"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A FÁBULA DO REI ZELOSO E O HORÓSCOPO SUBVERSIVO

Era uma vez um bom rei que resolveu proibir a mentira. Era um homem ilustrado, tolerante e culto. Seu país era parlamentarista, não tinha censura nem presos políticos. O Estado laico, nação feliz. Mas, naqueles dias, o rei estava preocupado. Não se conformava. Os jornais não se cansavam de publicar notícias imprecisas, até maldosas, e seu povo, a quem ele amava tanto, ficava assim, à mercê de invencionices odiosas, que minavam a normalidade institucional. Não, não era justo.

Então, numa manhã de sol, o rei chamou o primeiro-ministro e pediu a ele de modo polido, muito educado, que levasse ao parlamento uma proposta: escrever na Constituição que os cidadãos passariam a ter direito à “informação veraz”. Assim esperava obrigar os jornais a dizer a verdade. Diante de tão cândida encomenda, vinda de um rei tão compreensivo, os parlamentares aquiesceram. Quem haveria de ser contra a “informação veraz”? E quem defenderia a informação mentirosa? Ademais, eles, deputados, eram os que mais penavam com as calúnias desalmadas da imprensa. Ali estava a chance de vingança, que eles tanto esperaram. Era para já.

A emenda constitucional foi aprovada por unanimidade. Imediatamente, providenciou-se a legislação complementar. Se não fosse veraz, a informação não poderia circular. Simples assim. O raciocínio era elementar. Ponto 1: o povo tem direito à “informação veraz”. Ponto 2: quem publica uma informação falsa viola o direito do povo. Portanto, ponto 3: nenhuma informação falsa poderia ser admitida. “Nada a ver com censura”, disse o primeiro-ministro para tranquilizar a nação.


O astrólogo foi preso, acusado de que suas previsões não eram “informações verazes” – e o povo se revoltou

Precavidos, os editores de romance cuidaram de estampar, na capa de cada volume, um alerta: “Este livro é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência”. Com isso, escaparam do rigor legal. Os jornais, as revistas e os noticiários de rádio e televisão não tiveram a mesma sorte. Viram-se soterrados por milhares de ações judiciais, muitas delas movidas pelo próprio governo, que os acusavam de mentirosos. Qualquer coisa era pretexto: um número errado depois da vírgula, uma letra trocada no sobrenome do ministro. Os artigos de opinião ficaram inviáveis, porque as multas saltaram para a estratosfera. Um articulista condenado a pagar US$ 40 milhões por ter ofendido o primeiro-ministro decidiu se exilar em Miami – o lugar era de mau gosto, vá lá, mas na Flórida ele poderia tomar sol na hora que bem entendesse.

O país do rei zeloso ficou mais triste, mais plúmbeo, mas o povo suportou, acreditando que o sufoco era para o bem da verdade. A sombra da censura se adensou, mas a vida seguiu adiante. Até que, numa tenebrosa noite de quarta-feira, o povo se rebelou. Por quê? Por causa dos astros.

Eis o que aconteceu: naquela quarta, um astrólogo famoso, celebridade nacional, que escrevia o horóscopo no maior diário do país foi encarcerado, sob a acusação de que suas previsões não eram “informações verazes”. Pela primeira vez naquele reino, uma revolta de leitores de jornal se converteu num movimento de massa irreversível. A influência dos astros no destino dos mortais podia não ser exatamente “informação veraz”, os líderes do movimento admitiam, mas o povo não abria mão de seu direito sagrado de ler os desígnios zodiacais.

Foi uma primavera cósmica. A multidão venceu. O primeiro-ministro, os parlamentares e o próprio rei tiveram de recuar de suas boas intenções. Tiveram de declarar em praça pública que o direito à informação incluía o direito a informações não necessariamente verazes, como aquelas da astrologia. O país inteiro aprendeu que informação veraz na opinião de uns pode não ser tão veraz assim na opinião de outros. Aprendeu mais: que o direito à informação não é a mesma coisa que direito à verdade. É apenas o direito que cada um tem de buscar a verdade a sua maneira, a partir da liberdade de conhecer todas as versões que ela, a verdade, admite – versões que, por sinal, envolvem elementos de mentira na opinião de uns, mas não na de outros. Aprendeu, enfim, que um país tem direito à informação quando o poder não tem o direito de determinar o que é verdade e o que é mentira.

Com tudo isso, até a imprensa daquele país longínquo melhorou um pouco – e o rei zeloso ficou pasmo.

PS: desde 1978, o “direito à informação veraz” consta da Constituição da Espanha, sem acarretar maiores danos. A partir da década de 1990, entrou nas constituições da Argentina, da Venezuela, da Colômbia e do Equador. Recomenda-se atenção.

EUGÊNIO BUCCI
29 de fevereiro de 2012

O FUTURO É LOGO ALI...

PODERES FÁTICOS E NOVAS CENSURAS

Uma das funções do jornalismo é fiscalizar poderes públicos e privados, assegurando transparência nas relações políticas, econômicas e sociais. É por isso que os meios de comunicação social são apontados como “quarto poder”, pois têm a capacidade de manipular a opinião pública, de ditar regras de comportamento e de influenciar nas escolhas dos indivíduos e da própria sociedade.

Um texto noticioso implica uma seleção vocabular e um ordenamento dos fatos por influência de múltiplos fatores de ordem subjetiva. Os jornalistas, intencionalmente ou não, podem ser vítimas da propaganda ou da desinformação. Mesmo sem errar com dolo, podem dar uma visão parcial dos fatos, focando determinados aspectos em detrimento de outros. Como diz Nélson Traquina, no manual Jornalismo (2002), a atividade jornalística é uma realidade muito seletiva, construída através dos óculos dos profissionais do jornalismo.

Mário Mesquita, no livro O Quarto Equívoco – O Poder dos Media na Sociedade Contemporânea (2003), aborda mitos e realidades do chamado “quarto poder”, começando por identificar uma crise de representação dos poderes do Estado que se reflete na diminuição da participação cívica, na prevalência do consumidor sobre o cidadão e num distanciamento dos eleitores perante os eleitos. A questão é saber se estamos perante um “quarto poder”, orientado pelos órgãos de comunicação e a serviço dos cidadãos, ou se estamos perante um “quarto equívoco”, telecomandado por poderes fáticos que influenciam e decidem opções editoriais.

“Um poder voluntarioso e impotente”

Segundo Mesquita, o poder mediático dissemina informação e institui-se em tribuna de debate, o que deveria incentivar a cidadania. No entanto, agrava a crise porque facilita a “desintermediação” das instituições representativas, acentua a personalização no exercício dos cargos públicos e, por via da transformação da notícia num espetáculo, contribui para uma atitude de desconfiança social em relação aos poderes legitimados pelo voto, que passam a ser cada vez mais subalternizados por decisões adotadas em “centros de poder invisíveis”. Assim, o exercício da governação nas democracias contemporâneas é cada vez mais prisioneiro de poderes fáticos de natureza financeira, econômica e tecnológica. A globalização, os mercados, a banca e as bolsas são palavras-chave de uma reconfiguração do mundo que coloca em perigo o Estado-nação, como se observa na atual crise portuguesa e europeia.

Ao mesmo tempo, os media tendem a questionar a legitimidade do representante eleito – ao confrontá-lo, em permanência, com fatos ou opiniões desfavoráveis –, e a dar palco a figuras com “boa imagem mediática” ou cuja ação provoque o conflito ou o incidente, que pode resultar numa imagem de televisão espetacular. Deste modo, como observa Mário Mesquita, a ação mediático-jornalística pode influenciar, distorcer ou corroer a representatividade política – o que pode acontecer em função do dinheiro disponível, da qualidade da assessoria de comunicação ou do talento teatral dos candidatos.

António José Teixeira, diretor da SIC Notícias, na conferência “A Política e o Poder do Jornalismo”, na Universidade Lusófona de Lisboa (2009), confessou o mesmo pessimismo: “Vivemos uma crise de representação em que o poder político vai ficando refém de teias de poderes não sufragados”, o que, aliado a “um poder mediático tão voluntarioso como impotente”, coloca a democracia em risco. Curiosamente, em 2011 mudou o governo em dois países europeus (Grécia e Itália), sem que houvessem eleições...

Colete de forças

O jornalista Paul Moreira vai mais longe, no livro As Novas Censuras – Nos Bastidores da Manipulação da Informação (2008), onde aborda as múltiplas técnicas de manipulação da informação aplicadas na cadeia do processo noticioso: “Se a verdade for difundida pelos media, há que controlar o impacto sobre a opinião e tudo fazer para que não seja ouvida e, sobretudo, para que não crie uma emoção popular.”

No tempo da informação instantânea, em que jornalistas, organizações e cidadãos produzem informação, já não se faz censura cortando a frase ou a notícia que não convém à instituição ou ao governo. Hoje, gere-se a percepção do público porque todos nós agimos ou decidimos em função das percepções. Essa gestão é feita pelos especialistas em relações públicas e comunicação política – os spin doctors, assim designados nos países anglo-saxônicos. O seu trabalho é justamente “massagear” a mensagem para que chegue à opinião pública a verdade mais forte. Não interessa o que aconteceu na realidade, mas aquilo que os media, como intermediários, dizem que aconteceu. É neste colete-de-forças que vive o jornalismo contemporâneo.

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28/02/2012
[Luís Paulo Rodrigues é consultor de Comunicação e autor do blog Comunicação Integrada]

POR QUE LER BONS LIVROS, QUANDO SE PODE LER OS ÓTIMOS?

Não poucos leitores acharam que usei de mão pesada, ao comentar a reportagem da Veja sobre best-sellers. Que afinal não se lê para transformar o mundo mas pelo prazer de ler, que é melhor ler do que não ler nada ou assistir BBB. Vamos por partes.

Começo por minha parte. Só leio um livro ou assisto um filme se o livro ou filme me dão prazer. Sei, há leituras cujo fascínio está no texto e outras nem tanto. No Quixote, a meu ver, o que mais encanta é o texto de Cervantes, sua ironia constante, seu estilo. Claro que é prazeroso ler Cervantes. Como também ouvir a música de Fernando Pessoa ou José Hernández. Mas também sinto prazer em leituras pesadas como Dostoievski ou Ernest Renan. Se um livro me cansa ou não o entendo, deixo de lado. Aconteceu por exemplo, com a Breve História do Tempo, de Stephen Hawking. Quando vi que me faltavam conhecimentos de física ou astronomia para entendê-lo, deixei-o de lado. Como também não consegui passar da página 100 de James Joyce ou Guimarães Rosa. Clarice Lispector, não consigo ler nem dez páginas.

Mas li – e reli – com muito prazer, os sete volumes da História do Cristianismo, de Renan. Li, de um sorvo só, as 1.458 páginas de L’ Histoire de l’Inquisition au Moyen Âge, de Henry Charles Lea. Mais as 1.400 de Un autre Moyen Âge, de Le Goff. Aliás, compro sem hesitar qualquer título assinado por Le Goff. Mas não consigo ler 70 ou 80 páginas do padre Marcelo ou do Paulo Coelho. Aliás, não consigo ler nem 50 linhas. Quando o assunto mexe conosco e o autor escreve bem, mil páginas nos deixam com sede.

Não sou desses que lêem para transformar o mundo. Já fui, é verdade. Aconteceu nos poucos anos de minha adolescência, quando fui contaminado pelo catolicismo e militei na JEC e JUC. Depois disso, veleidade nenhuma de transformar o mundo. O mundo que siga sua rota que eu vou tratar da minha.

Tampouco acho que um jovem deva começar pela grande literatura. Impor a leitura de clássicos a adolescentes é afastá-los da leitura. Certo, eu li o Quixote, pela primeira vez, aos quinze. Mas comecei com revistas em quadrinhos, tipo Zorro, Nyoka, Batman, Superman, Hopalong Cassidy, David Crocket. Tarzan, eu o li em quadrinhos e em livros. O texto de Edgar Rice Burroughs me fazia viajar bem mais longe que os quadrinhos.

Li também muito romance de capa-e-espada, de Michel Zevaco a Alexandre Dumas. Ou os Mistérios de Paris, de Eugène Sue. Mais Jules Verne, é claro. Ou Karl May. Quem lembra hoje de Winnetou ou Mão-de-ferro? Não diria hoje que tais livros constituam grande literatura. Mas fazem um adolescente sonhar e viajar por geografias distantes. Acho que há uma época para chegar-se a Nietzsche ou Dostoievski, e jamais me ocorreria recomendar a um adolescente Crime e Castigo ou Assim Falava Zaratustra.

Claro que é melhor ler qualquer coisa do que não ler nada. Mas se podemos ler boa literatura – ou pelo menos razoável – por que ler bobagens? Há quem vá mais longe. Era Stephan Zweig – se não me falha a memória – que se perguntava: por que ler bons livros, quando se pode ler os ótimos? O best-seller, na verdade, é um livro empurrado pela publicidade. O editor joga milhões na promoção do livro, compra jornais e jornalistas, críticos e resenhistas, e o leitor incauto cai na trapaça. O mesmo acontece com o cinema.

Outros leitores consideram que toda literatura é de auto-ajuda. Se pegamos a palavrinha em sua acepção lata, tenho de concordar. Lemos para entender o mundo e a nós mesmos. Em suma, para construir nossa personalidade, nossa visão de mundo. Quando busco os bons escritores, estou pedindo socorro. Lendo Platão, entendo melhor a Grécia antiga e a cultura ocidental. O mesmo diga-se da Bíblia, se a lemos com olhos de ateu. Lendo Cervantes, entendo melhor a Espanha. Lendo Orwell, entendo com mais acuidade a peste que grassou por todo o século passado.

São leituras que me ajudam, que me transformam. Mas o mesmo não podemos esperar de Jô Soares ou Zíbia Gasparetto. Por auto-ajuda, em sentido estrito, entende-se essa literatura que só ajuda mesmo o autor... a enriquecer. São enlatados repletos de lugares comuns e falsas esperanças. Servem como anestésico às grandes inquietações da existência. Você se sente um inútil? Leia algum desses livrinhos e erga a cabeça, afinal a vida é bela.

Há autores que libertam, e este autor varia de leitor para leitor. No meu caso, foi Nietzsche. Vou reproduzir texto que escrevi há umas três décadas. Meus professores de Filosofia não gostavam do alemão, ele demolia todas as filosofias. Cá e lá ele era citado, afinal não podia ser ignorado. Mas nunca tive professor que recomendasse Nietzsche em suas bibliografias. Para mim, foi autor decisivo em minha vida. É leitura, penso, que deve ser feita quando se é jovem. Não sei se adianta ler Nietzsche aos trinta anos. Também não sei se seria útil a um jovem contemporâneo. Em minha época de universitário, pensamento se demolia com pensamento. Hoje, os meios de comunicação se encarregam deste trabalho de demolição.

Aconteceu nos dias de Porto Alegre. Um colega um tanto inquieto, cujos interesses oscilavam do pugilismo às matemáticas, me abordou com o olhar desvairado. Empunhava um livro com verve. "Tens de ler este alemão. Urgente". Era o Ecce Homo - Como se chega a ser o que se é, de Nietzsche. Seriam umas dez da manhã. Acostumados àqueles humores repentinos, pensei dar uma vista de olhos no livro, para que meu instável amigo não mais me chateasse. Já no índice, comecei a irritar-me. Primeiro capítulo: porque sou tão sábio. Segundo: porque sou tão sagaz. Terceiro: porque escrevo bons livros. O último capítulo, uma pergunta: porque sou uma fatalidade?

É o tipo de introdução que convida o leitor desavisado a jogar o livro longe. Mas uma música qualquer, uma cantata de eremita que volta do deserto, emanava das páginas sublinhadas com fúria naquele livro ensebado. Deixei-me levar pela música, fui entrando na atmosfera rarefeita do pensador. "Ouvi-me!" - alerta Nietzsche já na introdução - "eu sou alguém e, sobretudo, não me confundais com qualquer outro".

Mergulhei com fúria na leitura. Sentia estar perto de algo vital. Este livro, no qual o alemão furibundo se apresenta aos pósteros com as palavras com que Pilatos entrega o Cristo às turbas - Eis o Homem - foi escrito pouco antes de seu mergulho na loucura. É certamente o pensador que com mais energia lutou contra a hipocrisia do cristianismo e contra o próprio Cristo, a ponto de assinar-se, em seus dias de insanidade, como o Anti-Cristo. Ao falar da morte dos deuses pagãos, completava: sim, os deuses gregos morreram. Morreram de rir, ao saber que no Ocidente havia um que se pretendia único.

A manhã se foi, entrei meio-dia adentro, esqueci de almoçar e, lá pelas três da tarde, tive de engolir esta: “Não me são desconhecidas as minhas qualidades de escritor; em determinados casos compreendi como se corrompia o gosto com o manuseio de minha obra. Acaba-se, simplesmente, por não suportar mais a leitura de outros livros, pelo menos os filósofos. (...) Disseram-me que é impossível interromper a leitura dos meus livros, porque eu perturbo até o repouso noturno. Não existem livros mais soberbos e, ao mesmo tempo tão refinados quanto os meus”.

Vontade de jogar fora o livro. Mas já era tarde demais para voltar atrás. Procurei imediatamente as obras completas do autor. Primeira escala, Assim falava Zaratustra: "Exorto-vos, meus irmãos, a permanecer fiéis à terra e a não acreditar naqueles que vos falam de esperanças supraterrestres". Zaratustra é o eremita que, ao voltar da montanha, encontra um santo em uma cabana no bosque, que entoa cânticos para louvar a Deus. O eremita se espanta: "Será possível que este santo ancião ainda não tivesse ouvido no seu bosque que Deus já morreu?"

Para um jovem sufocado pela propaganda de Roma, sorver Nietzsche era como beber água límpida, não poluída pelos construtores de mitos. Passei inclusive a estudar alemão, para degustar no original seus ditirambos. Mas a vida tem outros projetos para os que nela entram, e acabei aprendendo sueco. De qualquer forma, Nietzsche foi decisivo para minha libertação.

Outros livros me ensinaram mais ainda sobre o homem, o mundo e sobre mim mesmo. Mas se hoje sou como sou, isto eu o devo ao pensador alemão. Ler qualquer coisa é melhor do que não ler? Até pode ser. Mas a boa literatura, mesmo minoritária, ainda exige mais que uma vida para ser consumida.

No que me diz respeito, não tenho tempo nem de ler os bons livros que comprei em minhas viagens. Uma das coisas que lamentarei na viagem aquela da qual não se volta é não ter lido todos os livros de minha biblioteca. Boa literatura é o que não falta. Pode não estar nas bancas de jornais ou mesmo em livrarias, mas sempre está ao alcance da mão do leitor mais curioso. Ainda mais nestes dias de Internet.

29 de fevereiro de 2012
janer cristaldo

OS CANALHAS SOBREVIVEM QUANDO A SOCIEDADE É ALIENADA E A IMPRENSA SERVIL. CASO CONTRÁRIO, ACABOU! FIM DA FARRA. ACUADOS, ACABAM COM 14o. E 15o. SALÁRIOS

Sob pressão, distritais votam o fim do 14º e do 15º salários
Primeiro, eles debocharam dos brasilienses ao esticar para 12 dias o feriadão do carnaval. Depois, desdenharam ainda mais ao receber um 14º salário de R$20.023, em plena segunda-feira momesca.

Denunciado pelo Correio, o escárnio irritou os brasilienses. Acuados pela repercussão negativa da notícia, os deputados distritais se reuniram ontem e puseram um fim ao inaceitável privilégio.

Apenas 14º e o 15º salários, cada parlamentar embolsava R$40.046.

Para se ter uma ideia do tamanho do acinte, um professor que recebe o piso nacional da categoria (R$1.451) não ganha metade disso nem mesmo após um ano inteiro dando aula

Pressionados pela opinião pública, deputados aprovam a extinção do pagamento dos salários extras.

Eles acharam ruim, reclamaram e brigaram, mas os deputados distritais aprovaram, ontem, o projeto de lei que acaba com o pagamento das ajudas de custo conhecidas como 14º e 15º salários na Câmara Legislativa.

A proposição foi apreciada em dois turnos e avalizada pelos 23 deputados presentes — apenas Benedito Domingos (PP) não compareceu à sessão por estar de licença médica. Agora, o texto segue para sanção do governador do Distrito Federal e entra em vigor já em 2012.

A votação põe fim a uma discussão levantada na última quinta-feira pelo Correio, com a revelação de que 17 legisladores receberam R$ 20 mil de verba extra na segunda-feira de carnaval.

O tema ganhou destaque e voltou em forma de pressão a qual os distritais não suportaram.

O início da tarde de ontem começou agitado na Câmara, com a reunião do Colégio de Líderes para debater se colocariam o tema em pauta e quando isso ocorreria.

Depois de duas horas de discussão, os representantes dos cinco blocos partidários decidiram, enfim, incluir o Projeto de Lei nº 30/2011, de autoria da Mesa Diretora, na ordem do dia.

Em seguida, os parlamentares encaminharam-se ao plenário para apreciar a matéria. A sessão de ontem foi concorrida e contou até com a presença de deputado licenciado no plenário

Com a presença de diversos veículos de comunicação, os distritais aproveitaram para fazer crítica à pauta externamente imposta a eles. Às 19h54, a redação final da proposição foi enfim aprovada.

O líder do bloco PT-PRB, Chico Vigilante (PT), disse ter sido favorável ao projeto para acabar com a repercussão negativa do tema. O petista recebia a verba extra, mas, na última segunda-feira, abriu mão do benefício.

"A Câmara Legislativa não merece essa pauta, porque temos produzido muito. Voto sem problema nenhum, mas admito que doeu ser exposto na primeira página do Correio. Eu nunca me envolvi em nenhuma falcatrua e não posso aceitar esse tipo de coisa", disse Vigilante, em plenário.

Ele foi acompanhado por outros colegas.
Eliana Pedrosa, líder do PSD, fez coro ao colega petista.
"Faço as palavras do deputado Chico Vigilante aquilo que gostaria de falar", afirmou. O mesmo fez o peemedebista Rôney Nemer, líder do bloco formado pelo PMDB-PTC-PSL-PTdoB-PSC.

"Vai fazer falta, porque a gente vive de salário. Mas não podemos dizer que era ilegal, senão o Congresso Nacional não receberia. Mas tivemos de ouvir o clamor da população para abrir mão desse benefício", concluiu Nemer.

O primeiro projeto de lei apresentado para acabar com a remuneração extra foi apresentado, em 2007, pelo então distrital Reguffe (PDT). À época, ele acabou derrotado e, em vez de a Casa extinguir o pagamento, foi aprovado outro texto para definir o recebimento como opcional.

No entanto, a medida não chegou a ter grande adesão dos distritais.
Na atual legislatura, por exemplo, apenas sete deputados chegaram a abrir mão da benesse:
Chico Leite (PT),
Israel Batista (PDT),
Arlete Sampaio (PT),
Cláudio Abrantes (PPS),
Dr. Charles (PTB) e Patrício (PT).

Em 2009, Raad Massouh (PPL) apresentou nova proposição com o mesmo objetivo. Mas o projeto nunca avançou na Casa.

Ontem, após a grande repercussão do tema e a possibilidade de aprovação, Raad deixou o comando da Secretaria de Micro e Pequena para retomar a cadeira na Câmara a fim de fazer a defesa da própria proposta.

Posição semelhante adotaram os distritais do bloco PDT-PPS-PSB. Autores de outro PL que também visava o fim do 14º e do 15º, o grupo defendeu a tramitação da proposta.

No entanto, até para evitar o crédito para algum deputado, foi colocado em votação o texto da Mesa Diretora. "Abrimos mão totalmente do nosso projeto para darmos todas as condições para se votar o tema", afirmou Abrantes.

Segundo o líder do governo, Wasny de Roure (PT), a imprensa teve um papel de destaque para sensibilizar a população e o Poder Legislativo sobre a questão.

"Quero cumprimentar o Correio Braziliense pela capacidade de conquistar a mídia nacional. Não foi apenas um debate feito apenas no Distrito Federal, porque alcançou todo o país", afirmou o líder.

Ganho menor

Os deputados também aprovaram — com 21 votos a favor, duas abstenções e uma ausência — projeto de resolução que regulamenta o pagamento das treze remunerações anuais.

De acordo com o texto, que já passa a valer a partir da publicação no Diário da Câmara, todos os distritais só poderão receber os salários pagos pela Casa no valor de R$ 20.025.

A medida atinge o petista Chico Leite. Promotor de Justiça, ele havia optado receber pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Primeiro deputado da Câmara a abrir mão dos 14º e 15º, o petista terá o salário reduzido com a medida.

Outros possíveis atingidos com a aprovação, o servidor do Senado Federal Agaciel Maia (PTC) e o delegado aposentado da Polícia Civil Dr. Michel (PSC) já vinham recebendo pela Casa.

29 de fevereiro de 2012
RICARDO TAFFNER Correio Braziliense

SALVOS DA CENSURA PELA SABUJICE E PELO ADESISMO. SERÁ VERDADE?!

GOVERNO DO PT FAZ PARTE DO BLOCO DAS TIRANIAS LATINO-AMERICANAS. SÓ NÃO IMPÔS A CENSURA À IMPRENSA PELA SABUJICE E ADESISMO DA PRÓPRIA IMPRENSA E DOS JORNALISTAS.

Em sua coluna desta quarta-feira no jornal O Globo, o jornalista Merval Pereira faz, a partir de dois eventos - o câncer de Hugo Chávez e o epsiódio de "perdão" do tiranete Rafael Correa do Equador aos jornalistas perseguidos pelo seu próprio governo - um inventário sobre a real situação da liberdade de imprensa no continente latino-americano.

O fato de fazer destaque do artigo aqui no blog já é um sintoma de que no Brasil a situação da liberdade de imprensa é praticamente a mesma da que ocorre no resto da América Latina. O artigo de Merval reflete o que alguns poucos blogs independentes vêm alertando há quase uma década, ou seja, desde que o PT assumiu o poder no Brasil.

Há na verdade uma uniformidade de ação em todos esses países governados pelo esquerdismo que obedecem à estratégia do Foro de São Paulo que Merval esqueceu de apontar no seu artigo.

As diferenças são pontuais e dependem do comportamento social e, fundamentalmente, do comportamento dos próprios jornalistas e da imprensa em geral nos respectivas países. No caso do Brasil a grande mídia sucumbiu praticamente inteira aos interesses do governo do PT.
Os sindicatos dos jornalistas de todo o Brasil e sua Federação Nacional foram totalmente aparelhados e transformados em órgãos de apoio ao PT.

Dos países sob o jugo dos esquerdistas na América Latina, o Brasil é o único que se destaca por esse aspecto de subalternidade e adesismo não apenas da imprensa e dos jornalistas, mas também dos partidos políticos e de grande parte da sociedade excitada com o canto de sereia petralha.

E, por esta razão, o controle dos meios de comunicação não necessita, por parte do governo petista, de ações truculentas como ocorrem na Venezuela, Argentina, Equador e Bolívia. Neste caso, o governo do PT atua no sentido de, permanentemente, intimidar aqueles poucos veículos e raríssimos jornalistas que metem o dedo na ferida.

A certa altura de seu artigo, Merval afirma que "no Brasil, uma democracia que se distancia das práticas de outros países como a Argentina, mas está próxima politicamente de todos esses governos autoritários da região, há tentativas de controle da liberdade de imprensa por ações propostas por setores petistas, até o momento rejeitadas pelo governo Dilma Rousseff."

Neste aspecto revela um equívoco na sua análise. Não existem apenas setores petistas que desejam sufocar a liberdade de imprensa, mas todo o PT de cima a baixo obedece rigorosamente aos mandamentos formulados pelo Foro de São Paulo, que é a entidade que dá as diretrizes de ação e estratégia política para o movimento comunista internacional que fincou as suas garras no continente latino-americano.

Ressalvo que Merval Pereira é um dos poucos jornalistas brasileiros atuando na grande mídia e que destoa da maioria de seus pares. Todavia, nota-se pelo teor de sua análise um certo cuidado de não melindrar o poder petista, quando alude ao fato de que a Dilma e parte do petismo seriam diferentes de e outro setor partidário que deseja amordaçar a liberdade de imprensa.

A democracia e a liberdade de imprensa nunca foram alcançadas pelas graças e eventual bonomia dos tiranos como ocorreu agora no Equador, mas por uma história de luta permanente.

Não será por atitudes marcadas pelo laxismo que o Brasil e o restante da América Latina se livrarão da praga comunista.

A liberdade de imprensa como fundamento e expressão mais eloqüente da democracia se não for defendida pelos jornalistas e pelas empresas de comunicação de forma radical tem tudo para fenecer.

Ao escrever diariamente nos veículos do maior grupo de comunicação do Brasil, que é a Rede Globo, Merval Pereira pode contribuir muito para esse importante debate, como de fato está contribuindo, ao mostrar a ameaça que o PT representa às instituições democráticas brasileiras e dos demais países latino-americanas. Afinal, o Brasil é a maior e mais influente Nação do continente.

29 de fevereiro de 2012
aluizio amorim

IDOSOS NA CADEIA... UMA IDÉIA GENIAL!!!

VAMOS COLOCAR OS IDOSOS NA CADEIA - IDEIA GENIAL

Vamos colocar nossos IDOSOS NAS CADEIAS e os delinquentes nas ''casas de repouso''.

Desta maneira...

- Os idosos teriam todos os dias acesso a uma ducha, lazer, passeios.

- Não teriam necessidade de fazer comida, fazer compras, lavar a louça, arrumar a casa, lavar roupa etc.

- Teriam medicamentos e assistência médica regular e gratuita.

- Estariam permanentemente acompanhados.

- Teriam refeições quentes e a toda hora.

- Teriam direito a vigilância permanente por vídeo e receberiam assistência imediata em caso de acidente ou emergência, sem qualquer pagamento.

- Suas camas seriam mudadas duas vezes por semana e a roupa lavada e passada com regularidade.

- Um guarda visitá-los-ia a cada 20 minutos e levar-lhes-ia a correspondência diretamente em mãos.

- Teriam um local pra receberem a família ou outras visitas.

- Teriam acesso a uma biblioteca, sala de exercícios e terapia física / espiritual.

- Seriam encorajados a arranjar terapias ocupacionais adequadas, com formadores, instalações e equipamento gratuitos.

- Ser-lhes-iam fornecidos gratuitamente roupas e produtos de higiene pessoal.

- Teriam assistência jurídica gratuita.

- Viveriam numa habitação privada e segura, com um pátio para convívio e exercícios.

- Teriam acesso a leitura, computador, televisão, rádio, celulares e chamadas telefonicas na rede fixa.

- Teriam um secretariado de apoio, e ainda, para escutar suas queixas, teriam Psicólogos, Assistentes Sociais, Políticos, Televisões, Anistia Internacional, etc.

- O secretariado e os guardas seriam obrigados a respeitar um rigoroso código de conduta, sob pena de serem duramente penalizados.

- Ser-lhes-iam reconhecidos todos os direitos humanos internacionalmente convencionados e subscritos.

Por outro lado, nas "atuais casas de repouso para idosos":

- Os delinquentes viveriam numa pequena habitação, com obras feitas há mais de 50 anos.

- Teriam que confeccionar a sua comida, e comê-la muitas vezes fria e fora de hora.

- Teriam que tratar da sua roupa.

- Viveriam sós e sem vigilância.

- Esquecer-se-iam de comer e de tomar os medicamentos e não teriam ninguém que os ajudasse.

- De vez em quando seriam vigarizados, assaltados ou até violados.

- Se morressem, poderiam ficar anos, até alguém os encontrar.

- As instituições e os políticos não lhes dariam qualquer importância ou assistencia.

- Morreriam após anos à espera de uma consulta médica ou de uma operação cirúrgica.

- Não teriam ninguém a quem se queixar.

- Tomariam um banho de 15 em 15 dias, sujeitando-se a não haver água quente ou a caírem na banheira velha.

- Passariam frio no Inverno porque não teriam aquecimento.

- O entretenimento diário consistiria em ver telenovelas.

Digam se desta forma não haveria mais justiça, pelo menos para com os idosos, e todos os contribuintes agradeceriam?

Reflitam e façam circular esta idéia...

Quem "bolou" e enviou a mensagem esqueceu: tem também o salário do preso, que seria destinado aos idosos. Aí os presos teriam que se virar com as aposentadorias...

29 de fevereiro de 2012
Enviado por Marcelo Noll Prudente

POR QUÊ?

O CONSERVADORISMO RELIGIOSO NÃO SE OPÕE À RAZÃO

Artigos - Conservadorismo

Desde os primeiros pensadores cristãos, como Justino e Clemente de Alexandria, ficou muito claro que a fé não é uma irracionalidade, pelo contrário, é uma antecipação de razões ainda não alcançadas pela mente finita.

Alguns liberais podem até entender alguma coisa de economia, mas quando adentram pelo campo do debate moral e religioso vacilam, menos por serem eles mesmos amorais e mais por não entenderem nada de teologia, que é o fundamento da moral conservadora.
Vê-se isso claramente no artigo que Joel Pinheiro escreve em seu blog (Conservadorismo religioso não se salva) em resposta ao articulista do Mídia sem Máscara, Nivaldo Cordeiro, que, há alguns dias, por meio do artigo Direita, volver, fez uma crítica a um outro artigo do sr. Pinheiro chamado Nova direita nascida velha.

O sr. Pinheiro afirma, em seu texto, que os conservadores defendem formas sociais tradicionais baseados unicamente na fé. Em outras palavras, ele está querendo dizer que essa defesa é irracional ou, pelo menos, sentimental. Isso apenas deixa claro que, em seu entendimento, fé se contrapõe à razão.

Ocorre que, desde os primeiros pensadores cristãos, como Justino e Clemente de Alexandria, ficou muito claro que a fé não é uma irracionalidade, pelo contrário, é uma antecipação de razões ainda não alcançadas pela mente finita. A fé é um instrumento preparatório para o conhecimento. O objetivo é o conhecimento mesmo. Portanto, fé é conhecimento, sim, mas um conhecimento antecipado. Entende-se, com isso, que não há oposição entre razão e fé, e quando o sr. Pinheiro ressalta-a, apenas faz eco a um existencialismo antigo, como o professado por Kierkegaard.

Mais que isso, é evidente que um religioso mais experiente não defende os valores cristãos fundamentado na fé. Sua base é a razão. A fé ficou lá atrás, em seus primeiros passos no Evangelho. Por exemplo, um novo crente pode se opor ao homossexualismo apenas porque a Bíblia assim ensina, mas um cristão mais antigo já pode compreender, racionalmente, os motivos dessa oposição, e são estes motivos racionais que embasam suas ideias. Nenhum desses conservadores que escrevem artigos de opinião diz que tal coisa deve ser assim porque está na Bíblia, simplesmente. Há toda uma argumentação racional que baseia sua defesa, mas isso não é considerado por seus opositores.

Quando o sr. Pinheiro afirma que o conservadorismo religioso erra por fundamentar seus valores na fé, na verdade apenas demonstra sua incompreensão em relação ao que é religião e o que é fé. Isso porque ele as enxerga como um apego irracional a algo superior desconhecido e inacessível. Dessa forma, apenas repete o que desde o Iluminismo se divulga. Enfim, não traz qualquer novidade ao debate, mas apenas demonstra que um liberal pode muito bem ter os mesmos conceitos de qualquer revolucionário.

O que há, na verdade, é a velha arrogância daqueles que se vêem como iluminados contra os pertencentes às trevas da ignorância reinante, representada, principalmente, pela religião. E é sobre esta arrogância que o sr. Pinheiro comete um segundo erro teológico: a dissociação da moral do Velho e do Novo Testamento bíblicos. Afirma, com isso, que se a base para a defesa da moral atual for aquele, é desnecessária, por já haver a razão para isso, por outro lado, se for este é impossível, por não conter nele qualquer argumento em favor de uma agenda política.

Neste ponto, seu equívoco se encontra na incompreensão da natureza das duas alianças bíblicas. Qualquer catecúmeno logo aprende que quando Cristo apresentou o amor a Deus e aos homens como o primeiro e segundo mandamentos, o fez afirmando que a antiga lei se resumia nisso. Falando de outra maneira, a Lei Nova não aboliu a antiga, mas a absorveu e a resumiu, mostrando qual era sua verdadeira essência. Portanto, quando um conservador apresenta as Escrituras como fundamento de suas ideias, sendo ele cristão, não faz isso com base em uma ou outra Aliança bíblica, nem com base em um ou outro artigo de fé, mas, sim, fundamentado em todo o sentido cristão de amor e de respeito à vida. E esse fundamento não é ele mesmo uma declaração de fé, mas posterior a ela, já compreendida em suas devidas formas racionais. Os preceitos bíblicos são apenas o farol que conduz à verdade e esta se desnuda não como um mistério revelado, porém, incompreensível, mas, pelo contrário, como a explicação do que não era compreendido.

Acontece que os inimigos da religião são assim: acreditam que tudo o que os crentes fazem o fazem por um apego emocional à sua crença. Eles não consideram, por um segundo que seja, a possibilidade desses religiosos terem refletido profundamente sobre os assuntos que expõem. Parece que todo religioso, sendo ele homem de pouca ou muitas luzes, é um desvairado defensor de uma fé irracional.

E acho que não estou sendo injusto com o sr. Pinheiro ao afirmar que ele enxerga os religiosos dessa maneira, pois ele mesmo afirma que os ideais dos conservadores religiosos estão mais para uma turba de fanáticos do que para uma população educada e bem intencionada. Mesmo sabendo que esta afirmação, de qualquer maneira, tinha um objetivo mais específico: afirmar que o debate que ocorreu nas eleições presidenciais passadas, em torno da questão do aborto, fora uma, segundo suas próprias palavras, demonstração de histeria.

Ora, segundo o que observei, aquela questão fora tratada de uma forma muito inteligente, por meio de sites, blogs, pregações e panfletos (inclusive alguns apreendidos pelo poder público, como no caso daqueles distribuídos pelo bispo de Guarulhos, Dom Luiz Bergonzini). O que ocorreu foi algo quase nunca visto neste país: um grupo de pessoas, sem qualquer organização formal, sem qualquer financiamento público, sem qualquer apoio midiático que, espontaneamente, se unem na defesa de algo que realmente acreditam. O que o sr. Pinheiro gostaria? Que fossem marcadas audiências públicas para a discussão (no caso, a questão do aborto)? Pois bem, era isso exatamente o que aqueles que defendem os tais direitos da mulher queriam: que a questão fosse levada em banho-maria. Foi a tal histeria que forçou a sra. Dilma Rousseff a assinar um compromisso que hoje está impedido-a de dar um andamento mais rápido ao seu projeto abortista. Histeria ou não, o que vimos é que o movimento acabou sendo razoavelmente eficiente.

Eu não sei se o sr. Joel Pinheiro é contra ou a favor do aborto, já que esta matéria não fora elencada dentre as que ele afirma concordar com os conservadores. No entanto, o que fica claro, ao menos para mim, é que o resultado daquela movimentação não o agradou muito. De qualquer maneira, e esse é o ponto central deste artigo, uma coisa é certa: a ideia que ele tem de um pensador conservador religioso é tão distorcida quanto de qualquer ateu e anticristão.

Fábio Blanco
29 Fevereiro 2012

HUMMMM...

A DIREITA E O CONSERVADORISMO

Artigos - Conservadorismo

Liberais e esquerdistas acham que podem aperfeiçoar o mundo e a alma humana. Conservadores sabem que essa tarefa é impossível e que todas as revoluções levam a uma destruição insana, por conta dessa miragem perfectibilista.


No artigo anterior (Direita, volver!) o foco do meu argumento era o segmento político da direita, como o título bem exalta, e não o conservadorismo, ali sublinhado apenas para diferenciá-lo da direita liberal. O liberalismo doutrinal é sempre problemático, pois ele é filho do Iluminismo e tem um vocação revolucionária. O liberalismo tido por "clássico" acabou por ser o contrapeso da revolução, emblematicamente representada pela Revolução Francesa, porque afinal a ordem precisa ser restabelecida para a vida prática possa continuar. O grande contributo teórico dos liberais está no âmbito da ciência econômica, pois os economistas liberais demonstraram a racionalidade superior do Estado mínimo e das livres trocas. Esse ramo do liberalismo constitui seu segmento à direita do espectro político.

Desde logo: entendo por direita o posicionamento político que propõe o Estado mínimo, em oposição aos movimentos políticos de esquerda, de natureza coletivista. E também aquele que busca um marco jurídico em consonância com o Direito Natural. Há também a esquerda liberal, que põe foco na quebra dos valores morais e no igualitarismo. Este ramo do liberalismo virou linha auxiliar dos movimentos coletivistas, atualmente mergulhados na revolução cultural.

Digo isso porque quero comentar a réplica escrita por Joel Pinheiro, autor que conheço de suas atividades na editoria da revista Dicta&Contradicta (Conservadorismo religioso não se salva - Uma resposta a Nivaldo Cordeiro). Até então eu não sabia que o autor do texto anteriormente comentado era o Joel, pois o mesmo não estava assinado.

O fato é que fiz um comentário rápido, no contexto em que analisava o segmento da direita. Mas Joel puxou o argumento para discutir conservadorismo. Eu sou conservador, embora no âmbito econômico endosse sem rodeios o programa liberal clássico. Chamo a atenção aqui para o excelente texto do lusitano João Pereira Coutinho, publicado na própria revista Dicta&Contradicta (Em busca do equilíbrio) que fez excelente resumo das ideias conservadoras. O Joel, na réplica, usou o termo como Coutinho lembrou que liberais e esquerdistas fazem ao se referir a alguém conservador, sempre com um tom acusatório e censurante:

" Conservador é um bom termo de insulto. Vivemos num tempo progressista: um tempo que acredita na missão transformadora da política rumo a um fim determinado. O conservador é a pedra na engrenagem. Ele levanta dúvidas. E, levantando dúvidas, ele coloca em causa a suprema vaidade do ser humano: a vaidade na sua razão e na capacidade da razão para produzir resultados perfeitos.Este é o tom vulgar do insulto: o conservador como obscurantista, retrógado, reacionário".

Posso dizer que quase me senti insultado pelo Joel, nesses termos: "Olha o conservador!", como se dissesse: "Olha o estúpido!".

Joel se queixou que conservadores como eu não têm um programa de governo. Tem sim: evitar mudanças abruptas, em situação de normalidade. Isso é um programa. Liberais e esquerdistas acham que podem aperfeiçoar o mundo e a alma humana. Conservadores sabem que essa tarefa é impossível e que todas as revoluções levam a uma destruição insana, por conta dessa miragem perfectibilista. Ele escreveu: "E o conservadorismo é uma ideologia medrosa: subjuga sua mente ao peso do passado, como forma de fugir da responsabilidade (em verdade inescapável) do pensamento individual".

Essa é uma visão errada do conservadorismo, pois ele não é uma ideologia: o conservador está sempre de olho no real e desconfia daqueles que o querem aperfeiçoar por força de lei. Tampouco está sob o jugo do passado, apenas sabe que o fatos sociais, como os naturais, não dão saltos. Sempre que se tenta, o que se tem produzido são pilhas de cadáveres.

Joel chega ao cerne de seu argumento ao escrever: "O verdadeiro inimigo do conservadorismo não é o socialismo, ou a esquerda (que pode ser conservadora, como são os nossos velhos conservadores - ACM, Sarney, etc. - e como era a elite do partido comunista na União Soviética), mas a razão".

Antes: "Ao elogiar o surto de moralismo e escândalo que tomou conta das eleições presidenciais passadas, Nivaldo apenas ilustra a fraqueza de sua própria posição: pois se aquela histeria é exemplo do que, na concepção dele, devemos almejar, se aquele é o tipo de debate político que ele espera do Brasil, então estamos num dilema entre o estatismo amoral e o fundamentalismo furioso. O ideal do conservador religioso está mais para uma turba de fanáticos do que para uma população educada e bem-intencionada".

O que citei (não elogiei, não era o caso) é que José Serra foi para o segundo turno nas últimas eleições presidenciais porque houve uma mudança no voto conservador, contra o PT, que está deformando o sistema jurídico nacional, penalizando as virtudes e obrigando a prática dos vícios. Em todo mundo está havendo a reação à revolução cultural e aqui também. Aí que eu havia sublinhado o foco moral dos conservadores, que diverge assim dos liberais como o Joel, e sua força político-eleitoral.

Joel não percebe que estamos em pleno processo revolucionário niilista, nos mesmos termos que viveu a Alemanha no anos 30. Thomas Mann deixou registrado na sua obra que aquele movimento político foi possível porque, antes, na Alemanha, tivemos o esteticismo, tão "avançado" como o programa de revolução cultural levado a cabo pelo PT, apoiado pelo liberais que se julgam senhores da razão. O custo para a Alemanha e todo o mundo daquela loucura niilista não foi nada pequeno.

Joel, aliás, argumentou: "A origem e o fundamento da ética revelada por Deus na Bíblia é a natureza humana; e a natureza humana é cognoscível pela razão; e quando derivada da razão, chamamo-la de lei natural". Ele parece ser um bom herdeiro do estoicismo. Acontece que, superior à lei natural da razão, está a lei divina, que se deu a conhecer pela Revelação. Por isso Cristo se fez necessário. É próprio da arrogância dos tempos modernos confundir a razão com a fonte de tudo, até mesmo da própria divindade, uma besteira monumental, o erro mais colossal. Deus está acima da razão, essa é a obviedade que os modernos, como Joel, não conseguem mais enxergar.

Mas importa o fato político fundado na moral: um número considerável de brasileiros agora se deu conta do malefício que os revolucionários do PT, ajudados pelos liberais esclarecidos como Joel, estão fazendo em matéria de costumes e estão dispostos a dar um basta, a sair da passividade. Candidatos que defendem o aborto, o gayzismo e coisas assemelhadas terão muitas dificuldades nas próximas eleições, porque essa gente conservadora não apenas vota, mas faz campanha. A lei moral é inegociável.

Nivaldo Cordeiro, 29 Fevereiro 2012

VAI DAR TIRIRICA NA CABEÇA

Fernando Hahahaddad, cada vez mais hilário: “Fico mais tranquilo, porque vou representar as idéias que acredito, está mais adequado o candidato ao discurso”.

Quando fala de improviso, Hahahaddad erra mais do que quando lê a cartilha que ensina errado que ele mandou editar no seu tempo de MEC. Talvez sua oração necessite de dois períodos. Quando sai de sua boca, nunca se sabe.

É bem provável que ele quisesse dizer primeiro: "Fico mais tranquilo, porque vou representar as idéias em que acredito".

E, então, logo depois do ponto, embora fora de tempo, daria o grande final a sua desculpa esfarrapada por perder a companhia de Kassab para Zé Serra: "(Assim) Está mais adequado o candidato ao discurso".

Nem chega a ser um caso de concordância. É uma questão de incoerência. Quer dizer, antes não fazia mal algum que, pela parceria com Kassab, o discurso não estivesse adequado ao candidato.

Quer saber de uma coisa? Em outubro vai dar Tiririca na cabeça!

29 de fevereiro de 2012
sanatório da notícia

CENSURA NA UNIVERSIDADE: ABORTO E MENORIDADE MENTAL

Artigos - Governo do PT

A nova ministra das Mulheres – uma intelectual universitária que se intitulou “avó do aborto” e revelou ter aprendido a sugar fetos – é uma prova de que acadêmico no Brasil é inimputável.

Era uma vez uma feminista que defendia a legalização do aborto e, buscando ser coerente consigo mesma, resolveu vivenciar o que pregava.
Começou submetendo-se a dois abortos, mas, insatisfeita por ter que depender de médicos (geralmente homens), decidiu radicalizar a libertação das mulheres, capacitando-as a fazer aborto sem precisar de terceiros.

Para isso, reuniu as colegas e foi fazer estágio em clínicas de aborto. Seu método era o da aspiração: enfiava no útero um tubo oco com uma ponta afiada e, com uma sucção 28 vezes mais forte do que a de um aspirador de pó, despedaçava o corpinho do feto.

Pode ser que, numa dessas experiências, ela tenha sido obrigada a usar uma pinça para extrair o crânio do futuro bebê (que não costuma ser aspirado pelo tubo), mas isso é suposição.
O que agora se sabe é que a feminista deste relato – a nova ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci – fez curso de aborto na Colômbia. E parece ter ficado tão entusiasmada com a experiência que, anos depois, chegou a se intitular “avó do aborto”.


O que se lê acima parece mas não é ficção: a própria ministra Eleonora Menicucci, recém-empossada na Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres pela presidente Dilma Rousseff, foi quem chamou a si mesma de “avó do aborto” e revelou ter aprendido a aspirar fetos em clínicas de aborto na Colômbia.

O depoimento em que conta essa história foi descoberto pelo jornalista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, e publicado em seu blog em 13 de fevereiro.
A entrevista fazia parte de uma pesquisa científica do Instituto de Estudos de Gênero do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina. Fazia, não faz mais: no dia seguinte à denúncia, o depoimento de Eleonora Menicucci foi retirado da Internet, num evidente caso de censura.

Em qualquer democracia do mundo, uma censura do gênero seria inadmissível e a imprensa não daria paz à ministra: ela teria que se explicar, sobretudo porque integra um governo que se comprometeu a abandonar a causa da legalização do aborto.


É provável que, se a ministra fosse apenas política, essa cobrança ocorresse. Mas como Eleonora Menicucci é uma intelectual universitária, professora da Universidade Federal de São Paulo e livre-docente da USP, ela goza da inimputabilidade dos acadêmicos e não precisa dar satisfações sobre o que faz ou pensa.

O seu espantoso depoimento praticamente não teve repercussão no país, mesmo o aborto tendo sido tema da campanha eleitoral de 2010. Religiosos que se opunham à sua legalização chegaram a ser perseguidos pela Justiça Eleitoral, a pretexto de que estavam atacando a candidata Dilma Rousseff.

“Programa Aborto em Casa”

O jornal O Estado de S. Paulo foi o único veículo da grande imprensa que repercutiu a denúncia. Mesmo assim, de forma enviesada, desprezando os fatos e protegendo Eleonora Menicucci.
Na pequena chamada de capa, o jornal diz que a transcrição de uma entrevista de 2004 “atribui à ministra” a revelação de que ela fez curso de aborto.

Ora, uma entrevista não atribui nada à pessoa que a concedeu – simplesmente confessa o que a própria quis dizer. É o caso da entrevista de Eleonora, em que ela própria afirma: “Eu integrei um grupo do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde.
E, nesse período, estive também pelo Coletivo fazendo um treinamento de aborto na Colômbia”. A entrevistadora Joana Maria Pedro quer saber como era o tal “curso de aborto” e Eleonora explica: “Era nas Clínicas de Aborto. A gente aprendia a fazer aborto. Com aspiração Amiu [Aspiração Manual Intra-Uterina]. Com sucção”.

As respostas são entrecortadas por exclamações da entrevistadora, que parece deslumbrada com a missão do coletivo feminista. Segundo Eleonora Menicucci, o trabalho do coletivo consistia em autocapacitar as mulheres para fazer aborto. “E que as pessoas não médicas pudessem lidar com o aborto” – afirma a atual ministra na entrevista.

Sua ida à Colômbia, como integrante do coletivo, teve como objetivo aprender essas técnicas, que tinham início com o autoexame: a mulher, auxiliada por outras mulheres, aprendia a conhecer o interior do próprio corpo, explorando o colo do útero.
Na entrevista, Eleonora Menicucci classifica essa prática de “coisa muito linda”. Pelo visto, o feminismo radical da atual ministra e suas colegas já quis implantar uma espécie de “Programa Aborto em Casa”.

Em curta nota enviada à imprensa por sua assessoria, a ministra das Mulheres disse que nunca esteve na Colômbia e que a entrevista “contém imprecisões”. Segundo a reportagem do Estadão, a ministra alegou que havia pedido a retirada da entrevista do portal da Universidade Federal de Santa Catarina já em 2010, devido às alegadas imprecisões.

Mas a pesquisadora Joana Maria Pedro afirmou que o pedido de Eleonora foi feito em 2011 e não confirma que tenha sido devido a imprecisões da entrevista. Segundo ela, Eleonora pediu a retirada de seu depoimento para evitar a exposição da própria filha. Ocorre que a ministra não parece muito preocupada em preservar sua intimidade.

Em agosto de 2007, Eleonora Menicucci viveu seu momento BBB na laudatória reportagem “Senhoras guerrilheiras”, da revista TPM, da mesma editora da revista Trip. Assinada pelas jornalistas Nina Lemos e Isabel Marcondes, a reportagem tratou Eleonora como uma libertária heroína da luta armada.

Segurando uma foto da filha e falando da neta, Eleonora declarou:
“Não é porque eu tenho mais de 60 anos que não namoro. Me relaciono com homens e mulheres e tenho muito orgulho de minha filha, que é gay e teve uma filha por inseminação artificial”.

Entre o palanque e o hospício

Se uma livre-docente da USP escancara sua intimidade numa revista de variedades vendida em bancas, por que deveria arrancar os cabelos diante de um depoimento seu numa pesquisa científica? E por que demorou tanto a se incomodar, pedindo que a entrevista fosse retirada da Internet somente seis anos depois de publicada?
Não faz sentido. Ainda mais que a entrevista estava hospedada no portal de uma universidade pública, num nicho altamente especializado e frequentado basicamente por pesquisadores. Como se vê, as alegações da entrevistada e entrevistadora não se sustentam. Foram apenas uma desculpa para justificar o sumiço da entrevista, fingindo que não foi censura.
Essa é uma prática corriqueira nos meios universitários. Como as ciências humanas no Brasil oscilam entre o palanque e o manicômio, volta e meia os acadêmicos se vêm sem palavras para justificar seu desatino. Então, buscam censurar seus críticos e sumir com a própria produção.

Mas a pesquisadora Joana Pedro que entrevistou Eleonora Menicucci foi além. Segundo o Estadão, ao ser procurada para falar sobre a entrevista, a pesquisadora inicialmente confirmou o conteúdo da conversa.
Mesmo assim, preferiu terceirizar a responsabilidade, atacando o jornalista Reinaldo Azevedo, ainda que sem citá-lo: “Estão usando uma entrevista feita para um trabalho de História para atacar uma pessoa. As pessoas podem ter feito coisas que não fazem mais”, disse Joana Pedro.

Pelo que se depreende de suas palavras, uma entrevista para um trabalho de história carece de menos seriedade do que uma entrevista de Pedro Bial com seus manos e minas. Mas não adiantou muito. Ao dizer que “as pessoas podem ter feito coisas que não fazem mais”, ela está praticamente desmentindo a ministra e confirmando que o treinamento para aprender a fazer aborto na Colômbia realmente aconteceu.

Infelizmente, o Estadão, apesar de ter tido o mérito de se interessar pelo assunto, não se aprofundou na história. A reportagem do jornal informa textualmente:
“A transcrição das gravações foi feita por uma estudante e revisada por outra aluna”. Com isso, acabou prestando um serviço à ministra, conferindo credibilidade à sua alegação de que havia “imprecisões” no depoimento, uma vez que ele teria sido feito por alunas.

Ocorre que todos os envolvidos na produção da entrevista de Eleonora Menicucci eram pesquisadores experientes. Começando pela historiadora Joana Maria Pedro, que é professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina.
Quando entrevistou Eleonora, em 2004, Joana Pedro já tinha feito seu pós-doutorado na Université d’Avignon, na França (concluído em 2002) e trazia na bagagem uma tese de doutorado em história social na USP, defendida 14 anos antes, em 1992, além de um mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina, concluído em 1979.

Bagagem acadêmica

É certo que a entrevista feita por Joana Pedro envergonharia um foca, mas não é por falta de currículo da entrevistadora ou da entrevistada. Sua produção cientifica se estende por um currículo de 38 páginas, que mostra dezenas de artigos publicados e participações em congressos. Joana Pedro já integrou 30 bancas examinadoras de mestrado e 30 de doutorado, além de 20 qualificações de doutorado.

Atualmente está orientando uma dissertação de mestrado e 10 teses de doutorado. E já concluiu a orientação de 33 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado, além da supervisão de seis pós-doutorados. A despeito de toda essa bagagem acadêmica, a historiadora não encontrou argumentos para defender sua entrevista da acusação de conter “imprecisões” – o que põe em dúvida a qualidade de sua produção acadêmica.

Mas persiste a afirmação do Estadão de que a transcrição e revisão da entrevista foram feitas por duas estudantes, o que, em tese, poderia justificar as imprecisões. Na verdade, só a transcrição foi feita por uma aluna, mesmo assim não era uma aluna qualquer.

Quando transcreveu a entrevista, a estudante Joana Vieira Borges já era bolsista de iniciação científica do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) há dois anos e estava fazendo seu trabalho de conclusão de curso na graduação em história na Universidade Federal de Santa Catarina, com a monografia “Os discursos sobre o mito da explosão demográfica e o silêncio sobre a atuação dos movimentos feministas de 1960-1970”, apresentada justamente em 2004.

No ano seguinte, ingressaria no mestrado em história e, em 2008, começou o doutorado, sempre com a orientação de Joana Pedro. Em 2007, Joana Borges chegou a ser editora assistente da Revista de Estudos Feministas da Universidade Federal de Santa Catarina, o que atesta seu prestígio no meio acadêmico.

Depois de transcrita pela bolsista de iniciação cientifica do CNPq, a entrevista de Eleonora Menicucci ainda foi conferida por Luciana Fornazari Klanovicz, que, ao contrário do que diz o Estadão, também não era aluna, mas professora – e tinha iniciado o doutorado em história.
Ela defenderia sua tese em 2008, com o título “Erotismo na Cultura dos Anos 80: Censura e Televisão na Revista Veja”, sob orientação de Joana Pedro.

Além disso, em 2001, portanto três anos antes da entrevista, Luciana Klanovicz já havia concluído o mestrado em história na Universidade Federal de Santa Catarina e dava aulas na Universidade do Planalto Catarinense, além de ter sido professora de história e sociologia no ensino médio.

Como se vê, a entrevista de Eleonora Menicucci foi realizada por uma renomada historiadora feminista e preparada por duas de suas discípulas mais promissoras, tanto que ambas recebiam bolsas do CNPq e seguiram carreira acadêmica. Já a historiadora Joana Maria Pedro, orientadora do grupo, é bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, ostentando em seu currículo o nível 1B, o segundo maior em qualificação.

Escrupulosos, mas medíocres

Portanto, é inadmissível que acadêmicos tão graduados cometam imprecisões numa entrevista a ponto de invalidá-la. Qualquer jornalista que incorra num erro tão grave, corre o risco de perder o emprego – e o jornalista costuma trabalhar sozinho, lutando contra o relógio, ao contrário do pesquisador universitário.
Sem contar que uma das especialidades da pesquisadora Joana Pedro é justamente a história oral, tanto que integrou a diretoria nacional da Associação Brasileira de História Oral, entre 2006 e 2008, como secretária.
A pesquisa em história oral exige rigorosa metodologia para a realização, transcrição e conferência de entrevistas e depoimentos; tão rigorosas, em termos de fidelidade ao depoente ou entrevistado, que chegam a ficar sem sabor quando postas no papel por pesquisadores escrupulosos, mas medíocres, incapazes de conciliar fidelidade e recriação.

Foi justamente isso o que ocorreu na entrevista de Eleonora Menicucci, que se estende desnecessariamente por 20 páginas. O que a ministra chama de “imprecisões” é justamente o excesso de fidelidade das pesquisadoras, que tentaram transcrever até o compasso da respiração da entrevistada e sua entrevistadora. E Joana Pedro não ajuda – suas perguntas são meras interjeições, que não formam um fio condutor. A cada frase de Eleonora, Joana Pedro murmurava “hum”, “tá certo”, ou repetia o final da frase da entrevistada.
Na transcrição, tudo isso aparece, inclusive uma frase de Joana: “Certo. Eu acho que tem alguém tocando a porta”. E entre parênteses, a transcrição indica: “Interrupção”. Tudo isso dá a impressão de caos – o que não deixa de ser mais uma prova de fidelidade da transcrição, fazendo a entrevista espelhar o cérebro de suas protagonistas.

Quase ao final da entrevista, a pesquisadora Joana Maria Pedro diz: “Bom, eu iria te perguntar se tu autorizas a divulgação da entrevista. Eu vou te mandar de qualquer maneira a transcrição, se tu quiser acrescentar ou tirar alguma coisa”. E Eleonora responde:
“Quero. Quero”. Como Eleonora ainda não era ministra e vivia integralmente no mundo da academia, é praticamente certo que ela recebeu a transcrição da entrevista e a aprovou.
Por isso, é inaceitável que somente agora ela venha reclamar da entrevista. Sem contar que o termo “imprecisão” é inadequado para descrever seu relato do treinamento de aborto na Colômbia.
Se esse treinamento não existiu, então a entrevista não foi imprecisa – foi criminosa. É caso de Código Penal. Se a ministra estiver falando a verdade, se de fato não aprendeu a fazer aborto por sucção, então ela tem a obrigação moral de processar Joana Maria Pedro por calúnia. A ministra foi acusada de um crime – pelas leis brasileiras e colombianas.

Clandestinidade científica

A presidente do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, Ana Galatti, disse ao Estadão que desconhece o treinamento de aborto promovido pelo grupo na Colômbia e alega que o coletivo desenvolve apenas o autoexame entre as mulheres. Mas não é bem assim. Num artigo sobre aborto escrito por duas integrantes do grupo, Maria Tereza Verardo (citada pela ministra) e Maria Jucinete de Souza, elas contam que o grupo presta uma espécie de assistência social e psicológica para as mulheres que desejam interromper a gravidez – antes e depois do procedimento. As militantes acolhem a mulher, ouvem suas queixas pelo tempo que for necessário e depois a encaminham para a realização do aborto, aconselhando que não vá sozinha, mas acompanhada de uma amiga. E se a mulher não tiver uma amiga de confiança e pedir que uma feminista do coletivo a acompanhe? Elas vão rechaçar o apelo? Talvez não. Tanto que as pesquisadoras admitem: “Como podemos observar, trabalhar com a temática do aborto não é muito fácil. Qualquer deslize e corremos o risco de estarmos infringindo a lei”.

Essa mesma preocupação foi externada por outra militante do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. A médica Carmem Simone Diniz Grilo, doutora em medicina pela USP, com pós-doutorado na Unicamp e livre-docência na Faculdade Nacional de Saúde Pública, mencionou as lutas do coletivo ao apresentar seu memorial para o concurso de professor doutor da USP em 2002. Ela conta que, em sua primeira tentativa de fazer o mestrado (interrompida por ter assumido um cargo no governo Erundina), resolveu estudar o trabalho do coletivo com o aborto provocado. E conta: “No meio da pesquisa tivemos problemas legais (não por fazer qualquer procedimento ilegal, pois a isso nunca nos propusemos, mas por informar as mulheres, o que caracterizaria cumplicidade). Nossos advogados nos orientaram a desaparecer com qualquer registro, inclusive a pesquisa em curso, cujo relatório final virou um documento clandestino e excessivamente cifrado, e questões de segurança me impediam de usá-lo como material empírico para a dissertação”.

Ora, a universidade vive pregando transparência e deve saber que a clandestinidade facilita distorções e excessos. Por mais que a maioria das militantes do coletivo tenha se limitado a acolher humanitariamente as mulheres que pretendiam abortar, a clandestinidade desse trabalho pode ter facilitado experiências mais ousadas, como a relatada pela agora ministra Eleonora Menicucci. Por isso, a Universidade Federal de Santa Catarina tem o dever de se explicar. Não só ela, mas toda a universidade brasileira. Não é possível que um trabalho acadêmico seja censurado – sob a pecha de impreciso – e nenhuma explicação seja dada ao contribuinte que o financia. Já passa da hora de se cobrar responsabilidade dos intelectuais universitários. A polêmica entrevista com Eleonora Menicucci foi apenas uma das 150 entrevistas realizadas pela equipe da pesquisadora Joana Maria Pedro com mulheres do Cone Sul que lutaram contra os governos militares. Isso envolve dinheiro público. E não é admissível que um acadêmico fique anos envolvido nesse trabalho e não seja capaz nem mesmo de se responsabilizar pelo que diz ou escreve. É preciso dar um basta na menoridade mental da universidade brasileira.

Publicado no jornal Opção.
José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.
29 de fevereiro de 2012

BRIGA POLÍTICA NO BB VIRA CASO DE POLÍCIA

O Banco do Brasil informou ter aberto apuração interna para investigar "eventual quebra de sigilo bancário" de seu ex-vice-presidente Allan Toledo.
Ontem, a Folha revelou que Toledo é alvo de outra investigação interna por ter recebido quase R$ 1 milhão. Há suspeita de lavagem de dinheiro.Por trás de tudo isso, a briga da "cunpanherada" para mandar nas várias diretorias e no fundo de pensão, o Previ.
Bons tempos aqueles do Mensalão e da Visanet. A gentalha roubava apenas para comprar carro, casa e lancha. Agora quer mais. Quer conta em paraíso fiscal. Quer uma quinta em Havana.Ninguém segura a sofisticada organização criminosa.

29 de fevereiro de 2012
coroneLeaks

O HOMEM CERTO NO LUGAR CERTO

Planalto nomeia Marcelo Crivella para o Ministério da Pesca

O deputado Luiz Sergio (PT-RJ) deixa nesta quarta-feira o Ministério da Pesca e Aquicultura. Segundo o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, após deixar o cargo, ele volta para a Câmara.
Quem assumirá a pasta será o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ).

Em nota, divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República, a mudança na direção das pastas ocorre para incorporar o PRB ao governo, partido que integra a base aliada.

Veja a íntegra da nota:

“O Ministro da Pesca e Aquicultura, deputado Luiz Sérgio de Oliveira, está deixando o cargo depois de prestar inestimável contribuição ao governo. À frente da Secretaria de Relações Institucionais e, depois, como responsável pela pasta da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio desempenhou com dedicação e compromisso com o país todas as tarefas que lhe foram atribuídas pela presidenta Dilma Rousseff.

Em seu lugar, assume o senador Marcelo Crivella, representando o PRB, partido do inesquecível ex-vice presidente José Alencar. A mudança permite a incorporação ao Ministério de um importante partido aliado da base do governo. A presidenta está segura de que, à frente do Ministério da Pesca e Aquicultura, o senador Marcelo Crivella prestará relevantes serviços ao Brasil.

O ministro Luiz Sérgio retorna à Câmara dos Deputados, onde continuará a merecer o apoio e a confiança da presidenta Dilma Rousseff e a prestar excepcional contribuição ao país.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG

Enfim, o homem certo no lugar certo. Crivella passou a vida inteira pescando fieis para encher as redes da Igreja Universal do Reino de Deus, criada por seu tio Edir Macedo. Certamente saberá pescar também bagres, sardinhas e cocorocas.

29 de fevereiro de 2012
coroneLeaks

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Uma jogada eleitoreira de desagravo aos evangélicos, agredidos pelo ministro Gilberto Carvalho, no fórum, lá no Rio Grande do Sul.
Será que vai funcionar? E as questões do aborto? E a campanha contra os cristãos? E a do homossexualismo, com o seu kit gay? E a do casamento homossexual?
Quem viver, verá...
m.americo

PLANO TUCANO NACIONAL-PAULISTANO ERA ACABAR COM SERRA

Pelas declarações de FHC, sempre dadas cirurgicamente para minar José Serra, além de escalar seus principais assessores para liderar um esquema de prévias que dessem como fato consumado a sua desistência de concorrer a cargos eletivos, isolando-o de toda e qualquer possibilidade eleitoral, começa a ficar claro que existia um movimento interno para destruir de vez a ala serrista do PSDB.

Vale ressaltar dois nomes que foram essenciais para que isto não acontecesse: Andrea Matarazzo e, principalmente, Gilberto Kassab. A lealdade e a genialidade política do prefeito paulistano, que dá nó até no Lula, salvou Serra da sanha dos seus inimigos internos e vai dar o suporte necessário para que ele vença os inimigos do lado de fora.

José Serra que não pense que terá o partido ao seu lado. O seu partido é o PK, Partido do Kassab. Unido aos 44 milhões de eleitores que vão nacionalizar a campanha à prefeitura de São Paulo.

O tucanismo nacional-paulistano do FHC, do Aécio, do Guerra, do Tasso, do Alckmin, vai traí-lo de novo. Ou alguém ouviu o boquirroto FHC cobrar de Aécio Neves que ele rompa a aliança espúria do PSDB em Belo Horizonte que, pela quarta vez, vai eleger um prefeito ou um vice prefeito do PT?


Não, FHC agora deu em dormir e sonhar com Lula. Por isso, Serra continua sendo o seu pior pesadelo.

29 de fevereiro de 2012
coroneLeaks

A TRIBUNA SEMPRE DENUNCIOU O SUCATEAMENTO DAS FORÇAS ARMADAS

A carapuça do José Dirceu sobre a imprensa, no caso do sucateamento das Forças Armadas certamente não serve para esta Tribuna. Capitaneada pelo bravo jornalista de todas as eras, Helio Fernandes, a Tribuna da Imprensa sempre denunciou o sucateamento das Forças Armadas e a entrega vil e descarada das áreas estratégicas da nação.

Esta Tribuna, inclusive, apoiou toda a esperança de mudança, mas jamais se deixou vender por interesses mesquinhos e passageiros, diante da grandeza do singular país com o qual sonhamos, a pátria e os anseios ligados à terra de nossa infância. Grande Helio Fernandes, jamais perdeu a fé na luta por um país justo, no qual a verdade prevaleça sem o império da propaganda enganosa.

O último ano foi terrível para o mestre dos jornalistas brasileiros, perdeu dois de seus amados filhos e foi condenado de maneira absurda a pagar sessenta mil reais à Souza Cruz, numa clara demonstração de despeito e de desvio movido pelo sentimento pessoal contra quem investiga e torna pública a verdade que conhece.

É vergonhosa a demora no pagamento da indenização à qual o jornal tem todo o direito. Querem destruir a Tribuna a todo custo, mas não podem mudar o que está na alma de cada homem e de cada mulher desta Tribuna, cultivadores da justiça.

Mas Helio Fernandes vive e a Tribuna da Imprensa sempre viverá nos corações e mentes de milhares de brasileiros que compartilham o sonho.

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FICHA LIMPA

Pouca serventia terá a comemorada Lei da Ficha Limpa, sendo relegada ao vazio semelhante ao próprio nome, caso não consigamos promover a democratização no interior dos partidos, sejam eles de direita ou de esquerda.

Não podemos continuar escolhendo sempre o “menos pior” dentre candidatos que não preferimos. Os eleitores estão sem voz dentro dos partidos, controlados como máfias centralizadoras. Não há democracia sem o saneamento da sua célula-base, que engloba inteiramente a estrutura dos partidos políticos.

29 de fevereiro de 2012
Pedro Ricardo Maximino

TODOS SABEM NADAR:

29 de fevereiro de 2012
Todos sabem nadar?

Fácil acusar a covardia, quando é a dos outros. Mais fácil ainda se não paramos para analisar o motivo que levou o outro a agir tão covardemente, principalmente quando se espera dele o arrojo suficiente para nos defender.

Quando os militares são colocados contra a parede, todos assistem em silêncio, o que vem acontecendo há anos. Ninguém se atreveria a defendê-los após anos de estrago, o que começa a acontecer agora. Mas, na hora de cobrar, as vozes saem como se estivessem num megafone.

O filme "A Onda" - principalmente a versão original, que é em preto e branco - ajuda a compreender o vem acontecendo.

É a história de um professor que fala sobre a forma de levar todos a se unirem e brigarem por determinado objetivo, por pior que ele seja. Para provar o que está dizendo, resolve fazer uma experiência e, aos poucos, vai induzindo, manipulando todos os seus alunos. Até que o movimento, chamado A ONDA, cresce ao ponto de se tornar quase inadministrável. Não deixem de ver o filme!

A ditadura militar cometeu erros, sim, como comete qualquer ditadura, inclusive uma ditadura populista. Mas isso não transformou os militares em nossos inimigos, como vêm sendo apontados há décadas. Até porque foi a própria sociedade insatisfeita na época que os levou a tomar o poder, embora não por tanto tempo. Só que ninguém diz isso... pois seria "policitamente incorreto".

29 de fevereiro de 2012
casa da mãe joana

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Por que não dizer contra-revolução, em substituição ao termo "ditadura"?
m.americo

ENDIVIDADOS, ESPANHOIS PERDEM SUAS CASAS: MA QUEM SÃO OS CREDORES?

Reportagem de Luisa Belchior, colaboradora da Folha de São Paulo em Madrid, revela que a crise financeira que envolve a Espanha causou uma onda de desalojados no país: milhares de pessoas que não conseguiram pagar financiamentos imobiliários e, em consequência, tiveram de entregar suas casas, levando suas famílias a uma situação de angústia.

A Espanha chegou a ser a oitava economia do mundo, em matéria de PIB. Mas agora, descendo de posto, apresenta uma taxa de desemprego da ordem de 20%. Quarenta por cento da população do país vivem de pensões que seus avós recebem, único direito social a não sofrer qualquer corte do governo que surgiu das últimas eleições.

O governo na Espanha é parlamentarista. O atual, que sucede o de Zapatero, é conservador. Afastando-se do socialismo, os socialistas foram batidos fragorosamente nas urnas. Não conseguiram dar resposta às pressões econômicas e sociais da época. Mas esta é outra questão. O fato é que, como se constata do relato de Luisa Belchior, o país campeão do mundo em 2010 no futebol, e que passou a ter o Barcelona como um símbolo nacional, encontra-se mergulhado em dívidas. Internas e externas.

O que aconteceu? Uma pesquisa essencial, em primeiro lugar, penso eu, é saber quem são os credores, tanto os do país, quanto os da população. Claro. Porque se há devedores em massa é porque existem credores. Se houve compradores de apartamentos é porque houve vendedores. Onde alguém perdeu, alguém lucrou. Não existe débito sem crédito.

A Espanha poderia, assim, tornar-se um laboratório básico na busca dessas respostas, que não podem ser ignoradas. Basta ver, no caso dos imóveis, quem são os proprietários que os estão recebendo de volta. No caso espanhol, o problema se complica. A repórter informa que, mesmo perdendo as hipotecas e devolvendo as casas, os devedores, pela lei do país, têm que prosseguir pagando os compromissos assumidos. Devem ter que, acredito, continuar desembolsando até que possam resgatar a propriedade. Uma dureza.

E se não puderem? – eis a questão. Em tal hipótese uma maravilha para os baancos credores, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Dificilmente os que devem poderão quitar os compromissos assumidos. Já que 50% dos endividados recorrem à entidade religiosa Caritas. Uma parcela, o que surpreende, obteve resultados positivos.

Ocorreu na Espanha, no plano imobiliário, a mesma bolha do subprime que atingiu em cheio os EUA em 2009. Executivos de estabelecimentos de crédito, empenhados em maiores vendas, já que em relação a elas recebiam comissão, facilitaram o acesso ao sistema de crédito.

Não levaram em conta se os financiadores eram paralelamente devedores em outras operações bancárias ou comerciais. Caso do crédito pessoal ou de compromisso com lojas. Não centralizando o cadastro, julgaram que as rendas constantes dos contracheques os habilitavam a contrair mais um empréstimo, neste caso de maior peso, o da compra de um imóvel. Houve uma voragem financeira. Uma espiral cujo fundo agora tornou-se aparente.

Mas o fato é que tal processo não alcançou somente a Espanha. Também a Grécia, Portugal, Inglaterra, Itália e Estados Unidos, cuja dívida interna é de quase 15 trilhões de dólares (o valor do PIB) além da França. E na França, a 5 de maio, realiza-se o primeiro turno das eleições presidenciais, colocando em confronto Nicolas Sarkozy, centro-direita e François Hollande, do Partido Socialista, de centro-esquerda. As urnas se aproximam. Quais serão os temas centrais da campanha?

Porém, além do voto e do povo, flutua no espaço uma pergunta ainda sem resposta: quen são os credores dos endividados? Serão as multinacionais? Os bancos internacionais? Os grandes conglomerados familiares? Uma pesquisa na Espanha, a ser feita pelo FMI ou pelo Banco Mundial (BIRD), é o único caminho para desvendar o segredo das joias. Pois o que acontece em Madrid e Barcelona acontece, na mesma escala, nos demais países. Uma forma de se encontrar o caminho da verdade.

29 de fevereiro de 2012
Pedro do Coutto

O BRASIL PRECISA DEVOLVER À POPULAÇÃO O DIREITO DE IR E VIR, TOMADO PELOS 'DEMOCRATAS' NA DÉCADA DE 80

Vi em um telejornal que um bandido de 19 anos já fora preso 230 vezes (repito: 230 vezes!) na região de Belo Horizonte, a maioria das prisões quando era ainda “menor”. Mesmo desconfiando de números “redondos”, essa reportagem não deixa de ser vergonhosa para as nossas autoridades da área do Direito e da Segurança. Se tivessem vergonha, claro!

Outro caso “jabuticabal” foi a prisão de um estuprador aqui em Brasília: Não foi possível a polícia divulgar a foto ou filmagem dele nos telejornais, para facilitar o reconhecimento por outras prováveis vítimas, porque animal era menor, apesar de quase 1,80m! Tinha que se preservar a imagem dele, lógico!

VSa. conhece algum outro país do mundo em que isto ocorra? Você, leitor desta Tribuna e que mora no exterior, por favor, me responda: por aí também é assim? Por aí a imagem e a “reinserção social” de um assassino e estuprador também é mais importante do que a integridade posteriores vítimas? Por aí os estupradores também têm direito prioritário ao atendimento psiquiátrico que, antes, fora negado à mulher estuprada?

Ora, o que inibe a criminalidade é a certeza (ou perspectiva) de punição, já que tudo na vida é avaliado em termos de custo-benefício. Por aqui tudo dá em nada! Matam-se pessoas como se matam insetos! Depois do homicídio cometido os governantes aparecem anunciando medidas inúteis e/ou impraticáveis que não passam de teorias discutidas por burocratas alienados, que só conhecem do Brasil o percurso compreendido entre o aeroporto e o seus gabinetes confortáveis!

Depois da morte acontecida, nada trará a vítima de volta; não adianta as autoridades aparecerem na televisão falando em “levantamento e mapeamento” de áreas perigosas (sempre que um hipócrita assume o governo, divulga-se esse tipo de ação). Mesmo que o assassino seja torturado, picado e morto, em nada diminuirá a saudade (palavra terrível!) de quem se foi.

Em minha opinião, o que o Estado deve fazer, já que é impossível para ele e para qualquer um repor a vida, é TENTAR EVITAR QUE O CRIME SE REPITA, seja mantendo isolado da sociedade o facínora, seja punindo-o como exemplo para os outros.

Neste caso, não se trata de vingança, mas apenas de ação para resguardar a vida dos outros cidadãos e o direito básico existente em qualquer sociedade civilizada: o direito de ir e vir, o direito de andar pelas ruas de mãos dadas, o direito de comprar pão pela manhã na padaria sem sentir medo! A isso se chama CIVILIDADE.

Aproveito o espaço para discordar de alguns “pensadores” que acreditam que, ao se libertar (ou não se prender) um bandido pobre, se estará fazendo justiça social pelo fato de o bandido rico não ficar preso no Brasil. Quanta alienação!

O que esse pessoal tem que fazer é lutar pelo fim da impunidade em todos os níveis, lutar pela prisão do bandido rico e para que ele fique preso ao lado do bandido pobre! Afinal, bandido é bandido, independente da classe social: enquanto uns assaltam nas paradas de ônibus, outros furtam a Previdência.

No entanto, o fato do bandido pobre “roubar” menos não significa que ele seja mais honesto do que o outro. Apenas não teve oportunidade, pois, se tivesse, fraudaria a Previdência da mesma forma. Se fosse eleito deputado, com certeza seria um deputado ladrão. Como insetos em uma árvore, cada um atua no seu extrato social; enquanto um corta as folhas, outros perfuram o caule e outros sugam a raiz, mas todos são pragas que devem ser combatidas com o mesmo rigor.

É preciso acabar com essa imagem de que todo homem nasce santo, que todo pobre é bonzinho e de que todo o rico é mau e, de preferência, coronel, latifundiário e escravagista. É preciso saber que quem furtou um toca-CDs não levou o carro porque não coube no bolso, e não por piedade do proprietário!

O Brasil precisa, urgentemente, se tornar um país civilizado. O Brasil precisa, urgentemente, devolver à população o direito de ir e vir, tomado pelos “democratas” na década de oitenta.

29 de fevereiro de 2012
Francisco Vieira

SOBRE A REMUNERAÇÃO DOS MILITARES FEDERAIS

1. A implementação de um sistema de defesa moderno, com técnicas operativas avançadas, armamentos e equipamentos sofisticados, exige recursos humanos dotados do atributo da criatividade e com habilidades e capacitações complexas.

Recursos humanos com essas qualidades pressupõem uma auto-estima elevada e alto nível motivacional.
Nesse contexto, a retribuição salarial assume um papel extremamente relevante.

Como, nesse mundo globalizado em que vivemos, manter uma estrutura organizacional com pessoas altamente qualificadas, quando as suas remunerações são as mais depreciadas no ambiente em que convivem?
Muito antes do que desenhos avançados, equipamentos e armas de alta tecnologia, a prioridade, na construção de um sistema de defesa moderno, reside, fundamentalmente, na qualidade dos recursos humanos que irão gerir o sistema de defesa.

Sem a correção preliminar da atual disfunção salarial que coloca os militares brasileiros na base da estrutura de pagamentos, em todo o serviço público, será impossível realizar um trabalho sério e consistente na construção de um novo ordenamento nas questões de defesa em nosso país.
Por isso os centros mais avançados retribuem seus militares com remunerações adequadas às realidades dos seus mercados de trabalho.
Por exemplo, os militares, nos Estados Unidos da América, estão no topo da estrutura salarial, inclusive considerando a iniciativa privada.

Por isso, também, que alguns outros países, abdicando de valores essenciais à estrutura militar, adotaram procedimentos de liberar os seus militares da obediência à dedicação exclusiva ao ofício das armas, permitindo que exerçam, concomitantemente, outras atividades profissionais.
Mas esses últimos países, também, abdicaram da prerrogativa de constituírem um sistema de defesa nacional eficaz.

2. Os Militares Federais Brasileiros constituem a categoria, em todo e serviço público federal, com a menor remuneração média mensal, 26% abaixo da média mensal da Administração Direta (servidores dos ministérios), a categoria que percebe, entre todos os civis, a menor remuneração no Brasil, segundo dados do Boletim Estatístico de Pessoal nº 176 / Dez de 2010 do MPOG.
A remuneração média mensal dos militares federais equivale a:

- 22,83% do MPU;
- 25,62% do Banco Central;
- 32,00% do Legislativo;
- 36,00% do Judiciário;
- 74,00% da Admin Direta
(Dados de Dez de 2010)

3. Apesar dessa situação iníqua, de 2001 a 2010, os militares federais receberam um reajustamento acumulado de 141,00%, enquanto que outros setores tiveram, no período, um aumento de :

- MPU 268,14%;
- Judiciário 223,18%;
- BACEN 185,37%;
- Administração Direta 172,06%;
- Legislativo 162,28%.

Portanto, não é verdade que se tenha procurado corrigir a disparidade entre as remunerações dos militares e as dos demais servidores federais; ao contrário, a situação, segundo dados oficiais, vem se agravando, progressivamente, principalmente a partir de 2004 .

4. Os servidores públicos federais têm direito à integralidade e à paridade, conforme comprovam os dados, referentes a julho de 2010, contidos na Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais do MPOG:
Última Remuneração na Ativa Aposentado

FUNÇÃO (R$)
Defensor Público da União 19.541,00
Procurador da Fazenda Nacional 19.451,00
Advogado da União 19.451,00
Defensor Público da União 19.451,00
Auditor da Recita Federal 19.451,00
Analista do Banco Central 18.478,00
Técnico de Nível Médio do Banco Central 8.449,00
Inspetor da CVM 18.478,00
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental 18.478,00
Técnico de Planejamento e Pesquisa do IPEA 18.478,00
Perito Criminal Federal 19.699,00
Delegado da Polícia Federal 19.699,00
Papiloscopista da Polícia Federal 11.879,08
Policial Rodoviário Federal 10.544,14

Portanto, as regras da integralidade e da paridade não se aplicam, apenas, aos militares federais mas sim a todos os servidores públicos federais no Brasil, de acordo com o prescrito no artigo 2º da Emenda Constitucional nº 45, de 2005.

Não há o que se falar, em conseqüência, em salários diferenciados para ativos, inativos e pensionistas de militares federais. Seria um tratamento altamente discriminatório no contexto do serviço público brasileiro.
Justamente com a classe de servidores do estado brasileiro com os menores salários.

5. As despesas de pessoal com as diferentes funções de Governo, tais como Segurança Pública, Justiça, Saúde, Educação são bem maiores do que aquelas realizadas com a Defesa Nacional.

No entanto, de modo deliberado, desconhece-se a realidade de que todos os gastos com pessoal, no caso da Defesa, estão, todos eles, contabilizados no Ministério da Defesa, pois os Comandos Militares integram a sua estrutura, enquanto os dispêndios com Segurança Pública, Justiça, Saúde e Educação estão diluídos pelos três níveis do poder público.
Esse entendimento é básico para refutar a argumentação falaciosa de que a situação precária da remuneração dos militares decorre do montante expressivo das despesas com pessoal.

Entende-se o que se vê. A medida que o tempo passa, mais alheio está o militar e descrente de qualquer medida saneadora.

29 de fevereiro de 2012
Fonte: Recebido por correio eletrônico

O QUE AFLIGE O BRASIL

Paul Krugman defende a expansão monetária inflacionista como solução para a Grécia. Entenda aqui as falácias do seu pensamento.

Ontem fiz um sanduíche fantástico. Se os leitores quiserem seguir a receita em casa, aí vai: bata uma nota de R$ 5,00 no liquidificador e espalhe sobre as faces internas de duas notas de R$ 2,00; enrole umas 4 ou 5 notas de R$ 1,00 e salpique moedinhas de 5 e 10 centavos. Por fim, se você gosta de salada, insira também algumas folhas de dólares.

Calma, não se arrisque a contrair algumas salmonelas e estreptococos só por minha causa! Sei, está óbvio que se trata de alguma ironia, mas acreditem...há, e como(!) idiotas que decidem tomar as coisas ao pé da letra...

Quem seria capaz de tamanha estultice? Paul Krugman, decerto. Perdão, corrigindo: os seus seguidores, porque o próprio não é besta, não! Como costuma dizer meu querido pai, “enquanto houver cavalo, São Jorge não anda a pé...”

Em seu artigo publicado no Estadão no dia 28/02/2012, sob o título “O que aflige a Europa”, o garoto-propaganda de Lord Keynes recomenda aos europeus comerem sanduíche de papel-moeda: “Se os países periféricos ainda tivessem suas próprias moedas, eles poderiam usar a desvalorização para restaurar rapidamente a competitividade – coisa que certamente fariam.”.

Em outras palavras, Mr. Krugman sugere como solução praticar a tributação oculta da desvalorização cambial, engatar a terceira marcha e subir a rampa da hiperinflação, e faz isto mostrando a língua para a austeridade fiscal da Alemanha, o país que no século passado deu a conhecer ao mundo – com grande receptividade no Brasil - as maravilhas da hiperinflação:

Basta lermos um artigo opinativo sobre a Europa – ou, com frequência, uma reportagem supostamente factual – para nos depararmos com uma de duas histórias, um par que eu descreveria como a narrativa republicana e a narrativa alemã. Nenhuma destas histórias corresponde aos fatos.

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A seguir, a versão alemã, segundo a qual tudo não passa de uma questão de irresponsabilidade fiscal. Esta história parece se encaixar no caso grego, e só. A Itália apresentou déficits nos anos anteriores à crise, mas estes foram apenas um pouco maiores do que os apresentados pela Alemanha (a imensa dívida da Itália é um legado de políticas irresponsáveis de muitos anos atrás). Os déficits de Portugal eram significativamente menores, enquanto Espanha e Irlanda chegavam a registrar superávits.
Ui! acho que mordi um caroço de azeitona no meu sanduíche! Ah, não, era uma das moedinhas...nem me dei conta que são de metal...Por falar em metal, aqui vai outra da menina-dos-olhos dos banqueiros e governos:

Questão monetária. Assim sendo, o que aflige a Europa? A verdade é que se trata principalmente de uma questão monetária. Ao introduzir uma moeda única desprovida das instituições necessárias para garantir o funcionamento desta moeda, a Europa reinventou na prática os defeitos do padrão ouro – defeitos que desempenharam um papel importante ao precipitar e perpetuar a Grande Depressão.

Mais especificamente, a criação do euro fomentou uma falsa sensação de segurança entre os investidores privados, desencadeando imensos e insustentáveis fluxos de capital destinados aos países de toda a periferia europeia. Como consequência da entrada destes fluxos, os custos e os preços aumentaram, a manufatura perdeu a competitividade, e países que apresentavam uma balança comercial relativamente equilibrada em 1999 começaram, em vez disso, a acumular imensos déficits comerciais. Foi então que a música parou.

O paralelo aqui apresentado não passa das aparências. Em um sistema de padrão-ouro, os governos não têm outra forma de tributar que não seja confiscando fisicamente o lastro físico da riqueza dos contribuintes: nada de impressoras, nada de expansão monetária inflacionista.
Desvalorizar a moeda não significa outra coisa que diminuir o seu valor de compra. Ora, como pode ser considerada como uma solução uma medida que empobrece que tenha tal maldito dinheiro em mãos? Empobrecer é solução para quê?

Ademais, se o euro impossibilita aos países periféricos fazerem uso da desvalorização cambial, que repito, não é solução pra nada, ainda assim o euro não é imune à expansão monetária, que pode muito bem começar a andar a um passo mais acelerado se a moda de socorrer economias deficitárias pegar de vez.

Por fim, vale lembrar de um detalhe olvidado – ou escondido – pelo Nobel-economista: as reservas fracionárias praticadas pelos bancos descentralizam a criação de dinheiro a partir do nada, possibilitando a governos e indivíduos tomarem as piores decisões econômicas que consomem as riquezas do presente e do futuro. Mas, como disse seu mestre fabiano...No futuro estarão todos mortos mesmo, não é? Aí estão os gregos, matando-se uns aos outros...
Com o cinismo típico dos da sua estirpe, Krugman se reporta aos críticos do estado de bem-estar social mediante o apelo retórico da chantagem emocional da luta de classes:

A versão republicana – ela consiste num dos temas centrais da campanha de Mitt Romney – diz que a Europa está em má situação porque fez demais para ajudar aos pobres e desafortunados, e que estaríamos testemunhando os últimos estertores do Estado de bem estar social.

Se a essência do estado de bem-estar social se resumisse à ajuda aos pobres, até que a conta seria pagável. No entanto, como dizia meu falecido sogro...“Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, é burro e não entende da arte.”. Ora, Sr Krugman, quem lhe disse que são pobres e desafortunadas as parasitas que pululam nos infindos órgãos criados com as finalidades mais bisonhas neste tipo de organização social?

Endividamento estatal desenfreado com uma manutenção caríssima da máquina pública inchada e com o pagamento insustentável de aposentadorias, pensões e benefícios; papel-moeda sem lastro; e reservas fracionárias. Eis a causa da crise europeia.

Ninguém come dinheiro, nem veste dinheiro, nem trata alguma doença com dinheiro, nem mora em uma casa construída com cédulas. Comida, roupas, remédios, moradia e todos os bens que conhecemos precisam ser produzidos por alguém. Ninguém precisa ser um Nobel para constatar algo tão óbvio.

A Suécia e a Alemanha ainda estão aguentando o tranco porque se industrializaram e capitalizaram-se fortemente nos tempos em que ainda eram economias liberais. Esta importante informação também foi sonegada aos leitores. Porém, a transformação gradual de suas sociedades em social-democracias está a minar paulatinamente a competividade, a criatividade, a produtividade. A Grécia, a exemplo de outros países pequenos, por sua vez, produz pouca coisa além do turismo e de alguma agricultura com razoável valor, como azeite de oliva e pêssegos, o que não representa nenhuma surpresa que sentisse por primeiro – porque mais vulnerável – os efeitos da crise.

Antes de finalizar este artigo, eu pediria o favor de alguém da editoria do Estadão corrigir a tradução no cabeçalho da sua coluna, na qual ele declara: “A consciência de um liberal”. Francamente, desconheço se a intenção foi pegar o vácuo no próspero renascimento do pensamento liberal no Brasil ou, vá lá, se é o caso de creditarmos uma chance à ignorância dos profissionais - diplomados – do jornalismo. Em qualquer caso, pelo menos aos meus leitores, esclareço que Mr. Krugman não é um liberal, mas sim um liberal, assim, escrito em itálico, para evidenciar de que se trata de um termo estrangeiro, cujo significado é o de ser adepto de teorias socialistas.

Por fim, justifico o título deste artigo por afirmar que o que aflige o Brasil, para aproveitar o trocadilho com o título do sujeito aqui analisado, é o fato de por décadas termos dados ouvidos às teorias marxistas-keynesianistas das quais o Sr Krugman se faz laureado porta-voz.

29 de fevereiro de 2012
Publicado por Klauber Pires