"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 6 de setembro de 2011

ENTREVISTA COM GENETON MORAES NETO

Geneton, o repórter, nos tem dado grandes entrevistas

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A MARCHA CONTRA A CORRUPÇÃO

Grupos marcam diversas manifestações contra a corrupção no Dia da Independência; veja os endereços

Grupos marcam diversas manifestações contra a corrupção no Dia da Independência; veja os endereços

Para o dia da Independência, diversos grupos espalhados por todo o País preparam pelo menos 38 manifestações contra a corrupção na política em 35 cidades. Milhares de pessoas já confirmaram presença nos eventos por meio das redes sociais. No Estado de São Paulo, existem oito manifestações agendadas. No Rio de Janeiro também haverá pelo menos quatro movimentos diferentes pela cidade. Em Minas Gerais, há registro de mais cinco passeatas.

Veja abaixo os endereços e horários das manifestações:

SÃO PAULO
São Carlos - 13h - Praça Coronel Salles
Ribeirão Preto - 9h - Praça XV
Campinas - 15h - Centro de Convivência (Praça Imprensa Fluminense)
Mairiporã - 13h - Praça da Antiga Rodoviária
São Paulo - 9h - Caras Pintadas contra a Corrupção - Masp (Avenida Paulista)
São Paulo - 14h - Unidos conrtra a corrupção e outros - Masp (Avenida Paulista)
Santos - 13h - Avenida Vicente de Carvalho
São José dos Campos - 9h - Parque Vicentina Aranha

RIO GRANDE DO SUL

Porto Alegre - 9h - Movimentos Açorianos - Avenida Loureiro da Silva
Carazinho - 15h30 - Praça Albino Hillebrand

SANTA CATARINA
Florianópolis - 14h - Trapiche Beira Mar
Jaraguá do Sul - 9h - Praça Ângelo Piazeira
Joinvile - 13h - Em frente ao Shopping Muller

PARANÁ
Curitiba - 13h - Praça Santos Andrade
Cascavel - 13h - Calçadão (em frente a matriz)
Londrina - 8h - Av. Leste Oeste (próximo ao terminal)

MATO GROSSO DO SUL

Campo Grande - 13h - Praça Ari Coelho

MATO GROSSO
Cuiabá - 13h - Praça das Bandeiras

ACRE
Rio Branco - 15h - Centro da Praça da Revolução (Placido de Castro)

PARÁ
Belém - 9h - Atrás do último pelotão militar

MARANHÃO
São Luis - 13h - Praça Deodoro(em frente à biblioteca Benedito Leite)

GOIÁS

Goiânia - 13h - Praça do Trabalhador

DISTRITO FEDERAL

Brasília - 10h - Museu nacional

MINAS GERAIS
Belo Horizonte - 12h - Praça da Liberdade
Uberlândia - 8h - Praça Tubal Vilela
Uberaba - 10h - Mercado Municipal (Praça Manoel Terra)
Alfenas - 9h - Centro Vivencial (Antiga Rodoviária)
Itajuba - 9h - Em frente à Câmara dos Vereadores (Praça da Amélia Braga)

RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro - 9h - Caras Pintadas contra a Corrupção - Em frente à Câmara dos Vereadores (Cinelândia)
Rio de Janeiro - 11h - Impeachment da deputada Jaqueline Roriz -Tribunal de Justiça do Estado RO RJ (Avenida Erasmo Braga)
Rio de Janeiro - 14h - Dia do Basta - Em frente à Câmara dos Vereadores (Cinelândia)
Petrópolis - 13h - Praça Rui Barbosa (Praça da Liberdade)

ESPÍRITO SANTO

Vitória - 13h - Avenida Getúlio Vargas

BAHIA

Ilhéus - 13h - Catedral de São Sebastião
Salvador - 13h - Em frente à Câmara dos vereadores (antiga prefeitura)

ALAGOAS
Maceió - 13h - Multieventos da Pajuçara

PERNAMBUCO
Recife - Nas ruas - 13h - Marco Zero (Praça Rio Branco)
Recife - Dia do Basta - 9h - Praça Oswaldo Cruz

Por Reinaldo Azevedo
Estadão Online

IMBECILIDADE SEM ESPAÇO PARA TANTA CONCORRÊNCIA

Sérgio Cabral, vai para a França e não volta mais.
A imbecilidade não aguenta tanta concorrência.
Chegando lá, tenta se aproveitar do dinheiro dos franceses e vê se dá certo.

Nossa fama de ignorantes foi confirmada pelo governador-França/RJ Sérgio Cabral. Aquele governador do Rio de Janeiro que adora viajar para a França e passear por lá de bicicleta, enquanto o carioca trabalha para sustentar seus divertimentos internacionais.

Dar apoio à CPMF, que já foi afastada há muito tempo e tentou ser recriada com um nome fantasia para enganar os " trôxa ", é natural no meio político. Nada melhor, para os meliantes de Brasília, do que ver mais tributos entrando no cofre, para que possam gastar cada vez mais e de forma bem escancarada, sem punição alguma.

Mas Sérgio Cabral exacerbou no deboche. Vamos por etapas:
Ao criticar o fim da CPM, lamentou a falta de recursos para a área da Saúde, como se o problema estivesse ligado a "dificuldades financeiras" do governo, que, junto com centenas de parlamentares caros e improdutivos, joga o dinheiro do contribuinte dentro da cueca, da mala, da meia e da pouca vergonha.

Disse que foi uma covardia a extinção da CPMF, por ter feito muito mal, não ao governo do presidente Lula, mas ao povo brasileiro. Engano desse governador, tão 'preocupado' com os malefícios ao povo, pois quem faz mal ao brasileiro é essa classe política desclassificada.

Afirmou que esse financiamento à Saúde é fundamental, quando sabemos que a área da Saúde NÃO PRECISA DE FINANCIAMENTOS EXTRA, pois um dos objetivos dos muitos impostos que pagamos IRIAM para a saúde, caso não fossem desviados.

Citou exemplos de hospitais públicos no Rio que eram referências de bons serviços e que hoje padecem por falta de dinheiro. Pois é... só não falta dinheiro para o ôba-ôba indecente dessa gentalha que esvazia o cofre da União como se fosse aquele porquinho de antigamente onde a vovó guardava os trocados.

Cabral considera necessária uma nova fonte exclusiva de receita para a Saúde. Sugestão: doe cada centavo gasto nos seus passeios e exija que seus amiguinhos ladravazes devolvam tudo o que afanaram. Aposto que daria para abrir, para o povo, dezenas de hospitais do mesmo tipo dos hospitais usados pelos parlamentares para fazer cirurgia plástica e implante de cabelo.

Jurema Cappelleti

"PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO"

Índice da Inflação acumulada em 12 meses é a maior desde 2005.

O IPCA, índice oficial de inflação, registrou leve alta 0,16% no mês passado. Somando os últimos 12 meses, o índice acumula 6,87%, é a maior taxa registrada desde 2005 e acima do teto da meta estipulada pelo Banco Central.


A inflação oficial medida pelo IBGE em julho ficou no acumulado dos últimos 12 meses como a pior desde 2005.Quem tem carro já percebeu:
depois da forte queda em junho, o preço do combustível voltou a subir.

“Ele não mantém o equilíbrio uma vez ele cai, uma vez ele sobe, ai fica difícil”, explica a analista de logística, Wagner dos Santos. “Ainda bem que trabalho perto da minha casa”, fala a administradora Angela Nano.

A gasolina já acumula alta de 6,30% no ano.
Bem mais do que em 2010 inteiro, quando o aumento não chegou a 2%.


Pior aconteceu com o álcool. O preço subiu em plena safra da cana de açúcar, quando deveria cair. Resultado:
o etanol já acumula 10% de alta. Muito mais que em todo o ano passado.


“Os combustíveis voltaram a pressionar a inflação principalmente por conta do etanol que por sua vez pressiona os preços da gasolina que tem um peso muito importante, ou seja, são responsáveis por grande parte do orçamento do consumidor”, diz a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

Não é só o combustível que esta pesando no bolso dos motoristas. Os custos de manutenção e as tarifas dos pedágios também subiram. O grupo transportes, que inclui ainda as passagens aéreas e de ônibus, foi o que mais contribuiu para a alta na inflação de julho.

INPC


Nesta terça, o IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de agosto, que variou 0,42%, acima do resultado de 0,00% de julho.
Dessa foram, no ano, o indicador acumula alta de 4,14% e, em 12 meses, de 7,40%. Em agosto de 2010, o INPC ficara em -0,07%.
Na análise regional, o maior índice foi registrado na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,66%) e o menor, em Curitiba (0,02%).

Do G1

NO PATROPI O EXEMPLO VEM DE CIMA...

O dinheiro e as barras de ouro estavam em cofres e carteiras de vítimas do tsunami no Japão. Em casas e empresas destruídas. Nas ruas, entre escombros e lixo. Ao todo, o equivalente a R$ 125 milhões. Dinheiro achado não tem dono. Certo?

Para centenas ou milhares de japoneses que entregaram o que encontraram à polícia, a máxima de sua vida é outra: não fico com o que não é meu.

E em quem eles confiaram? Na polícia, que localizou as pessoas em abrigos ou na casa de parentes e já conseguiu devolver 96% do dinheiro.
A reportagem foi do correspondente da TV Globo na Ásia, Roberto Kovalick. A história encantou.

“Você viu o que os japoneses fizeram?” Natural a surpresa. Num país como o Brasil, onde a verba destinada às inundações na serra do Rio de Janeiro vai para o bolso de prefeitos, secretários e empresários, em vez de ajudar as vítimas que perderam tudo, esse exemplo de cidadania parece um conto de fadas. O que aconteceu em Teresópolis e Nova Friburgo não foi um mero e imoral desvio de dinheiro público.

Foi covardia. Político japonês não é santo. Mas digamos que, em alguns países, os valores da população são menos complacentes do que em nosso cordial patropi.


E a impunidade não é regra.

Em que instante a nossa malandragem deixa de ser folclórica e cultural e passa a ser crime de desonestidade? Por que a lei de tirar vantagem em tudo está incrustada na mente de tantos brasileiros? A tal ponto que os honestos passam a ser otários porque o mundo seria dos espertos?


Eles devolveram às vítimas do tsunami R$ 125 milhões. Precisamos – nós e a polícia – aprender a agir assim.


Ruth de Aquino, colunista de Época

UMA NOVA INDEPENDÊNCIA


Como um simples tropeiro, sujo e com dor de barriga, foi assim que D. Pedro proclamou a Independência do Brasil, segundo Laurentino Gomes.
Se os fatos daquele 7 de setembro de 1822 correspondem a esta versão, ou à imagem épica do brado retumbante às margens do Ipiranga, não vem ao caso aqui; o importante é que o Brasil ainda é uma república inacabada.

Se antes éramos colônia de Portugal, hoje somos súditos de Brasília. O Executivo governa com "medidas provisórias" de dar inveja aos decretos da ditadura. A carga tributária já chega a quase 40% do PIB. Há excesso de leis e regulações. O cidadão é tratado como um incapaz que necessita da tutela do Estado. Até quando vamos tolerar isso?

Amanhã celebraremos 189 anos de Independência. Peço ao leitor que, antes de abrir a merecida cerveja no feriado, dedique alguns minutos à reflexão acerca de nosso país.
Vivemos em tempos de acelerada decadência moral e completa desmoralização da política. "Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito", alertava o cardeal de Retz.

O brasileiro trabalha até maio apenas para sustentar uma máquina estatal ineficiente e corrupta. Em contrapartida, não tem segurança, educação, saúde ou infraestrutura decentes. O Estado falha em suas funções precípuas, enquanto estende seus tentáculos a inúmeras áreas que não deveria. Em nome da "justiça social", o Leviatã estatal se transformou numa gigantesca máquina de transferência de riqueza, cobrando enorme pedágio por isso. Não satisfeito, ainda quer ressuscitar a CPMF!

Recentemente, o Congresso desferiu mais um duro golpe nos brasileiros honestos, com a votação secreta que absolveu Jaqueline Roriz. Ela foi pega em vídeo recebendo propina, mas se alegou que o episódio ocorrera antes de sua eleição. Eis o escárnio total com que os deputados tratam seus eleitores: roubar pode, desde que não seja pego até as eleições.
Tanto absurdo deveria parar o país, só que muitos estão perdendo a capacidade de indignação. Um rumo deveras perigoso.

Mas o espetáculo precisa continuar. Seguem batendo o bumbo da "faxina" contra a corrupção, ignorando detalhes importantes: as atitudes da presidente Dilma foram sempre reativas; ela veio do mesmo governo Lula que a antecedeu; Erenice Guerra, acusada de corrupção, estava ao lado de Dilma no dia da posse; e a própria presidente já sinalizou que a "faxina" acabou. É esta a "faxineira" que desperta tanta esperança na classe média?

A presidente alterou o discurso sobre austeridade fiscal. Aquilo que antes era considerado "rudimentar" agora é defendido como necessário para reduzir a inflação. Mas, novamente, vemos que o espetáculo é mais importante que o resultado. O governo pretende ampliar em R$10 bilhões o superávit primário, sendo que os gastos públicos chegam a R$1 trilhão.
Algo análogo a uma família endividada que gasta R$10.000 anunciar uma redução de R$100 nas despesas, para "arrumar" as finanças.

Como o governo não reduz seus gastos, não desarma a bolha de crédito do BNDES e não aprova uma única reforma estrutural, resta derrubar os juros na marra. Foi justamente o que vimos semana passada, numa decisão inesperada do Copom, mesmo com inflação acima da meta. Trata-se de mais uma independência necessária: a do Banco Central. Quando este deixa de ser o guardião da moeda e passa a ser cúmplice do governo gastador, abrem-se as comportas da inflação galopante.

Não obstante, o brasileiro esclarecido parece acovardado, sem esperanças ou forças para lutar. Mas a apatia não nos levará a lugar algum além de mais abuso de poder. O derrotismo das pessoas de bem é grande aliado dos corruptos. O dirigismo estatal e a impunidade andam de mãos dadas com a corrupção.
É preciso ter coragem para se erguer contra isso. É preciso ter visão de longo prazo, lutar contra a miopia daqueles que trocam a liberdade por migalhas, ainda que de ouro. Todos querem "direitos", mas ninguém quer responsabilidades. As mudanças dependem de nós.

Por isso, caro leitor, peço a você que use algum tempo ocioso neste feriado para pensar no que fazer de concreto para melhorar as coisas.

Precisamos conquistar uma nova independência, desta vez dos abusos de Brasília. Se cada um colaborar à sua maneira, em vez de apenas se resignar ou esbravejar num bar com os amigos, quem sabe teremos alguma chance?

Rodrigo Constantino
O GLOBO - 06/09/2011

CHEGA DE CORRUPÇÃO!


Entidades organizadoras da Marcha contra a Corrupção, prevista para ocorrer nesta quarta-feira, 7, espera reunir 30 mil pessoas em Brasília. “Nosso objetivo já foi alcançado, que era ter mais inscrições que a Corrida da Cerveja. Temos 22 mil pessoas confirmadas pelas redes sociais, e acreditamos que mais pessoas irão aparecer na hora”, disse Rodrigo Montezuma, organizador da marcha. Em outras cidades também há manifestações previstas para ocorrer nesta quarta. Nesta segunda-feira, 5, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reuniram-se com senadores do movimento contra a corrupção e a impunidade para pensar formas de engajar a sociedade na questão. Uma das ações destacadas foi a marcha, realizada paralelamente às comemorações da Independência do Brasil.

Para o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, é importante que as entidades e os políticos aproveitem este momento de mobilização social para chamar a atenção para temas de combate à corrupção que ainda geram baixo engajamento popular. Entre esses temas, estão o fim do voto secreto no Congresso Nacional, a celeridade no julgamento de casos de corrupção, o fim de emendas parlamentares individuais, a redução de cargos comissionados, a transparência nos gastos públicos e a declaração imediata da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, que aguarda julgamento definitivo no Supremo Tribunal Federal (STF). A ideia é que essas demandas componham uma carta de princípios que deve ser elaborada pelo grupo. “Na mobilização pela aprovação da Lei da Ficha Limpa, já tínhamos uma lei em tramitação para dar um respaldo jurídico à demanda. Agora queremos que essas demandas também não fiquem em um campo vago. Queremos a mobilização popular na Marcha contra a Corrupção, mas estamos preocupados com o day after, em como colocar esses projetos para andar”, disse Ophir.

O senador Pedro Taques (PDT-MT), um dos que participaram do encontro, lembrou que várias das reformas que estão sendo reclamadas pela sociedade já tramitam pelo Congresso, mas que não há interesse político em votá-las. “Nosso grande desafio é descobrir formas de despertar a sociedade para que ela pressione por mudanças”. O encontro desta segunda foi uma continuação de uma campanha iniciada no mês passado, quando foi lançado o portal Observatório da Corrupção. A ideia é que o grupo anticorrupção seja ampliado e tenha a participação de líderes estudantis, líderes sindicais e representantes da sociedade organizada.

Mais atos. Além de Brasília, outras cidades devem ser palco de atos contra a corrupção nesta quarta. Muitos deles foram organizados pelo Facebook e têm até 75 mil pessoas confirmadas. No blog Brasil+Ético é possível ver informações sobre eles. Em São Paulo, está previsto o Caras Pintadas Contra a Corrupção, a partir das 9h, em frente ao Masp. / Com informações de O Estado de S.Paulo

A QUERMESSE DOS PECADORES SEM REMORSO


Estou acompanhando o 4° Congresso Nacional do PT, que vai merecer mais de um post de bom tamanho. Mas o primeiro dia da quermesse dos pecadores sem remorso exige a antecipação de dois registros.

1. A ressurreição da censura à imprensa ─ ora disfarçada de “controle social da mídia”, ora travestida de “marco regulatório” ─ é perseguida pelo PT desde o berço.
Mas o palavrório desta sexta-feira confirma que o alvo imediato mudou. Quando José Dirceu ainda podia dizer que a seita “não róba nem dexa robá” sem ouvir de volta uma gargalhada nacional, os censores estavam de olho no noticiário político.

Essencialmente, não queriam que os leitores soubessem que, batidas num liquidificador, as ideias do PT viram um suco com cheiro de Venezuela e sabor de Cuba. Depois da roubalheira do mensalão, o alvo se deslocou para o noticiário policial.

Foi nas páginas reservadas a casos de polícia que se consumou a implosão do templo das vestais venais. Ali emergiram as informações que escancararam o embuste: depois de atravessar a infância e a adolescência reivindicando o monopólio da ética, a turma caiu na vida, gostou dos acasalamentos pervertidos e muito lucrativos com a escória dos partidos alugados, trocou programas políticos por projetos de enriquecimento pessoal, virou gigolô de cofres públicos, confundiu a montagem de equipes ministeriais com formação de quadrilha ou bando, transformou canteiros de obras do governo em viveiros de assaltantes e institucionalizou a corrupção sem castigo.

Hoje nadando em dinheiro, os Altos Companheiros acham que honestidade é coisa de otário. Mas também acham que isso não é assunto para jornal, revista, rádio e TV. O direito à privacidade se estende aos bandidos de estimação, informa a discurseira em Brasília. Se tem CPF e RG, como explicou o chefe Lula, todo gatuno governista merece muito respeito.

2. Ovacionado por centenas de comparsas que o promoveram, aos berros, a “guerreiro do povo brasileiro”, José Dirceu ganhou afagos de Lula e foi tirado para dançar por Dilma Rousseff.

Nas primeiras páginas dos jornais deste sábado, sempre entre o padrinho e a afilhada, o papagaio de dois piratas exibe o sorriso de condenado à impunidade.

Reinaldo Azevedo sugeriu-lhe que confirme a promoção a soldado do povo com uma aparição de surpresa num Corinthians x Flamengo. Esse teste de popularidade nunca falha: é só o locutor do serviço de som do estádio dizer o nome de quem acabou de chegar. A reação das arquibancadas mostrará se a figura está bem no retrato.

Cansado de engolir pitos e palavrões despejados por vizinhos de mesa, Dirceu deixou há muito tempo de dar as caras em bares e restaurantes perigosamente movimentados.

Desde 2005, desconfia que talvez nem passe da largada caso tente cruzar sem escolta o Viaduto do Chá. Mas certamente se consola com a suspeita de que isso é coisa da elite golpista, trama urdida por granfinos quatrocentões, armação da mídia reacionária.

O teste proposto por Reinaldo Azevedo não pode ser influenciado pela direita ultraconservadora. Uma plateia formada por flamenguistas e corintianos é puro povo.


E o povo não pode permitir que quem guerreia em seu nome seja afrontado por um punhado de eternos descontentes.
Coragem, companheiro. Aceite o desafio. Faça o teste. E tente sobreviver.


Por Augusto Nunes

UM JANTAR, UMA QUERMESSE E UM CONCERTO AQUECEM O INVERNO DOS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA

A menos de um mês do começo da primavera, três eventos marcados pela animação dos convivas esquentaram o inverno dos voluntários da pátria. A estação festiva foi aberta em 23 de agosto, com o jantar que reuniu no Palácio do Jaburu, em torno da presidente Dilma Rousseff, um buquê de prontuários do PT e do PMDB.

A beleza da segunda-dama Marcela Temer foi realçada pela maioria das mulheres presentes. Na sexta-feira, mais de 2 mil representantes do que há de pior nas diferentes tendências petistas participaram em Brasília da abertura do 4° Congresso Nacional do PT.

José Dirceu, disfarçado de José Dirceu, foi mais aplaudido que a dupla Lula e Dilma.
No último sábado, Paulo Maluf comemorou seus 80 anos de vida em liberdade com um concerto de música clássica na Sala São Paulo. Procurado pela Interpol, o aniversariante foi escoltado por uma guarda de honra pluripartidária.

As restrições impostas à imprensa impediram que os três eventos fossem devidamente documentados por fotógrafos. Para matar parcialmente a curiosidade dos leitores, a coluna publica na seção O País quer Saber uma amostra composta por dez imagens.

Por Augusto Nunes

CENSURA À IMPRENSA: PT PERDEU DE NOVO


Editorial do Estadão intitulado

Controle, não: "democratização":


O 4.º Congresso do PT acabou cedendo à firmeza com que a presidente Dilma Rousseff, contrariando seu antecessor, tem repudiado a ideia de "controle social" da mídia, e rebaixou de "diretriz" partidária para mera "moção" convocatória o texto que agora é a posição oficial do partido a respeito do assunto.

Ficou então combinado que não se fala mais em "controle social" da mídia, expressão politicamente inconveniente porque indissociável da ideia de censura, e os petistas passam a lutar pela "democratização" da imprensa.

A nova palavra de ordem não quer dizer absolutamente nada - e até por isso é tão perigosa para a liberdade de imprensa quanto a anterior -, mas satisfaz as duas tendências que, dentro do PT, não se conformam com a liberdade que os veículos de comunicação têm para denunciar as bandalheiras da companheirada no governo.

São elas a ala minoritária, ideológica, de esquerda radical e totalitária, e por isso contrária por definição à liberdade de imprensa; e a ala majoritária, populista, pragmática, que sob o comando de Lula manda de fato no partido e está exclusivamente preocupada em se perpetuar no poder, e por isso tem horror a ver suas lambanças estampadas na mídia.

O PT já não é mais o mesmo desde 2002, quando foi editada a Carta aos brasileiros, que pavimentou o caminho de Lula em direção ao Palácio do Planalto. Desde então, passou a dar por não dito tudo o que afirmara antes e colocou seu destino nas mãos habilidosas do grande manipulador das massas. Eleitoralmente deu certo.

Mas é conveniente salvar as aparências. Assim, o lulopetismo aliou-se às principais lideranças políticas, financeiras, industriais, comerciais, da alta sociedade, etc., mas continua atacando as elites.
Meteu a mão na massa para garantir a "governabilidade", mas sustenta que o governo Lula se notabilizou pelo "combate implacável" à corrupção.

Está fazendo o que pode, e bem, nas áreas econômica e social - se não forem levadas em conta as graves deficiências na educação e na saúde -, mas escancara a incompetência da máquina governamental partidariamente loteada para gerenciar projetos de infraestrutura.

É a divulgação pela mídia dessas ambiguidades e contradições, e das muitas pilhagens do dinheiro público que não param de vir à luz, que incomoda terrivelmente os petistas, fisiológicos ou ideológicos.
Daí a obsessão com o controle social - perdão, com a "democratização" dos meios de comunicação.

O PT promove deliberada confusão entre os conceitos de marco regulatório e controle social das comunicações. O marco regulatório é um conjunto de disposições legais que disciplinam as atividades em áreas que dependem de concessão estatal, como a radiodifusão e a telecomunicação. O "controle social" é conceito em que está implícita não apenas a regulação da propriedade e do funcionamento, digamos, técnico, dos instrumentos de comunicação, mas sobretudo dos conteúdos veiculados.


É pacífica a necessidade da modernização do marco regulatório das comunicações no País, defasado em relação aos avanços tecnológicos das últimas décadas. Mas a questão dos conteúdos diz respeito à liberdade de expressão e ao direito à informação, fundamentos de uma sociedade democrática e, nessa medida, intocáveis.
Mas é claro, e fica mais uma vez evidenciado pelas conclusões de seu 4.º Congresso, que não é assim que pensa o PT.

Uma ideia mais clara da maneira peculiar como os petistas entendem o que seja liberdade de imprensa está explicitada nas declarações do presidente do partido, o ex-jornalista Ruy Falcão, em entrevista concedida durante o congresso. Visivelmente irritado com a insistência das perguntas sobre o assunto, Falcão foi particularmente infeliz:

"Estou dizendo quinhentas vezes: não vamos controlar conteúdo, somos contra censura, contra versão única de fatos. E defendemos a livre expressão de pensamento, inclusive para que vocês possam claramente fazer as suas matérias sem qualquer tipo de injunção empresarial".


Para Falcão, portanto, os jornalistas, principalmente quando estão fazendo denúncias ou expondo fatos que não interessam ao governo, estão a serviço de interesses vis. Felizmente, o exercício do bom jornalismo não depende das garantias dadas pelo líder petista.

COM QUE MORAL?

Em 2008, o DEM se aliou ao PT em 21,9% dos municípios. O PSDB em 25%. O PPS em 25,6%. Quem tem moral para atacar o PSD?


Com que moral o José Agripino Maia, o Onix Lorenzoni, o ACM Neto, todos do DEM, podem falar do Gilberto Kassab, do PSD? E o Roberto Freire, do PPS? E o Sérgio Guerra, do PSDB?

A única coisa nova que aconteceu na política brasileira é o PSD. O velho está aí embaixo, com números incontestáveis. Oposição de fachada e o acordão com o PT por debaixo dos panos. Ah, o PSD vai ser governista? Sim, igualzinho ao PSDB, ao DEM e ao PPS... Ou não? Vamos fazer as contas depois, para ver quem se aliou mais ao PT nas eleições de 2012. Antes disso, em relação às eleições municipais, os corneteiros de plantão devem remoer os números de 2008...

A resolução do Congresso do PT, no fim de semana, que proibe coligações com os principais partidos de oposição - PSDB, DEM e PPS - em 2012 é atualmente desobedecida pelo partido.

A coligação de petistas com tucanos e integrantes do DEM e do PPS vem se tornando cada vez mais frequente nas eleições para prefeito. Nas três disputas de 2000, 2004 e 2008, o DEM/PFL subiu progressivamente sua presença nas alianças feitas pelo PT: de 9,9% (2000), passou para 17,3% (2004) e chegou a 21,9% (2008). A participação do PSDB em alianças integradas por petistas, que era de 23,2% e 23,1%, cresceu para 25%.

Ou seja, na última eleição municipal, em um quarto das coligações do PT, os tucanos estiveram juntos com seu maior adversário nacional. A presença do PPS é ainda maior. Era de 27%, subiu para 28,3%, e caiu levemente para 25,6% em 2008. O levantamento, feito pelo cientista político Vitor de Moraes Peixoto, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), mostra como a política nacional de alianças do PT esbarra nas realidades locais - diante do objetivo maior da legenda de se expandir e se ramificar pelos rincões.

"É uma opção estratégica de interiorização que leva à necessidade de se coligar. Em muitos desses municípios, o PT participa pela primeira ou segunda vez das eleições. E o adversário mais forte pode ser, por exemplo, do PMDB, cujo grupo político está há quatro ou cinco mandatos no governo. Neste caso, a lógica local leva o PT a se aproximar do PSDB", diz Peixoto.

A união dos petistas com seus adversários nacionais tem crescido até nos colégios eleitorais maiores, como capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores, onde a cúpula do PT, geralmente, exerce maior controle. Estudo do cientista político Pedro Floriano Ribeiro, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mostra que nestes municípios, entre 1996 e 2008, o número de alianças com o PSDB e o DEM subiu de zero para seis e dez, respectivamente.

Há três anos, por exemplo, petistas e tucanos estiveram na mesma coligação para reeleger Edvaldo Nogueira (PCdoB) prefeito da capital de Sergipe, Aracaju. Em Campinas, PT e DEM apoiaram a reeleição de Dr. Hélio (PDT), que foi cassado no mês passado após ser alvo de denúncias de corrupção.


No caso mais emblemático de tentativa de aliança formal numa grande cidade, em Belo Horizonte, os tucanos apoiaram Márcio Lacerda (PSB), mas não participaram oficialmente da chapa, por imposição do PT. Os maiores colégios eleitorais municipais ainda são, de longe, os mais refratários às alianças entre PT e as siglas da oposição nacional.

Mas os casos mostram que mesmos nestes municípios a cúpula petista encontra dificuldade de se apartar totalmente de seus adversários tradicionais.Peixoto afirma que o fator mais importante para explicar a maior ou menor probabilidade de o PT se coligar, por exemplo, com o PSDB ou o DEM, não é o tamanho do município.

Mas o tamanho do partido num determinado município, medido pelo seu desempenho nas últimas eleições."Por mais que a lógica nacional tente se sobrepor aos municípios e o PT trace diretrizes, não há como atender ao objetivo de crescimento do partido sem fazer estas alianças", afirma.Pela resolução do PT, as coligações com PSDB, DEM e PPS não poderão ocorrer na formação de chapas, sem explicitar quais. Petistas mineiros já tentam dar uma interpretação mais flexível, que não abrangeria a eleição para vereador. ( Do Valor Econômico)

A PANELA ESTÁ FERVENDO


Abaixo uma reportagem do UOL, com calendário das mobilizações que estão sendo criadas nas redes sociais.

Não precisamos ir dispostos a gritar, pular como macaquitos, fazer discurso ou qualquer coisa parecida. Basta nossa presença, nem que seja para dar um olá e conhecer as pessoas com quem lidamos todos os dias sem saber quem são, como somos, pois nossa verdadeira imagem está escondida atrás de fotos cuidadosamente escolhidas (a minha, inclusive).

POR FAVOR,
VAMOS AO MENOS COMPARECER
PARA MOSTRAR QUE ESTAMOS VIVOS,
QUE TEMOS CÉREBRO E NÃO NOS SUJEITAMOS
AO PAPEL IDIOTIZADO QUE ESTÃO NOS IMPONDO.


Milhares de internautas estão tentando organizar, por meio das redes sociais, o maior protesto contra a corrupção desde o movimento dos caras pintadas, que ajudou a derrubar o ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Os atos estão marcados para esta quarta-feira (7), Dia da Independência, em todas as capitais e também em cidades do interior.

No Facebook, até a noite dessa segunda-feira (5), haviam sido convocados quase 300 eventos do tipo, alguns deles com milhares de presenças confirmadas. Também foi criado um blog, o "Brasil+Ético", que tenta reunir todas as manifestações que irão acontecer no país –clique aqui para ver o calendário.

Os três eventos com o maior número de participantes confirmados no Facebook são o “Manifesto contra a corrupção no Brasil”, com mais de 30 mil confirmações; “Reação contra corrupção – O Brasil de luto”, com cerca de 25 mil participantes; e “Caras pintadas contra a corrupção”, com mais de 20 mil participações confirmadas.

O brasiliense Giderclay Zeballos, um dos criadores da comunidade mais popular do Facebook, afirma que o grupo surgiu da mobilização de cidadãos comuns diante das denúncias de corrupção, como as recentes ocorridas nos ministérios dos Transportes, do Turismo e da Agricultura. “A corrupção virou uma doença no Brasil. Sentimos que temos que fazer alguma coisa”, disse Zeballos.

Segundo ele, os próprios organizadores estão arrecadando com amigos e parentes recursos para a compra de material para a manifestação, como faixas e tintas.
O grupo pede que os participantes levem spray, apitos, balões e tinta para pintar o rosto durante a marcha. “Não carregue bandeira de nenhum partido, a bandeira que devemos carregar é apenas a do Brasil, que é o nosso interesse comum”, diz texto na página do evento.

Protestos

Em Brasília, o protesto está marcado para as 10h, no Museu da Nacional, onde será realizado o tradicional desfile da Independência. Há manifestações convocadas para a Praça dos Três Poderes e para o Congresso Nacional.

Em São Paulo, o ato está marcado para começar às 9h, no vão livre do Masp, na avenida Paulista. No Rio de Janeiro, a manifestação foi convocada para a avenida Rio Branco, no centro, também a partir de 9h.

Os organizadores do evento se dizem apartidários e, inclusive, pedem que partidos políticos não participem das manifestações. Em geral, o tom é patriótico, e pede-se aos possíveis participantes que vão aos atos trajando roupas pretas, simbolizando o luto.

Não há uma pauta clara de reivindicações, mas, em comum, todos os eventos e grupos criticam a absolvição da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) e o voto secreto, e apoiam a “faxina” de Dilma Rousseff nos ministérios. Outros temas que aparecem são a instalação da CPI da Corrupção e pedidos para que a corrupção se torne crime hediondo.

As manifestações também estão sendo divulgadas via Orkut e Twitter. Na rede de microblogs, as hashtags utilizadas são #todoscontraacorrupcao, #LutopeloBrasil, #setembronegro, entre outras.

O BRASIL DOS IDIOTAS E ALIENADOS

O Estado idiotizador, não é tão idiota quanto possa parecer a muitos: tem objetivos bem definidos a ser alcançados. Ante a cegueira dos que se julgam acima da política que se pratica no país, caberá o ônus da perda da liberdade.
Caberá a pior distribuição de renda do mundo. Caberá a corrupção deslavada praticada por partidos fisiológicos e oportunistas. Caberá a culpa irremissível da falta de redenção do Brasil.


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ENTRE NÊUMANE PINTO E FERREIRA GULLAR: O QUE SOBROU DE LULA

Colhendo o que plantou

"Lula deixou uma herança maldita:
para não passar por conivente,
Dilma teve de demitir "companheiros"

Como disse aqui na ocasião em que Lula deixava o governo, não pretendia voltar a escrever sobre ele. Principalmente porque deixava o governo. Sucede que não se sabe ao certo se ele o deixou e, se o deixou, atua como se não o tivesse deixado - outro dia inaugurou um hospital na Bahia- e se preparasse para reassumi-lo de fato em 2014. Quanta ingenuidade!

Infelizmente não dá para falar bem dele, mesmo porque o que me traz de volta ao tema é, por um lado o que ele anda fazendo e dizendo e, por outro, a avaliação que a distância dele me possibilitou.

Não tenho prazer nenhum em falar mal de ninguém, particularmente quando se trata de uma figura nacional em quem tanta gente acredita. Pode parecer má vontade ou rancor, mas não é nada disso.

Penso como simples cidadão, atento ao que fazem os políticos e às consequências disso na sociedade. Tanto mais se esse político tem o peso e a influência de um líder como Lula.

Basta ver o que conseguiu quando presidente da República, usando de carisma, habilidade e falta de escrúpulos para montar uma máquina de poder difícil de enfrentar.

Não discuto a legitimidade de um partido ou de um líder pretender governar o país por mais de um mandato ou voltar ao poder, já que a lei o permite. A meu juízo, quanto mais alternância, melhor, já que dificulta a manutenção de feudos no organismo do Estado. Se a permanência prolongada já oferece esse risco, tanto pior é quando se trata de um partido ou líder pouco confiáveis.

E, se meu juízo a respeito de Lula já não era bom, o distanciamento e a revelação de novos fatos só vieram agravá-lo.

Lula é, sem dúvida, um fenômeno. Poucos líderes possuem, como ele, tanta sagacidade aliada à falta total de escrúpulos. Hoje entendo por que Brizola, referindo-se a ele, disse que era "capaz de pisar no pescoço da mãe". Com isso, não quis apontá-lo como um sujeito de temperamento violento, e sim destituído de qualquer compromisso com os valores morais. Só lhe importa o poder. De modo que, para conquistá-lo e mantê-lo, tudo vale.

Não me esqueço da expressão que vi no olhar de Lula, em 2005, quando eclodiu o escândalo do mensalão: era um misto de pavor e perplexidade. "Fui traído", afirmou então, tentando safar-se, e o conseguiu, jogando a culpa sobre seus auxiliares imediatos. Pouco depois, dizia que o mensalão era uma espécie de caixa dois. Hoje afirma que tudo não passou de uma conspiração para tirá-lo do poder. Isso muito embora o procurador-geral da República tenha aceito denunciar 34 dos 40 acusados no processo.

Esse é o Lula, que se apropriou dos programas do seu antecessor, muito embora tudo tenha feito para impedir que fossem implantados.

Forçado pelas circunstâncias, rendeu-se à aliança com o PMDB, mas manteve o pacto com a arraia miúda, já não a troco de grana, mas de cargos públicos e vista grossa para a corrupção que, em seu governo, se instalou nos ministérios.

Enfim, posso ter hoje uma compreensão melhor de quem é Lula e quais os seus propósitos. Ele é produto deste momento histórico, quando o fim dos partidos comunistas e do revolucionarismo guerrilheiro abriu caminho para líderes neopopulistas que, arvorando-se em defensores dos pobres, negociam com os ricos a paz social em troca de apoio material e político.

É o que Lula fazia como presidente, aliando o discurso antiamericano à oferta de empréstimos subsidiados do BNDES a grandes empresários. Se estava de acordo com as falcatruas praticadas por seus nomeados, pouco importava. Fez que de nada sabia, como convinha.

Eis a herança maldita que ele deixou para Dilma: para não passar por conivente, teve ela de demitir dezenas de "companheiros", envoltos em falcatruas.

No entanto, para ficar bem com os partidos da base, diz que a demissão dos corruptos não é faxina, que lembra sujeira. Aliás, corrupção também mudou de nome: agora se chama "malfeitos", como traquinagens de crianças... Haja eufemismos! E logo da parte de Dilma, que é a finesse em pessoa.

Mas os escândalos não param e em apenas oito meses. Já imaginou o que acontecerá em quatro anos? O lulismo está colhendo o que plantou. Independentemente do nome que Dilma dê a isso, talvez seja o começo do fim da aventura neopopulista, a que o país foi arrastado nestes últimos oito anos.

FERREIRA GULLAR

A CRISE NA FEDERAÇÃO

Não há como subestimar a importância das forças regionais na política brasileira. Foram elas que garantiram nossa integridade territorial e, por consequência, uma diversidade econômica, cultural e ecológica que confere ao Brasil papel de relevo no cenário internacional. São também responsáveis por uma permanente demanda em favor da descentralização político-administrativa, da qual resultou, por exemplo, uma meticulosa partilha de rendas, em boa parte abrigada no texto constitucional.

Infelizmente, à minuciosa partilha não corresponde uma minimamente consistente discriminação de encargos públicos, gerando sobreposição de competências e desperdícios, para não falar da irracionalidade das transferências de recursos oriundos de emendas parlamentares, que, por sua vez, se inscrevem num tenebroso jogo de barganhas políticas e de corrupção.

Esse federalismo imperfeito, em maior ou menor grau, sempre viveu em ebulição. Agora, entretanto, se avizinha uma crise de grandes proporções.

A possibilidade de aprovação, no Congresso Nacional, de projetos que pretendem aumentar os recursos destinados à saúde e fixar um piso nacional para as polícias estaduais implicarão dispêndios incompatíveis com a já elevada carga tributária brasileira.

Considerada a histórica indisposição para tornar mais eficiente a administração pública brasileira, não há nenhuma dúvida de que aqueles projetos, se aprovados, irão exigir aumento da carga tributária, o que significa drenar maior volume de recursos da sociedade para o Estado, em detrimento dos investimentos privados. Os problemas, todavia, não se encerram aí.

Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucionais os vigentes critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), modulando seus efeitos até 31 de dezembro de 2012. Findo esse prazo, sem a construção de novas regras compatíveis com a Constituição, a sanção será suspender as transferências à conta daquele Fundo. Caso isso venha a acontecer, teremos um caos jamais visto nas contas estaduais.

As perspectivas de elevação das transferências para os Estados, em virtude dos royalties decorrentes da exploração do pré-sal, motivaram o Congresso a alterar os vigentes controversos critérios de rateio, substituindo-os pelos do FPE.

Ainda que a norma aprovada pelo Congresso tenha sido vetada pelo Poder Executivo, a simples possibilidade de apreciação do veto faculta imaginar uma situação absolutamente esdrúxula, que consiste em substituir critérios inconsistentes por outros tidos como inconstitucionais.

Sempre afirmei que a guerra fiscal do ICMS decorria de flagrante descumprimento de lei. Instaurou-se uma anomia generalizada, às vezes hipocritamente censurada pelos próprios praticantes da ilegalidade.

Ainda que não se possa comprovar a existência de nexo causal, a guerra fiscal ganhou proporções espetaculares a partir da exagerada autonomia concedida aos Estados, pela Constituição de 1988, na formulação da política do ICMS combinada com o completo alheamento do governo federal em relação a essa mesma política, simbolizado pela extinção, no início dos anos 1990, da Secretaria de Economia e Finanças (SEF), no Ministério da Fazenda, e da Secretaria de Articulação com os Estados e Municípios (Sarem), no Ministério do Planejamento.

Os legisladores constitucionais e o governo federal não entenderam que o ICMS, só por absurdo conceptual, é tributo cometido aos Estados. Admitida, contudo, essa incongruência como fato político definitivo, jamais se poderia prescindir de uma coordenação nacional, capaz de prevenir conflitos e articular interesses virtualmente antagônicos.

Nesse contexto, o ICMS converteu-se num primor de complexidade e de anarquia, no qual prosperam a farra das alíquotas e bases de cálculo e a guerra fiscal.

Na busca de caminhos para lidar com os escombros da guerra fiscal, algumas ideias me assustam. Já apontei a impropriedade da adoção do princípio do destino. Vejo agora algumas propostas que pretendem alterar a exigência de unanimidade nas deliberações do Conselho de Política Fazendária (Confaz), visando à concessão de benefícios fiscais.

A fixação de um quórum para decisões colegiadas é função da natureza da matéria. Alterações constitucionais são mais exigentes, em termos de quórum, do que a aprovação de uma lei ordinária, justamente para conferir maior estabilidade ao texto constitucional.

A unanimidade requerida no Confaz decorre da simples evidência de que a concessão de um benefício fiscal por um Estado repercute sobre receitas de outros. Tal exigência é também verificável na União Europeia em relação ao IVA. Não se trata, pois, de uma idiossincrasia tributária.

Não considero herética a concessão de incentivos no âmbito do ICMS, desde que em virtude de uma competição fiscal, amparada pela Constituição.

Percebo, todavia, que inexistem iniciativas voltadas para coordenar o diálogo entre os entes federativos. Nesse contexto, causa espanto a apatia do Congresso Nacional e do governo federal.

Fonte: O Estado de S. Paulo, 06/09/2011
Everardo Maciel