"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O ÚLTIMO A SAIR, APAGUE A LUZ...

                                         FADIGA PRESIDENCIALISTA

 
Pela análise feita no artigo - Fadiga presidencialista , de Sebastião V.P.da Paixão Jr.( Estadão, PAG 2A - 04/02) e pelo que nós mesmos assistimos nos últimos anos no ambiente político do Brasil, está na hora de fechar o país para balanço, porque tudo que foi orquestrado através da Constituição de 88 deu péssimos resultados.
 
Creio mesmo ser fadiga de material causada pelo excesso de agremiações partidárias, evidentes facilidades concedidas à prática da corrupção, ausência de critérios dos partidos na escolha dos candidatos, inversão de valores na prática política, garantia de impunidade através da imunidade parlamentar, que estão a minar a ainda jovem democracia brasileira; mas os políticos , para fazer de conta que trabalham pelo Brasil, agora apregoam que lutarão por novas bandeiras: voto distrital ou misto, listas fechadas, financiamento público de campanha etc .
 
Só que como bem deixou claro o articulista, nada disto resolverá se o lixo que empesteia a fonte da política não for removido.
Pergunto então porque os nobres congressistas não incluem nesta lista de tarefas o fim do nefasto voto secreto, para demonstrar ao povo a verdadeira vontade de mudar a forma de se fazer política neste país.
O deputado Tiririca errou muito ao vaticinar que pior do que está não fica...Pois já ficou!

04 de fevereiro de 2013
Mara Montezuma Assaf
in lilicarabina

GOVERNO MESSIÂNICO DO PT CONSEGUE O IMPOSSÍVEL

Petrobras registra queda de 36% no lucro de 2012


Fim do caminho – Luiz Inácio da Silva, o messiânico Lula, chegou ao poder central a bordo do discurso da ética e da moralidade. Instalou-se no Palácio do Planalto, onde permaneceu oito longos anos, como se fosse a derradeira salvação do planeta.

Enquanto o então presidente exalava sua fanfarrice ao redor da Terra, o Partido dos Trabalhadores, que é marcado pela incompetência e pela incontestável vocação para a corrupção, conseguiu proezas inimagináveis.
 
Ciente de que sua administração seria uma tragédia, Lula lançou mão da tese da herança maldita, como se a culpa por seus erros futuros fosse de Fernando Henrique Cardoso. Em dez anos o governo do PT conseguiu arruinar a economia do País, deixando a indústria nacional à beira do caminho e sofrendo com a desleal concorrência estrangeira.
 
Em 2006, em sua campanha pela reeleição, Lula incumbiu a sua horda de aduladores de lançar mentiras contra o principal adversário, o tucano Geraldo Alckmin. A mentira maior foi que, se voltasse ao poder, o PSDB privatizaria a Petrobras.
 
Para manter sob controle a inflação, item mais peçonhento da herança maldita deixada por Lula, o Palácio do Planalto obrigou a Petrobras a abraçar prejuízos bilionários decorrente da importação de gasolina, vendida no mercado interno a preço subsidiado.
Com essa manobra criminosa, a Petrobras viu o próprio valor despencar em três anos. Em 1º de janeiro de 2010, a Petrobras valia US$ 199,3 bilhões, mas agora US$ 119,9 bilhões. Uma perda de US$ 70 bilhões, o que representa US$ 73 milhões por dia, como já informamos anteriormente.
 
Contundo, quando o objetivo é fazer estragos os petistas são altamente competentes. No quarto trimestre de 2012, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 7,74 bilhões, de acordo com balanço divulgado nesta segunda-feira (4). Na comparação com o mesmo período de 2011, a alta foi de 53%, mas em relação ao 3º trimestre do ano passado, a alta foi de 39%.
 
No acumulado do ano de 2012, o lucro da estatal alcançou R$ 21,18 bilhões, uma queda de 36% em relação a 2011 (R$ 33,31 bilhões). Como se fosse pouco, a Petrobras enfrenta dificuldades de caixa e tem atrasado sistematicamente o pagamento a fornecedores e prestadores de serviços, o que tem deixado muita gente sem dormir. Foi o pior resultado da petrolífera brasileira desde 2004, quando registrou lucro líquido de R$ 17,86 bilhões.
 
O mais interessante que Lula continua fugido, enquanto os criadores das mentiras de 2006 permanecem calados.

04 de fevereiro de 2013
ucho.info

BARBOSA REBATE CRÍTICA A JUDICIÁRIO FEITA POR MARCO MAIA, EX-PRESIDENTE DA CÂMARA


O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, reagiu nesta segunda-feira às críticas feitas pelo deputado Marco Maia (PT-RS) em sua despedida da presidência da Câmara e afirmou que qualquer assunto constitucional que seja judicializado a última palavra é do tribunal.

"No Brasil, qualquer assunto que tenha natureza constitucional, uma vez judicializado, a palavra final é do Supremo", afirmou.

Desde o fim do ano passado, o comando da Câmara e o Supremo travam um embate em torno da perda do mandato dos três deputados condenados no julgamento do mensalão.

Na análise do caso, o STF entendeu que deveria ocorrer a cassação, cabendo à Câmara apenas oficializar a decisão. Maia defendeu que a palavra final era do plenário da Casa.

"PREOCUPAÇÃO"
Ao deixar a presidência da Câmara, o petista Maia afirmou na manhã de hoje que causava preocupação "ameaças de interferências" e "interpretações circunstanciais" do Judiciário.

"Não há como deixar de manifestar minha mais profunda preocupação com as interpretações circunstanciais de nossa Constituição por parte do Judiciário, responsável tão somente por sua guarda, mas que tem se arriscado a interpretações que só ao Legislativo cabem."

Para o petista, o Congresso precisa reagir. "É uma atitude muito preocupante, que segue exigindo postura enérgica e intransigente por parte do Legislativo."

Há duas semanas, o novo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), em entrevista à Folha, disse que iria manter a posição de Maia. Hoje, após a eleição, ele chegou a ser questionado sobre o caso, mas não se manifestou.

PETISTA INSISTE
Novo vice-presidente da Câmara, o deputado André Vargas (PT-PR), defendeu nesta segunda-feira que cabe à Casa a última palavra sobre a perda do mandato dos três deputados condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão. Para Vargas, "fora isso, é cassação sumária", disse ele à Folha.

O petista afirmou que a Câmara vai ter que se manifestar sobre a situação dos deputados, passando pela Corregedoria, pelo Conselho de Ética e pelo plenário da Casa.

04 de fevereiro de 2013
Márcio Falcão
(Folha)

RENAN E ALVES FORAM XINGADOS AO SUBIR A RAMPA DO CONGRESSO

 

Constrangimento e vexame diante do Congresso Nacional. Aos gritos de “safado”, “sem vergonha” e “ladrão”, o novo presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), subiu a rampa do Congresso nesta segunda-feira para a abertura do ano legislativo. Henrique Eduardo Alves sofreu o mesmo tipo de recepção e depois ficou perfilado junto a Renan, enquanto um grupo de 20 pessoas estendia faixas com os dizeres: “Fora Renan. Abaixo o Senado!” e “Até quando o poder Legislativo envergonhará o Brasil?”

Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves (ao fundo) participam de cerimônia na rampa do Congresso enquanto manifestantes levantam cartazes em protesto
Ao fundo, Alves e Renan
Segundo a cobertura da Folha, Renan ouviu os protestos, mas não se manifestou. Ele subiu a rampa acompanhado da mulher, Verônica Calheiros. Henrique Eduardo Alves, que é divorciado, estava sem companhia.

04 de fevereiro de 2013
Carlos Newton

A HORA E A VEZ DA TARTARUGA...

Como se esperava, Lewandowski não tem pressa para julgar Renan Calheiros no Supremo

No Supremo Tribunal Federal, o relator do processo contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é o ministro Ricardo Lewandowski. Como Se sabe, o novo presidente do Senado está sendo acusado pela Procuradoria-Geral da República de ter praticado três crimes – peculato, falsidade ideológica e utilização de documento falso.



O documento com as denúncias foi apresentado ao Supremo na semana retrasada, mas nem mesmo essas graves acusações foram suficientes para inviabilizar a eleição de Renan Calheiros, vejam a que ponto de degradação chegou a política brasileira.

Segundo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os delitos foram cometidos quando Calheiros usou a verba de representação de seu gabinete para fins não previstos em lei. “Ele comprovou isso com notas frias. O serviço, na verdade, não foi prestado, por isso caracteriza peculato”.

Em entrevista à excelente repórter Débora Zampier, da Agência Brasil, Gurgel voltou a rejeitar a tese de que a denúncia teve motivação política e disse que o Ministério Público não podia ficar subordinado ao calendário político, por isso remeteu as denúncias ao Supremo uma semana antes da eleição para a presidência do Senado, marcada para a última sexta-feira.

“Havia duas alternativas: oferecer a denúncia antes, como eu fiz, ou aguardar para oferecer depois. Como certamente se afirmaria que o Procuradoria não teria oferecido a denúncia antes para evitar qualquer embaraço à eleição do senador Renan, então eu preferi apresentar antes”, disse o procurador.

Segundo Gurgel, a denúncia não foi apresentada no ano passado porque ele estava ocupado com o julgamento do mensalão, que dominou a pauta do STF durante o último semestre de 2012. “Se não tivesse o mensalão, provavelmente, essa denúncia teria sido oferecida antes”, disse ele à repórter da Agência Brasil

LEWANDOWSKI NÃO TEM PRESSA

O relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski, disse ainda não tomou conhecimento da denúncia, que tem apenas 15 páginas, pois voltou de recesso sexta-feira. Também informou que não deve tirar o sigilo do processo porque há informações fiscais e bancárias confidenciais do senador e de outras pessoas envolvidas.

Lewandowski disse ainda que não pretende dar prioridade ao processo de Renan Calheiros, acrescentando que não há previsão para levar o caso ao plenário. “É um processo que será examinado normalmente dentro do cronograma de exame dos processos que tenho dentro do meu gabinete”, comentou.

04 de fevereiro de 2013
Carlos Newton

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 



04 de fevereiro de 2013

O ORIENTE SÓ É MEDIO PARA QUEM NÃO VIVE LÁ (MILLÔR FERNANDES)

 

Eleições nas democracias burguesas estão cada vez mais parecidas com reality shows.
O diretor geral se confunde com o marqueteiro e trata de fascinar os otários, quero dizer, os eleitores, com artifícios visuais e discursos ocos, tão verossímeis quanto as projeções estatísticas dos economistas.
Há, porém, uma diferença crucial: o Big Brother tem mais audiência do que qualquer debate político-eleitoral. Isso tudo, porém, é superfície.


Judeus ortodoxos

O essencial se passa nos bastidores, fora do alcance visual – e auditivo – dos cidadãos. Conchavos, arranjos oportunistas e os onipresentes balcões de negócios prenunciam o verdadeiro jogo de poder, ao largo do joguinho televisivo. Inimigos declarados se tornam amigos de infância em troca de alguns segundos a mais na telinha.
Fernando Henrique Cardoso abraçado com Antônio Carlos Magalhães, Lula “ficando” com Maluf e Eike Batista: ninguém tem o direito de se surpreender com esses movimentos ilusionistas. As cartas, que não mentem jamais, não estão ao nosso alcance.
 
Em Israel, não é diferente. Lá como cá, partidos surgem e desaparecem como cogumelos, compõem-se por “pragmatismo”, envolvem-se em escândalos de corrupção. Claro que há particularidades. Cada sociedade tem suas idiossincrasias.
Nas eleições de 22 de janeiro, o partido que representa os colonos (na verdade, usurpadores de terras palestinas, sempre com cobertura oficial) foi turbinado por um empresário carismático, que propôs a anexação definitiva de 62% da Cisjordânia.
 
Um âncora de TV, vocalizando as angústias da classe média assustada com a crise econômico-social do país, pilotou um novo partido e o transformou na segunda força eleitoral. A questão palestina desapareceu da agenda. Com exceção da esquerda, que tem pequeno peso eleitoral, sequer foi citada na campanha. Mistura de frustração e desconfiança no futuro. Dialética do faz-de-conta.
 
RELIGIÃO E POLÍTICA
 
Não pretendo analisar a pantomima eleitoral. Prefiro refletir sobre duas questões que corroem as entranhas do Estado judeu e ameaçam, nas palavras do sociólogo Zvi Barel, “jogá-lo no abismo”.
A primeira é o papel da religião na sociedade e na vida partidária.
Os israelenses, mesmo os laicos, nascem e morrem sob a sombra religiosa. Como o país não tem uma Constituição, são os rabinos que definem quem é judeu (pela tradição ortodoxa, é aquele que nasce de um ventre judeu, ou seja, prevalece a matrilinearidade).
 
Com isso, que comentarei em detalhe mais adiante, determina os direitos de cidadania de que desfrutará o recém-nascido. Não há casamento civil, filhos de mães não-judias e pais judeus não podem ser enterrados em cemitérios judaicos. A chamada Lei do Retorno, em vigor desde 1950, só vale para os judeus reconhecidos como tais pelos critérios religiosos.
 
Ao contrário do que acontece na maioria das comunidades judaicas no mundo, em Israel predominam os chamados ortodoxos e ultraortodoxos. Representam cerca de 10% de população israelense e, como sua taxa de natalidade é superior à média nacional, calcula-se que chegarão a 30% em meio século.
 
Mais de metade das crianças matriculadas em jardins de infância do país estão em instituições ligadas a correntes religiosas radicais ultraortodoxas ou nacionalistas-religiosas.
 
Segundo pesquisa feita pelo Instituto Israelense de Democracia, 85,4% dos jovens religiosos israelenses prefeririam optar por preceitos religiosos ao invés dos valores da democracia.
Nos bairros onde predominam essas correntes religiosas, há uma clara discriminação contra as mulheres. Elas são segregadas em linhas de ônibus e, em certos lugares, forçadas a caminhar em calçadas separadas daquelas por onde caminham os homens.
 
LINHA DA POBREZA
 
Sem obrigação de servir nas Forças Armadas, estes religiosos dedicam-se ao estudo quase exclusivo dos textos sagrados, como a Torá e o Talmud. Não se preparam para o mercado de trabalho e, em consequência, mais de 60% deles estão abaixo da linha da pobreza (cerca de 12% no restante da população).
São, portanto, quase sempre, famílias grandes e pobres, sustentadas pelos impostos de todos os israelenses. Os casos de riqueza entre eles são raríssimos.
 
Ao contrário dos “pastores” brasileiros: segundo a revista Forbes, Edir Macedo tem uma fortuna pessoal estimada em quase US$ 1 bilhão. Valdemiro Santiago, Silas Malafaia, R. R. Soares e o casal Hernandes têm patrimônios que variam de US$ 65 a US$ 220 milhões.
 
INFLUÊNCIA POLÍTICA
 
Esta fatia da população acaba multiplicando sua influência através de partidos políticos. Dos 34 registrados em Israel, 11, ou seja, um terço, são ligados a correntes religiosas. Todos seguem, invariavelmente, a orientação da liderança espiritual, misturando sinagoga com parlamento, fé com direitos públicos e universais.
Somente dois dos onze partidos têm representação parlamentar (em Israel vigora uma cláusula de barreira, de 2% dos votos válidos): Shas e Judaísmo da Torá (tradução livre).
 
O Shas, que já andou envolvido com negociatas e escândalos de corrupção, representa principalmente os chamados mizrahim (judeus orientais) e tem cacifado seu poder de barganha na formação dos governos israelenses. São essas negociações que acabam privilegiando as reivindicações, muitas vezes reacionárias, dos religiosos.
 
Na última campanha eleitoral, defendeu a expulsão dos imigrantes africanos “para preservar o caráter judaico de Israel”. Sua doutrina é encharcada de xenofobia e preconceito. Já o Judaísmo da Torá tinha, como principal ponto programático, a preservação do sábado como dia de descanso total, como mandam os preceitos rígidos da religião judaica.
 
FUNDAMENTALISMO
 
Há uma dura luta dos judeus seculares contra o avanço das correntes religiosas radicais. Essa é uma batalha que definirá o perfil de um Estado que nasceu alimentado pelo trabalhismo secular, que subestimou, tristemente, a ascensão dos setores religiosos.
Um rabino reformista, Uri Regev, disse que “hoje em dia, a sociedade israelense já apresenta sinais de fundamentalismo religioso e, se a proporção do setor religioso radical na população geral aumentar, esses sinais vão se fortalecer”.
 
A nós, judeus de esquerda, repugna a perspectiva de qualquer sociedade dominada pela rua religiosa. Nesse aspecto, o crescimento da influência dos “homens de preto” em Israel traz tanta preocupação quanto a permanência do Conselho dos Aiatolás, no Irã, como poder real no Estado persa. Idade Média devia ser assunto apenas dos livros de História.
 
A segunda questão é a que se refere aos árabes israelenses. O establishment sionista, em Israel e no mundo, orgulha-se pelo fato de que, asseguram, o Estado judeu é a única democracia no Oriente Médio. Propaganda.

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AMANHÃ:
Os árabes israelenses, 20% da população total do país, são discriminados de muitas formas.

04 de fevereiro de 2013
Jacques Gruman (Carta Maior)

DEPOIS DE RENAN, AGORA É A VEZ DA CÂMARA ELEGER OUTRO CORRUPTO, COM O APOIO DO PLANALTO

 

Sem adversários fortes para ameaçar sua vitória, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB) deve ser escolhido hoje como novo presidente da Câmara dos Deputados.
O Planalto chancelou a opção pelas candidaturas de Alves na Câmara e de Renan Calheiros (PMDB) no Senado, em nome da manutenção do PMDB como aliado preferencial dentro da base parlamentar e na campanha presidencial de 2014.

Além de Alves, a também peemedebista e atual vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas, disputa o comando da Casa. Ainda estão no páreo os deputados Júlio Delgado (PSB) e Chico Alencar (PSOL).
Na Câmara, diferentemente do Senado, a eleição pode ir para o segundo turno caso um deputado não obtenha 257 dos 513 votos.

EXIGÊNCIAS AO PLANALTO

Se confirmadas as expectativas e Alves se eleger hoje, o governo sabe que terá que pagar a fatura pelo acordo feito com o PMDB. Alves e Renan pretendem lançar suas candidaturas a governador em seus Estados e, para isso, querem o apoio do PT e da presidente Dilma Rousseff. O partido também espera manter Michel Temer na vice-presidência, quer mais um ministério – o de Ciência e Tecnologia para o deputado Gabriel Chalita – e ainda reivindicará a cabeça de chapa para o governo de São Paulo. (Transcrito do Jornal O Tempo)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Parodiando o título da grande peça teatral de Plinio Marcos, Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves são dois perdidos num plenário sujo. A eleição dos dois é uma das maiores humilhações que a nação pode sofrer, mostrando a que ponto baixou o nível da política nacional. (C. N.)
04 de fevereiro de 2013

A MONSANTO, ALÉM DA JUSTIÇA

 

Agricultores brasileiros estão em litígio contra a Monsanto, que lhes cobrou royalties pelo uso de uma tecnologia cuja patente expirou em 2010, de acordo com a legislação brasileira.
As leis nacionais estabelecem que o início da vigência de uma patente é a data de seu primeiro registro.
A Monsanto invoca a legislação norte-americana, pela qual a patente passa a vigorar a partir de seu último registro. Como sempre há maquiagem dos processos tecnológicos, a patente não expira jamais.



Os lobistas da Monsanto não tiveram dificuldades em negociar acordo vantajoso, para a empresa, com os senhores do grande agronegócio, reunidos em várias federações estaduais de agropecuária, e com a poderosa Confederação Nacional da Agricultura, comandada pela senadora Kátia Abreu. Pelo cambalacho, a Monsanto suspenderia a cobrança dos royalties até 2014, e os demandantes desistiriam dos processos judiciais.

Uma das maldições do homem é a tentativa de criar uma natureza protética, substituindo o mundo natural por outro que, sendo por ele criado, poderá, na insolência da razão técnica, ser mais perfeito. Essa busca, iniciada ainda na antiguidade, continuou com os alquimistas, e se intensificou com as descobertas da química, a partir do século 18.
O conluio entre a ciência, mediante a tecnologia e o sistema capitalista que engendrou a Revolução Industrial, amparada pelo laissez-faire, exacerbou esse movimento, que hoje ameaça a vida no planeta.

A Alemanha se tornaria, no século 19, o centro mais importante das pesquisas e da produção industrial de novos elementos a fim de substituir a matéria natural, construída nos milênios de vida no planeta, por outra, criada com vantagens para o sistema de produção industrial moderno.

EXEMPLO SUICIDA

Não há exemplo mais evidente desse movimento suicida do que a Monsanto. A empresa foi fundada em 1901 a fim de produzir sacarina, o primeiro adoçante sintético então só fabricado na Alemanha. Da sacarina, a empresa foi ampliando seus negócios com outros produtos sintéticos, como a vanilina e corantes, muitos deles cancerígenos. Não deixa de ser emblemático que o primeiro grande cliente da Monsanto tenha sido exatamente a Coca-Cola. É uma coincidência que faz refletir.

Não é só a Monsanto que anda envenenando as terras e as águas com seus produtos químicos. Outras empresas gigantes da química com ela competem na produção de agrotóxicos mortais. Com o controle da engenharia genética aplicada aos vegetais de consumo humano e de consumo animal, no entanto, ela tem sido a principal responsável pelos danos irreparáveis à natureza e à saúde dos animais e dos seres humanos.

Vários países do mundo têm proibido a utilização das sementes transgênicas da Monsanto, entre eles a França, que interditou o uso das sementes alteradas. No Brasil, ela tem vencido tudo, com a conivência das autoridades responsáveis, ou irresponsáveis.
A Comissão Técnica de Biossegurança e o Conselho Nacional de Biossegurança vêm dando sinal verde aos crimes cometidos pela Monsanto e outras congêneres no Brasil.

Essa devia ser uma preocupação prioritária do Parlamento, que só se movimenta com entusiasmo quando se trata das articulações internas para a eleição bianual de suas mesas diretoras.
04 de fevereiro de 2013
Mauro Santayana

BARBOSA FINALIZA SUA PARTE DO ACÓRDÃO DO MENSALÃO ESTA SEGUNDA-FEIRA

 

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, vai concluir segunda-feira sua parte na confecção do acórdão (decisão final) da Ação Penal 470, o processo do mensalão. A informação foi confirmada pela assessoria de Barbosa. O acórdão é um documento que contém os principais fatos e decisões do plenário sobre um processo julgado.



O documento é redigido pelo ministro que deu o voto vencedor – no caso do mensalão, a maioria das decisões seguiu entendimento de Barbosa. A publicação do acórdão também depende dos demais ministros que participaram do julgamento, que devem enviar seus votos revisados. A assessoria do STF não soube informar quais ministros já concluíram esse trabalho.

O julgamento do mensalão terminou em 17 de dezembro do ano passado, após mais de quatro meses de debates. No dia seguinte, começou prazo de 60 dias para a elaboração do acórdão. A contagem não correu durante o recesso de fim de ano, que começou no dia 20 de dezembro.

Só depois da publicação do acórdão pode haver recursos dos advogados ou do Ministério Público Federal, além da possível cobrança do dinheiro desviado no esquema. Vários advogados disseram que estão apenas aguardando o acórdão para entrar com recursos. Já o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, adiantou que irá acatar a decisão do Supremo.

04 de fevereiro de 2013
Débora Zampier (Agência Brasil)

FIM DE CASO: LULA E ROSE NÃO SE FALAM MAIS.

O futuro dela e da família, porém, já está garantido.


No final de novembro, quando irrompeu o escândalo da Operação Porto Seguro, desfechada pela Polícia Federal para desbaratar corrupção, venda de pareceres e tráfico de influência nas agências reguladoras, envolvendo Rosemary Noronha, então chefe do Gabinete da Presidência da República em São Paulo, o sinal vermelho e a sirene de alerta imediatamente foram acionados no governo, no PT e no Instituto Lula.



Na época, a jornalista Monica Bergamo, da Folha de São Paulo, que é frequente interlocutora de José Dirceu, divulgou que “uma linha direta foi estabelecida entre Lula e Rosemary Noronha, ex-secretária da Presidência da República em SP. Os dois conversaram depois de deflagrada a Operação Porto Seguro, que indiciou a ex-servidora sob acusação de tráfico de influência e corrupção”.

Ainda segundo a jornalista, “a conversa de Lula com Rose, como é conhecida, teve o objetivo de acalmar a ex-secretária”, que estava cobrando dos dirigentes do PT que o partido também saísse em sua defesa, assim como sempre faz com Lula, Dirceu, Genoino, Delúbio etc.

BLINDAGEM

Foi então montada a operação para esconder Rose e blindar Lula, o que não é nada simples. Desde então, tanto o ex-presidente quando sua companheira preferencial de viagens (visitas a 32 países, no período de menos de três anos) estão fugindo da imprensa. No período de três meses, até agora Lula não deu nenhuma entrevista.

Em todo evento de que participa, ele escapa sempre pelos fundos, uma situação constrangedora. Nesse período, deu duas entrevistas à TVT, uma televisão criada por sindicatos ligados ao PT, mas isso não conta, porque os entrevistadores só perguntam o que Lula permite.

Foi o pior fim de ano da vida de Rose, Lula não ligou, não houve trocas de presentes. Toda a intermediação entre os dois é feita pelo Instituto Lula (leia-se: Paulo Okamotto, Clara Ant, José de Filippi Júnior, Luiz Dulci e Paulo Vannuchi).

FUTURO INCERTO

Até agora, conseguiram conter Rose, mas o problema é garantir o futuro dela e da família. Como se sabe, em função do escândalo, ela, o ex-marido, o atual e a filha mais velhas perderam os empregos, simultaneamente. Portanto, terão de ser convenientemente sustentados “per secula seculorum”, como se dizia antigamente, ou “até o final dos tempos”, como pregam os religiosos.

Por enquanto, a conta é paga indiretamente pelo Instituto Lula, mas o objetivo é, a médio prazo, transferir essa obrigação para empresários ligados ao PT e ao governo, que sempre são muito solícitos nesses momentos de dificuldades, a exemplo do aconteceu com a repórter Miriam Dutra, que foi “asilada” pela Rede Globo na Espanha para atender aos interesses de Fernando Henrique Cardoso, que pensava ser pai de um filho dela, até assumiu em cartório a paternidade e depois soube que o pai era outro, vejam só que decepção esse homem teve.
E la nave va, fellinianamente.

04 de fevereiro de 2013
Carlos Newton

PERGUNTA DE STEDILE, SOBRE BRIZOLA, LULA, 1998


Lula não entrou para perder em 1998, mas seria a sua terceira derrota seguida. Não dava para ganhar, o que é muito diferente. A máquina nas mãos endinheiradas de FHC fazia dele um candidato invencível. A reeleição, manipulada, compra e paga pelo ministro mais diretamente ligado a ele, que morreria logo depois da "vitória".

Esse ministro era altamente competente em negócios, foi sócio de Golbery ainda na ditadura. Queria montar uma fábrica para "produzir energia extraída da madeira, como se fazia na então União Soviética".

Pediram ajuda ao vice-presidente em exercício, Aureliano Chaves, corretíssimo, (ex-ministro da Energia) que recusou toda e qualquer ajuda, explicando: "Isso está totalmente ultrapassado". Estou contando isso para mostrar como eram as entranhas do governo FHC.

Lula tentava garantir a quarta indicação em 2002, que foi o que aconteceu. A reeleição de FHC foi fácil, a de Lula, facílima. Como seria (ou será) a de Dona Dilma. Não digo que a reeleição dela está afastada. Mas não será "matemática", como foi para FHC e Lula.

O DESTINO (INGRATO) DE BRIZOLA
Tinha tudo para ser presidente. Mas vários obstáculos foram colocados para impedir seu projeto. Fez toda a carreira no Rio Grande do Sul, deputado estadual, prefeito de Porto Alegre, governador. Ainda como governador, foi eleito deputado federal, aqui na Guanabara, território do seu grande inimigo Carlos Lacerda.

Em 1963 deixou o governo, foi para Brasília, onde tinha um adversário (não ostensivo), o cunhado João Goulart. Antes do golpe já era presidenciável, vetado pelo próprio cunhado presidente, respondeu com o slogan de repercussão nacional: "Cunhado não é parente".

Veio o golpe, o exílio, o afastamento por 15 anos da política. Em 1963 pediu a Jango para ser Ministro da Fazenda, (com o aval do general Lott) Jango recusou, por pressão do embaixador Lincoln Gordon.

Para terminar por hoje com Brizola. Em 1984, surpreendeu muita gente, mas não a este repórter. A sucessão estava marcada para 1985, direta ou indireta, dependendo da emenda que tramitava no Congresso. Seu mandato terminava em 1986, o de Figueiredo em 1985.

Sugeriu e trabalhou pela prorrogação do mandato de João Figueiredo, para quando terminasse o seu. Ulisses e Tancredo, que viviam se hostilizando, fizeram uma pausa, derrotaram essa proposta que não servia a eles. Mas ficaram reticentes em relação às "diretas já", de Dante de Oliveira.

A emenda das "diretas já", com egos, vaidades, interesses e ambições se jogando contra, perdeu por apenas 24 votos. Se fosse aprovada para 1985, tenho certeza de que Brizola renunciaria para tentar a presidência.

A obsessão de Brizola era ser presidente. Por causa disso, disputou o difícil governo da Guanabara, no Rio Grande do Sul ganharia sem fazer campanha. Mas já havia governado o estado, e aqui teria muito maior repercussão. Teve que enfrentar a "conspiração" da Proconsult, ganhou mas quase não tomava posse.

Em 1989, não passou para o segundo turno por meio ponto percentual, chamou Lula de "sapo barbudo", foi para o Rio Grande do Sul descansar. Voltou, apoiou Lula, o que fazer? Mas declarou: "Do Collor eu ganharia". Lula não ganhou.

Em 1998, Walmor, Brizola não era vice do Lula, foi uma "roleta russa". Sabia que pela idade, não teria outra chance, foi o que aconteceu. Brizola e Lacerda deveriam ter tido oportunidade de ocuparem a presidência, para errarem ou acertarem. Governaram seus estados de forma positiva. Conseguiram isso, não roubavam nem deixavam roubar.

PS – É sempre bom lembrar Brizola, mesmo circunstancial e fugazmente. Qualquer coisa, consulte o Antonio Santos Aquino.

OS PRESIDENTES MINEIROS DA "REPÚBLICA VELHA"
Desculpe, João Manuel, não citei, foram apenas três, só um cumpriu os quatro anos do mandato. Em 1906, Rui Barbosa achou que era a sua vez, surgiu Afonso Pena, grande governador de Minas. Morreu em 15 de junho de 1909, deixou 17 meses para o vice Nilo Peçanha, no Estado do Rio, e inimigo mortal de Rui.

O SEGUNDO MINEIRO
Em 1914, Wenceslau Brás. Cumpriu o mandato, e assim mesmo com restrições. Ao Senado não foi nenhuma vez, ele e Pinheiro Machado se hostilizavam, Pinheiro seria assassinado em 1915. "Fazia" presidentes, não conseguiu "fazer" a ele mesmo.

BERNARDES, GRANDE PRESIDENTE
Assumiu em 1922, foi um ótimo governador e presidente corajoso. Tomou posse enfrentando os militares e o então poderoso "Correio da Manhã", na tormentosa e perigosa acusação das "cartas falsas".

Não falei em Delfim Moreira, vice de Rodrigues Alves (paulista), nenhum dos dois assumiu. Rodrigues morreria sem assumir. Delfim ficou 11 meses assinando papeis no que se chama na História, "a regência Mello Franco". Era o doutor Afrânio, Ministro da Viação, que viria a ser chanceler em 1930.

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PS – Depois não houve mais sucessão, no sentido exato da palavra. Os vices e os "cabeças de chapa" se hostilizavam, fabricavam ditaduras.

PS2 – Vergonha, ultraje, vexame, a eleição de Renan. Mas pior ainda, degradante foi o discurso de posse. Tripudiou sobre o país inteiro, estava exultante pelo fato de nenhum oposicionista ter citado sua renúncia anterior para não perder a presidência e o mandato. Ia perder as duas, optou por ficar pelo menos com o mandato.

PS3 – Quase todos os que apoiaram ou votaram em Renan, disseram e repetiram: "Não estamos fazendo nenhum favor, pela PROPORCIONALIDADE, o cargo pertence ao PMDB". Nenhuma dúvida. Mas por que escolher um corrupto enquadrado na "ficha limpa", e respondendo a várias acusações no Supremo?

PS4 – Como disse magistralmente o suplente "Edinho 30" (que votou em Renan). "Se o Supremo aceitar a denúncia, Renan ficará dois anos sob pressão. Por que escolheram ele?

PS5 – Como o voto foi secreto, não se tem certeza de como votaram muitos. Na hora em que Renan sentou na cadeira presidencial, os que se dizem "oposicionistas" deveriam sair unidos do plenário.

PS6 – Assim se saberia como votaram os 11 senadores do PSDB. Havia quase certeza de que votaram em Renan, mas seriam identificados se saíssem ou se ficassem. O PSDB não é mesmo de oposição, está aí o governo Dilma que não deixa o PSDB mentir.

PS7 – A entrevista do candidato Pedro Taques foi muito mais importante do que seu discurso de candidato. Falou no "silêncio dos covardes", deveria ter dito isso no plenário.

PS8 – Perguntinha ingênua, inócua, inútil: Se Renan for condenado pelo Supremo e tiver que renunciar novamente, mais tarde poderá disputar a presidência do Senado pela quarta vez?

PS9 – Confissão do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), enquanto abraçava efusivamente Renan: "
Quero ser o teu sucessor nessa presidência. Tenho as mesmas credenciais que você, renunciei à presidência, mas perdi o mandato. Este já recuperei, quero recuperar a presidência."

PS10 – Hoje estará consumada a farsa da democracia, com a eleição de Henrique Eduardo Alves para a presidência da Câmara. Vai demorar muito mais, só deverá terminar à noite. O voto também é secreto (?) e poderá haver segundo turno. São 513 deputados, seis vezes e meia o número de senadores. Mas desperdício de tempo na votação e na apuração.

04 de fevereiro de 2013
Helio Fernandes

COM NOVA PROPOSTA, CATARINA MIGLIORINI DESISTE DE VENDER VIRGINDADE PARA JAPONÊS

 




04 de fevereiro de 2013

OS ELEFANTES NÃO VOAM

 

O Procurador Geral da República estará encaminhando hoje à representação da Procuradoria da República em São Paulo o depoimento de Marcos Valério a Roberto Gurgel, onde o bandido acusa o ex-presidente Lula de ter tido despesas pessoais pagas com recursos amealhados pelo mensalão.

Valério está condenado a 40 anos de prisão como o principal operador da lambança armada pelo PT para comprar votos de deputados e, assim, garantir maioria na Câmara para o então governo do Lula.


O simples enunciado do episódio demonstra serem absurdas as possibilidades de um representante do Ministério Público, em São Paulo, aceitar denunciar o ex-presidente por conta de acusações de um chantagista.

Será sempre bom aguardar a decisão do procurador ainda desconhecido, e depois, se necessário, do respectivo juiz de primeira instância, mas imaginar o Lula réu por conta das declarações de Valério seria o mesmo que acreditar na possibilidade de os elefantes voarem.

Não precisaria o PT ficar em polvorosa, muito menos o Lula preocupar-se. Afinal, tudo tem limites. Os elefantes não voam.

NOVA INCURSÃO SOBRE A ÉTICA?

Aguarda-se o pronunciamento de Henrique Eduardo Alves, hoje, logo depois de haver sido escolhido novo presidente da Câmara. Assim como Renan Calheiros, depois de eleito no Senado abordou conceitos de ética, seu colega deputado poderá fazer o mesmo. O diabo é cotejar as mensagens dos novos dirigentes do Congresso com as acusações feitas a eles, na imprensa e arredores.

Melhor fariam se anunciassem, sem perda de tempo, iniciativas destinadas a recuperar a imagem da instituição que passam a chefiar. Que tal marcar sessões deliberativas, nos dois plenários, para segundas e sextas-feiras, além de sábados e domingos?
Por que não proibir viagens de senadores e deputados ao exterior com despesas pagas pelos cofres públicos?
Cortar o ponto dos faltosos que não estejam comprovadamente doentes? Investigar quais os parlamentares que, direta ou indiretamente, são empresários e manipulam o poder público em favor de seus interesses financeiros? Princípios éticos existem para ser acionados.

O CAMINHO INVERSO

Chocou seus admiradores a primeira entrevista dada pelo dr. Ulysses Guimarães imediatamente divulgados os resultados das eleições presidenciais de 1989, quando ele recebeu menos votos do que o dr. Enéas. Como se estivesse reagindo inconscientemente à derrota, ele pregou a imediata mudança no sistema de governo, aderindo ao parlamentarismo. Depois, caiu em si e esqueceu a escorregadela.

Pois não é que tantos anos depois, quem faz o mesmo caminho inverso é o ex-presidente José Sarney? O país só não se tornou parlamentarista por causa dele, já que a Constituição de 88, às vésperas de ser promulgada, dispunha de um arcabouço amplamente característico do sistema parlamentar. Do palácio do Planalto, Sarney reagiu, mobilizou e, justiça se faça, graças a seus esforços o presidencialismo foi mantido, de acordo com a vontade nacional.

Como agora, ao despedir-se da presidência do Senado, ele prega o parlamentarismo? Todo mundo muda, mas certas mudanças não são fáceis de explicar…

04 de fevereiro de 2013
Carlos Chagas

TRÊS SENADORES DO RIO DE JANEIRO VOTARAM EM RENAN CALHEIROS

Que tal o povo votar com consciência nas próximas eleições?


*** *** ***

Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ)
Francisco Dornelles (PP-RJ)
Eduardo Lopes (PRB-RJ)
 
votaram pela eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado.
*** *** ***
Gozado que a indignação pela eleição de Renan é praticamente unânime entre o povo do Rio de Janeiro, mas esse mesmo povo não teve a menor consciência quando votou em Lindbergh, Dornelles e Crivella (Lopes é suplente) para representá-lo no Senado. Deu nisso.
Para completar, eis a lista dos senadores que NÃO votaram em Renan Calheiros:
 
Aécio Neves (PSDB-MG)
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
Alvaro Dias (PSDB-PR)
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Cícero Lucena (PSDB-PB)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Cyro Miranda (PSDB-GO)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
João Alberto Capiberibe (PSDB-AP)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Lúcia Vânia (PSDB-GO)
Mário Couto (PSDB-PA)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Pedro Simon (PMDB-RS)
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
04 fevereiro de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




04 de fevereiro de 2013

(DECEPCIONANTE) IMAGEM DO DIA

Henrique Alves é eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados
Henrique Alves é eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados - Antônio Cruz/Agência Brasil
 
04 de fevereiro de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




04 de fevereiro de 2013

VALE À PENA LER DE NOVO

A celebração da ignorância é um insulto aos brasileiros que lutam para estudar


PUBLICADO EM 26 DE AGOSTO DE 2009

“Eu cheguei à Presidência mesmo sem ter um curso superior”, repetiu Lula a frase que nasceu como pedido de desculpas, tornou-se desafio, foi promovida a motivo de orgulho e acabou virando refrão do hino à ignorância. ”Talvez até quando eu deixar a Presidência possa até cursar uma universidade”, disse nesta terça-feira o único chefe de governo do mundo que não sabe escrever e nunca leu um livro.

Desse perigo estão livres os professores universitários. Lula evita livros e cadernos como o Super-Homem evita a kriptonita verde. Longe do trabalho duro há 30 anos, não estudou porque não quis. Tempo teve de sobra. Vai sobrar mais tempo ainda quando sair do Planalto, mas continua sobrando preguiça. E ele botou na cabeça que foi formalmente dispensado de aprender qualquer coisa pelos companheiros que sabem juntar sujeito e predicado.

A lastimável formação escolar foi tratada como pecado venial até que o crítico literário Antonio Candido ensinou que, dependendo do portador, ignorância é virtude. “Essa história de despreparo é bobagem”, decretou há dois anos, entre um ensaio e a leitura de um clássico, o professor que não perdoava sequer cacófatos. ”Lula tem uma poderosa inteligência e uma capacidade extraordinária de absorver qualquer fonte de ensinamento que existe em volta dele ─ viajando pelo país, conversando com o povo, convivendo com os intelectuais”.

Amigo do fenômeno há 20 anos, Antônio Candido descobriu um doutor de nascença. ”Nunca vi Lula ser um papagaio de ninguém”, garantiu. “Nunca vi Lula repetir o que ouviu. Ele tem uma grande capacidade de reelaborar o que aprende. E isso é muito importante num líder”. O líder passou a reelaborar o que aprende com tal desembaraço que anda dando lições a quem sabe.

Em junho, numa entrevista à RBS, explicou que a ministra Ellen Gracie não conseguiu o emprego no Exterior porque não estudou como deveria. “Mas ela é moça, ainda tem tempo”, consolou-a. Em julho, enquadrou os críticos do programa que provocou o sumiço da miséria, o extermínio da fome e a promoção de todos os pobres a brasileiros da classe média.

“Alguns dizem assim: o Bolsa Família é uma esmola, é assistencialismo, é demagogia e vai por aí afora”, decolou o exterminador de plurais. “Tem gente tão imbecil, tão ignorante, que ainda fala ‘o Bolsa Família é pra deixá as pessoas preguiçosa porque quem recebe não quer mais trabalhá”. Quem discorda do presidente que ignora a existência da fronteira entre o Brasil e a Bolívia, reincidiu, ”é uma pessoa ignorante ou uma pessoa de má-fé ou uma pessoa que não conhece o povo brasileiro”.
Povo é com ele, gabou-se outra vez nesta terça-feira. No meio da aula, recomendou o estudo de português. ”É muito importante para as crianças não falarem menas laranjas, como eu”, exemplificou. Mas não tão importante assim: ”Às vezes, o português correto as pessoas nem entendem. Entendem o menas que eu falo”.

Mesmo os que não se expressam corretamente também entendem quem fala menos. Não falta inteligência ao povo. Falta escola. Falta educação. Falta gente letrada com disposição e coragem para corrigir erros cometidos por adultos que nasceram pobres. Lula deixou de dizer menas quando alguém lhe ensinou que a palavra não existe. O exemplo que invocou foi apenas outra esperteza. Poucas manifestações de elitismo são tão perversas quanto conceder a quem nasce pobre o direito de nada aprender até a morte.

Milhões de meninos muito mais pobres do que Lula foi enfrentam carências desoladoras para assimilar conhecimentos. A celebração da ignorância é sobretudo um insulto aos pobres que estudam. É também uma agressão aos homens que sabem. Num Brasil pelo avesso, os que se aprenderam português logo terão de pedir licença aos analfabetos para expressar-se corretamente, e os que estudaram em Harvard esconderão o diploma iploma no sótão.

A boa formação intelectual não transforma um governante em bom presidente. Mas quem se orgulha da formação indigente e despreza o conhecimento só se candidata a estadista por não saber o que é isso. Lula será apenas outra má lembrança destes tempos estranhos.

04 de fevereiro de 2013
Augusto Nunes

CÂMARA FEDEMAL ELEGE HOJE O NOVO CHEFE DA QUADRILHA


Mais uma vez assistimos inertes a mais uma trampolinagem no cãogresso fedemal.

Como se não bastasse a eleição pré programada de Renan Canalheiros, agora é a vez da camara fedemal eleger seu presidente.
 
Da mesma maneira que o senado, a câmara já tem o cãodidato eleito. mesmo antes da votação. mais uma vez o jogo das cartas marcadas fará o presidente.

E como não poderia deixar de ser, democraticamente os representantes do povo irão se esconder no voto secreto.

Essa aberração possibilita que o cãogressista faça todo tipo de trampolinagem em eleições, e depois vá para a imprensa com a maior desfaçatez e diga aquilo que a população quer ouvir, dependendo dos ânimos referentes àquele pleito. E se o bicho pegar, jogam a culpa para o povão alegando que estão atendendo a vontade soberana dos que os elegeram.

O voto secreto no caogresso é odioso e anti democrático. Pois a população não tem a chance de cobrar de seu "representante" a postura em determinados momentos da vida legislativa. Colocamos o cidadão no congresso e a partir da eleição não temos mais instrumentos para fiscalizar o real posicionamento do eleito nas votações da casa.

Não dá mais para o país manter políticos desonestos e covardes que se escondem por trás do sigilo do voto para validar todo tipo de sacanagem que fazem com a população.

O país precisa urgente de uma reforma CONSTITUCIONAL, reforma política apenas não irá adiantar muita coisa, pois os que farão tal reforma são sempre mais do mesmo. Políticos duvidosos, caquéticos, vagabundos e estelionatários, que certamente irão perpetuar todo tipo de maracutaia para mante-los a salvo da fiscalização pública e ainda mais dos processos judiciais.
 
Seria necessário que a população acordasse e partisse para a porrada em cima dessa quadrilha de sem vergonhas que se auto denominam representantes do povo.

A democracia as vezes tem desses problemas, ainda mais em um país que imensa parte da população é semi analfabeta e vota por controle remoto. Os idiotas elegem os bandidos e a parcela do povo que pensa e se preocupa com o país fica à merce dos eleitos democraticamente pelo povão bunda mole e burro da pocilga.

A reforma política deveria começar com o fim dos votos secretos no cãogresso para que a população saiba o que cada um dos quase 600 safados estão fazendo com os votos que receberam.

Certa vez o EX presidente Defuntus Sumidus, disse haver 300 picaretas no congresso, hoje temos o dobro, e por incrível que pareça, a imensa maioria aliada ao ex presidente. Ou seja, aceitaram o título de picareta sem a menor cerimônia.
E hoje, na câmara fedemal, a história se repete, o eleito já é conhecido antes mesmo da votação.
E não corre perigo algum de uma surpresa. Afinal, todos os que lá estão seguem com fidelidade quase canina e a certeza da impunidade os mandos e desmandos dos que estão no poder.

Ahhh, sem contar o fim do voto dos analfabetos, essa é outra odiosa prática que perpetua no poder gentinha feito os Collors, Calheiros, Sarneys, Cafeteiras e da Silva, sempre eleitos em estados onde o analfabetismo absoluto é vergonhoso.

Pois, de nada adianta parte da população se preparar e lutar para se tornar melhor se o voto dos mediocres é quem coloca os ratos tomando conta do queijo..
Então...
 
04 de fevereiro de 2013
omascate

O PROBLEMA DO MAL


          Artigos - Cultura 
O mal, mais ainda um mal tão sem sentido, comprova-se a exceção.

A Teodicéia, também conhecida como “o problema do mal”, é um tema filosófico constante. A melhor resposta a este problema é que o mal é a exceção, a desordem, a ausência de bem, como o escuro é a ausência de luz e o frio, a ausência de calor.

Assim como no frio nos lembramos do calor e no escuro desejamos a luz de uma vela, a presença do mal acaba levando a uma percepção mais aguda de que há um Bem, e que este Bem predomina.

Pude perceber isso em dois planos radicalmente diferentes, nestes dias. No desimportante plano pessoal, um susto com a saúde me fez cruzar as portas de um hospital, o que sempre tento evitar. Recebi centenas de mensagens de apoio; amigos de todos os credos, do Daime ao calvinismo, do catolicismo ao ateísmo, expressaram de alguma forma uma intenção de unir-me ou recomendar-me ao Bem maior.

Pouco depois, a horrenda tragédia que ceifou centenas de vidas em Santa Maria suscitou uma resposta proporcionalmente maior, mas na mesma direção. Ao contrário do que ocorrera comigo, contudo, não foi a preexistência de afeto pessoal que comoveu os orantes, dentre os quais se contou até mesmo uma cantora mais conhecida por suas blasfêmias.

Foi a intensidade do mal, a escuridão avassaladora, o frio absoluto de uma tragédia tão sem sentido que fez com que multidões, no mundo inteiro, voltassem os olhos ao Bem.

O mal, mais ainda um mal tão sem sentido, comprova-se a exceção. E a exceção não só confirma a regra – quantas multidões se reúnem pacificamente, sem mortes, sem tragédias? – como a torna mais forte e atrai a ela. A ausência do bem faz perceber seu valor e sua ubiquidade.

Minha filha, ainda pequena, estava triste por alguma coisa de criança. Andava pelo quintal, fazendo bico. Pouco depois minha irmã a encontrou sorrindo, e perguntou-lhe se a tristeza já havia passado. Respondeu-lhe a pequena que havia visto uma linda borboleta azul, que levara a tristeza embora.

Essas “borboletas” mágicas, com o dom de iluminar os cantos escuros da nossa alma, sempre estão ao nosso redor: no sol que nasce, no carinho dos amigos, no gosto bom de um cálice de vinho.

O difícil é encontrá-las, abraçá-las, reconhecê-las. Por vezes, é só a escuridão absoluta de uma tragédia que nos faz ter a força de voltar o olhar para a luz. Alguma luz. Qualquer luz.

Nada pode preencher o vazio da perda de um filho, de alguém que se ama. Mas ao redor deste vazio ainda há, sempre, reflexos do Bem. E é isso o que se expressa nas orações sinceras dos desconhecidos. Que elas sejam sempre ouvidas.

04 de fevereiro de 2013
Carlos Ramalhete é professor.

Publicado no jornal Gazeta do Povo.

A TABULA RASA DA HISTÓRIA


          Artigos - Globalismo 
eucccpO secularismo quer muito mais do que destruir o cristianismo na civilização ocidental. Quer implantar um regime totalitário pagão, restabelecendo todas as perversões do mundo antigo, que a própria Cristandade fez questão de abolir.

Na atual mentalidade ocidental há uma espécie de tabula rasa da memória, no que diz respeito a várias situações históricas, incluindo aí as próprias origens. Um exemplo particular desta omissão é a Idade Média.
Quase toda uma divulgação em escolas, mídia e universidades, com algumas exceções honrosas, retrata uma caricatura da Igreja medieval e da sociedade cristã, além do surrado rótulo da “Idade das Trevas”.
O Velho Continente teria sido dominado por mil anos de obscurantismo.
Só depois do Renascimento e do Iluminismo é que surgiu a razão, o progresso e a evolução da Europa, tal como conhecemos. Naturalmente, tal explanação é uma falsificação deliberada da história, para dizer o mínimo. Os secularistas, para justificarem seus intentos, precisam mentir sobre o passado. Como nunca contribuíram com nada de significativo para a civilização, a melhor maneira de impor seus propósitos ideológicos é evitar comparações. O passado denuncia os males do presente.

Curioso é pensar que a civilização greco-romana seja sempre elevada como espantalho contra o mundo medieval. A falsificação não se limita à Idade Média, mas a própria noção do mundo antigo. Há uma lenda de que os homens de Roma e Grécia seriam criaturas racionalistas, cientificistas e esclarecidas, em comparação aos cristãos medievais, fanáticos, crédulos e extremistas.
A verdade é que o homem do mundo antigo era bem mais supersticioso do que o homem medieval.
A “Cidade Antiga”, na definição de Fustel de Coulanges, não conseguia separar a religião de cada elemento da vida pública e privada. Na verdade, o homem antigo não conseguia ver mais além dos aspectos cívicos da cidade e da família. Não via o estrangeiro ou o forasteiro como parte da espécie humana ou como um próximo a ser respeitado. A religião da cidade modelava cada detalhe da vida do homem antigo e o fechava num círculo estreito e pequeno.

Séculos se passaram até que os romanos tratassem os povos dominados como iguais. A religião civil e doméstica não o permitia. A caridade e a hospitalidade, expressões cabais do amor cristão, eram desprezadas pelos antigos. Não é por acaso que a idolatria religiosa chegava ao ponto de adorar um imperador como deus.

Quem faz a dissociação radical entre o temporal e o espiritual, entre o civil e o religioso, é justamente o cristianismo medieval. O direito romano, tal como é conhecido hoje, não provém da jurisprudência romana, cheia de inclinações religiosas que inviabilizavam sua praticidade, porém, do direito imperial bizantino, com o Digesto e as Institutas do Imperador Justiniano.

Presumir que o mundo antigo seja apenas Sócrates, Platão e Aristóteles é simplesmente desconhecer a mentalidade da época. Esses filósofos foram bastante impopulares, justamente por contestarem vários enunciados religiosos e míticos caros ao mundo antigo. Quem de fato deu o devido crédito a eles foram os cristãos do fim da Antiguidade e início da Idade Média. Dá para compreender por que estes pensadores foram tão cultivados no mundo medieval.

Uma boa parte da cosmovisão filosófica grega platônica e aristotélica corroborava com o monoteísmo cristão, ainda que possuísse o vício do naturalismo.
O homem medieval não rejeitava a filosofia pagã. Achava-se o seu continuador, um herdeiro das tradições filosóficas e jurídicas de Roma e de Grécia, embora rejeitasse os elementos mitológicos e as superstições do passado. Rejeitava a estreiteza mental da religião antiga, para pregar uma fé universal, na qual todos os seres humanos eram irmãos, filhos de um mesmo Deus.
O cristianismo acrescentava à filosofia grega uma perspectiva particular da transcendência e do sobrenatural, estranha ao mundo antigo clássico, e que mudou radicalmente a noção da natureza.

Ela é dessacralizada. O mundo não é como descrito pelos animistas da religião antiga, nem é algo próxima do que propõe o panteísmo. Mas é algo criado, como o homem, algo distinto do Criador.
Tal cosmovisão também muda radicalmente a política. A separação do poder temporal e do poder espiritual faz da autoridade secular um elemento humanizado, destoando assim da divinização comum dada a ela no mundo antigo.
O príncipe pode ser ungido pela Igreja. Mas ele obedece a princípios, diretrizes e valores perenes, em favor da sociedade. O poder é um legado de Deus.

Contudo, quando se exerce esse poder, essa “potestas”, o príncipe está sujeito a valores transcendentes ao quais deve obedecer, em favor da comunidade e do bem comum. O poder espiritual é “auctoritas”, autoridade moral, referência para a sociedade e a cultura intelectual no âmbito dos princípios.
A Igreja é a figura institucional dos princípios religiosos. Ela abarcava, de fato, a unidade moral da Europa, dentro das distinções políticas e fragmentações do mundo medieval. Essa distinção é que fez do poder político algo que pode ser contestado ou combatido, em nome de valores transcendentes como a justiça e a lei natural. A individualização do ser humano na perspectiva cristã permitia esse caminho. Não era produto da cidade ou da coletividade, mas a imagem e semelhança de Deus, um ser independente das suas origens sociais.

O homem grego e romano obedecia cegamente a autoridade pública, pois esta era, ao mesmo tempo, religiosa. Sócrates tomou a cicuta por querer ser um bom cidadão ateniense até na morte. Não queria desobedecer às leis da cidade. Já o homem medieval, ao conceber valores morais transcendentes, era um cidadão do mundo. Estava livre das amarras da cidade ou do feudo, ao qual só era leal por uma questão de convivência e sentido de ordem social.
E se achava no direito de se rebelar contra o governante, quando este não agia conforme os valores cristãos, mas tão somente em causa própria.

O camponês medieval poderia viver na servidão. Todavia, se o nobre abusasse de suas prerrogativas, o servo se rebelava. O mesmo se aplicava aos súditos do rei. As teorias sobre a rebelião contra o governante injusto são genuinamente medievais. O regicídio, idéia desenvolvida pelo jesuíta espanhol Juan de Mariana, em pleno século XVI, tem sólidas referências no mundo medieval.

A fragmentação da sociedade medieval fundou uma civilização embasada na divisão dos poderes e na sua constitucionalização. O rei não era uma autoridade absoluta. Prestava contas à Igreja, às cortes dos nobres e aos súditos; enfim, vivia num amálgama de relações de lealdades e pactos que viabilizava a governabilidade do reino. Cada estamento social era uma esfera de poder, que limitava a outra.
Cada súdito tinha um papel social determinado pelas funções herdadas pela origem. Isso não impedia a mobilidade social. Na verdade, em uma sociedade fragmentada, as famílias, os estamentos sociais, as castas e os ofícios eram formas institucionalizadas de proteção mútua de seus associados.

Embora essas instituições fossem precárias, conceitos como liberdade civil, parlamentos, leis limitadoras dos poderes monárquicos surgem a partir da gênese do pensamento e da dinâmica política do mundo medieval.
Essa limitação de poder é retratada, inclusive, nas esferas de intervenção da Igreja e da monarquia, em particular, nas disputas de poder entre o Sacro Império e a Santa Sé.
Ao contrário dos lugares-comuns, a sociedade medieval não era teocrática. Os bispos e papas tinham limitações de poder na esfera política. E os príncipes costumavam não intervir na esfera religiosa.
A esfera secular e a religiosa coexistiam frontalmente, ora brigando entre si, ora se conciliando.

O Império Romano como idéia no Ocidente sobreviveu mesmo após sua derrocada, por beneplácito da Igreja. Na verdade, a missão dela foi preservar o que foi perdido no passado. A criação do Sacro Império Romano Germânico era uma forma de restaurar a unidade europeia imperial. Tarefa, portanto, inglória, já que outras monarquias europeias também queriam restabelecer a perspectiva do Império. A expansão marítima portuguesa e espanhola é produto dessa coesão entre Império e Igreja, entre a identidade romana jamais extinta na consciência da Europa.

Na verdade, a Igreja guardou o legado imperial na memória. Cultivou a literatura latina e a filosofia grega, preservando-a do perecimento. Criou escolas, hospitais, universidades e fundou o sistema educacional do Ocidente. Ela foi muito mais além. Criou uma nova sociedade sob os escombros da velha. Forjou o continente chamado Europa. Ou melhor, seus valores fundaram uma nova ordem mundial, um novo ciclo histórico.

Apesar da influência decisiva do cristianismo na consciência ocidental, os arautos da modernidade querem apagar o passado, impor uma tabula rasa sobre ele, no pior sentido do termo. A União Européia fez questão de suprimir qualquer menção às raízes cristãs do Velho Continente. No documento da Constituição da Europa, com mais de 70 mil páginas, não há uma única referência sequer ao fato óbvio de que a Cristandade é o elemento mais genuíno do mundo europeu.
E pior: a União Européia imprimiu várias agendas escolares na quais se suprimia qualquer menção ou data de comemoração cristã.
Só as comemorações islâmicas e judaicas foram preservadas. Tamanho ódio secularista se coaduna perfeitamente com a engenharia ideológica da socialdemocracia que hoje domina a Europa.

Na verdade, a própria idéia da “constituição europeia” é uma antítese da Cristandade, pois idolatra um poder estatal acima das autonomias, das identidades, das liberdades civis e dos valores transcendentes da justiça e do direito. Na prática é uma constituição que despreza totalmente as tradições políticas das nações envolvidas. Imposta de cima para baixo, despreza as nacionalidades e as independências nacionais e ignora solenemente as raízes morais, éticas e religiosas do continente. A Constituição e a União Européia são as modernas perversões oferecidas pelo secularismo e pelo socialismo.

Não é de se admirar que o secularismo levará a Europa, de novo, ao totalitarismo.
O desprezo pela fé cristã visa restaurar um novo paganismo político, que faz do indivíduo mera engrenagem do Estado onipotente e auto-sacralizado. A União Européia é um monstro cheio de agendas políticas destrutivas para a liberdade e o indivíduo. É uma Europa socialista, tanto no sentido institucional, como no cultural. A legalização irrestrita do aborto, da eutanásia, do “casamento homossexual” e a expansão dos controles estatais sobre detalhes comezinhos da vida do cidadão europeu visam destruir os elementos intermediários da sociedade que impõem limitações ao poder estatal: a família, as instituições privadas, a Igreja, a religião e a própria nação.

O Estado europeu visa remodelar comportamentos, pensamentos e até mesmo a memória histórica. A descristianização e secularização da Europa são acompanhadas da expansão e inchaço do Estado e da burocracia. Burocracia esta que apaga a memória histórica da Europa, para que o cidadão comum não se recorde nem mais de si mesmo.
A Constituição Europeia é totalitária, agnóstica e anticristã. A religião da Europa estatizante é o eco-fascismo, o New Age e outras formas deturpadas de crenças. É o gnosticismo e panteísmo mais rasteiro junto a uma religião civil com ranços materialistas.

Contudo, a perversidade em falsificar a realidade histórica não se limita à Europa contemporânea. Já dominou uma boa parte do Ocidente, com a mentira e a mistificação elevadas a versões histórico-científicas. Qualquer professor semiletrado de história de uma universidade pública ou escola de ensino médio qualquer, repete a falácia boba de uma Cristandade malvada contra um mundo secular elevado a paraíso terreno. Raros são os esclarecidos, que não pregam tais falsidades. O ataque ao cristianismo adquiriu um caráter mundial.

O secularismo quer muito mais do que destruir o cristianismo na civilização ocidental. Quer implantar um regime totalitário pagão, restabelecendo todas as perversões do mundo antigo, que a própria Cristandade fez questão de abolir. Relativizar a sacralidade da vida humana e da família para absolutizar a vontade onipotente dos engenheiros sociais e burocratas, endossados por uma visão pseudocientífica da sociedade: eis o que esperemos do novo mundo pagão que ressurge, como um novo César divinizado à frente.

A União Européia é apenas um exemplo regional de uma nova União Soviética. Um modelo a ser imitado em escala mundial. O “admirável mundo novo” está mais próximo do que se imagina...

04 de fevereiro de 2013
Leonardo Bruno