"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

OS BANDIDOS ACHAM QUE ESTÃO SENDO PERSEGUIDOS. E ESTÃO PELA LEI!!!!


O PT preparou a nota acima, culpando a Imprensa, a Justiça e a Sociedade Brasileira pela condenação dos seus mensaleiros, quadrilheiros, ladrões, bandidos. Acham que, com isso, vão gerar um movimento de militantes a favor da quadrilha. Não vão. Os petistas estão envergonhados, decepcionados. José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares são vítimas. Mas são vítimas dos próprios desvios de caráter e de dinheiro público. Sim, o Brasil tem ódio da corrupção. O país tem ódio de quem rouba do povo. O país tem ódio de mensaleiros. Não passarão. Estão sendo perseguidos, sim. Pela Lei. Pela Justiça. Pelo Estado de Direito. Não tentem golpear a Democracia.
 
10 de outubro de 2012
in coroneLeaks

LULA PEDE DESCULPAS PELO MENSALÃO QUE ATÉ HOJE NEGA TER EXISTIDO

 



 
10 de outubro de 2012



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EM REUNIÃO DO PT, GENOÍNO ANUNCIA DEMISSÃO DO GOVERNO

Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes - disse com a voz embargada e as mão trêmulas


O ex-presidente do PT, José Genoíno, anunciou nesta quarta-feira sua demissão do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa. Genoíno, condenado nesta terça-feira no julgamento do mensalão, leu para a imprensa a carta que apresentará em instantes na reunião do diretório nacional do PT, em São Paulo.

- Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes - disse Genoíno, com a voz embargada e as mão muito trêmulas.

Na carta, Genoíno diz que está indignado.

- Uma injustiça monumental foi cometida. A Corte errou. A Corte foi sobretudo injusta. Condenou um inocente. Condenou-me sem provas – disse o petista, para complementar em seguida:

- Sem provas para me condenar, basearam-se nas circunstâncias de antigo presidente do PT. Isso é o suficiente. É o suficiente para fazerem tábula rasa de toda uma vida dedicada com grande sacrifício pessoal à causa da democracia e a um projeto político que vem libertando o Brasil da desigualdade e da injustiça.

No texto lido para a imprensa, Genoíno disse que pouco “importa” se não houve compra de votos. E chamou de tirania da “hipótese pré-estabelecida” as teses que o condenaram:

- Este julgamento ocorre em meio a uma diuturna e sistemática campanha de ódio contra o meu partido e contra um projeto que incomoda setores reacionários, incrustados em parcelas dos meios de comunicação, do sistema de justiça e das forças que nunca aceitaram a nossa vitória – disse.

O ex-presidente do PT disse que a condenação é a “criminalização da política”:

- Como esperar um julgamento sereno no momento em que os juízes são pautados por comentaristas políticos.

Depois de ler seu discurso, o petista foi ovacionado pelos correligionários presentes que o saudaram com o canto de “Genoíno guerreiro do povo brasileiro”.

A reunião do diretório nacional do PT deve se transformar em ato de apoio a Genoino e a José Dirceu. O ex-ministro é esperado pelos petistas e deve inclusive fazer um pronunciamento durante a reunião.

Já estão presentes o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o senador Humberto Costa, derrotada nas eleições municipais do Recife, o ex-prefeito da capital pernambucana João da Costa, e o ex-governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT.

10 de outubro de 2012
O Globo

CARTA ABERTA AOS BRASILEIROS DA FILHA DE JOSÉ GENOÍNO



A coragem é o que dá sentido à liberdade


Com essa frase, meu pai, José Genoino Neto, cearense, brasileiro, casado, pai de três filhos, avô de dois netos, explicou-me como estava se sentindo em relação à condenação que hoje, dia 9 de outubro, foi confirmada. Uma frase saída do livro que está lendo atualmente e que me levou por um caminho enorme de recordações e de perguntas que realmente não têm resposta.

Lembro-me que quando comecei a ser consciente daquilo que meus pais tinham feito e especialmente sofrido, ao enfrentar a ditadura militar, vinha-me uma pergunta à minha mente: será que se eu vivesse algo assim teria essa mesma coragem de colocar a luta política acima do conforto e do bem estar individual? Teria coragem de enfrentar dor e injustiça em nome da democracia?



Eu não tenho essa resposta, mas relembrar essas perguntas me fez pensar em muitas outras que talvez, em meio a toda essa balbúrdia, merecem ser consideradas...

Você seria perseverante o suficiente para andar todos os dias 14 km pelo sertão do Ceará para poder frequentar uma escola? Teria a coragem suficiente de escrever aos seus pais uma carta de despedida e partir para a selva amazônica buscando construir uma forma de resistência a um regime militar? Conseguiria aguentar torturas frequentes e constantes, como pau de arara, queimaduras, choques e afogamentos sem perder a cabeça e partir para a delação? Encontraria forças para presenciar sua futura companheira de vida e de amor ser torturada na sua frente? E seria perseverante o suficiente ao esperar 5 anos dentro de uma prisão até que o regime político de seu país lhe desse a liberdade?

E sigo...

Você seria corajoso o suficiente para enfrentar eleições nacionais sem nenhuma condição financeira? E não se envergonharia de sacrificar as escassas economias familiares para poder adquirir um terno e assim ser possível exercer seu mandato de deputado federal? E teria coragem de ao longo de 20 anos na câmara dos deputados defender os homossexuais, o aborto e os menos favorecidos? E quando todos estivessem desejando estar ao seu lado, e sua posição fosse de destaque, teria a decência e a honra de nunca aceitar nada que não fosse o respeito e o diálogo aberto?

Meu pai teve coragem de fazer tudo isso e muito mais. São mais de 40 anos dedicados à luta política. Nunca, jamais para benefício pessoal. Hoje e sempre, empenhado em defender aquilo que acredita e que eu ouvi de sua boca pela primeira vez aos 8 anos de idade quando reclamava de sua ausência: a única coisa que quero, Mimi, é melhorar a vida das pessoas...

Este seu desejo, que tanto me fez e me faz sentir um enorme orgulho de ser filha de quem sou, não foi o suficiente para que meu pai pudesse ter sua trajetória defendida. Não foi o suficiente para que ganhasse o respeito dos meios de comunicação de nosso Brasil, meios esses que deveriam ser olhados através de outras tantas perguntas...

Você teria coragem de assumir como profissão a manipulação de informações e a especulação? Se sentiria feliz, praticamente em êxtase, em poder noticiar a tragédia de um político honrado? Acharia uma excelente ideia congregar 200 pessoas na porta de uma casa familiar em nome de causar um pânico na televisão? Teria coragem de mandar um fotógrafo às portas de um hospital no dia de um político realizar um procedimento cardíaco? Dedicaria suas energias a colocar-se em dia de eleição a falar, com a boca colada na orelha de uma pessoa, sobre o medo a uma prisão que essa mesma pessoa já vivenciou nos piores anos do Brasil?

Pois os meios de comunicação desse nosso país sim tiveram coragem de fazer isso tudo e muito mais.

Hoje, nesse dia tão triste, pode parecer que ganharam, que seus objetivos foram alcançados. Mas ao encontrar-me com meu pai e sua disposição para lutar e se defender, vejo que apenas deram forças para que esse genuíno homem possa continuar sua história de garra, HONESTIDADE e defesa daquilo que sempre acreditou.

Nossa família entra agora em um período de incertezas. Não sabemos o que virá e para que seja possível aguentar o que vem pela frente pedimos encarecidamente o seu apoio. Seja divulgando esse e/ou outros textos que existem em apoio ao meu pai, seja ajudando no cuidado a duas crianças de 4 e 5 anos que idolatram o avô e que talvez tenham que ficar sem sua presença, seja simplesmente mandando uma palavra de carinho. Nesse momento qualquer atitude, qualquer pequeno gesto nos ajuda, nos fortalece e nos alimenta para ajudar meu pai.

Ele lutará até o fim pela defesa de sua inocência. Não ficará de braços cruzados aceitando aquilo que a mídia e alguns setores da política brasileira querem que todos acreditem e, marca de sua trajetória, está muito bem e muito firme neste propósito, o de defesa de sua INOCÊNCIA e de sua HONESTIDADE. Vocês que aqui nos leem sabem de nossa vida, de nossos princípios e de nossos valores. E sabem que, agora, em um dos momentos mais difíceis de nossa vida, reconhecemos aqui humildemente a ajuda que precisamos de todos, para que possamos seguir em frente.

Com toda minha gratidão, amor e carinho,

10 de outubro de 2012
Miruna Genoino

LULA: MENSALÃO ACONTECEU. MAS NÃO ACONTECEU.

 




10 de outubro de 2012
 

"O STF NÃO ESTÁ JULGANDO A HISTÓRIA, MAS JULGANDO FATOS".

Trechos do voto dado, esta tarde, pelo ministro Celso de Mello no julgamento do mensalão:


* O que se rejeita é o jogo político motivado por práticas criminosas perpetradas á sombra do poder, o que não pode ser tolerado e não pode ser admitido. (...) na essencialidade dos partidos polítocos no estado de direito que eles representam e exprimem na perspectiva do contexto histórico, um dos meios fundamentais do processo de legitimação do poder estatal, quando o povo tem nessas agremiações o veículo necessário ao desempenho.

* Migrações partidárias obtidas com o estímulos de práticas criminosas representam um atentado ao estado de direito. Levando-se em consideração que a ruptura dos vínculos provocados por atos de migração ou infidelidade ao seu partido e ao povo, subverte o sentido das funções, traduz gesto de deslealdade, compromete o modelo de representação popular e frauda a vontade dos eleitores e gerando como efeito perverso a deformação da ética de governo.






* O ato de infidelidade ao cidadão eleitor quando estimulado por atos de venalidade governamental constitui grave desvio ético político e ultraje ao exercício legítimo do poder, na medida em que migração tomadas por razões criminosas não só surpreendem os partidos como culminam por gerar um desequilíbrio de forças ao parlamento, transgredindo o sistema eleitoral, tirando o poder da oposição. Eis aí mais uma das consequências do esquema de poder concebido e implementado nas mais altas instâncias e praticado pelo réus Genoíno e Dirceu.

* Tenho a afirmação de que este processo busca condenar a atividade política. Ao contrário, condenam-se tais réus porque existe prova juridicamente idônea a apta a revelar que tais acusados por sua posição de hegemonia não só dispunham do poder de determinar e de fazer cessar o itinerário criminoso de duas ações, valendo de sua força e prestígio sobre o aparelho governamental e sobre o aparto partidário da agremiação que estavam vinculados. Nem se digam que os réus Dirceu e Genoíno se limitaram a fazer atividades políticas e que o diálogo institucional que exprime um dos meios de legislação não autoriza a manipulação ilícita do aparato governamental por objetivos confessáveis de práticas delituosas que transgridem a acusação penal.

* O STF não está julgando a história, mas julgando fatos, como disse ontem a ministra Cármen Lúcia, em face das provas existentes nestes autos. Uma prova que pode não ser direta, mas não podemos esquecer que o STF tinha em mãos inúmeros precedentes que o STF reconhece o valor probante da prova circunstancial desde que os tais indícios sejam harmônicos entre se e convergentes.

* São provas que devem ser utilizadas desde que não haja elementos que os desautorizem. Tem elementos que são reveladores de práticas delituosas que esses réus cometeram e note-se que os atos praticados por estes réus em particular descaracterizaram por completo o modelo de democracia consensual, como a discussão política, o que compõe a essência da atividade política.

10 de outubro de 2012

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE





10 de outubro de 2012

INDEVIDA SALVAGUARDA

 

Liquidada a questão na Justiça, resta a José Dirceu e José Genoino tentar equilibrar as coisas no campo político.

O instrumento é o mesmo ao qual eles vêm recorrendo há algum tempo: a confrontação de suas trajetórias de vida com os votos condenatórios no Supremo Tribunal Federal, a fim de criar uma atmosfera de cruel linchamento.

O PT inclusive prepara um desagravo público a ser realizado após o fim do julgamento do mensalão, com a finalidade de deixar consignado que político com "história" não pode ser tratado como um molambo qualquer.

Faz sentido? Depende de como se vê a cena. Se o princípio é o de que os fins justificam quaisquer meios, até faz.

O partido continuará insistindo na história dos "erros pontuais" cometidos em nome de um projeto em prol da justiça social, jurando que não houve desejo deliberado de obter vantagens pessoais indevidas.

O PT se vê de forma muito diferente daquela com que enxerga a constelação de "vendidos" que cooptou para formar maioria: nada fez de má-fé. Agiu por ideologia nas melhores das boas intenções. Injusta, portanto, punição tão pesada.

Mas há outra maneira de olhar que subtrai todo e qualquer cabimento da ideia de uma absolvição virtual dando os mesmos pesos e medidas aos bons propósitos e aos atos nefastos.

Nem com muito esforço de boa vontade é possível esperar que daí resulte algum equilíbrio.
Por um motivo muito claro e simples: as "trajetórias de lutas", sejam quais forem elas, não podem servir como salvo-conduto a más condutas escoradas na ilicitude.

Argumenta-se, para lamentar as condenações, que José Dirceu e José Genoino são homens com "história". Verdade incontestável, ninguém discute esse ponto. Neles, aliás, reside a grande incoerência.

Políticos donos de substancioso histórico têm a obrigação de se comportar melhor que os demais - os desprovidos de semelhante bagagem. Pela lógica seria inerente a seres tão especiais a sensibilidade para distinguir entre o que está dentro ou fora dos marcos da legalidade.

Não uma qualidade, mas um dever de militantes forjados na ideologia. De valdemares e companhia espera-se qualquer coisa, mas do PT o País esperava maior apreço pelo ofício.

Condenados Dirceu e Genoino, o PT pode até se sentir injustiçado. Mas não pode dizer que a cigana o enganou. Sabia onde pisava quando optou por comprar facilidades.

Se o partido imaginou que a cobrança da conta não era uma possibilidade, só lhe resta lamentar ter caído na armadilha preparada pelo autoengano.

Fim do caminho.
Ao condenar José Dirceu por maioria inequívoca, o Supremo encerrou uma carreira política que começou a se desmilinguir no dia em que Roberto Jefferson olhou para as câmeras que transmitiam ao vivo a sessão da CPI dos Correios e provocou o todo poderoso ministro chefe da Casa Civil: "Sai daí, Zé".

Toda diferença.
O ministro Celso de Mello, único remanescente da composição da Corte que julgou Fernando Collor em 1994, tem dito que o Supremo não mudou o entendimento sobre o ato de ofício que caracteriza, ou não, a responsabilidade criminal de autoridades públicas.

Por isso mesmo não é demais repetir: não há dois pesos, os casos é que são diferentes. Na época, o Ministério Público não apontou qual o interesse dos empresários extorquidos por Paulo César Farias, condenado por corrupção ativa, nos atos incluídos entre as atribuições do presidente, absolvido da acusação de corrupção passiva.

Agora a Procuradoria-Geral da República foi clara na denúncia: o governo Lula deu dinheiro aos partidos em troca dos atos inerentes às atribuições dos parlamentares no Congresso.

10 de outubro de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

IMPRENSA INTERNACIONAL DESTACA PROXIMIDADE DE LULA E DIRCEU

Para o 'New York Times', Joaquim Barbosa emerge como 'espécie de herói' do julgamento; jornal americano contrasta a tentativa de Dilma de se mostrar como líder que combate a corrupção enquanto evita falar do caso


SÃO PAULO - A condenação dos petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) repercutiu na imprensa internacional.
 
O jornal americano The New York Times chama o mensalão de "possivelmente o maior escândalo de corrupção do Brasil".

A publicação, que chama de lendária a corrupção no sistema político do País, classifica o julgamento como uma "rara ruptura" na responsabilização de políticos.

O New York Times lembra que José Dirceu estava entre as mais importantes figuras políticas do Brasil à época da eclosão do escândalo, em 2005, e diz que a votação que o condenou por corrupção ativa foi um ponto-chave do julgamento.

Para o Times, a presidente Dilma Rousseff evita comentar o caso ao mesmo tempo que tenta sedimentar a imagem de uma líder que combate a corrupção. Ainda assim, seu "partido (PT) está às voltas da ressonância do julgamento na sociedade".

Para a publicação americana, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, emerge como uma espécie de "herói político" nos acontecimentos.

10 de outubro de 2012
Estadão

O PAÍS ENVERGONHADO

 
10 de outubro de 2012

IMAGEM DO DIA

 
Recomeça, em Moscou, a audiência do recurso contra a condenação das garotas do grupo Pussy Riot, sentenciadas por "vandalismo motivado por ódio religioso"
Recomeça, em Moscou, a audiência do recurso contra a condenação das garotas do grupo Pussy Riot, sentenciadas por "vandalismo motivado por ódio religioso" - Natalia Kolesnikova/AFP
 
10 de outubro de 2012

MALANDRA É A VACA QUE JÁ NASCE MALHADA PARA NÃO FAZER ACADEMIA

                         Diário da Dilma




1º de setembro ─ O que posso fazer se a educação pública no Brasil é essa desgraceira sem fim? Professor nenhum me ensinou a diferença entre “por que” e “porque”. Daí vem a imprensa me chamar de burronilda só porque/por que escrevi errado no bilhetinho. Eles acham o quê? Que posso ligar para o professor Antonio Candido toda vez que estiver com dúvida? Da minha caligrafia, nem um pio. Tão caprichadinha, tão esmerada.

2 de setembro ─ Como diria o Zózimo, e esse FHC, hein? Um lobo em pele de tucano. Se fez todo de cavalheiro com aquele charme untuoso dele e agora me dá uma mordida dessas. Ele sabe muito bem que o bobo do Lula sobe nas tamancas toda vez que ele abre a boca. Já disse para o Lula resolver isso na análise. O fato é que quem paga o pato sou eu. Fui obrigada a dar uma resposta, menos mal que não cometi nenhum erro de ortografia.
Esse episódio todo é muito triste. Apesar de tudo, aquele raposão do FHC ainda tem o seu encanto. Ele nunca deixou de me chamar de presidenta. Ah, poder, és mesmo solitário.

3 de setembro ─ Pedi para a Ana de Hollanda fazer a primeira coisa útil da gestão dela: convencer o Chico a apoiar o Haddad. O bicho é pesado. Se até eu já ganhei uma eleição em cima do Serra!

4 de setembro ─ Gabrielzinho chegou. Veio passar o feriado com a vovó, veio? Veio passá? Qué bincá? Que pitchuco! E ainda dizem que não pode haver Rousseff fofo.

5 de setembro ─ Vinte minutos a mais de esteira esse mês. Já sinto a cintura mais afilada. Soube que a Cristina K. anda esquiando na Patagônia. Conheço a bisca: quer chegar à reunião da ONU com as pernocas em dia. Nem por nada Dilminha será desbancada. Vou desembarcar em Nova York assim meio etérea, uma sílfide tropical. Estou pensando em tecidos de voile, sempre em tons pastéis. Ousarei deixar os ombros de fora? O vestido da Michelle na convenção não me sai da cabeça.

6 de setembro ─ Cáspite! Chegou a conta de luz. Mamãe não para de usar o microondas, eu tenho exagerado um pouco no secador de cabelo e essa esteira consome mais energia do que a CSN. Malandra é a vaca que já nasce malhada para não fazer academia. Agora, as tarifas são escorchantes mesmo, o que me deixa num dilema terrível. O Lobão é indemitível.

7 de setembro ─ Independência. Sei. Só vou acreditar no dia em que o Lula largar do meu pé, o PMDB parar de pedir cargo e mamãe me der um pouco de espaço vital. Dilminha needs personal space!
Tem coisa mais jeca do que esse desfile? Parece uma quermesse. Não é à toa que a Ideli adora, ninguém casa com policial impunemente. E como venta em Brasília, meu Deus! O Kamura despejou duas caçambas de concreto para segurar o meu topete. Não sei como FHC fazia. Ele sempre teve um cabelo bem armado.

8 de setembro ─ “De noite, eu rondo a cidade/ a te procurar, sem te encontrar./ No meio de olhares, espio/ em todos os bares, Dilma, você não está.” Para de pensar nele, não faz bem. O homem está ocupado com a 11ª rodada do petróleo.

9 de setembro ─ Baixei as tarifas dos bancos, os juros do cartão de crédito e a conta de luz. Próximo passo: tirar mamãe do SPC. Quando a carroça anda é que as melancias se ajeitam.

10 de setembro ─ Indiquei o Teori Zavascki para a vaga do Peluso. Achei o nome gozado e o João Santana aprovou; segundo ele, minha única fragilidade é a percepção, injusta, de que não tenho senso de humor. Acontece que até o Álvaro Dias elogiou. Acho que fiz besteira.

Até agora, nada de Chico Buarque no horário eleitoral do Haddad. Estou de olho, irmã, estou de olho.
11 de setembro ─ Lá no estrangeiro, há onze anos, dois aviões atacaram as Torres Gêmeas. Aqui, uma moça burlou a segurança para gritar que queria casar comigo. Somos ou não somos um país amável?
Tive de nomear a Marta, não teve jeito! O Lula estava me deixando maluca. Além do quê, a Ana teve todas as chances do mundo. Em mais de dois anos de governo, ela não me conseguiu nem um mísero drinque com o irmão. A conclusão a que eu chego disso tudo é que São Paulo gosta mesmo é de um botox. Elegeu a Marta e agora quer o Russomanno…

12 de setembro ─ Que susto levei com o desmaio do Temer em Roma! Só me faltava essa! Depois me explicaram que ele andou mais de uma hora naquele calorão todo sem tirar o paletó. Vaidade, vaidade, teu nome é Michel. Tivesse colocado um chapeuzinho, pelo menos. Mas esconder aquela cabeleira? Nunca. Esse morre, mas não perde a pose.

13 de setembro ─ Recebi a visita do nadador paraolímpico Daniel Dias. Fui firme: ou ele e os coleguinhas se engajam para que as Paraolimpíadas de 2016 não sejam chamadas de “Paralimpíada”, ou cancelo tudo.

14 de setembro ─ Que rebu! A Ideli me acordou logo cedo, parecia que estava tendo uma hemoptise: “Sirigaita! Doidivanas! A rainha não merece! É o fim da monarquia! Blá-blá-blá!” Desde o primeiro dia que ela implica com a Kate. É inveja da silhueta e daqueles calcanhares bem torneados, finos. Eu fiquei com dó. A moça estava com o marido, num castelo tipo o de Caras, só que sem ninguém. Tinha direito à privacidade. Depois, ela é de outra geração e essas coisas são normais. Eu é que preciso me precaver. Convenci mamãe a interrompermos nossos banhos de sol na laje do Palácio. Vai que…

15 de setembro ─ Gente, que fuzuê é esse no Oriente Médio? A Gleisi diz que é tudo por causa de um filme sem graça que satiriza o Maomé. Imagina se o povo brasileiro reagisse assim a cada novo filme do Bruno Mazzeo…

16 de setembro ─ Lancei o Bolsa Medalha para ver se a gente desencanta nos Jogos Olímpicos. A Ideli, que é metida a espirituosa, pediu um Bolsa Chanel para as ministras.

18 de setembro ─ Minha Santa Rita do Coração Perpétuo, nem eu aguento mais Avenida Brasil! Que enrolação! Vou ter que falar com o marido da Gleisi e vamos rever a tal da regulamentação dos meios. Certa estava eu na juventude: “O povo não é bobo, fora Rede Globo!” Como se não bastasse o que fizeram com a Camila na novela das seis. Sei que o sobrenome é Pitanga, mas aquela cor não existe na natureza. Parece uma barra de chocolate amargo.

21 de setembro ─ Tadinho do Zé Dirceu. Mandei um bilhetinho para ele com uma frase que vovó adorava repetir: “Quem se faz de Redentor, sai crucificado.” Mandei em português, não em búlgaro.

22 de setembro ─ Chamei o Patriota e dei um tranco nele. Não quero saber daquele hotel Waldorf Astoria. Um palácio de ácaros! Entro e já começo a espirrar. Além disso, a comida é horrível! O marido de uma amiga minha, que é do mercado, me disse para ficar no St. Regis. É para lá que eu vou. E ainda quero ver se embarco sábado à noite e fujo para tomar um brunch no Balthazar. Delícia, delícia, delícia!

24 de setembro ─ Start spreading the news/ I am leaving today/ I want to be a part of it/ New York, New York!!! Amanhã me puseram no horário da tarde. Divino. Dá tempo de fazer o discurso e chispar para o Barneys. Quero ver uns fascinators e perguntar se eles já receberam o vestido da Michelle.

25 de setembro ─ Fiquei bem naqueles tons outonais. Disse lá as coisas que o Guido me mandou dizer e fui até a Macy’s comprar os presentes de mamãe. É mais barato que o Barneys e ela não percebe a diferença. Para a Ideli, eu levo um xampuzinho aqui do hotel mesmo.

10 de outubro de 2012
The i-Piaui Herald

A DECEPÇÃO DE GENOÍNO

Condenado até agora por sete votos a um pelo crime de corrupção ativa, o ex-presidente do PT José Genoino direciona sua raiva especialmente para o ministro José Antonio Dias Toffoli. Ligado ao PT, Toffoli foi assessor jurídico da liderança do partido na Câmara dos Deputados e, ainda assim, disse considerar haver provas cabais de que o dirigente petista atuou para corromper deputados federais no recém-inaugurado primeiro mandato do governo Lula.

Toffoli e Genoino trabalharam juntos na Câmara, o que motivou ainda mais a decepção do petista. “Foi um voto injusto”, avaliou Genoino com seus advogados.

Os adjetivos dirigidos pelo ex-deputado diretamente ao juiz do STF, resume a defesa, são “impublicáveis”.

10 de outubro de 2012
Veja
(Laryssa Borges, de Brasília)

À ESPERA DA SENTENÇA, O CONDENADO POR CORRUPÇÃO RESOLVEU FURTAR ATÉ TÍTULO DE LIVRO

 

Condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal, José Dirceu apertou de novo o gatilho do trabuco que só dispara bravatas.

Num manifesto delirante, o único guerrilheiro do mundo que confunde cano com coronha acusa a elite reacionária e a mídia golpista de terem forçado o STF a enxergar um prontuário de bom tamanho onde existem uma folha de relevantes serviços prestados à nação e a biografia de matar de humilhação um Che Guevara.

Desde 1968, Dirceu nega com veemência qualquer pecado que lhe atribuam ─ é capaz de jurar de pés juntos que jamais cometeu sequer infrações de trânsito. É compreensível que simule indignação ao ser castigado por delinquências de grosso calibre que sempre debitou na conta da inventividade perversa da oposição.
Com a placidez de um doutor em estelionato, ele nega até o que está registrado em vídeo.

Como demonstram o texto e as imagens na seção Vale Reprise, foi o que fez no programa Roda Viva quando entrou em pauta o episódio da agressão sofrida pelo governador Mário Covas em 1° de junho de 2000.
Alguém que passou anos negando que era quem é jamais admitirá que foi chefe de quadrilha. Vai morrer murmurando que é uma vítima dos capitalistas selvagens aos quais hoje serve com muita aplicação fantasiado de “consultor”.

Surpreendentemente, o manifesto da semana poupou o Brasil que presta da ameaça recorrente: desta vez, permanecerão aquartelados os “movimentos populares” e as “forças progressistas” que o guerrilheiro de festim promete mobilizar há mais de 40 anos ─ e nunca foram vistas fora da imaginação do comandante. Desde a descoberta do mensalão, Dirceu só apareceu na rua à frente de uma multidão no último domingo. Eram companheiros incumbidos de escoltá-lo na rota da seção eleitoral para que pudesse votar sem ser constrangido por manifestações hostis.

Sozinho ou mal acompanhado, o ex-capitão do time de Lula garante que não vai sossegar até provar que é inocente. “Minha sede de justiça será minha razão de viver”, avisa a última frase do manifesto. A editora Record deveria ampliar-lhe a folha corrida com outra ação judicial: à espera da sentença, o condenado por corrupção resolveu furtar o título do livro de memórias de Samuel Wainer.

10 de outubro de 2012
Augusto Nunes

GENOÍNO FORA DO GOVERNO

 

Sérgio Lima - 17.jun.2010/Folhapress


O ex-presidente do PT José Genoino, condenado pela maioria do STF por corrupção ativa no processo do mensalão
 
O Palácio do Planalto avisou ao Ministério da Defesa que o atual assessor especial da pasta e ex-presidente do PT José Genoino terá que pedir demissão do cargo no governo quando terminar o julgamento de sua participação no mensalão, informa Vera Magalhães na coluna Painel desta quarta-feira (10).
 

Na terça-feira (9), a maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votou, durante o julgamento do mensalão, pela condenação de Genoino por corrupção ativa.
 


De acordo com a Procuradoria, o ex-presidente petista participou das negociações com os partidos aliados e com os bancos que alimentaram o valerioduto e orientou a distribuição do dinheiro do esquema.
 
A defesa do ex-presidente do PT afirma que Genoino não lidava com as finanças do partido, apenas com a articulação política. Afirma ainda que ele só assinou os contratos dos empréstimos dos bancos por obrigação formal como presidente da sigla e nega ter orientado a distribuição de recursos do valerioduto.
 
O esquema de compra de apoio político no Congresso, que ficou conhecido como mensalão, foi revelado pela Folha em 2005, em entrevista do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), dando origem ao principal escândalo do governo Lula e provocando uma CPI no Congresso.(Folha)
 
10 de agosto de 2012
 

PMDB PLEITEIA OSCAR DE COADJUVANTE


PMDB pleiteia Oscar de coadjuvante

"O PMDB merece o Oscar de coadjuvante pelo conjunto da obra", disse Bela Lugosi


HOLYWOOD, BRASÍLIA - Pressionada pela bancada do PMDB na Câmara, que votou 100% com o governo na aprovação do salário mínimo, a presidenta Dilma Rousseff enviou um comunicado de última hora à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reivindicando uma homenagem do prêmio Oscar ao, como afirmou, “coadjuvantismo” do PMDB.
 
"Os estúdios ignoraram o carisma de Michel Temer quando procuraram um ator para interpretar o mordomo da Família Addams”, diz o comunicado, escrito pelo cineasta Jorge Furtado.
 
“O bigode do Sarney brilharia mais do que o do Omar Sharif em Doutor Jivago. Nenhum agente do cinema americano valorizou as sobrancelhas dramáticas do Moreira Franco, que fariam dele uma Lassie ideal. É hora do Brasil pleitear seu papel no roteiro das nações".
 
Uma comissão de cineastas foi formada rapidamente para apoiar o comunicado e o governo: "O filme Limite, do Mario Peixoto, só saiu em 1931 porque o PMDB estava ao lado do governo e da cultura”, declarou Luiz Carlos Barreto.

“O partido apoiou uma gama imensa de produções desde as pornochanchadas até essa onda de filmes espíritas", defendeu Carlos Diegues.

Um book de Marcela Temer foi anexado ao comunicado destinado à Academia.

10 de outubro de 2012
The i-Piaui Herald

GENOÍNO ENTREGA O CARGO DE ASSESSOR "ESPECIAL" NA DEFESA


O ex-presidente do PT José Genoino entregou o cargo de assessor especial do Ministério da Defesa nesta quarta-feira (10). Ele participou nesta manhã de reunião do Diretório Nacional do PT.

O Palácio do Planalto já havia avisado ao Ministério da Defesa que Genoino que teria de pedir demissão do cargo no governo quando terminar o julgamento de sua participação no mensalão, informou Vera Magalhães na coluna Painel de hoje.

Genoino anunciou a saída do governo durante a leitura de uma carta na sede do PT em São Paulo. O petista não respondeu as perguntas dos jornalistas. O pronunciamento durou cerca de cinco minutos. Cercado por assessores, ele leu a carta com as mãos trêmulas. Ele foi aplaudido pelos correligionários.

Ele abriu a carta citando o poeta Mário Quitana. "Eles passarão, eu passarinho".

Sérgio Lima - 17.jun.2010/Folhapress
O ex-presidente do PT José Genoino, condenado pela maioria do STF por corrupção ativa
O ex-presidente do PT José Genoino, condenado pela maioria do STF por corrupção ativa no processo do mensalão

"Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes", afirmou o ex-presidente do PT. "Não me envergonho da nada."

Para Genoino, a "corte errou" em sua condenação. Ontem, a maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votou, durante o julgamento do mensalão, por sua condenação pelo crime de corrupção ativa. "Foi injusta, condenou um inocente, condenou-me sem provas. Reservo o direito discutir democraticamente esta decisão."

Ele também falou que existe uma campanha de ódio contra o PT.

"A minha condenação é uma tentativa de condenar todo um partido", afirmou. "Mas eles fracassarão. O julgamento da população sempre nos favorecerá, pois ela sabe reconhecer quem trabalha por seus justos interesses. Ela também sabe reconhecer a hipocrisia dos moralistas de ocasião", completou.

Segundo Genoino, o julgamento está sendo feito em meio "a diuturno e sistemática campanha de ódio contra o PT".

"Nessas condições, como ter um julgamento justo e isento? Como esperar um julgamento sereno no momento em que os juízes são pautados por cometários políticos?", questionou.

ACUSAÇÃO

De acordo com a Procuradoria, o ex-presidente petista participou das negociações com os partidos aliados e com os bancos que alimentaram o valerioduto e orientou a distribuição do dinheiro do esquema.

A defesa do ex-presidente do PT afirma que Genoino não lidava com as finanças do partido, apenas com a articulação política. Afirma ainda que ele só assinou os contratos dos empréstimos dos bancos por obrigação formal como presidente da sigla e nega ter orientado a distribuição de recursos do valerioduto.

O esquema de compra de apoio político no Congresso, que ficou conhecido como mensalão, foi revelado pela Folha em 2005, em entrevista do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), dando origem ao principal escândalo do governo Lula e provocando uma CPI no Congresso. (Leia aqui a entrevista ).



  • Os ministros Ayres Britto (esq.), Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes entram no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) para o julgamento do mensalão

    10 de outubro de 2012

    CATIA SEABRA e BERNARDO MELLO FRANCO - UOL

    CONDENAÇÃO DE DIRCEU É NOTÍCIA NA IMPRENSA INTERNACIONAL

     


    A condenação de José Dirceu virou notícia em vários veículos de comunicação do mundo
    O New York Times foi quem fez a melhor síntese, dando o seguinte título acima de uma foto de Lula e Dirceu batendo um papinho: “Caso de corrupção no Brasil aumenta esperança no sistema judicial”.
     
    No primeiro parágrafo, escreve o jornal:

    “Os brasileiros estão de tal sorte acostumados à impunidade, especialmente quando se trata da lendária corrupção de seu sistema político, que eles recorrem frequentemente a uma máxima fatalista para descrevê-la: a polícia prende, mas a Justiça solta”.
    Escreve ainda o jornal:

    “O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recusa a reconhecer que o esquema de compra de votos, que está no centro do escândalo, existiu. Mas o ex-chefe do seu governo, José Dirceu de Oliveira e Silva, é acusado de chefiar o esquema. Nesta terça, na sessão mais importante do julgamento, atingiu-se a maioria entre os 10 ministros da corte para condená-lo. A corte também considerou José Genoino, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, que está no governo, culpado de corrupção”.
     
    O francês Le Monde escreveu em sua homepage: “Brasil: três íntimos do ex-presidente Lula condenados por corrupção”. No primeiro parágrafo, está lá:
    A corte suprema do Brasil reconheceu, nesta quarta, 10 de outubro, que três dos homens mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — seu chefe da Casa Civil, José Dirceu; o ex-presidente de seu partido (Partido dos Trabalhadores) José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares — são culpados de corrupção ativa. Eles foram considerados culpados de haver participado de um vasto sistema de compra de votos no Parlamento pelo PT nos primeiros anos do governo Lula (2003-2010). As penas não serão conhecidas antes do fim do processo, que deve durar ainda algumas semanas”.
     


    O mensalão, Dirceu e Lula no francês “Le Monde”
    “Auxiliar de Lula é condenado por corrupção”, informa a inglesa BBC. A notícia também está no jornal espanhol El País: “Supremo declara Dirceu, ex-ministro de Lula, culpado de corrupção”. A foto que ilustra o texto é do ministro Ricardo Lewandowski, com o ar compungido. Os espanhóis entenderam o espírito da coisa.
     


    Dirceu, seu chefe e o crime na BBC
     


    10 de outubro de 2012
    Aleluia

    CONDENAÇÃO DE DIRCEU POR CORRUPÇÃO É NOTÍCIA NO MUNDO

    Condenação de Dirceu é notícia na imprensa internacional



    A condenação de José Dirceu virou notícia em vários veículos de comunicação do mundo
    O New York Times foi quem fez a melhor síntese, dando o seguinte título acima de uma foto de Lula e Dirceu batendo um papinho: “Caso de corrupção no Brasil aumenta esperança no sistema judicial”.
     
    No primeiro parágrafo, escreve o jornal:

    “Os brasileiros estão de tal sorte acostumados à impunidade, especialmente quando se trata da lendária corrupção de seu sistema político, que eles recorrem frequentemente a uma máxima fatalista para descrevê-la: a polícia prende, mas a Justiça solta”.
    Escreve ainda o jornal:

    “O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recusa a reconhecer que o esquema de compra de votos, que está no centro do escândalo, existiu. Mas o ex-chefe do seu governo, José Dirceu de Oliveira e Silva, é acusado de chefiar o esquema. Nesta terça, na sessão mais importante do julgamento, atingiu-se a maioria entre os 10 ministros da corte para condená-lo. A corte também considerou José Genoino, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, que está no governo, culpado de corrupção”.
     
    O francês Le Monde escreveu em sua homepage: “Brasil: três íntimos do ex-presidente Lula condenados por corrupção”. No primeiro parágrafo, está lá:
    A corte suprema do Brasil reconheceu, nesta quarta, 10 de outubro, que três dos homens mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — seu chefe da Casa Civil, José Dirceu; o ex-presidente de seu partido (Partido dos Trabalhadores) José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares — são culpados de corrupção ativa. Eles foram considerados culpados de haver participado de um vasto sistema de compra de votos no Parlamento pelo PT nos primeiros anos do governo Lula (2003-2010). As penas não serão conhecidas antes do fim do processo, que deve durar ainda algumas semanas”.
     


    O mensalão, Dirceu e Lula no francês “Le Monde”
    “Auxiliar de Lula é condenado por corrupção”, informa a inglesa BBC. A notícia também está no jornal espanhol El País: “Supremo declara Dirceu, ex-ministro de Lula, culpado de corrupção”. A foto que ilustra o texto é do ministro Ricardo Lewandowski, com o ar compungido. Os espanhóis entenderam o espírito da coisa.
     


    Dirceu, seu chefe e o crime na BBC
     


    10 de outubro de 2012
    Aleluia

    DECANO DO SUPREMO JULGA EX-COMPANHEIRO DE PENSÃO

     

     
    Em julho, o estelionatário Sérgio Augusto Coimbra Vial foi preso mais uma vez pela polícia carioca.
    Não aproveitou a oportunidade que lhe dera o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), que há cinco anos, em habeas corpus do qual se orgulha, anulou sentença que condenara Vial a dez anos de prisão por clonar cartões de crédito.
    O ministro sustentou que as provas foram obtidas ilegalmente porque os agentes entraram à força no apartamento onde Vial se hospedava, na Zona Sul do Rio, para colher uma máquina de clonagem, chamada de chupa-cabra, sem autorização judicial.
    Para chegar à conclusão de que a prova era ilícita por violação de domicílio, protegido pelo artigo 5º da Constituição, Mello se inspirou no conturbado ano de 1968, quando era estudante e morava na Pensão do Abelardo, na Rua Condessa São Joaquim, no Bexiga (SP).
    Até hoje, o ministro se lembra da tensão que sofria quando a república era invadida por agentes do Dops atrás de agitadores do movimento estudantil. Se Mello não teve o quarto invadido, embora tenha sido obrigado a permanecer de pé, tenso, até o fim da batida, um vizinho não teve a mesma sorte. José Dirceu, outro hospede de Abelardo, já fazia parte da lista negra da repressão.
     
    O destino voltaria a confrontá-lo com a trajetória de Zé Dirceu. Passados 44 anos, Mello é um dos dez juízes com o poder de levar para a prisão o ex-vizinho, acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha. Ele foi um dos responsáveis para que esse julgamento acontecesse, ao votar em 2007 pelo acolhimento da denúncia.
    Quatro meses mais velho do que Dirceu, Mello chegou à pensão em 1964 após uma temporada de estudos nos Estados Unidos. De uma família de Tatuí (a 131 quilômetros da capital), mudou-se para São Paulo aos 18 anos e se inscreveu no cursinho Toloza, na Rua São Bento, porque queria entrar para a Faculdade de Direito da USP.
    Seu projeto não diferia dos sonhos de Dirceu, que chegara pouco antes, também do interior (a mineira Passa-Quatro), queria estudar Direito e também se abrigara no Abelardo.
    Mello, que passaria cinco anos na pensão, descreve o quatro, dividido com outro hóspede, como "um cubículo com dois catres". Dirceu e Mello viviam em alas diferentes e se conheceram nas salas do cursinho Toloza.
    O futuro presidente do PT trabalhava como office-boy.
    - Naquele mesmo dia, nos encontramos na pensão e conversamos - recorda-se Mello.
    As vidas deles seguiriam rumos distintos em 1965, quando Mello ingressou na USP e Dirceu, na PUC-SP.
     
    O futuro ministro priorizava os estudos, e o vizinho de pensão, a carreira de líder estudantil. O calor das ruas logo bateria à porte do Abelardo.
    No livro "O que fizemos de nós", que complementa a obra "1968: o ano que não terminou", de Zuenir Ventura, Mello descreveu o trauma causado pelas visitas noturnas dos agentes do Dops.
    Mesmo tendo passado ao largo das agitações, ele contou que extraiu uma "dura lição": "Uma Constituição sob uma ordem autocrática não vale absolutamente nada. A polícia e os organismos militares detinham poderes totais sobre os indivíduos".
    Em 1969, enquanto Mello diplomava-se, Dirceu ia para o exílio no México, em troca da libertação do embaixador norte-americano Charles Elbrick.
    Para Mello, o regime militar representou muito mais do que o conceito abstrato, meramente teórico, estudado nos livros de História e de ciência política:
    "Enfrentamos uma época realmente dura, em que pessoas eram arbitrariamente privadas de seus direitos", relatou a Zuenir.
    Tal experiência alavancou a vocação de Mello pela preservação dos princípios constitucionais, como o direito a um julgamento justo, valor agora em jogo no julgamento do ex-vizinho dos temos duros do Abelardo.
    O Globo
    ( Chico Otavio )
    10 de outubro de 2012

    NOVA CONFIGURAÇÃO

    Merval Pereira


    Nada mais sintomático do que a definição do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de que os resultados das eleições municipais marcam um rearranjo das forças políticas no país.

    Os resultados já indicavam que o PSB foi o partido que mais cresceu em número de prefeituras, e algumas vitórias simbólicas já no primeiro turno, como em Minas e no Recife, e a boa chance de vencer o segundo turno em Fortaleza, deram ao partido uma visibilidade nacional que forçará uma reacomodação de forças dentro da base aliada num primeiro momento.

    Adiante, Campos deve avaliar as condições objetivas de voo solo ou associação a um projeto de poder encabeçado pelo PSDB, que, quando chega a hora da decisão política, se torna o catalisador das forças oposicionistas.
    Por enquanto, não há razão para o PSB deixar a base aliada, e pode até ser que esse projeto de poder seja transferido para 2018, desde que o PT consiga conviver não só com um, mas dois partidos fortes na coalizão governista.

    Há uma situação apenas em que Eduardo Campos poderá se desgarrar da aliança petista: se a maneira de governar desse governo em curso não corresponder à sua visão de gestão, e a ineficiência da máquina pública demonstrar que os projetos não têm condições de se realizarem.
    Essa ineficiência será tão maior quanto os problemas econômicos internacionais forem enfrentados de uma maneira equivocada, e a visão populista se sobrepuser à eficiência administrativa.

    O fato é que a visão de Estado do governador é mais próxima da do PSDB, mais especificamente da do senador Aécio Neves, ou mesmo do estilo administrativo modernizante imposto pelo governo do PMDB no Rio de Janeiro com o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes, do que da do PT que prevalece hoje no governo Dilma.

    A maneira de governar será fundamental também para reaproximar o poder político da cidadania, pois o alto número de abstenções, votos nulos e em branco destas eleições, de que a cidade de São Paulo é um exemplo gritante, mostra que há um divórcio cada vez maior entre o poder político constituído e o eleitor.
    É detectando essa brecha que se amplia cada vez mais, separando eleitores e eleitos, que o candidato tucano José Serra iniciou sua campanha pelo segundo turno falando sobre “valores”, citando o julgamento do mensalão pelo STF como a novidade da política brasileira.

    É uma estocada inicial no adversário petista, que terá que conviver nesta campanha com o estigma do partido que está em julgamento em Brasília. É da ala paulista do PT que sai a maioria dos réus do mensalão, e Fernando Haddad, embora não tenha relação pessoal com o episódio – uma vantagem para o contra-ataque – vai ter de lidar com o assunto, que tem em São Paulo efeito maior do que no país de modo geral.
    Serra e Haddad têm tarefas difíceis
     
    A disputa em torno de valores éticos na política levará inevitavelmente a acusações do petista contra Serra, centradas especialmente no que chamam de “privataria tucana”. Os dois vão ter que enfrentar essa situação, tendo o esforço adicional de atrair cerca de 1/3 dos eleitores que este ano simplesmente se absteve ou votou nulo e em branco.

    A disputa paulistana reafirma a polarização nacional, mas mostra também que o eleitor está em busca do novo, o que pode favorecer tanto Eduardo Campos quanto Aécio Neves.

    E será esse eleitor desanimado que definirá a eleição paulistana. PT e Serra tiveram nesta eleição o menor percentual de votos das últimas disputas. Serra, com apoio do prefeito Gilberto Kassab – que, mal avaliado, mais parece ser um peso – e do governador Geraldo Alckmin, venceu o primeiro turno apesar de ter taxa de rejeição altíssima. Já é case eleitoral, desmentindo a máxima de que a partir de 40% de rejeição o candidato está derrotado.

    O ex-presidente Lula pode considerar uma vitória ter levado o desconhecido Haddad ao segundo turno, o que mostra a dificuldade da tarefa que se impôs. Ele o escolheu por ser “o novo”, e o máximo que conseguiu foi atingir a votação tradicional petista, embora no nível mais baixo dos últimos anos.

    Agora, Haddad terá que ser capaz de ir além do PT para convencer o terço do eleitorado que não votou e mais os que votaram em outros candidatos de que pode ser realmente a renovação da política.
    Serra e Haddad têm tarefas difíceis. Mas a vitória apagará todos os problemas que hoje enfrentam.

    Merval Pereira
    Fonte: O Globo, 10/10/2012

    O ESQUELETO QUE SORRI

    Demétrio Magnoli

    No seu “Era dos Extremos”, Eric Hobsbawm, tão lido no Brasil, falsifica a história para absolver Stálin. Sua versão da 2ª Guerra foi aquela fabricada em Moscou

    “Eu entendi isso, Edward. Esse esqueleto nunca sorrirá novamente.” Leszek Kolakowski, filósofo polonês exilado, concluiu com essas palavras sua réplica ao historiador Edward P. Thompson, que o acusara de trair os ideais socialistas.

    O ano era 1974, seis depois da invasão da Tchecoslováquia pelas forças do Pacto de Varsóvia. Thompson rasgara sua carteirinha do Partido Comunista britânico em 1956, na hora da invasão soviética da Hungria, mas interpretava o stalinismo como apenas um deplorável desvio no curso da história rumo ao radioso futuro comunista.
    Kolakowski, porém, sabia mais -e tinha um norte moral melhor.

    Eric Hobsbawm nunca renunciou à sua carteirinha do partido.
    Aos 23 anos, ele assinou com Raymond Williams um panfleto de apoio ao pacto Molotov-Ribbentrop, entre a URSS de Stálin e a Alemanha de Hitler.
    Na maturidade, atravessou impávido as fogueiras da Hungria e da Tchecoslováquia.

    Em 1994, aos 77 anos, pouco depois da queda do Muro de Berlim, publicou “Era dos extremos”, uma interpretação do século 20 consagrada a desenhar um sorriso no esqueleto já enterrado do stalinismo.

    Hobsbawm, notável narrador do século 19, autor da trilogia das “eras” que desvendou para o grande público a trama da história contemporânea, entregou-se então à falsificação deliberada para restaurar o argumento imoral de Thompson.
    Eric Hobsbawm nunca renunciou à sua carteirinha do partido
     
    A “Era dos extremos” é uma tese paradoxal, cuja síntese emerge na sua introdução: “A vitória da URSS sobre Hitler foi uma realização do regime lá instalado pela Revolução de Outubro. Sem isso, o mundo hoje (com exceção dos EUA) provavelmente seria um conjunto de variações sobre temas autoritários e fascistas, mais que de variações sobre temas parlamentares liberais.”

    O totalitarismo stalinista, assegura-nos o historiador, podia ter seus defeitos, mas representava o socialismo e, sem ele, a humanidade teria sido tragada, em definitivo, pelo vórtice do fascismo.

    O tribunal final da História, constituído por um único juiz, o próprio Hobsbawm, oferece um veredicto de absolvição dos processos de Moscou, do gulag, da supressão absoluta da liberdade.
    A matéria pútrida do “socialismo real” salvou-nos, a todos, de um destino pior, que era tecido pelo capitalismo em crise.

    A narrativa inteira se organiza persuasivamente ao redor da tese, investindo na aposta segura de que o leitor médio carece das informações indispensáveis para refutá-la.

    O regime de Stálin destroçou o comando das forças armadas soviéticas nos expurgos dos anos 30, aumentando a vulnerabilidade do país à invasão alemã. A URSS não triunfaria sobre Hitler sem a vasta ajuda militar americana.

    No primeiro e crucial ano do conflito, a aliança firmada pelo pacto Molotov-Ribbentrop converteu a URSS em fornecedora principal de matérias-primas e combustíveis para a máquina de guerra nazista.

    A história de cartolina de Hobsbawm é uma contrafação da história da Segunda Guerra, inspirada diretamente pelas narrativas oficiais fabricada por Moscou no imediato pós-guerra. O esqueleto precisa antes mentir, para depois sorrir.

    A trilogia das “eras”, narrativas eruditas escritas em linguagem cristalina, foi a porta de entrada de centenas de milhares de leitores para as delícias da história. “Era dos Extremos” singrou no oceano de autoridade das obras precedentes.

    No Brasil, país onde Hobsbawm tem mais leitores do que na Grã-Bretanha, o livro beneficiou-se de uma recepção laudatória, patrocinada por intelectuais inconformados com as marteladas críticas dos berlinenses daquele 9 de novembro de 1989.
    Fora daqui, porém, nem todos aceitaram sorrir junto com o esqueleto de uma mentira.

    Num ensaio de 2003, o historiador Tony Judt escreveu o epitáfio incontornável: “Hobsbawm recusa-se a encarar o mal face a face e chamá-lo pelo seu nome; nunca enfrenta a herança moral e política de Stalin e de seus feitos. Se ele pretende seriamente passar o bastão radical às futuras gerações, essa não é a maneira de proceder”.

    Demétrio Magnoli
    Fonte: Folha de S. Paulo, 10/10/2012