"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PSICOSE AMBIENTALISTA

VERÍSSIMO PROFERE SOLENE BOBAGEM


"Como fazer a história de uma atitude negativa?" - pergunta-se George Minois, em Histoire de l’athéisme-. "A história dos que se opõem à... é seguidamente empunhada pelo campo adverso, e tratada com todos os preconceitos de hábito. (...) A dificuldade não é menor na época contemporânea: exceção feita dos movimentos ateus militantes, muito minoritários, como retraçar a história de uma atitude que não parece ter conteúdo positivo? Sonharia alguém, por exemplo, retraçar a história dos que não acreditam nos Ovnis?" Mesmo assim, Minois desenvolve por quase 700 páginas a história dos que se opõem à...

Ateísmo existe desde quando existem deus ou deuses. Verdade que a literatura atéia não é tão abundante quanto a teísta. Mesmo assim é considerável. Assim sendo, me causa espécie uma frase de Luis Fernando Verissimo, em entrevista à Época. O cronista, que eu tinha por pessoa lida, ao ser interrogado se prefere pregadores tradicionais, religiosos, ou a turma dos ateus, profere esta solene bobagem:

– Não havia literatura ateísta antes do Richard Dawkins e do Christopher Hitchens. Acho uma boa novidade. Tudo o que se disser sobre os males do monoteísmo é bem-vindo.

Ora, lucidez existe desde muito antes de Cristo. Minois começa citando os pré-socráticos (é de supor-se que Verissimo ouviu falar deles), desde Anaximandro de Mileto e seu apeiron, até Xenófanes de Colofon, que afirma que que o ser absoluto é o mundo. Bem mais conhecido – e particularmente pelos marxistas antigos, aqueles que liam – é Heráclito, para quem “o mundo não foi feito por um dos deuses, nem por um dos homens; ele sempre foi, é e será; é o fogo sempre vivo, que se acende regularmente e que se apaga regularmente”.

Já no século V a.C., o siciliano Empédocles de Agrigento reafirma a eternidade do mundo incriado, no qual nada se perde, nada se cria, e tudo se transforma:

- Quero te dizer uma coisa: não existe criação, não existe gênese para nada do que é perecível, não mais que o desaparecimento na funesta morte, mas somente uma mistura e uma modificação do que foi misturado existe; mas criação, gênese a respeito disto, não é senão uma denominação forjada pelos homens. (...) Loucos – porque eles não têm pensamento extensivo – aqueles que imaginam que o que não existia antes vem à existência, ou que qualquer coisa pode perecer e ser inteiramente destruída. Pois não pode ser que nada possa nascer do que não existe de nenhuma forma, e é impossível e inusitado que o que é deva perecer, pois ele será sempre, em qualquer lugar que o coloquemos.

Se não ouviu falar dos pré-socráticos, o cronista certamente terá ouvido falar de Sócrates, do qual nos chegou farta literatura. Considerado como um dos pais do pensamento europeu, foi condenado à morte por ateísmo. Em sua sentença, lemos: “Sócrates é culpado de não crer nos deuses reconhecidos pelo Estado e de introduzir novas divindades; é por outro lado culpado de corromper os jovens. Pena: a morte”.

Já tive discussões com teístas que me juraram que, em algum momento, Sócrates teria dito: “Deus disse que...” Sem conhecer grego e sem ter lido o ateniense no original, neguei que tivesse feito tal afirmação. Pois Sócrates, que vivia em um mundo politeísta, jamais poderia falar em um só deus. O que ele afirmou foi: “o deus disse”, e no caso o artigo é fundamental. Referia-se a seu daimon. O que para mim não passa de malandragem. Sócrates sabia muito bem que suas próprias palavras seriam mais levadas em conta se atribuídas ao seu deus particular.

Para Aristófanes, Sócrates é um ateu em tempo integral, como ele mostra em As Nuvens, onde ele o faz dizer: “Os deuses? É por eles que tu vais jurar? Primeiramente, os deuses, essa moeda não tem curso entre nós. (...) Quem, Zeus? Besteira, nem Zeus existe. (...) Queres então reconhecer algum outro deus que não os nossos? O Vazio que aí está, e as Nuvens, e a Língua, e só estes três?” Na mesma comédia, Sócrates dá um curso de ateísmo a Strepsiade para provar-lhe que os deuses não existem.

Verissimo é homem que lê. Impossível que não tenha passado os olhos pelos gregos. De qualquer forma, da antiga Grécia para cá, muita água rolou pela História. Os ateus foram legião. Transcrevo alguns momentos de três dos mais eminentes, o Abbé Meslier, Nietzsche e Ingersoll. Dos quais, suponho, o filho do Erico terá ouvido falar.


JEAN MESLIER (1664-1729)

Em 1729, morreu em Étrépigny, França, o abade Jean Meslier, com a idade de 65 anos. Ao morrer, após mais de quarenta anos à frente de sua paróquia, resolveu dizer o que pensava do cristianismo em um gordo livro, singelamente intitulado Mémoire dés pensées et dés sentiments de Jean Meslier, prêtre, curé d'Étrépigny et de Balaives, sur une partie des erreurs et des abus de la conduite et du gouvernement des hommes où l'on voit des démonstrations claires et évidentes de la vanité et de la fausseté de toutes les divinités et de toutes les religions du monde pour être adressé à ses paroissiens aprés sa mort, et pour leur servir de témoignage de vérité à eux, et à tous leurs semblables.

Meslier, que vivera uma pacata vida de cura de aldeia, uma vez morto se sente livre para expressar o que sempre pensara. E solta o verbo:

- De onde tiramos que um Deus que seria essencialmente imutável e imóvel por sua natureza poderia no entanto mover algum corpo? De onde tiramos que um ser que não teria nenhuma extensão nem parte alguma seria no entanto imenso, e mesmo infinitamente esparso por toda a parte? De onde tiramos que um ser que não teria cabeça nem cérebro seria no entanto infinitamente sábio e esclarecido? De onde tiramos que um ser que não teria nenhuma qualidade nem nenhuma perfeição sensíveis seria no entanto infinitamente bom, infinitamente amável e infinitamente perfeito? De onde tiramos que um ser que não teria nem braços nem pernas e que sequer seria capaz de mover-se seria no entanto todo-poderoso e faria verdadeiramente todas as coisas? Quem teve a experiência disto?

- Depois disso, que pensem, que julguem, que digam e que façam tudo o que quiserem no mundo, pouco estou me preocupando; que os homens se ajeitem e governem como eles quiserem, que sejam sensatos ou sejam loucos, que sejam bons ou que sejam maus, que digam ou que mesmo façam o que quiserem depois de minha morte; não me preocupo; eu já quase não faço parte do que se faz no mundo; os mortos com os quais estou prestes a juntar-me não se incomodam mais com nada, não se intrometem mais em nada, e não se preocupam mais com nada. Terminarei então isto pelo nada, também sou pouco mais que nada, e em breve não serei nada.


ROBERT INGERSOLL (1833-1899)

Sobre a Bíblia:

Algumas famílias de viajantes - pobres, esfarrapados, sem educação, arte ou poder; descendentes daqueles que foram escravizados por centenas de anos; ignorantes como os habitantes da África Central e recém-fugidos dos seus senhores no deserto de Sinai. Seu comandante era Moisés, um homem que havia sido educado pela família do faraó e havia aprendido a mitologia e as leis do Egito.

Com o propósito de controlar seus seguidores ele fingiu que fora instruído e assistido por Jeová, o deus dos fugitivos. Tudo o que acontecia era atribuído à interferência do seu Deus. Moisés dizia que encontrara esse Deus cara a cara; que no topo do Monte Sinai ele recebera as tábuas de pedra nas quais, pelos dedos de Deus, os dez mandamentos haviam sido escritos, e que Jeová havia dito quais os sacrifícios e cerimônias que o agradavam e quais as leis que deveriam governar esse povo.

Deste modo a religião judaica e o código de leis foram estabelecidos. Não foi dito que esta religião e esse código de leis se estenderiam a toda a humanidade.

Naquela época esses andarilhos não tinham qualquer relacionamento com outros povos. Não havia linguagem escrita, eles não sabiam ler ou escrever. Não havia meios de trazer essas mensagens a outros povos, de modo que elas ficaram enterradas no linguajar dessas tribos ignorantes, miseráveis e desconhecidas por mais de dois mil anos.

Muitos séculos depois de Moisés, o líder, estar morto, muitos séculos depois que todos os seus seguidores já não mais existissem, o Pentateuco foi escrito, o trabalho de muitos escribas, e para dar força e autoridade, disseram que Moisés fora o autor.

Sabemos hoje que o Pentateuco não foi escrito por Moisés. Cidades são mencionadas que não existiam na época em que Moisés viveu. Dinheiro, cunhado séculos após sua morte, é citado.

Então, muitas regras não se aplicavam a viajantes do deserto - leis sobre agricultura, sobre o sacrifício de bois, ovelhas e bezerro, sobre tecelagem de roupas, sobre colheitas, sobre o preparo de sementes, sobre casas e templos, sobre cidades e refúgios, e sobre muitos outros assuntos que nada diziam respeito a migrantes famintos do deserto e das pedras.

Hoje admitem os Teólogos inteligentes e honestos que Moisés não foi o autor do Pentateuco, mas todos admitem que ninguém sabe quem eram os autores, quem escreveu qual daqueles livros, este ou aquele capítulo e linha. Sabemos que os livros não foram sequer escritos numa mesma geração. Que não foram escritos por uma só pessoa. Que está repleto de erros e contradições. Sabe-se que Josué não escreveu o livro que leva seu nome porque trata de eventos que ocorreram muito tempo após sua morte.

Ninguém conhece ou finge conhecer o autor dos julgamentos; o que sabemos é que foi escrito séculos após os julgamentos deixarem de existir. Ninguém conhece o autor de Ruth, nem o primeiro e segundo de Samuel; o que sabemos é que Samuel não escreveu os livros que levam seu nome. No 25º capítulo do primeiro Samuel é citada a criação de Samuel pela bruxa de Endora.

Ninguém sabe quem foi o autor do primeiro e segundo livro dos Reis ou o primeiro e segundo livro das Crônicas; tudo o que sabemos é que esses livros são de nenhum valor.

Sabemos que os Salmos não foram escritos por David. Nos Salmos a escravidão é citada, e isto não aconteceu até quinhentos anos após David ter ido dormir com seus pais.

Sabemos que Salomão não escreveu os livros dos Provérbios ou as Canções; que Isaías não foi o autor do livro que leva seu nome; que ninguém sabe o autor de Eclesiastes, Jó, Ester, ou qualquer outro livro do Velho Testamento, com exceção de Ezra.

Sabemos que Deus não é mencionado ou de qualquer outra maneira citado no livro de Ester. Sabemos também que o livro é cruel, absurdo e impossível. E sabemos que Eclesiastes foi escrito por um não-crente.

Sabemos que os judeus não decidiram quais dos livros eram inspirados – autênticos - até o segundo século depois de Cristo.

Sabemos que a idéia da inspiração teve um crescimento gradual, e que a inspiração havia sido determinada por aqueles que tinham certos fins a atingir.


FRIEDRICH NIETZSCHE (1844 – 1900)

Lei contra o cristianismo

Datada do dia da Salvação: primeiro dia do ano Um (em 30 de Setembro de 1888, pelo falso calendário).

Guerra de morte contra o vício: o vício é o cristianismo.

Artigo Primeiro - Qualquer espécie de antinatureza é vício. O tipo de homem mais vicioso é o padre: ele ensina a antinatureza. Contra o padre não há razões: há cadeia.

Artigo Segundo - Qualquer tipo de colaboração a um ofício divino é um atentado contra a moral pública. Seremos mais ríspidos com protestantes que com católicos, e mais ríspidos com os protestantes liberais que com os ortodoxos. Quanto mais próximo se está da ciência, maior o crime de ser cristão. Conseqüentemente, o maior dos criminosos é filósofo.

Artigo Terceiro - O local amaldiçoado onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco deve ser demolido e transformado no lugar mais infame da Terra, constituirá motivo de pavor para a posteridade. Lá devem ser criadas cobras venenosas.

Artigo Quarto - Pregar a castidade é uma incitação pública à antinatureza. Qualquer desprezo à vida sexual, qualquer tentativa de maculá-la através do conceito de "impureza" é o maior pecado contra o Espírito Santo da Vida.

Artigo Quinto - Comer na mesma mesa que um padre é proibido: quem o fizer será excomungado da sociedade honesta. O padre é o nosso chandala - ele será proscrito, lhe deixaremos morrer de fome, jogá-lo-emos em qualquer espécie de deserto.

Artigo Sexto - A história "sagrada' será chamada pelo nome que merece: história maldita; as palavras "Deus", "salvador", "redentor", "santo" serão usadas como insultos, como alcunhas para criminosos.

Artigo Sétimo - O resto nasce a partir daqui.


01 de novembro de 2012
janer cristaldo

DOIS TEXTOS E UMA DELAÇÃO PREMIADA

MARCOS VALÉRIO, O HOMEM-BOMBA DO MENSALÃO, TEM ESQUEMA DE SEGURANÇA E SÓ USA CARRO BLINDADO!
 
Marcos Valério Fernandes de Souza vive com medo, teme se tornar "arquivo morto", dizem as poucas pessoas ainda próximas ao empresário condenado a 40 anos de prisão no julgamento do mensalão– ainda pode haver revisão da pena. Desde que entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de delação premiada – quando o réu oferece mais informações em troca de benefícios –, o "homem-bomba" que promete levar à Justiça novas revelações sobre o escândalo, capazes, inclusive, de atingir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, raramente deixa o flat para onde se mudou sozinho há pouco mais de um mês. Quando o faz, usa um carro blindado. Também passou a ser acompanhado por um segurança, assim como a sua mulher, Renilda Santiago.
A informação de que teria se separado dela por desentendimento entre o casal foi um blefe. Valério deixou a casa para preservar a família, afastando-se da mulher e dos dois filhos, confirmam alguns amigos com quem ele ainda mantém contato. Segundo um deles, o empresário procurou um psiquiatra e vive à base de antidepressivos.

Embora com menos frequência, ele ainda vai ao escritório, em um prédio comercial no centro de Belo Horizonte. Para seu Toyota Hilux SW4 modelo 2012 na garagem e de lá não sai. Luciano, um funcionário faz-tudo, vai buscar o almoço do chefe nas proximidades.

A última vez que Valério foi visto em público nas redondezas foi há cerca de um mês, em um tradicional restaurante de comida mineira que costumava frequentar, o Dona Lucinha. Estava com o filho. Ao sair do local, ouviu de um homem do outro lado da calçada: "Ladrão, filho da p...". Cabisbaixo, apressou o passo com o menino e não mais voltou.
 
Leia MAIS
 

MARCOS VALÉRIO CITA LULA E PALOCCI EM NOVO DEPOIMENTO AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL SOBRE O MENSALÃO
Valério: novas revelações
Empresário condenado como o operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de Souza prestou depoimento ao Ministério Público Federal no fim de setembro. Espontaneamente, marcou uma audiência com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Fez relatos novos e afirmou que, se for incluído no programa de proteção à testemunha - o que o livraria da cadeia -, poderá dar mais detalhes das acusações.
Dias depois do novo depoimento, Valério formalizou o pedido para sua inclusão no programa de testemunhas enviando um fax ao Supremo Tribunal Federal. O depoimento é mantido sob sigilo. Segundo investigadores, há menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ex-ministro Antonio Palocci e a outras remessas de recursos para o exterior além da julgada pelo Supremo no mensalão - o tribunal analisou o caso do dinheiro enviado a Duda Mendonça em Miami e acabou absolvendo o publicitário.
Ainda no recente depoimento à Procuradoria, Valério disse já ter sido ameaçado de morte e falou sobre um assunto com o qual parecia não ter intimidade: o assassinato em 2002 do então prefeito de Santo André, Celso Daniel.
A "troca" proposta pelo empresário mineiro, se concretizada, poderá livrá-lo da prisão porque as testemunhas incluídas no programa de proteção acabam mudando de nome e passam a viver em local sigiloso tentando ter uma vida normal. No caso da condenação do mensalão, Valério será punido com regime fechado de detenção. A pena ultrapassou 40 anos - o tempo da punição ainda poderá sofrer alterações no processo de dosimetria. O empresário ainda responde a pelo menos outras dez ações criminais, entre elas a do mensalão mineiro.
Ressalvas. Os detalhes do depoimento, assinado por Valério e pelo criminalista Marcelo Leonardo, seu advogado, são tratados com reserva pelo Ministério Público. O empresário sempre foi visto por procuradores da República como um "jogador". Anteriormente, chegou a propor um acordo de delação perante o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza - autor da denúncia contra o mensalão -, mas, sem apresentar novidades, o pedido foi recusado.
O novo depoimento pode ser, na avaliação de procuradores, mais uma manobra estratégica a fim de ele tentar se livrar da severa punição imposta pelo STF.
Por isso, as informações e novas acusações estão sob segredo.

O Ministério Público analisará se abre ou não novo processo para investigar a veracidade dos dados. Gurgel ainda avalia se aceita ou não incluir Valério no programa de proteção a testemunhas.
O advogado de Valério não quis comentar o assunto num primeiro momento. Depois, disse: "Se essa matéria for publicada e o meu cliente for assassinado terei que dizer que ele foi assassinado por causa dessa matéria. Não tenho outra opção".
O envio do fax ao STF com o pedido de proteção foi confirmado na terça-feira passada, pelo presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto. "Chegou um fax. Não posso dizer o conteúdo porque está sob sigilo."
O pedido foi destinado ao gabinete do relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, e encaminhado para análise da Procuradoria-Geral.
Os novos relatos feitos por Valério não terão efeito imediato na ação do mensalão. As penas continuarão a ser aplicadas. Eventualmente, caso haja um acordo de delação premiada num novo processo, o cumprimento da pena pode ser revisto e até diminuído, a depender da Justiça.
 
Do site do jornal O Estado de S. Paulo
 
01 de novembro de 2012
in aluizio amorim

DE COMO DOSTOIÉVSKI FOI O PRIMEIRO OLAVETE, E O DESAPARECIMENTO IMINENTE DOS MODERNINHOS COM CARA DE NOJO

    
          Artigos - Cultura 
Um paralelo entre Dostoiévski e Olavo de Carvalho é inevitável quando se leem os escritos jornalísticos de um e de outro. Não apenas suas preocupações político-culturais vão no mesmo sentido, como seus papéis sociais, na Rússia do século XIX e no Brasil do século XXI, respectivamente, são curiosamente semelhantes.
I
Escrevi recentemente um artigo sobre Dostoiévski onde avalio a relação deste com a noção de Ocidente e a cultura ocidental. O artigo foi lido por Joel Pinheiro e Julio Lemos e desagradou a ambos pelo que seria um excessivo tom “olavista-voegelinista”. (Nota: Não conversei com Julio Lemos sobre o assunto; sua apreciação me foi brevemente transmitida por Joel Pinheiro.
Já com este último venho discutindo abundantemente todas as questões em torno do malfadado artigo, de modo que boa parte do que direi nesse texto não lhe será novidade. No entanto, creio que a grande maioria das pessoas tem sobre Dostoiévski a mesma impressão truncada que verifiquei ser a do Joel. Este texto é uma tentativa de desfazer parte desses nós e de quebra pegar o gancho da discussão mais interessante que a internet viu nos últimos tempos: aquela em que Olavo de Carvalho respondeu às indiretas de Julio Lemos.)
 
No que pese a crítica razoável de que meu artigo deveria citar menos comentadores (notadamente, Ellis Sandoz, discípulo de Eric Voegelin) e mais o próprio Dostoiévski, é notório que o problema de Joel Pinheiro é principalmente com a linha interpretativa que eu sigo no artigo, tomada, sim, a Sandoz-Voegelin, uma vez que desconheço fonte teórica mais acertada para interpretar o Dostoiévski político (e acrescento que Dostoiévski é o objeto da minha pesquisa de mestrado; há pelo menos três anos não faço outra coisa senão ler interpretações de sua obra).
Mas faço o mea culpa que me cabe: o leitor não-especializado, que não leu as mil e quinhentas páginas de textos jornalísticos de Dostoiévski, tampouco suas cartas e cadernos de notas, além, evidentemente, de sua obra literária, não tem obrigação de saber que o ideólogo por trás de obras enigmáticas como Os Irmãos Karamázov e Crime e Castigo identificou pioneiramente o fenômeno a que Eric Voegelin chamou “gnose moderna”.
Eu deveria, portanto, ter escrito algo como um preâmbulo justificando a pertinência de minhas fontes teóricas. Concedido isto, sigamos adiante.
 
Joel Pinheiro declara que, ao invés do meu artigo, gostaria de ler um ensaio sobre Dostoiévski, e não apenas sobre o "processo político/espiritual gnóstico da modernidade que foi profundamente percebido por Dostoiévski quando ele se defrontou, despido de todas as ideologias, com o problema do nada na alma russa, e como sua crítica vislumbrou os males do séc. XX e de nossa sociedade à beira do apocalipse".
E diz ainda que Ellis Sandoz, ao interpretar a Lenda do Grande Inquisidor à luz da teoria histórica voegeliniana, não está falando de Dostoiévski, mas usando o russo para “fazer política”. O que me faz inevitavelmente exclamar de mim para mim: que raios o Joel pensa ser o conteúdo e o sentido último da obra dostoievskiana?! Subtraia-se a Dostoiévski o sentido do “processo político/espiritual gnóstico da modernidade” e tem-se perfeitamente um corpo sem forma, um significante sem significado
.
O que não falta são leituras de Dostoiévski politicamente neutras como a desejada pelo Joel, mas eu continuo achando muito mais válido ler um autor pela chave que ele, com todas as letras, declarou ser a sua, e desse modo desdobrar os conteúdos ali implícitos, dando continuidade àquilo que o próprio autor se comprometeu com dizer.[1] No caso de um escritor prolixo como Dostoiévski, esse tipo de crítica é mais do que bem-vindo; mostrar quem é o Dostoiévski de carne e osso sob a parafernália polifônica alardeada pela leitura formalista de Mikhail Bakhtin é o melhor que se pode fazer, nos dias de hoje, pela memória de um autor com os pés tão fincados no real e muito pouco interessado em formalismos e abstrações.
 
Mas, com efeito, é bastante compreensível que um leitor não-especializado não dê pela importância disso, pois desconhece o projeto literário-político-filosófico do mentor de Os Demônios. Eis algo de que só me dei conta quando da discussão em torno do meu artigo: a grande maioria das pessoas não faz a mínima ideia de quem tenha sido o raro políticas muito bem definidas para cada uma de suas obras (e isto se verifica de modo muito claro em seus textos não-literários), não consegue senão retratar a realidade de forma polissêmica, dando um equivalente literário ao caos das coisas elas-mesmas.
Donde resulta seu recrutamento pelos grupos ideológicos mais díspares, de socialistas a aristocratas wannabe.
ideólogo Dostoiévski. Isto se deve, é claro, à dicção literária do romancista russo, que, tendo intenções filosóficas e não
É um fato atualíssimo: todos amam Dostoiévski. O autor russo que viveu administrando pedradas e cusparadas e aplausos os mais efusivos chegou, enfim, a ser plenamente adorado. Mas isto tem seu custo: diferentemente dos leitores de hoje, seus contemporâneos o conheciam, liam-no tanto em seus romances como – e talvez até mais – nos textos jornalísticos em torno dos quais ele construiu sua persona intelectual.
 
E, assim, na Rússia do século XIX não era possível macaquear Dostoiévski: quem fosse partidário do velho Fiódor Mikháilovitch trazia necessariamente a si o estigma de suas opiniões tão controversas. Já seus leitores de hoje não o levam às últimas consequências e elogiam-no cada qual na medida de suas conveniências e interesses – seja pelo simples fato de ser um autor canônico, e assim não lê-lo é de uma deselegância inaceitável, seja por ele retratar o caos da alma humana, pelo que serve à causa-mor da contemporaneidade desnorteada – a implosão das ordens tradicionais.
 
Mas quem era, em verdade, esse Fiódor Dostoiévski? Pudesse ele avaliar seus leitores de hoje e o mundo de hoje, o que diria? Mais interessante ainda: se alguns de seus entusiastas atuais vivessem na época que o viu nascer, seriam ainda entusiastas, ou quem sabe engrossariam o time de seus detratores? Ainda uma última elucubração: se tivéssemos nos dias de hoje um intelectual com ideias semelhantes às de Dostoiévski e eloquência parelha à do autor russo, como seria sua recepção pelos nossos críticos e tão bem penteados homens de letras?
II
"Há uma grande tristeza em não se ver o bem no bem."
- Atribuído a Gógol por Lúcio Cardoso

Um paralelo entre Dostoiévski e Olavo de Carvalho é inevitável quando se leem os escritos jornalísticos de um e de outro. Não apenas suas preocupações político-culturais vão no mesmo sentido, como seus papéis sociais, na Rússia do século XIX e no Brasil do século XXI, respectivamente, são curiosamente semelhantes. Ambos partem de uma experiência pessoal, de um corpo a corpo com o movimento revolucionário de esquerda: Dostoiévski passou quatro anos em uma prisão na Sibéria por ter feito parte de um grupo simpatizante das ideias socialistas (o chamado círculo de Petrachévski); Olavo foi militante do Partido Comunista Brasileiro. Se a vida madura de ambos é marcada pelo combate à mentalidade revolucionária (termo olavético que – salvo engano meu – se aplica perfeitamente à realidade psicossocial de que tratava Dostoiévski, assim como a gnose de Voegelin), isto certamente deve remeter-se a terem visto de perto o olho do furacão. Diz Dostoiévski:

 
Todas essas convicções quanto à imoralidade das próprias fundações (cristãs) da sociedade contemporânea e à imoralidade da religião, da família, do direito à propriedade privada, e assim por diante – tudo isso eram influências a que éramos incapazes de resistir e as quais, de fato, capturaram nossos corações e mentes em nome de algo muito nobre. (...) Aqueles entre nós – isto é, não só os do círculo de Petrachévski, mas em geral todos os infectados e que no entanto mais tarde rejeitaram completamente toda essa escuridão e terror que se preparava para a humanidade supostamente para regenerá-la e restaurar-lhe a vida – nós àquela época ainda não conhecíamos as causas de nossa doença e portanto ainda éramos incapazes de lutar contra ela. E por que, então, os senhores supõem que mesmo um assassinato à la Nietcháiev nos teria parado – não todos nós, é claro, mas ao menos alguns de nós – naqueles tempos frenéticos, tomados por doutrinas que nos haviam capturado as almas, em meio aos devastadores eventos na Europa de então – eventos que nós, negligenciando nosso próprio país, seguíamos com angústia febril?
(In: Diário de Um Escritor, “Uma das falsidades de hoje”, 1873. Nietcháiev foi o mentor do evento que inspirou o romance “Os Demônios”, em que um jovem foi morto ao tentar desligar-se de uma célula revolucionária.)
O relato de Olavo sobre sua experiência comunista complementa muito naturalmente o de Dostoiévski:
Levei décadas para compreender que a sedução esquerdista não me conquistou – nem a mim nem a meus companheiros de geração – pelo conteúdo ativo da sua proposta ideológica, que só conhecíamos muito superficialmente, mas sim pela oferta implícita de um novo código de moralidade, que chegava a nós sem palavras, pela impregnação difusa na convivência diária. (...) Libertávamo-nos da “moral burguesa” escravizando-nos à autoridade irracional de um círculo de “companheiros”, cuja afeição se tornava o único fiador da salvação da nossa alma ante o tribunal da História. O apego ao grupo era fortalecido pelo ódio a inimigos que não conhecíamos, dos quais nada sabíamos, mas de quem imaginávamos com facilidade as piores coisas, deleitando-nos então de pertencer à comunidade dos bons. (...) Considerando-se a extensão e a gravidade dos crimes praticados pelo comunismo contra a espécie humana, o dever mais óbvio daqueles que se desiludem com ele é aprofundar a ruptura, investigando dentro de si até extirpar as últimas raízes do erro monstruoso em que se acumpliciaram. (In:http://www.olavodecarvalho.org/semana/080731jb.html)
Dostoiévski, como Olavo, saiu da experiência socialista disposto a dedicar sua vida a combater o movimento revolucionário. Isto se verifica com clareza em seus romances, mas é também um dos principais motivos de seus artigos jornalísticos.
Tal combate, no entanto, toma a forma de uma crítica social ampla, buscando nos fatos correntes do cotidiano de seu país os indícios de que a mentalidade revolucionária se alastrava, o que o obrigava a insistir terminantemente – os moderninhos enojados diriam “histericamente” – nas terríveis consequências que adviriam da tomada do poder pelos autoproclamados “novos homens”.
Eu me sinto segura o bastante para afirmar que Dostoiévski de bom grado teria aberto mão de toda sua obra literária por um único artigo que tivesse sido eficaz no combate às ideias revolucionárias em seu país. Essa era sua “tarefa cívica”, sua justificada obsessão. E não poderia ser de outro modo.
 
Não poderia ser de outro modo porque não há nada mais importante na história da cultura russa do século XIX do que o advento do pensamento socialista. Qualquer homem minimamente inteligente, interessado por cultura e que vivesse naquele tempo percebê-lo-ia.
Em se tratando não apenas de um homem minimamente inteligente, mas de uma potência criativa como Dostoiévski, era inevitável que ele se voltasse à maior das questões de seu tempo, uma vez que tinha diante de si a gestação de uma ideia com o potencial destrutivo de uma bomba atômica – de efeitos materiais mas sobretudo morais.
Repito: vivendo quando e onde viveu, e tendo o alcance intelectual que tinha, Dostoiévski não poderia senão ocupar-se da maior questão de seu tempo: é o que fazem os grandes homens.
 
Mas o Brasil do início do século XXI não é nenhuma Rússia pré-revolucionária, dirão. Não, não é; o Brasil contemporâneo é, sim, um país em plena revolução, e nós, que aqui vivemos hoje, presenciamos a cada dia o avanço da onda que há aproximadamente duas gerações vem desfigurando nossa sociedade civil e esterilizando nossa cultura.
É muito difícil perceber isso, e seria praticamente impossível sem os esforços de Olavo de Carvalho. Ele é nosso Dostoiévski, e não lhe faltam no Brasil atual detratores como os teve Dostoiévski. Também o russo teve de viver sob acusações de loucura e conspiracionismo; também ele não se amedrontou e manteve até o fim sua convicção de que alguma coisa gigantesca estava sendo gestada na Rússia oitocentista e que em breve o mundo o testemunharia.[2]
 
E é assim que, sempre que leio um Julio Lemos fazer pouco de Olavo de Carvalho porque este suja demais as mãos no excremento dos fatos do dia, respiro fundo e penso em Dostoiévski, e me consola a certeza de que a injustiça do momento será paga com a justiça da História. Não tenho dúvidas de que, estivesse Dostoiévski vivo e tivesse a peculiar sorte de nascer brasileiro, ele estaria precisamente denunciando o Foro de São Paulo e as falcatruas do PT – ele estaria, de modo geral, chafurdando naquilo que reconhecesse como o mal no mundo.
Se tem coisa que eu não entendo é esse nariz empinado de quem diz “vocês são uns suburbanos denunciando o mal no mundo!”. Ora, eu me pergunto, se um sujeito com veleidades de ser um “homem de ideias” não ocupa seu pensamento com a busca pelas metamorfoses do mal em seu tempo (e identificar o mal é inerente a delinear a verdade), faz o quê? Julio Lemos aparentemente já fez de tudo, já passou por todos os processos em que agora se debatem os olavetes suburbanos, que, ingênuos, creem ter descoberto a pólvora quando ele próprio, o Buda da internet, agora estuda as ciências naturais porque já colheu todos os frutos da metafísica.
 
Mas realmente não me cabe ficar aqui divagando sobre a psicologia dos detratores de Olavo de Carvalho, pelo simples fato de que Ronald Robson já o fez num texto definitivo. De 2008 a 2012 o cenário parece ter-se agravado, tornado-se mais copioso, mas sem uma mudança substancial na dinâmica de forças.
E é ao mesmo Ronald Robson que eu tomo a citação que dá de modo irretocável a razão da superioridade de figuras como Dostoiévski e Olavo de Carvalho sobre seus críticos nojentinhos: “só está apto a produzir algo que fale a todos os homens de todas as épocas o indivíduo que olhou com clareza atroz o que se passa ao seu redor e amou ou odiou, com todo o empenho do seu ser, a sua particularíssima situação concreta.” O que por sua vez remete a uma carta escrita por Dostoiévski a seu amigo Nikolai Strákhov, em que critica um artigo de Turguêniev onde este descreve sua incapacidade de olhar de frente uma execução pública:
 
[O]s filhos dos homens não têm o direito de dar as costas a nada que aconteça sobre a terra; não, segundo os princípios morais mais elevados, eles não têm. Peculiarmente cômico é quando ele [Turguêniev] de fato as costas, assim evitando assistir à execução. “Vejam, senhores, que refinada educação é a minha! Eu não pude suportar uma tal cena!” O tempo todo, ele se trai. A impressão mais definitiva que se tem do artigo de modo geral é que ele está desesperadamente preocupado consigo próprio e sua paz de espírito, mesmo quando se trata de cabeças sendo decepadas.
 
Does it ring a bell, leitor? Temos ou não temos entre nós vários filhotes de Turguêniev? Mais engraçado ainda é ver como Dostoiévski, antecipando os sofrimentos de Olavo de Carvalho, tinha de justificar o tempo todo sua escolha pelos temas do dia, os mais provincianos possíveis (no sentido que “província” tem no supracitado texto de Robson). A partir de 1873 ele passa a publicar o Diário de Um Escritor, periódico em que comentava os principais assuntos do momento e respondia a cartas – espécie, digamos assim, de True Outspeak por escrito –, sobre o qual escreve a uma conhecida:
 
A senhora escreve que eu estou desperdiçando meus talentos com bagatelas no Diário. Não é a primeira pessoa de quem escuto isto. Portanto quero agora dizer à senhora e aos outros: eu cheguei à conclusão de que um artista deve estar a par, até o mais mínimo detalhe, não apenas da técnica da escrita, mas de tudo – tanto eventos atuais quanto históricos – relativo à realidade a qual ele deseja retratar. (...) Eu devo dedicar-me especialmente a certas peculiaridades do momento presente. E neste presente momento a geração mais jovem me interessa particularmente e, relativa a ela, a questão da vida em família russa, a qual, em meu entendimento, é bastante diversa hoje do que era vinte anos atrás. Também várias outras questões do momento interessam-me.
Veja bem, leitor: nada disto quer dizer que é obrigatório ao intelectual tomar para si o trabalho de escrutínio do presente de que se ocupam Dostoiévski e Olavo de Carvalho. Quer dizer, as pessoas têm vocações e desígnios diferentes. Felizes seremos todos se Julio Lemos se tornar um grande lógico ou matemático; eu mesma não quero fazer outra coisa senão escrever poesia, assim como alguns serão críticos literários e outros engenheiros, e desse modo nem todos combaterão de frente o projeto diabólico da mentalidade revolucionária – mas daí a desdenhar de quem o faz é necessário um grande salto de desonestidade
 
Não se trata de ignorância, pois Julio Lemos sabe que Olavo de Carvalho se ocupa de coisas importantes, assim como sabe que o olavete de Facebook não representa os verdadeiros discípulos do Olavo – entre os quais não me incluo, pois diante de Ronald Robson e Rafael Falcón sou meramente uma pessoa que gosta de poesia.
 
Quem julgar que este texto é de um nauseante baixo nível, por tratar “de pessoas e não de ideias”, vá lamber sabão. Devíamos estar todos fartos de viver de aparências. Os debates no Brasil são essa coisa inócua porque instituiu-se que não se pode proferir palavra sem antes embrulhá-la com o papel de seda do bom mocismo.
 
Agora, voltando a Dostoiévski, faço uma última pergunta: alguém aí, que não seja especialista em cultura russa do século XIX, já ouviu falar em Dobroliúbov, Granóvski, Píssariev, Vladímir Zotóv? Dou um dente a cada pessoa que disser que sim. E então façam as contas e descubram quem chegará à posteridade, se Olavo de Carvalho ou as miniaturas de aristocratas que, na falta de coisa melhor, lhe fazem as vezes de críticos.

***
P.S.: Por falta de espaço, não pude comentar, como planejara, outros trechos de cartas de Dostoiévski muito interessantes ao paralelo do russo com Olavo de Carvalho. Mas postarei esses trechos em apêndice no primeiro comentário desse post, apenas para curiosidade e deleite do leitor.

[1] A título de breve exemplo, vejam-se os seguintes trechos de cartas escritas por Dostoiévski à época da criação de Os Irmãos Karamávov, em que discorre sobre suas intenções para esta obra:

“Its idea is the presentation of extreme blasphemy and of the seeds of the idea of destruction at present in Russia among the young generation that has torn itself away from reality. Ivan’s convictions form what I consider the synthesis of contemporary Russian anarchism. The denial not of God, but of his creation. The whole of socialism sprang up and started with the denial of the meaning of historical actuality, it arrived at the program of destruction and anarchism. The principal anarchists were, in many cases, sincerely convinced men.” (…)
“The modern denier, the most vehement one, straightway supports the advice of the devil and asserts that that is a surer way of bringing happiness to mankind than Christ is. For our Russian socialism, stupid, but terrible (for the young are with it) – there is a warning [in the Legend], and I think a forcible one. Greed, the Tower of Babel (i.e. the future kingdom of socialism), and the completest overthrow of conscience – that is what the desperate denier and atheist arrives at. The difference only being that our socialists (and they are not only the underground nihilists) are conscious Jesuits and liars, who will not confess that their idea is the idea of the violation of man’s conscience and of the reduction of mankind to the level of a herd of cattle.” (…)
“The West has become blinded and has lost Christ. The course of the whole misfortune in Europe, everything, everything, everything without exception, has been that she gained the Church of Rome and lost Christ, and then decided that they could do without Christ.”

[2] Se é verdade que a crença positiva de Dostoiévski era sobretudo no potencial russo de produzir uma mensagem capaz de salvar o mundo do ateísmo revolucionário, essa era uma crença complementar à sua convicção de que, se os socialistas tomassem o poder, seria o fim; donde vencê-los seria um acontecimento tão significativo que deveria implicar necessariamente a posse da chave para os problemas não só da Rússia como de todo o Ocidente.


APÊNDICE

"When I arrived here, the Peace Conference was just beginning, to which Garibaldi himself came. He went away immediately afterwards. It was really incredible how these socialist and revolutionary gentlemen, whom hitherto I had known only from books, sat and flung down lies from the platform to their audience of five thousand! It's quite indescribable. One can hardly realize, even for oneself, the absurdity,feebleness, futility, disunion, and the depth of essential contradictoriness. And it is this rabble which is stirring up the whole unfortunate working-class!

It's too deplorable. That they may attain peace on earth, they want to root out the Christian faith, annihilate the Great Powers and cut them up into a lot of small ones, abolish capital, declare that all property is common to all, and so forth. And all this is affirmed with no logical demonstration whatever; what they learned twenty years ago, they are still babbling today. Only when fire and sword have exterminated everything, can, in their belief, eternal peace ensue."

(Carta citada no livro de Ellis Sandoz, Political Apocalypse: a study of Dostoevsky’s Grand Inquisitor)

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Carta a N. Strakhov, Maio de 1871:

Por que eles cortam cabeças? Simplesmente porque é o mais fácil a se fazer. Eles desejam o bem comum, mas quando se trata de definir “bem” chegam no máximo a reiterar o aforismo de Rousseau – segundo o qual o “bem” é uma fantasia ainda não ratificada pela experiência. A queima de Paris é algo terminantemente monstruoso: “Já que nós falhamos, que o mundo inteiro pereça!” – pois a Comuna é mais importante do que o bem do mundo ou da França! E ainda assim eles (e muitos outros) veem nessa loucura, não monstruosidade, mas beleza. Diante disso, a idéia estética só pode estar completamente anuviada na mente moderna.

Uma base moral (tomada aos ensinamentos do Positivismo) para a sociedade não apenas é incapaz de produzir quaisquer resultados, mas não pode nem mesmo definir-se para si mesma, e assim deve sempre perder-se entre aspirações e ideais.
Não temos já evidências suficientes para provar que uma sociedade não deve ser assim erigida, que em um caminho muito diferente está o bem comum, e que este bem comum repousa em coisas de todo diferentes dessas que vêm sendo aceitas? No que, então, o bem de fato repousa? Os homens escrevem e escrevem e perdem o ponto crucial.
Na Europa ocidental os povos perderam Cristo (no que o Catolicismo tem sua culpa) e por isso a Europa ocidental aproxima-se de sua ruína. (...)

Se Bielínski, Granóvski e o resto da gangue tivessem vivido para ver este dia, teriam dito: “Não, não foi a isso que nós aspiramos! Não, isto é um erro; devemos esperar um pouco, a luz haverá de brilhar, o progresso triunfará, a humanidade haverá de erigir-se sobre novas e mais saudáveis fundações e ser feliz finalmente!” Eles nunca admitiriam que seu caminho leva no máximo à Comuna ou a Felix Pyat. Aquela trupe era tão obtusa que mesmo agora, após o evento, seriam incapazes de ver seu erro, eles persistiriam em seus sonhos fantásticos.

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Carta a Mlle. Gerassímova, Março de 1877:

A senhorita deseja urgentemente ingressar na Escola Normal de Medicina Para Mulheres. Eu a aconselharia decididamente a não fazê-lo. A senhorita não terá qualquer educação ali, mas pelo contrário. E o que ganha, se de fato tornar-se uma enfermeira ou médica? Tal vocação – se a senhorita realmente espera tanto dela – poderia muito bem ser seguida mais adiante; não seria melhor agora se buscasse outros fins e se ocupasse de sua educação geral? Apenas olhe para nossos especialistas (mesmo os professores universitários); por que estão todos perdendo terreno, e de onde vem o mal que eles causam (ao invés de fazerem o bem) a sua própria profissão? É que simplesmente a maioria de nossos especialistas são pessoas de educação chocantemente precária. Em outras terras é bastante diferente: lá encontramos um Humboldt ou um Claude Bernard, pessoas com grandes ideias, grande cultura e conhecimento para além de seu campo de atuação. Mas, entre nós, mesmo pessoas de talento são incrivelmente pouco educadas.

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Carta a uma mãe, Março de 1878:

Seu filho está agora com oito anos de idade; mostre-lhe o Evangelho, ensine-o a acreditar em Deus, e isto do modo mais ortodoxo. Trata-se de um sine qua non; de outro modo a senhora não conseguirá tornar seu filho em um ser humano decente, mas no melhor dos casos em um sofredor, e no pior – um “sucesso” letárgico e sem preocupações, o que é um destino ainda mais deplorável. A senhora jamais encontrará nada melhor do que o Salvador em lugar algum, creia-me.

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Carta ao Dr. A. F. Blagonravov, Dezembro de 1880:

Porque eu prego a fé em Deus e no povo, a pequena nobreza daqui desejaria que eu desaparecesse da face da terra. Por causa daquele capítulo nos “Karamázov” (o da alucinação), já se buscou tachar-me de reacionário e fanático, alguém que acredita no demônio. Os senhores daqui, em sua simplicidade, imaginam que o público clamará em uma só voz: “O quê? Agora Dostoiévski começou a escrever sobre o demônio, é verdade? Quão obsoleto e borné ele é!” Mas eu creio que eles se encontrarão equivocados.

***

O que eu tomo por certo é o seguinte: se você desse a todos esses grandes professores contemporâneos carta branca para destruir a sociedade antiga e construí-la do zero, o resultado seria tamanha obscuridade, tamanho caos, algo tão cruel, cego e inumano que toda a estrutura entraria em colapso ao som das imprecações da humanidade antes que se chegasse ao menos perto de uma conclusão. Tendo rejeitado Cristo, a mente humana pode alcançar extensões incríveis. Isto é um axioma. A Europa, ou ao menos os mais altos representantes de seu pensamento, rejeita Cristo; nós, como bem sabemos, somos obrigados a copiar a Europa.

Há momentos históricos nas vidas dos povos em que a vilania óbvia e descarada do tipo mais bruto pode ser considerada não mais do que grandeza de alma, não mais do que a nobre coragem da humanidade libertando-se de seus grilhões. Os senhores realmente precisam de exemplos disso? Não há milhares de exemplos? Dezenas de milhares? Centenas de milhares?

(Diário de Um Escritor, “Uma das falsidades de hoje”, 1873)

Escrito por Lorena Miranda

O NOVO IMBECIL COLETIVO

    
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Quando entre os anos 80 e 90 comecei a redigir as notas que viriam a compor O Imbecil Coletivo, os personagens a que ali eu me referia eram indivíduos inteligentes, razoavelmente cultos, apenas corrompidos pela auto-intoxicação ideológica e por um corporativismo de partido que, alçando-os a posições muito superiores aos seus méritos, deformavam completamente sua visão do universo e de si mesmos. Foi por isso que os defini como “um grupo de pessoas de inteligência normal ou mesmo superior que se reúnem com a finalidade de imbecilizar-se umas às outras”.

Essa definição já não se aplica aos novos tagarelas e opinadores, que atuam sobretudo através da internet e que hoje estão entre os vinte e os quarenta anos de idade. Tal como seus antecessores, são pessoas de inteligência normal ou superior separadas do pleno uso de seus dons pela intervenção de forças sociais e culturais. A diferença é que essas forças os atacaram numa idade mais tenra e já não são bem as mesmas que lesaram os seus antecessores.

Até os anos 70, os brasileiros recebiam no primário e no ginásio uma educação normal, deficiente o quanto fosse. Só vinham a corromper-se quando chegavam à universidade e, em vez de uma abertura efetiva para o mundo da alta cultura, recebiam doses maciças de doutrinação comunista, oferecida sob o pretexto, àquela altura bastante verossímil, da luta pela restauração das liberdades democráticas.

 A pressão do ambiente, a imposição do vocabulário e o controle altamente seletivo dos temas e da bibliografia faziam com que a aquisição do status de brasileiro culto se identificasse, na mente de cada estudante, com a absorção do estilo esquerdista de pensar, de sentir e de ser – na verdade, nada mais que um conjunto de cacoetes mentais.

O trabalho dos professores-doutrinadores era complementado pela grande mídia, que, então já amplamente dominada por ativistas e simpatizantes de esquerda, envolvia os intelectuais e artistas de sua preferência ideológica numa aura de prestígio sublime, ao mesmo tempo que jogava na lata de lixo do esquecimento os escritores e pensadores considerados inconvenientes, exceto quando podia explorá-los como exceções que por sua própria raridade e exotismo confirmavam a regra.

Criada e mantida pelas universidades, pelo movimento editorial e pela mídia impressa, a atmosfera de imbecilização ideológica era, por assim dizer, um produto de luxo, só acessível às classes média e alta, deixando intacta a massa popular.

A partir dos anos 80, a elite esquerdista tomou posse da educação pública, aí introduzindo o sistema de alfabetização “socioconstrutivista”, concebido por pedagogos esquerdistas como Emilia Ferrero, Lev Vigotsky e Paulo Freire para implantar na mente infantil as estruturas cognitivas aptas a preparar o desenvolvimento mais ou menos espontâneo de uma cosmovisão socialista, praticamente sem necessidade de “doutrinação” explícita.

Do ponto de vista do aprendizado, do rendimento escolar dos alunos, e sobretudo da alfabetização, os resultados foram catastróficos.

Não há espaço aqui para explicar a coisa toda, mas, em resumidas contas, é o seguinte. Todo idioma compõe-se de uma parte mais ou menos fechada, estável e mecânica – o alfabeto, a ortografia, a lista de fonemas e suas combinações, as regras básicas da morfologia e da sintaxe -- e de uma parte aberta, movente e fluida: o universo inteiro dos significados, dos valores, das nuances e das intenções de discurso. A primeira aprende-se eminentemente por memorização e exercícios repetitivos.

A segunda, pelo auto-enriquecimento intelectual permanente, pelo acesso aos bens de alta cultura, pelo uso da inteligência comparativa, crítica e analítica e, last not least, pelo exercício das habilidades pessoais de comunicação e expressão. Sem o domínio adequado da primeira parte, é impossível orientar-se na segunda.

Seria como saltar e dançar antes de ter aprendido a andar. É exatamente essa inversão que o socioconstrutivismo impõe aos alunos, pretendendo que participem ativamente – e até criativamente – do “universo da cultura” antes de ter os instrumentos de base necessários à articulação verbal de seus pensamentos, percepções e estados interiores.

O socioconstrutivismo mistura a alfabetização com a aquisição de conteúdos, com a socialização e até com o exercício da reflexão crítica, tornando o processo enormemente complicado e, no caminho, negligenciando a aquisição das habilidades fonético-silábicas elementares sem as quais ninguém pode chegar a um domínio suficiente da linguagem

O produto dessa monstruosidade pedagógica são estudantes que chegam ao mestrado e ao doutorado sem conhecimentos mínimos de ortografia e com uma reduzida capacidade de articular experiência e linguagem.

Na universidade aprendem a macaquear o jargão de uma ou várias especialidades acadêmicas que, na falta de um domínio razoável da língua geral e literária, compreendem de maneira coisificada, quase fetichista, permanecendo quase sempre insensíveis às nuances de sentido e incapazes de apreender, na prática, a diferença entre um conceito e uma figura de linguagem. Em geral não têm sequer o senso da “forma”, seja no que lêem, seja no que escrevem.

Aplicado em escala nacional, o socioconstrutivismo resultou numa espetacular democratização da inépcia, que hoje se distribui mais ou menos equitativamente entre todos os jovens brasileiros estudantes ou diplomados, sem distinções de credo ou de ideologia. O novo imbecil coletivo, ao contrário do antigo, não tem carteirinha de partido.
 
Escrito por Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio.

O ÓBVIO ESOTÉRICO


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papinhadealface msm Neste país, o óbvio vai-se tornando cada vez mais um segredo esotérico, só acessível a um círculo de iniciados: num campeonato de esquerdismo, vence, por definição, o mais esquerdista.

A derrota do sr. José Serra em São Paulo demonstra, pela enésima vez, que é impossível vencer o PT e seus aliados sem fazer precisamente as duas coisas que a oposição tem evitado a todo preço:
(1) livrar-se do resíduo ideológico “politicamente correto”, adotando um discurso conservador sem concessões nem atenuações;
(2) denunciar incansavelmente a aliança criminosa de partidos c
omunistas e quadrilhas de narcotraficantes – o Foro de São Paulo.

Quem duvida que o sucesso de Magalhães Neto, em contrapartida, deveu muito à nostalgia de um conservadorismo linha-dura que o seu nome de família ainda evoca na imaginação do eleitorado baiano?

Antonio Carlos Magalhães nunca foi um conservador em sentido estrito, mas, faute de mieux, a esquerda fez dele o símbolo quintessencial da direita, e, ao menos nos seus últimos anos, ele vestiu a camiseta com alguma bravura, cujo prestígio agora reverte em benefício do seu neto.

Uma das razões mais óbvias do triunfo da esquerda, não só no Brasil mas em toda parte, é a solidariedade profunda, a aliança inquebrantável entre seus setores moderados e radicais, sempre articulados para bater no adversário com duas mãos.

Na direita, ao contrário, os moderados, menos ciosos do seu futuro político que da imagem que exibem na mídia esquerdista, tratam de marcar distância dos radicais, seja fingindo ignorá-los, seja mesmo insultando-os, ao menos da boca para fora.
A mensagem que isso transmite ao eleitor é clara: o esquerdismo é um remédio bom, do qual se pode, no máximo, discutir a dosagem; o direitismo, ao contrário, é um veneno que só pode ser bom em doses mínimas.
É preciso ter subido muito na escala da idiotice para não entender que isso é a política de quem já se acostumou tanto com a derrota que já não pode viver sem ela.

O PT não se inibe de aliar-se ao PSOL, ao PSTU, aos Sem-Terra e até, mais discretamente, às Farc. Mas quem pode imaginar os homens do DEM – para não falar de José Serra – posando numa foto em visita, mesmo de pura cortesia, ao Instituto Plínio Correia de Oliveira ou ao Clube Militar? Cito essas entidades de caso pensado: elas nada têm de radical, mas assim as rotulou a mídia esquerdista para isolá-las da direita oficial, que, como sempre, aceitou servilmente jogar segundo a regra imposta pelo adversário

O mais elementar bom-senso político ensina que toda maioria moderada precisa dos radicais - ou de quem o pareça - para dizer em público o que ela não pode dizer. Ensina também que a minoria enfezada só pode ser posta sob controle quando inserida numa aliança. A esquerda já aprendeu isso há décadas. A direita nem começou a pensar no assunto.

Na França, a vitória da esquerda teve como causa principal ou única a impossibilidade de um diálogo entre a direita gaullista e o Front National. Nos EUA, em 2008, John McCain jamais teria perdido a eleição se não houvesse caprichado tanto naquele bom-mocismo centralista que os conservadores abominam.
E no Brasil o sr. José Serra teria tido uma carreira mais brilhante se atirasse à lata de lixo da História um passado esquerdista que, quanto mais ostentado, mais honra e eleva a imagem dos seus inimigos. Desculpem-me por insistir no óbvio, mas, neste país, o óbvio vai-se tornando cada vez mais um segredo esotérico, só acessível a um círculo de iniciados: num campeonato de esquerdismo, vence, por definição, o mais esquerdista.

O eleitorado brasileiro é maciçamente conservador, mas, não tendo quem o represente na política, acaba votando a esmo, conforme simpatias de momento ou interesses de ocasião que no fim o tornam tão corrupto, ao menos psicologicamente, quanto os políticos que ele despreza. O voto interesseiro vai, necessariamente, para quem está no poder, para quem controla a usina de favores.
A oposição teria tudo a ganhar se contrapusesse a esse estado de coisas um discurso ideologicamente carregado, restaurando o senso da política como conflito de valores em vez de mera disputa de cargos. Mas ela não vai fazer isso. Há tempos ela já se persuadiu de que acumular derrotas é mais confortável do que fazer um exame de consciência.


Publicado no Diário do Comércio.

ONU PEDE PARA DILMA CRIMINALIZAR "HOMOFOBIA"


gayzistaAgências da ONU por trás da carta estavam obviamente de olho nos sentimentos cristãos da maioria dos brasileiros. Por causa desses sentimentos e herança, os brasileiros rejeitam qualquer tipo de doutrinação homossexual nas escolas e a imposição da ideologia gay em sua sociedade.

O Grupo Temático Expandido em HIV/AIDS no Brasil (GT/UNAIDS), em parceria conjunta com organizações nacionais e internacionais, enviou uma carta à presidente do Brasil Dilma Rousseff e outras autoridades brasileiras solicitando prioridade nos esforços para criminalizar a “homofobia”.


A carta foi assinada pelo GT/UNAIDS e seus coligados: USAID, ACNUR, OIT, ONU Mulheres, OPAS/OMS, PNUD, UNAIDS,UNESCO, UNFPA, UNICEF e UNODC. Outros signatários incluem o Ministério da Saúde, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e a ABGLT, a maior organização gayzista do Brasil.

A carta alerta sobre uma grande epidemia de AIDS no Brasil, dizendo que embora o HIV afete apenas 0,6% da população geral, entre os homens que fazem sexo com homens o índice é mais elevado: mais de 10% da comunidade gay brasileira tem sido infestada pelo HIV.

A carta explica que o principal culpado pela elevada prevalência do HIV entre os homossexuais é a elevada violência contra eles e diz que os preconceitos contra a homossexualidade são um forte impedimento para os programas de prevenção à AIDS. Como prova, a carta menciona um estudo de 2008 feito pela Fundação Perseu Abramo dizendo que “92% da população brasileira reconhece que há um forte preconceito contra a homossexualidade”. A verdade é que o povo brasileiro não “reconheceu”, mas o demonstrou.

A Fundação Perseu Abramo está ligada ao Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff, partido que tem ocupado o Executivo e predomina no Legislativo do Brasil.

O estudo testou o nível de “homofobia” da população, perguntando às pessoas que comentassem acerca de tais declarações como “Deus fez o homem e a mulher com sexos diferentes para que cumpram seu papel e tenham filhos”. Os 92% de brasileiros que concordaram parcial ou completamente com essa declaração foram rotulados de “homofóbicos”.

Com base nos resultados totais do estudo, o governo brasileiro determinou que 99% de seus cidadãos eram “homofóbicos” e portanto precisavam ser reeducados

Ao que tudo indica falhando em sua missão de realizar uma reeducação em massa de seu povo, o governo de Dilma agora recebe apoio internacional para avançar seus empacados projetos e medidas anti-“homofobia”.

A criminalização da “homofobia”, de acordo com a carta, é fundamental para o sucesso dos programas de prevenção à AIDS. A carta emprestou uma intenção nobre e humanitária para tal criminalização.
A carta dá um exemplo da elevada violência contra os gays, citando uma estatística de 278 homossexuais assassinados em 2011 no Brasil. A estatística, produzida pelo Grupo Gay da Bahia, é um contraste total com os cerca de 50.000 brasileiros assassinados a cada ano. As políticas socialistas de desarmamento têm deixado a população brasileira à mercê de criminosos e assassinos.

Os homossexuais, que muitas vezes vivem em áreas infestadas de prostituição e drogas, não são mais vulneráveis do que a população geral.
Além disso, a fonte da “elevada violência” contra os homossexuais é questionável. O Grupo Gay da Bahia foi fundado por Luiz Mott, um ativista gay cuja defesa da pedofilia é pública.

A carta frisa que o Estado brasileiro não deveria ter conexão religiosa. O governo brasileiro não tem religiões oficiais e não-oficiais, mas as agências da ONU por trás da carta estavam obviamente de olho nos sentimentos cristãos da maioria dos brasileiros. Por causa desses sentimentos e herança, os brasileiros rejeitam qualquer tipo de doutrinação homossexual nas escolas e a imposição da ideologia gay em sua sociedade.

Em sua conclusão, a carta exorta o governo brasileiro a adotar medidas abrangentes para combater a “homofobia”, inclusive prioridade e aceleração na votação e aprovação do PLC 122, o notório projeto de lei anti-“homofobia” produzido pelo PT.

O PLC 122 torna crimes “homofóbicos” atos e opiniões contra a homossexualidade, e sua aprovação ameaça trazer censura para líderes e membros que mencionarem versículos da Bíblia contra a sodomia até mesmo dentro dos templos. Até mesmo membros importantes do PT reconhecem tal ameaça.

O governo de Dilma Rousseff e de seu antecessor, o ex-presidente Lula, fez o possível para aprovar o PLC 122 e outras medidas homossexualistas, que foram paralisadas pelo esforço de católicos e evangélicos.
Certamente, o governo de Dilma recebe de braços abertos a pressão para fazer exatamente o que já vem querendo fazer há um longo tempo: impor a agenda gay na maioria dos brasileiros que insiste em ver a homossexualidade como uma anormalidade.

Escrito por Julio Severo