"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 26 de julho de 2012

PT PREPARA VÍDEO PARA SE DESVINCULAR DO MENSALÃO


'O julgamento não é do PT, mas das pessoas', diz secretário André Vargas.
Presidente da sigla, Rui Falcão, deve rebater as acusações do Ministério Público e dizer que não há provas contra os réus.

Temendo um possível impacto do julgamento do mensalão nas eleições, o presidente do PT, Rui Falcão, gravará um vídeo amanhã em que tentará desvincular o ação no STF (Supremo Tribunal Federal) do partido.

A iniciativa ocorrerá a seis dias do início do julgamento, marcado para 2 de agosto.
"O que foi discutido é que a mensagem mostre que o julgamento não é do PT, mas das pessoas [rés no processo]", disse o secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR).
O vídeo deve ser postado no site da sigla logo após a gravação que ocorrerá na sede do partido, em São Paulo.

Segundo a Folha apurou com integrantes da cúpula do partido, Rui Falcão também deve dizer que não há provas contra os réus e que, se o julgamento se ativer aos fatos, eles serão absolvidos.
O presidente do PT rebaterá ainda as acusações da Procuradoria-Geral da República de que houve uso de verba pública no esquema. E vai reiterar o argumento petista de que não houve compra de votos a favor dos projetos de interesse do governo Lula.

O texto a ser lido no vídeo ainda não foi concluído, mas vem sendo costurado para servir como resposta à crescente demanda nos últimos dias por parte da imprensa sobre o episódio.
Após a gravação, a ideia de Falcão é deixar o tema de lado e responder apenas a "questões pontuais" que surgirem ao longo do julgamento. Na próxima semana, ele tem agenda prevista no Nordeste (Bahia, Ceará e Piauí).

Ao longo dos últimos três meses, o petista já recorreu pelo menos duas vezes a vídeos para se pronunciar sobre o caso do mensalão.

Em abril, ele defendeu a criação da CPI do Cachoeira para investigar o então senador (que acabou cassado) Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
No vídeo, o petista diz que era preciso desmascarar os "autores da farsa do mensalão". Isso levou a oposição a dizer que a estratégia petista era mascarar a repercussão do julgamento com a CPI.

Em maio, Falcão voltou ao estúdio, desta vez para defender o ex-presidente Lula. O vídeo foi feito em meio às declarações do ministro do STF Gilmar Mendes de que Lula teria proposto um acordo para adiar o julgamento.

"Vamos desbaratar mais esta manobra daqueles que querem desmoralizar o PT, o presidente Lula, com nítidos objetivos eleitoreiros", disse.

Erich Decat, de Brasília
26 de julho de 2012

"APAREÇA E CRESÇA"


BRASÍLIA - Ao pinçar Fernando Haddad, Lula quer repetir Paulo Maluf com Celso Pitta, em 1996, e José Serra com Gilberto Kassab, em 2008, na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Além de reviver a vitória de Dilma para o Planalto, em 2010.

Em junho de 1996, Luiza Erundina era a favorita, com 32%, seguida por Serra, com 20%. Mas quem se elegeu foi Pitta, que tinha então apenas 11%.

Em julho de 2008, Marta Suplicy liderava as pesquisas com 38%, seguida por Geraldo Alckmin, com 31%. Ganhou Kassab, então com 13%.

O que fez toda a diferença para a vitória de Dilma, de Pitta e de Kassab? Responde Mauro Paulino, do Datafolha: a combinação da propaganda eleitoral gratuita com a "descoberta", pelo eleitor, de que Lula, Maluf e Serra, respectivamente, estavam por trás dos candidatos, eram seus padrinhos. Pitta disparou para 43%, Kassab venceu com 31%.

A história das eleições também registra fenômenos opostos, como Francisco Rossi em 1996 e Maluf em 2004. Os dois foram estrelas cadentes: brilharam muito, mas rápido, e chegaram ao final com metade do que tinham antes da TV.

Por enquanto, Haddad e Chalita pedalam pela cidade para fortalecer a imagem do "novo", Russomanno cai, literal e sintomaticamente, da bicicleta e se arranha todo, Serra passa vexame ao dar uma de garotão num skate e Soninha reclama de falta de espaço. Em vez de "cresça e apareça", os candidatos estão na fase de "apareça e cresça".

Deveriam, porém, descer de suas bikes e skates para discutir o que realmente interessa. Exemplo: os dados de ontem da Secretaria da Segurança sobre homicídios no Estado e na capital, péssimos para Alckmin e Kassab. Logo, para Serra.

O debate não é sobre quem é novo ou velho, nem sobre quem é padrinho de quem, mas sobre o candidato com reais condições de combater esse quadro de calamidade. Se não é, deveria ser. Pitta e Kassab estão aí para contar essa história.

Eliane Cantanhêde
26 de julho de 2012

NO MENSALÃO, UM ABRAÇO DE AFOGADOS

“Na ânsia de sobreviver, os acusados no esquema, nas suas linhas de defesa, empurram os demais para o fundo”
À medida que vai se aproximando o início do julgamento do mensalão, vai ficando mais clara a complexidade do caso e a dificuldade de se prever qual será o seu resultado final. A primeira evidência: ao mesmo tempo em que é um caso só – de acordo com a acusação do Ministério Público, um “sofisticado” esquema de compra de apoio político – na visão da sociedade, são também 38 casos específicos. Exige-se uma análise individual da situação de cada um dos réus e do seu envolvimento com o esquema.

Imaginar, portanto, que todos os réus terão o mesmo tratamento na análise que farão os ministros do Supremo poderá ser o primeiro passo para a frustração. No caso de dois – Luiz Gushiken e Jacinto Lamas –, o próprio Ministério Público pede a absolvição. Isso, certamente, já trará benefícios às suas situações. A coisa complica é no caso dos demais.
O que se verifica a partir da apresentação das defesas de cada grupo é que eles se engalfinham numa espécie de abraço de afogados. Na ânsia de sobreviver, empurram os demais para o fundo. Imaginar que seja possível a construção de um argumento que acabe por livrar todo mundo, de todos os grupos envolvidos, da condenação vai ficando cada vez mais difícil.

O grupo do PT constrói uma linha de defesa que visa jogar a responsabilidade pelo que houve no ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Ele teria recebido carta-branca para encontrar uma solução para as dívidas de campanha do próprio partido e de seus aliados.
E recorreu aos serviços do publicitário Marcos Valério de Souza, que emprestou o dinheiro. Seria a confissão de um crime menor – caixa dois eleitoral, que a essa altura já teria prescrito. Delúbio teve aval, fez, e ninguém mais tinha ciência do que estava sendo feito, por essa versão.

O primeiro problema dessa linha de defesa esbarra na que foi montada pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson. Denunciante do esquema do mensalão, ele é apontado também como beneficiário dele. Roberto Jefferson sustentará que o mensalão existiu, que ele não aceitou o esquema e tentou denunciá-lo, inclusive ao ex-presidente Lula.
Nas versões iniciais, Jefferson preservava Lula – dizia que ele, pessoalmente, não sabia de nada – e jogava a responsabilidade maior para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Agora, o advogado de Jefferson, Luiz Barbosa, afirma que, no julgamento, dirá que Lula não só sabia do esquema, como o ordenou. Lula não é réu no julgamento, mas, certamente tal linha de argumentação não ajudará na defesa de seus auxiliares mais próximos cuja atuação estará sendo analisada no STF.

O segundo problema está relacionado à origem do dinheiro que circulou nas contas de Marcos Valério. Se era apenas um empréstimo que depois o PT pagou, o caso tem uma gravidade. Se envolveu dinheiro público, a gravidade é bem maior. Delúbio e Marcos Valério alegam nas suas defesas que não houve dinheiro público envolvido nos empréstimos. Essa, porém, não é a versão dos diretores do Banco Rural. Eles afirmam que pelas contas de Marcos Valério passou, sim, dinheiro dos contratos que suas agências de publicidade tinham com órgãos públicos. E que não há como saber se as agências desviavam recursos de seus contratos.

Se o Banco Rural aceita a tese das defesas de Delúbio e Valério, terá que admitir que passou pela conta do publicitário mineiro dinheiro de origem não declarada. E isso complica o banco na acusação de lavagem de dinheiro. Para se livrar dessa acusação, o banco tem de dizer que os recursos nas contas de Marcos Valério tinham origem declarada: e, no caso, sua origem seria os contratos com o governo.

Assim, vai seguindo a coisa. A linha de argumentação de uns atrapalha a linha de argumentação de outros. Para se defender, alguns terão que acusar os demais. Ou alguns dos demais. Esse será o clima que se instalará no Supremo em agosto. Não será um clima de camaradagem entre os réus. Quem levará a melhor? Com a palavra, a partir de agosto, os 11 ministros do STF.

Rudolfo Lago
26 de julho de 2012

ANDERSON SILVA ADMITE QUE TEME ENTREVISTAR DILMA


Anderson Silva admite que teme entrevistar Dilma
Reação do lutador americano Chuck Liddell logo após ser informado que, por não falar português, não corre o risco de ser escalado para entrevistar Dilma


OCTAGON – Depois de muitas evasivas, o campeão Anderson Silva, maior lutador de lutas marciais mistas de todos os tempos, confessou que preferia não enfrentar a presidenta Dilma Rousseff numa rodada de entrevistas. Silva, cujo cartel soma quinze vitórias consecutivas, foi contratado pela rede Bandeirantes para trocar ideias com a presidenta sobre as perspectivas do desporto nacional nos anos que antecedem a Olimpíada de 2016.

Anderson Silva aceitou o convite. Na segunda-feira, porém, começaram a correr boatos de que ele havia devolvido o adiantamento por temer enfrentar a presidenta. O empresário do campeão negou, afirmando que o lutador estava com uma erisipela e não teria condições de se deslocar até Brasília.

Duas horas depois, a informação já era outra: Anderson Silva havia desenvolvido uma súbita gagueira, fruto de um distúrbio neurológico provocado pela última luta no Rio de Janeiro. Vieram outras explicações: entorse no maxilar, dor aguda no esfíncter, necessidade de tirar a segunda via do CPF, aniversário do concunhado de um grande amigo, prazo apertado para submeter um ensaio acadêmico sobre o pensamento crítico de Adorno a respeito da indústria de entretenimento.

Todavia, ao cair da noite, Anderson Silva, pressionado pela imprensa, admitiu que a razão era o fato de haver assistido à entrevista de Dilma para o Fantástico, no último domingo. “Achei que tudo ia bem até a hora em que a Patrícia Poeta perguntou sobre a faxina. A presidenta cravou os olhos nela e, depois de um silêncio de pura agonia, desferiu um 'minha querida' que gelou a minha espinha. Aquilo continha a violência de cinco chutes do Yushin Okami, aquele japonês que me bateu em 2006”, confessou Silva, aos prantos.

O lutador ainda teria considerado a hipótese de seguir adiante com a entrevista. Abandonou-a logo depois. A consciência de que lhe faltava valentia para a tarefa lhe veio, límpida e certeira, quando a presidenta, com a frieza de um lince, reagiu à pergunta sobre o toma-lá-dá-cá da base aliada baixando o tom de voz e sussurrando, com sílabas escandidas: “Você me dá o exemplo de um dá-cá que eu te dou um toma-lá.” Anderson Silva disse que saiu correndo e se escondeu no quarto.

A Band agora tenta convencer Vítor Belfort a aceitar a tarefa. Por meio de sua assessoria, o lutador avisou que está fixando residência em Kuala Lumpur e que é mudo desde os sete anos.

26 de julho de 2012
The i-Piaui Herald

BASE ALIADA ANUNCIA CONSTRUÇÃO DE MUSEU DA CORRUPÇÃO


Base aliada anuncia construção de Museu da Corrupção
Ao lado do Museu será aberta uma pizzaria, onde os visitantes poderão confraternizar com corruptos que estão na ativa. A gerência ficará a cargo de Severino Cavalcanti.


BRASÍLIA - Em mais uma etapa da faxina contra a corrupção, a base aliada convocou a imprensa para mostrar o projeto do MuCOR, o Museu da Corrupção. "Em apenas 45 anos, por uma pechincha que não chegará a 3,5 bilhões de dólares, decoraremos uma sala vazia do Congresso Nacional com itens que lembrem a história das pessoas que passaram por aqui", explicou o tesoureiro Delúbio Soares.

O projeto, desenhado por Santiago Calatrava, e erguido por Sergio Naya, terá espaço expositivo para exibir notas frias, contratos superfaturados e até uma réplica da motosserra de Hildebrando Pascoal.

Cada visitante receberá um áudio-guia narrado por Roberto Jefferson e um cartão corporativo.

Haverá também esculturas de cera dos anões do orçamento, dos aloprados, dos acusados do mensalão e de PC Farias. No centro do salão, uma instalação interativa permitirá que o visitante viole o painel do Senado, como fez ACM. Uma tela sensível ao toque também dará ao visitante a oportunidade de privatizar mineradoras, empresas de telefonia e de petróleo a preços camaradas. "Como o museu é interativo e sensorial, aconselhamos os visitantes a guardarem folders e panfletos na meia ou na cueca para que sintam a experiência na própria pele", explicou José Roberto Arruda, curador do museu.

Pensou-se também nas crianças, que poderão divertir-se simulando voos em jatos de empresários, pilotando modelos de helicópteros maranhenses e brincando de pega-pega numa réplica da Casa da Dinda.

Na saída, os frequentadores darão com um Fiat Elba estacionado. Por uma graninha depositada discretamente na mão do vigilante, poderão sair dirigindo. O carro virá com uma bela modelo selecionada por Jeany Mary Corner escondida no porta mala.

Ao cabo do evento de apresentação do projeto, o orçamento do MuCOR já havia aumentado para 4,3 bilhões.


26 de julho de 2012
The i-Piaui Herald

VEJA TAMBÉM

Um verdadeiro Museu da Corrução online

MINISTÉRIO DA SAÚDE QUEBRA PATENTE DE SEMANCOL


Ministério da Saúde quebra patente de Semancol
Jaqueline Roriz leu a bula do Semancol para um plenário lotado e estarrecido

BRASÍLIA – O Ministro da Saúde Alexandre Padilha não resistiu à pressão popular e anunciou que o genérico do Semancol chegará às farmácias ainda em 2011. “Depois do DNIT, do Palocci, do Jobim, do Pedro Novais, da absolvição da Jaqueline Roriz e da última convocação do Mano Menezes, fiquei convencido de que devíamos quebrar a patente do Semancol para evitar uma epidemia.

Costumava receber emails agressivos toda vez que o Maluf dizia não ter contas no exterior e ligações assustadoras sempre que um governador em desgraça se defendia afirmando que estava sendo vítima de adversários políticos, mas agora a pressão foi demais.

A situação se tornou insustentável depois que o Galvão Bueno passou a comparar o sobrinho do Senna com o Ayrton. Se você somar com a brilhantina verá que é razão suficiente para intervenção. Se eu não agisse, em pouco tempo a população brasileira sairia por aí espalhando que José Sarney é o melhor poeta desde Dante”, esclareceu o Ministro.

A partir de maio, haverá medição compulsória do nível sanguíneo de Semancol nas faixas de risco – políticos, socialaites, atrizes da Globo e atacantes do Flamengo.

O remédio virá em três dosagens. Semancol Tamborindeguy poderá ser comprado sem receita médica; Semancol Suzana Viera exigirá receita médica e acompanhamento clínico; e Semancol Maluf, a ser administrado apenas para pacientes sob estrita supervisão médica.

26 de julho de 2012
The i-Piaui Herald

DILMA CRIARÁ IMPOSTO PARA TAXAR CORRUPÇÃO


Dilma criará imposto para taxar corrupção
Recém demitido do Atlético Paranaense, Renato Gaúcho é cotado para assumir a articulação política

SUCUPIRA - A presidenta Dilma Rousseff abandonou a ideia de ressuscitar a CPMF para financiar os gastos com a saúde. "Num ataque de bom senso bastante incomum, achei que não pegava bem exigir esse sacrifício da população em meio a tantas denúncias por aqui. Pedi para a Ideli fazer umas contas e achamos melhor taxar em 5% as verbas desviadas. Decidimos, portanto, criar o ICP: Imposto sobre Circulação de Propinas", tergiversou a presidenta.

Uma estimativa feita pela ONG Sou Laranja estimou que os recursos oriundos do ICP serão capazes de financiar a construção de 127 hospitais, 9.343 postos de saúde, 343 creches. Com o que sobrar, ainda será possível lançar campanhas de vacinação tão amplas que incluem até mesmo a imunização de animais de estimação, plânctons e personagens de ficção. "Mesmo levando em conta orçamentos superfaturados e o descumprimento da maioria dos prazos, estimamos que o impulso dado ao PIB por este novo impostos é da ordem de pelo menos 15 pontos percentuais ", disse Eliézer Roriz, doutorando em Caixa 2.

O novo imposto caiu como uma bomba no Congresso. Membros da base aliada organizaram uma áspera manifestação em frente ao Palácio do Jaburu. Um representante do PP chegou a fazer ameaças ao governo: "Se o Planalto insistir em manter esse imposto vil e pouco republicano, tomaremos medidas drásticas. Alguns deputados já falam até em trabalhar de segunda a sexta. Outros dizem que vão colocar o bem coletivo no lugar de seus interesses pessoais", esbravejou o Senador Alfredo Nascimento.

A manifestação teve apoio enérgico do Ministro do Turismo, Pedro Novais, cujo mítico vigor e empreendedorismo, segundo o próprio, será posto a serviço do combate “a mais esse desmando presidencial“.

Aturdido, ACM Neto teve uma síncope e foi socorrido por uma junta de enfermeiros. Ao se levantar, pediu o impeachment da presidenta. Álvaro Dias contraiu os músculos da face e teve uma distensão de nível 2 no botox frontal. Para espanto dos coloristas de Brasília, o seu cabelo exemplarmente tingindo de negro ficou branco em menos de cinco minuto.

The i-Piaui Herald
26 de julho de 2012

IMPRENSA BRITÂNICA IGNORA VISITA DE DILMA A LONDRES

A imprensa britânica ignorou a visita da presidente Dilma Rousseff a Londres. Os principais jornais do país não trouxeram a notícia da chegada de Dilma à capital britânica, ontem, nem de seu encontro com o primeiro-ministro David Cameron.
Dilma foi recebida por Cameron em sua residência oficial, em Downing Street, onde se reuniram por mais de uma hora. Trataram de temas como as parcerias na área esportiva, os investimento em petróleo e gás, os conflitos na Síria, as Malvinas e as dificuldades dos estudantes brasileiros para conseguirem vistos no país.
O assunto não foi tratado pelos jornais britânicos e não há referências no Guardian, Independent ou Financial Times. Londres recebe dezenas de delegações internacionais em razão da cerimônia de abertura da Olimpíada, amanhã. Antes do evento, os chefes de Estado e de governo serão recebidos pela rainha Elizabeth II, no Palácio de Buckingham.
Portanto, a visita de Dilma pode ter ficado encoberta pelo volume de autoridades presentes na cidade. Outro tema que atraiu a atenção da mídia local foi a retração de 0,7% no Produto Interno Bruto (PIB) britânico no segundo trimestre, num agravamento da recessão no país
Ainda assim, a ausência da presidente no noticiário local chama a atenção porque o Brasil tem espaço relevante na agenda das lideranças britânicas, engata uma série de parcerias e é a próxima sede da Olimpíada, em 2016.
26 de julho de 2012
DANIELA MILANESE, CORRESPONDENTE - Agência Estado

DE TUDO UM POUCO...

Mil e uma inutilidades
A Bombril, produtora da tradicional esponja de lã de aço, está entrando no mercado de cosméticos. Entra na hora certa: com tanta gente feia no Governo, homens e mulheres, um bombrilzinho esfoliante no rosto só pode melhorá-lo. E há certeza de vendas maciças de cosméticos para políticos se a empresa lançar um produto inovador: uma linha hidratante para a pele com óleo de peroba.

Recado um
Marcos Valério, acusado de operar o Mensalão, mandou um recado claro e ameaçador a pessoas que, imagina, possam ter a intenção de lançá-lo às feras: “Eu sou igual ao Delúbio. Nunca endureci o dedo para ninguém”.
Lendo cuidadosamente: Marcos Valério diz que sua opção é não dedar ninguém. Mas, se a opção escolhida é esta, isso significa que há outra opção rejeitada. Se tivesse outro tipo de formação, saberia direitinho quem e o que dedar.

Poliglota
Há idiomas tão expressivos! Em italiano, uma palavra exprimiria a frase de Valério. É omertà. Na onorata società, usa-se como “código de silêncio”.

Recado 2
De repente, não mais que de repente, sai uma reportagem em horário nobre na Rede Record contra Carlos Augusto Montenegro, proprietário do Ibope. Numa só matéria, um ataque – contra a empresa que tem na Rede Globo uma de suas maiores clientes; uma advertência, de que as emissoras ligadas à Igreja Universal estão insatisfeitas com sua posição nas pesquisas (e se previnem contra eventuais problemas de audiência nos Jogos Olímpicos); e uma informação, a de que estão prontas para repelir ataques de meios de comunicação que consideram inimigos.

As promessas…
A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, pretendem aproveitar a viagem a Londres, antes dos Jogos Olímpicos, para trazer ao Brasil o Museu da Ciência. Aqui, em parceria com o Governo Federal, os ingleses contribuiriam para a montagem de museus de ciência e tecnologia em estádios da Copa de 2014.
Tudo bem – mas a viagem de Dilma e Mercadante à China terminou com a promessa de instalar no Brasil uma fábrica de telas para Ipad, com investimento chinês de US$ 12 bilhões e criação de cem mil empregos, que entraria em produção até o fim de 2011. Já estamos em 2012, os chineses se dizem dispostos a abrir a fábrica, desde que com tecnologia antiga e dinheiro do Governo, e a história dos cem mil empregos é totalmente delirante.

…e os fatos
A propósito, o melhor museu de Ciência e Tecnologia da Europa está em Munique, na Alemanha, não em Londres. E, se é para incrementar estádios, há um excelente Museu do Futebol não muito longe, no Pacaembu, em São Paulo.

Viajar é bom
Enquanto o ministro da Educação pensa em Londres e nos museus, os professores universitários federais, ligados à sua pasta, continuam em greve (das 59 universidades federais, 58 estão paradas). A negociação é complicada: o Governo fixou um teto de despesas de R$ 3,9 bilhões em três anos, os professores rejeitaram a proposta. De acordo com técnicos do Governo, atender aos pedidos dos professores custaria R$ 10 bilhões em três anos.
Nesta quarta há nova reunião.

Moralismo
Uma das melhores atletas do time brasileiro de basquete, Iziane, foi cortada por indisciplina: dormiu com seu namorado. O moralismo neste país cresce e sempre contra mulheres. Qual jogador de futebol ficou a seco na Seleção?

26 de julho de 2012
Carlos Brickmann

O TEMPO PASSA, A UVA PASSA


O mundo gira, as horas voam, mas, como na precisa descrição de Minas Gerais feita por seu governador Magalhães Pinto, o Brasil continua onde sempre esteve.
Renan Calheiros, que já foi certa vez obrigado a renunciar para escapar à cassação, é não apenas líder do PMDB como pretende ser o sucessor de José Sarney na Presidência do Senado.
E Sarney? Sarney, certamente, estará disponível daqui a alguns anos para ser o sucessor de Renan na Presidência do Senado.

O Brasil está onde sempre esteve, mas algumas coisas mudam. Renan era inimigo de Sarney, e ambos eram inimigos de Lula; hoje, Renan e Sarney são amigos de infância, e Lula é padrinho de Renan.
Os três eram inimigos irrevogáveis de Paulo Maluf, mas formam hoje uma grande família. Mais do que afrodisíaco, como dizia Ulysses Guimarães, o poder faz com que aflore o lado bom de cada um e deixe os políticos cheios de amor para dar (e receber).

A lição do filósofo Aloízio Mercadante, de que tudo que é irrevogável pode ser revogado, paira sobre o país. Renan Calheiros era comunista dos mais ferozes, José Sarney era a voz civil da ditadura militar, Lula nasceu para combater a ambos e liderar passeatas com o slogan “Uh, uh, uh, Maluf no Carandiru” – uma referência ao grande presídio paulistano.

 Mas todos se abraçaram, convencidos de que só o amor constrói. E, quase 30 anos após o fim da ditadura, são seus nomes que continuam no noticiário. Amor a dinheiro e verbas também é amor.

O tempo passa, e o Brasil é o mesmo. Mas enrugado como uma uva passa.

Carlos Brickmann
26 de julho de 2012

JUSTIÇA DE JERSEY MANTÉM PROCESSO CONTRA MALUF

Argumentos da defesa do ex-prefeito de SP não foram considerados válidos pela Justiça da ilha britânica; decisão ainda não é a final



A Justiça da Ilha de Jersey rechaçou as principais teses da defesa do deputado Paulo Maluf (PP) na ação de repatriação de dinheiro supostamente desviado da Prefeitura de São Paulo durante a sua gestão (1993-1996).

A decisão, do juiz Howard Page da Corte Real de Jersey, foi tornada pública nesta quinta-feira, 26. Dessa maneira, argumentos como a falta de competência da prefeitura para entrar com a ação e uma suposta prescrição dos atos não foram considerados válidos pela Justiça da ilha britânica.

AE
Justiça não aceita tese da defesa de Paulo Maluf

A decisão ainda não é final - ou seja, ainda não houve condenação ou confirmação dos supostos desvios. Mas, para a prefeitura, foi a maior vitória jurídica nesse caso até então. A defesa das empresas offshore Durant International Corporation e Kildare Finance Limited, suspeitas de serem ligadas a Maluf e a seu filho Flávio, tentava a anulação do processo pelos motivos mencionados.

Em relação à competência, a defesa das companhias afirmou que apenas a Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), órgão municipal que realizou os pagamentos supostamente fraudulentos, teria legitimidade para propor a ação. Os advogados também usaram a jurisprudência da Corte de Jersey para afirmar que os prazos processuais estariam inadequados. Ambos os argumentos não foram aceitos pelo juiz, que determinou o prosseguimento do julgamento.

A defesa do deputado ainda não comentou a decisão da Justiça de Jersey. Para os advogados da prefeitura, esse foi “o passo mais importante” no caminho da busca pela devolução de 10,5 milhões de dólares aos cofres municipais.

Segundo a prefeitura e o Ministério Público de São Paulo, o dinheiro depositado em Jersey foi desviado dos cofres públicos durante a construção da avenida Jornalista Roberto Marinho, uma das principais obras da administração Maluf (1993-1996).
Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli
O Estado de S.Paulo
26 de julho de 2012

BRASIL "PUTÊNCIA"!

SEM "MARQUETINGUE" - CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS - RIDÍCULA : A inépcia de sempre



Lançado há um ano como uma das principais iniciativas do governo da presidente Dilma Rousseff no campo da educação, o programa Ciência sem Fronteiras continua com problemas causados pela inépcia da máquina administrativa.
A finalidade do programa é acelerar a internacionalização do ensino superior no País e estimular a formação de técnicos qualificados para os centros de pesquisa e inovação científica, oferecendo 101 mil bolsas de estudo no exterior em quatro anos, das quais 75 mil financiadas pela União e 26 mil pela iniciativa privada.
O programa foi bem recebido pela comunidade acadêmica, no seu lançamento, mas passou a ser fortemente criticado por entidades científicas e instituições de ensino superior à medida que foi sendo implementado.
Dos 11 mil estudantes enviados ao exterior entre o segundo semestre de 2011 e o primeiro trimestre de 2012, por exemplo, muitos haviam recebido só a passagem aérea, até abril.
Eles se instalaram nas cidades escolhidas para fazer graduação, especialização, mestrado ou doutorado, mas não receberam o depósito das bolsas no prazo fixado pelas agências de fomento, ficando assim sem ter como pagar aluguel, plano de saúde, alimentação, transporte e livros.
Apesar de não terem cumprido o cronograma de pagamento das bolsas, as autoridades educacionais foram implacáveis na cobrança de prestação de contas dos gastos e das atividades acadêmicas.
Outro problema na implementação do Ciência sem Fronteiras é o atraso dos convênios com as principais instituições mundiais de ensino superior. Só agora, um ano após o lançamento do programa, é que o Ministério da Ciência e Tecnologia conseguiu negociar acordos com universidades como Oxford, Harvard e Massachusetts Institute of Technology.
Os convênios têm por objetivo agilizar o processo burocrático de matrícula dos estudantes brasileiros nos cursos por eles escolhidos. Sem eles, os bolsistas têm de se submeter aos procedimentos convencionais de candidatura e aceitação, que são complexos e morosos.
Para acelerar a formalização dos convênios com universidades britânicas, medida que deveria ter sido tomada quando o programa foi lançado, Dilma aproveitará a viagem a Londres para discutir a questão com o primeiro-ministro David Cameron.
Mas agora surgiu um problema mais grave.
Sem qualquer justificativa, a principal agência encarregada de selecionar os beneficiários do Ciência sem Fronteiras - o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - não renovou as bolsas de vários estudantes.
Com isso, eles terão de voltar para o Brasil antes de concluírem o curso, o que é um absurdo. Pelas regras do programa, a permanência dos bolsistas no exterior é de um ano - período mínimo para o bom aproveitamento do intercâmbio, segundo os pedagogos. Mas, por causa da burocracia da máquina governamental, as bolsas precisam ser renovadas a cada seis meses.
Os bolsistas que não tiveram as bolsas renovadas estão estudando em universidades da Inglaterra,
Alemanha,
Bélgica,
Espanha e Canadá.
Seguindo as regras do programa, eles pediram a renovação em maio, quando enviaram os relatórios acadêmicos para avaliação de desempenho. Como até agora só receberam informações desencontradas do CNPq, correm o risco de ter suas matrículas canceladas.
As confusões causadas pela burocracia brasileira chegaram a tal ponto que algumas universidades estrangeiras já não querem mais aceitar bolsistas do programa.
Na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que está sendo realizada em São Luís, os participantes também criticaram de forma veemente a inépcia do governo na implementação de um de seus programas mais importantes.
A presidente da República, que só soube da não renovação das bolsas pelas reportagens do Estado, agiu como sempre - ficou "irritada" e cobrou explicações do CNPq. A iniciativa de Dilma pode resolver pontualmente a situação dos bolsistas prejudicados, obrigando o governo a cumprir os compromissos que assumiu.
Mas, mais do que irritação, é preciso determinação e empenho para resolver o problema da burocracia e da inépcia da administração pública.


O Estado de S. Paulo
26 de julho de 2012

BASTIDORES DA CVM: QUEREM PUXAR O TAPETE DE LEONARDO GOMES PEREIRA, NOME INDICADO POR MANTEGA PARA PRESIDIR A AUTARQUIA

Embora alguns veículos jornalísticos tenham noticiado que a ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Fernandes de Santana, está por trás da indicação do nome do novo presidente da autarquia, feita pelo ministro Guido Mantega, alguns observadores mais atentos do cenário político-sucessório que se desenvolve perante a instituição descreem, totalmente, nesta versão “oficial”.

Na rádio-corredor da CVM tem sido feita, frequentemente, uma pergunta que não quer calar: se foi realmente Maria Helena quem indicou o nome de Gomes Pereira, ao ministro Guido Mantega, para presidir a autarquia, por que ela divulgou no site da CVM durante uma semana, exatamente na semana em que o nome do novo presidente seria indicado pelo ministro da Fazenda, o fato de que Gomes Pereira respondia, como acusado, a processo administrativo sancionador, e, para nele pôr fim, celebrou um termo de compromisso de R$ 200 mil?
Que padrinho exporia seu indicado a tamanho constrangimento perante à imprensa?


Maria Helena Santana, ex-presidente da CVM

Na realidade, o que fez Maria Helena foi tentar minar a indicação feita pelo ministro Guido Mantega, com a finalidade de reverter a aprovação de Gomes Pereira na sabatina a ser realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal.
Conta-se que a saia-justa criada por Maria Helena para Mantega tem uma explicação: além de ela estar tendo dificuldades para ser recebida em Brasília pelo ministro, a absolvição de Fernando Cavendish, no caso Prece, no julgamento do Colegiado por ela presidido, teria causado enorme desconforto para a Presidente Dilma Rousseff, na medida em que a CGU havia acabado de declarar inidônea a Delta, empresa de Cavendish, atolada até o pescoço no esquema de Carlinhos Cachoeira.

Segundo fontes do mercado, Maria Helena Santana acreditou no peixe que lhe foi vendido pelo governador Sergio Cabral, no sentido de que, absolvendo Cavendish, estaria agradando a Dilma, com quem propala ter “o melhor dos relacionamentos”.
A absolvição de Cavendish na CVM, em pleno andamento da CPI que investiga suas ligações com o notório contraventor, entretanto, foi um tiro no pé, pois fez com que o Colegiado da autarquia, presidido por Maria Helena, caísse em desgraça e desconfiança perante o Palácio do Planalto.
E o ministério da Fazenda já manifestou intenção de anular o julgamento da CVM, arguindo a suspeição do relator do caso, diretor Otavio Yazbek (hoje, presidente interino), por ter prestado consultoria a corretoras envolvidas.

Outro ponto importante: a indicação de dois novos nomes, para a diretoria (Ana Novaes) e presidência (Gomes Pereira) da CVM, nomes estes técnicos e independentes, contrariou os interesses de Edemir Pinto e sua BM&FBOVESPA, de quem Maria Helena Santana é – e sempre foi! – cria, assim como Yasbek, representando, assim, forte abalo na parceria CVM-BM&FBOVESPA; sabido que a CVM, até agora, sempre foi o quintal da BM&FBOVESPA.

Não se surpreendam os leitores, então, se Maria Helena Santana e Edemir Pinto conseguirem, dado o desconforto criado perante a imprensa, derrubar a indicação de Leonardo Gomes Pereira no Senado e emplacar o nome de Roberto Tadeu Antunes Fernandes para a presidência da CVM e de Alexandre Pinheiro dos Santos, hoje Superintendente-Geral, para a vaga que seria aberta por Antunes Fernandes, na Diretoria, sonho de consumo da BM&FBOVESPA.


Edemir Pinto, da Bolsa, manobra nos bastidores

No Congresso, circula a informação de que Renan Calheiros, que tem aspiração de presidir o Senado Federal, já recebeu de Edemir Pinto a incumbência de vetar o nome de Gomes Pereira no Senado, causando todo tipo de desconforto na sabatina do executivo indicado pelo ministro Guido Mantega – não diretamente, mas através de seus correligionários integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que não terão dó nem piedade do ex-vice-presidente da GOL na sabatina, ao questioná-lo sobre o processo no qual foi acusado pela CVM.

Feito isto, o nome de Roberto Tadeu Antunes Fernandes – este sim, apoiado por Maria Helena Santana, quando esta ainda desfrutava de algum prestígio e credibilidade junto ao Ministério da Fazenda – virá como o “salvador da pátria”.

Aliás, quem foi à despedida de Maria Helena Santana no Rio Scenarium, na Lapa, ouvir chorinho e dançar um sambinha, sabe muito bem que o nome de Roberto Tadeu Antunes Fernandes foi já naquela ocasião aclamado, dada a certeza do grupo quanto aos problemas que o nome de Gomes Pereira experimentaria durante o seu percurso para ocupar a cadeira de Maria Helena.

Que Roberto Tadeu Antunes Fernandes é um bom nome ninguém duvida. O problema é que chegando ele à presidência como devedor de Edemir Pinto, Maria Helena & Cia. Ltda., será em vão a tentativa de Dilma Rousseff e Guido Mantega de colocar ordem na casa, para restabelecer a independência que faltou à CVM nos últimos casos de grande repercussão lá julgados.
Ou Dilma e Mantega abrem o olho, ou a manobra, de puxar o tapete de Gomes Pereira, permitirá que a raposa continue a tomar conta do galinheiro.

OPOSIÇÃO? ORA OPOSIÇÃO!

Não, o senador Demóstenes não matou a oposição. Não se mata o que não existe. De tempos para cá, em Brasília, só há governo. As pessoas me param na rua: “Cadê a oposição?”. Pois é. A construção da hegemonia chegou ao telhado e já faz os arremates da cumeeira, com o total sumiço da oposição como força política perceptível. O discurso oposicionista é quase confidencial.

Nem durante os governos militares a oposição foi tão reservada. Ao contrário do que os atuais comissários da história querem fazer crer, aquela atividade oposicionista, comparada com a atual, era estrepitosa.
Havia interesse e espaço nos meios de comunicação suficientes para que se afirmassem lideranças.
Embora a época fosse menos midiática, todos conheciam Tancredo, Brossard, Ulysses, Simon, Montoro, Covas, Teotônio, bem como os cassados – Brizola, Arraes, Juscelino, Lacerda. Eram tratados assim. Um nome só bastava, tal a intimidade. Sabia-se o que pensavam e faziam.

Não se atribua a anomia e a anemia oposicionistas à falta de atrativos da direita, tipo assim: se a direita fosse moça, num baile do tempo antigo, passaria a noite fazendo tricô. Definitivamente não. Quaisquer pesquisas que investiguem opiniões sobre temas específicos revela que os brasileiros se posicionam, majoritariamente, do centro para a direita do arco ideológico.

A maioria é a favor da ordem e contra a violência como instrumento da política. Quer um Código Penal severo e que as penas sejam cumpridas. Deseja reduzir a maioridade penal. Defende o direito de propriedade e rejeita invasões. É contra a proibição à posse de armas de defesa.
É contra o aborto (as mulheres ainda mais do que os homens). Reconhece o valor da instituição familiar e da religião.
Rejeita tipos como Fidel, Chávez e Morales. Quer que seja preservada a vida privada e não admite marcos regulatórios para a mídia. Em outras palavras, recusa de A a Z a agenda do partido do governo.

Este, no entanto, usou a cabeça. Primeiro, assumiu o programa econômico que derrotara nas urnas. E, depois, foi ao mercado comprar quase toda a esquerda, quase todo o centro e quase toda a direita. Bastaria isso para esvaziar a oposição. Só não está no governo quem não quer. Bombom tem para todo mundo.

O presidencialismo brasileiro, tão ruim que só fica de pé se bem escorado, fornece ambiente ideal às hegemonias. Ao longo da Primeira República, foi sustentado pela política dos governadores. Quando ela se rompeu, manteve-se pela ditadura de Vargas.
Quando ele renunciou, seguiu-se um tempo de balança mas não cai, até cair. Reergueu-se com a política dos generais.
E desde 1985 temos isto que agora alcança seu orgasmo: o presidencialismo de coalizão, com longo arco de abrangência e grande capacidade financeira de atrair interesses.

Entenda-se: o grupo hegemônico é a fonte do poder, dos privilégios, dos cargos e contratos, e dos maiores favores que se possa conceber. É um poder do qual poucos admitem ficar longe, mormente os bandidos. Nada que não se explique pelo mais elementar conhecimento da natureza humana.

Como resultado, quem quiser saber o que a oposição nacional está pensando ou fazendo terá que acessar os canais de tevê do Congresso e ver – o que é improvável – se algum dos poucos oposicionistas está na tribuna. Atingimos em Brasília, simultaneamente, o cúmulo da hegemonia, da hipocrisia e da venalidade.
Na nossa política só o dinheiro manda e como só o governo tem dinheiro, só existe governo. A oposição, então, que fale baixo e não atrapalhe os negócios.

SERVIDORES FARÃO PROTESTOS CONTRA SÉRGIO CABRAL NA SEXTA E NO DOMINGO

Nesta sexta-feira e no domingo, os servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro realizarão atividades em defesa da saúde e do Iaserj (Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro) e, consequentemente, contra o corrupto desgovernador Sergio Cabral.

Na sexta-feira, a manifestação será às 18h, no pátio do Iaserj, na Av. Henrique Valadares, nº 107- Centro -Praça da Cruz Vermelha. Haverá uma mesa redonda, com convidados e plenária.
Em discussão a demolição do Instituto (patrimônio do servidor público), remoção dos pacientes sem as devidas cautelas (à noite, sem alta médica, ferindo o Estatuto do Idoso e sem autorização dos familiares ) e os desdobramentos jurídicos e procedimentos adotados e futuros.

Domingo, às 10 horas, na Praia de Copacabana, com concentração em frente ao Copacabana Palace, para o evento/passeata A saúde vai à praia, com a participação de todos os Sindicatos, servidores públicos, familiares e população. Em discursão a saúde no Estado do Rio de Janeiro, a greve na UERJ e o direito dos servidores aos triênios.

PENSAMENTO DO DIA

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)


Especialista é o que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. Com a descoberta da nanociência, infinitamente menos sobre infinitamente mais.

MINISTROS DO SUPREMO EXIGEM AUMENTO QUE TERÁ EFEITO CASCATA NOS OUTROS PODERES

A pressão em cima da presidente Dilma Rousseff é impressionante. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto, insiste em defender a garantia de recursos, no Orçamento da União de 2013, para o reajuste salarial de magistrados e servidores do Judiciário.

Dois projetos que tratam de reajuste para o Judiciário estão tramitando no Congresso. Um deles cria novo plano de cargos e salários para os servidores do Judiciário e prevê reajuste médio de 36%, podendo chegar a 56% em alguns casos, com impacto de R$ 7,8 bilhões. O outro projeto aumenta os vencimentos dos ministros do Supremo de R$ 26,5 mil para cerca de R$ 32 mil.

Ayres Britto defende a tese de que não adianta ter projetos no Congresso que garantam o reajuste, porque, sem a garantia de recursos orçamentários, as propostas não se inviabilizam.

Segundo a reporter Tania Monteiro, do Estadão, a presidente Dilma teria repetido o discurso que tem feito ao longo do tempo para rejeitar qualquer tipo de reajuste neste momento.
Alegou a sua preocupação com a crise econômica cujas consequências ainda não são totalmente conhecidas e que não há margem fiscal para conceder reajustes neste momento, já que o governo tem dado prioridade ao enfrentamento da crise, com preservação do emprego de quem não tem estabilidade.

Mas é claro que os magistrados voltarão à carga pelo aumento salarial. Em meio a essa saraivada de greves, a situação é preocupante.
Se a presidente Dilma Rousseff aceitar a pressão do Judiciário, elevando o teto dos ministros do Supremo, haverá aumentos também no Executivo e no Legislativo, em efeito cascata.

Mas país rico é assim mesmo.
Pode deixar os profissionais da educação e da saúde na miséria, que ninguém liga. Mas a elite do serviço público tem sempre de permanecer privilegiada.

Que país é esse, Francelino Pereira? “É o pais dos magistrados”, diria o filósofo mineiro/piauiense, acrescentando: “São morosos e impunes, mas mandam mesmo!”

26 de julho de 2012
Carlos Newton

13 DE DEZEMBRO, O DIA DO AI-5 ( 2 )


PARTE 2

"Um mar de milicos na pista do Galeão"

A voz encerrou a leitura do ato às 22h30. Não muito longe das Laranjeiras, num apartamento da Rua Assis Brasil, 36, em Copacabana, o deputado federal Raphael de Almeida Magalhães, da Arena, interrompia um jantar para acompanhar pelo rádio o decreto do governo. Raphael festejaria 37 anos do dia seguinte e aproveitara para reunir alguns amigos ao redor da mesa. Estavam com ele na sexta-feira à noite seis pessoas - entre elas a economista Maria da Conceição Tavares. Minutos depois do pronunciamento, tocou o telefone. Era o então deputado Renato Archer. "Você vai ser preso, Raphael", anunciou Archer. Ele mal havia colocado o fone negro no gancho quando ligaram o ex-governador do Rio de Janeiro Carlos Lacerda e o deputado da Arena Daniel Krieger. Ambos com a mesma informação. Estavam todos certos. A campainha do apartamento tocou às 23 horas. O próprio Raphael abriu a porta e deu de cara com dois agentes do Dops do Rio de Janeiro. "Estamos aqui com uma ordem do I Exército. O senhor deve se apresentar na Polícia Central", disse um dos delegados. O outro policial chegou a pedir desculpas pelo transtorno (Raphael tinha sido secretário de Segurança Pública no governo de Carlos Lacerda e por isso era bem-quisto na polícia). O deputado pegou uma pequena valise e, diante do olhar dos amigos, disse que estava pronto para acompanhar a turma do Dops. "Mas o senhor vai levar só isso?", perguntou um dos agentes. "É que não pretendo ficar muito tempo preso", respondeu Raphael (ele ficaria cinco dias detido na Vila Militar, no bairro de Realengo).

Raphael de Almeida Magalhães tinha deixado a vice-liderança da Arena, o partido governista, no início do ano. Durante os três meses de crise entre o discurso de Márcio Moreira Alves que ofendera as Forças Armadas, em setembro, e a votação da véspera, em que o governo perdera por 216 votos contra 141, na qual se recusou a licença para processar Márcio Alves, Raphael liderara a manobra da Arena contra o próprio governo. Por isso ele foi um dos primeiros nomes da lista de prisões preparada pelo chefe do Gabinete Militar de Costa e Silva, o coronel Jayme Portella - os outros eram os deputados David Lerer e Hermano Alves, ambos do MDB, o ex-presidente Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda. Na Vila Militar, Raphael dormiu sozinho, em meio a um mar de beliches. Na manhã seguinte, dia de seu aniversário, foi procurado por um dos soldados que se preparavam para o campeonato de futebol de salão do quartel. "O senhor gostaria de jogar no nosso time?" Raphael era excelente jogador de futebol, e essa fama corria o Rio de Janeiro. Ele aceitou o convite, entrou em campo e fez um dos gols antes de se contundir e sair da quadra.

No dia 12 de dezembro, ele desembarcara no Rio de Janeiro a bordo de um avião Caravelle, num vôo da Cruzeiro do Sul, proveniente de Brasília. Deixara a capital no fim da tarde, logo depois da votação do Congresso, que decidira não permitir a licença para Márcio Moreira Alves ser processado por seus pares. Naquela ocasião, o Congresso trabalhava ao ritmo desse vôo da Cruzeiro do Sul - fazia Rio-Brasília às terças e retornava às quintas. O líder da Arena rebelde entrou no vôo com Renato Archer, Daniel Krieger, Ney Braga e Teotônio Vilela. Subiram a escada e, logo na primeira fileira, deram com o ministro da Justiça, Gama e Silva, e com o coronel Sizeno Sarmento, comandante do I Exército. Estavam os dois com o semblante fechado. Gama e Silva já levava em sua pasta o rascunho de uma versão do AI-5. "Quando a porta do avião se abriu, havia um mar de milicos esperando o Gama e o Sizeno na pista do Galeão", lembra Raphael de Almeida Magalhães. "Tivemos certeza, naquele fim de tarde do dia 12, que o governo se irritara profundamente com o desfecho do episódio Márcio Moreira Alves - e que alguma reação estava sendo preparada."

Em cima da jabuticabeira

Márcio Moreira Alves não esperou a reação do governo - na verdade, nem esperou o fim da votação na Câmara dos Deputados, em Brasília. Na manhã de 12 de dezembro ele pronunciara seu derradeiro discurso, escrito a quatro mãos com o jurista Oscar Pedroso Horta, em que defendia seu mandato e a honra do Parlamento. À tarde, ao fim da sessão, os deputados vitoriosos (entre eles 76 da Arena) começaram a entoar o Hino Nacional. Nas últimas estrofes, Márcio Moreira Alves já corria pelos corredores do Congresso em companhia do deputado Martins Rodrigues, também do MDB. Os dois foram até o aeroporto de Brasília. Ali, ele tomou um monomotor e seguiu para Ribeirão Preto, no interior do estado de São Paulo. "Naquele momento, era questão de vida ou morte", diz. "Sabia que, tendo sido escolhido como bode expiatório pelo regime, seria uma das primeiras vítimas dele." O último político a deixar a Câmara dos Deputados, naquele dia 12, foi o então líder do MDB, Mário Covas, que deixou o prédio apenas depois de rasgar e atear fogo aos documentos que tinha na gaveta.

De Ribeirão Preto, Márcio Moreira Alves foi levado num Fusca 68 para uma fazenda em Campinas, de propriedade do conselheiro Antônio Prado, com quem tinha parentesco distante. Na manhã de 13 de dezembro, Márcio Moreira Alves foi resgatado na fazenda pelo deputado Francisco Amaral. É o próprio Moreira Alves quem descreve a cena em seu livro 68 Mudou o Mundo, publicado em 1993: "Encontrou-me trepado em uma jabuticabeira na beira da piscina, tranqüilo, na certeza de que os entrelaçamentos das relações de parentesco da classe dominante brasileira, que eu aproveitara, eram impenetrável mistério para a polícia política". Márcio Alves assistiu à apresentação do AI-5, na voz de Alberto Curi, num televisor na casa de Francisco Amaral, tomando cerveja quente e comendo sanduíche.


Terminado o anúncio, virou-se para Amaral e disse: "É, não dá mais". Imediatamente Amaral telefonou para um amigo dentista militante do MDB, já falecido (José Roberto Teixeira, ex-prefeito de Campinas), e pediu ajuda. Teixeira, conhecido como Grama, tinha uma garçonnière no centro da cidade - Márcio Moreira Alves permaneceu ali uma semana e depois fugiu para o exílio. Retornaria ao Brasil, já como jornalista (hoje escreve para O Globo), apenas em setembro de 1979.

"Hoje eu quero a pressão alta"

Enquanto Márcio Moreira Alves descia da jabuticabeira, no Palácio Laranjeiras o presidente Costa e Silva recebia o chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), Emílio Garrastazu Médici. "O senhor não caiu durante a noite porque é o senhor, outro no seu lugar teria caído", disse Médici. Às 11 horas, vindo de uma cerimônia na Escola Naval, Costa e Silva convocou uma reunião com Augusto Radmaker, ministro da Marinha, Lyra Tavares, ministro do Exército, Márcio de Mello e Souza, ministro da Aeronáutica, Médici, chefe do SNI, Jayme Portella, chefe da Casa Militar, e Rondon Pacheco, chefe da Casa Civil. O ministro da Justiça, Gama e Silva, também chamado para essa reunião, chegou com atraso de 15 minutos. Entrou no gabinete do presidente da República esbaforido. Costa e Silva brincou com a demora de Gama e Silva e pediu que ele apresentasse sua sugestão para o ato que se preparava. Gama e Silva leu o esboço do texto que havia preparado. Lyra Tavares argumentou: "Assim você desarruma a casa toda". Ato contínuo, Costa e Silva pediu a cada uma das pessoas naquela sala a sua opinião sobre o que Gama e Silva acabara de ler. Por 3 votos a 2 (Radmaker e Márcio Mello aceitaram o projeto de Gama), o documento do ministro da Justiça foi rechaçado. O presidente solicitou a seu chefe da Casa Civil, Rondon Pacheco, que ajudasse Gama e Silva a preparar uma segunda versão - a definitiva.

O que havia na primeira versão do ato, chamada por Gama e Silva de "ato adicional 2", que desarrumava a casa toda? É Rondon Pacheco, hoje aposentado, quem diz: "Gama e Silva inspirou-se num ato semelhante que existira na Argentina - ele propunha a dissolução do Congresso, a intervenção direta em todos os estados e o recesso do Supremo Tribunal Federal - era inaceitável". O AI-5 em sua versão final impunha o recesso do Congresso (não sua dissolução) e, ainda que suspendesse o habeas-corpus, mantinha em funcionamento o Supremo Tribunal Federal (mesmo que, na prática, ele tenha se tornado inútil). Às 13 horas, terminada a reunião, Gama e Silva juntou-se a Rondon Pacheco numa das salas do Palácio Laranjeiras para rascunhar o AI-5. "Lembro-me de que o Gama e Silva atendia a inúmeros telefonemas com sugestões de emendas ao ato", diz Rondon Pacheco. "Eram telefonemas da área militar." O chefe da Casa Civil sugeriu que, no texto do ato, se colocasse o prazo determinado de um ano para sua vigência. A sugestão não foi acatada e se decidiu que ela seria discutida na reunião do Conselho de Segurança Nacional convocada para as 17 horas na biblioteca em estilo Luís XVI no pavimento superior.

Pouco antes, segundo relato de Jayme Portella, chefe da Casa Militar de Costa e Silva, o capitão Elcio Simões, médico particular do chefe de Estado, informou que o presidente estava com a pressão muito alta e que precisava ser medicado. Costa e Silva disse, brincando: "Não quero remédios para a pressão, hoje preciso dela bem alta". E foi ouvir música clássica e terminar as palavras cruzadas, dois de seus hábitos, até o início da reunião do AI-5.

(CONTINUA). PARTE 1 - Arquivo do dia 25 de julho de 2012

VAGAS E INÚTEIS REFLEXÕES...


A VERDADEIRA BELEZA VEM SEMPRE DE DENTRO...
DE DENTRO DA CARTEIRA, DE DENTRO DO MERCEDES, DE  DENTRO DO IATE...


SE VOCÊ ESTÁ NO FUNDO DO POÇO, LEMBRE-SE QUE SE CHOVER, VOCÊ MORRE AFOGADO!


NESTE MOMENTO, TODOS OS BARES ESTÃO REPLETOS DE HOMENS VAZIOS...


26 de julho de 2012

AH! O AMOR... E OS NOSSOS IMPOSTOS!



O amor é lindo. E lucrativo. Veja que romântico. Com nosso dinheiro.

Salários revelados: primeira-dama da Bahia recebe 14 600 reais mensais como “assessora de supervisão”

                                  WAGNER E FÁTIMA, ASSESSORA DE SUPERVISÃO...


As páginas de transparência dos órgãos públicos Brasil afora têm revelado coisas surpreendentes – e bons salários. Quem entrar, por exemplo, na página do Tribunal de Justiça da Bahia, poderá verificar que a primeira-dama, Fátima Mendonça, mulher de Jaques Wagner, tem uma remuneração mensal de 14 622 reais.
E o que ela faz? Lotada na Coordenação de Assistência Médica de Salvador, seu cargo é descrito como “assessora de supervisão geral”.
FONTE: RADAR – VEJA – Por Lauro Jardim
26 de julho de 2012

MEMÓRIA HISTÓRICA NESSES TEMPOS DE OLIMPÍADAS

Terrorismo já rondava Munique antes dos Jogos

Grupo Setembro Negro já havia cometido três atentados na Alemanha em 1972

Se quatro anos antes, no México, os punhos fechados dos atletas negros americanos contra a segregação racial mostraram ao mundo a força de um gesto para um protesto pacífico, em Munique/72 a política entraria nos Jogos de maneira trágica e violenta.

O Estado de S. Paulo - 26/7/2012
O atentado realizado na Vila Olímpica pelo grupo terrorista Setembro Negro chocou o mundo, com a morte brutal de 11 atletas israelenses e três guerrilheiros. A ação, que quase cancelou os Jogos, foi o ápice de uma série de atentados que rondavam o país-sede naquele ano.

Em 6 de fevereiro, a organização palestina já executara cinco jornalistas jordanianos acusados de serem espiões de Israel, na cidade de Bruehl, perto de Colônia. Dois dias depois, em Hamburgo, a fábrica Etroefr foi atacada com dinamite. Ela foi escolhida por ser fornecedora de material eletrônico para Israel. Também no mesmo mês e cidade, foram dinamitadas várias instalações de gás natural.

A Olimpíada de Munique tinha importância simbólica para a Alemanha, que pretendia exorcizar a tensão dos Jogos de Berlim, em 1936, usados pelo regime nazista para exibir seus ideários de superioridade racial.

Além do atentado, outros fatos fugiram do roteiro em Munique. O avião da delegação de Cuba invadiu o espaço aéreo europeu e só se identificou perto de Munique, quando pediu autorização para descer. O incidente foi relevado para não interromper "a paz da Olimpíada". 


A participação da Rodésia, país africano de regime racista, gerou manifestações de 15 nações africanas, dos atletas negros dos EUA e da Venezuela. A pressão e ameaças de boicote resultaram na eliminação do país, contra a vontade do presidente do COI.

25 de julho de 2012
Carlos Eduardo Entini
 

CULTURA DO BIOMBO

Antes da aposentadoria em novembro, quando também termina seu curto período na presidência do Supremo Tribunal Federal, o ministro Carlos Ayres Britto gostaria de deixar formatado um compromisso de esforço entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário para assegurar a aplicação de três leis consideradas por ele essenciais no combate à "cultura do biombo" em vigor desde que o Brasil se entende por gente.

Duas delas são recentes, a Lei da Ficha Limpa e a de Acesso à Informação, mas uma já completou 20 anos e ainda não "pegou": a Lei da Improbidade Administrativa, de 1992, que define punições para agentes públicos por enriquecimento ilícito, imposição de prejuízos ao Erário e infração aos princípios de transparência, probidade, impessoalidade e moralidade que regem a administração pública.

Os escândalos recorrentes e a impunidade decorrente deles dão notícia do vácuo entre a existência da legislação e sua utilidade prática.

"Tudo o que colide com uma cultura arraigada encontra resistências que precisam ser vencidas a fim de que o interesse público prevaleça sobre a inércia das velhas práticas", diz o presidente do STF, que atualmente está no meio de um embate com tribunais de Justiça de vários Estados para fazer cumprir a determinação do Supremo de divulgação dos salários do Judiciário nos termos da Lei de Acesso à Informação.

O que ele chama de "cultura do biombo" é desequilíbrio entre os deveres cobrados ao cidadão e os direitos devidos à sociedade pelo Estado no tocante à prestação de contas de maneira eficaz e transparente.

Ayres Britto considera ideal o momento em que o Supremo tem tomado decisões relativas a mudanças de costumes para se organizar uma ofensiva institucional com a finalidade de quebrar resistências a leis que, por contrariarem práticas culturalmente arraigadas, correm o risco de cair no vazio.

A ideia dele é obter a anuência dos chefes dos Poderes Legislativo e Executivo para fazer dessas três leis objeto da terceira fase do Pacto Republicano, cujas edições anteriores resultaram da reforma do Judiciário, em 2004, e no reforço das prerrogativas no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2009.
A conferir se haverá tempo e, sobretudo, interesse de adesão à proposta.

Olho vivo. Um grupo de advogados de São Paulo oficializou pedido ao Tribunal Superior Eleitoral para que os ministros tenham especial atenção ao uso de denúncias envolvendo partidos e políticos nos programas eleitorais.

É uma preocupação do PT por causa do julgamento do mensalão, mas é tema de inquietação também no PSDB que tem o governador Marconi Perillo na mira da CPI do Cachoeira.
A intenção não é impedir a abordagem desses assuntos no horário eleitoral, até porque seria impossível dada a inexistência de controle prévio dos programas.

O objetivo dos advogados é alertar a Justiça Eleitoral para o risco de possíveis distorções que possam induzir o eleitor a conclusões sobre investigações e processo em que não foram estabelecidas condenações ou absolvições.

Nisso se enquadram a CPI e o julgamento no STF, cujos cursos coincidem com a campanha eleitoral.

Sorte lançada. Em tese conta pouco ou quase nada a sustentação oral que os advogados de defesa farão logo após a manifestação da Procuradoria-Geral da República no julgamento do mensalão.

Todas as alegações de defesa e acusação já estão "no papel" desde junho do ano passado e, com base nelas e mais o relatório entregue pelo revisor Ricardo Lewandowski no mês passado, os ministros do Supremo prepararam seus votos.

Mas, na prática do rito judicial, a manifestação oral é a oportunidade de os réus, por meio de seus advogados, se dirigirem diretamente ao colegiado, o que até então fizeram apenas ao ministro revisor Joaquim Barbosa.

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
26 de julho de 2012

MENSALÃO: OS ONZE DO SUPREMO

 


O Supremo Tribunal Federal (STF) é composto por 11 ministros, que se reúnem em plenário tradicionalmente duas vezes por semana para julgar os processos mais importantes da Corte.
Eclético, o tribunal é integrado por quatro juristas com origem no Ministério Público,
quatro oriundos da advocacia
e três magistrados de carreira.
Três ministros são paulistas, três cariocas, dois mineiros, um sergipano, um mato-grossense e uma gaúcha.
Conforme estabelece a Constituição, todos os ministros são de livre indicação do presidente da República, embora tenham que ser aprovados pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, após sabatina, e pelo plenário da Casa Legislativa, antes da nomeação.
Da atual composição do Supremo, mais da metade dos integrantes foi indicada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nomeou seis ministros. Dilma Rousseff indicou dois dos atuais magistrados, enquanto os demais foram escolhidos por José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Antes de iniciados os julgamentos, os ministros costumam se encontrar em uma área restrita reservada para o lanche deles. Por lá, conversam, trocam ideias, mas não costumam combinar votos. Há quem defenda uma discussão prévia dos processos a serem julgados para que os magistrados evitem polêmicas durante as sessões. Mas isso não é realidade.São raros os acordos feitos a portas fechadas, como o que ocorreu no caso da definição do cronograma do mensalão.
Três dos ministros do Supremo acumulam o cargo com a função de integrante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente do Supremo é escolhido pelo critério da antiguidade. Aqueles que tomaram posse há mais tempo chegam ao comando do tribunal para um mandato de dois anos. O atual presidente, Carlos Ayres Britto, assumiu em abril, mas ficará no cargo por apenas sete meses, pois terá que pedir aposentadoria em novembro, quando completará 70 anos. O próximo presidente do STF será Joaquim Barbosa.

Carlos Ayres Britto (presidente)




Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Carlos Ayres Britto, 69 anos, teve um papel fundamental para que o julgamento do mensalão começasse na próxima quinta-feira. Por diversas vezes, ele cobrou pressa do revisor do processo, o ministro Ricardo Lewandowski, na entrega de suas considerações finais.

O grande temor era de que eventuais atrasos atrapalhassem a participação do ministro Cezar Peluso no julgamento, já que ele completa 70 anos em 3 de setembro e terá que deixar a Corte.

O próprio Ayres Britto também se aposentará este ano. Ele sairá do STF em 18 de novembro, depois de nove anos como integrante do Supremo. Durante quase uma década, o ministro teve sua trajetória marcada por votos em que destilou a sua linguagem poética e carimbou o seu perfil liberal. Um dos mais marcantes foi o relatório no julgamento a respeito da legalidade das uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. "Pede-se que este tribunal declare que qualquer maneira de amar vale a pena", declarou o ministro.

Indicado em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele também se destacou como relator de outros importantes processos, como o que liberou as pesquisas com células-tronco no Brasil e é descrito como um magistrado de perfil apaziguador - jamais se envolveu em discussões consideradas ofensivas com outros ministros. Sergipano, do município de Propriá, Britto integra a Academia de Letras de seu estado e é autor de seis livros.

Celso de Mello


Decano do Supremo Tribunal Federal, foi nomeado para a principal Corte brasileira em 1989 pelo então presidente José Sarney. Será o último voto proferido no julgamento do mensalão, mas, por sua respeitabilidade e capacidade jurídica expressa em seus votos, não raro consegue alterar opiniões anteriores expressas pelos seus pares. Para ele, o sistema de Justiça deve "servir às pessoas para solucionar os seus problemas, não alimentar a si próprio".

Já foi capaz de rever uma decisão meramente jurídica após uma análise detalhada do caso. Certa feita, havia negado o pedido de um detento que solicitava transferência para receber atendimentos médicos. Negou por achar que o STF não era o tribunal competente para julgar a causa. Voltou atrás ao saber que o preso era vítima de câncer e Aids e completou afirmando que "ignorar o pedido de transferência equivaleria a uma sentença de morte" Também foi um precursor na tese da fidelidade partidária.

Esperou exatos 18 anos para conseguir formar maioria em torno do argumento de que o parlamentar que muda de legenda perde o direito à vaga.
"O ato de infidelidade quer à agremiação partidária, quer, sobretudo, aos eleitores, traduz um gesto de intolerável desrespeito à vontade soberana do povo", proferiu em voto firmado em 2007.

Foi decisivo também no julgamento em que aplicou à esfera pública a mesma lei de greve do setor privado. E concedeu um habeas corpus a um preso acusado de furtar um botijão de gás no valor de R$ 20. Como justificativa o fato de que, em julho de 2004, data do furto, o objeto furtado equivalia a 7,69% do salário mínimo então vigente no país.
Marco Aurélio Mello



Um dos mais abertos e polêmicos ministros do Supremo, Marco Aurélio, 66 anos, jamais se furtou a manter suas convicções mesmo que elas não sejam seguidas ou compreendidas por seus pares. Tanto que ficou conhecido como "senhor voto vencido", por não terem sido raras as vezes em que seu voto destoou do entendimento da maioria. É primo do ex-presidente Fernando Collor.Uma das marcas de Marco Aurélio é o respeito ao processo legal. Essa postura já lhe rendeu diversas críticas, já que, em vários momentos, concedeu habeas corpus em casos polêmicos, por entender que "a prisão antes do trânsito em julgado da condenação, salvo em casos excepcionais, viola o princípio da presunção de inocência".Um dos beneficiados pelo habeas corpus foi o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, em 2000, acusado de ter se beneficiado com informações privilegiadas da desvalorização cambial de 1999. Libertado, o banqueiro, proprietário do falido banco Marka, fugiu para a Itália e só foi preso novamente em 2007, em Mônaco.Por ter cidadania italiana, não podia ser extraditado. Também votou a favor do habeas corpus para Susane von Ritchthofen e o para o explorador de máquinas de caça-níqueis Antonio Khalil, o Turcão.A paixão pelo processo legal rivaliza com o amor por seu time de coração, o Flamengo. É conhecida a história de uma tarde de domingo, quando Marco Aurélio interrompeu uma entrevista por telefone para gritar, em êxtase:"Vai, Obina".Na época, a torcida rubro-negra achava que o centroavante era melhor do que o camaronês Samuel Eto"o, então jogador do Barcelona.Gilmar Mendes


De todos os ministros do Supremo Tribunal Federal que começarão a julgar o mensalão a partir da próxima quinta, 2 de agosto, Gilmar Ferreira Mendes foi o que se envolveu na maior polêmica recente sobre o caso: a famosa reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escritório do ex-presidente do STF Nelson Jobim.Nela, Gilmar Mendes garante que Lula pediu o adiamento do julgamento do mensalão para depois das eleições municipais de outubro em troca de blindagem na CPI do Cachoeira.A relação de Gilmar com Lula sempre alternou momentos de aproximação com outros de confronto explícito. Gilmar chegou a afirmar que o país vivia um estado policialesco e um suposto grampo de uma conversa entre ele e o ex-senador Demóstenes Torres, em 2008 - desmentido posteriormente por perícias da Polícia Federal levou à queda do então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda.Para ele, por exemplo, as mais de 407 mil interceptações telefônicas autorizadas pela magistratura em 2007 são uma prova da "fragilidade do Poder Judiciário." Mendes é tido como criterioso e defensor explícito do fim das algemas nos casos de prisão, por acreditar que essa medida fere a integridade dos réus.Ex-advogado-geral da União durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o mato-grossense Mendes tem 56 anos e acredita que o julgamento do mensalão é importante para "desmistificar a ideia de que foro privilegiado rima com impunidade".Cezar Peluso


O mensalão será o último julgamento de Cezar Peluso como ministro do Supremo Tribunal Federal. Em 3 de setembro, ele se aposentará da principal Corte do país, onde entrou em 2003. Essa movimentação já gera polêmica, uma vez que Peluso, possivelmente, terá que adiantar o seu voto antes de aposentar-se por atingir 70 anos.O primeiro ministro nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a fidelidade partidária e a extensão da Lei de Greve do serviço público à iniciativa privada. Envolveu-se em uma polêmica feroz com a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, que denunciou a existência de "bandidos de toga".Logo após a declaração de Eliana, Peluso, que na época presidia o CNJ, disse que o conselho repudiava "acusações levianas que, sem identificar pessoas, nem propiciar qualquer defesa, lançam, sem prova, dúvidas sobre a honra de milhares de juízes". Também criou um mal-estar com o Palácio do Planalto ao pressionar a presidente Dilma Rousseff pelo reajuste dos servidores do Judiciário.Outra marca de Peluso é colocar-se contra situações de violação das garantias constitucionais. Certa feita, elaborou um voto de 28 páginas considerando nulo o interrogatório por videoconferência, especialmente quando não existe citação ao réu. Para ele, essa prática "limita o exercício da ampla defesa, além de ser um insulto às garantias constitucionais da igualdade e publicidade".Joaquim Barbosa (relator)


Primeiro e único ministro negro da história do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, de 57 anos, é o protagonista do processo do mensalão na Corte. Sorteado relator do caso do mensalão em 2006, coube a ele conduzir a mais extensa e importante ação da política recente brasileira.Há cinco anos, o voto de Joaquim, favorável à abertura da ação penal do mensalão, prevaleceu no julgamento em que o Supremo aceitou a denúncia apresentada pelo então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra 40 réus.O ministro Joaquim não se furta de criticar a imoralidade durante julgamentos em plenário. Foi favorável à Lei da Ficha Limpa e chegou a ser criticado por advogados de réus do mensalão que alegam cerceamento de defesa no processo - os defensores de Marcos Valério tentaram, sem êxito, tirar Joaquim da relatoria do mensalão. Polêmico, Joaquim Barbosa coleciona desafetos.Já bateu boca em plenário com os colegas Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes. Brigou no cafezinho do Supremo com o ex-ministro Eros Grau e, mais recentemente, acusou o colega Cezar Peluso de manipular resultados de julgamentos. Mineiro de Paracatu, Joaquim estudou em um colégio estadual em sua cidade natal antes de se mudar para Brasília, onde cursou o segundo grau no Colégio Elefante Branco.Graduou-se em direito pela Universidade de Brasília (UnB). Estudou línguas estrangeiras no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. O ministro iniciou a carreira jurídica como advogado. Depois, exerceu as funções de oficial de chancelaria e de membro do Ministério Público Federal, de 1984 a 2003, quando foi nomeado ministro do Supremo pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Ricardo Lewandowski (revisor)


Revisor da ação penal do mensalão, o ministro Enrique Ricardo Lewandowski, de 64 anos, experimentou no primeiro semestre do ano uma enorme pressão para liberar a revisão do processo. Em menos de seis meses, concluiu o processo no fim de junho a tempo de o julgamento ser marcado para o começo de agosto.Em abril, ao término de seu mandato de presidente do TSE, Lewandowski renunciou à cadeira de ministro daquela Corte para se dedicar em tempo integral ao mensalão. Mobilizou seu gabinete para revisar as mais de 50 mil páginas do processo e disse ter feito "das tripas coração para respeitar o que foi estabelecido pela Suprema Corte".Atencioso com advogados e jornalistas, Lewandowski deixou de lado a sua habitual tranquilidade ao se ver pressionado por colegas e por parte da opinião pública para concluir rapidamente o trabalho de revisão. Tendo a paciência como uma das principais características, o ministro dá lugar às vezes a uma certa inquietação quando não vê seus votos mais emblemáticos prosperarem.Carioca criado em São Paulo e com sotaque paulistano, Lewandowski liderou no Supremo a defesa pela validação da Lei da Ficha Limpa Enquanto presidente do TSE, abriu pela primeira vez as urnas eletrônicas para testes de segurança externos.Bacharel em direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, Lewandowski iniciou a carreira, em 1974, como advogado. Foi secretário de Assuntos Jurídicos de São Bernardo e consultor jurídico da Assembleia Legislativa de São Paulo antes de se tomar juiz, em 1990. Sete anos depois, foi nomeado desembargador do Tribunal de Justiça paulista.Lewandowski é ministro do STF desde março de 2006, quando foi nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga do ministro aposentado Carlos Velloso.Cármen Lúcia



Mineira de Montes Claros, a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, de 58 anos, acumula o cargo de ministra do Supremo com a função de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em pleno período de eleições municipais. Ela é a primeira mulher a ocupar o principal cargo da Justiça Eleitoral brasileira.

Magistrada do Supremo desde 2006, quando foi indicada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga deixada por Nelson Jobim, Cármen é especialista em direito administrativo e se destaca por lutar pelo espaço da mulher na sociedade. A ministra iniciou a carreira na advocacia privada, em 1978, e atuou como procuradora do estado de Minas Gerais antes de chegar à Suprema Corte.

Cármen Lúcia é a terceira de seis irmãos. Na infância, em Belo Horizonte, estudou em um colégio interno jantes de se graduar em direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas. Poliglota, a ministra fala com fluência alemão, espanhol, francês, inglês e italiano. Cármen é solteira e não tem filhos. Nos julgamentos, costuma falar com firmeza somente o essencial sem se prolongar nos votos.

Com hábitos simples, ela viaja sempre que possível para Minas, onde tem parentes e mantém suas raízes. A ministra gosta de contar "causos" para as pessoas próximas. Uma das boas estórias é um episódio ocorrido na entrada da garagem do STF. Em certa ocasião, Cármen foi ao tribunal dirigindo o próprio carro particular. Sem crachá, foi impedida de entrar por um segurança.

Ela relata que chegou a dizer que é "juíza" do Supremo, mas o funcionário rebateu dizendo que o Supremo "não tem juízes, mas ministros", duvidando que Cármen fosse de fato integrante da Suprema Corte.

Dias Toffoli



Aos 44 anos, José Antonio Dias Toffoli é o mais novo ministro do STF em idade, embora tenha mais tempo de Corte do que os colegas Luiz Fux e Rosa Weber. Paulista de Marília, Toffoli é colecionador de armações de óculos e tem como principal especialidade o direito eleitoral.

Graduado em direito pela Universidade de São Paulo (USP), em 1990, Toffoli iniciou a carreira três anos depois, na função de consultor jurídico da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ele também foi assessor parlamentar da Assembleia Legislativa Paulista antes de se tornar assessor jurídico do PT na Câmara dos Deputados, em 1995.

Homem de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Toffoli trabalhou como advogado do PT nas eleições de 1998,2002 e 2006. Em 2003, exerceu a função de subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, comandada na época por José Dirceu. No segundo mandato de Lula, Toffoli se tornou advogado-geral da União antes de ser nomeado, no fim de 2009, para o cargo de ministro do Supremo em substituição a Carlos Alberto Menezes Direito. Toffoli também é membro titular do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em plenário, costuma cobrar provas cabais para condenar um acusado. Em 2010, no julgamento que resultou na primeira condenação de um político pelo Supremo desde que a Constituição foi editada, Toffoli manifestou-se pela absolvição do ex-deputado José Gerardo (PMDB-CE). Mais recentemente, o ministro foi relator de uma ação contra o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) e, embora tenha votado pela condenação do parlamentar - acusado de trocar laqueaduras por votos -, Toffoli sugeriu a substituição da pena de três anos pelo pagamento de uma multa de 100 salários mínimos, mas acabou vencido no julgamento.
Luiz Fux


Magistrado de carreira, o carioca Luiz Fux, de 59 anos, não é um especialista em direito penal, mas, há três décadas na magistratura, acumula participações em dezenas de julgamentos de matérias criminais. Adepto de votos longos quando o tema merece destaque, Fux participa com frequência dos debates de assuntos mais polêmicos julgados pelo STF, não se atendo apenas ao voto. Ex-surfista, lutador de jiu-jítsu, guitarrista e cantor nas horas vagas, ele aproveita os momentos de folga no Rio de Janeiro para ficar com a família e conhecidos. Um dos mais ilustres amigos de Fux é o cantor Zeca Pagodinho. O ministro atribui à prática do jiu- jítsu sua calma e concentração para tomar decisões importantes no dia a dia.

Luiz Fux é judeu e filho de um romeno naturalizado brasileiro. Casado e pai de dois filhos, ele iniciou a carreira jurídica em 1976, como advogado da Shell Brasil, no mesmo ano em que se graduou em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Desde 1995, Fux é professor titular de processo civil da universidade. Em 1979, foi aprovado em primeiro lugar no concurso para promotor de Justiça do Rio.

O ministro também passou pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro antes de ser nomeado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2001, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Fux chegou ao Supremo em março de 2011, após ser escolhido pela presidente Dilma Rousseff para substituir Eros Grau.
Em entrevista ao Correio em novembro do ano passado, o ministro afirmou que a imprensa foi a responsável por catalogar o mensalão como um processo emblemático. Na ocasião, Fux alertou que "juiz com vocação para esse sacerdócio não condena inocente nem absolve culpado".
Rosa Weber


Há apenas oito meses no cargo de ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), a gaúcha Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, de 63 anos, carrega uma bagagem de 35 anos na magistratura.

Especializada em direito do trabalho, tem pouca experiência em julgamentos de matérias criminais, mas desde que assumiu a cadeira deixada por Ellen Gracie na Suprema Corte, vem se dedicando ao estudo do regimento interno e do Código Penal.

Discreta, Rosa costuma ser incisiva e sucinta em seus votos. Na maioria dos julgamentos dos quais participou, a ministra posicionou-se em prol de temas defendidos pela sociedade, como na análise relativa às cotas raciais e sociais de universidades públicas.

Primeira juíza de carreira a integrar o Supremo, e terceira mulher nomeada para o órgão, Rosa já está ambientada no plenário. Prefere não fazer comentários ou interromper os votos dos colegas, mas quando tem a palavra, costuma ser didática e fundamentar bem os votos.

Graduada em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rosa Weber iniciou a carreira no serviço público, em 1975, como inspetora do Ministério do Trabalho. Dois anos depois, ingressou na magistratura na função de juíza do Trabalho no Rio Grande do Sul.

Ela presidiu o Tribunal Regional do Trabalho da 4a Região, com sede em Porto Alegre, antes de ser nomeada ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em 2006. No fim do ano passado, a presidente Dilma Rousseff indicou Rosa para a vaga deixada no STF por Ellen Gracie, que se aposentou.
Especialistas apostam que o escândalo não influenciará no pleito municipal e apresenta como maior impacto para o jogo eleitoral a baixa credibilidade dos partidos no imaginário popular.

Diego Abreu Correio Braziliense
26 de julho de 2012