"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 2 de outubro de 2011

DILMA TERÁ TRAGÉDIA ELEITORAL NO RIO - DIZ CABRAL

Divisão dos royalties do petróleo
RIO - O governador Sérgio Cabral defende com veemência que o Rio não pode ceder mais nas negociações sobre a divisão dos recursos do petróleo. Além de garantir que vai à Justiça, ameaça políticos e até Dilma Rousseff, em entrevista concedida ao GLOBO na sexta-feira à tarde, antes, portanto, do encontro com a presidente em Brasília no sábado.
"A tragédia eleitoral no Rio será dramática. Para ela e para todos que participaram, desde lá de trás, da elaboração dessa mudança do pré-sal, tudo isso virá à tona", diz.
Ele apela para a razão dos políticos e defende que a União ceda mais recursos aos estados não produtores. Ou que se aumente a alíquota dos royalties.

LEIA MAIS: Rio pode perder receita igual à verba de educação

O senhor considera um erro o novo marco legal do petróleo?

SÉRGIO CABRAL: Do ponto de vista estratégico, é um equívoco gigantesco. Eu procurei expor isso ao presidente Lula, à então chefe da Casa Civil, a ministra Dilma, naquele fatídico domingo que antecedeu o lançamento do pré-sal. Com essa lei, acaba a participação especial (PE) dos estados e municípios produtores, que é 60% da receita de petróleo e gás. Mas, como a perda ficará restrita ao que será licitado e há previsão de que a produção aumente, fizemos um pacto.

O Rio pode ceder mais?

CABRAL: O Rio não pode ceder em nada, isso seria uma violência federativa. Um caminho do governo federal é aumentar a alíquota da participação especial, que foi criada em 1997 quando o barril estava em US$ 16 e agora está em US$ 100. A Grã-Bretanha aumentou, os Estados Unidos aumentaram. Estamos falando de grandes países capitalistas, não da Líbia. As petroleiras não querem? Ora bolas, as petroleiras são mais importante que os 16 milhões de habitantes do Rio?

Mas e o argumento de que há mau uso desses recursos?

CABRAL: Se há um município que usa mal o recurso, pune-se o prefeito. Mas não se pode punir a população de Campos, Macaé, Quissamã, Cabo Frio...

O senhor sente o risco real de cair o veto e o Rio perder 97% das receitas do petróleo?

CABRAL:
Isso é quebrar o Estado do Rio. O meu apelo ao Congresso é com a responsabilidade. Não adianta nada colocar a faca no pescoço com a ameaça (da derrubada) do veto para construir um projeto que eles chamam conciliatório, que o Rio tem que ceder. O Rio não tem que ceder nada. Se estados e municípios querem botar a mão nessa receita no ano que vem, a União que faça um esforço com suas finanças.

O que ocorre se cair o veto?

CABRAL: Vamos à Justiça Federal no dia seguinte, ao Supremo.

O fim dos royalties seria mais traumático ao estado que a perda da capital para Brasília?

CABRAL: É mais trágico. E olha que quando perdemos a capital, foi trágico, foi prejuízo que não foi reposto.

Como o senhor crê que a presidente Dilma se posicionará?

CABRAL: Estou confiante de que a presidente Dilma entre nesse debate e não permita essa covardia contra o Rio. Posso garantir: ela não terá um voto a mais no Piauí ou no Ceará por botar mais alguns reais nesses estados, mas a tragédia eleitoral no Rio será dramática. Para ela e para todos que participaram, desde lá de trás, da elaboração dessa mudança do pré-sal, tudo isso virá à tona.

O senhor rompe com a presidente se ela se omitir?

CABRAL: Eu prefiro acreditar que ela não fará isso.

Há mágoa do debate?

CABRAL: É oportunismo sem cabimento. Eles (alguns políticos) não vão ter benefício eleitoral com isso, o povo é muito responsável. O carioca não veria bem se eu fizesse crítica aos benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus, aos benefícios do Norte de Minas na Sudene ou aos incentivos agrícolas no Sul e no Centro-Oeste, porque o carioca é generoso.
E o povo brasileiro é generoso. Isso é uma artimanha de alguns políticos que estão pressionando.
Eu espero que o presidente Sarney, um homem de 80 anos de idade, que foi presidente do Brasil, que ele tenha bom senso, serenidade, para não cair nesta esparrela tão desrespeitosa com a federação.
Ela não é desrespeitosa apenas com o Rio, é desrespeitosa com a federação.

Qual é a solução?

CABRAL: A União pode abrir mão da receita atual, de royalties e PE. Pode aumentar a alíquota, ou ainda pegar o campo de Libra e "monetizar", como fez com o campo de Franco para capitalizar a Petrobras.
O que não pode é o interesse da petroleira ser maior que o interesse brasileiro.
De repente descobriram o pré-sal e disseram que era o novo milagre brasileiro, mudaram a lei e tiraram o dinheiro dos produtores.
Mas vamos reagir. Essa confusão não foi criada por nós.
Havia uma regra nacional, com enorme sucesso, com conteúdo nacional, estava indo tudo bem. De repente descobriram o pré-sal e disseram que era o novo milagre brasileiro, criaram um clima em cima disso, mudaram a lei e tiraram o dinheiro dos estados e municípios produtores, tirando a participãção especial, e ainda por cima resolveram invadir as receitas atuais.
É uma sequencia... mas nós não vamos ficar parados, vamos reagir a isso, reação jurídica, política, não é uma questão que se encerra na votação do Congresso.
Votação que eu espero que não ocorra, ou que se ocorrer ocorra com a condução do governo federal que tem o papel de equilíbrio federativo e de compensação perante situações como estas.

O senhor acredita que povo do Rio protestará nas ruas?

CABRAL: Não me responsabilizo pelo que pode acontecer, nem pelos meus próprios atos.

O senhor confiou demais no acordo com Lula (que o Rio não seria prejudicado)?

CABRAL: Nós confiamos no princípio de que os acordos devem ser respeitados, no diálogo, fomos à Brasília, negociamos, e eu confio nas pessoas. Espero que não me decepcionem.

Publicada em 02/10/2011
Henrique Gomes Batista

QUEM É LAERTE COUTINHO?

Quem leu o post QUEM É IRINY? poderia ficar intrigado com a súbita citação do nome Laerte, no meio da história Iriny/Gisele. O interesse em saber quem é Laerte afinal, e o que faz no meio desse imbroglio? Daí para a pesquisa foi um pulo. Essa razão que me leva a colocar a entrevista no programa Provocações. A quem interessar possa...








QUEM É IRINY?

Ministério da Dilma: um recorde de zeros à esquerda e à direita

A ministra Iriny foi entrar num território que lhe é inteiramente inóspito e desconhecido – a sensualidade como milenar arma de sedução feminina – e se deu mal, ao enxergar numa top model que fatura 30 milhões de dólares por ano, nunca estoura o cartão de crédito (que é ilimitado) e não bate o carro do marido (porque tem motorista privativo) um símbolo das vítimas do “sexismo” de inspiração machista.

Esta teria sido a intenção do diretor de criação do comercial da Hope: “Vamos pagar três milhões de dólares para a Gisele se fazer passar por uma coitada que se humilha de lingerie diante do marido só porque fez três besteiras. Um milhão de dólares por besteira”.

Sem entrar no mérito da saudável polêmica sobre propaganda e machismo, e cumprimentando a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres pela ousadia de ter dado sua cara para bater, o fato é que a Hope está desarrolhando sucessivas garrafas de champagne brut.

Graças à indignação de Iriny, um comercial chinfrinzinho ganhou status de paixão nacional. É o melhor dos mundos para uma campanha publicitária, mesmo que ela seja suspensa – ou você duvida que, nesse caso, a agência virá com uma réplica ferina?

Fora isso, há algum outro benefício nacional nessa celeuma? Sim. Além da possibilidade (inimaginável no sentido real) de meter o pau na Iriny, ganhamos uma informação preciosa, nove meses após o início do governo Dilma: o país tem desde janeiro uma ministra chamada Iriny Lopes (e isso é notícia fresca, porque ninguém sabia).

A aparição de Iriny, esta semana, finalmente explica a estranhíssima metamorfose do cartunista Laerte numa das figuras mais aberrantes da prática do chamado crossdressing — eufemismo modernoso para o velho travestismo dos que tomam a decisão tardia de sair do armário e ironicamente se enrustem sob a fantasia espalhafatosa.

Quer dizer então que tudo não passava de uma paródia performática de Laerte, uma homenagem às mulheres brasileiras através da mimetização grotesca da ministra que hoje as representa em nível federal?

Conhecido seu modelo, Laerte agora está dispensado de continuar tentando explicar por que deixou de ser um homem que só chamava a atenção por seu talento para se transformar numa mulher que se impõe pela feiúra. A secretaria comandada por Iriny, que tem status de ministério só para garantir mais cargos e em faixas superiores de remuneração, também está dispensada de existir: não disse uma palavra, não moveu um foulard pela mulher que perdeu seus bebês gêmeos na porta da Santa Casa de Belém do Pará por incúria, negligência e omissão de socorro.
Mas a ministra soube se revelar uma fera ferida por causa da lingerie da Gisele. Com essa brutal inversão de funções, o ministério das mulheres é uma afronta à sua clientela.

O caso Iriny-Gisele-Laerte está rendendo bons esfregaços dialéticos e ótimas risadas – sobretudo nesta coluna. Mas, na esteira desse jocoso escândalo, outro, mais grave, se camufla sob as calcinhas vermelhas da Hope: o ministério de Dilma.


ACOMODANDO A CUPINCHADA

São 38 pastas, das quais pelo menos 10 criadas só para fazer média com parcelas do eleitorado ou acomodar a cupinchada.
Sete titulares desse ministério já foram trocados – e muitos outros poderão e poderiam ser substituídos a qualquer momento, de um dia para o outro, sem afetar o funcionamento de um único balcão de repartição pública sob a óptica dos serviços prestados à população.
Por acaso as ações da Petrobras cairiam se o ministro Edison Lobão de repente virasse frentista de posto de gasolina? A Apple deixaria de vender um único iPad no Brasil se o ministro Aloysio Mercadante deixasse a pasta da Tecnologia para ser um hacker?

À parte os casos de gatunagem despudorada e cínica, o ministério de Dilma é caracterizado por sua mediocridade. Distinga-se: há os ministérios “ideológicos” e politicamente corretos – como as secretarias da Iriny e da Igualdade Racial – e os balcões de negócio.

Mas o nível médio do ministério é muito, muito baixo. Tentativas de comparar a estatura do ministério de Lula-Dilma (cujo padrão é Pedrinho Novais, que mede 1m46) com governos anteriores da República serão muito cruéis.
Sempre houve nos ministérios republicanos um punhado de grandes nomes com história pessoal já escrita — nomes que poderiam merecer biografia própria, e muitos que, pela notoriedade e obra, viraram nome de ruas, avenidas e praças.

Imagine: Paulo Brossard foi ministro de Sarney. Antonio Houaiss e Fernando Henrique Cardoso, de Itamar Franco. O peso dos nomes ministeriais tem a ver com postura, atitude, nível intelectual, história pessoal.

Um governo adquire credibilidade a partir da equipe principal que escolhe. Nesse requisito, o PT de hoje atinge a miserabilidade. O atual ministério bate recorde em zeros à esquerda (e à direita também, se é que me entendem) -– e o padrão Pedrinho-Gastão é insuperável na historia republicana: indivíduos absolutamente estranhos ao grande e ao pequeno público, não são conhecidos nem no universo político de Brasília, não podiam ser pesquisados no Google antes de janeiro de 2011, não têm registro de sua passagem pelo planeta, não têm historia de vida, de cátedra, de obra, de livro publicado, de tese defendida, de discurso proferido, de projeto apresentado.

A impressão digital de seus currículos de quatro linhas, incluindo nome, endereço e filiação, é o sempre suspeitíssimo dedo de Sarney. O atual ministério é um fenômeno político, merece entrar no Guinness pela quantidade de assombros que reuniu na Esplanada.

Ministro com peso político e pessoal próprio é necessidade republicana. Sendo uma nulidade, não terá como resistir às pressões da sua “base” para conceder favores, verbas, empregos – ou fazer bobagem em nome de “teses”, como Iriny.

Um ministro de peso próprio tem blindagem maior para resistir a pressões, que vêm de todo lado, todos os dias.
Quem ganhou um ministério na loteria – como Gastão Vieira — fará qualquer coisa para ficar. Um ministro sem densidade própria é na realidade um “laranja” de quem lhe banca e fará qualquer negocio para manter sua inédita importância antes de voltar à vala comum de onde saiu.


Iriny, que deve ser muitíssimo bem intencionada, teve seus inglórios momentos de glória graças a Gisele Bündchen – voltará logo ao silêncio e à ineficácia acaciana de sua secretaria. E, no fim das contas, o que terão ganho as mulheres brasileiras com esse auto da compadecida da ministra diante do sacrilégio da lingerie vermelha?

Rigorosamente nada – a exceção sendo as funcionárias da Hope que, se tiverem participação nos lucros da empresa, receberão um belo bônus este ano.

Celso Arnaldo Araújo

QUEM DIRIA! SAIU DIFERENTE DO PATRONO...


O deputado Tiririca (PR-SP) tem sido um dos mais econômicos da Câmara, informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada na edição desta quarta-feira do jornal Folha de São Paulo. Gastou só R$ 42,03 em março, com “serviços postais”. Em janeiro, pediu reembolso de R$ 519 por duas passagens aéreas sendo que uma delas custou R$ 80.

O deputado Waldemar Costa Neto (PR-SP), que lançou Tiririca na política, gastou R$ 17,6 mil em janeiro, com escritório, seguranças e telefonia.

MAIS UMA PIZZA SERVIDA FRIA PARA A NAÇÃO

Ameaças de Valdemar e deputados do PR teriam pesado para livrá-lo no Conselho de Ética

Deu em pizza

BRASÍLIA - Além do espírito de corpo, ameaças de deputados do PR pesaram na decisão do Conselho de Ética da Câmara , presidido por José Carlos Araújo (PDT-BA), de arquivar, por 16 votos a 2, as acusações contra Valdemar Costa Neto (PR-SP), sem nem abrir investigação sobre a suspeita de participação no esquema de irregularidades.

Segundo relatos feitos por integrantes do PR ao GLOBO, Valdemar poderia se transformar numa espécie de novo "homem-bomba" se fosse abandonado pelo governo e seus aliados no Congresso.

Colegas de Valdemar faziam referência ao deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que denunciou o mensalão em 2005, ao se sentir preterido pelo Palácio do Planalto.

O recado do PR chegou para as bancadas da base aliada e até mesmo ao núcleo do governo.
Um deputado do partido lembrou que Valdemar tinha toda a memória das negociações com o PT nas eleições de 2002 e 2006, quando o ex-presidente Lula foi candidato, e em 2010, quando a presidente Dilma Rousseff foi eleita.
Na primeira eleição, em 2002, ele chegou a admitir que negociou pelo então PL um financiamento pelo caixa dois. Na ocasião, o PR indicou José Alencar para ser o vice de Lula.

A assessoria do deputado Valdemar Costa Neto negou que houve ameaça por parte dele. Se ocorreu ameaça por parte de deputados do PR, disse a assessoria, foi por conta própria deles.

Valdemar é também réu no processo do mensalão, e em 2005 renunciou ao mandato para escapar da cassação e não perder seus direitos políticos. Foi eleito novamente deputado em 2006 e 2010.

UMA PESQUISA PRA LÁ DE INTERESSANTE... E ASSUSTADORA!!!

É impressionante!
Uma simples pesquisa pode revelar, não apenas o nível de consciência ou informação das pessoas, mas a dificuldade em compreender o significado de conceitos, palavras, dificuldade com a própria língua portuguesa, sobre um tema candente que vem incendiando noticiários, com o envolvimento de políticos, projetos de lei, paradas, manifestações, discursos e sei lá mais o quê... E agora? O que fazer com os temas políticos, como o voto distrital, por exemplo? Quantas pessoas saberiam do que se trata? Ou sobre o Conselho de Ética e outras Comissões? Ou sobre a discussão da necessidade de uma Assembléia Constituinte? Ou sobre o que acontece no cenário politico nacional?

E sobre alguns temas de natureza econômica, que influenciam e alteram o
cotidiano das pessoas, o que pensar? E no internacional?
É assustador! Pensar que o destino das democracias de massas, com eleições livres, sem distinção ou exigências de alguma formação, mas aberta a todos os cidadãos, analfabetos ou analfabetos funcionais, repousa no voto direto, sob o massacre midiático de interesses, manipulando a opinião pública, com campanhas eleitorais caríssimas... O que se pode esperar?!
Com certeza, isso explica muita coisa...
m.americo

O apresentador Claudio Elias foi as ruas de João Pessoa, PB, e perguntou:
O QUE VOCÊ FARIA SE SOUBESSE QUE SEU FILHO(A) É HETEROSEXUAL?
Vejam as respostas da população.

SOBRE O VOTO DISTRITAL - VOTO CONSCIENTE

Não é a primeira vez que um fato isolado expõe com crueza a separação entre o que quer a sociedade e o que fazem os políticos. A absolvição da deputada federal Jacqueline Roriz, flagrada em filme recebendo uma propina do esquema do então governador Arruda em Brasília, foi um tapa na face da opinião pública e explicitou a necessidade de uma mudança na representação congressual para aproximá-la do sentimento da sociedade.

A proposta de reforma política apresentada pelo relator da comissão especial, o petista Henrique Fontana, dá, com a lista fechada, uma força às direções partidárias que elas não estão a merecer.

A proposta de voto distrital, em contrapartida, dá ao eleitor a chance de fiscalizar de perto a atuação de seu escolhido e, por isso, a adesão ao manifesto se amplia.

A legitimidade do Congresso Nacional como instituição estaria ameaçada por práticas fisiológicas que já são nossas velhas conhecidas: clientelismo, malversação, promiscuidade.

Os defensores do voto distrital alardeiam pesquisas que mostram que um mês após a eleição, 30% dos eleitores já não se lembram em quem votaram, pois votam sem conhecer bem os candidatos.

Este número aumenta para 70% em relação às eleições anteriores. O mesmo processo aconteceria em relação ao candidato, que, tendo uma votação fragmentada, não se sentiria ligado ao eleitor e, por outro lado, os eleitos por votos corporativos só se sentiriam responsáveis por aqueles nichos em que atuam.

O voto distrital é um sistema de voto majoritário no qual um estado (ou cidade) é dividido em pequenos distritos com aproximadamente o mesmo número de habitantes. Cada partido indica um único candidato por distrito e cada distrito elege um único representante pela maioria dos votos.

O movimento #euvotodistrital defende o sistema majoritário de dois turnos, ou seja, o voto distrital puro. Essa modalidade, alegam seus coordenadores, além de trazer todos os benefícios do distrital como conhecemos, preserva os interesses das minorias ao exigir segundo turno, caso o candidato não tenha 50%+1 dos votos.

Já está em tramitação um projeto de lei que determina que as eleições para as câmaras em municípios com mais de 200 mil habitantes sejam feitas pelo sistema majoritário, proporcionando aos eleitores a experiência de viverem um sistema eleitoral diverso, para que, no futuro, possa ser adotado em outras eleições legislativas.

Uma das características do voto distrital seria possibilitar ao eleitor trabalhar contra um candidato, o que, no atual sistema brasileiro, simplesmente não existe.

Um parlamentar corrupto em busca da reeleição dispõe, no sistema atual, de caminhos para contornar resistências e continuar fraudando o mandato popular. Como é o caso do deputado Valdemar da Costa Neto, que se elegeu às custas das sobras de votos de Tiririca.

As vantagens do sistema distrital majoritário são muitas, segundo os formuladores do projeto: é um sistema simples e de fácil implantação; incentiva a participação do eleitor, que exerceria maior vigilância e fiscalização sobre o representante eleito do seu distrito, e permitiria diminuir o custo das campanhas eleitorais para o país como um todo.

Cada partido só poderá apresentar um candidato por distrito, reduzindo drasticamente o número de candidatos nos estados e no país.

Além disso, o candidato concentrará sua campanha no distrito no qual concorre, tendo fim as campanhas eleitorais milionárias em que os candidatos, no sistema atual, se veem obrigados a fazer campanha em todo o estado.

Uma campanha milionária num distrito, por sua vez, será escancarada perante o eleitor, podendo criar constrangimentos.

Na definição do cientista político Amaury de Souza, que também está envolvido na campanha, o voto distrital, ao adensar a relação do eleitor com o deputado, fortalece o Poder Legislativo face ao Executivo.

A acusação de que o voto distrital é paroquial é rejeitada pelos coordenadores da campanha, que afirmam que, ao contrário, o voto distrital majoritário é muito menos provinciano e paroquial do que o sistema atual.

Um deputado que disputa uma eleição majoritária num distrito que pode ter 250 mil eleitores é obrigado a compor com todos os interesses daquela comunidade, não pode ser paroquial.

Ao contrário do paroquialismo, o voto distrital majoritário modernizaria, tornaria cosmopolita a representação na Câmara.

Para Amaury de Souza, o distrital majoritário torna a eleição mais inteligível, o eleitor vê melhor a relação entre seu voto, seu candidato e o vencedor.

Uma projeção das bancadas partidárias, respeitando-se o número de cadeiras existentes para cada estado na Câmara dos Deputados, e criados tantos distritos quantas cadeiras estarão sendo disputadas, mostra um quadro de perdas e ganhos para os partidos.

O PT, por exemplo, perderia oito cadeiras na Câmara, enquanto o PMDB ganharia nada menos que 14. O PSDB ganharia cinco deputados federais, enquanto o DEM perderia dois. PP, PR, PDT e PCdoB seriam os partidos mais prejudicados: cada um perderia cinco deputados federais. Entre os nanicos, o PSC perderia seis deputados federais.

- Evidentemente, esse cálculo foi feito com base em resultados de uma campanha proporcional. Com o voto distrital, os critérios de escolha do candidato têm que ser outros, daí a vantagem do sistema, que aproxima o eleito do eleitor - defende Amaury de Souza.


VAMOS VOTAR, MINHA GENTE

E PARTIR PARA CIMA DOS BANDIDOS QUE SE FAZEM DE IMPORTANTES, EMBORA DEPENDAM DE NÓS.


Merval Pereira, set.2011

ÓDIO FAZ MAL À SAÚDE

Artigos - Cultura

A troca do específico pelo genérico é uma dos meios mais torpes de falsificar as palavras alheias. Ninguém recorre a ele sem ser movido por ódio extremo à pessoa da vítima.

Se existe neste país uma vítima de hate speech, sou eu, tendo como único concorrente possível o Reinaldo Azevedo. Já recebi centenas de mensagens que ensejavam a minha morte ou a celebravam antecipadamente, isto quando não prometiam tomar as medidas necessárias para que ela se produzisse o quanto antes.

Muitas alegavam, como justificativa dessa proposta singela, nada mais que as reações fisiopatológicas que seus remetentes haviam sentido ante argumentos e explicações que, por falta de resposta possível, os enchiam de raiva impotente, o mais desconfortável e humilhante dos sentimentos humanos.

Eis uns trechos da mais recente, enviada por um tal Wanderley Lima, e-mail pilgrimoz52@yahoo.com.br (por que deveria eu ocultar a identidade do delinqüente?):

“Comprei e li seu livrinho sobre Maquiavel. Fez-me bem, fazia tempo que não conseguia vomitar, pena que a sensação de nojo não passou ainda. Acho, sinceramente, que está na hora de você morrer, sei lá, uma doença fatal, um atropelamento, despencar do elevador... Não vale queda de avião porque vai exigir que outros ou outro vá junto... se bem que, se você conseguir reunir seus amigos, fãs e admiradores talvez a idéia do avião não seja em vão. Para alguém como você o ar que respira faz falta em gente que precisa dele, ar, para viver; sua vida não merece continuar carregando seu cérebro (?), corpo e quejandos. Hum... tente veneno de rato, dizem que faz milagre em matéria de matar.”

A expressão de desejos assassinos acompanhados de desarranjos gastro-intestinais é a forma usual de crítica literária que os imbecis exercem a respeito dos meus escritos. Prova inequívoca de que odiar faz mal à saúde.

A coisa vem de longe. Já no ano de 2000 eu escrevia à Folha de S. Paulo, em resposta a duas cartinhas ali publicadas (confiram em http://www.olavodecarvalho.org/textos/sintomas.htm):

“A constância obsessiva com que expressões de repugnância física - asco e desejos de vômito - aparecem nos protestos das pessoas que me odeiam é para mim um motivo de lisonja e satisfação. Assinala que, diante dos meus escritos, essas criaturas se vêem privadas do dom de argumentar. Paralisada a sua inteligência pela obviedade do irrespondível, vem-lhes o impulso irrefreável de uma reação física. Já que lhes arranquei a língua, querem sair no braço. Mas, como bater em mim seria ilegal e ademais as exporia à temível possibilidade de um revide, a última saída que lhes resta é voltar contra seus próprios corpos o sentimento de raiva impotente que as acomete, donde resulta todo um quadro sintomatológico de diarréia, tremores, cólicas e convulsões. Não suportando passar sozinhas por tão deprimente experiência clínica, apressam-se então em registrá-la por escrito e publicá-la na Folha de S. Paulo, na esperança de que alguém mais forte, revoltado ante a exibição de tanto sofrimento, dê cabo do malvado autor que as deixou nesse estado miserável. Como esse anseio não se realizará, o que se recomenda para o momento é o tratamento de praxe com soro fisiológico para contrabalançar a perda de fluidos vitais.”

Mas sempre aparece algum mais esperto, -- daquela esperteza que é a imitação simiesca da inteligência -- que, em vez de expressar ódio francamente, procura despertá-lo nos outros enquanto ele próprio se esconde por trás de uma fachada de neutralidade superior.

Anos atrás, um grupo de constipados, diarréicos e dispépticos montou no Orkut uma comunidade sob o título “Nós odiamos o Olavo de Carvalho”. Tempos depois, tendo subido um grau na escala da malícia, trocaram o nome da coisa para “O Olavo de Carvalho nos odeia”, imaginando que a camuflagem tosca faria deles, retroativamente, a pura imagem do amor injustiçado.

Não foi substancialmente mais engenhoso o seguinte ardil, um dos vários que Nara Alves e Ricardo Galhardo tramaram contra mim: sabendo que falsificava completamente o sentido das minhas palavras, a dupla de IGnóbeis espalhou que prego “a pena de morte para comunistas”, dando a impressão de que desejo exterminar pessoas por motivo de ideologia, quando na verdade, ao citar como modelo os tribunais de Nuremberg e do Camboja, eu havia deixado claro como o dia que se tratava de julgar crimes contra a humanidade praticados por líderes e intelectuais comunistas, e não a mera adesão a uma idéia ou partido.

O que Alves & Galhardo fizeram comigo é exatamente o mesmo que, diante de quem defendesse a introdução da pena máxima no nosso Código Penal para crimes hediondos, acusar o sujeito de querer “a pena de morte para brasileiros”.

A troca do específico pelo genérico é uma dos meios mais torpes de falsificar as palavras alheias. Ninguém recorre a ele sem ser movido por ódio extremo à pessoa da vítima. Apenas, sendo covardes e hipócritas demais para declarar o que sentem, os dois preferiram se esconder por trás de uma simulação de jornalismo, instigando milhares de paspalhos como Wanderley Lima a exclamar em público o que eles próprios só ousam sussurrar entre dentes.

NB -- O exemplo de Niemeyer, que em resposta a uma pergunta de ouvinte forneci naquele programa, foi monstruosamente exagerado e, reconheço, injusto. Tipos como ele, Picasso, Chomsky ou Sartre são culpados de vender uma boa imagem das ditaduras comunistas, ocultar sistematicamente os seus crimes e obter lucros milionários dessa atividade abjeta, mas isso não justifica pena de morte. Indenizações às famílias das vítimas seriam punição suficiente. Niemeyer, é verdade, está velho demais para ser levado a julgamento – uma consideração que os comunistas ignoram solenemente quando querem executar ou encarcerar alguém – e vai levar consigo para o túmulo seus crimes impunes.

Olavo de Carvalho, 02 Outubro 2011

MULTICULTURALISMO POLITICAMENTE CORRETO FAZ DO BRASIL O DESTINO PARA UMA IMIGRAÇÃO DESCONTROLADA QUE SÓ TRAZ PROBLEMAS

Yamamoto, Matarazzo, Murad, Jafet, Fernandes, Simões. São sobrenomes tão arraigados na cultura de São Paulo que se tornaram imprescindíveis na história da cidade, responsáveis por fazer surgir bairros inteiros ao barulho dos teares, das bigornas, das máquinas, das sanfonas noturnas.

Apesar de todas as dificuldades - da diferença da língua ao preconceito dos outros moradores -, eles não só tiveram influência no desenvolvimento da região como também ajudaram a moldar a alma do paulistano, a figura que se revela hoje no sotaque, nos traços, nos costumes ou até na pizza de domingo.

Atualmente, quase 129 anos depois do italiano Gaetano Pezzi ter sido o primeiro imigrante cujo desembarque foi registrado em São Paulo, em 17 de janeiro de 1882, são outros sobrenomes que tentam se integrar à metrópole, repetindo a epopeia de italianos, espanhóis, libaneses, japoneses e portugueses que se instalaram por aqui. São os Hong, Kim, Yan, Villar, Ogunme; quase 600 mil imigrantes asiáticos, africanos e latinos que desembarcaram na capital nos últimos 20 anos e ainda lutam para fazer parte de São Paulo.

"A situação hoje repete exatamente o mesmo fenômeno do século 19, quando os imigrantes chegaram pela primeira vez por aqui", diz a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Maria Ruth Amaral de Sampaio, que estuda o tema. "Do mesmo jeito que os italianos eram chamados de carcamanos, de ladrões, hoje também há um preconceito com os novos imigrantes, uma falta de integração que ainda não foi superada. Até os coreanos, que estão aqui na terceira geração, casam apenas entre si, o que demonstra ainda essa falta de integração."

Perfil. São Paulo ainda está aprendendo a lidar com uma presença maior desses grupos na cidade. Nas últimas semanas, o Estado conversou com representantes dos três grupos para entender como esses novos imigrantes estão aos poucos mudando a face da metrópole. São chineses que não falam português, mas mesmo assim estão comprando diversas lojas de ferramentas na Rua Florêncio de Abreu, no centro, e apartamentos a partir de R$ 600 mil em bairros como Anália Franco e Tatuapé, na zona leste. Bolivianos já são proprietários de confecções no Brás e Pari. Nigerianos e angolanos, apesar do preconceito com a colônia, ostentam orgulhosamente títulos de médicos, dentistas e farmacêuticos.

Há ainda os pais coreanos que abrem mão de suas economias para colocar os filhos na Escola Polilogos, na Rua Sólon, no Bom Retiro, cujo maior objetivo é aprovar alunos na USP. Ou mesmo jovens coreanos que, com o dinheiro ganho nas lojas de roupas, estão seguindo o exemplo dos imigrantes judeus e se mudando para Higienópolis. Do portal do Estadão


COMENTÁRIO: Sempre tem que ter a opinião do meio acadêmico a respeito de qualquer assunto. Funcionam como oráculos e o que afirmam nunca é questionado. É o caso desta matéria do Estadão em referência à invasão de São Paulo por imigrantes. Todavia é bom observar que os movimentos migratórios deste século diferem completamente daqueles do século XIX que tiveram uma fundamental importância para o desenvolvimento brasileiro, como é o caso dos alemães em especial em Santa Catarina, por exemplo, e os italianos em São Paulo.

Com poucas exceções a imigração que acontece hoje sobretudo em direção a Europa e Estados Unidos tem trazido mais problemas que soluções para esses países, como é o caso das recentes agitações na Inglaterra e na França, países bem equilibrados do ponto de vista econômico e social.

A imigração ocorrida no século XIX trazia por exemplo ao Brasil os árabes que se integravam completamente à cultura local. Hoje a maioria desses imigrantes originários de países árabes são islâmicos que tentam impor a sua cultura. Mulheres usam véu e são construídas mesquitas, embora todos saibam que são os princípios do alcorão, a bíblia islâmica, que fornece as 'verdades' capazes de justificar os atos terroristas.

A maior parte da imigração que aporta no Brasil neste século introduz sérios problemas a mostrar a necessidade de uma política imigratória rigorosa.

Mas enquanto os meios de comunicação continuam a ouvir a opinião do delírio acadêmico normalmente esquerdista e defensor do multiculturalismo, o problema só tende a aumentar. Tudo indica que no curto prazo o Brasil deverá enfrentar sérios problemas de ordem social mormente quando espalha-se aos quatro cantos do mundo uma propaganda mentirosa a respeito do desenvolvimento brasileiro.

ESQUERDA x DIREITA (Parte 4)

O ápice do keysianismo e da Social-democracia

Desde o início do século XX a Europa já ensaiava alguns passos na direção do que hoje é chamado de Estado de bem-estar social, caracterizado por significativos investimentos do Estado em saúde, educação e seguridade social.

Os Sociais-democrata, defensores de tais ideais, surgiam inspirados nos mencheviques russos, que acreditavam que a transição para uma sociedade socialista poderia ocorrer democraticamente, sem ter necessariamente que passar por revoluções. Vertente esta que foi derrotada pelos bolcheviques de Lenin, que achavam a revolução imprescindível, vale relembrar.

A nova vertente européia dava uma guinada para a direita, pois não queria mais abolir o capitalismo, e sim torná-lo mais igualitário (ou menos desigual) através de uma gradual reforma legislativa.

A partir da Grande Depressão dos anos 30 tais ideais, que já haviam ganhado o suporte teórico do agora conhecido “Lord Keynes”, ganhou ainda mais força com o ativismo do economista Gunnar Myrdal, um sueco que viria a se tornar o maior expoente da Social-democracia européia, que, ironicamente, viria também a dividir o Prêmio Nobel de Economia em 1974 com o seu rival ideológico Hayek, o mesmo que havia perdido o debate da década de 30 para Keynes.

Com o fim da II Guerra Mundial e o financiamento norte-americano para a reconstrução da Europa, o capitalismo finalmente entra na sua “era de ouro” e a Social-Democracia finalmente encontra terreno fértil para florescer nos países escandinavos, principalmente na Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia.

O rápido crescimento europeu nos anos 50 e 60 possibilitou que os demais países (e até mesmo a Inglaterra, o berço do capitalismo) adotassem também, mesmo que em menor grau, algumas bandeiras sociais-democratas. Parecia que finalmente o capitalismo tinha encontrado a fórmula perfeita para crescer e, ao mesmo tempo, promover justiça social.

Nesta época, os liberais permaneceram em completo ostracismo, até mesmo nos Estados Unidos, onde o keynesianismo também continuou a vigorar, embora em menor grau. E, apesar de fora de moda, os liberais continuaram a alertar sobre as conseqüências futuras do aumento do tamanho do Estado nas economias européias e norte-americana. Um importante registro histórico de uma das mais célebres vozes destoantes, a russa naturalizada americana Ayn Rand, já previa a decadência dos EUA em plena era de ouro do capitalismo. Segue um trecho da entrevista: http://www.youtube.com/watch?v=3bofJMwOdAQ

O Brasil na era de ouro do capitalismo

E assim como o mundo, o Brasil também viveu a era áurea do capitalismo dos anos 50, 60 e início dos anos 70, também “turbinado” pelas medidas keynesianas. Getúlio Vargas, que se ausentou do poder nos confusos primeiros anos do pós-guerra, voltou justamente no momento em que o crescimento mundial estava a pleno vapor.

Porém, diferente do período ditatorial, desta vez o populismo getulista não conseguiu lidar com a democracia. Além das denúncias de corrupção, o governo foi contestado por uma série de medidas polêmicas, entre as quais o reajuste do salário mínimo em 100%, medida esta que causou protestos de empregadores e militares e levou a demissão do ministro do trabalho João Goulart, o mesmo que viria a governar o país após a renúncia de Jânio Quadros.

Apesar das bem intencionadas criações do BNDES e da Petrobrás, Getúlio cometeu o erro de instituir o monopólio da exploração de petróleo, medida esta que protelou nossa auto-suficiência até 1997, quando finalmente a lei foi revogada e a nossa produção de petróleo foi triplicada em apenas 10 anos.

Ainda com seu viés autoritário, Getúlio aprovou uma lei que permitia ao governo intervir no domínio econômico para “assegurar a livre distribuição de produtos necessários ao consumo do povo”. Para quem lembra dos “fiscais da Sunab” do governo Sarney sabe o que este tipo de intervenção leva.

Depois do suicídio de Getúlio, vieram os anos dourados da era JK. A abundância de crédito internacional possibilitou a implantação do famoso plano de metas, que tinha como slogan construir “50 anos em 5”. De fato, o governo JK deu largos passos para o desenvolvimento do Brasil, pois investiu pesado em infra-estrutura, construiu grandes usinas hidrelétricas, grandes rodovias, aumentou a produção de petróleo, promoveu a indústria naval e incentivou a expansão da indústria, principalmente a automobilística.

Foi um governo paradoxal, pois se por um lado seu famoso plano de metas tinham um caráter essencialmente keynesiano, por outro, tinha também traços liberais, uma vez que permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro e se esforçou para “reduzir o custo Brasil” com a melhoria da infra-estrutura e logística.

Seu problema foi Brasília. A idéia fixa de construir a nova capital no meio do nada foi um passo muito maior que a perna. E como sempre acontece, quando o Estado promove um crescimento artificial da economia, as conseqüências vêm anos depois (e quase sempre em outros governos).

Além de aumentar a dívida externa em 65%, aumentou o déficit na balança de pagamentos iniciou um vertiginoso processo inflacionário através da emissão de moeda para honrar os compromissos da dívida. Resultado: no último ano do seu governo, a inflação já havia chegado a 25% ao ano. Pior, a tendência de alta continuou nos anos seguintes, comprometendo o desempenho da nossa economia nos três próximos governos.

O curto governo Jânio Quadros foi caracterizado pelos seus esforços em se aproximar do bloco socialista. Economicamente a situação se complicou ainda mais, quando a inflação chegou a 43% ao ano.

Com sua renúncia, o governo João Goulart teve como desafio mais urgente controlar a inflação e reduzir o déficit público deixado por JK. O problema é que a austeridade exigida pela economia não combinava com a manutenção da política desenvolvimentista keynesiana proposta pelo governo, que exigia cada vez mais financiamento externo. E o resultado não poderia ser outro. Inflação galopante: 55% em 1962 e 83% em 1963.

E olha que um dos principais ministros da área econômica do governo era ninguém mais ninguém menos que Celso Furtado, um dos mais importantes economistas de esquerda do século XX, famoso por sua teoria do subdesenvolvimento, segundo a qual os países periféricos estariam destinados a ser sempre periféricos. Ou seja, nunca chegariam ao status de desenvolvidos!

Como todos podem ver, sua teoria estava completamente equivocada, uma vez que vários países subdesenvolvidos da década de 60 chegaram ao status de desenvolvidos.

Com o Golpe Militar de 1964, o keynesianismo continuou em alta, através dos mega-projetos de infra-estrutura. Apesar disso, o governo Castelo Branco implementou algumas medidas liberais. Para combater a inflação e o déficit público, o governo reduziu as despesas, arrochou salários, extinguiu a estabilidade no emprego, atraiu investimentos externos e revogou a lei que restringia a remessa de lucros para o exterior.

As medidas surtiram efeito e o governo Castelo Branco conseguiu interromper a escalada inflacionária iniciada no governo JK. Instituiu uma nova unidade monetária, o Cruzeiro Novo, e criou a correção monetária.

O governo Médici seguiu a mesma linha de Castelo Branco, inclusive continuou com um dos seus principais erros, que foi a priorização do sistema rodoviário, em detrimento do ferroviário, atendendo a interesses norte-americanos.

Apesar de entrar para a história como a época de maior repressão do regime militar e por ter aumentado as desigualdades no país, o governo Médici implementou também algumas medidas populares, como a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH), o Plano de Integração Social (PIS), o Mobral, programa que visava a redução do analfabetismo, e o Programa de Assistência Rural (PRORURAL), que concedia aposentadoria e o aumento dos serviços de saúde aos trabalhadores rurais.

Com a inflação controlada, o país entrou em uma fase de crescimento acelerado que chegou ao recorde de 13% no ano de 1973, quando ocorreu a primeira crise do petróleo, evento que mudou os rumos da economia mundial.

No próximo post, vamos falar da decadência do keynesianismo. Até lá!

Amilton Aquino

O MARKETING DE GUERRA

Enquanto o PSDB debate a realização de prévias para definir candidatos em várias cidades, entre as quais São Paulo, Sérgio Guerra (PSDB-PE), o reeleito presidente do partido, já tomou uma decisão prévia: o candidato a presidente em 2014 será Aécio Neves (PSDB-MG) e todos os recursos do partido serão canalizados para fortalecer a candidatura do mineiro.

Além disso, Guerra ameaça com intervenção em municípios que não seguirem as diretrizes partidárias, entre as quais formalizar as alianças locais de acordo com uma orientação nacional.

Para implementar a estratégia, uma das medidas do presidente tucano foi demitir toda a área de comunicação do PSDB, para lá instalar a sua turma. E contratar o Lavareda, o velho Lavareda, para fazer mais do que uma pesquisa: uma auditoria de marketing.

Sérgio Guerra é, hoje, a cara mais representativa da decadência tucana. Assim como ele foi rebaixado de senador a deputado, o PSDB vem perdendo representatividade no Congresso a olhos vistos, devendo cair de terceira para quarta legenda em número de membros, já a partir da próxima semana. Isso que é competência.

EDUCAÇÃO PARA O FUTURO

Cuidado, político brasileiro, e cidadãos em geral! Se você educar o seu filho "politicamente", poderá se tornar a próxima vítima!
Nada de contar as historinhas de horror que vemos nos horários políticos da TV. Evite essa contaminação cultural que poderá provocar insônia e ambições semelhantes, transformando o caráter do seu filho, o que se tornaria uma ameça pontencial a sociedade, a você e aos seus bens. Nada de grana extra - poderá parecer propina - que possa estimular a esperteza de "ganhos extras". Horário eleitoral na TV, nem pensar... Dê a ele muito futebol, videogames, televisão de massa - tipo Gugu, Faustão e outros -, muita balada, birinaites, carrinho do papai, e certamente ele será um alienado, porém você terá conseguido o mérito de mantê-lo distante da vida política.
Se amanhã ou depois, ele escolher eleger um Maluf, um Collor, um Sarney ou Tiririca (menos pior), não se preocupe... Ele está acompanhado de milhões de brasileiros... Ele é normal!
m.americo




UM CANDIDATO A ALTURA DO ELEITOR BRASILEIRO

Esse é o Partido que, certamente, seus candidatos cumprirão todas as promessas de campanha. PS não é o Partido do futuro, é o Partido que honrará o momento político que vivemos: honestidade e sinceridade são marcas indispensáveis que assinalarão todo o seu trajeto.
E diante do Programa que apresenta, todas essas questiúnculas que atazanam a vida política brasileira, desaparecerão. Não se poderá imputar-lhe desvios de conduta dos seus quadros, ou o descumprimento das promessas de campanha.
Chega de mentiras! Basta de falsas promessas! O povo não agüenta mais ser enganado! Honestidade acima da moralidade!

Que o eleitor não se deixe enganar por falsidades e promessas eleitoreiras do tipo "sua vida vai melhorar", ou "vamos triplicar o Bolsa Família", ou "ampliaremos os benefícios dos bolsistas, criando novas Bolsas: bolsa da cerveja, do ingresso para os Estádios e para o Sambódromo, Bolsa TV a cabo, e muito mais!"...
Não se deixe enganar, amigo eleitor, o PS cumprirá o que promete, quer você goste ou não! Mas fique atento, caro eleitor, você não será enganado!!!
PS, O FUTURO EM SUAS MÃOS!
m.americo

QUE CONSTITUINTE SERIA ESSA?

Há dois tipos de constituição democrática. Umas definem apenas a forma de organização do Estado, as limitações dos seus poderes e os direitos e garantias dos cidadãos. Esse tipo de constituição estabelece princípios gerais que, por sua natureza, são perenes e resistem às mudanças históricas porque refletem sentimentos permanentes dos homens.
Essas constituições não precisam ser mudadas com frequência e servem aos povos por longos períodos. O exemplo é a Constituição americana, em vigor desde 1787.

As constituições do segundo tipo, além dos princípios gerais, tratam de regular numerosos aspectos da vida das nações. Essas, inevitavelmente, trazem a marca transitória da época em que foram escritas e, com o passar do tempo, tornam-se anacrônicas ou mesmo inaplicáveis.

É o caso da do Brasil.
A Constituição brasileira é excessivamente detalhista, regulando minúcias da vida social, segundo a visão dominante em 1988. Ela se estende por 250 artigos, mais centenas de parágrafos, incisos e alíneas, compondo, ao final, muitas centenas de dispositivos que dominam o sistema legal e só podem ser alterados por três quintos dos deputados e dos senadores, em dois turnos de votação.
A isso acrescentemos 97 artigos das Disposições Transitórias, com status constitucional e efeitos duradouros. Não seria exagero afirmar que os constituintes quiseram petrificar o direito para o tempo futuro e impor às gerações vindouras a sua visão particular do mundo e da história.

A Constituição brasileira, não obstante seus grandes méritos como diploma democrático, envelheceu precocemente.
As mudanças que ocorreram no mundo e no Brasil, entre 1988 e hoje, foram grandes demais.

Parece que um século inteiro se passou nessas duas décadas. Os grandes princípios democráticos e os avanços sociais inscritos na Carta continuam válidos, e ninguém deve alterá-los. São cláusulas de pedra que servirão ainda a muitas gerações. Mas há muita coisa na Constituição que se tornou um obstáculo a uma gestão racional do Estado e ao equilíbrio entre direitos e deveres. Por isso vivemos em um estado de permanente revisão constitucional.

De 1992 até hoje, já foram aprovadas 73 emendas constitucionais. De 1989 até hoje, foram propostos ao Congresso 4.666 projetos de novas emendas para reformar a Constituição, dos quais 2.210 ainda estão em tramitação.
Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal deu provimento a 757 Ações Diretas de Inconstitucionalidade, tendo ainda provido, em parte, outras 203.
Neste momento, 1.116 Adins aguardam julgamento. Há, portanto, uma revisão constitucional em andamento, por diversos meios e de um modo assistemático e desordenado.

As ideias dominantes sobre o funcionamento do Estado, da economia e da sociedade no Brasil de 1988 já não existem mais, não servem mais.
O mundo todo mudou. Nada está mais no lugar. O Brasil será certamente um grande protagonista do novo mundo, mas, para isso, precisamos de um Estado muito diferente do que foi cristalizado pelas ideias da Constituição brasileira. Reformar a Constituição pelos ritos convencionais é uma tarefa que não terá fim. O Congresso tem outras tarefas e não pode concentrar-se nesse objetivo com exclusividade. Além disso, para uma reforma em grande extensão, o corpo legislativo precisa de uma legitimação que só uma eleição específica pode conferir.

A Câmara Revisora Constituinte não pretende ser uma assembleia de sábios. Esse tipo de assembleia só pode existir na imaginação, nunca no mundo real. Muito menos no mundo da democracia. Mas ninguém pode contestar que uma assembleia composta de homens que não estão envolvidos com carreiras políticas e que não precisam se reeleger tem muito mais possibilidades de responder apenas perante à nação em geral do que aos interesses particulares e às corporações de todo tipo que controlam nossa vida pública. Por que esperar por uma ruptura ou um desastre para fazer o que é preciso? Por que não fazer isso em tempos de paz?

Artigo da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), na Folha de São Paulo

QUANDO A OPOSIÇÃO É MUITO RUIM, O GOVERNO, MESMO MEDÍOCRE, AVANÇA

Enquanto uma parte da cúpula do PSDB sabota a própria cidadela, a presidente Dilma Rousseff avança no território mais simpático aos tucanos. Como vocês viram, a direção do PSDB pagou a peso de ouro uma pesquisa, cujos dados foram vazados para a imprensa, que esculhamba o próprio partido, além de alimentar a guerra interna. De modo extemporâneo, inexplicável, indagou-se o que aconteceria se Dilma, que não sai da televisão, disputasse hoje a eleição com José Serra, banido dos meios eletrônicos. O percentual dele caiu um pouco, claro!; o dela subiu. O PSDB não foi curioso o bastante para saber qual seria a votação do senador Aécio Neves (MG) depois de quase um ano de Senado. Por que não? Isso é guerra de tucanos. Há 10 anos estão nessa, com os resultados conhecidos. Sigamos.

No fim da semana passada, o Ibope divulgou uma pesquisa sobre a popularidade de Dilma e seu governo, feita para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de ótimo e bom cresceu de 48% há dois meses para 51%. Estando certos os números — e eles me parecem coerentes com a realidade —, a popularidade de Dilma caiu no Nordeste e Norte/Centro Oeste (de 52% para 50% e de 46% para 43%, respectivamente) e subiu no Sul e Sudeste (de 45% para 57% e de 47% para 54%, respectivamente). Vejam só: a Nordeste, que sempre garantiu a Lula sua estratosférica popularidade, é hoje mais severo com Dilma do que o Sul e Sudeste. Isso não é irrelevante. Ao contrário: é um dado relevantíssimo! Tanto Luiz Inácio Apedeuta da Silva como os tucanos têm o que lamentar. Vamos ver.

Esses dois meses coincidem com o período mais intenso daquilo a que se chamou faxina. Embora Dilma tenha desistido da bandeira moralizadora, o fato é que ela demitiu alguns ministros acusados de atos ilícitos ou, ao menos, pouco probos. E a população do Sul e Sudeste, menos dependente da máquina assistencialista do governo e um pouco mais atenta — por razões que são de fundo econômico — à pauta da moralidade pública, reagiu de modo positivo. Antes que me estenda um pouco mais sobre isso, noto: não há nenhuma razão, nenhuma mesmo!, para o Nordeste e o Norte/Centro serem mais severos com Dilma. Só uma coisa explica o resultado: Lula sabia explorar de modo mais eficaz a propaganda sobre o assistencialismo. Também é um comunicador mais eficiente. Ela não obtém os mesmos índices que ele só por… não ser ele.

No Sul e Sudeste, a coisa muda um pouquinho de figura. A reação às denúncias de corrupção fizeram bem à imagem de Dilma. Uma boa parte do eleitorado nem quis saber se, afinal, ela própria havia nomeado aquela gente toda. O fato que demitiu a turma. E aqui cumpre lembrar uma coisa importante: Lula atuou ativamente para impedir as demissões. Deu sinais evidentes de que estava contrariado com a ação da sucessora. Os partidos correram para pedir o seu auxílio. Vale dizer: se Dilma lhe tivesse dado ouvidos, é provável que sua popularidade tivesse caído nas regiões Sul e Sudeste, sem que colhesse resultados diferentes no Nordeste e Norte/Centro-Oeste.

Então volto lá ao primeiro parágrafo. Lula, que é o candidato de Lula em 2014, por mais que negue (age como quem é, e isso é o que importa), tem razões para não gostar dos números. E o PSDB — ou as oposições — têm motivos para se preocupar. Dilma pode estar conquistando fatias do eleitorado do Sul-Sudeste refratárias ao Apedeuta. Enquanto os tucanos se sabotam e se dedicam a um curioso exercício de “resgate” do passado como linha de frente de sua conduta oposicionista — uma coisa é prezar a própria história; outra é fazer um discurso com 10 anos de atraso —, a petista Dilma avança na cidadela do partido. Talvez os tucanos, reunidos numa Kombi, reflitam em 2021 sobre os erros de 2011…

Escrevi aqui no dia 26 um texto com um título longuíssimo — “A verdade insofismável é que Dilma é ruim de serviço e angaria algumas simpatias só por não ser Lula; é um bom motivo, claro!, mas insuficiente. E a oposição baba na gravata” — em que listava uma penca de ineficiências do governo, que pedem, obviamente, uma postura mais clara da oposição. Cadê? Fora das denúncias de corrupção — é claro que é preciso apontar as irregularidades também —, não se vê quase nada. A pesquisa Ibope indica que o governo conseguiu reverter o tema da corrupção a seu favor — justamente no Sul e Sudeste.

Enquanto isso, cumpre indagar: de que mesmo andam se ocupando as oposições no momento? Constata-se uma coisa óbvia: com uma oposição muito ruim, o governo pode se entregar ao luxo de ser medíocre, como é o governo Dilma.

Reinaldo Azevedo