"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 11 de setembro de 2012

EM LEGÍTIMA DEFESA...

 

"QUEM FOI O IMBECIL QUE COLOCOU O BRASIL DE CABEÇA PARA BAIXO?"

Senadores da CPI do Cachoeira contam que ela foi paralisada para não quebrar sigilos de sete empresas laranjas que chegariam em dezenas de campanhas eleitorais.

 
11 de setembro de 2012
Ilimar Franco, O Globo

"O IMBECILIZADO DEPOENTE DA CPI DO MENSALÃO ERA TEMIDO PELA MÁFIA"


Delúbio não nasceu na posse de Lula nem mesmo nas artimanhas criminosas do mensalão.

Delúbio era o todo poderoso gestor do FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador.

O que vem a ser o FAT? É um fundo especial, de natureza contábil-financeira, vinculado ao Ministério do Trabalho, voltado para custear o Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e o financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico.

Conforme ainda o próprio site do FAT, a principal fonte de recursos dessa entidade é composta pelas contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP).
Uma cornucópia de dinheiro. Do trabalhador.

O PT ─ com o concurso entusiasmado da CUT ─ fez uso escancarado deste dinheiro para financiar um esquema nacional de repasses a sindicatos, centrais e apaniguados. Dominavam o conselho do FAT, escolhendo programas e empregos desta verba pública do trabalhador.

O famoso “rachuncho”! Não só a CUT era beneficiada. Dinheiro fácil, sem controle e sem fiscalização eficaz.

Cursos de World, Excel e Power Point (?!?!?) eram oferecidos por estas centrais ─ ou sindicatos ─ para um público que sequer sabia fazer as contas básicas.
Assim como cursos (REAIS) de “Fabricação caseira de Sabão”, “Aproveitamento de talos de legumes” ou “Corte e Costura”!

Qual era a mágica? Material xerocado (quando havia), treinandos que moravam perto do “centro de treinamento” (pois na planilha constava o pagamento do custo de transporte, que no caso não era oferecido), lanches de sucos de saquinhos e biscoitos (que igualmente constavam na planilha dos custos de treinamento) e instrutores escolhidos pelo menor valor.

E o ápice do crime: alunos que não compareciam ao treinamento (alguns inexistentes!), mas que constavam das “listas de presença”.

Empresas e instituições se “especializaram” em ofertar tais cursos e se habilitarem para receber as tais verbas. Outro truque: evitava-se a entrada de proponentes indesejados a partir de um providencial atraso na quitação das faturas dos treinamentos (em alguns casos, inexistentes!) fazendo com que os “escolhidos” tivessem fôlego financeiro para esperar o pagamento superfaturado.

Foi uma festa com o dinheiro do trabalhador. Laboratórios de informática foram alugados a peso de ouro. Xerox ilegíveis eram apresentados como apostilas ou livretos. Pagamentos de quilometragem eram autorizados mesmo sendo absolutamente inverossímeis. Um festival de corrupção.

Quem era o chefe do bando? Quem definia qual empresa/instituição receberia as benesses oriundas do esquema fraudulento? Quem determinava os percentuais que cabia aos partícipes do banquete do que era recolhido em nome do trabalhador?

Ele mesmo: Delúbio Soares. O imbecilizado depoente da CPI do Mensalão era temido e respeitado. Pela máfia. Detinha a chave do cofre. E distribuía dinheiro em reuniões tensas, como acontece nos covis de ladrões.

Deixo claro que, além de Delúbio, outros estavam na mesma festa de arromba. Arromba cofres. Alguns filiados ao PSDB! (Eu não tenho, como todos por cá, bandidos de estimação).

Mas a maioria dos recursos era destinada à CUT e ao PT. O resto era o cala-boca reservado a outros corruptos que usaram e abusaram de um programa social de requalificação profissional para perpetuar ─ criminosamente ─ a desqualificação dos mesmos. Ensinando nada. Deixando zero como resultado.

Exagero? Qual programa de requalificação resultou em UM ÚNICO caso de sucesso? Quanto foi gasto nestes programas? Quantos trabalhadores foram beneficiados? Qual o resultado deste pretenso benefício? Empregabilidade? Aquisição de conhecimentos que qualificaram desempregados (este, dolorosamente, era o público focado!) a estarem aptos ao novo mercado de trabalho? NADA!
Absolutamente NADA!

Um crime até hoje impune. De milhões de reais. Desconfio que atinja a casa de bilhões.
Delúbio Soares não assumiu a tesouraria do PT por acaso. Já tinha serviços prestados. Fidelidade canina (peço desculpas aos cães!) demonstrada. Maleabilidade moral comprovada.

Nunca foi um outsider no esquema de arrecadação do PT. Jamais um novato. Nem mesmo um inocente companheiro que estava acima da função para a qual foi cuidadosamente escolhido.
Tem histórico. Tem experiência. E tinha a certeza da impunidade, derivada do que fez sem sequer ser incomodado.

Esse esquema é perigoso. Muito. Envolve instituições “acima de quaisquer suspeitas”. Políticos donos de fundações, ONG´s e OCIPS de diversos partidos. Na maioria esmagadora, pertencentes ao PT. Mas não só.

E desconhecem limites. Tenho a certeza de que é desta aberração chamada FAT que nasceu o tesoureiro-especialista-em-fraudes que tudo assume com a aura de herói. Ele sabe que não é.
Conta, mais uma vez, com a impunidade que sempre o amparou durante tanto tempo de práticas criminosas.

Um dia a casa cai!
Espero que este dia tenha enfim chegado.

11 de setembro de 2012
REYNALDO ROCHA

LULA SABE DESDE 1995 QUE DELÚBIO SOARES É UM ESPECIALISTA EM DESVIO DE DINHEIRO


Aos 57 anos, o agora diretor da editora Contraponto César Benjamin 


César Benjamin filiou-se a um grupo clandestino de extrema-esquerda aos 15 anos, atravessou os dois seguintes metido na luta armada, foi preso aos 17, torturado durante meses e expulso do país aos 22. Voltou do exílio aos 24, ajudou a fundar o PT aos 26 e foi um dos coordenadores das duas primeiras campanhas presidenciais de Lula. Rompeu com o partido em 1995, mudou-se mais tarde para o PSOL e foi candidato a vice-presidente na chapa de Heloísa Helena.

Aos 57 anos, o agora diretor da editora Contraponto não tem nada a ver com a elite golpista, com louros de olhos azuis ou paulistas de quatrocentos anos. Mas entre César Benjamin e a esquerda governista existe um fosso que começou a ser escavado em 1994 e assumiu dimensões amazônicas em 2005, quando revelou, num programa da TV Bandeirantes, que deixara o PT por ter testemunhado a gestação do escândalo do mensalão ─ e por ter fracassado na tentativa de abortar o monstrengo.

Em 1993, contou César, Lula se dispensara de consultas e conselhos para indicar o representante da CUT, o braço sindical do PT, no Conselho do Fundo de Assistência ao Trabalhador. Só trocou ideias com José Dirceu. Cabe a um conselheiro do FAT decidir onde, quando e como serão investidos os muitos milhões movimentados mensalmente pela entidade. O chefe resolveu transferir do semianonimato para um empregão o companheiro goiano que dava aulas de aritmética a crianças do curso primário e lições de greve a marmanjos inexperientes. Chamava-se Delúbio Soares.

No início da campanha presidencial de 1994, César Benjamin descobriu que Delúbio, com espertezas ilegais, vinha desviando do FAT para o PT quantias com dígitos suficientes para deixar excitado um banqueiro de paraíso fiscal. Confiante na discurseira sobre valores éticos, relatou o que sabia aos mandarins do partido. Ao longo da narrativa, espantou-se com a expressão serena dos ouvintes. Ficou mais espantado ainda ao ouvir de Lula e José Dirceu que, “em nome do partido”, deveria esquecer o assunto.

Ignorou a recomendação até render-se às evidências de que havia denunciado um criminoso aos mandantes do crime. Em 1995, César despediu-se de Lula com um aperto de mãos e uma advertência: “Isso aí é o ovo da serpente”. Era mesmo, soube-se dez anos mais tarde. A trama exposta por César nunca foi desmentida ou retocada pelos acusados. Todos submergiram no silêncio que consente, endossa ou autoriza. Na campanha presidencial de 2002, já promovido a tesoureiro do partido, Delúbio passou a acumular o cargo de diretor-financeiro da quadrilha do mensalão. Em 2005, o escândalo explodiu.

O primeiro depoimento na CPI dos Correios tornou nacionalmente conhecida a figura a quem Lula se referia como “nosso Delúbio”. A voz pastosa de quem comeu arroz com Lexotan, o olhar sem luz que só boladas em dólares iluminam, o sorriso cínico dos que se acham condenados à perpétua impunidade ─ o discurso e a estampa compunham o retrato de um PT envilecido pela revogação dos valores morais. O depoente só abriu a boca para contar mentiras. Batizar a roubalheira imensa de “recursos não contabilizados”, por exemplo.

Em outubro de 2005, ao festejar o 50° aniversário numa fazenda em Goiás, o caixa do bando esbanjava tranquilidade. “Não é hora de falar, e sim de esperar o tempo passar”, disse ao repórter do Estadão. “E aí ficará provado que eu não errei”. Caprichando na pose de inocente, culpou a imprensa e os adversários. “O PT não usou dinheiro público, como fizeram os outros partidos, quando estavam no governo. Nós fizemos diferente do PFL e do PSDB. Usamos dinheiro de empréstimos privados de um empresário para fazer pagamentos de campanha e deu a confusão que deu”.

Fez duas previsões. Depois de admitir que o PT dificilmente deixaria de expulsá-lo, avisou que não demoraria a voltar sob os aplausos dos companheiros. Acertou. Depois de repetir que o mensalão não existiu, fez a segunda aposta: “Nós seremos vitoriosos, não só na Justiça, mas no processo político.
É só ter calma. Em três ou quatro anos, tudo será esclarecido e esquecido, e acabará virando piada de salão”. Errou feio. O que virou piada foi o palavrório forjado pelos delinquentes para escapar da cadeia.

No momento, como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, é improvável que Delúbio Soares esteja pensando em comemorações. Se resolver festejar o aniversário, corre o risco de ouvir o Parabéns a Você entoado por meia dúzia de parentes. Nem os velhos comparsas vão querer apagar velinhas ao lado do companheiro que, em outubro, já será mais um corrupto condenado pelo Supremo.

11 de setembro de 2012
Augusto Nunes

MENSALÃO: O NOVO MINISTRO DO SUPREMO

Teori Zavascki, foi no passado indicado por FHC e nomeado por Lula. Espera-se dele no Supremo atuação técnica e apartidária



Zavascki: perfil técnico a ponto de ter sido indicado por adversários políticos (Foto: TSE)

Vão dizer que sou otimista demais, mas a indicação do ministro do Superior Tribunal de Justiça Teori Zavascki para a vaga do ministro recém-aposentado Cezar Peluso no Supremo Tribunal Federal não é apenas uma indicação de qualidade técnica.
 
Zavascki, é verdade, tem longa trajetória jurídica, prestou concurso para juiz federal, foi aprovado e não tomou posse porque decidiu percorrer outros caminhos no serviço público, e dispõe de grande experiência como magistrado — como desembargador federal e, há quase dez anos, como ministro do STJ.
 
Mas é uma designação interessante também do ponto de vista político, pois Zavascki é uma espécie de ministro hibrido: integrava o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, com sede em Porto Alegre, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso, na fase final de seu mandato (1995-2003), indicou seu nome ao Senado parça integrar o STJ. A demora do Senado na sabatina e na aprovação de seu nome fez com que ele fosse nomeado já com Lula instalado no Planalto.
 
Um ministro do STF originalmente indicado por FHC e nomeado por Lula é, portanto, agora, proposto pela presidente Dilma para o Supremo.
 
Dilma, apesar da recente troca de poucas amabilidades com FHC, prestigia de alguma forma o ex-presidente pela segunda vez em suas indicações ao Supremo, uma vez que o atual ministro Luiz Fux, vindo, como Zavascki, do STJ, havia chegado àquela corte por iniciativa do ex-presidente tucano.
 
Esse caráter híbrido, e não partidário, ao lado de suas credenciais jurídicas, reforça a expectativa de uma atuação isença e técnica do novo ministro no Supremo, inclusive no julgamento do mensalão.
 
Conheça o sólido currículo do ministro Zavascki, que deve fazer corar de pudor seu futuro colega de plenário Dias Toffoli, titular do currículo jurídico mais magro de um ministro em quase 123 anos de história do Supremo.

11 de setembro de 2012
Ricardo Setti

A ARTE DE FAZER POLÍTICA NO BRASIL...

Memórias do Mensalão: Cara de um, focinho de outro



(Comentário postado aqui em 26.1.2006)

Sairá caro para o PSDB o papelão que faz desde ontem no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Seus representantes ali foram orientados a votar contra o pedido de cassação do mandato do deputado Roberto Brant (PFL-MG).

O PFL apoiará o candidato do PSDB à sucessão de Lula. E os dois partidos movem dura oposição ao governo Lula.

Brant foi acusado de ter recebido R$108 mil da empresa Usiminas via Marcos Valério para sua campanha como candidato a prefeito de Belo Horizonte em 2004.

Não declarou o dinheiro à Justiça Eleitoral.

Membro da CPI dos Correios que recomendou a cassação do mandato de Brant, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) é também membro do Conselho de Ética.

Fruet foi chamado ontem à noite ao gabinete de Alberto Goldman (SP), líder do PSDB na Câmara. E ouviu dele que deveria votar pela absolvição de Brant.

- Como posso desfazer no Conselho de Ética o trabalho que ajudei a fazer na CPI dos Correios? Seria uma incoerência - argumentou Fruet.

Goldman insistiu para que ele fosse incoerente mesmo assim.

- Mas essa é uma posição do partido? O partido vai lançar nota oficial defendendo a absolvição de Brant? - perguntou Fruet.

- Não podemos chegar a tanto - respondeu Goldman.

Então Fruet pediu para ser substituído no Conselho. E acabou sendo pelo deputado Juthay Magalhães Jr., futuro líder do PSDB na Câmara.

- Estou aqui só para votar em favor de Brant - disse Juthay ao chegar esta manhã para a reunião do Conselho.

Uma vez que votou, deu seu lugar ao suplente do PSDB no Conselho, o deputado Mendes Thame (PSDB-SP), que faltou à reunião de julgamento de Brant porque estava em São Paulo cuidando da saúde.

Mas voltou a Brasília a tempo de votar no Conselho esta tarde pela cassação do mandato do deputado Professor Luizinho (PT-SP), acusado de ter embolsado R$ 20 mil de Marcos Valério.

Esse é o PSDB que bate duro no PT (com razão) e que se diz diferente dele (sem razão).

11 de setembro de 2012
ricardo noblat

FRASE DO DIA


"A lavagem de dinheiro foi praticada pelos réus do núcleo financeiro e do núcleo publicitário em uma organização orquestrada e com divisão de tarefas, típica de uma organização criminosa."


Joaquim Barbosa, ministro do STF, em seu voto durante o julgamento do mensalão, ao condenar os réus ligados ao Banco Rural e a agência de publicidade de Marcos Valério por lavagem de dinheiro

11 de setembro de 2012

IMAGEM DO DIA


Menino chora sobre o caixão de um dos seis adolescentes encontrados mortos em Mesquita, no Rio de Janeiro
Menino chora sobre o caixão de um dos seis adolescentes encontrados mortos em Mesquita, no Rio de Janeiro - Ricardo Moraes/Reuters
 
11 de setembro de 2012

O OCIDENTE CAIU COM AS TORRES

 

Enquanto o ex-presidente Bill Clinton fazia seu discurso histórico na Convenção democrática, senti-me em uma viagem no tempo - parecia que estávamos antes do 11 de Setembro, com os EUA em superávit, com uma visão multilateral do mundo, antes da brutal recessão que o boçal do Bush causou com sua política para milionários e Wall Street. Há muito tempo eu não era tão feliz. Pude esquecer por uma hora as caras dos republicanos: homens com fuças de bandidos violentos e mulheres com seus cabelos louros de 'chapinha', com o sorriso fixo de peruas imbecis.

Clinton explicou com destreza literária e estratégica como os republicanos provocaram o horror atual da economia, como impediram no Congresso que Obama fizesse correções na 'herança maldita' que deixaram e agora querem voltar para errar mais, num momento delicadíssimo da agenda internacional. Emocionou-me a dignidade daqueles dois, o preto bonito e o branco bonito, homens de bem, cultos, contrastando com os animais que pululavam na convenção republicana, com o fascista Clint Eastwood fazendo piadinhas e desonrando o fim de sua vida. Nunca mais vejo filme dele.

A crise econômica de 2008 começou em 2001, no 11 de Setembro. O ataque do Osama às torres dissimulou a estupidez do governo Bush (lembram de sua cara abestalhada quando soube do atentado?) Naquela cara estava traçado nosso destino dos últimos dez anos. Como um 'presidente de guerra', a desregulação das finanças foi escancarada, ninguém prestava atenção a nada, a não ser o 'Cheney-Oil' (que passou a mandar) e os 'mestres do universo', como os moleques de Wall Street se chamavam.

Logo depois do 11/9, o 'patriotic act' que Bush assinou justificou qualquer loucura, qualquer gasto para combater o terror. Não teríamos uma crise tão forte, se os EUA não estivessem gastando cerca de um trilhão por ano no Iraque e Afeganistão. O dinheiro rolava em cachoeira com baixos juros e a bolha imobiliária cresceu, os 'derivativos' e alavancagens criaram para os americanos um consumo fictício compensatório, que acabou estourando, como as minas que matavam jovens nos desertos do Oriente.

Bin Laden armou uma armadilha infalível: obrigou os EUA ao contra-ataque e, com isso, uniu o Islã.
Além disso, Bin Laden produziu a grande ressurreição do século 21: Deus. Ressurgiu Alá para eles e o fundamentalismo cristão na América. Alá e Jesus, ambos armados.
Bin Laden 'islamizou' a América. Hoje há cerca de 40 milhões de evangélicos nos EUA, que acham que Deus criou o mundo em sete dias, 6 mil anos atrás, e que o Islã tem de ser arrasado com bombas nucleares. Barack Obama pode ser derrotado por milhões de ignorantes religiosos. Bin Laden nos jogou na Idade Média, numa era pré-política.

Os nazistas queriam um milênio ariano, os comunas queriam construir um paraíso sem classes, os fanáticos do Islã não querem construir nada. Já estão prontos. Já chegaram lá. Já vivem na eternidade.
Querem apenas destruir o demônio - que somos nós. A guerra é assimétrica - a América tem uma ideologia. Eles têm a teologia.


O Islã quer o imóvel, a verdade incontestável. O Islã transcendeu a história há muito tempo. Suas multidões jazem na miséria, conformados, perfazendo um ritual obsessivo cotidiano que os libertou da dúvida. Sua obediência ao Alcorão lhes ensina tudo, desde como cortar as unhas até como matar 'cães infiéis'. Como disse o mulah Muhammad Omar, com desdém: "Nós amamos a morte; vocês sempre gostaram de viver..."

Em um discurso que fez nas cavernas do Afeganistão, Bin Laden citou o tratado de Sèvres, quando o Ocidente acabou com o Império Otomano e com o sonho de unidade árabe, em 1920. Depois, declarou: "Nunca mais seremos humilhados como na Andaluzia". Ou seja, eles se vingam da expulsão da Península Ibérica em 1492. Osama nos odeia há 500 anos.

Osama Bin Laden inventou a única arma possível para os miseráveis: a loucura suicida. Queremos desesperadamente explicar Osama à luz da ciência ou da razão, mas ele se mantém imune a interpretações. Finalmente, entendi a velha frase de Camus: "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo".
Mas, não o suicídio raivoso de Mersault (v. O Estrangeiro) contra o mundo "absurdo". Não mais o suicídio da "náusea", mas o suicídio como manifestação de vida contra a dúvida e a diferença. Ai, que loucura!: o suicídio como esperança.

Além de incendiar a crise da economia, o ataque de 11/9 acabou com a fama de infalibilidade dos EUA. Acabou com a ideia de "finalidade", de "projeto". Acabou com a ideia de solução, com a ideia de vitória.

Ele trouxe de volta o que estava faltando ao Ocidente, desde o fim da guerra fria: o medo, a pulsão de morte que andava escondida, sublimada nos filmes, nos "hambúrgueres", na gargalhada infinita do entertainment. Acaba o happy end, a simetria, o princípio, o meio e o fim.

A arte revolucionária de Osama foi ter criado um fato. Hoje em dia não temos mais fatos; só expectativas. E ele nos trouxe um acontecimento em 2001, intempestivamente. E se o intempestivo acontece, Bin Laden atualizou a ideia do contemporâneo que, como disse Agamben, está dada numa relação de desconexão e dissociação com o tempo presente.

E, para ele, "contemporâneo é aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele ver não as luzes, mas o escuro". Bin Laden provou a morte das grandes narrativas e explicações. Pode estar pintando um horror à mudança, um tempo de conformismo deprimido. Ficaremos mais minimalistas, afirmando singularidades. Como disse Baudrillard: "O universal acabou; só resta o singular contra o mundial".

E depois de criar milhões de 'jihadistas' americanos, com os "tea parties" fascistas, com um Deus vingativo e reacionário, Bin Laden está no fundo do oceano. E pode ser que chegue agora sua vingança contra Barack Obama: do abismo gelado do mar, entre peixes luminosos, Bin Laden pode eleger o Mitt Romney em novembro.

11 de setembro de 2012
Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo

DEVERES A MAIS

 

A presidente da República tem todo o direito, senão até o dever democrático, de fazer política. É cidadã na posse de suas prerrogativas como qualquer brasileiro e, assim, livre para se expressar.

Outro dia mesmo achou por bem responder às críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à "herança pesada" legada por Lula no terreno dos costumes e o fez já no limiar do aceitável.
Defendeu os governos de seu partido - o que é justo -, mas o timbre da Presidência da República na nota de desagravo a colocou em dissonância com a majestade do cargo.

Dilma Rousseff não gostou do artigo de FH, quis demarcar terreno para deixar bem claro que não flerta com a oposição e é fiel ao seu campo político.

Pretendeu também reforçar a posição do PT nesses tempos difíceis de julgamento penal do sistema que o partido escolheu para se sustentar no poder logo depois de conquistar a Presidência sem maioria no Parlamento.

A presidente pecou ao não enfrentar o debate tal como FH propunha no texto. Mas, até aí, trata-se de um ponto de vista. Se Dilma considera a ética algo irrelevante, pior para a composição do perfil de austeridade que lhe confere popularidade.

No pronunciamento que fez no dia 7 de setembro, em espaço reservado à chefia da Nação, entretanto, a presidente ultrapassou a fronteira do aceitável e extrapolou de suas prerrogativas ao valer-se do púlpito institucional para pronunciar-se em termos de palanque.

Embora tenha direitos iguais, a presidente da República tem deveres a mais em relação ao conjunto da sociedade cuja maioria a elegeu, mas que não é composta só de correligionários.

Para traduzir o conceito em números e tornar a obviedade ainda mais visível: ao fim da eleição de 2010, Dilma havia contabilizado 55 milhões 752 mil 529 votos e seu oponente José Serra, 43 milhões 711 mil 388. Em porcentuais, 56,05% dos eleitores ficaram com ela e 43,95% preferiram o candidato adversário.

Isso depois de dois mandatos de Lula durante os quais a oposição não fez esforço para se opor e a impressão geral era a de que as forças governistas reinavam unânimes no País.

Não reinam e é ótimo que assim seja. Em nome da pluralidade, da alternância e de todos os primados dos Estados fundados no Direito.

A presidente, porém, nessa sua nova inflexão de gestora para líder política adentra um gramado onde Lula atuou usando e abusando da apropriação do Estado como instrumento de partido.

Com isso contraria o empenho do departamento de propaganda do Planalto em acentuar traços e modos que a distanciam das exorbitâncias do antecessor. Repete o ex-presidente em seus piores momentos.

Curto prazo. Se comparadas com as duas indicações anteriores, a escolha do ministro Teori Zavascki para o Supremo Tribunal Federal deu-se em tempo surpreendente: dez dias a contar da data da aposentadoria de Cezar Peluso.

A primeira, de Luiz Fux, levou sete meses, de julho de 2010 a fevereiro de 2011, e a segunda, de Rosa Weber, demorou de agosto a novembro.

Em tese haveria tempo de o novo ministro assumir antes do fim do julgamento. Fux e Weber foram sabatinados pelo Senado e tomaram posse no prazo de mais ou menos um mês após a indicação.

Quanto à participação, se o calendário eleitoral não atrasar a sabatina, há três hipóteses: julga normalmente, não se considera apto por falta de familiaridade com os autos ou, na mais improvável delas, pede vista do processo.

A rapidez não parece ter tido o intuito de recompor o quórum de 11 ministros, mas antes não fomentar especulações sobre eventual mudança de critério na escolha de ministros diante do rumo que vem tomando o julgamento.

Em favor da presidente, registre-se que deu prioridade à biografia jurídica em detrimento da folha de serviços prestados pelo escolhido ao governo e ao PT. Dilma acertou com Rosa Weber e Luiz Fux e pode ter acertado de novo.

11 de setembro de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

EM BARCELONA, 1,5 MILHÃO DE CATALÃES PEDEM INDEPENDÊNCIA

Manifestação sem precedentes culpa Espanha pela crise em outrora rica região


Entre um mar de bandeiras separatistas, um milhão e meio de catalães marcharam nesta terça-feira pelas ruas de Barcelona para pedir independência da Espanha.
Para os manifestantes, o governo espanhol arrastou a região pela espiral da crise devido a um sistema fiscal que consideram injusto.

Leia também: Indignados voltam às ruas da Espanha em 1º aniversário de movimento

"In, Inde, Independência", pedia a multidão enquanto balançavam bandeiras catalãs vermelhas e amarelas decoradas com uma estrela branca sobre um fundo azul em uma manifestação pela independência sem precedentes. "O que quer esta multidão? Um novo estado da Europa. Que quer esta gente? Catalunha independente", gritavam em catalão.

Trata-se da maior manifestação catalã desde 1977, quando a região ganhou uma autonomia parcial do governo espanhol depois da primeira eleição democrática pós-regime de Francisco Franco. Na época, os catalães queriam independência total. Em 2010, houve outro grande protesto, em ocasião da reforma do estatuto de autonomia da Catalunha. No entanto, os protestos passados reuniram dezenas de milhares de manifestantes, bem abaixo do 1,5 milhão desta terça-feira.

Marcha - Coincidindo com a Diada, a festa nacional catalã, a marcha deste ano foi impulsionada pela crise que obrigou essa região do nordeste da Espanha, outrora motor econômico do país, a pedir um resgate de 5,023 bilhões de euros ao governo central, acusado de impor um sistema fiscal injusto.

A manifestação convocada pela plataforma separatista Assembleia Nacional Catalã (ANC) superou todas as expectativas, lotando o centro de Barcelona. "Há uma série de fatores que fazem com que eu esteja aqui hoje", afirma Arnau Camí, um estudante de marketing de 21 anos. "A crise mostrou que somos diferentes da Espanha e que só a independência pode nos levar adiante", completou. "É agora ou nunca", afirma María Antonieta Vila, professora aposentada. "Esta sessão é decisiva, devemos pressionar o governo da Catalunha para que peça a independência", diz.

Segundo um estudo realizado em julho e publicado pelo diário catalão independentista La Vanguardia em 2011, 51,1% dos entrevistados são favoráveis à independência, contra 36%.

Em 2010, 47% eram a favor da separação, segundo o mesmo jornal. A Catalunha teve um déficit público de 3,9% em 2011, contribuindo a 8,9% do total do país contra 6% previsto. Antes rica região do nordeste da Espanha, a Catalunha é agora a mais endividada do país, com 42 bilhões de euros de dívida pública, ou seja, 21% de seu PIB.

Política - Horas antes do início da marcha, o presidente regional, o nacionalista Artur Mas, advertiu que a Catalunha buscará uma maior "liberdade" se não houver mudança no modelo de impostos, que estará sobre a mesa de sua próxima reunião com o presidente espanhol, Mariano Rajoy, dia 20 de setembro em Madri.

"Meu objetivo é tentar alcançar um acordo com o governo central no terreno econômico e dar à Catalunha as ferramentas para construir nosso futuro nacional", afirmou Mas. "Contudo, se não há um acordo no terreno econômico, a busca da Catalunha pela liberdade estará aberta", disse.

11 de setembro de 2012
(Com agência France-Presse)

RICARDO TEIXEIRA VAI PARA O MINISTÉRIO DA PESCA


Ricardo Teixeira vai para o Ministério da Pesca

Jérôme Valcke negou que tenha pedido um pé na bunda de Ricardo Teixeira: “Foi um erro de tradução”.

SUÍÇA – Acusado de superfaturar o futebol de Sandro e Fernandinho, despentear Neymar, afinar a pontaria de Deivid e engordar Ronaldo, Ricardo Teixeira anunciou sua renúncia da Confederação Brasileira de Falcatruas.

Em 39 segundos, foi automaticamente filiado ao PMDB. “Criamos um sistema eletrônico que traz para o partido cidadãos de reputação ilibada que estejam desempregados”, explicou Michel Temer.

Teixeira convocou uma coletiva de imprensa para anunciar seus planos: “Aceitei o convite de Marcelo Crivella para assumir a Secretaria da Truta no Ministério da Pesca. Ano que vem, participarei do reality show Dirigentes Ricos, na Band, ao lado de Eurico Miranda, Kleber Leite e Mustafá Contursi”, explicou.

No final da partida, José Serra foi até o cartório da Mooca para registrar o compromisso de não abandonar a prefeitura para concorrer à presidência da CBF. “Quero, aliás, parabenizar o Lazaroni pela escalação da seleção”. Ao ser informado de que o técnico atual era Mano Menezes, ficou surpreso: “Mudou?”

11 de setembro de 2012
The i-Piaui Herald

DILMA ANUNCIA PACOTE PARA RESGATAR POPULARIDADE DA SELEÇÃO BRASILEIRA


Dilma anuncia pacote para resgatar popularidade da seleção brasileira

Dilma mudou o penteado para ir ao jogo contra a África do Sul

CANINDÉ - Imbuída do mais profundo espírito patriótico e pressionada pela Rede Globo, a presidenta Dilma Rousseff anunciou uma série de medidas para salvar a popularidade da seleção brasileira.

"Reconheço que a crise econômica não passa de uma marolinha perto desse desafio. Até o Haddad já é mais popular que a seleção de Mano Menezes", discursou minutos antes do início da partida, no Canindé, o estádio da Portuguesa, a mandatária da nação.

Entre as medidas do PAC da Seleção, publicadas hoje no Diário Oficial, chamou atenção a exigência da convocação de um integrante do Divino F. C. no time titular. "Pode ser o Jorginho, o Darkson ou até aquele bonitinho que anda com a gola levantada", diz o texto da lei, redigido pela própria presidenta.


O pacote ainda prevê a convocação de ex-BBBs, modelos e atores globais para figurar nas primeiras filas dos estádios.

Por fim, ficou proibida a intervenção fonética de Galvão Bueno em esfera municipal, estadual ou federal.

A partir do jogo Brasil x África do Sul, todos os jogos serão narrados por Pedro Bial e comentados por Lula. José Dirceu tomará o lugar de Arnaldo Cezar Coelho e ficará encarregado de avaliar a arbitragem.

11 de setembro de 2012
The i-Piaui  Herald

OS EUA 11 ANOS DEPOIS DO 11 DE SETEMBRO


                                                  Onze de setembro (III)


                                            As torres antes daquele dia – Foto Peter J. Eckel/ AP
Há exatamente dois anos, 11 de setembro de 2010, eu inaugurei meu trabalho em VEJA.com. Data solene e triste, mas estou muito feliz com esta oportunidade. O tema da primeira coluna, obviamente, foi aquele 11 de setembro. A data foi sugestão de Eurípedes Alcântara, diretor de redação de VEJA (sim, chefe pode ter ótimas idéias). Quero ficar muitos anos neste emprego. E o ritual será republicar, a cada 11 de setembro, a coluna de inauguração. Leia ou releia.
***
Eu fui atacado em 11 de setembro de 2001 pelos homicidas de Osama Bin Laden. E você também. Além de derrubar aquelas torres horrendas do World Trade Center, em Manhattan, e matar muita gente, a ideia era destruir uma babel de conceitos como tolerância, diversidade, dinamismo econômico, vulgaridade, promiscuidade e balbúrdia. Em suma, a nossa civilização, com seus altos e baixos.
No caso específico dos EUA, o cálculo estratégico de Bin Laden era testar a determinação do país, sua autoconfiança e coesão. O tranco foi da pesada, mas os pilares estão aí. Sete anos depois dos atentados praticados em nome da restauração de um califado, os americanos elegeram presidente um tal de Barack Hussein Obama. Hoje, a maioria dos americanos está desiludida com o seu presidente. Alguns incautos, é verdade, por causa do seu nome do meio.
Sim, a civilização tem seus idiotas. Não é que uma pesquisa revelou que 18% dos americanos acreditam que Obama seja muçulmano? País de direitistas ignorantes e conspiratórios. E não é que 1/3 dos democratas acreditavam, em pesquisa em 2007, que o maligno George W. Bush sabia de antemão dos atentados do 11 de setembro? País de esquerdistas ignorantes e conspiratórios. Juntando todas as pesquisas com resultados bizarros, a gente chega lá: a maioria dos americanos é idiota, mas a civilização aguenta o tranco.
Há duas semanas, a revista Time, publicada no país de Barack Hussein Obama e próspero em histerismos instantâneos, perguntou soturnamente na capa: “Is America Islamophobic?” Um influente idiota de direita, o radialista Rush Limbaugh, com humor chulo, respondeu que não pode haver islamofobia num país com um presidente muçulmano. Liberais estão histéricos com a resistência (que une idiotas e outros nem tanto) ao projeto de um centro islâmico (megamesquita, no histerismo da outra banda), a duas quadras do Ground Zero, o local onde estavam as torres destruídas em 11 de setembro de 2001.
Não compartilho nenhum dos histerismos. Meu histerismo é motivado por islamofascismo e não islamofobia. Queria ver na mídia americana mais destaque para a suposta adúltera iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, com a sentença de apedrejamento apenas suspensa. Queria ver mais muçulmanos marcharem por Sakineh e não apenas para protestar contra o pastor americano Terry Jones, que acha religiosamente correto queimar o Corão e ganhou um picadeiro da mídia (nós) para sua palhaçada incendiária, que, felizmente, não foi consumada.
É chato, no “grand opening” desta coluna, citar outros colunistas. Mas o Thomas Friedman, do The New York Times tem razão. A controvérsia sobre a tal mesquita no Ground Zero é um sideshow. A questão-chave não é se as diferentes seitas muçulmanas podem viver harmonicamente com os americanos, mas se elas podem conviver entre elas. Houve ultraje nas bandas islâmicas com este pastor fundamentalista da Flórida, mas muçulmanos explodem mesquitas no Oriente Médio e, de fato, algumas páginas do Corão (e de livros sagrados de outras religiões) deveriam ser simbolicamente queimadas devido à sua brutalidade. Quem pratica islamofobia (e homofobia e “mulherfobia”) é o regime iraniano de Mahmoud Ahmadinejad e do aiatolá Khamenei.
A nossa civilização em terras norte-americanas trata seus muçulmanos com altos e baixos (muito mais altos). Existem espamos nativistas, arroubos de ignorância e alguns lances de violência. Mas os nipo-americanos sofreram mais depois do ataque a Pearl Harbor e sucessivas levas raciais, étnicas e religiosas levaram suas pancadas, foram submetidas a linchamentos e tiveram portas fechadas até as coisas se acomodarem no melting pot.
O imã Rauf, deste projeto islâmico no Ground Zero, parece que sabe como as coisas derretem neste país. Por esta razão, ele deveria ter tido um pouco mais de jogo de cintura, deveria ter sido menos ambíguo nas suas digressões sobre o Hamas (finalmente disse à rede CNN que o grupo pratica terrorismo) e parasse de falar bobagem que os EUA foram cúmplices dos atentados do 11 de setembro porque inventaram Osama bin Laden. Este megaterrorista é obra saudita. E vamos rezar (e apurar) para que os fundos deste projeto não venham destes bilionários sauditas que investem tanto em bancos ocidentais e na rede Fox, como em madrassas fundamentalistas.
                                                                              John Locke
 
O imã mexeu com as sensibilidades de vítimas dos atentados, mas não fez provocação ou se meteu a triunfalista com seu projeto. As vítimas merecem irrestrita solidariedade e conforto. Mas, a quantas quadras do Ground Zero seria apropriado construir o centro islâmico? O imã não deveria ter ido onde foi. No entanto, já foi e ele e nós precisamos tolerar as consequências. Este negócio de direito constitucional é coisa séria. Isto aqui não é banana republic. Basta ver que 2/3 dos americanos são contra o projeto, mas em geral eles estão dispostos a tolerá-lo. Está aí a lição do pai do liberalismo, John Locke. O que ele chamava de “toleration” não é o mesmo que aprovação. Nós, aqui na civilização, toleramos (aturamos) coisas que consideramos nada aceitáveis. Nao se trata de ser bonzinho. Há circunstâncias em que não temos condições de suprimir o que não toleramos ou a supressão vai resultar em um mal ainda maior.
O acordo religioso e político nos EUA teve alguns momentos negros (sic) como a guerra civil e aparecem pastores malucos como este Terry Jones ou sicofantas como Pat Robertson, mas funciona. O acordo vai incorporar os muçulmanos (aliás o processo aqui é bem mais suave do que na Europa) desde que eles aceitem as regras do jogo. E, voltando a Locke, significa acatar a separação Estado-Igreja (ou Mesquita).
O historiador Bernard Lewis escreveu que uma forma de moderação foi uma parte central do islamismo desde o começo. Os muçulmanos não eram comandados a amar os seus vizinhos, mas a aceitar a diversidade. Basta ver que o princípio criou um nível de tolerância entre os muçulmanos e coexistência entre muçulmanos e os outros que era desconhecida na Cristandade até o triunfo do secularismo. No entanto, no período moderno, uma versão mais radical e violenta do islamismo ganhou força. E grupos como Al Qaeda e o Taliban, que eram menores e marginais, ganharam uma posição mais poderosa e até dominante.
E hoje em dia, por circunstâncias complexas, mesmo em capitais da civilização ocidental, existem partidários destes princípios. Por isto mesmo, no nosso liberalismo, precisamos evitar a condescendência e manter a vigilância sobre algumas mesquitas (e também sobre algumas congregações alopradas, como a deste pastor da Flórida). Contra o fundamentalismo religioso não dá para marcar passo com um fundamentalismo liberal. Não somos todos idiotas na nossa civilização. Precisamos manter as outras torres de pé.
11 de setembro de 2012
Caio Blinder - Veja

UMA INICIATIVA PRIVADA... QUEM DIRIA!!!


dr_consulta


Pobre agora tem direito a médico particular conceituado, por 40 reais: Dr. Consulta
 
Quando o brasileiro comum, que recebe salário mínimo, teria dinheiro pagar tratamento com médicos caros, de renome, formados em universidades conceituadas e integrantes do corpo clínico de hospitais de ponta?
 
Pensando nessa desigualdade entre doentes pobres e ricos, um grupo de médicos se uniu para abrir uma clínica popular e dar bom atendimento à classe baixa.
Eles criaram o Dr. Consulta, uma clínica que não aceita convênio médico nem dinheiro do SUS.
 
O cartaz, bem à frente do portão, informa que a clínica é particular, mas cobra preços bem abaixo do mercado: R$ 40 para clínico-geral e R$ 60 para qualquer uma das dez especialidades oferecidas. Ah, o valor é dividido em duas parcelas.
 
O Dr. Consulta fica bem na entrada da favela de Heliópolis, na zona leste de São Paulo, a maior da cidade.
Os criadores são Thomaz Srouesgi, e Cesar Camara, dois médicos com fama internacional em suas especialidades. 
 
Junto com eles, na empreitada de levar boa medicina a preços populares, estão outros 12 médicos, todos formados em universidades conceituadas e integrantes do corpo clínico de hospitais renomados como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein.
 
Desde sua inauguração, em agosto de 2011, a clínica tem crescido 40% por mês e hoje realiza 600 procedimentos a cada 30 dias.
 
A conta ainda não fecha porque houve investimento de cerca de R$ 1 milhão em estrutura, mas a receita tem aumentado à medida que a população descobre o local e comenta com parentes e amigos.
A estrutura é simples, porém bem equipada.
 
Nos consultórios, separados por divisórias de fórmica e com cadeiras de plástico, há equipamentos caros, como os usados em exames oftalmológicos e o de ultrassonografia, além do eletrocardiograma.
 
Em casos mais sérios, em que seja necessária a internação, os pacientes são encaminhados ao hospitais públicos.
Os criadores sonham em ter uma clínica em cada um dos 96 distritos da capital.
 
Os planos são montar as próximas unidades em bairros periféricos, como Itaquera e São Miguel Paulista, na zona leste.
O Dr. Consulta foi inspirado em projetos parecidos de países como Guatemala e México.
Os dois especialistas testaram, adaptaram e agora querem crescer, sempre seguindo essa lógica simples, de gerar renda ao mesmo tempo em que agrega um valor muito importante à população, a boa medicina.
 
Mesmo que a maioria do público de Helópolis não saiba o que representa o nome do Sírio- Libanês, costurado no jaleco do urologista, o Dr. Consulta vai vencendo pelo boca à boca.
 
11 de setembro de 2012
Por Roberto Garini
sonoticiaboa.com.br

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Diga-me agora, leitor, você que trafega por entre esses textos, o que lhe ocorre ao fim da leitura do Dr. Consulta?
Seria mais ou menos isso: então, o que poderia ser feito pela saúde pública, se houvesse determinação e vontade política? Seria essa a sua interrogação?
Pois é... Ao ler sobre a iniciativa de dois médicos conceituados, e outros tantos também renomados - médicos que atendem nos melhores Hospitais, que hospedam ministros e ex-presidentes, fico conjecturando com os meus botões sobre o descaso do poder público com a saúde do povo brasileiro. E não apenas com a saúde, mas com a Educação, com as Cidades, com o saneamento básico, com moradias e empregos...
Em tempos de mensalão, quando somos informados do assalto ao dinheiro público, das fortunas nos paraísos fiscais, do peculato cinicamente praticado com direito a advogado e benefícios legais, as firulas e sutilezas jurídicas, por mais que provadas fraudes caiam sobre nossas cabeças, o Dr. Consulta cai como um pedregulho gigante sobre a minha cabeça.
Há um desejo incontido de ir para Pasárgada...
m.americo
 

CRUZ VERMELHA TROCA PRESIDENTE SUSPEITO POR OUTRO INDICIADO EM CPI

 Cruz Vermelha Brasileira troca presidente suspeito por outro indiciado em CPI. Walmir Serra, que depositava dinheiro no Maranhão, foi demitido. Novo dirigente é Nício Lacorte, acusado de desviar recursos em Santa Catarina. Troca de comando garante permanência de aliados no comando da entidade por mais um ano

S.O.S Cruz Vermelha
VÍTIMAS LESADAS - A tragédia retratada nos deslizamentos na região serrana do Rio (à esq.), na fome na Somália (acima) e no terremoto seguido de tsunami no Japão: cumprindo seu papel de prestar apoio e serviços em situações de emergência, a Cruz Vermelha do Brasil pediu e recolheu doações, mas nem mesmo os conselheiros da organização conseguiram ter acesso às contas
“Temos solicitado prestações de contas. Isso não é normal nem bom, porque afeta a imagem da Cruz Vermelha no Brasil e internacionalmente. Não podemos aceitar esse tipo de comportamento porque vivemos de nossa credibilidade”, disse Gustavo Ramirez, representante da Federação Internacional da Cruz Vermelha
As denúncias de desvio de dinheiro doado para a Cruz Vermelha derrubaram o presidente e o vice-presidente da instituição no Brasil. Walmir de Jesus Moreira Serra, presidente da Cruz Vermelha Brasileira, e Anderson Chocino, o vice, pediram demissão após uma reunião realizada ao longo desta terça-feira.

O pedido foi, na verdade, uma negociação entre os representantes do conselho da entidade, que disseram não admitir mais as “infrações ao estatuto” da entidade, ocorridas na gestão de Serra e Choucino. Entre as irregularidades estão a falta de prestação de contas e o não pagamento de uma anuidade devida à Cruz Vermelha Internacional – o débito, acumulado desde 1994, que já atinge 3,4 milhões de francos suíços (ou 4 milhões de dólares).

Uma chapa única, liderada por Nício Brasil Lacorte, que presidia a filial do Rio Grande do Sul, foi eleita e já assumiu o comando. Começa, então, outro problema: Lacorte foi indiciado por uma CPI da Câmara Municial de Balneário Camboriu.

Ele figura entre os envolvidos no desvio de recursos destinados à gestão de um hospital na cidade. A prefeitura de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, cancelou o contrato que previa repasse de 82 milhões de reais para administração do hospital Ruth Cardoso.

A gestão do contrato estava a cargo da filial gaúcha. Do total repassado pela prefeitura à entidade, cerca de 100 mil reais foram parar nas mãos do Instituto Interamericano de Desenvolvimento Humano (Humanus), de São Luís do Maranhão.
O Humanus já esteve registrado em nome da mãe do vice-presidente nacional da Cruz Vermelha, Anderson Marcelo Choucino. O dinheiro teria sido usado para quitar dívidas com agências de viagens e repassados à filial maranhense da Cruz Vermelha.

Lacorte aparece, no relatório da CPI, com papel semelhante ao de Walmir Serra - também indiciado. Diz o item 5.4 do relatório: "Os Senhores Nicio Brasil Lacorte e Walmir de Jesus Moreira Serra Júnior, na qualidade de dirigentes da Cruz Vermelha Rio Grande do Sul, apropriaram-se de verbas que deveriam ser utilizadas no atendimento hospitalar do Hospital Ruth Cardoso ao encaminhar mais de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) a duas outras entidades (Cruz Vermelha Nacional e Cruz Vermelha Nacional do Maranhão), sem previsão e sem justificativa plausível, incorrendo, assim, nas sanções do art. 312 do Código Penal Brasileiro; além disso, também deram aplicação diversa à verbas públicas ao adquirirem produtos e em especial veículo camionete Chevrolet S10, no valor de R$ 79.092,45 em nome de pessoa estranha ao contrato, sem qualquer previsão legal, infringindo o art. 315 do Código Penal Brasileiro; além de terem incorrido nas sanções dos arts. 10º. e 11 da Lei 8.429/92, por terem praticado atos de improbidade administrativa que causaram prejuízos ao erário e atentaram contra os princípios da administração pública, especialmente o da legalidade."

Nesta terça-feira, VEJA obteve um ofício que prova que era Walmir Serra quem determinava o destino do dinheiro. A empresa Mitsui & Co. S.A., que doou cerca de 150.000 reais para as vítimas da tragédia na serra fluminense, foi orientada, em um ofício enviado por Serra, a depositar o dinheiro em uma conta do Banco do Brasil em São Luiz do Maranhão. A filial maranhense é dirigida pela irmã de Serra, Carmen Serra.

As irregularidades começaram a ser levantadas pela funcionária Letícia Del Ciampo, que assumiu o escritório de Petrópolis da entidade. Depois de encaminhar documentos ao Ministério Público e de dar declarações públicas sobre as irregularidades, ela recebeu ameaças de morte e pediu proteção policial.

Na reunião desta terça-feira, foi confirmado oficialmente o que VEJA noticiou em agosto: não se conhece o destino do dinheiro arrecadado para ajudar as vítimas da chuva na região serrana, do terremoto no Japão, e da crise humanitária na Somália.
As três campanhas foram realizadas em 2011, na gestão de Serra.
O rombo, no entanto, deve ser ainda maior do que o estimado inicialmente.

De acordo com Gustavo Ramirez, representante regional da Federação Internacional da Cruz Vermelha, “há muito tempo” a Cruz Vermelha Brasileira não presta contas. “Temos solicitado prestações de contas. Isso não é normal nem bom, porque afeta a imagem da Cruz Vermelha no Brasil e internacionalmente. Não podemos aceitar esse tipo de comportamento porque vivemos de nossa credibilidade”, disse.

O chefe da delegação regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Felipe Donoso, manifestou preocupação com o abalo à imagem da instituição. “É a primeira vez que vejo uma situação como essa. A partir do momento em que não temos a garantia e a possibilidade de prestar contas, nossa entidade está ameaçada”, disse Donoso.

VEJA descobriu que a Embaixada da África do Sul destinou 230.000 reais aos desabrigados da serra fluminense e nunca recebeu um relatório sequer sobre a utilização do dinheiro. VEJA teve acesso a uma lista de empresas e bancos que juntos doaram cerca de 1,5 milhão de reais para os desabrigados fluminenses.

A Cruz Vermelha do Japão registra o recebimento de 164 000 reais para as vítimas do tsunami, mas os recursos eram provenientes apenas da Cruz Vermelha de São Paulo. O dinheiro arrecadado pelo escritório nacional foi parar nas contas secretas do Maranhão, como mostrou a reportagem.

11 de setembro de 2012
Pâmela Oliveira e Leslie Leitão, do Rio de Janeiro - Veja Online

"EDUCAÇÃO - TUDO LEGAL E TUDO MUITO RUIM"

 
O título é de Anísio Teixeira, na década de 1950. E continua na mesma.
A paixão da educação brasileira é a burocracia. Tudo é legalmente correto, mas os resultados são pífios.
Os currículos são fixados e fiscalizados pelo Ministério da Educação (MEC) e terminam em exames que medem todos os alunos com a mesma régua.

Não importam as suas preferências intelectuais e pretensões profissionais. Bem-sucedido é quem tira as melhores notas em todas as matérias, só que a vida e os progressos não são medidos assim.

Uns serão capazes em umas coisas e outros, em outras. "Eu não posso fazer isso, mas posso fazer aquilo" e são as diversidades que alimentam o progresso, não as homogeneidades. Mal educamos a maioria dos alunos para as coisas que eles não gostam de fazer e fracassamos em ensinar-lhes o que eles gostam.

Todos sabemos, já no segundo grau, definir nossa direção básica: ciências humanas e sociais ou exatas. O gargalo são as exatas.

Perguntei a um professor de Matemática, defensor apaixonado da necessidade de todos saberem altas matemáticas, para que elas serviam. Sua pronta resposta: "Para calcular o tamanho dos planetas e a distância entre eles".
Segunda pergunta: e quando foi a última vez que o senhor precisou calcular o tamanho de um planeta? Ele coçou a parte de trás da cabeça, sorriu e disse: "Só quando eu estava na escola".

Isso não é uma diatribe para que não se ensinem ciências exatas na escola, mas a maneira de ensinar pode e deve variar, dependendo do propósito, das vocações e das intenções de cada aluno.

Hoje o acesso às informações está gigantescamente expandido. Fora da internet, há ciência no canais de TV do tipo Discovery e seus desdobramentos, como há nos seriados policiais CSI, Criminal Minds e Numbers. Isso basta para quem não vai ser cientista exato. Para quem vai há necessidade de saber mais sobre cálculos e experimentos. Fica, então, a pergunta: por que tentar enfiar paralelepípedos em buracos cilíndricos e esperar que eles coincidam exatamente?

Autoritarismo burocrático é a resposta. É assim "porque tem de ser assim".
Os professores ensinam o que sabem, sem poder mudar currículos, e de olho nos testes estandardizados por meio dos quais o MEC insiste em que todos usem o mesmo tamanho de sapato, não importando o tamanho do pé.

Na década de 1990 a Universidade Estácio de Sá criou cursos com aulas das 11 da noite à 1 da madrugada. O MEC não autorizou. A razão alegada: ninguém pode estudar a sério nesse horário. Depois de idas e vindas burocráticas, acabaram autorizados e foram um grande sucesso. Havia público, que, pelas mais variadas razões, se sentia bem e rendia melhor nesse horário.

No ano passado, com a falta de mão de obra especializada, o Senai, que não é controlado pelo MEC, criou cursos na área de metalurgia, nas favelas do Complexo do Alemão, das 4 da madrugada às 7 da manhã. Estavam duros de gente e havia fila na porta (O Estado de S. Paulo, 31/7/2011). Na ausência do preciosismo autoritário-regulatório do MEC, os cursos foram criados para atender às necessidade do mercado e aos interesses dos candidatos.

Isso nos leva à conclusão de estudo recente de Simon Schwartzman: educação e crescimento econômico estão ligados, só que, ao contrário do que o senso comum pensava, é o crescimento econômico que empurra a educação, e não esta que puxa o crescimento.

As grandes universidades tecnológicas norte-americanas, criadas e financiadas pelos milionários do fim do século 19 e início do século 20, como John Rockefeller, Andrew Carnegie, Andrew Mellon e Leland Stanford, surgiram não porque a burocracia exigia ou gostava, mas porque a continuação do crescimento capitalista das fortunas dos robber barons dependia da formação de profissionais.
No Brasil tudo fica na mão do governo, que pouco sabe do que o crescimento precisa e segue iludido achando que é a educação que puxa o desenvolvimento.

Sofro de discalculia (dificuldades em matemática, Estado, 9/4/2009). Pouco aprendi na escola nessa matéria, mas era fascinado pelos conceitos e princípios matemáticos descritos por Malba Tahan em O Homem que Calculava (Editora Record).
Aprendi muito com o Laboratório Químico Juvenil - fornecia substâncias que, quando misturadas corretamente, produziam tinta de escrever invisível, cores ou fumaça - e com o Poliopticon, cheio de lentes e tubos que me permitiam fazer desde microscópios até lunetas para ver as vizinhas trocando de roupa.

Cedo aprendi o básico sobre perfuração de petróleo em O Poço do Visconde, de Monteiro Lobato, originalmente publicado em 1937. Mais recentemente, entendi muitos conceitos de estatística, que tentaram ensinar-me por meio de fórmulas e cálculos, lendo o Desafio aos Deuses: A Fantástica História do Risco, de Peter L. Bernstein (Campus, 1997).

Nunca iria ser cientista exato, mas tudo isso foi importante para entender o mundo. Com o Tesouro da Juventude (uma coleção de livros que era como que uma mescla das revistas Superinteressante e Galileu) aprendi a fazer uma porção de coisas que currículos e professores insistiam em não ensinar ou em fazê-lo de maneira errada.

Ou bem passamos a fornecer educação customizada, tal como vendemos sapatos dos tamanhos e modelos adequados aos pés dos clientes, ou vamos continuar a seguir a sina de Anísio Teixeira. Na educação tudo seguirá sendo legal, mas continuará sendo muito ruim e não funcionando.

Nisso desperdiçaremos dinheiro dos pagadores de impostos, que terão a ilusão de que a educação será melhor apenas porque o governo gasta mais dinheiro e insiste em formar todos para se tornarem cientistas e literatos, quando a grande demanda do crescimento vai em outra direção.

11 de setembro de 2012
Alexandre Barros
PH.D. EM CIÊNCIA POLÍTICA (UNIVERSITY OF CHICAGO), É CONSULTOR EM RISCO POLÍTICO