"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

POLÍTICA EM TEMPOS LIBERAIS

 

Escrevo invocando a figura de Amaury de Souza, morto por um câncer no pâncreas aos 69 anos na semana que passou. Foi um dos melhores cientistas políticos de sua geração. Encarou como poucos a tarefa de passar do criticar ao construir, essa travessia fundamental que a finitude e o afeto demandam.

Conheci Amaury nos Estados Unidos, em 1969, onde ele fazia doutorado em Ciência Política no MIT e eu em Antropologia Social em Harvard. Como estrangeiros e um tanto desbravadores, estabeleceu-se entre nós uma simpatia e solidariedade imediatas. Era um momento de grandes esperanças, intensas ansiedades e paradoxais expectativas.
A ditadura militar enrijecia no Brasil e nós todos - uma primeira leva de estudantes de Ciências Sociais - aguardávamos com ansiedade o retorno para compartilhar as nossas descobertas pessoais e profissionais. Um dia, em Harvard, ouvi do Amaury a seguinte frase a proposito de um ensaio que escrevi sobre a noção de má sorte - a panema - na Amazônia: "O que importa é demonstrar os argumentos. Tens argumentos?"

Jamais me esqueci da majestade da observação. Amaury dizia coisas grandes - toda a história da humanidade é uma tentativa de demonstrar argumentos - de modo direto. A última vez que com ele falei foi num seminário sobre liberalismo no qual, a caminho do palco, ele me confessou sem rodeios: "O que você fez para escrever tão bem?" Passou-me pela cabeça duvidosa do elogio generoso responder de pronto - o sofrimento; mas, logo vi, que essa derradeira pergunta era tão difícil de enfrentar quanto a primeira.

Usando uma palavra em moda, peço vênia ao leitor para louvar a sua coragem de ser um liberal num país que jamais entendeu o que é liberalismo e, graças ao prestígio imenso de sua "esquerda" e ao peso maior ainda de sua ignorância, se dá o luxo de ignorar o pensamento de gente como Alexis de Tocqueville. No Brasil, liberalismo virou nome feio e ser liberal, uma categoria acusatória. Deixo o meu pesar pela travessia do Amaury de Souza e louvo o seu exemplo de vida.

* * * *

E por falar em liberalismo, impossível não crer que Lula e toda a cúpula do PT soubessem dos meandros do mensalão. Neste Brasil onde as relações pessoais são mais importantes do que as persuasões individuais e ideológicas - aos amigos tudo, aos inimigos a lei! E, com o PT, aos companheiros, tudo isso e o céu também...
Numa sociedade marcada por múltiplas éticas, todas a serem respeitadas ou jamais discutidas, porque conhecemos seus praticantes, e dentro de um partido em que o projeto de poder sempre se confundiu com o futuro e o bem-estar da coletividade no qual ele existe, me parece impossível que Lula, José Dirceu, o famoso capitão do time, e outros próceres não tivessem articulado o plano de chegar ao socialismo compadresco petista pelo capitalismo selvagem nacional - o infame mensalão.

Não posso, por tudo o que sei sobre o Brasil, aceitar - data vênia - a tese das defesas segundo a qual a república lulista agia à americana, individualisticamente, com cada qual cumprindo religiosa e burocraticamente o seu papel oficial, num país no qual as obrigações para com os amigos abrangem aceitá-lo até mesmo na sua mais profunda ingratidão, inveja e ressentimento.
No Brasil, a amizade não se individualiza e, sendo relacional, engloba os amigos que são aturados ou suportados, por mais loucos que possam ser. Amigo de amigo é amigo; inimigo de amigo é inimigo; mulher de amigo é homem...
Conforme dizia um rebelde pernambucano que confundia liberalismo com golpe: eu resisto a tudo, menos ao pedido de um amigo! Até no outro mundo, os pistolões e as rezas nos aliviam. E como ter uma cultura escravocrata se não culpamos e individualizamos o inferior e absolvemos os superiores, com os quais nos apadrinhamos compulsivamente?

Lula foi salvo pelo papel de presidente e lembra o caso Nixon, e, mais adiante, Clinton. Em Watergate, alguns pegaram prisão. Nixon, porém, livrou-se das grades, mas foi destituído do cargo.
O tratamento privilegiado concedido aos presidentes (representados como mártires, como Lincoln e Vargas; ou como malandros que passaram raspando pelo fundo da agulha, como Clinton ou JK; ou dissolutos, como Nixon e Collor) mostra como mesmo em tempos pós-modernos a velha identificação entre Deus e rei continua atuando implicitamente junto a certos cargos públicos.
Não é, obviamente, um elo axiomático como foi no Egito e no Oriente Médio, mas o papel exclusivo abarcado pela Presidência de um país ultrapassa facilmente os limites do partido e do governo, abarcando a sociedade e seus valores.

No caso do Brasil, há um claro messianismo que todos os populistas exploram sem cessar e que é a marca do lulismo. O Brasil sou eu, diz o nosso populismo real e divino.
Um milenarismo tingindo ideologicamente que não é fácil de confrontar porque ele fala a linguagem arcaica da realeza divina e, no caso da nossa presidência divina, que isenta o presidente de atos impuros ou profanos, mesmo quando eles são inescapáveis, ele também discursa usando o mais moderno jargão desta nova língua nacional que se chama economês.
Esse idioma de um demonizado neoliberalismo que fala em mercado, competição, igualdade perante a lei, moeda forte, responsabilidade pública, fiscal e pessoal, e meritocracia. Ou seja, tudo isso que o grosso das elites brasileiras odeiam de todo o coração. E que - não tenhamos dúvidas - é o que está em jogo no julgamento desse desprezível mensalão.

22 de agosto de 2012
Roberto DaMatta - O Estado de S.Paulo

NELSON E A UNANIMIDADE

 




Nelson Rodrigues, que faria 100 anos amanhã e, por isso, está cercado de justas homenagens, iria achar graça no irônico paradoxo. Autor da famosa frase “toda unanimidade é burra”, ele é agora objeto de uma unânime admiração, ao contrário de quando despertava hostilidade por causa de suas contradições.

Revolucionário no teatro por subverter o moralismo e a caretice então vigentes, ele se dizia com orgulho um reacionário político.

Quando nos anos 60/70 os intelectuais lutavam contra a ditadura, ele os ridicularizava e a defendia; quando presos políticos eram torturados, ele apoiava os militares. Podia ser uma coisa e outra. “Sempre fui um anjo pornográfico, desde menino.”

Conheci Nelson logo após o AI-5, em 68, quando eu dividia uma cela com Helio Pellegrino no Regimento de Cavalaria Caetano de Faria, da PM.

Eles dois se gostavam tanto que um dia o dramaturgo escreveu que, se Deus o intimasse a optar entre o psicanalista e a humanidade, ele diria: “Morra a humanidade.” Apesar disso, contribuíra sem querer com suas crônicas para a prisão do amigo. Sempre exagerado, chamava-o de “nosso Dante” e o considerava um orador capaz de “mover montanhas” e agitar as massas, como fizera na Passeata dos 100 mil.

Assim, por sua atividade política, mas também pelo perigo que a repressão acreditava existir no tipo criado pelo cronista, Helio foi preso. Cheio de culpa como um penitente saído de uma de suas peças, Nelson passou a visitá-lo diariamente durante os três meses em que durou a prisão.

Na primeira vez, dei-lhe as costas, não queria saber de conversa com quem estava ao lado da ditadura. Aos poucos, porém, o psicanalista foi me ensinando a compreender aquela figura complexa, porém mais rica do que suas contradições. Acabamos estabelecendo uma relação tão afetuosa que foi ele quem, com seu prestígio junto aos generais, intercedeu para que o chefe do Estado-Maior do I Exército, ao libertar Hélio Pellegrino, me soltasse também, assim meio de lambuja, como condição imposta por Hélio: ou saíam os dois ou ninguém.

Anos depois, pude retribuir o gesto promovendo o encontro que selou a paz entre ele e Alceu Amoroso Lima, amigos de 50 anos rompidos havia mais de 20.

Numa época tão radical quanto aqueles maniqueístas anos de chumbo, em que se hierarquizavam as pessoas pela ideologia, não era fácil aceitar as contraditórias personas que compunham a personalidade do nosso genial dramaturgo que, entre tantas criações imortais, deixou a de personagem de si mesmo.

22 de agosto de 2012
 Zuenir Ventura,  O Globo

FASE DECISIVA

 

Marcelo Auler, autor do livro “Biscaia”, que será lançado em setembro, esclarece que não há nele uma referência direta a pressões que o ex-ministro José Dirceu teria feito sobre o então presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Antonio Carlos Biscaia.

O livro narra, sim, que Biscaia entendia que, se tivesse de votar pela continuidade do processo de cassação de Dirceu, como o faria no caso de ser preciso o voto de minerva, teria de imediatamente entregar o cargo de confiança para o qual o PT o havia indicado.

A votação de 39 a 15 contra o recurso da defesa acabou poupando-o da renúncia. E ele, no plenário da Câmara, votou pela cassação de Dirceu.

Caso, ao contrário, Lewandowski discorde da linha adotada por Barbosa e apresente argumentos tão convincentes quanto os da acusação, mas em sentido oposto, estará abrindo caminho para uma discussão do plenário do Supremo sobre essa questão básica do caso do mensalão.

Até o momento o ministro revisor está se mostrando um contraponto ao ministro relator apenas nas questões de procedimento do julgamento, o que leva à impressão de que também nas questões de mérito ele discordará de Joaquim Barbosa. Mas não é assim, necessariamente.

Muitos atribuem as manifestações de desagrado de Lewandowski, especialmente no primeiro dia de julgamento, a um desejo de atrasá-lo ou até mesmo de impedir sua continuidade, como quando ameaçou abandonar o cargo de revisor, o que paralisaria o processo.

Mas é preciso lembrar que também Joaquim Barbosa deixou essa possibilidade no ar ao reclamar dos seus problemas de saúde. Tudo indica que os desentendimentos entre ministros com maneiras diferentes de ver uma mesma questão podem ser superados em benefício do bom andamento do julgamento, sem que uma discordância formal sinalize um voto nesta ou naquela direção.

A tentativa de adivinhar o voto dos ministros leva a situações delicadas como a do ministro Cezar Peluso. Como se aposenta compulsoriamente, por chegar aos 70 anos, em 3 de setembro, ele teria tempo útil apenas para votar nesse primeiro bloco, que trata de desvio de dinheiro público.
A possibilidade de que antecipe seu voto integralmente, prevista no regimento do Supremo, está sendo tratada como se fosse uma medida de exceção.

Como o relator e o revisor tratarão de partes segmentadas do processo, ao fim das quais haverá uma votação, considera-se que Peluso não poderia votar antes dos dois sobre temas ainda não abordados por eles.

Mas o artigo 135 do Regimento Interno do STF não impede explicitamente essa antecipação, embora defina a ordem em que os votos devem ser tomados:

“Art. 135 — Concluído o debate oral, o presidente tomará os votos do relator, do revisor, se houver, e dos outros ministros, na ordem inversa da antiguidade.
§ 1º Os ministros poderão antecipar o voto se o presidente autorizar.”

Esse deve ser o próximo grande embate no plenário, e seria bom que a questão fosse decidida logo.
Toda a movimentação dos advogados dos réus contra a antecipação do voto de Peluso tem o pressuposto de que ele é um voto contrário aos mensaleiros, um raciocínio perverso para impedir um ministro do STF de participar legitimamente de processo que acompanhou desde o início e para o qual está preparado, como ressaltou Joaquim Barbosa.

Se Peluso quiser encerrar sua atuação no STF com um voto completo no caso do mensalão, caberá ao presidente Ayres Britto pesar todas as circunstâncias em jogo, e ele decidirá, provavelmente, com base na maioria do plenário.

22 de agosto de 2012
Merval Pereira, O Globo

MAIS UMA PROVA DA SUPERIORIDADE DO MARKETING POLÍTICO BAIANO


Programa de ACM Neto (DEM), candidato a prefeito de Salvador
 
22 de agosto de 2012

NOSSAS ESTRANHAS REGRAS ELEITORAIS

 

Foi dada a partida!De ontem ao dia 7 de outubro, quando se realizarão as eleições municipais, os moradores das principais cidades brasileiras começaram a receber a segunda dose do tratamento a que são submetidos a cada quatro anos.

Naquelas onde a eleição de prefeito não se decidir, eles ainda vão passar pela terceira fase da terapia, que irá até o último domingo de outubro, no segundo turno.

É um tratamento estranho, que combina privação e excesso. No início, tenta-se evitar que tenham acesso a qualquer informação. No final, abrem-se as comportas e toneladas de comunicação eleitoral são despejadas sobre eles.

Uma terapêutica assim não pode ser boa e, de fato, em nada ajuda na formação e consolidação de uma cultura democrática. Ao contrário, deseduca e difunde maus hábitos.

É difícil explicar como surgiu a ideia de que é melhor retardar ao máximo as campanhas eleitorais. Que é preferível que só sejam liberadas tarde, às vésperas da eleição.

Essa, no entanto, é a regra que prevalece no Brasil. Qualquer esforço de comunicação com teor eleitoral feito por partidos e candidatos antes dos últimos 90 dias é reprimido. Somente se permite que falem “para dentro”.

Tolera-se, por exemplo, a propaganda de candidaturas às prévias partidárias - desde que dirigida exclusivamente aos filiados. Aceita-se o debate das plataformas programáticas com que os partidos pretendem concorrer - desde que em recinto fechado.
É como se fosse um pecado mortal que o cidadão ficasse sabendo o que os candidatos e partidos pensam fazer na eleição.

Quem transgride a norma pode ser castigado com punições e multas. Como as centenas de condenações por “propaganda antecipada” que a Justiça Eleitoral distribui a torto e a direito.
E os que teimam em querer falar com os eleitores “antes da hora” correm o risco de perder o registro da candidatura.

A primeira metade dos 90 dias finais é um hiato que dura seis semanas. Nele, fingimos que “a eleição começou”, pois são autorizados carros de som, comitês e panfletos. Mas não é verdade, como mostram as pesquisas de intenção de voto. Salvo exceções em uma ou outra cidade, nada acontece.
Tudo permanece congelado.

Aí, o mundo muda subitamente. Nas seis últimas semanas, os eleitores das cidades onde há emissoras de televisão e rádio passam a receber quantidades maciças de comunicação.

A cada dia, em cada emissora, uma hora e meia de propaganda eleitoral. Por semana, nove horas e meia.

Os grandes beneficiários são os candidatos a prefeito, que ficam com a fatia do leão desse precioso tempo: seis horas e meia. Normalmente, não são mais que seis ou sete em cada cidade, dos quais não mais que três ou quatro competitivos. Os imensos exércitos dos candidatos a vereador – que passam do milhar nas cidades maiores - ficam com as outras três horas.

Uns têm tempo de sobra, os outros tão pouco que mal conseguem exibir suas bizarrices.
Ontem começaram as inserções, hoje os programas dos candidatos a prefeito. Para a vasta maioria dos eleitores, é quando é dada, de fato, a largada da eleição.

Estão errados os americanos, que têm campanhas que se iniciam um ano e meio antes da eleição?
Certos estamos nós? É bom para a democracia que os eleitores sejam bombardeados de informação durante poucas semanas - do jornalismo que dá destaque ao tema apenas na reta final, às horas de propaganda “gratuita”, aos debates que se multiplicam em cada emissora, às dezenas de pesquisas que são divulgadas uma após a outra?
Alguém acha que decisões eleitorais tomadas nessas condições e na última hora são melhores?

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

AUGUSTO NUNES, REINALDO AZEVEDO, MARCO ANTONIO VILLA E ROBERTO PODVAL EM TV AO VIVO ANALISAM JULGAMENTO DO MENSALÃO




Assistam porque este programa é especial e muito superior ao que vocês estão acostumados a ver nas grandes redes de televisão.
 
22 de agosto de 2012

JOVEM DE 15 ANOS REVOLUCIONA O COMBATE AO CÂNCER DE PÂNCREAS

Projeto vencedor da maior feira de ciências do mundo abre caminho para o diagnóstico precoce de um dos tipos mais letais de câncer

 
Marco Túlio Pires
Jack Andraka, aluno do ensino médio, recebeu o primeiro prêmio da maior feira de ciências do mundo, organizada pela Intel. O jovem desenvolveu um teste para diagnosticar precocemente três tipos de câncer, incluindo um dos mais letais: o de pâncreas
                         
Jack Andraka, aluno do ensino médio, recebeu o primeiro prêmio da maior feira de ciências do mundo, organizada pela Intel. O jovem desenvolveu um teste para diagnosticar precocemente três tipos de câncer, incluindo um dos mais letais: o de pâncreas (Divulgação)
 
Jack Andraka é um garoto americano de 15 anos que adora o seriado de TV Glee. Filho de pai polonês e mãe inglesa, mora com a família em Maryland, na vizinhança da capital Washington, onde cursa o primeiro ano do High School (equivalente ao segundo grau no Brasil) no North County High School, um cólegio normal. Gosta de remar em seu caiaque e fazer origamis.

A princípio, não há nada que o destaque dos demais rapazes de sua idade. Jack, porém, é um gênio. No dia 18 de maio, venceu a Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel, a maior do mundo para pré-universitários. Levou 100.000 dólares para casa, 75.000 pelo prêmio principal, 25.000 em prêmios especiais. Seu feito: desenvolver um teste simples e barato para fazer o diagnóstico precoce de três tipos de câncer, incluido o do pâncreas, um dos mais letais.

O custo é de três centavos de dólar e o resultado é obtido em menos de cinco minutos. Segundo o site da Intel, o teste que Jack criou é 28 vezes mais barato e 100 vezes mais sensível do que o conjunto de técnicas atualmente utilizado para o diagnóstico. A comparação com o teste ELISA, o mais difundido método de detecção atual, é ainda mais impactante: o método de Jack se mostra 26.667 vezes mais barato e 400 vezes mais sensível.

Jack é persistente. Depois que o tio morreu de câncer do pâncreas, passou meses pensando em formas de atacar a doença. Cerca de 95% dos pacientes morrem em até cinco anos se o tumor no pâncreas não é descoberto cedo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, todos os anos são registrados quase 145.000 novos casos de câncer de pâncreas e cerca de 139.000 mortes. Steve Jobs, cofundador da Apple, foi uma das vítimas da doença. Jack teve seu momento eureka durante uma aula de biologia em 2011.

Andraka já havia estudado os nanotubos de carbono, estruturas artificiais com a espessura de um átomo hoje usadas na indústria farmacêutica, e marcadores biológicos, substâncias
presentes no organismo que podem indicar a existência de uma doença. Ele juntou as duas coisas e começou a projetar um teste que usasse os nanotubos para detectar o marcardor biológico do câncer de pâncreas, com o objetivo de fazer isso de forma mais simples e mais barata que o teste ELISA.

"O que fiz foi criar um sensor de papel: um nanotubo de carbono de parede simples combinado com anticorpos e um marcador biológico do câncer chamado mesotelina. Os anticorpos são moléculas que se grudam em outras moléculas específicas. Meu sensor, em um estudo cego, fez o diagnóstico certo do câncer de pâncreas em 100% dos casos. Ele pode diagnosticar o câncer antes que ele se torne invasivo." Uma gota de sangue basta para fazer o teste.

Para validar sua ideia, Jack escreveu um projeto de pesquisa prevendo os materiais necessários, o tempo de utilização do laboratório, o custo e os resultados almejados. Enviou o projeto por e-mail para 200 profissionais nos Estados Unidos. Recebeu 197 'nãos'. Duas respostas nunca chegaram. "Quando estava prestes a desistir, recebi a última resposta", diz Jack em entrevista ao site de VEJA.

Celeiros de gênios

O surgimento de tantos jovens talentos científicos nos Estados Unidos não é obra do acaso. Diversas organizações estimulam e financiam premiações como a Feira de Ciências da Intel, que este ano distribuiu milhares de dólares em prêmios.

  A competição entre jovens gênios também é levada a sério na Olimpíada da Matemática (USAMO - United States of America Mathematical Olympiad), competição entre estudantes do High School que é realizada há seis décadas.

  De olho em futuros talentos para suas diversas missões espaciais, a NASA promove o Projeto Aliança Robótica. Os vencedores das diversas competição são observados de perto pela agência, que seleciona os melhores projetos, que, muitas vezes, resultam em missões bem sucedidas.
 
A resposta positiva veio do laboratório do médico Anirban Maitra, especialista em câncer do pâncreas. Maitra trabalha há 12 anos na respeitada Universidade John Hopkins, que tem uma das melhores faculdades de medicina do mundo e investe alto no tratamento do câncer. "O projeto estava tão bem elaborado, tão bem escrito e representava uma ideia tão inovadora, que foi impossível recusá-lo", diz Maitra. "Jack é um rapaz brilhante."
E esforçado. Na segunda metade de 2011, Jack começou o trabalho que duraria sete meses. O médico conta que o garoto aparecia no laboratório todos os dias, após a escola — uma viagem de 70 quilômetros. "Vinha até nos feriados e por vezes saía tarde da noite do laboratório."

Da feira de ciências para o doutorado — O teste de Jack é um projeto de feira de ciências, mas equipara-se a uma tese de doutorado. Promissora, a ideia ainda é muito jovem, e precisará passar pelo rigor e escrutínio da comunidade científica antes de chegar aos pacientes. Quando o estudo for publicado, na forma de um artigo para periódicos científicos, terá o jovem Jack como "chefe da pesquisa". "Ele já está escrevendo. Vamos enviar o artigo em breve", diz Maitra.

Jack já patenteou a técnica e começou a ser assediado por empresas que querem transformá-la em produto. Os 100.000 dólares que recebeu pela descoberta, ao vencer a feira de ciências da Intel, serão usados para financiar sua promissora carreira como patologista. "Ele já venceu outras feiras de ciência menores, sempre com projetos sensíveis às necessidades da sociedade", conta Maitra. "Sua sagacidade está sempre apontada para problemas reais da população."
O médico diz que teria orgulho em tê-lo como aluno na Universidade John Hopkins, mas sabe que ele será disputado por outros gigantes da pesquisa. "Pessoas como ele construíram o Google ou a IBM", diz. "Ele tem condições de criar sua própria empresa de biotecnologia."
Mas Jack ainda não pensa onde trabalhar. No primeiro ano do ensino médio, o que ele quer é disputar a próxima feira de ciências da Intel. E não perder o próximo episódio de Glee.

Jack Andraka

Diagnóstico rápido e barato

Jack Andraka
15 anos, vencedor da Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel

Como teve a ideia de desenvolver um teste para diagnosticar o câncer do pâncreas? A única forma de saber se alguém tem câncer de pâncreas é realizar exames periódicos de sangue. Desenvolvi um sensor que identifica uma proteína encontrada no sangue e na urina. Em grandes quantidades, ela indica que o indivíduo tem câncer de pâncreas, de ovário ou de pulmão. Trata-se então de um sensor genérico para esses três tipos de câncer.

Quanto tempo levou para trabalhar a ideia? Levei dois meses para pensar em como montar o sensor, quais reagentes usar e planejar quanto tempo eu precisaria em um laboratório. Disparei 200 e-mails para instituições como o Instituto Nacional de Saúde e fui rejeitado 197 vezes. Duas mensagens nunca chegaram. Finalmente fui aceito pelo Dr. Maitra, na Universidade John Hopkins.

Você já está trabalhando em outro projeto? No momento estou me esforçando para comercializar o novo sensor. Várias empresas já entraram em contato comigo, e registrei um pedido de patente, que aguarda aprovação.

Como o sensor funciona? Trata-se de uma pequena tira de papel com reagentes. O melhor método diagnóstico para o câncer de pâncreas requer três sensores e leva horas. Meu teste não precisa de treinamento nem equipamento especial. Uma gota de sangue basta para seis tipos de testes diferentes em cinco minutos. Além disso, ele pode ser aplicado em outras formas de câncer, monitorar medicamentos e ser adaptado para detectar outras doenças infecciosas, como salmonela, E. coli, rotavírus, aids, e doenças sexualmente transmissíveis. A ideia é fazer o teste realmente simples, para que todos os pacientes possam realizar uma vez por semana, a um custo de três centavos de dólar por teste, de modo que o plano de saúde possa cobrir.

Você se considera à frente da sua geração? Eu me considero à frente da minha geração, mas acho que a inteligência natural é superestimada pelas pessoas. Não acho isso seja o fator principal. O mais importante é o quanto cada um se dedica àquilo que gosta de fazer.

O que espera conquistar nos próximos 15 anos da sua vida? Espero poder continuar minha pesquisa. Quero ser um patologista e talvez funde a minha própria empresa de biotecnologia. Mas ainda tenho muito tempo para pensar nisso, certo?

O que você diria para jovens que desejam começar uma carreira de cientista? O mais importante é encontrar aquilo que te apaixona. Todo mundo tem a chance de se tornar um grande cientista. É apenas uma questão de encontrar sua paixão e fazer as perguntas certas. Se isso acontecer, continue fazendo as perguntas, deixe a curiosidade fluir e trabalhe duro. Sempre valerá a pena.

No vídeo abaixo (em inglês, com legendas), Jack explica sua invenção:


22 DE AGOSTO DE 2012
Revista Veja

IMAGEM DO DIA

A coruja Elton participa de pesagem e medição anual no zoológico de Londres
A coruja Elton participa de pesagem e medição anual no zoológico de Londres - Andrew Cowie/AFP
 
22 de agosto de 2012

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




EX-DIRETOR DO BANCO DO BRASIL SERÁ O PRIMEIRO CONDENADO NO MENSALÃO

 

Cometeu grave equívoco quem pensou que o ministro-revisor Ricardo Lewandoski iria absolver os réus do mensalão devido à sua amizade pessoal com o ex-presidente Lula. Logo na primeira oportunidade, Lewandowski votou nesta quarta-feira pela condenação do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato por corrupção passiva e peculato.


Pizzolato será a primeira vítima?

O relator, ministro Joaquim Barbosa, já havia votado pela condenação do ex-diretor do banco por peculato (desvio de recursos públicos), corrupção passiva e lavagem de dinheiro. E o revisor fez o mesmo, entendendo que Pizzolato recebeu vantagens para favorecer a empresa de publicidade de Marcos Valério, considerado na denúncia como operador do esquema.

O ex-diretor do Banco do Brasil recebeu, em um envelope, R$ 326 mil de Valério sacado em uma agência do Banco Rural. Para justificar o crime de corrupção passiva, o revisor considerou “inconsistente” a defesa do ex-diretor do BB sobre o fato de ter recebido R$326 mil num envelope dias antes de ter assinado uma nota técnica que determinou repasses à agência de Valério.

“A verdade é que a sua versão não condiz com as provas constantes nos atos”, disse Lewandowski. “Eu concluo que a materialidade do delito está configurada”, completou.

Segundo o ministro, o réu não conseguiu sustentar sua versão de que fez um favor ao receber o envelope e que repassou os recursos para alguém do PT. Em depoimento à Justiça, Pizzolato afirmou que não tinha conhecimento de que havia dinheiro no pacote.

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A “ENCOMENDA”

“A encomenda estava preparada e tinha destino certo. [...] Recebido o dinheiro em seu apartamento, caberia ao réu comprovar que teria entregue a outrem, mas não comprovou”, disse.
Só faltou Pissolato perguntar, espantado: “Mas quem foi que colocou esse dinheiro na minha mão?”

Segundo Lewandowski, “a vantagem ilícita oferecida tinha como objetivo que o acusado autorizasse antecipações de pagamento à agência DNA durante o contrato firmado com o Banco do Brasil no valor de R$ 73,85 milhões. Essas antecipações foram consideradas irregulares”.

Lewandowski também votou pela condenação do ex-diretor por crime de peculato (desvio de recursos públicos). Argumentou que houve a emissão de notas frias para justificar serviços que não foram prestados pela DNA propaganda.

JOAQUIM BARBOSA DIZ QUE PRESENÇA DELE NO SUPREMO INCOMODA E FAZ CRÍTICAS À IMPRENSA

 

O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, disse que a presença dele no Tribunal incomoda alguns veículos da imprensa. Sem citar nomes, o ministro também criticou a cobertura jornalística do julgamento.

“Gostaria de corrigir umas bobagens que foram ditas na imprensa. Há muita intolerância no Brasil. E para alguns periódicos neste país, incomoda muito a minha presença neste Tribunal”, disse Barbosa, em entrevista coletiva após sessão plenária de segunda-feira.

O ministro acredita que a imprensa polarizou de forma equivocada o debate sobre o formato de julgamento do mensalão, o que classificou como “falta de assunto” e “grande bobagem”. O plenário acabou acatando a proposta de Barbosa, que fatiou o julgamento por capítulos, em detrimento da proposta do revisor Ricardo Lewandowski, que defendia a leitura do voto de cada ministro por inteiro.

De acordo com Barbosa, não havia mistério sobre a disposição de seu voto, pois ele tornou seus critérios públicos em junho, em reunião administrativa para discutir o cronograma de julgamento da ação penal. Ele ainda disse que ocupou um posto “marginal” na discussão ocorrida na última quinta-feira passada sobre a metodologia do julgamento, e que o debate mais robusto foi travado entre os ministros Carlos Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Luiz Fux e Gilmar Mendes.

Barbosa ainda disse que pode mudar seu ponto de vista após exposição dos colegas e que cabe apenas ao presidente decidir se o ministro Cezar Peluso deve antecipar seu voto. “Não é da minha alçada, é da alçada do presidente. Minha preocupação aqui é proferir um voto, se eu estiver na presidência eu decidirei”.

Peluso se aposenta compulsoriamente no próximo dia 3 de setembro, e a última sessão dele na Corte será no dia 31 de agosto. O ministro só conseguirá votar por completo caso se antecipe ao relator e ao revisor em determinados temas (fatias) do julgamento. O regimento do Supremo abre brecha para o adiantamento do voto, mas a manobra é tratada como exceção.

OS MINÉRIOS E O INTERESSE NACIONAL

 

As empresas mineradoras, quase todas estrangeiras ou com forte participação de capital externo, ameaçam ir à Justiça contra o governo brasileiro. Alegam “direitos minerários”. Razão alegada: o Ministério de Minas e Energia e o Departamento Nacional de Produção Mineral, a ele subordinado, não têm emitido novas licenças para pesquisas de lavras, nem outorgas de concessão do direito de minerar. Segundo informações oficiosas, e não oficiais, a ordem é do Planalto.


Mina de Carajás, no Pará

A matéria sobre o assunto, publicada sexta-feira pelo jornal Valor, não esclarece de que “direitos minerários” se trata. Pelo que sabemos, e conforme a legislação a respeito, o subsolo continua pertencendo à União, como guardiã dos bens comuns nacionais. A União pode, ou não, conceder, a empresas brasileiras, o direito de pesquisa no território brasileiro e o de explorar esses recursos naturais, dentro da lei. Nada obriga o Estado a atender aos pedidos dos interessados.

A Constituição de 1988, e sob proposta da Comissão Arinos, apresentada pelo inexcedível patriota que foi Barbosa Lima Sobrinho, havia determinado que tais concessões só se fizessem a empresas realmente nacionais: aquelas que, com o controle acionário de brasileiros, fossem constituídas no Brasil, nele tivessem sua sede e seus centros de decisão.

O então presidente Fernando Henrique Cardoso, com seus métodos peculiares de convencimento, conseguiu uma reforma constitucional que tornou nacionais quaisquer empresas que assim se identificassem, ao revogar o artigo 171 da Constituição, em 15 de agosto de 1995, com a Emenda nº 6. Ao mesmo tempo, impôs a privatização de uma das maiores e mais bem sucedidas mineradoras do mundo, a nossa Vale do Rio Doce.

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AMÉRICA LATINA

É bom pensar pelo menos uns dois minutos sobre a América Latina, seus recursos minerais e a impiedosa tirania ibérica sobre os nossos povos. A prata de Potosi – e de outras regiões mineiras do Altiplano da Bolívia – fez a grandeza da Espanha no século 17.
O ouro e os diamantes de Minas, confiscados de nosso povo pela Coroa Portuguesa, financiou a vida da nobreza parasita da Metrópole, que preferiu usar o dinheiro para importar produtos estrangeiros a criar manufaturas no país.
As astutas cláusulas do Tratado de Methuen, firmado entre Portugal e a Inglaterra, em 1703, pelo embaixador John Methuen e o Conde de Alegrete, foram o instrumento dessa estultice.
Assim, o ouro de Minas financiou a expansão imperialista britânica nos dois séculos que se seguiram.

A luta em busca do pleno senhorio de nosso subsolo pelos brasileiros é antiga, mas se tornou mais aguda no século 20, com a intensa utilização do ferro e do aço na indústria moderna.

Essa luta se revela no confronto entre os interesses estrangeiros (anglo-americanos, bem se entenda) pelas imensas jazidas do Quadrilátero Ferrífero de Minas, tendo, de um lado, o aventureiro Percival Farquhar e, do outro, os nacionalistas, principalmente mineiros, como os governadores Júlio Bueno Brandão e Artur Bernardes.

Bernardes manteve a sua postura quando presidente da República, ao cunhar a frase célebre: minério não dá duas safras. Essa frase foi repetida quarta-feira passada, pelo governador Antonio Anastasia, ao reivindicar, junto ao presidente do Senado, José Sarney, a aprovação imediata do novo marco regulatório, que aumenta a participação dos estados produtores nos lucros das empresas mineradoras, com a elevação dos royalties devidos e que, em tese, indenizam os danos causados ao ambiente.

Temos que agir imediatamente, a fim de derrogar toda a legislação entreguista do governo chefiado por Fernando Henrique, devolver a Vale do Rio Doce ao pleno controle do Estado Nacional e não conceder novos direitos de exploração às empresas estrangeiras, dissimuladas ou não. E isso só será obtido com a mobilização da cidadania.

PENSAMENTO DO DIA

 

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)

 

CHÁVEZ LIDERA PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTO NA VENEZUELA

 

Mais uma pesquisa mostra larga vantagem de Chávez. Se as eleições fossem hoje, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, obteria 58,9 por cento dos votos, de acordo com uma sondagem do Centro de Medição e Interpretação de Dados Estatísticos 50.1.


Chavéz se eterniza no poder

O estudo, divulgado domingo pelo jornalista José Vicente Rangel em seu programa do canal privado de TV Televen, relata que o candidato opositor Henrique Capriles, da chamada Mesa da Unidade Democrática, alcançaria 31,3 por cento dos votos.

Segundo a pesquisa, em um cenário polarizado, o chefe de Estado teria 63,8 por cento das intenções de voto e seu principal concorrente, 36,2 por cento, com uma diferença de 27,6 pontos a favor do presidente candidato à reeleição.

A pesquisa, realizada entre 6 e 14 de agosto com uma amostragem de 1,3 mil pessoas em todo o país, indica que também em cenário polarizado Chávez ganharia as eleições, com 9,3 milhões de votos.
Por sua parte, Capriles obteria cerca de cinco milhões de votos. A pesquisa tem uma margem de erro de cinco pontos percentuais.

As intenções de votos foram projetadas sobre um total de 14 milhões e 500 mil eleitores. Os resultados desta pesquisa coincidem com os apresentados pela grande maioria dos institutos, que situam em mais de 15 pontos percentuais a vantagem de Chávez.

COMEÇOU O HORÁRIO ELEITORAL, QUE DE GRATUITO NÃO TEM NADA

 

Começou nas emissoras de rádio e televisão a exibição da propaganda eleitoral dita “gratuita”. A exibição é obrigatória e vai até o dia 4 de outubro, com mais um dia de tolerância para a divulgação dos candidatos e partidos pela internet e nos veículos de imprensa, ou seja, até o dia 5 de outubro, e com propaganda liberada em alto-falantes e amplificadores até 6 do mesmo mês, que Deus os perdoe por nos perturbarem tanto. Em cidades do interior há tantos carros de som pelas ruas que um atrapalha o outro e ninguém consegue ouvir o que estão transmitindo.



As eleições municipais ocorrem nos dias 7 e 28 de outubro – primeiro e segundo turnos – e se destinam à escolha dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Em outubro, haverá eleições em mais de 5,5 mil municípios de todo o país.

De gratuito o horário eleitoral não tem nada. Já foi publicado no Diário Oficial da União o Decreto 7.791 que determina que as emissoras de rádio e televisão que exibirem a propaganda eleitoral gratuita terão dedução do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).

Pelo decreto, haverá um coeficiente percentual para definir o valor a ser deduzido do IRPJ. As bases de cálculo para a dedução serão os recolhimentos mensais previstos na legislação fiscal e do lucro presumido. A apuração do valor de compensação será mensal, segundo o texto, com acréscimo por ser horário nobre e tudo o mais.
Ou seja, quem paga essa conta é você, respeitável cidadão.

NEM TUDO QUE É DE GRAÇA É BOM...

 


JUSTIÇA QUE RENEGA SEUS PRÓPRIOS PRINCÍPIOS

 

Por mais que se critique o Judiciário, e seus atores admitam que estejam em dificuldades para encontrar a solução para o caos que se instalou nos tribunais do país, é necessário que o governo encontre uma solução, sem que juízes e servidores exerçam junto aos legisladores o caráter intervencionista, conforme vem ocorrendo há duas décadas.


È fácil chegar a essa conclusão, levando em conta as inúmeras propostas lançadas pelo Judiciário no Legislativo, onde novas leis e emendas de leis não surtiram o menor efeito para desempactar a demanda e também solucionar o entrave jurisdicional.

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JUIZADOS ESPECIAIS

Enquanto os judiciários federal e estadual tiveram a implantação dos Juizados Especiais, o trabalhista ganhou o Rito Processual Sumaríssimo que trouxe alterações no texto da Consolidação das Leis do Trabalho. Mas por que isso ocorreu dessa forma? Por que a especializada também não teve implantado o seu Juizado Especial Trabalhista?

Há muito se instalou no judiciário trabalhista a cultura da reserva de mercado, seus integrantes estão fechados num ponto comum, “quem está fora não entra e quem está dentro não sai”, essa é a regra e a senha é o status dos atores que integram este judiciário.

Na verdade, de forma linear este projeto de justiça navega em águas turvas, registra um número elevado de ações (22 milhões), concentra o maior número de incidentes processuais (cerca de 40% das ações demandadas), e todas as medidas, apontadas como as solucionadoras dos problemas, quanto a morosidade e eficiência na solução do processo, naufragaram.

Hoje os advogados reclamam, a sociedade reprova, lembrando que em recente pesquisa de satisfação, esta especializada ficou com apenas 8% de credibilidade, situando-se entre os mecanismos menos eficientes do país.

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PENHORA ILEGAL

Então vejamos um fato pontual que merece reflexão, a penhora de conta corrente salário, aposentadoria e de proventos. Compartilho da corrente majoritária de que ante a proteção constitucional e o caráter alimentar dos vencimentos, salários e subsídios, a legislação não admite sua penhora, arresto ou sequestro (arts. 649, IV, 821 e 823, CPC). Nas relações de emprego, tem-se o princípio da intangibilidade salarial. Também é absolutamente impenhorável a quantia depositada em caderneta de poupança até o limite de 40 salários-mínimos (art. 649, X).
Este é o retrato de um Judiciário que brinca de esconde-esconde com coisa séria.

CASO ASSANGE

A diplomacia brasileira brilhou na crise entre o Equador e a Inglaterra


Com sede em Washington, a Organização dos Estados Americanos, a OEA, essencialmente não serve para nada. É uma opinião da qual dificilmente discordaria qualquer um dos mais de 30 países que a integram.
Pois, em sua consistente e comprovada inutilidade, a OEA acaba de ter um momento luminoso nesta semana. Por maioria esmagadora, a OEA decidiu apoiar o Equador no embate diplomático que o país trava com a Inglaterra por causa de Julian Assange.
Uma reunião foi convocada para a semana que vem, mas desde já a OEA registrou sua rejeição à ameaça britânica de quebrar a inviolabilidade da embaixada do Equador em Londres para retirar dela, na marra, Assange e depois extraditá-lo para a Suécia


Assange, na sacada da Embaixada.

Os Estados Unidos foram contra, previsivelmente. A importância histórica da decisão da irrelevante OEA está em registrar que existe um mundo novo que não acha, necessariamente, que o que é bom para os Estados Unidos é bom para todos.
O Brasil, também previsivelmente, se pôs ao lado do Equador, pela voz do chanceler Antônio Patriota. A independência brasileira em relação aos americanos na política exterior é um sinal de maturidade do país.
Clap, clap, clap para a diplomacia brasileira. De pé.

22 de agosto de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

DANGER!!!


22 de agosto de 2012
blog do beto

ADVOGADOS LIGADOS AO PSDB PEDEM IMPEACHMENT DE DIAS TOFFOLI

Justificativa é a de que ele teria ligações com réus do caso mensalão

Dois advogados ligados ao PSDB protocolaram nesta quarta-feira, na presidência do Senado, pedido de impeachment do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, por sua ligação com réus do mensalão e com o PT. Toffoli não se declarou impedido e participa do julgamento.

“Os denunciantes requerem respeitosamente seja esta denúncia devidamente recebida e processada por esse Senado Federal para fins de ser proclamada sentença que condene o denunciado à perda do cargo de ministro do STF”, diz a denúncia de crime de responsabilidade assinada pelos advogados Guilherme Abdalla e Ricardo de Aquino Salles.

Compete ao Senado, que aprovou a indicação de Toffoli para o tribunal, processar e julgar ministros do Supremo.

22 de agosto de 2012
Fernanda Krakovics - O Globo

INCOMPETÊNCIA DO GOVERNO DIANTE DA GREVE DE SERVIDORES FEDERAIS PARALISA OS SERVIÇOS DIPLOMÁTICOS

 



Tudo parado – Quando a diplomacia cruza os braços, é porque uma nação está sob o comando de incompetentes.
A situação torna-se ainda pior quando a paralisação se dá por questões salariais. Nesta quarta-feira (22), os servidores do Itamaraty decidiram retomar a paralisação das atividades, como forma de protestar contra a não participação da categoria nas rodadas de negociação sobre reajuste salarial no Ministério do Planejamento.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty), a falta de contraproposta por parte do governo foi fator decisivo para o retorno à greve. Até o momento, o Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente sobre a paralisação.

A greve afetará todos os serviços prestados pelo Itamaraty no Brasil e no exterior, principalmente a emissão de vistos, passaportes, certidão de casamento, nascimento e óbito. Até a manhã desta quarta-feira, dezenove postos da diplomacia brasileira no exterior já tinham aderido à paralisação, entre eles os da Oceania, Ásia e Europa.

Até o momento, 34 postos diplomáticos brasileiros estão paralisados: Consulado e Embaixada do Brasil em Beirute (Líbano), Embaixada do Brasil em Damasco (Síria), Consulado do Brasil em Roma (Itália), Delegação do Brasil da FAO em Roma (Itália), Consulado do Brasil em Mendoza (Argentina), Embaixada na Bulgária, Consulado do Brasil em Sidney (Austrália), Embaixada em Tel Aviv (Israel), Embaixada em Beirute (Líbano), Embaixada em Nova Deli (Índia), Consulado do Brasil em Madrid (Espanha), Consulado do Brasil em Barcelona (Espanha), Consulado em Porto (Portugal), Embaixada e Consulado em Bruxelas (Bélgica), Embaixada em Londres (Inglaterra), Consulado em Frankfurt (Alemanha), Embaixada em Abuja (Nigéria), Embaixada em Buenos Aires (Argentina), Consulado em Ciudad del Este (Paraguai), Consulado em Genebra (Suíça), Embaixada na Bulgária, Embaixada em Dublin (Irlanda), Embaixada em Dacar (Senegal), Consulado em Zurique (Suíça), Embaixada em Berna (Suíça), em Paso de Los Libres (Argentina), Embaixada em Kiev (Ucrânia), Embaixada em Santo Domingo (República Dominicana), Consulado no Cantão (China), Embaixada em Baseterre (capital de St. Kitts, Caribe), Embaixada em Baku (Azerbeijão), Consulado em São Francisco (Estados Unidos) e no Consulado em Caiena (Guiana Francesa).

Enquanto trava uma queda de braços com os servidores federais, o governo da presidente Dilma Rousseff paga com cargos na máquina estatal o apoio parlamentar que consegue manter a duras penas no Congresso Nacional. Esse enfrentamento entre servidores e governo em algum momento deve acabar, mas o desgaste político da presidente Dilma deve ser analisado com calma e parcimônia.

22 de agosto de 2012
ucho.info

GREVE DOS FUNÇAS FEDERAIS


 
Desde que foi criado lá nos idos dos anos 80, o PT sempre esteve do lado dos grevistas, fomentou muitas greves, ajudou a atrasar o país, fez presepadas inimagináveis, criou problemas para a população e o tempo passou, as greves que o PT e todo movimento da máfia sindical acabaram criando um monstrengo que hoje atende pelo mimoso nome de Defuntus Patetus.
 
E finalmente a merda pegou nas Ratazanas Vermelhas...
 
O que o PT nunca fez foi ficar do outro lado da mesa, hoje o DESgoverno da presidANTA Dilmarionete Ducheff virou vitrine e está recebendo as pedradas que os funças tem lançado contra este desgoverno inePTo, corruPTo e incomPTente.
 
As greves dos funças federais pipocam pelo país inteiro, os prejuízos para a iniciativa privada que dependem dos serviços dos grevistas, e os passageiros nos aeroportos que são tratados como lixo pelos funças em greve já estão ultrapassando todos os limites do bom senso, e o governo que sempre esteve do lado da baderna, hoje não sabe como lidar com essa situação. Então partiram para a truculência e ameaçam os funças com cortes nos pontos e retaliações.
 
Quem diria um dia vermos as Ratazanas Vermelhas bebendo do próprio veneno?
E o mais interessante é ver que quando a coisa pega para o lado deles, o comportamento é justamente o mesmo que eles sempre criticaram quando estavam no comando da bandalheira sindical.
 
Agora, o mais bizarro é ver esse cartaz que PRF em greve colocou em um posto de fiscalização da Via Dutra onde se lê que a passagem está livre para armas e drogas por culpa do DESgoverno Fedemal.
 
Bem, desde quando as armas e drogas não tiveram passagem livre nos postos de fiscalização, desde a fronteira até as estradas federais da pocilga?
O cartaz não é uma forma de protesto, e sim o atestado da verdade absoluta que é lugar comum no país.
 
Em um país minimamente sério os responsáveis pelo cartaz seriam presos por crime de lesa pátria e facilitação para o crime. Sem contar alguns outros itens do código penal que se forem estudados a fundo, certamente os comandantes das greves acabariam exonerados e presos. Mas na pocilga...
 
O movimento grevista está atrapalhando o país, é certo que muito desse movimento é para abafar o julgamento do mensalão, um dia a história irá mostrar.
 
Enquanto o DESgoverno não sabe o que fazer com esse rojão que enfiaram no rabo dele, a população e os empresários que trabalham para sustentar essa cambada de vagabundos continua sofrendo prejuízos, pessoais, empresariais, financeiros, e acima de tudo, morais.
Mas esse é o DESgoverno do PT, e se você votou nesse partido de bandoleiros e hoje sente os prejuízos das greves, meus mais sinceros, Pau na sua bunda.
 
22 de agosto de 2012
omascate

MARCO MAIA ABRIRÁ CONSULTA PÚBLICA NO PORTAL DA CÂMARA SOBRE "DESCRIMINALIZAÇÃO" DAS DROGAS

                                                               


O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), decidiu submeter a consulta pública uma proposta que prevê a descriminalização do porte e do plantio de drogas para uso próprio.
Segundo ele, a consulta deve durar três meses. Será exibida no e-democracia, endereço assentado no portal da Câmara na internet. Ali, mediante cadastro, as pessoas poderão opinar sobre a matéria.

Nesta quarta (22), Maia recebeu representantes da CBDD (Comissão Brasileira Sobre Drogas e Democracia). A entidade lidera um movimento chamado “Lei de Drogas – É Preciso Mudar!”. Tenta recolher 1 milhão de assinaturas para converter a descriminalização das drogas num projeto de iniciativa popular. Por ora, coleciona cerca de 100 mil rubricas.

“A proposta é interessante, mas polêmica. Por isso, eu sugeri a iniciativa de colocar no [site] e-Democracia”, disse Marco Maia. A ideia é que, encerrada a consulta pública, o projeto seja protocolado na Câmara. Na eventualidade de escassearem as assinaturas para sustentar uma iniciativa popular, a proposta deve ser assumida pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

A comissão do Senado que analisa a reforma do Código Penal discute uma proposta semelhante. Os senadores debruçam-se sobre um texto preparado por juristas. A peça inclui artigo que descriminaliza o porte e o plantio de maconha para consumo próprio.

22 de agosto de 2012
Josias de Souza

"MEIA-VOLTA NO SALÃO"

 

O PT não acreditava que o julgamento do mensalão aconteceria neste ano, não esperava que o relator fosse tão enfático, claro e didático na exposição dos acontecimentos que o levaram a condenar até agora quatro réus, e tampouco imaginava que a narrativa passaria ao largo da tese do caixa 2 à qual ficaram presos os advogados.

O PT apostava na prescrição dos crimes, na desqualificação da denúncia, na contraposição da “força das ruas” ao peso dos fatos, no esvaziamento do processo por obra da retórica, nas manobras para o retorno de acusados a postos de destaque na política.

O PT escorava-se, sobretudo, na inconsistência dos autos e na impossibilidade de se construir um relato provido de nexo entre causas, efeitos, atos, funções e objetivos.

O PT tinha mesmo a expectativa de que tudo acabasse conforme o prognóstico de Delúbio Soares em entrevista ao jornalista Expedito Filho, do Estado, em outubro de 2005: “Dentro de três ou quatro anos tudo será resolvido e acabará virando piada de salão. É só ter calma. Seremos vitoriosos não só na Justiça, mas no processo político”.

Acertou no varejo, o partido realmente não colheu reveses eleitorais do escândalo, mas equivocou-se no atacado porque na Justiça o prejuízo está feito, ainda que a maioria dos ministros não acompanhe na integralidade o raciocínio do relator.

O PT não contava com isso. Tanto não contava e tão autoconfiante estava que bancou o lançamento de João Paulo Cunha como candidato a prefeito de uma cidade (Osasco) “colada” a uma capital da visibilidade de São Paulo.

Para um partido que não queria ligar seu nome ao julgamento no cenário de eleição, a presença de um réu na disputa é a exposição de um elo mais que imperfeito.

22 de agosto de 2012
DORA KRAMER

OS VENDEDORES DE NUVES TENTAM ESCONDER A FALÊNCIA DO SISTEMA DE ENSINO PÚBLICO

PUBLICADO EM 14 DE SETEMBRO DE 2011


Em setembro de 2010, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) comprovou que o Brasil tem 14,1 milhões de analfabetos com mais de 15 anos de idade. A imensidão de gente que sequer distingue uma vogal de uma consoante aumenta perturbadoramente quando somados os que só conseguem rabiscar a assinatura.

Em agosto, a Prova ABC constatou que mais de 50% dos alunos matriculados na terceira série do fundamental não são alfabetizados. Nesta semana, os resultados do Enem-2010 revelaram que 53% dos estudantes das escolas públicas estão abaixo da média. Em cada dez unidades da rede oficial, oito foram reprovadas.

Um trecho da crônica de Lya Luft na mais recente edição de VEJA, reproduzida na seção Feira Livre, escancara a falência do sistema educacional.

“Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos”.

Atropelados pelo país real, os vendedores de nuvens refugiaram-se no Brasil Maravilha registrado em cartório.
“A presidente não está insatisfeita com as notas”, declamou Cândido Vaccarezza, líder do governo no Congresso e confidente de Jaqueline Roriz. “Nós atingimos a meta, é um dado positivo”.
Só se a meta for a criação do maior viveiro de analfabetos funcionais do planeta.
“Não há uma iniciativa, uma bala de prata que vai ferir de morte a baixa qualidade”, caprichou no palavrório o ministro Fernando Haddad. “Existem ações articuladas voltadas para a qualificação da escola”.

Com embalagens variadas, a mesma discurseira se repete há oito anos e meio.
Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada”, escreveu Lya Luft. “Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça”.
A grande escritora falou por todos os brasileiros que já não suportam a conversa fiada dos camelôs de si próprios.

“É praticamente impossível ter piorado a qualidade da educação na escola pública”, anda choramingando Fernando Haddad. A frase mal costurada confirma que, como tudo no sistema de ensino, também os ministros ficaram bem piores.

Só estudei em escolas públicas. Haddad se formou em escolas particulares.
Passei quatro anos no velho Grupo Escolar Domingues da Silva em companhia de dezenas de alunos pobres. Ou paupérrimos, como os que vinham caminhando, descalços, dos sítios e fazendas onde sobreviviam.

No fim do segundo ano, como os filhos da classe média de Taquaritinga, também os meninos da roça sabiam ler, escrever e falar. Todos sabíamos.

Nenhum professor nos ensinou que falar errado está certo. Nunca fomos autorizados por livros supostamente didáticos a espancar a língua culta. No terceiro ano do curso primário, nós não pegava os peixe. Nós pegávamos peixes.

E assim acabamos aprendendo a pescar as palavras corretas, caçar conhecimentos e escapar das sombras da ignorância.

22 de agosto de 2012
Augusto Nunes

 

GOD BASTOS CONFUNDE DIPLOMA DE ADVOGADO COM LICENÇA PARA TORTURAR A VERDADE

 

Na entrevista publicada pela Folha nesta quarta-feira, Márcio Thomaz Bastos enfim enxergou nuvens escuras no que sempre descreveu como céu de brigadeiro: muitos mensaleiros não escaparão da condenação. Mas ninguém será preso antes de 2013, garante.
Pelas contas do chefe dos bacharéis do mensalão, só no ano que vem ficará pronto o acórdão, como foi batizado em juridiquês o documento que resume os votos dos ministros e oficializa as penas aplicadas aos réus pelo Supremo Tribunal Federal.
 
A coisa não termina aí, anima-se: “Mesmo depois do acórdão publicado, existem embargos que impedem que o acórdão transite em julgado. Então, se houver mandado de prisão, ele será expedido quando a sentença transitar em julgado”.
 
O palavrório empobrecido por redundâncias termina com uma má notícia: “Estou adiando a aposentadoria por conta disso”. Aos 77 anos, o especialista em livrar do castigo até assassinos confessos está ansioso por acionar a usina de recursos, petições e outros truques chicaneiros forjados para retardar ou impedir o cumprimento da lei.
 
Ao longo da entrevista, o ex-ministro não usa uma única vez as palavras inocente, inocência, culpa, culpado ou mensalão. God Bastos e seus devotos revogaram o compromisso com a Justiça para comprometer-se exclusivamente com a impunidade dos clientes.
E transformaram o diploma de advogado em licença para torturar os fatos e assassinar a verdade.

22 de agosto de 2012
Augusto Nunes