulheres para o sacerdócio.

A mentalidade esquerdista tende a fazer a religião católica se focar em sua preocupação com os pobres e no ativismo social, enquanto menospreza expressões tradicionais sobre os males do pecado e a necessidade de reparação.
Nas Missas católicas de hoje, é comum que quase todos os fiéis recebam a Comunhão mesmo que poucos se confessem, uma situação anômala que resulta mais da apologética do “sentir-se bem” dentro da Igreja do que de um aumento decisivo na santidade da maioria dos católicos.
A mentalidade conservadora se mantém viva à idéia de existência do mal no mundo e à necessidade de combatê-lo, e é particularmente alimentada pela presença do aborto, que é visto como um pecado escandaloso na sociedade americana contemporânea. Católicos conservadores participam de devoções tradicionais e tendem a ver favoravelmente a Forma Extraordinária da Missa.

Nos anos 1980, o Cardeal Bernardin [31], de Chicago, propôs uma solução do tipo “túnica inconsútil” para as divisões entre as tramas esquerdista e conservadora da Igreja [32]. A proposta de Bernardin buscou aplicar a energia do movimento anti-aborto, que caracteriza a igreja conservadora, às questões sociais mais amplas da igreja esquerdista.
Assim, pobreza, preconceito, meio-ambiente e desigualdades de moradia e educação seriam incluídas como questões de “vida”, na esperança de que o mesmo grau de intensidade espontânea que católicos devotos trazem à questão do aborto fosse aplicado a essas questões sociais. O apelo da túnica inconsútil não pegou, ainda que as questões sociais mais amplas sejam utilizadas na retórica institucional da Igreja como “questões de vida”.

A principal razão para sua falha parece ser não tanto a resistência à justiça social dentre os católicos conservadores, mas um resultado de sua maior preocupação acerca do aborto. A defesa feroz dos direitos de aborto na cultura secular reflete uma sensibilidade geral que dessacraliza a vida humana e tem sido expandida para a pesquisa com células-tronco embrionárias, clonagem, eutanásia e suicídio assistido.
Movimentos aliados incluem a legalização do casamento homossexual e uma sexualização tão intensa da cultura popular que mesmo críticos seculares têm noticiado-a e condenado-a [33]. O poder desses movimentos seculares e imorais dentro da sociedade americana apresenta um perigo claro e presente de acordo com a moralidade católica, e choca a consciência dos católicos (e muitos outros) mais do que desigualdades de moradia e renda.

É freqüente a acusação de que os católicos hoje em dia são “católicos de cafeteria”, aceitando aquelas práticas e doutrinas da Igreja que pessoalmente aprovam e negligenciando ou ignorando aquelas que não aprovam.
Essa pecha parece ser imputada igualmente tanto aos liberais quanto aos conservadores no seio da Igreja – estes ignorando a Igreja quanto a pobreza, justiça social e pena capital, aqueles ignorando a Igreja quanto a aborto, moral sexual e autoridade.
No entanto, a pecha aplica-se mais claramente aos liberais, uma vez que a imoralidade do aborto é ponto pacífico, assim como o homossexualismo e a coabitação sem o sacramento do matrimônio, enquanto a Igreja Católica, tanto histórica quanto doutrinariamente, defendeu a autoridade dos bispos e do Papa.

Por outro lado, a posição conservadora quanto à pobreza não nega a missão central dos cristãos em ajudar os pobres, mas questiona como isso deve ser feito. Soluções do estado de bem-estar para a pobreza, questões de saúde e desigualdades sociais chocam-se com uma forte oposição conservadora, o que confere uma falsa impressão de que os conservadores são indiferentes ao sofrimento.
Conservadores confiam em soluções do livre mercado para problemas sistêmicos na economia e enfatizam a obrigação pessoal de ajudar os pobres que conhecemos e dentre os quais vivemos ao invés de apoiar programas governamentais maciços cuja ineficiência e desperdício são notórios (Dorothy Day [34], uma heroína do Catolicismo esquerdista, opôs-se aos programas de bem-estar de Franklin Roosevelt e Lyndon Johnson [35]). No tocante à pena de morte, de acordo com o Catecismo da Igreja Católica, sua imposição é permitida, ainda que critérios significativos devam ser preenchidos para que a pena de morte seja administrada licitamente [36].

Através da USCCB e de sua Campanha para o Desenvolvimento Humano, a Igreja promove institucionalmente o que parece ser uma agenda esquerdista e freqüentemente exerce sua considerável influência em prol de programas governamentais esquerdistas.
Essa atuação se converte em apelo às elites liberais, que constantemente propagandeiam seu senso de compaixão pelos mais pobres e alienados, mas nos Estados Unidos, assim como em outras nações desenvolvidas ao redor do mundo, as elites liberais tendem a ser explicitamente seculares ao ponto de excluir a religião de seus horizontes [37]. Enquanto liberais seculares podem aceitar a ajuda da Igreja no lobby para aumentar a quantidade de cupons de comida ou arrefecer as regras de imigração, essas mesmas elites promovem com a mesma (se não maior) intensidade o casamento gay, o aborto e a pesquisa com células-tronco embrionárias.
Assim, qualquer apelo às elites liberais seculares é deficiente, uma vez que legitima posições que a Igreja considera imorais, mesmo quando a igreja esquerdista recusa a pedir apoio para entidades financeiras, empresariais ou comerciais.

Abraçando o “Conservadorismo Interior” da Igreja
 

O conflito entre liberais e conservadores dentro da Igreja resulta em mensagens confusas emitidas pelos bispos, tanto que a maioria dos católicos votou em Barack Obama na última eleição presidencial, mesmo apesar de ele ser um firme defensor dos direitos de aborto. Uma das causas do grande voto católico em Obama foi um documento divulgado pelos bispos intitulado “Consciência e Seu Voto”, no qual encorajaram eleitores católicos a considerar as posições dos candidatos em outros assuntos que não fossem o aborto para decidir a respeito de seus votos [38].

O documento secundou um argumento esquerdista comum dentro da Igreja de que o aborto não pode ser a preocupação principal ao se votar em um candidato. O dilema para bispos e católicos liberais é que candidatos políticos que são “pró-vida” são quase sempre conservadores em questões como bem-estar, moradia, imigração, pena de morte e guerra, de modo que tornar o aborto a preocupação decisiva resulta efetivamente no apoio institucional da Igreja a candidatos do Partido Republicano.

Outro conflito entre liberais e conservadores da Igreja advém da Campanha para o Desenvolvimento Humano, o braço oficial da Igreja que apóia a ação direta a la Saul Alinsky [39] para acabar com a injustiça social. O apelo anual feito nas Missas dominicais ao redor do país para apoiar a CDH encontraram uma resistência maior que a esperada esse ano em virtude da revelação de que a CDH estava repassando recursos para a ACORN [40], que recentemente foi acusada de se envolver em fraude eleitoral sistemática.
Um sacerdote local distribuiu a nota de desagravo emitida pelo bispo Morin sobre as relações entre a CDH e a ACORN, mas adicionou sua própria recomendação de que deixava às consciências individuais dos membros de sua diocese se deveriam ou não contribuir para a campanha anual da CDH [41].

A exceção à agenda esquerdista da USCCB são as questões envolvendo sexo e reprodução, mas no presente contexto isso não é visto meramente como uma exceção genérica ao esquerdismo dentro da Igreja: é uma exceção desqualificante. Não importa quão progressista ela possa ser em questões como pobreza e imigração, a oposição da Igreja ao aborto, ao casamento gay, à clonagem, à pesquisa com células-tronco embrionárias, à fertilização in vitro e à eutanásia, bem como sua recusa em ordenar mulheres ao sacerdócio, significa que, no contexto da cultura secular americana, a Igreja Católica será inevitavelmente vista como não-progressista. Ao contrário, a Igreja continua a ser vista como uma força retrógrada por pessoas de tendência progressista, incluindo aquelas dentro da Igreja.

Culturalmente, a Igreja continua a ser vista como um baluarte de conservadorismo social em suas doutrinas e práticas, a última resistência institucional ao relativismo moral e à absoluta liberdade pessoal dentro da cultura americana. Isso atrai uma oposição de tal monta que se converte em uma nova forma de anti-Catolicismo americano. A fonte original do anti-Catolicismo americano foi a doutrina protestante e o sentimento anti-imigração, cuja maior parte foi sendo vencida à medida que a população católica se integrou à sociedade americana.

A nova forma de anti-Catolicismo é baseada nas doutrinas da Igreja sobre sexo e reprodução, bem como em sua declaração explícita de que existe um códice moral objetivo embasado na inspiração divina [42]. O novo anti-Catolicismo é ideológico e baseado na crença progressista em uma autonomia pessoal completamente dissociada de qualquer elo social e na oposição a qualquer autoridade punitiva que pretenda impor controle social e promover um padrão moral público. As tentativas católicas de influencias a cultura com referência a uma ordem moral objetiva foram seriamente solapadas pelo recente escândalo de pedofilia.

Mas o conflito permanece, e as políticas explicitamente progressistas da Igreja, promovidas pelo lobby da USCCB e pela agitação da CDH, não conseguem e efetivamente não podem sobrepujar o conservadorismo implícito em suas ações em prol da veracidade de uma doutrina moral inspirada por Deus. Com efeito, a Igreja Católica nos Estados Unidos de hoje é politicamente esquerdista, mas culturalmente conservadora. Todavia, no contexto de aumento da secularização da cultura americana, é seu conservadorismo cultural que irá caracterizar cada vez mais a posição contra-cultural da Igreja Católica nos Estados Unidos.

Aqueles atualmente chamados “conservadores” dentro da Igreja comumente começaram como defensores das práticas tradicionais da Igreja e suas doutrinas, mas cujo motivo não era o de promulgar uma filosofia política conservadora dentro da Igreja. No entanto, como os “neocons” dentro da arena política, eles são freqüentemente chamados de “conservadores” e relegados a um escuro ostracismo pelos liberais dentro da Igreja, ainda que seu centro gravitacional se situe mais em questões religiosas do que políticas ou econômicas (um conhecido pregador franciscano ativo no movimento pró-vida se sentiu compelido a dizer: “não somos conservadores”).

Todavia, em questões de aborto, autoridade eclesiástica e promoção de devoções tradicionais, os objetivos desses tradicionalistas religiosos coincidem com a mentalidade conservadora. Mas uma crise se aproxima (de fato, já chegou), e como resultado a Igreja Católica nos Estados Unidos terá que abraçar seu conservadorismo interior, mesmo que isso pareça impróprio para muitos católicos.
A Igreja estará melhor, entretanto, se abandonar suas tentativas de apelo aos liberais e exercer uma atitude mais benigna àquelas tradições particularmente americanas de empreendedorismo, independência pessoal, rejeição do grande governo, e os valores da classe média de trabalho duro e tolerância que permitiram à Igreja Católica nos Estados Unidos atingir um grau de integração e sucesso sem par – e que fornece à Igreja Católica universal um modelo de como melhor fazer frente às novas condições da pós-modernidade.

Escrito por John Caiazza

Comentário do tradutor

 
O artigo do Dr. John Caiazza é bastante oportuno para compreendermos um pouco mais sobre como o papel dos católicos tem sido ignorado (quando não veementemente rejeitado) por eles mesmos. A USCCB, como se vê, atua exatamente na mesma linha que a CNBB: por um lado, condescendendo em diversas matérias políticas, sociais e econômicas ao pensamento revolucionário (e, não por coincidência, utilizando sua mesma linguagem); por outro, sustentando de modo light a posição oficial da Igreja Católica (como foi o caso recente da aprovação do aborto de crianças anencéfalas pelo STF).


No Brasil, os evangélicos têm preponderância muito maior no campo político do que os católicos, apesar de esta ser a maior denominação religiosa do País. Esse efeito acontece tanto em virtude do ativismo evangélico – que pode ser constatado através da atuação de diversos líderes religiosos, como Silas Malafaia – quanto por causa do silêncio católico a esse respeito.
Poucos são os grupos e associações católicas que têm exercido pressão (plenamente legítima, por mais que o discurso laicista diga o contrário) para fazer sua voz ser ouvida.

Podemos citar aqui o Instituto Plínio Correa de Oliveira (IPCO), os Promotores da Vida e a Associação Pró-Vida de Anápolis (presidida pelo aguerrido Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz). Não se trata de transformar a Igreja em um partido, pois isso seria mutilar sua verdadeira essência, mas de sobrenaturalizar a própria responsabilidade cidadã e, desse modo, engrossar as fileiras daqueles que lutam contra a mentalidade revolucionária e a cultura da morte.

Os católicos brasileiros devem ter consciência de que estamos no meio de uma crudelíssima guerra cultural – e, por que não dizer, espiritual. Queiram ou não, o combate está acontecendo agora nas escolas, nos hospitais, nas ruas, nos tribunais, no parlamento, às portas de casa. Vítimas já estão sendo feitas.

É preciso olhar para essa situação não com aquele ar de lamúria comodista, mas com uma postura firme. Querer a paz não significa adotar um pacifismo covarde e conveniente. Ser um cristão de fato implica uma grande responsabilidade, uma missão que pode ser condensada nas palavras de Cristo Jesus: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada.” (Mateus 10:34)

Notas: (N. do A.: do autor; N. do T.: do tradutor)

[1] No entanto, o historiador Patrick Allitt atentou-se para a conexão. Vide Catholic Intellectuals and Conservative Politics in America, 1950-1985 (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1993) e The Conservatives (New Haven, CT: Yale University Press, 2009), 180–81, 167, 264–65. [N. do A.]
[2] Organização protestante evangélica de lobby político que atuou nos Estados Unidos de 1979 até fins dos anos 1980. [N. do T.]
[3] Sobre a atitude de Buckley acerca da missa em latim, vide Rev. George W. Rutler, confessor de Buckley. [N. do A.]
[4] Gary Wills, quando escrevia para a National Review, cunhou o slogan sarcástico da revista sobre Mater et Magistra, “Mater si, Magistra no”. Vide Gary Wills, Confessions of A Conservative (New York: Penguin Books, 1979), 44. [N. do A.]
[5] Kirk publicou The Conservative Mind em 1953 e converteu-se ao Catolicismo em 1964. [N. do A.]
[6] O servo de Deus Fulton John Sheen (1895 – 1979) foi um arcebispo norte-americano e pioneiro na utilização de meios de comunicação via satélite para pregações religiosas. [N. do T.]
[7] Francis Joseph Spellman (1889 – 1967) foi um cardeal norte-americano que presidiu a Arquidiocese de Nova York de 1939 até sua morte. [N. do T.]
[8] Vide John Courtney Murray, S.J., We Hold These Truths (New York: Sheed and Ward, 1960), que defendeu que a Constituição Americana tivesse uma base na lei natural. No entanto, a teoria da lei natural é menos encorajada hoje pela Igreja do que em 1960, uma vez que tem sido vista como um empecilho no diálogo com outras denominações religiosas; vide Allitt, Catholic Intellectuals, 297. [N. do A.]
[9] O Concílio Vaticano II produziu uma “Declaração sobre Liberdade Religiosa” (Dignitatis Humanae). A declaração está em Walter M. Abbott, S.J., The Documents of Vatican II (New York: America Press, 1966), 672–700, e tem uma introdução por John Courtney Murray, S.J., o jesuíta americano freqüentemente apontado como promotor da Dignitatis Humanae durante os trâmites conciliares. [N. do A.]
[10] Michael Novak, The Spirit of Democratic Capitalism (New York: Simon and Schuster, 1982), 145–50. [N. do A.]
[11] João Paulo II, Centesimus Annus, 49–50. [N. do A.]
[12] Um sumário da agenda esquerdista é fornecido por um de seus defensores proeminentes: “O Vaticano II assinalou uma mudança na guerra da Igreja contra a modernidade... [os] direitos das mulheres, o fim da autocracia patriarcal, a restauração da honestidade simples, a cura do clericalismo, o lugar do laicato, o abandono do narcisismo denominacional na relação com outras igrejas, a afirmação da sexualidade...” James Carroll, Constantine’s Sword (New York: Houghton Mifflin, 2001), 548. [N. do A.]
[13] A autoridade dos bispos locais foi reafirmada pelo “Decreto sobre o Ofício Pastoral dos Bispos na Igreja”. Abbott, Documents of Vatican II, 396–421. [N. do A.]
[14] Dupont Circle é um cruzamento de Washington, D.C., localizado em uma região onde se situam diversos órgãos governamentais. [N. do T.]
[15] Brian Benestad, The Pursuit of a Just Social Order: Policy Statements of the U.S. Catholic Bishops, 1966–80 (Washington, D.C.: Ethics and Public Policy Center, 1982). [N. do A.]
[16] O texto de Populorum Progressio, “Sobre o Desenvolvimento dos Povos,” encontra-se em Joseph Gremillion, The Gospel of Peace and Justice (Maryknoll, NY: Orbis Books, 1976), 387–416. [N. do A.]
[17] A opção preferencial pelos pobres foi primeiramente descrita de modo explícito num documento da CELAM em uma reunião em Medellín (1968), e dada a toda a Igreja na encíclica Octogesima Adveniens, de Paulo VI, em 1971; vide Gremillion, Gospel, 474, 496. [N. do A.]
[18] Conferência Nacional de Bispos Católicos, Justiça Econômica para Todos (Washington, D.C., 1986). [N. do A.]
[19] John Bordley Rawls (1921 – 2002) foi um importante filósofo político americano.
[20] John Rawls, A Theory of Justice (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1971), 60–82, descreve um princípio de justiça, o “princípio da diferença”, que estipla que desigualdades numa sociedade são justificadas apenas se elas trabalham para a vantagem dos menos favorecidos. A confiança de Rawls em modelos lógicos formais e econômicos para fazer isso é bem diferente da linguagem exortativa e às vezes profética de bispos latino-americanos e encíclicas papais, mas o ponto é o mesmo: políticas econômicas devem ser direcionadas primeiramente aos pobres. [N. do A.]
[21] A tradição católica de instrução papal sobre problemas políticos e econômicos modernos começou com a encíclica Rerum Novarum (1891), do Papa Leão XIII, e é citada freqüentemente por seus sucessores ao comentar sobre questões sociais e políticas. Vide Papa João Paulo II, Centesimus Annus (1991). [N. do A.]
[22] João Paulo II, Centesimus Annus: sobre o livre mercado (ponto 34); sobre a “assistência social do Estado” (ponto 48). [N. do A.]
[23] 18 Gary Wills, Papal Sin (New York: Doubleday, 2000), 309–11. James Carroll, Constantine’s Sword (New York: Houghton Miffl in, 2001), defende uma “reforma” tão ampla que a auto-identidade da Igreja seria destruída; Carroll, A Call for Vatican III, 547–604. [N. do A.]
[24] George A. Kelley, Battle for the American Church (Revisited) (San Francisco: Ignatius Press, 1995), 10, 11. [N. do A.]
[25] Referência à revolta que deu fim ao Terror, fase mais cruel da Revolução Francesa. Tem esse nome por conta do dia do calendário revolucionário em que ocorreu, 9 de Termidor do ano II (27 de julho de 1794). [N. do T.]
[26] Fides et Ratio (1998). [N. do A.]
[27] George Weigel, Witness to Hope (New York: Harper-Collins, 2001), 441, 445. Weigel afirma categoricamente que não houve “conspiração” entre João Paulo II e Reagan, ainda que seus interesses e visões sobre o Comunismo coincidissem. [N. do A.]
[28] The New York Times (5 de fevereiro 2004), “Some Christians See ‘Passion’ as Evangelism Tool”, por Laurie Goodstein. [N. do A.]
[29] A USCCB foi formada em 2001 pela combinação da Conferência Nacional de Bispos Católicos (NCCB) com a Conferência Católica dos Estados Unidos (USCCO. A NCCB era o braço político dos bispos, função ora exercida sob a autoridade da USCCB. [N. do A.]
[30] Mais conhecida como Santa Teresinha de Jesus. [N. do T.]
[31] Joseph Louis Bernardin (1928 - 1996) foi um cardeal norte-americano e presidiu a Arquidiocese de Chicago de 1982 até sua morte. [N. do T.]
[32] A proposta de “túnica inconsútil” do Cardeal Bernardin, combinando oposição ao aborto e à pena de morte, foi primeiramente chamada por ele de uma “consistente ética pela vida” em um discurso na Fordham University, em 1983. Veja a reação conservadora por Joseph Sobran. [N. do A.]
[33] John Caiazza, War of the Jesus and Darwin Fishes (New Brunswick, NJ: Transaction Publishers, 2007), 154–57. [N. do A.]
[34] Dorothy Day (1897 – 1980) foi uma influente jornalista e ativista social católica dos Estados Unidos.
[35] William D. Miller, A Harsh and Dreadful Love: Dorothy Day and the Catholic Worker Movement (New York: Liveright, 1973), x, xi, 81–84. [N. do A.]
[36] Catecismo da Igreja Católica, ponto 2266. [N. do A.]
[37] O caso da constituição proposta pela União Européia é bem conhecido: em um documento de quinhentas páginas, não há uma única menção às origens cristãs (católica, protestante ou ortodoxa) da civilização européia. Vide Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) e Marcello Pera, Without Roots, trans. M. Moore (New York: Basic Books, 2006), 35–36. [N. do A.]
[38] http://www.usccb.org/bishops/FCBullinsert.pdf. [N. do A.]
[39] Saul David Alinsky (1909 – 1972) foi um escritor e ativista social norte-americano. É uma das influências políticas de Hillary Clinton. [N. do T.]
[40] A Associação de Organizações Comunitárias por Reforma Já (Association of Community Organizations for Reform Now – ACORN) foi uma ONG de organizações de bairro que trabalhava com registro de moradores para voto, ajudas do governo, assistência médica e outros. [N. do T.]
[41] Relatório do Bispo Roger Morin, presidente da Subcomissão da Campanha Católica pelo Desenvolvimento Humano, sobre a CCDH e a ACORN. [N. do A.]
[42] Vide João Paulo II, Veritatis Splendor. [N. do A.]


John C. Caiazza é PhD pela Boston University e professor adjunto de Filosofia do Rivier College (Nashua, New Hampshire).
Publicado na revista Modern Age, Vol. 52, n. 1 – Inverno de 2010.
Tradução: Felipe Melo