"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

MULTIPARTIDÁRIO, EDUARDO CAMPOS CORRE O PAÍS PARA FORTALECER IMAGEM

 

Eleição . Eduardo Campos diz que, depois do segundo turno, vai “ajudar Dilma a mudar o país” Foto: Hans von Manteuffel/13-10-2012

 
BRASÍLIA — Líder político em ascensão no Nordeste, o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) derrotou o PT em Recife com a eleição em primeiro turno do novato Geraldo Júlio e, nesta quinta-feira, iniciou por São Luís o périplo que fará por capitais e grandes cidades no segundo turno.
Na capital maranhense se integrou às fileiras do presidente da Embratur, Flávio Dino, na guerra contra o clã Sarney e apoia o candidato do PTC. Já em Minas é aguardado hoje ao lado dos tucanos no palanque de Antonio Lerin (PSB), em Uberaba.
Enquanto isso, Fernando Haddad espera um sinal verde do socialista para montar no sábado, ao lado da presidente Dilma Rousseff, o palanque do PT em São Paulo.
O presidente nacional do PSB foi convidado para o evento petista em São Paulo, mas ainda não confirmou presença no ato político, que também terá a participação do vice-presidente Michel Temer e do ex-presidente Lula.
 
Com discurso de apoio à renovação, Campos foi a São Luís defender a eleição de Edivaldo Holanda (PTC). Para Campos, que trava embate em várias cidades com o PT, está próximo o fim do ciclo do clã, que domina o estado há 50 anos:
 
— É um processo inexorável que essa geração chegue e faça um trabalho diferente, um bom trabalho.
Perguntado se o fato de não ter feito alianças com PT em algumas capitais indica que se afastará de Dilma, Campos repete a disposição de continuar apoiando a presidente:
 
— Quem fica nas brigas políticas, geralmente perde eleição. Quem discute políticas públicas para melhorar situação da população, geralmente, ganha eleição. Quando se desmontarem os palanques de 2012, a gente vai se juntar para trabalhar e ajudar a Dilma a mudar este país.
 
Ontem, o Ibope divulgou a 1ª pesquisa de intenção de voto sobre o 2º turno da disputa pela prefeitura de São Luís. O candidato do PTC, Edivaldo Holanda, sai na frente com 49% das intenções de voto, contra 39% do atual prefeito, João Castelo (PSDB). De acordo com a pesquisa, 6% dos eleitores estão indecisos.
 
A pesquisa foi feita entre 16 e 18 de outubro. Foram entrevistadas 805 pessoas. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MA), sob o número MA-00538/2012; e foi contratada pela afiliada da Rede Globo no Maranhão, a TV Mirante.

19 de outubro de 2012
Maria Lima

SINUCA DE BICO

O BOCEJO DAS URNAS



Para quem se dedica a olhar o mundo pelo universo das redes sociais, ou até mesmo da imprensa convencional, o segundo turno das eleições, principalmente as de prefeito de São Paulo, parece antecipar a batalha do Armagedon- o conflito final.

O mundo parece dividido irremediavelmente entre dois exércitos, e só um deles sobreviverá, enquanto o outro será extinto e eliminado da face da Terra.

Enquanto o povo se espreme em meios de transporte sujos, lotados e ineficientes, ou perde horas para se deslocar de casa ao trabalho, numa cidade graciosamente inóspita como São Paulo, o mundo no qual os políticos gravitam parece resumir-se ao mensalão e ao kit gay.

Sim, são batalhas de valores, e um povo deve preocupar-se com os valores de quem pretende governá-los.

Mas acreditar que a vida em comunidade se resuma a isso, tem um efeito devastador sobre o ânimo do eleitor, que poucos se dedicaram a estudar em profundidade.

A verdade é esta: num lugar onde o voto é obrigatório, 1.592.722 dos 6.128.657 eleitores simplesmente não apareceram para votar.

Ou seja: 18,5% deles. Pode-se conjecturar sobre doentes, incapacitados de se locomover, pessoas viajando, ou simples indiferentes e preguiçosos.

Mas dos que se deram ao trabalho de ir às urnas, ou por fervor cívico ou por preguiça de enfrentar as sanções aos faltosos , 381.407 (4,4%) votaram em branco e 576.364 (6%) anularam o voto.

A verdade é que os dois principais candidatos, José Serra e Fernando Haddad, que representam os exércitos do Armagedon, juntos tiveram 42,5 % da votação do eleitorado total da cidade. Ou seja: 6 em cada 10 eleitores de São Paulo aptos a votar não votou em nenhum dos dois.

Mesmo que se criasse uma entidade única chamada Serrahaddad ou Haddadserra, ela nao atingiria o coeficiente necessário para eleger alguém.

Isso quer dizer que a polarização política que tanto aflige os militantes, a ponto de quase transformá-la, em alguns casos, em razão de vida ou morte, passa ao largo do eleitor comum.

A eleição se tornou uma guerra aborrecida de facções fanatizadas e enquanto uns se matam por ela, outros preferem bocejar de pura indiferença.


Dos eleitores de São Paulo, 2,5 milhões (28,9%) não votaram em ninguém.

Não é um bom presságio para o desenvolvimento da democracia, e é um sintoma de que a vida política se tornou uma atividade que interessa aos governantes mas é desprezada pelos governados.

Depois de 20 anos de ditadura militar, é assustador que uma democracia tão jovem apresente sinais tão latentes de senilidade. Os políticos precisam tratar de restabelecer a honra da sua atividade.

19 de outubro de 2012
Sandro Vaia é jornalista.

A GENI DOS TUCANOS

 


O PSDB está tentando transformar o eventual infortúnio em São Paulo numa derrota pessoal de José Serra. Se multiplicam declarações críticas de líderes e dirigentes à campanha do tucano.
Como diz o vice Michel Temer: “A vida é assim”.

19 de outubro de 2012
Ilimar Franco, O Globo

MACHU PICCHU - FINAL

Semana do Santuário Histórico de Machu Picchu (Final)


Arquivos Machu Picchu 1 - 2 - 3 (17 out 2012)
Arquivo Machu Picchu 4 (18 out 2012)

Palavras de um inglês de muito bom senso: as ruínas de Machu Picchu ainda não foram inteiramente decifradas. E nem serão tão cedo, mesmo com as datações em carbono e outros avanços científicos que forem surgindo.


Erguida num local onde as montanhas são muito escarpadas, onde a chuva é torrencial, o que provoca deslizamentos de terra, e onde frequentes sismos tornam o terreno sensível, que espécie de homem construiu isso tudo?

Suas paredes não têm nenhum traço, risco, desenho ou marca feita na pedra que ilumine sua história. É um mistério total. Pelo visto, eles não tinham como os gregos ou os romanos ou os egípcios, a ânsia de deixar anotações para a posteridade. Quem foi ele? E por que escolheu o canyon do Urubamba?


Pois é justamente essa curiosidade que angustia o homem moderno. Quem construiu essa cidadela num local quase inacessível? São 250 construções talhadas no granito, casas e templos alimentados por água corrente que corria por pequenos canais e fontes feitas pelo homem.


Sabemos que os incas, fantásticos engenheiros e construtores, liderados por Pachacutec, fizeram tudo isso sem conhecer a roda, o ferro, a escrita. Qual a origem da força do soberano?

Resposta: sua inteligência. Três foram as medidas que tomou: preservou a unidade geográfica do seu império através de gigantesca rede de estradas; impôs uma só língua, o quechua; e sob uma organização política centralizada, de poder absoluto, formou uma elite capaz de ajudá-lo em sua obra, os curacas.

E para facilitar a transmissão de ordens e as informações que deveriam vir sobre o estado das províncias, criou um sistema de mensageiros corredores que percorriam os caminhos do Império.


Mas isso ainda não explica como os engenheiros incas ergueram a cidade. Em lugar deslumbrante, mas hostil. O que se sabe: primeiro, consolidaram a montanha criando imensos contrafortes em forma de terraços. Eles drenam a água das chuvas, são os pilares da cidade. Depois mantiveram o acesso o mais escondido possível. Vejam a ponte inca abaixo:


O que não explica tudo: os conquistadores arrasaram numerosas cidades incas, torturaram e foram cruéis com os vencidos em busca do que pilhar.

Mas de Machu Picchu nunca ouviram falar? Por quê?

Machu Picchu é um dos raríssimos locais habitados pelos incas que não foi destruído e seguramente é o maior e o mais importante. O mais provável é mesmo que os espanhóis nunca tenham ouvido falar da cidadela. Mas por que o inca a guardava com tanto zelo?

E por que será que foi abandonada de repente? À pressa? Seria por informações trazidas pelos mensageiros corredores?

Ninguém sabe. Será que algum dia saberá?

Deixo com vocês uma imagem de sua plena beleza. Afinal, os incas merecem. E nós, seus admiradores, também.



Machu Picchu, Andes, Peru

19 de outubro de 2012

BUSCANDO RESPALDO

 

Não há dúvida de que o ministro relator Ricardo Lewandowski, alterando seu voto para absolver vários réus que já havia condenado por formação de quadrilha, deu coerência à sua decisão, anunciada ontem, de não considerar que houve formação de quadrilha em relação também aos núcleos político, empresarial e financeiro do mensalão.

E ele, ao valer-se dos votos das ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia para basear o seu, também se respaldou na posição de colegas que não seguem a maioria de seus votos, dando assim um toque de isenção à sua atuação de ontem.

Na verdade, tanto essa questão quanto a de lavagem de dinheiro são acusações acessórias que estão muito discutidas neste julgamento do Supremo Tribunal Federal, e uma definição do plenário da Corte deve balizar as decisões de outras instâncias.

São mais importantes nesse sentido, de ditar caminhos futuros, do que especificamente neste julgamento, que já teve seus principais objetos — corrupção ativa e passiva, peculato — definidos.
É claro que uma condenação por um crime a mais sempre é prejudicial a um réu, e exatamente por isso o revisor insinuou no seu voto que o procurador-geral da República havia imputado a réus o crime de formação de quadrilha com o intuito único de agravar as penas.

Caso sejam condenados por “formação de quadrilha”, eles só terão as penas acrescidas se a condenação for pela pena máxima de três anos. Se a condenação for pela pena mínima, de um a dois anos, o crime já estará prescrito. A condenação teria assim sentido apenas simbólico.

“No campo criminal não se admite generalizações para enquadrar determinado comportamento, como também não se aceita analogia”, advertiu o revisor.

Ele se baseou na tese de Rosa Weber, que havia defendido anteriormente que o delito de formação de quadrilha “tem a perturbação da paz pública, a quebra do sentimento geral de tranquilidade e sossego como fins”.

Para ela, o que a lei procura é “evitar a conduta que viabiliza sociedades montadas para o crime — grupos montados para roubar, falsificar, extorquir...”.

As duas juízas bateram-se no mesmo ponto: as quadrilhas devem sobreviver dos produtos de seus crimes, o que não era o caso. Cármen Lúcia e Rosa Weber alegaram em seus votos que a formação de quadrilha ou bando se define pela associação permanente para a prática de crimes.

Segundo Rosa Weber, o que caracteriza esse tipo de crime “não é a perturbação da paz pública em si”, mas a decisão “de sobreviver à base dos produtos auferidos em ações criminosas indistintas”.
Acompanhando a divergência, a ministra Cármen Lúcia disse que o que caracteriza o crime de quadrilha é a prática de “crimes em geral, o que não vislumbrei”.

Para ela, a acusação do Ministério Público de que o esquema previa “pequenas quadrilhas com outras quadrilhas” não convence, e o que houve foi “reunião de pessoas para práticas criminosas, mas para atender a vantagens especificas de alguns réus, e não para atingir a paz social”.

Essa definição restrita à letra da lei dificulta muito a definição do que seja a formação de quadrilha, pois há entre os ministros quem veja nessa associação criminosa ameaça à paz pública, sim, pois o projeto tinha por meta superar a separação de poderes que caracteriza uma sociedade democrática, tornando o Legislativo subordinado ao Executivo.

O próprio ministro Ayres Britto, presidente do Supremo, retificou uma definição que dera anteriormente. Ao se referir ao que aconteceu no mensalão como um golpe no sistema democrático, ele parecia ter dado uma dimensão institucional ao seu voto, mas esclareceu que usou o termo no sentido de “atingir” a democracia.

O ministro Luiz Fux, que seguiu o relator na primeira votação sobre quadrilha, declarou em seu voto que via a reunião permanente dos membros dos diversos núcleos como característica de uma quadrilha.

O caso do chamado núcleo político do PT é diferente do anterior, no qual os políticos da base aliada, de diversas legendas, apanharam dinheiro na boca do caixa.

Não seria uma incongruência, portanto, se ministros que não classificaram de quadrilha a formação anterior identificassem neste item a existência desse crime.

Mas o que o revisor Ricardo Lewandowski tentou ontem foi amarrar definitivamente os votos das ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia.

19 de outubro de 2012
Merval Pereira,  O Globo

ATRÁS DAS GRADES

 

Encerrado o julgamento no Supremo Tribunal Federal, a palavra sobre o destino dos três deputados condenados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, peculato e formação de quadrilha no processo do mensalão estará com a Câmara.

Há no STF uma preocupação com os destinos de João Paulo Cunha, Pedro Henry e Valdemar Costa Neto. Se continuarem na posse de seus mandatos, não poderão sofrer qualquer punição de caráter cautelar (prisão preventiva) e depois do trânsito em julgado das sentenças cumprirão pelo menos parte das penas - na cadeia, se for o caso - como deputados.

No período entre a condenação e a decretação final do resultado, depois de examinados todos os embargos, se houver alguma situação que comprovadamente justifique (fuga, por exemplo), a Justiça pode determinar a prisão de um réu.

Os congressistas, no entanto, são imunes à prisão cautelar. Só podem ser presos em flagrante, em casos de crimes inafiançáveis.

Antes de se aposentar o ministro Cezar Peluso votou pela extinção automática dos mandatos, mas não necessariamente será esse o entendimento preponderante na Corte. Mesmo que seja, o Legislativo precisa se pronunciar para formalizar a perda.

Embora Peluso tenha decidido com base no Código Penal e na Constituição, que estabelecem perda de mandato eletivo no caso de condenação criminal, o mesmo preceito constitucional remete a decisão final ao Legislativo.

"Mediante provocação da Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, por voto secreto e maioria absoluta", diz o parágrafo 2.º do artigo 55.

Se a Câmara porventura não tomar a iniciativa de abrir processo para suspender os mandatos ou se a cassação não for aprovada por maioria absoluta (257 votos), os três condenados continuam deputados.

Situação vista no STF como "absurda" e na Câmara como hipótese muito remota, mas não impossível.

Dois dos condenados, João Paulo Cunha e Pedro Henry, foram absolvidos pela Câmara em processos por quebra de decoro em 2006. Costa Neto renunciou ao mandato no ano anterior.
A condenação agora é fato novo, claro. Se outro partido não agir, o PSOL pedirá a abertura de processo, é certo.

Mas basta faltar um voto ao quórum da maioria absoluta para se concretizar a hipótese absurda de deputados completarem os mandatos atrás das grades.


Fermento. O prefeito Gilberto Kassab insiste em acumular forças mediante fusão de seu PSD com outro partido. Já tentou sem sucesso o PMDB e PSB. Recentemente, procurou o senador Ciro Nogueira para propor a incorporação com o PP.

Mão do gato. Não que o Legislativo precise desviar atenções para cometer seus desatinos desmoralizantes, mas se valeu da distração geral com o julgamento do mensalão e as eleições para cair mais uma vez na farra.

Desta vez oficializando a semana de três dias de trabalho em Brasília mediante mudança de regimento. Até agora as sessões de votações poderiam ser realizadas nos cinco dias da semana. Daqui em diante, só nas terças, quartas e sextas-feiras.

Na prática, era o que acontecia. Só que agora se houver um caso de urgência não se vota nada nas segundas e sextas-feiras. Além disso, se um dia assumir a presidência da Câmara alguém que se dê ao respeito, não poderá descontar o salário dos gazeteiros.

Biônico. Enquanto isso, no Senado assumiu o 20.º suplente. Sem voto, como todos eles, e desta vez um símbolo do nosso inconsistente quadro partidário como representante do partido da Pátria Livre.

19 de outubro de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

E SE DESSE NO NEW YORK TIMES?

 

Ontem, dois leitores deste Blog, no papel de protetores de Lula, o Extraordinário, trocaram as palavras que a seguir copio:

Leitor A: Quanto a Lula, quem adora mesmo é o Noblat. Se não citar as ironias do astro uma vez por dia, fica sem dormir!

Leitor B: Sem dormir e sem audiência.

Não compreendi bem o desabafo dos sectários. Estranho, não acham? Imaginem se, de repente, e sem nenhum motivo, a imprensa escrita, falada, televisionada, digital, nacional e estrangeira, deixasse de falar na Extraordinária Pessoa!

Seria um castigo muito cruel para quem cortejou, adulou e alimentou a fama desde sempre. Uma extraordinária ingratidão! O que foi que a Extraordinária Pessoa fez para merecer o esquecimento, o gelo, o desterro emocional, o exílio do coração de seus seguidores?

Será porque eles interpretaram a Grande Frase do Dia de Ontem, “Eu já fui julgado [pelo mensalão]. A eleição da Dilma foi um julgamento extraordinário. Para um presidente com oito anos de mandato, sair com 87% de aprovação é um grande juízo”, como se ironia fosse?

Nada mais longe da verdade. Trata-se de enunciado filosófico de notável profundidade. Em breves palavras Lula, o Extraordinário, confirma que houve mensalão, que houve um julgamento e que ele, através dos votos de petistas e coligados, foi absolvido de tal crime.

Não sei se ele saiu do governo com 87% de aprovação, ou se isso é falha de seu juízo. Para mim, ele saiu com 99,9% de aprovação. Posso estar enganada. Afinal, quem sou eu para contestar a Extraordinária Pessoa?

Como às vezes podem ser mesquinhos os adoradores... Eleitores paulistanos é que não são. Se fossem, estariam gratíssimos: Lula, o Extraordinário, elegeu, ou está para eleger em poucos dias, mais um representante da seita, outra vez, aliás, alguém com basta e rica cabeleira.

Mas nada como um dia depois do outro. Hoje, li comentário mais adequado: outro leitor declara que na hipótese de Eduardo Campos se arvorar em sair candidato a presidente e ou vice “estará destroçado no Nordeste”.

E arremata: “O Nordeste não se restringe apenas a Pernambuco, caro Noblat”.

O caro blogueiro, natural de Ulaanbaatar e morador do Brasil há muito pouco tempo, deve estar surpreso. É o que dá não ter tido a extraordinária bênção de estudar no Brasil sob as asas de Fernando Haddad. Acabou sem conhecer o mapa-múndi.

Quanto a Eduardo Campos, não há porque temer que ele vá ter a audácia de se arvorar candidato. Sem uma boa e farta cabeleira... nada feito.

E com aqueles olhos azuis, então? Impossível.

Já pensaram Lula, o Extraordinário, ter que intitular seu artigo It Was Just One Of Those Things?

Sei não, mas acho que ele não ia gostar...

19 de outubro de 2012
Maria Helena R R de Sousa

FRASE DO DIA

"Eu mesmo não quis um terceiro mandato. Porque, se o tivesse, teria querido um quarto mandato e depois um quinto. Então, se quero para mim, é querer para todos."


Lula, em entrevista ao jornal argentino La Nación, ao dizer que a alternância de poder é fundamental para a democracia

19 de outubro de 2012

IMAGEM DO DIA

 
Várias cruzes, simbolizando índios mortos, marcam protesto em frente ao Congresso Nacional de entidades que pedem proteção aos índios da etnia Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, ameaçados de expulsão da área por fazendeiros
Várias cruzes, simbolizando índios mortos, marcam protesto em frente ao Congresso Nacional de entidades que pedem proteção aos índios da etnia Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, ameaçados de expulsão da área por fazendeiros - Wilson Dias/ABr
 
19 de outubro de 2012

LEWANDOWSKI NÃO FAZ CERIMÔNIA! ABSOLVE A "COMPANHEIRADA" BANDIDA

Lewandowski absolve todos os réus acusados de formação de quadrilha. Voto do revisor empata placar pela condenação de Valdermar Costa Neto também por quadrilha
 
O revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, reviu o entendimento que havia adotado em votações anteriores sobre o crime de formação de quadrilha e absolveu todos os réus acusados por esse crime no processo. O voto de Levandowski, nesta quinta-feira, 18, livrou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e mais 12 réus neste capítulo e provocou uma reviravolta no resultado do julgamento do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Lewandowski absolveu todos os réus do crime de formação de quadrilha - Dida Sampaio/AE
Dida Sampaio/AE
Lewandowski absolveu todos os réus do crime de formação de quadrilha

Ex-presidente do PL, atual PR, Costa Neto havia sido condenado há duas semanas por formação de quadrilha com 6 votos a 4. Com o recuo do ministro, o placar fica empatado, o que pode favorecer o réu. A mudança também favoreceu o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, cujo placar no julgamento por esse crime resultou em empate. O julgamento será retomado na segunda-feira, 22, com os votos dos demais ministros.

Lewandowski adotou um entendimento teórico mais restrito para esse crime. Na opinião de Lewandowski, o que caracteriza a formação de quadrilha é a associação de mais de três pessoas, em caráter estável e que se reúne permanentemente, para a prática de uma série de crimes resultando na perturbação da paz pública."O que pretende a regra de proibição, na minha concepção, é inviabilizar sociedades montadas para o crime", disse.

Pelo novo entendimento do ministro, a formação de quadrilha estaria relacionada a outros crimes como sequestros e roubos tramados por um grupo. Além disso, o objetivo fundamental da quadrilha, sustentou o relator, seria o de sobrevivência com o fruto do crime.

Lewandowski completou que esse não seria o caso da quadrilha apontada pelo Ministério Público no processo do mensalão. "Não é uma associação ocasional, efêmera, para conseguir um determinado resultado, no caso, um apoio político de parlamentares", argumentou. O ministro enfatizou que quadrilha se distingue da coautoria de um crime.

Para balizar sua posição, Lewandowski citou as ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia que, em julgamento de item anterior do processo, defenderam a mesma tese ao absolver os réus ligados ao PP e ao PL, incluindo Valdemar Costa Neto.

O ministro criticou duramente a denúncia feita pelo Ministério Público por usar o tipo penal de forma genérica. Para o ministro, a denúncia é tecnicamente "inadequada" por haver na mesma acusação pequenas quadrilhas, como é o caso dos partidos políticos, e uma quadrilha maior, supostamente comandada por José Dirceu.

Lewandwski chegou a contabilizar, tanto na denúncia quanto nas alegações finais, quantas vezes o Ministério Público usou distintos termos ao se referir ao grupo. No caso da denúncia, segundo o revisor, foram 54 vezes "formação de quadrilha" e 41 vezes a expressão "organização criminosa", além de também usar "associação criminosa". Segundo o ministro, "há uma clara distinção penal" entre os três termos. "Essa verdadeira miscelânia conceitual enfraqueceu, a meu ver, a acusação", disse.

19 de outubro de 2012
Denise Madueño e Ricardo Brito, de O Estado de S. Paulo
 

SE HADDAD LEVAR, SÃO PAULO SERÁ REFÉM DA VORACIDADE PETISTA

    A experiência de Serra e a voracidade petista
 

Serra é ótimo gestor. Já Haddad, sem peso próprio, ficará refém dos apetites do PT. A sua vitória daria ainda excesso de poder ao PT, algo nocivo à democracia

No dia 7 de outubro, o eleitorado paulistano tomou a sábia decisão de deixar o candidato Celso Russomanno fora do segundo turno.

Tivesse ele passado a barreira do primeiro turno, hoje estaríamos diante de uma escolha do gênero "civilização ou barbárie", tal o despreparo do candidato e o caráter retrógrado da coalizão de forças que o apoiava.

Felizmente, a escolha que agora temos pela frente nos oferece alternativas melhores. José Serra e Fernando Haddad são, ambos, homens públicos superiores à media dos seus pares e representam forças políticas com história, programas e quadros técnicos à altura do desafio de governar São Paulo em uma época de transformação, uma época muito importante na construção do futuro da cidade.

Pena que, até aqui, para dizer o mínimo, tanta energia tenha sido desperdiçada na polêmica regressiva sobre os kits contra a homofobia.

Se estamos bem servidos de candidatos à prefeitura, então por que votar em Serra e não em Haddad?

São três as razões principais do meu voto no candidato do PSDB.

A primeira delas diz respeito à ainda enorme distância que separa os dois candidatos quanto à experiência e à capacidade demonstrada na gestão da coisa pública.

Serra pode ter vários defeitos, mas, entre as suas muitas e mais numerosas qualidades, destaca-se o conhecimento dos desafios de uma gestão pública transformadora, a coragem para enfrentar resistências e interesses quando convencido de que o enfrentamento é necessário para realizar as transformações almejadas.

A criação da indústria de medicamentos genéricos é o exemplo mais conhecido, entre muitos outros. Ela prova tal qualidade de Serra, às vezes confundida com defeito. Dessa perspectiva, poucos políticos brasileiros nas últimas três décadas podem ombrear-se a ele.

A segunda razão do meu voto em Serra se refere ao seu peso político próprio. Também nesse quesito, é grande a desproporção entre os candidatos do PSDB e do PT.

Haddad deve sua candidatura exclusivamente a Lula. Não construiu uma carreira política que o levasse à disputa pela prefeitura de São Paulo. Foi guindado a essa condição pelas mãos do ex-presidente da República.

Isso não o desqualifica nem coloca em xeque a legitimidade de sua postulação. Falta a Haddad, porém, musculatura política para, se eleito, governar com suficiente independência em relação às alas e apetites que formam o PT.

Submetido às naturais pressões do cargo e à característica voracidade da máquina partidária petista, temo que se torne refém dos interesses partidários em prejuízo dos interesses maiores da cidade.

Por fim, mas não menos importante, a eleição de Serra é fundamental para assegurar um certo equilíbrio entre governo e oposição no nível nacional.

O desequilíbrio excessivo entre as forças políticas é ruim para a democracia. Sabemos que, para o PT, conquistar a prefeitura de São Paulo é parte de uma estratégia que visa desalojar o PSDB do governo estadual e consolidar a permanência do partido no Palácio do Planalto.

O próprio Haddad deixou isso claro em declaração feita ainda no entusiasmo de sua passagem ao segundo turno. Pela transparência, o candidato merece elogio, mas não o voto de quem não se identifica com a estratégia "barba, cabelo e bigode" do seu partido.

O eventual controle sobre os três maiores orçamentos públicos do país representaria concentração excessiva de poder. Um excesso de poder nocivo à democracia, principalmente quando em mãos de um partido propenso a abusar dele, como ficou demonstrado no julgamento do "mensalão".

Por tudo isso, em 28 de outubro, voto Serra.

19 de outubro de 2012
Sérgio Fausto, Folha de São Paulo

"A CULPA É NOSSA"

 


Todo político flagrado com a mão na massa de dinheiro sujo tem sempre a mesma resposta: a culpa é do sistema eleitoral. É como se eles fossem obrigados a agir contra seus princípios para não ficar em desvantagem com os adversários.

Porque os políticos dependem das empresas que financiam as campanhas e, naturalmente, esperam retorno para seus investimentos. Agora eles se apresentam, como fez o incrível José Roberto Arruda, como vítimas de um sistema eleitoral perverso.

A única solução para acabar com a corrupção eleitoral e o caixa dois, eles clamam, é o financiamento público das campanhas.

Não contentes em já abocanharem fundos partidários milionários bancados com dinheiro público e de desfrutarem do valioso tempo do horário eleitoral “gratuito”, mas pago pelo contribuinte às emissoras de rádio e TV, ainda acham pouco. Sob o pretexto de democratizar a disputa, querem que todas as despesas das campanhas sejam pagas por nós — e distribuídas pelos critérios deles.

Nossos representantes no Congresso não querem uma reforma eleitoral de verdade porque se beneficiam do atual sistema. Ninguém quer perder nada do que já tem e todos querem ganhar em cima dos outros. Como a culpa é nossa, porque os elegemos, pagamos a conta e eles racham o butim.




Basta ver o que eles fazem com as verbas de gabinete na Câmara e no Senado, com suas manadas de assessores e cupinchas, seus gastos em publicidade, suas viagens, suas lambanças na vida pública e na privada.

Quem vai acreditar que esse pessoal não vai mais usar dinheiro ilegal em suas campanhas? Só o medo do Supremo Tribunal Federal não vai desencorajá-los.

O insuspeito ministro Dias Toffoli, que durante anos atuou no PT e em campanhas eleitorais, apresentou uma boa solução, com sólidos argumentos: simplesmente proibir doações de pessoas juridicas para campanhas eleitorais.

Porque empresa não vota ! Os eleitores são os cidadãos, as pessoas fisicas, os individuos, que têm seus candidatos, partidos e interesses, então cabe a eles contribuir para as campanhas, dentro de rigidos limites individuais que impeçam abusos do poder econômico.

19 de outubro de 2012
Nelson Motta

BOA COLHEITA (VALE O REPETECO)

 

Nestes tempos em que o julgamento do século em nosso país aproxima-se do fim, do fim formal, vejam bem, porque se vai haver realmente punições, como estamos no Brasil, há que se esperar para ver o resultado. Pensando bem, quase sempre as coisas, por aqui, vão pelo caminho que “a gente” espera, isto é, fica tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Um anexim, segundo nosso editor. Nelson Motta (foto) produziu um curto e belo texto, que vem a calhar nesta ocasião e merece ser conhecido pelos nossos leitores:

“Se o mensalão não tivesse existido, ou se não fosse descoberto, ou se Roberto Jefferson não o denunciasse, muito provavelmente não seria Dilma, mas Zé Dirceu o ocupante do Palácio da Alvorada, de onde certamente nunca mais sairia.

Roberto Jefferson tem todos os motivos para exigir seu crédito e nossa eterna gratidão por seu feito heróico:

‘Eu salvei o Brasil do Zé Dirceu’. Em 2005, Dirceu dominava o governo e o PT, tinha Lula na mão, era o candidato natural à sua sucessão. E passaria como um trator sobre quem ousasse se opor à sua missão histórica. Sua companheira de armas Dilma Rousseff poderia ser, no máximo, sua Chefe da Casa Civil, ou presidente da Petrobras.

Com uma campanha milionária comandada por João Santana, bancada por montanhas de recursos não contabilizados arrecadados pelo nosso Delúbio, e Lula com 85% de popularidade animando os palanques, massacraria Serra no primeiro turno e subiria a rampa do Planalto nos braços do povo, com o grito de guerra ecoando na Esplanada:

‘Dirceu guerreiro/ do povo brasileiro’.

Ufa! A Jefferson também devemos a criação do termo ‘mensalão’. Ele sabia que os pagamentos não eram mensais, mas a periodicidade era irrelevante.
O importante era o dinheirão. Foi o seu instinto marqueteiro que o levou a cunhar o histórico apelido que popularizou a Ação Penal 470 e gerou a aviltante condição de ‘mensaleiro’, que perseguirá para sempre até os eventuais absolvidos.

O que poderia expressar melhor a idéia de uma conspiração para controlar o Estado com uma base parlamentar comprada com dinheiro público e sujo? Nem Nizan Guanaes, Duda Mendonça e Washington Olivetto juntos criariam uma marca mais forte e eficiente.
Mas antes de qualquer motivação política, a explosão do maior escândalo do Brasil moderno é fruto de um confronto pessoal, movido pelos instintos mais primitivos, entre Jefferson e Dirceu. Como Nina e Carminha da política, é a história de uma vingança suicida, uma metáfora da luta do mal contra o mal, num choque de titãs em que se confundem o épico e o patético, o trágico e o cômico, a coragem e a vilania. Feitos um para o outro.

O ‘chefe’ sempre foi José Dirceu. Combativo, inteligente, universitário – não sei se completou o curso – fala vários idiomas, treinado em Cuba e na Antiga União Soviética, entre outras coisas. E com uma fé cega em implantar a Ditadura do Proletariado à ‘La Cuba’.

Para isso usou e abusou de várias pessoas e, a mais importante – pelos resultados alcançados – era Lula. Ignorante, iletrado, desonesto, sem ideais, mas um grande manipulador de pessoas, era o joguete ideal para o inspirado José Dirceu.

Lula não tinha caráter nem ética, e até contava, entre risos, que sua família só comia carne quando seu irmão ‘roubava’ mortadela no mercado onde trabalhava. Ou seja, o padrão ético era frágil .
E ele, o Dirceu, fizera tudo direitinho, estava na hora de colher os frutos e implantar seu sonho no país. Aí surgiu Roberto Jefferson… e deu no que deu.” (O sublinhado é meu…)

A análise de Nelson Motta está perfeita. Como disse Robert Green Ingersoll, livre pensador norte-americano do século XIX, um orador e líder político, notável por sua cultura e pela defesa do agnosticismo, Na vida não há prêmios nem castigos. Somente conseqüências.

Este mesmo também disse: A raiva é um vento que apaga a lâmpada da mente. Não nos enraiveçamos.

O importante é que nós, como parcela da população brasileira que ainda consegue, aos trancos, manipular as nossas sinápses, pelo menos, tenhamos em mente, fugindo do agnosticismo e ingressando na seara cristã, de lá pinçando outro anexim: a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Tenho dito

19 de outubro de 2012
Ancião

 

UM IGNÓBIL PASCÁCIO

 


Nessa quinta-feira (18/10) o ministro relator Joaquim Barbosa, numa exposição simples e objetiva condenou 11 réus pelo crime de formação de quadrilha.
Segundo o ministro, o réus do núcleo político, publicitário e financeiro agiram de forma organizada para cometer crimes.
Barbosa concluiu seu voto dizendo claramente:
“A conduta de cada um dos réus, ao contrário do que foi dito nas alegações finais, está individualizada dentro do papel que cada um desempenhava na quadrilha. Cada um dos réus não tinha todas [as funções], mas determinadas funções para satisfação dos objetivos ilícitos da organização criminosa”.
 
Os condenados foram ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares, do núcleo político; Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Dias do núcleo publicitário; Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório, do núcleo financeiro.

O ministro explicou:
“A associação formada pelos réus enquadra-se perfeitamente na descrição do crime de formação de quadrilha, que é reunião estável ou permanente para perpetração de uma série de crimes”.
 
Todavia, logo depois foi a vez do ministro revisor , Ricardo Lewandowski, manifestar seu voto, este surpreendetemente, anunciouuma modificação no voto que havia apresentado há três semanas e decidiu absolver todos os réus da acusação de formação de quadrilha – não só José Dirceu e outros dez réus, cujas acusações estavam em pauta nesta quinta-feira, mas também outros cinco que o próprio Lewandowski havia considerado culpados pelo crime em etapas anteriores do julgamento.
 
Não se sabe quais interesses estão levado este magistrado a mostrar-se parcial, incoerente e sem seriedade alguma.
u perdeu o dom do intelecto ou está vilmente vendido; em ambos os casos ele não tem condições de continuar exercendo a mais alta magistratura do país.
 
Este ignóbil pascácio, faz parte da herança maldita legado por Lula e sua súcia.

19 de outubro de 2012
Giulio Sanmartini

NOS BASTIDORES, O GRANDE GOLPE DO INDULTO!

    Os decretos presidenciais, editados nos meses de dezembro, são cada vez mais genéricos e não fazem restrições a crimes de corrupção, contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro, objeto de condenações no julgamento do mensalão. Um grupo de procuradores da República já sugeriu ao Ministério da Justiça que os próximos indultos não contemplem condenados por esses crimes.
Gurgel volta a defender imediata prisão dos condenados no mensalão. Procurador-geral da República reage ao argumento dos advogados de que eles não oferecem perigo
- O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, prepara um memorial ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) em que rebaterá a mais nova estratégia das defesas dos réus do mensalão. Advogados de réus já condenados – o julgamento está em seu último capítulo, sobre formação de quadrilha – argumentam que seus clientes não oferecem perigo à sociedade e, por essa razão, podem ficar em liberdade. No intervalo da sessão desta quinta-feira à tarde, Gurgel voltou a defender a execução imediata da pena de prisão.
 
– Essa hipótese de um réu não oferecer riscos existe em torno de pressupostos da prisão preventiva. Defendo a execução imediata da pena (por se tratar de condenações definitivas) – disse o procurador-geral.
 
Esse ponto de vista deve ser manifestado no memorial que Gurgel entregará aos ministros do STF na próxima semana.
 
– Não existe nada no ordenamento jurídico em que prisão é só para pessoas perigosas. Prisão é cumprimento de pena por infração da lei, independentemente de periculosidade – afirmou Gurgel.
 
Ele ressaltou que o julgamento observou as garantias de defesa previstas na Constituição Federal e que o resultado será proferido pela mais alta Corte do país – será, portanto, um resultado definitivo.
 
Questionado sobre a possibilidade de os réus do mensalão condenados pelo STF serem beneficiados com um indulto presidencial nos próximos anos, o procurador-geral disse ser “muito cedo” para falar em indulto, uma vez que “a sociedade brasileira espera que as condenações sejam cumpridas”.
O indulto é o perdão da pena, concedido a parte do cumprimento de uma parte da pena de reclusão.
 
Os decretos presidenciais, editados nos meses de dezembro, são cada vez mais genéricos e não fazem restrições a crimes de corrupção, contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro, objeto de condenações no julgamento do mensalão.
Um grupo de procuradores da República já sugeriu ao Ministério da Justiça que os próximos indultos não contemplem condenados por esses crimes.
 
Gurgel defendeu a perda de mandato imediata para os três parlamentares condenados pelo STF – João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) –, como parte do cumprimento da pena. E contestou o argumento de que, em caso de empate, prevalece uma decisão favorável ao réu. Segundo o procurador-geral, isso vale para a concessão de habeas corpus, o que não é o caso.
 
Quatro réus ainda não sabem se serão condenados, em razão dos empates em cinco a cinco: Paulo Rocha, João Magno, Anderson Adauto e José Borba. Tanto a perda de mandato quanto os empates ainda precisam ser melhor examinados na próxima semana, conforme o procurador-geral.
 
19 de outubro de 2012
Vinicius Sassine - Globo Online

INACREDITÁVEL: LULA PEDE VOTO PARA EX-PRESO POR UM "NOVO BRASIL"


No Amapá, ex-presidente defende em vídeo reeleição do prefeito Roberto Goés (PDT)
O pedetista foi preso em 2010 por causa da Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal
 
Chamou a atenção na noite de hoje (18.out.2012) a propaganda política do candidato à reeleição como prefeito de Macapá Roberto Góes (PDT). Surgiu na tela o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizendo o seguinte:
Aqui em Macapá, apoio o Roberto para prefeito. Porque é preciso que toda cidade seja um pequeno pedaço do novo Brasil que estamos construindo. Um Brasil forte e cheio de vida, onde as pessoas caminham com uma confiança cada vez maior para realização dos seus sonhos. E para que este Brasil continue melhorando, é necessário garantir o avanço de cada município brasileiro. Por isso, dia 28, vote 12. Vote Roberto”.
 
Góes foi preso em dezembro de 2010 pela Polícia Federal no âmbito Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal, que investigava um suposto esquema de desvio de verbas federais no Amapá por políticos, funcionários públicos e empresários do Estado.
Roberto Góes recentemente também tentou impedir, na Justiça, que a mídia noticiasse o episódio de sua prisão.
Em resumo, Lula está apoiando em Macapá um prefeito que foi preso em 2010 e que tenta impedir na Justiça notícias a esse respeito.
19 de outubro de 2012
Fernando Rodrigues - UOL

NA ENTREVISTA A UM JORNAL ARGENTINO, LULA REVELOU QUE, PARA 43 MILHÕES DE BRASILEIROS, FOI ELE O CHEFE DO ESQUEMA DO MENSALÃO


A Argentina é logo ali, mas a entrevista concedida por Lula ao jornal El Clarin nesta quarta-feira sugere que o ex-presidente não reagiu bem a uma quase imperceptível mudança de fuso horário.

Convidado a comentar o julgamento do mensalão, o palanque ambulante desta vez não se refugiou em golpes imaginários, nem enxergou “um problema de caixa dois” na imensa roubalheira descoberta em meados de 2005. Preferiu safar-se do escândalo com uma discurseira que resultou em outro perfeito tiro no pé.

“Para um presidente que teve oito anos de mandato, o fato de terminar com 87% de aprovação popular é um enorme julgamento”, viajou o entrevistado.
Ao confundir o Ibope, o Sensus e o Vox Populi com o Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente não só admitiu que o mensalão existiu como se instalou voluntariamente no banco dos réus.

E consumou o desastre ao confundir eleição com tribunal e eleitor com jurado:

“Já fui julgado pelas urnas”, decidiu. “A vitória de Dilma Rousseff foi um julgamento extraordinário”.

Faz de conta que sim. Nesse caso, Lula foi absolvido por 55 milhões de eleitores que votaram em Dilma. Em contrapartida, foi condenado por 43 milhões que rejeitaram a sucessora que escolheu.

Não é pouca coisa. Para essa imensidão de brasileiros ─ quem está dizendo é o próprio Lula ─, o país foi governado durante oito anos pelo chefe supremo de uma organização criminosa.

19 de outubro de 2012
Augusto Nunes

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Dirceu viaja a Portugal no fim de semana para tratar de ocultos negócios dele e da família Lula


Aproveitando que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal nem cogita decretar a prisão imediata de condenados no mensalão, o advogado e consultor internacional José Dirceu de Oliveira e Silva embarca, neste final de semana, para Portugal. Não vai apenas passear, mas principalmente supervisionar os grandes negócios lusitanos que ele e a família do ex-presidente Lula mantém, ocultamente, na Terrinha e além-mar.

Especula-se, principalmente nos bastidores do mercado português de infraestrutura, que o “capitão do time de Lula” e os filhos do ex-presidente seriam grandes investidores em parcerias com grandes empresas nos ramos de petróleo & gás, mineração, construção e telefonia. Também atuariam, perifericamente, nos setores imobiliário e de mídia. Os empreendimentos da conexão lusitana dos companheiros Lula e Dirceu iriam muito além de Portugal, abrangendo ex-colônias portuguesas, como Angola.

Antes de viajar, Dirceu pode até sofrer o dissabor de ser condenado, também, por formação de quadrilha. O ministro relator da Ação Penal 470, Joaquim Barbosa, pediu ontem a condenação de José Dirceu, José Genoino, Marcos Valério e mais outros oito réus. A sorte de Dirceu é que alguns ministros tendem a seguir o voto do bondoso revisor Ricardo Lewandowski que já pediu absolvição de todos os acusado por formação de quadrilha.

Se for aliviado da condenação por formação de quadrilha, Dirceu terá a grande chance de escapar do risco humilhante de prisão, nas fase de definição de penas e de recursos. Esta é a aposta do “Capitão do time” de Lula e de seus companheiros do PT.

 
Jurisprudência salvadora

Lewandowski argumentou que a associação dos réus para a prática criminosa não colocou em risco a paz social:

Precisamos verificar se esta quadrilha tinha ou não este escopo de colocar em risco a paz social ou se foi para praticar alguns crimes, pelos quais estão respondendo e muitos já condenados”.

O ministro revisor citou um voto, com base na jurisprudência e na doutrina criminal, dado pela ministra Rosa Weber:

Quadrilha, na minha compreensão, é a estrutura da societa celeris que causa perigo por si mesma a sociedade. Nada tem a ver com a simples convenção plural de criminosos. Portanto não há prática de vários crimes feitos em autoria. É preciso que haja uma conjunção permanente para praticar uma série indeterminada de crimes".

Organização estável

Joaquim Barbosa foi bem claro no voto: “O extenso material probatório demonstra a existência de uma organização estável que agia contra a administração pública”.

Barbosa contestou a defesa de Dirceu, e reafirmou que nos autos existem comprovações de sobra de que era ele quem comandava o núcleo político e repassava funçoes aos núcleos financeiro (liderado por Kátia Rabello, do Banco Rural) e publicitário (controlado por Marcos Valério).

O relator acrescentou: “Os integrantes do chamado núcleo financeiro, visando a obtenção de vantagens indevidas, proporcionaram aos outros dois núcleos o aporte de recursos obtidos mediante empréstimos simulados além de mecanismos de lavagem de dinheiro”.

Experiência tucana

Joaquim Barbosa lembrou o aprendizado de Valério com o esquema mineiro-tucano que acabou aprimorado pelos petistas:

"Para exata compreensão, é preciso salientar que Valério é um profissional do crime, já tendo prestado serviços ao PSDB na eleição de Eduardo Azeredo em Minas Gerais. Como forma de ilustrar a realidade, Simone Vasconcelos operadora do esquema, trabalhou na eleição de Azeredo e foi indicado por Valério. Foi nessa empreitada criminosa que ele adquiriu o conhecimento oferecido ao PT, que o grupo de Dirceu aceitou".

Foi uma singela dica de que, na gestão Barbosa no STF, o Mensalão Mineiro vai receber também tratamento especial...

Interlocutor privilegiado

Barbosa destacou que Marcos Valério atuava como interlocutor privilegiado do núcleo político, agendando reuniões entre Dirceu e Kátia Rabello, com "plena consciência de sua conduta":

Cristiano Paz, Ramon Hollerbach e Marcos Valério participavam das decisões da DNA e da SMP&B. Todos os sócios participavam das decisões administrativas. Além das fraudes contábeis, os membros do núcleo publicitário atuaram na simulação de vários empréstimos e, para encobrir o caráter simulado, se utilizaram de inúmeros mecanismos fraudulentos”.

Barbosa lembrou que, “além das fraudes contábeis, os membros do núcleo publicitário atuaram na simulação de vários empréstimos e, para encobrir o caráter simulado, se utilizaram de inúmeros mecanismos fraudulentos. Tudo somado, não há como negar que eles praticaram o crime de quadrilha”.

Hermano queimadão

Na visita de Lula a Argentina, onde foi ganhar R$ 250 mil para palestrar à elite empresarial de lá, pegou nada bem o encontro fechado dele com o vice-presidente argentino, no luxuoso hotel Hyatt Palacio Duhau, no bairro da Recoleta.

Amado Boudou é suspeito de envolvimento em vários esquemas de corrupção, principalmente a gravíssima acusação de usar sua gráfica para emissão ilegal, não autorizada e falsa de pesos argentinos.

Como Boudou é o membro com pior imagem no governo de Cristina, tendo tudo para se transformar em réu na justiça argentina, Lula marcou um gol contra em recebê-lo tão efusivamente.

Nem os petistas fazem melhor

O sindicalista Hugo Yasky, da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) promete uma grande mobilização por lá contra a condenação de nossos mensaleiros por aqui.

Na visão do hermano Yasky, o julgamento do Mensalão tem o objetivo de tentar intimidar Lula:

Por trás deste julgamento que é orquestrado pelos grandes grupos multimídia e a Justiça, que atua em favor dos poderosos, está nada mais e nada menos que a tentativa de evitar que Lula continue sua carreira política”.
 
Tema de debate

José Dirceu foi o tema central de discussão no primeiro debate do segundo turno enrre Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB), ontem à noite, na TV Bandeirantes.

Haddad reclamou que Serra tem “obsessão por José Dirceu”.

Serra alegou que Dirceu é “guru político” do petista e foi “homenageado e aplaudido pelo PT” após condenado no Mensalão.

Conclusão do debate: coitado do cidadão-eleitor-contribuinte de São Paulo...

Imoral subserviência

Carta contundente do médico paulista Humberto de Luna Freire Filho aos jornais e blogs:

Causa nojo a qualquer cidadão brasileiro minimamente informado, e que assiste ao julgamento do mensalão, ver e ouvir o subserviente ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowiski, constantemente fugindo dos autos constantes da Ação Penal 470, para defender a bandidagem à qual ele deve o cargo. Conduta essa tão imoral que, nem o outro contratado do PT, José Antônio Dias Toffoli, que também entrou para a suprema corte pela portas dos fundos, está mostrando tanto empenho nessa ridícula defesa do indefensável”.

O médico acrescenta, com muita propriedade:

É triste para o país ver que, mais cedo ou mais tarde, esses dois indivíduos ocuparão a presidência da corte. Uma vergonha para a nossa Justiça. Mesmo sendo adepto de que as mudanças sempre obedeçam os princípios constitucionais, a essa altura eu não faria a menor objeção por uma opção traumática em nome da cidadania e da preservação dos princípios éticos e morais da nossa sociedade”.


Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

19 de outubro de 2012
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

QUEM GANHOU A LUTA DO MAL CONTRA O MAL - DIRCEU CONTRA JEFFERSON - FOI O BRASIL!!!

O meu “viva Jefferson” é com as devidas restrições que um bandido merece, é claro. Viva Jefferson na cadeia, por exemplo.

 
Mas esse texto do Nelson Motta, escrito semana passada é muito bom.
 
“Se o mensalão não tivesse existido, ou se não fosse descoberto, ou se Roberto Jefferson não o denunciasse, muito provavelmente não seria Dilma, mas Zé Dirceu o ocupante do Palácio da Alvorada, de onde certamente nunca mais sairia.
Roberto Jefferson tem todos os motivos para exigir seu crédito e nossa eterna gratidão por seu feito heróico: ‘Eu salvei o Brasil do Zé Dirceu’.
 
Em 2005, Dirceu dominava o governo e o PT, tinha Lula na mão, era o candidato natural à sua sucessão. E passaria como um trator sobre quem ousasse se opor à sua missão histórica.
Sua companheira de armas Dilma Rousseff poderia ser, no máximo, sua Chefe da Casa Civil, ou presidente da Petrobras.
 
Com uma campanha milionária comandada por João Santana, bancada por montanhas de recursos não contabilizados arrecadados pelo nosso Delúbio, e Lula com 85% de popularidade animando os palanques, massacraria Serra no primeiro turno e subiria a rampa do Planalto nos braços do povo, com o grito de guerra ecoando na Esplanada:
 
‘Dirceu guerreiro/ do povo brasileiro’.
 
Ufa! A Jefferson também devemos a criação do termo ‘mensalão’.
Ele sabia que os pagamentos não eram mensais, mas a periodicidade era irrelevante. O importante era o dinheirão.
Foi o seu instinto marqueteiro que o levou a cunhar o histórico apelido que popularizou a Ação Penal 470 e gerou a aviltante condição de ‘mensaleiro’, que perseguirá para sempre até os eventuais absolvidos.
 
O que poderia expressar melhor a idéia de uma conspiração para controlar o Estado com uma base parlamentar comprada com dinheiro público e sujo? Nem Nizan Guanaes, Duda Mendonça e Washington Olivetto juntos criariam uma marca mais forte e eficiente.
 
Mas antes de qualquer motivação política, a explosão do maior escândalo do Brasil moderno é fruto de um confronto pessoal, movido pelos instintos mais primitivos, entre Jefferson e Dirceu.
Como Nina e Carminha da política, é a história de uma vingança suicida, uma metáfora da luta do mal contra o mal, num choque de titãs em que se confundem o épico e o patético, o trágico e o cômico, a coragem e a vilania. Feitos um para o outro.
 
O ‘chefe’ sempre foi José Dirceu.
Combativo, inteligente, universitário – não sei se completou o curso – fala vários idiomas, treinado em Cuba e na Antiga União Soviética, entre outras coisas.
E com uma fé cega em implantar a Ditadura do Proletariado à ‘La Cuba’.
Para isso usou e abusou de várias pessoas e, a mais importante – pelos resultados alcançados – era Lula.
Ignorante, iletrado, desonesto, sem ideais, mas um grande manipulador de pessoas, era o joguete ideal para o inspirado José Dirceu.
 
Lula não tinha caráter nem ética, e até contava, entre risos, que sua família só comia carne quando seu irmão ‘roubava’ mortadela no mercado onde trabalhava. Ou seja, o padrão ético era frágil . E ele, o Dirceu, fizera tudo direitinho, estava na hora de colher os frutos e implantar seu sonho no país.
 
Aí surgiu Roberto Jefferson… e deu no que deu.”
19 de outubro de 2012