"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 23 de junho de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




23 de junho de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



23 de junho de 2013

VÂNDALOS DEPREDAM E ABALAM VOZ LIVRE DO POVO NAS RUAS



 
As manifestações populares ocuparam o cenário do país na noite de quinta-feira, abrangendo, como assinalou O Globo, oitenta  cidades, com destaque natural para Rio, São Paulo e Brasília. Mas em vez de expressar a voz livre do povo nas ruas, clamando por mudanças, terminaram fortemente prejudicadas pela ação absurda e criminosa de vândalos que praticaram depredações, provocações, violências e saques a lojas comerciais e agências bancárias: desfocaram a participação popular na luta pela liberdade, pela ética, por um país melhor, fatores portanto democráticos, lançando, propositadamente o movimento pacífico no campo da ameaça.  
No centro do Rio, o que seria uma caminhada monumental pela Avenida Presidente Vargas foi reduzida porque centenas de milhares de pessoas que lotavam o percurso até a Prefeitura afastar-se quando souberam o que estava ocorrendo em frente à administração municipal. Em São Paulo, a manifestação foi pacífica, porém em Brasília a inconcebível tentativa de invadir o Itamarati e o cerco ao Palácio do Planalto passaram ocupar as redes de televisão. E certamente influíram na repetição de ataques e confrontos em uma série de outras cidades. Difícil, talvez impossível, aos manifestantes, imensa maioria, que defendem o protesto pacífico podem conter ou expulsar os vândalos alucinados. Até porque, no caso do Rio, como observou minha mulher, os vândalos depredadores se antecederam à chegada da passeata à Prefeitura.  
Antecederam de muito e começaram a atacar o prédio, provocar os policiais, tentaram derrubar portas e invadir. Eles planejaram, portanto suas  ações. A prova é que se encontram nos arredores e em momento algum caminharam com a multidão. Tinham um projeto definido de tumultuar, agredir, destruir. Como  praticaram ao incendiar cabines da Polícia Militar, carro do SBT, além de quebrar automóveis particulares. Desalojaram a vitória total do povo das telas de televisão, das páginas da Internet, da primeira página dos jornais do dia seguinte, sexta-feira. Destaquei a Internet com as redes sociais que proporciona porque, dois dias antes, pesquisa do Datafolha publicada na Folha de São Paulo apontou a influência decisiva da comunicação eletrônica na arregimentação popular. E acentuou a presença da Internet e da imprensa em geral como os veículos mais influentes. 
INTERNET 
Perfeito. A percentagem da opinião pública que apontou a Internet passou de 70%. Refletiu uma realidade cada vez mais presente, não só em nosso país, mas em todo o mundo. Antes de seu funcionamento, ampliação e absoluta consolidação, de um lado ficávamos, todos nós, receptores, de outro os transmissores. Agora não. Cada computador passou a ser também um transmissor. Um transmissor tanto coletivo quanto pessoal. Daí sua força para arregimentar multidões. As mensagens são personalizadas, o que torna o apelo mais intenso.  
Mas nem assim as comunicações voltadas para as manifestações pacíficas conseguiram conter a minoria, insignificante em número, mas de grande capacidade e destruição de agir para levar ao tumulto geral e, em consequência, ao pânico. Justificado, aliás, porque os jovens e pessoas de todas as idades que se dispuseram a caminhar pelas avenidas e ruas da liberdade partiram para uma afirmação democrática, não para comprometer a ordem pública e, em vários casos, saquear.  
Os vândalos depredadores, entretanto, não mudaram a realidade e a intensidade da voz do povo. Ele exigiu – exige – o compromisso ético, social, econômico e político por parte dos que governam o país. Os governantes, enfim, agora, precisam falar e responder à pressão legítima da onda de protestos que surgiu.

23 de junho de 2013
Pedro do Coutto

O HUMOR GENIAL DO DUKE

Charge O Tempo 23/06



23 de junho de 2013

O QUE PODE DERROTAR O GOVERNO NAS ELEIÇÕES: A POLITIZAÇÃO DA ECONOMIA


A antecipação do debate sucessório causou um fenômeno indesejável para as expectativas no Brasil: a politização da economia e a contaminação das questões econômicas no debate eleitoral.
 
O fenômeno decorre do fato de que não existe debate ideológico claro no Brasil, já que os dois grandes polos partidários do país – PT e PSDB – adotam visões de mundo parecidas, com origens no socialismo democrático e na social-democracia.

Sendo assim, a disputa se dá nos campos onde possam existir diferenças: na economia e na conduta moral.
O mensalão foi exaustivamente explorado, com pouca repercussão eleitoral. Já com a economia, é diferente. A rigor, a economia é, por si só, o único fator previsível que pode derrotar o governo. Simples assim: se a economia for mal, o governo pode perder a eleição.

Que cenários se apresentam a partir dessa constatação? O primeiro se refere ao empenho do governo de fazer a economia funcionar e evitar que a inflação ameace ainda mais a popularidade da presidente Dilma Rousseff.

O segundo aspecto é que – funcionando a economia ou não – o populismo do governo deve aumentar, visando a consolidar a base de apoio eleitoral nas classes mais populares.

O terceiro aspecto, improvável, trata da possibilidade de Lula vir a ser o candidato presidencial, visando a ampliar as chances de o lulismo ganhar as eleições em 2014.
O que alimenta esse imaginário é o fato de haver muitos setores insatisfeitos com o governo, em geral, e com a presidente, em particular.

MANIFESTAÇÕES

Esses descontentamentos atingem, além da classe política, os empresários, o mercado e os movimentos sociais. Criticam a tendência centralizadora da presidente, bem como sua pouca disposição de dialogar e de fazer concessões.

As três hipóteses se conectam. Se a economia não funciona ou entra em parafuso, o populismo pode aumentar. Se a situação fica mais grave ainda, Lula pode ser o candidato. Antes, porém, de avaliar a viabilidade desses cenários, devemos ver o que o governo vai fazer para controlar a inflação e manter algum crescimento econômico neste ano.

Persiste a sensação de que o Executivo está sem um roteiro claro. Enquanto o BC sinaliza que vai usar a taxa de juros para evitar que a inflação suba, os sinais das demais autoridades econômicas não são tão claros.

Aparentemente, o Planalto confia nos investimentos em infraestrutura para aquecer a economia. No entanto, o meio empresarial perdeu a confiança no governo e na sua capacidade de administrar expectativas.

Ainda existe tempo para o governo se recuperar. Basta se organizar e construir uma agenda positiva, com iniciativas que atendam as aspirações dos vários públicos.

Devem existir mensagens para o mercado financeiro que consolidem o compromisso de controlar a inflação e de manter a austeridade fiscal. Devem existir mensagens e iniciativas para as classes populares no sentido de que os ganhos de renda e emprego possam ser preservados.

Considerando que o governo se mostra instável em termos de competência política e gerencial, os desafios que se apresentam vão demandar mais qualidade na ação governamental.

Para tal, a substituição de alguns ministros deveria ser seriamente considerada, tanto na área econômica quanto na equipe palaciana.

Apesar dos percalços, o governo continua favorito para a eleição presidencial. Principalmente pelo fato de ainda ter condições de controlar as agendas, as iniciativas e os recursos que podem consolidar esse favoritismo.

(transcrito de O Tempo)

23 de junho de 2013
Murillo de Aragão

THE WALKING DEAD


          Artigos - Cultura 
Tudo que começa com Liberté, Egalité, Fraternité termina em guilhotina.
O que uns e outros não percebem é que a tal ‘massa na rua’ é o ápice da despersonalização, da falta de qualquer traço distintivo e, ipso facto, de vida inteligente. Vida inteligente não é aderir: é precisamente o contrário disso.

É PRECISO MUITA violência para se fazer protesto pacífico, decerto. Nada mais violento do que o pacifismo das multidões. Chego em casa, ligo a tv e estão protestando contra rigorosamente tudo.
Contra rigorosamente nada. Dos vinte centavos já ninguém se lembra (saudades dos vinte centavos!). Parecia tudo tão nobre e tão singelo. Agora o negócio virou maio de 68 e todo mundo quer é tocar fogo no circo.
Ou, mais precisamente, nos carros, nos caixas eletrônicos, no comércio, nas bandeiras, na inteligência, na dignidade, em qualquer coisa que esteja no caminho do entusiasmo cívico. O id das gentes resolveu sair às ruas. E a multidão é aquilo que se sabe: movimento bruto, força da natureza.

Todos tão emocionados! Encontraram um arremedo de sentido, ao menos provisório, no movimento. Esticar as pernas faz bem, nem lembravam mais disso.
Perderam uns quilos. Quase fui às lágrimas quando um amigo escreveu algo sobre o ‘espírito’ do povo. De repente, todos estão orgulhosíssimos de si mesmos: saíram às ruas ‘contra tudo isso que está aí’, contra esse ‘status quo’, contra a ‘corrupção’, contra a ‘fome na África’, contra as ‘flexões do infinitivo’ e as platitudes de costume.

Saíram para se manifestar, ponto. Eles se parabenizam, eles jogam confetes uns nos outros, eles assopram língua-de-sogra. Você, quieto no canto, sabe (você os conhece) que eles nunca pensaram a sério em rigorosamente nenhuma das coisas contra as quais (ou a favor das quais), súbito, resolveram protestar – estado, impostos, capital, economia, regulação, reservas de mercado, etc. Bobagens. Reacionarismos. Nós devemos ‘atear fogo na cara da burguesia’. Joel, meu querido, melhor tomar seus cuidados.

Porque não é preciso cautela, prudência, capitulações: bastam uns coquetéis na cabeça e outros na mão; bastam umas camisetas amarradas na cara e, voilà!, o recém chegado do mundo da falta de idéias agora é um Isaiah Berlin, um Trotsky. Um Hegel improvisado a encarnar o ‘espírito objetivo’.
Fosse tão fácil, fosse apenas sair andando por aí a tocar o bumbo, teríamos feito há mais tempo, não é mesmo? Tudo que começa com Liberté, Egalité, Fraternité termina em guilhotina.

E é divertido ver gente dizendo, agora que a baderna saiu mesmo do armário ideológico, que ‘Não importa se o movimento x é manipulado pelo grupo y!, porque o povo está nas ruas, o gigante acordou e eu quero lutar por um mundo melhor!’. De fato, nunca importou. Não é essa a intenção. E nem são os vinte centavos. Falando neles.

Falando nos vinte centavos, ocorre o previsto: Fernando Haddad dizia, solene, que ceder à ‘pressão popular’ seria populismo indesculpável. Fernando Haddad e Geraldo Alckmin anunciam hoje, solenes, que atenderão aos apelos populares, e os vinte centavos, gatilho do patriotismo de ocasião, não serão mais cobrados. Vitória cívica, satisfação, lágrimas. Ótimo para a democracia, não é mesmo?

Péssimo para a democracia. Há certas vitórias que são derrotas. Se algo funciona no sistema democrático representativo é justamente servir de anteparo ao populismo violento, às pressões das maiorias sobre as minorias, das massas sobre os indivíduos.

Representantes são eleitos e se encarregam das leis, da fiscalização, da justiça. Devem ser cobrados, avaliados e, se ruins, que não sejam reeleitos.
Não apenas a divisão de poderes, mas o fato mesmo de que as decisões são tomadas, em tese, depois de conscienciosas deliberações garante alguma segurança jurídica e o império das leis.

Fernando Haddad capitulou precisamente no momento em que não poderia fazê-lo. Grupos com os mais variados pretextos exigem coisas e as coisas exigidas são quase que imediatamente atendidas. Conclusão: eles sabem que para negociar não é preciso mais do que alguns coquetéis molotov na mão.

Se a democracia representativa não satisfaz, agora as condições de possibilidade para a democracia direta estão dadas. Manifestações sob as mais variadas bandeiras (muito embora a quase que absoluta identidade de cores) tendem a tomar conta do cenário e isso nunca terminou bem. Se não são mais as leis, será a força. Anomia.
E a praça pública dará lugar à praça de guerra.  Contemos com a pusilanimidade dos nossos revolucionários.
O que uns e outros não percebem é que a tal ‘massa na rua’ é o ápice da despersonalização, da falta de qualquer traço distintivo e, ipso facto, de vida inteligente.

Vida inteligente não é aderir: é precisamente o contrário disso. Jean Jacques Rousseau não era nada tolo. A multidão anseia, desesperada, por um cadáver que legitime a explosão iminente de violência. A volonté générale procura, desesperadamente, seu Robespierre.
 
23 de junho de 2013
Gustavo Nogy
Publicado no site Ad Hominem.

VERÁS QUE UM FILHO TEU FOGE DOS LIVROS! UMA CARTA AOS MANIFESTANTES E AS CITAÇÕES QUE ELES NÃO LERAM

            
          Artigos - Cultura 
"A raiva e o delírio destroem em uma hora mais coisas do que a prudência, o conselho, e a previsão não poderiam construir em um século."  (Edmund Burke)

"Os participantes de um movimento político normalmente ignoram seu fim, seu motivo e sua origem." (Nicolás Gómez Dávila)

Minha sugestão de cartinha:



"Caro manifestante,

Obrigado por engrossar nosso movimento comunista com a sua presença pacífica, permitindo que os nossos calculados atos de terror fossem debitados pela nossa querida grande mídia na conta de uma minoria radical que nada tem a ver conosco — e que nunca vimos mais
punk.

Sua indignação contra todos os males que nossas ideias socialistas sempre ajudaram a causar — tanto no Brasil quanto no resto do mundo em nossa história recente — foi fundamental para que ganhássemos a oportunidade de colocá-las cada vez mais em prática, deixando o país ainda mais à esquerda do petismo atual.


Parabéns pela sua passividade mental voluntária e pela consequente absorção de todos os nossos slogans, figuras de linguagem e reações automatizadas através sobretudo da alfabetização 'socioconstrutivista', concebida por pedagogos esquerdistas como Emilia Ferrero, Lev Vigotsky e Paulo Freire, e introduzida no Brasil a partir dos anos 1980, quando nossa elite iluminada tomou posse da educação pública.

Somos extremamente gratos pela sua ignorância dos métodos de manipulação das consciências desenvolvidos por Karl Marx, Herbert Marcuse, Antonio Gramsci e demais intelectuais diabólicos de esquerda, assim como pela sua não leitura dos milhares de autores que demonstraram suas vigarices, todos eles propositadamente excluídos da bibliografia escolar e universitária brasileira nas últimas décadas por nossos professores ativistas e por seus bem adestrados aprendizes já crescidos.

Ficamos muito contentes ao notar que, depois de ir às ruas dar meia dúzia de gritos de guerra e fazer umas coreografias meio esquisitas, você volta para casa satisfeito de ter lutado pelo futuro do seu país e, além de postar suas fotos de cara pintada no facebook para mostrar aos miguxos como você é patriota, fique então aguardando alguma mudança nacional resultante deste seu tão louvável esforço de algumas horas.

Como você deve ter percebido pelo discurso da presidente Dilma Rousseff sobre as manifestações, no qual ela usou 6 vezes as variações do verbo 'ampliar', a 'ampliação' da 'participação popular' já é uma conquista do nosso movimento, de modo que agradecemos, ainda, por você não notar que a 'participação popular' à qual Dilma se refere é a nossa, e não a sua, já que você vai ficar aí esperançoso na sua casinha enquanto trataremos aqui de piorar o país para você e sua família.

Para isso, não hesitaremos em conceder direitos a nossos grupos reivindicantes através de novas legislações, para as quais será necessária a criação de novos órgãos jurídico-administrativos especializados, que garantirão uma intervenção cada vez maior do Estado na sua vida. 'Ainda não sabemos qual o tipo de socialismo que queremos', já dizia o próprio Lula, de modo que vamos simplesmente avançando rumo à ditadura totalitária com que sonhamos — e possivelmente até com a volta do ex-presidente e 'chefe' do mensalão ao cargo.

Contamos, no entanto, com a sua cobertura para futuros atos de terror que julgarmos necessários para a imposição da nossa agenda, e nada nos diverte mais do que vê-lo xingar os reacionários que estudam dia e noite para alertá-lo contra nós, bem como para educar você a ser um brasileiro mais consciente de si e da realidade histórico-social em que vive, naquele longo e trabalhoso processo de melhorá-la de verdade.

Com a certeza de que você continuará preferindo a ignorância e chamando de teórico da conspiração quem quer que mencione o nosso querido
Foro de São Paulo — por mais que os participantes da entidade político-terrorista tenham conquistado o poder em todo o continente; e as atas estejam disponíveis no site Mídia Sem Máscara; e você ainda possa ver vídeos de Lula e Hugo Chávez a respeito até no seu YouTube, incluindo aquele em que o segundo confessa ter conhecido o primeiro no mesmo encontro do Foro em que conheceu o então número 2 das Farc, Raúl Reyes —, desejamos a você e à sua família um feliz socialismo do século XXI.


Saudações camaradas,

Os líderes das manifestações


PS: Se você não comprar o livro
O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota porque acha o título muito ofensivo, parabéns de novo! Você é o nosso 'idiota útil' perfeito: melindroso como só um revolucionário burro pode ser."


* * * * * * * *

O mínimo que você deveria ter lido para não receber essa cartinha:

(Seleção de trechos e frases, organizada por Felipe Moura Brasil)

Trechos


"Só pelo fato de pertencer a uma multidão, o homem desce vários graus na escala da civilização. Isolado seria talvez um indivíduo culto; em multidão é um ser instintivo, por consequência, um bárbaro. Possui a espontaneidade, a violência, a ferocidade e também o entusiasmo e o heroísmo dos seres primitivos e a eles se assemelha ainda pela facilidade com que se deixa impressionar pelas palavras e pelas imagens e se deixa arrastar a atos contrários aos seus interesses mais elementares. O indivíduo em multidão é um grão de areia no meio de outros grãos que o vento arrasta a seu bel-prazer."

— Gustave Le Bon, "Psicologia das multidões"

“Uma massa é como um selvagem; não está preparada para admitir que algo possa ficar entre seu desejo e a realização deste desejo. Ela forma um único ser e fica sujeita à lei de unidade mental das massas. No caso de tudo pertencer ao campo dos sentimentos, o mais eminente dos homens dificilmente supera o padrão dos indivíduos mais ordinários. Eles não podem nunca realizar atos que demandem elevado grau de inteligência. Em massas, é a estupidez, não a inteligência, que é acumulada. O sentimento de responsabilidade que sempre controla os indivíduos desaparece completamente. Todo sentimento e ato são contagiosos. O homem desce diversos degraus na escada da civilização. Isoladamente, ele pode ser um indivíduo; na massa, ele é um bárbaro, isto é, uma criatura agindo por instinto.”

— Gustave Le Bon, “A multidão: um estudo da mente popular”

“Suponhamos que surja em uma rua grande comoção a respeito de alguma coisa, digamos, um poste de iluminação a gás, que muitas pessoas influentes desejam derrubar. Um monge de batina cinza, que é o espírito da Idade Média, começa a fazer algumas considerações sobre o assunto, dizendo à maneira árida da Escolástica: "Consideremos primeiro, meus irmãos, o valor da luz. Se a luz for em si mesma boa…" Nesta altura, o monge é, compreensivelmente, derrubado. Todo mundo corre para o poste e o põe abaixo em dez minutos, cumprimentando-se mutuamente pela praticidade nada medieval. Mas, com o passar do tempo, as coisas não funcionam tão facilmente. Alguns derrubaram o poste porque queriam a luz elétrica; outros, porque queriam o ferro velho; alguns mais, porque queriam a escuridão, pois seus objetivos eram maus. Alguns se interessavam pouco pelo poste; outros, muito. Alguns agiram porque queriam destruir os equipamentos municipais. Outros porque queriam destruir alguma coisa. Então, aos poucos e inevitavelmente, hoje, amanhã, ou depois de amanhã, voltam a perceber que o monge, afinal, estava certo, e que tudo depende de qual é a filosofia da luz. Mas o que poderíamos ter discutido sob a lâmpada a gás, agora devemos discutir no escuro.”

— G.K. Chesterton, "Hereges"

"O homem de mente clara é o que se liberta dessas ideias fantasmagóricas e olha de frente para a vida, e se conscientiza de que tudo nela é problemático, e sente-se perdido. Como isso é a verdade pura - ou seja, que viver é sentir-se perdido -, aquele que o aceita já começou a se encontrar, já começou a descobrir sua realidade autêntica, já está em terra firme. Instintivamente, como o náufrago, buscará algo a que se agarrar, e esse olhar trágico, peremptório, absolutamente verdadeiro porque se trata da salvação, o fará ordenar o caos de sua vida. Essas são as únicas ideias verdadeiras: as ideias dos náufragos. O resto é retórica, postura, farsa íntima."

— José Ortega y Gasset, "Rebelião das Massas"

"Somente os humildes é que são completamente sãos, pois apenas eles é que vêem claramente o seu próprio tamanho e as suas limitações."

— A. W. Tozer, "Este Mundo: lugar de lazer ou campo de batalha?"

"É preciso entregar-se de todo o coração para que a verdade se entregue. A verdade só está a serviço de seus escravos."

— A.-D. Sertillanges, "A Vida Intelectual"

"Tudo neste mundo é difícil e trabalhoso. Esperar de uma simples explosão emocional das massas uma transfiguração da realidade histórico-social é aquilo que o Eric Voegelin chamava de ‘fé metastática’, uma doença gnóstica."

– Olavo de Carvalho


Frases

"A burrice, no Brasil, tem um passado glorioso e um futuro promissor"
(Roberto Campos)

"A raiva e o delírio destroem em uma hora mais coisas do que a prudência, o conselho, e a previsão não poderiam construir em um século."
(Edmund Burke)

"É uma coisa deplorável ver todos os homens não deliberar senão os meios, e não o fim."
(Blaise Pascal)

"A esperança é uma virtude de escravos."
(Emile Cioran)

"Os participantes de um movimento político normalmente ignoram seu fim, seu motivo e sua origem."
(Nicolás Gómez Dávila)

"As 'soluções' são as ideologias da estupidez."
(Nicolás Gómez Dávila)

"A crença na solubilidade fundamental dos problemas é característica própria ao mundo moderno. Que todo antagonismo de princípios é simples equívoco, que haverá aspirina para toda cefaléia."
(Nicolás Gómez Dávila)

"'Encontrar-se', para o moderno, quer dizer dissolver-se em uma coletividade qualquer."
(Nicolás Gómez Dávila)

"O amor à pobreza é cristão, mas a adulação ao pobre é mera técnica de recrutamento eleitoral."
(Nicolás Gómez Dávila)

"Toda reta leva direto a um inferno."
(Nicolás Gómez Dávila)


23 de junho de 2013
Felipe Moura Brasil

DILMA QUER SALVAR O SEU GOVERNO COM CONCHAVOS POLÍTICOS E DIALOGANDO COM OS "MOVIMENTOS SOCIAIS"? REPRESENTAM QUEM?

A matéria do Estadão, abaixo, mostra que o governo ainda não entendeu o que se passa. O problema não é falta de Lula.O problema é que Lula, PT, movimentos sociais não representam mais nada. 

Na pior semana de seu governo, com uma onda de protestos violentos sacudindo o País, inflação em alta e popularidade em queda, a presidente Dilma Rousseff criou uma espécie de gabinete de crise e rompeu o isolamento do Palácio do Planalto. Avessa a negociações e alvo de críticas no Congresso, ela foi obrigada a montar uma agenda de emergência para ouvir as vozes das ruas, conter as insatisfações e abafar o coro do "Volta Lula", que já começa a ser entoado na seara doméstica para pedir o retomo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na eleição de 2014. Desde o escândalo do mensalão, em 2005, o PT não enfrenta desgaste tão grande.
 
Com muitos nós para desatar, Dilma pretende agora testar um novo estilo de governo para tentar virar o jogo e traçar a rota do projeto de reeleição. Ajustes na política econômica para reagir à esperada redução de dólares no Brasil, com o fim do programa de estímulos nos Estados Unidos, e mudanças no núcleo político do Palácio do Planalto são aguardados para o segundo semestre.
 
Habituada a centralizar decisões e a formular sozinha as principais diretrizes políticas e econômicas, a presidente encerrou a semana com a imagem de gerente desgastada, em meio a uma sucessão de más notícias que deixaram o Planalto atônito. É nesse tumultuado cenário que a presidente terá que negociar com aliados as composições para 2014.
 
O PMDB convocou reunião de sua Executiva para terça-feira, a fim de discutir a crise e os obstáculos à formação dos palanques com o PT nos Estados, como no Rio de Janeiro. "A coordenação política do governo está sem força e ninguém mais aceita essa história de dois palanques para Dilma", resumiu o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
 
"Bicho esquisito". "Tem um bicho esquisito aí", admitiu o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. "Quem está na chuva é para se queimar e esses protestos também atingiram o PSDB e o governador Geraldo Alckmin", completou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, fazendo um trocadilho. "Com certeza, alguma lição vamos tirar dessa catarse", previu o ministro.
 
Dos problemas com a demarcação de terras indígenas, passando por boatos sobre o fim do programa Bolsa Família, vaias na abertura da Copa das Confederações, escalada da inflação, "Pibinho", atritos com o PT e o PMDB e, agora, a fúria nas ruas, tudo pareceu conspirar para o inferno astral do governo, nos últimos dias.
 
Para recuperar o apoio perdido, Dilma acertou com Lula que mudará a estratégia política, chamando, por exemplo, representantes de movimentos sociais para conversas periódicas. Até agora, ela manteve distância regulamentar de todos.
Concertação. A presidente também fez um apelo pela "concertação" com o Legislativo e o Judiciário. Sob intenso fogo cruzado, anunciou que vai se reunir com governadores e prefeitos e propôs um pacto nacional, expressão abominada pela esquerda, em torno da mobilidade urbana.
No Congresso, aliados preparam outra estratégia para aprovar projeto de interesse do Planalto que inibe novos partidos, aproveitando a fragilidade de Dilma para cobrar faturas antigas de cargos e emendas.
 
No diagnóstico do governo, as manifestações que tiveram como origem o aumento das tarifas de transporte coletivo e desandaram para protestos contra tudo o que está aí assumiram contornos perigosos. A preocupação é com o clima de instabilidade e confronto, num momento de dificuldades na economia, justamente quando as atenções internacionais estão voltadas para o Brasil, que sedia a Copa das Confederações e está prestes a receber a visita do papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, marcada para julho, no Rio.
 
Para Bernardo, as manifestações mostraram que o povo não se sente representado pela forma tradicional de fazer política. Atropelada por jovens sem partidos, a cúpula do PT tentou pegar carona no movimento e convocou seus militantes para uma passeata em São Paulo, na quinta-feira, com o objetivo de defender "o legado de Lula e Dilma", após o recuo no aumento das passagens. O gesto foi visto pelo Planalto como "um tiro no pé" porque pôs o PT, Dilma e o prefeito Fernando Haddad, já derrotado politicamente, na mira de novos protestos.
 
"As reivindicações sobre transportes são legítimas, porque o serviço de ônibus nas grandes cidades é muito ruim", afirmou Paulo Bernardo. "Protestar contra a corrupção também é legítimo, mas, levantar bandeira contra a PEC 37 é conversa fiada. A imensa maioria nem sabe o que é isso", constatou o ministro, numa alusão à proposta de emenda constitucional (PEC) que limita o poder de investigação criminal do Ministério Público.
 
Coro do Volta Lula. Embora petistas, aliados e até empresários descontentes com o governo ensaiem novamente o "Volta Lula", o ex-presidente garante que não será candidato, em 2014. Lula antecipou o lançamento de Dilma, em fevereiro, para segurar especulações sobre o seu retorno, mas, nos bastidores do PT, a estratégia foi considerada desastrosa.
 
Agora, Lula atua como "ouvidor"" da República, chamando em seu escritório políticos da base aliada, governadores, prefeitos, dirigentes sindicais e empresários. "Todos reclamam da falta de interlocução com o Planalto. Lula, então, faz uma "triagem" das reivindicações e encaminha tudo para Dilma.
 
23 de junho de 2013
in coroneLeaks

DEMANDA POR ESPERANÇA

Ainda é difícil compreender o movimento social em andamento em todo o Brasil, mas, certamente, é equivocado tentar desqualificá-lo pela ausência de bandeiras definidas ou pela comparação com outros atos políticos na história do país – luta contra a ditadura, Diretas Já, Fora Collor. O mérito de agora talvez seja justamente emergir após anos de um processo massificador de despolitização em todos os níveis. É mais natural mobilizar-se quando há polarização entre duas forças bem-delineadas, quando há um inimigo definido e alternativas para um modelo de vida melhor. E isso foi colocado fora do desejo de toda uma geração. Acreditar em mudanças estava até ontem fora de moda.
Por isso, é contraditório e conservador exigir um caráter revolucionário, programático e organizado por parte dos manifestantes. A ideologia dos tempos atuais sempre vendeu – e ainda vende – a tese da liberdade individual como liberdade de consumo, do anacronismo das ideologias, do fim da história.
Quem agora protesta nasceu em uma época sem esperança, sem horizonte. E talvez seja essa angústia, esse vazio, o motor de tanta insatisfação atirada para todos os lados.Só dentro desse contexto, incluindo ainda a falência da representação política partidária e institucional, é possível tentar analisar essa onda disforme e heterogênea.
Apenas algumas certezas estão consolidadas, por exemplo, a força inédita no Brasil das redes sociais para divulgar e conectar movimentos sociais. Também é evidente a enorme demanda da população mais jovem pelo protagonismo na vida política e também na reocupação das cidades de forma menos desigual e mais humana. O pano de fundo atual é a falência das políticas públicas promovidas no país nos últimos 30 anos.
O legado deixado pelas ruas em menos de duas semanas de protesto é a vontade de politizar-se, de ocupar as ruas da cidade com mais pessoas e menos carros, mais aparelhos públicos e menos condomínios fechados, mais acesso à educação e à saúde e menos concreto e estatísticas. Na onda dessa nova juventude, professores da rede pública, médicos do SUS e outros integrantes de movimentos sempre presentes nas ruas respiram aliviados, pois não poderão mais ser chamados de “baderneiros”.
A presença de milhares de pessoas nas ruas é muito positiva mesmo não estando todos remando para o mesmo lado nem pelas mesmas causas. Deixemos de lado a tentação de querer deslegitimar o “vem pra rua” pelos quebra-quebras ou por ações contraditórias, como ativistas saudando a polícia. Daqui a pouco, haverá uma separação natural, um arrefecimento de forças, mas o processo de politização já foi semeado em grande parte desses manifestantes.
 
(transcrito do jornal O Tempo)
 
23 de junho de 2013
Murilo Rocha

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




23 de junho de 2013

PLANO DE AÇÃO PARA UMA JUNTA CIVIL-MILITAR


Como defensor de uma intervenção no país por uma Junta Civil-Militar  para destituir o poder público mais corrupto, subornador e prevaricador de nossa história, apresento publicamente minhas sugestões para a forma da  decretação da intervenção assim como dos seus objetivos nos prazos determinados.

Não sou um esclarecido canalha, não sou covarde e não sou omisso. Sou um cidadão digno, honrado, honesto e patriota que sente uma profunda vergonha pelo fato da sociedade continuar aceitando ser gerida por um Covil de Bandidos e que seu país tenha sido transformado em um Paraíso de Patifes por desgovernos civis que transformaram nossos sonhos de democracia em uma absurda fraude que gerou uma ampla degeneração moral das relações públicas e privadas.
As Forças Armadas diante do agravamento do quadro social com riscos relevantes de uma guerra civil, da perda de integridade do território nacional, do crescimento incontrolável da dívida pública, das cada vez mais frequentes invasões de propriedades privadas, da deterioração das estruturas econômicas do país, e diante da desordem institucional e do apodrecimento moral dos Poderes da República, decidem fechar o Parlamento pelo prazo inicial de cinco anos intervindo no poder público através de uma Junta Civil-Militar, com jurisdição independente de outros poderes formalmente estabelecidos e com os seguintes objetivos:
 
- criar imediatamente o Superior Tribunal Civil-Militar com poderes para rever, confirmar ou refazer as decisões dos outros Tribunais sem direito a contestação em outra instância,
- estudar e implantar um novo Regime Político para o país para ser formalizado findo o prazo definido pela Junta Civil-Militar interventora e após consulta formal à sociedade através de um plebiscito que decidirá pela prorrogação de sua atuação, ou para a eleição livre de representantes no Regime Político previamente aprovado pela sociedade através de um outro plebiscito,
- suspender imediatamente as investigações sobre as ações das Forças Armadas durante o Regime Militar em absoluto respeito à Lei da Anistia,
- rever no prazo de cinco anos a estrutura do poder público e as regras para o seu funcionamento,
 
- rever todas as indenizações e pensões vitalícias pagas para os que possam ser classificados como terroristas envolvidos em crimes durante o Regime Militar ou eliminar gritantes abusos cometidos no estabelecimento dos seus valores,
 
- utilizar os mesmos critérios para a concessão de indenizações e pensões vitalícias para as famílias dos que foram assassinados pela esquerda comunista durante o Regime Militar,
 
- garantir a independência do Banco Central com dirigentes de carreira ou indicados pela Junta Civil-Militar,
 
- colocar a Segurança Nacional sob o comando direto dos chefes das Forças Armadas subordinados diretamente à junta civil-militar,
 
- eliminar todas as funções burocráticas para oficiais e comandantes militares das Forças Armadas, dentro e fora do país, que não sejam diretamente ligadas à Segurança Nacional,
 
- acabar com a Força de Segurança Nacional e fazer com que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica tenham forças dessa natureza e independentes para agirem nas situações de risco de desordem civil e agressão externa, com a coordenação direta da Junta Civil-Militar,
 
- reajustar o salário dos soldados e oficiais das Forças Armadas dando-lhes condições dignas de vida, de sustentação de suas famílias e de educação de seus filhos,
- criar o Plano de Segurança Nacional que permitirá uma ampla modernização e compra de equipamentos militares para proteger o país da ação devastadora da expansão da esquerda comunista na América do Sul,
 
- promover a oportunidade para que todos aqueles que desviaram dinheiro dos contribuintes, sob inspiração de governos corruptos, se apresentem a um Tribunal Especializado para negociar o pagamento de suas dívidas com a sociedade, evitando suas prisões pela pena mínima prevista para esses casos, que poderá ser revista como reciprocidade de denúncias dos nomes dos corruptores e subornadores,
 
- reformular o processo de indicação de componentes dos Tribunais Superiores do país para estancar a atuação de magistrados comprometidos com interesses políticos que não sejam compatíveis com a correta aplicação da justiça e no atendimento aos interesses maiores da sociedade,
 
- criminalizar a atuação de lobistas dentro do poder público que incentivem a prática do ilícito da corrupção e do suborno.
- garantir a imediata prisão dos corruptos condenados pelos Tribunais Superiores proibindo refúgios na tramitação de recursos legais sub-reptícios,
- proibir imediatamente o desvio do dinheiro público para o favorecimento de relações internacionais sem contrapartida direta dos interesses econômicos e sociais do país,
 
- reformular a atuação do BNDES congelando seus empréstimos que não sejam em condições normais de mercado após pedidos formais e públicos dos tomadores: empresas, governos estaduais e prefeituras,
 
- congelar durante dois anos o pagamento das dívidas de Estados e Municípios com a contrapartida da promoção de desenvolvimento econômico gerador de empregos que se não cumpridas resultarão na prática de crimes de responsabilidade punidos conforme as leis vigentes,
 
- após o congelamento das dídas dos Estados e Municípios limitar o pedido de novos empréstimos e ampliar os prazos de pagamento de empréstimos já obtidos,
 
- reduzir a carga tributária trabalhista para a pessoa jurídica em 30 % e reformular gradualmente os limites do paternalismo estatal aos empregados das empresas públicas e privadas,
 
- tributar de forma adequada as classes mais abastadas do país e reduzir a tributação da classe média,
 
- proibir o ingresso no serviço público de candidatos que não sejam concursados e sob regime trabalhista idêntico aos das empresas privadas,
 
- criar o Ministério da Corregedoria e Auditoria Pública, subordinado ao Ministério Público para investigar todos os crimes cometidos por funcionários públicos concursados ou não de todos os escalões, assim como os abusos cometidos pelas polícias federal, civil e militar em todo o país,
 
- promover a total independência da Polícia Federal nas investigações dentro do escopo de sua atuação legal,
 
- proibir qualquer tipo de censura à mídia deixando para o âmbito da Justiça a responsabilidade de investigação e punição nos rigores das leis de crimes cometidos pelo jornalismo, mas preservando o livre direito de opinião sobre os atos do governo – Junta Civil-Militar,
 
- proibir qualquer manifestação que comprometa de forma relevante o direito de ir e vir da população e que provoque danos ao patrimônio público, com penas de reclusão mínima de 1 ano sem direito a fiança para os que incidirem nos crimes previstos em lei,
 
- cancelar as matrículas de alunos universitários das universidades públicas e privadas que incidirem em crimes de desordem pública previstos em lei,
 
- eliminar qualquer segredo de justiça para os investigados por corrupção, suborno, prevaricação e tráfico de drogas ou armas, com seus processos tendo livre acesso da mídia,
 
- promover, em caráter de urgência a construção de 20 presídios federais para acolher condenados por corrupção, suborno e prevaricação, entre outros crimes contra a sociedade,
 
- reformular e privatizar gradualmente o sistema prisional do país obrigando a criação de centros profissionais de recuperação em todos eles com a supervisão de entidades empresariais que formularão uma estratégia de colocação profissional para os presos com comportamento produtivo e exemplar durante suas penas,
 
- proibir imediatamente o uso de cartões corporativos implantando o regime formal de pagamentos antecipados com base em rubricas orçamentárias ou reembolsos autorizados por auditorias internas,
 
- eliminar em 50% as despesas com propagandas oficiais e de subsídios a atividades não vinculadas diretamente ao poder público,
 
- no prazo de dois anos reduzir o tamanho da estrutura dos Poderes Legislativos e do Poderes Executivos nos governos federais, estaduais e municipais em 50 %.
 
- reduzir em 50 % os salários dos futuros senadores, deputados, como de seus benefícios diretos e indiretos findo o termino da intervenção civil-militar no país,
 
- reduzir em 50 % os salários dos atuais deputados, senadores e vereadores que terão, temporariamente, a função de legislar administrativamente sobre as decisões da junta civil-militar e como prestadores de serviços na elaboração dos projetos necessários a revolução econômica, educacional e cultural do país,
 
- eliminar imediatamente o mandato de qualquer senador, deputado e vereador envolvido em processos de corrupção e suborno sob investigação com exceções definidas pela junta civil-militar,
 
- proibir judicialmente que qualquer cidadão que tenha sido condenado ou esteja sendo investigado possa concorrer a futuros cargos legislativos,
 
- eliminar 50 % dos cargos não concursados de suporte às atividades legislativas sendo que seus ocupantes terão também suas remunerações reduzidas na mesma proporção dos seus superiores,
 
- após a intervenção civil-militar eliminar os cargos de vereadores remunerados ficando aberta a opção de cargos de vereadores voluntários apenas com direito a uma ajuda de custo de moradia e alimentação,
 
- reformular o papel das polícias civil e militar dando-lhes autonomia para cumprirem seus papéis constitucionais, sob a supervisão legal dos poderes públicos estaduais, municipais e como o acompanhamento do Ministério Público e dos Tribunais Superiores,
 
- proibir a implantação de Forças de Segurança Pública paralelas as Forças Armadas e as Polícia Civil e Militar,
 
- reformular o processo jurídico para não mais permitir a impunidade dos praticantes do ilícito financeiro nas relações público-privadas e limitar as sub-reptícias instâncias jurídicas que permitem postergações de execução de penas contra os condenados por crimes,
 
- transformar o tráfico de drogas ou armas, a corrupção e o suborno envolvendo agentes do poder público em crimes hediondos, inafiançáveis e sem direito a redução de penas, independentemente da função exercida pelos autores dos crimes,
 
- implantar a pena mínima de trinta anos sem direito a fiança ou redução de penas de traficantes ou fornecedores de drogas ou armas ilegais,
 
- criar centros de internação compulsória para todos os viciados em drogas,
 
- reduzir a maioridade penal para 14 anos colocando os responsáveis como cúmplices por omissão dos crimes dos seus filhos,
 
- permitir que todos os cidadãos previamente treinados pelas polícias estaduais portem até 03 armas de fogo, com calibres previamente definidos pela polícia federal, no interior de suas propriedades, para a defesa do seu patrimônio da família,
 
- implantar o regime de prisão sem direito a fiança a todos os que cometerem crimes com armas de fogo sem que sejam caracterizados como atos de defesa da vida ou do patrimônio,
 
- reafirmar a autorização das polícias federal, civil e militar a reações com armas de fogo na resistência armada a prisões por mandato ou em flagrante, ficando os agentes livres de punição penal na caracterização da necessidade de defesa de suas vidas e do cumprimento de ordens judiciais,
 
- permitir que profissionais que atuem em atividades com alto risco de assalto possam portar armas registradas pela Polícia Federal,
 
- acabar com todos os tratamentos diferenciados – imunidades - nas ações judiciais impondo o princípio de que todos são iguais perante a lei nos direitos e deveres,
 
- dar total transparência à sociedade dos gastos do governo eliminando qualquer tipo de confidencialidade na prestações de conta com o contribuinte,
 
- impor o absoluto respeito à propriedade privada que, sem previa autorização judicial por força de julgamento do mérito do seu legítimo dono, não poderá ser questionada, passando a serem suas invasões qualificadas como crimes que deverão ser sumariamente punidos com a prisão imediata dos invasores e sem direito a fiança,
 
- promover a privatização de empresas estatais, com atividades semelhantes às empresas privadas nacionais ou internacionais, mas que subvertam os princípios da moralidade, da ética, da eficiência e do lucro por terem sido transformadas em cabides de emprego obtidos por indicação e não por mérito,
 
- modernizar o parque industrial do país com a permissão de livre importação de máquinas e equipamentos com redução de 50 % de impostos de importação durante dois anos,
 
- promover a entrada de multinacionais no país ou a ampliação das atividades das já existentes através de vantagens tributárias que promovam retorno para a sociedade através de ampla geração de empregos,
 
- impedir qualquer obstáculo ao trânsito de capitais produtivos seja na aplicação ou no retorno para os seus acionistas,
 
- proibir a formação de monopólios, oligopólios ou cartéis que comprometam a livre concorrência,
 
-  promover a divisão de empresas que comprometam a concorrência ou a segurança nacional pela multiplicidade de sua atuação econômica no país,
 
- promover a multiplicação de empregos na iniciativa privada com o desenvolvimento auto sustentado do país,
 
- reformular o Ensino Básico do país iniciando com o reajuste dos salários dos professores que passam a ter um piso nacional digno para uma vida digna e que permita seu aperfeiçoamento profissional,
 
- promover a multiplicação de Escolas Técnicas e Militares em todos os estados em número proporcional aos seus habitantes,
 
- dentro de cinco anos acabar com os vestibulares para as universidades públicas utilizando o mérito do histórico escolar para a obtenção de vagas , com um regime automático de bolsas de estudos por mérito escolar e,
 
- estabelecer prazos para os que recebem as bolsas assistencialistas do governo para que tenham atividades profissionais que resulte em renda suficiente para o seu sustento e de sua família.
 
A junta Civil-Militar promoverá ao longo de sua atuação com a participação do Ministério Público e dos Tribunais superiores a reforma constitucional e seus códigos legais decorrentes.

23 de junho de 2013
Geraldo Almendra é Economista.

A REBELIÃO DAS MASSAS

Dilma fala, mas o quebra-pau nas ruas continua
 
Por que eu digo “não” 1
 
Poderia começar cantarolando um antigo hit: “Não vou mudar/ esse caso não tem solução…”. Não, meus caros, mesmo reconhecendo, e já escrevi aqui, que existem reivindicações justas e honestas nas manifestações de rua; mesmo reconhecendo que expressões de descontentamento são próprias do regime democrático; mesmo reconhecendo que, hoje, o PT se transformou num dos alvos principais dos protestos, apesar de tudo isso, eu continuo rejeitando a forma como milhares expressam o seu repúdio “a tudo o que está aí”. Não posso fazer nada a respeito. Eu sou eu e minhas circunstâncias, para citar um dos pensadores que me são caros, Ortega Y Gasset, autor do que, para mim, é um clássico: “A Rebelião das Massas”.
 
Não posso, contra tudo aquilo que penso, assentir com práticas que, se generalizadas e tornadas um norte politico, ético e moral, conduziriam o país a um mal maior do que aquele que se propuseram a combater. Ainda que tais procedimentos possam atingir em cheio figuras e partidos que execro, essa seria uma batalha sem princípios — e é contra os meus princípios adotar os métodos daqueles a quem combato. Eu não cultivo a humildade socrática e jamais diria “só sei que nada sei”. Prefiro o que poderia ser, talvez, uma divisa aristotélica: SÓ NÃO SEI O QUE NÃO SEI. O fato de eu, como toda gente — incluindo governo e oposição —, não saber direito o que está em curso nem qual será a forma do futuro não implica que eu deva esquecer o que sei. Entenderam?
 
O fato de ignorarmos as causas exatas de um determinado fenômeno não pode nos levar a nos colocar diante deles como uma tábula rasa, de sorte a nos deixar conduzir pelo puro empirismo. O fato é que sei algumas coisas. Sei, por exemplo, que não existe política fora da política. Sei, por exemplo, que não existe saída civilizada fora da representação democrática. Sei, por exemplo, que a imposição coletiva de descontentamentos individuais ou de grupos nem protege o individualismo nem cria coletividades mais tolerantes. Sei, por exemplo, que os oportunistas sempre se beneficiam da depredação dos valores institucionais. Só não sei o que não sei. Mas sei o que sei.
 
Seria tolo ignorar o que aprendi até aqui e me deixar arrastar pela voragem das ruas contra as minhas convicções. E entendo, sim, por que muita gente boa se entusiasma. Sim, meus caros, eu sou tão conservador, mas tão conservador, que acredito que Dilma tem de ser derrubada segundo métodos… conservadores! Ou por outra: tem de ser vencida nas urnas segundo valores que são de outra natureza. Os que estão em curso não me servem.
 
Os que estão aí têm certo cherio de petismo sem PT; de petismo pós-moderno; de um petismo que se espalhou nas redes sociais — ainda que muita gente, e é certo que são milhões, execrem o PT. MAS ATENÇÃO! Nem para tirar os petistas do poder eu aceitaria flertar com categorias que considero pré-políticas, inaptas, ineptas e inapetentes para a vida em sociedade. Não aceitaria porque eu também sei aonde essas coisas vão dar.
 
Eu, que desconfio de coletivos e coletivismos; que repudio os aiatolás que se arvoram em juízes do pensamento alheio; que sou um fanático da distinção entre as esferas pública e privada da vida, eu não posso — e não vou — dar piscadelas àqueles que acreditam que podem impor aos outros a sua vontade; que a rua, qualquer rua, pode ser apropriada como espaço de reivindicação de maiorias ou minorias que pretendem falar em nome da causa geral. Na verdade, uma das razões por que me oponho ao PT, aos ditos movimentos sociais (que nada mais são do que minorias que acreditam no valor universal de causas no mais das vezes particulares) e aos coletivos disso e daquilo que têm a ambição de atuar como polícias do pensamento é justamente seu caráter autoritário, impositivo, fascistoide.
 
No Globo Repórter de sexta-feira, por exemplo, um rapaz do movimento “Juntos”, tratado como um neoiluminista, falava da importância da sociedade mobilizada. Era o exemplo do “jovem”. O Globo Repórter só não informou — e não o fez porque não quis, já que segredo não é — que o “Juntos” é uma cria do PSOL. Luciana Genro é a dona do domínio da turma na Internet. Já contei isso aqui. O rapaz que aparecia ali, mestrando em sociologia, poetizando sobre um futuro generoso, é membro de uma legenda que tem na sua plataforma, entre outras delicadezas, a expropriação também de terras produtivas para a reforma agrária — eles defendem um limite para a propriedade rural, mesmo aquela sobre a qual não há nenhuma evidência de irregularidade.
 
É princípio! Ele diz: “Isso [pessoas nas ruas] deixa feliz; nós vamos ser um país melhor, mais democrático; nós vamos ter mais possibilidade de tomar nas nossas mãos o nosso futuro quanto mais pessoas puderem ir às ruas (…)”.
 
É verdade! O PSOL disputa eleições. Se e quando tiver votos, que aplique o seu programa. Dividindo o comando do DCE da USP, por exemplo, o partido desse notável tribuno da plebe deu um golpe continuísta porque corria o risco de perder. Nas greves da universidade, o PSOL costuma impor a sua vontade por intermédio de suas minorias truculentas. Mas lá estava ele sendo tratado como uma personagem dessa nova aurora — e, pior, como se não tivesse partido.
 
Não, meus caros leitores, minhas caras leitoras! Isso não me encanta. Ainda — e é verdade — que as esquerdas tenham perdido o protagonismo do movimento que está nas ruas; ainda que o “Juntos” e o “Movimento Passe Livre” tenham sido engolidos por outra agenda — que eles, de fato, repudiam —, os métodos referendam uma forma de fazer política que não aprovo.
 
E eu não tenho o menor receio de ser contra a maiorias. Nunca tive. Este blog bateu sucessivos recordes de visitas nesta semana porque diz o que pensa, não o que pensam. Pesquisa Datafolha, segundo a Folha deste domingo, aponta que 66% dos paulistanos acham que manifestações de rua devem continuar; 34% acham que não. Que elas continuem, aprovo. Que tomem qualquer via pública, quando der na cabeça das lideranças, aí não.
 
Nesse caso, estou com os 34%. À diferença do pensador do Globo Repórter, eu acho que o mundo será melhor quanto mais pudermos, cada um de nós, cuidar de nossa própria vida e da vida da nossa família. “Então não existem demandas públicas, Reinaldo?” Existem! Por isso existe a praça. Segundo o Datafolha, 78% dos paulistanos apoiam a ocupação da Paulista. É? Pois eu estou com os 28%, então. Não posso negar o que sei. E EU SEI QUE NEM MESMO AS MAIORIAS TÊM O DIREITO DE CASSAR O DIREITO CONSTITUCIONAL DE IR E VIR. Nem o rapaz do PSOL nem um outro que odeie o PT pode obrigar terceiros a aderir à pauta do PSOL ou a odiar o PT, entenderam?
 
E se todos aqueles que tiveram algo a dizer ou alguma demanda a apresentar ao estado decidirem fazer o mesmo? Qual é o limite? Quem esses juízes do espaço público acatam como juiz? “Ah, mas o direito de se expressar e se reunir também está na Carta!” Eu sei e apanhei bastante para conquistá-lo. Reitero: a praça está à disposição. Por mim, o Vale do Anhangabaú, por exemplo, pode ficar reservado só para manifestações.
 
Aí eu vou lá levar o meu cartaz. Erguerei um contra a corrupção, contra a PEC 37, contra o eventual esforço de transformar o julgamento do mensalão num pastelão, contra a inércia do Congresso, contra a incompetência no gerenciamento da saúde, contra a morte da Baleia (a cadela de “Vidas Secas”), contra comida japonesa, contra o Bolero de Ravel, contra a vírgula entre sujeito e predicado, contra o risco de que as orações subordinadas sejam extintas em nossa imprensa… Eu tenho demandas imensas.
 
Mas não me peçam…
 
 
Mas não me peçam para aplaudir, porque não vou, uma onda que professa seu ódio à política sob o pretexto de que pretende melhorá-la. Vocês sabem o que penso sobre o PT, o PSTU, o PSOL… Acima, expresso a minha contrariedade por um programa jornalístico da Globo ter omitido a origem de um movimento, atribuindo-lhe tinturas apartidárias que são falsas. Sou pela clareza. Defendo o meu direito de demonstrar que são partidos obscurantistas, que, na prática, querem mesmo é ditadura. Mas não me encanta, de modo nenhum!, esse ataque generalizado à política como morada exclusiva da falta de ética e da ladroagem. Exclusiva não é. Mas isso também não resolve, é claro. Basta que seja para merecer um protesto. Mas, então, que se melhore a política, ora!
 
Nos protestos havidos em Brasília, havia muita gente gritando contra Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, por exemplo. O arquivo está à disposição para que se saiba o que penso dele e o que já escrevi sobre ele. Mas é de uma estupidez sem-par chamar de pacífica uma manifestação que toma o teto do Congresso, com cartazes convertidos em tochas. Eu não seria eu se não escrevesse tudo. E, então, vou escrever tudo: se o diabo me obrigasse a escolher entre a democracia que temos, com Renan Calheiros lá, sendo quem é, e os que acreditam que podem sapatear sobre o teto do Parlamento, eu teria de escolher Renan.
 
O motivo é muito simples: no sistema que temos, eu, ao menos, posso escrever o que penso sobre o presidente do Senado… Escrevi contra as manifestações e recebi centenas de ameaças de morte e espancamento. “A culpa não é dos milhares que se manifestam!” Nem eu estou dizendo que seja. Mas é preciso, sim, cuidar dos sentimentos que a gente mobiliza quando faz determinadas reivindicações.
 
O ódio à política — e, não há como negar, há uma parte da imprensa encantada com isso (vou escrever a respeito; lembrem-se de que esta é apenas a primeira parte deste texto) — nos conduz a formas pré-políticas de resolução de conflitos: ou à guerra de todos contra todos ou à má política. Em seu péssimo pronunciamento, a presidente Dilma anunciou a disposição de levar para o Palácio do Planalto os tais movimentos sociais. Como serão usados? Serão tratados como supostos representantes do povo, numa espécie de “by pass” no Congresso? Com que legitimidade? Eu não quero uma democracia tutelada por conselhos populares, formados por pessoas que outorgam a si mesmas o poder da representação.
 
Já escrevi 10.200 toques e estou muito longe de acabar este post. Por isso ele vai em partes — autônomas, sim, mas formam um conjunto. É claro que essa voz das ruas, ora justa, ora destrambelhada, mas sempre equivocada nos métodos, tem uma origem (por óbvio, mais remota) e se fez mais audível em razão de causas recentes. Ela questiona, sim, o modelo petista de governo, mas de uma maneira que entendo distinta do que se tem dito por aí. O baixo crescimento ou a inflação, por exemplo, são absolutamente insuficientes para explicar esse mal-estar.
 
Encerro dando uma pista do que virá na parte 2. Anotem aí: dez anos de ataque sistemático à ordem constituída por meio da depredação de instituições e valores — Congresso, Judiciário, imprensa, Polícia, Forças Armadas — não poderiam resultar numa coisa muito boa. Mais: a “sociedade de consumo” do modelo petista tem outras demandas, além de uma TV de tela plana, especialmente aquelas ligados ao serviço público. Os canais do partido, em sua fase burocrática, foram obstruídos por pelegos, pela “burguesia do capital alheio”, como chamo. Vejo esta patética UNE tentando se meter no meio da criançada que está na rua, e seus representantes me parecem pterodáctilos renascidos no século 21.
 
A UNE não existe. Foi privatizada por Lula, que a comprou com dinheiro público. Nesses anos, a oposição poderia ter sido um bom canal de expressão das contraditas — e tudo dentro da ordem democrática —, mas também ela silenciou com medo da suposta unanimidade e foi demonizada pelo demiurgo, cujo governo montou, por intermédio do subjornalismoo de aluguel, uma verdadeira máquina criminosa de difamação das pessoas que ousam divergir e da própria imprensa — que foi, com as exceções de praxe, frequentemente servil ao suposto milagre petista.
 
O país parecia morto ou anestesiado. Na dúvida, bastava chamar João Santana. Dilma chamou de novo. E se produziu nesta sexta um discurso pífio na TV. No dia seguinte, lá estavam as massas na rua, de novo, quebrando tudo.
 
23 de junho de 2013
Reinaldo Azevedo, Veja