"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 23 de junho de 2012

A VINGANÇA MALIGNA DE MALUF

 

Perto das imagens que estavam ontem na primeira página dos principais jornais do País, o fato de o PT de Lula ter ido buscar o apoio do PP de Paulo Maluf à candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo chega a ser uma trivialidade. O chocante, pela abjeção, foi o líder petista se dobrar à exigência de quem ele já chamou de "ave de rapina" e "símbolo da pouca-vergonha nacional", indo à sua casa em companhia de Haddad, e posar em obscena confraternização, para que se consumasse o apalavrado negócio eleitoral.

Contrafeito de início, Lula logo silenciou os vagidos íntimos de desconforto que poderiam estragar os registros de sua rendição e cumpriu o seu papel com a naturalidade necessária, diante dos fotógrafos chamados a documentar o momento humilhante: ria e gesticulava como se estivesse com um velho amigo, enquanto o anfitrião, paternal, afagava o candidato com cara de tacho. Da mesma vez em que, já lá se vão quase 20 anos, colocou Maluf nas "nuvens de ladrões" que ameaçavam o Brasil, Lula disse que ele não passava de "um bobo alegre, um bobo da corte, um bufão". Nunca antes - e talvez nunca depois - o petista terá errado tanto numa avaliação.

Criatura do regime militar, desde então com uma falta de escrúpulos que o capacitaria a fazer o diabo para satisfazer as suas ambições de poder, prestígio e riqueza, Maluf aprendeu a esconder sob um histrionismo não raro grotesco a sua verdadeira identidade de homem que calculava. As voltas que o País deu o empurraram para fora do proscênio - menos, evidentemente, no palco policial -, mas ele soube esperar a ocasião de mostrar ao petista quem era o bobo alegre.
A sua vingança, como diria o inesquecível Chico Anísio, foi maligna. Colocou de joelhos não o Lula que desceu do Planalto para se jogar nos braços do povo embevecido, deixando lá em cima a sucessora que tirara do nada eleitoral, mas o Lula recém-saído de um câncer e cuja proverbial intuição política parece ter-se esvanecido.

Nos jardins malufistas da seleta Rua Costa Rica, anteontem, o campeão brasileiro de popularidade capitulava diante não só de sua bête noire de tempos idos, mas principalmente da patologia da sua maior obsessão: desmantelar o reduto tucano em São Paulo, primeiro na capital, na disputa deste ano, depois no Estado, em 2014, para impor a hegemonia petista ao País com a reeleição da presidente Dilma ou - por que não? - a volta dele próprio ao Planalto, "se a Dilma não quiser". Lula não é o único a acreditar que, em política, pecado é perder. Mas foi o único a dizer, em defesa das alianças profanas que fechou na Presidência, que, se viesse a fazer política no Brasil, Jesus teria de se aliar a Judas.

Não se trata, portanto, de ficar espantado com a disposição de Lula de levar a limites extravagantes o credo de que os fins justificam os meios. O que chama a atenção é a sua confiança nos superpoderes de que se acha detentor, graças aos quais, imagina, conseguirá dar a volta por cima na hora da verdade, elegendo Haddad e sufocando a memória da indecência a que se submeteu.
Não parece passar por sua cabeça que um número talvez decisivo de eleitores possa preferir outros candidatos, não pelo confronto de méritos com o petista, mas por repulsa à genuflexão de seu patrono perante a figura que representa o que a política brasileira tem de pior.

Lula talvez não se dê conta de que a maioria das pessoas não é como ele: respeita quem se respeita e despreza os que se aviltam, ainda mais para ganhar uma eleição. Ele tampouco se lembrou de que, em São Paulo - berço do PT -, curvar-se a Maluf tem uma carga simbólica incomparavelmente mais pesada do que adular até mesmo um Sarney, por exemplo.

Não se iluda o ex-presidente com o recuo da companheira de chapa do candidato, a ex-prefeita Luiza Erundina, do PSB. Ontem ela desistiu da candidatura a vice, como dera a entender na véspera ao dizer que "não aceitava" a aliança com Maluf. Razões outras que não o zelo pela própria biografia podem tê-la compelido, no entanto, a continuar apoiando Haddad. Já os eleitores de esquerda são livres para recusar-lhe o voto pela intolerável companhia.

O Estado de S.Paulo
23 de junho de 2012

O INÍCIO DE UMA NOVA ESTAÇÃO PARA O MUNDO CIVILIZADO

 

A ideia de que uma só obra pode mudar a história começou a preocupar, ainda jovem, o hoje consagrado crítico literário, historiador e professor da Universidade de Harvard Stephen Greenblatt. Ele é um expoente do new historicism (novo historicismo) e vai à próxima Flip debater Shakespeare (leia texto abaixo). Greenblatt procurava leituras para as férias de verão no sebo da Universidade de Yale e se sentiu atraído pelo erotismo da capa de um volume de poesia com o preço desejável de US$ 0.10. O verão que passou mergulhado em Da Natureza, o longo poema escrito 2 mil anos antes pelo romano Lucrécio, inspirou A Virada - O Nascimento do Mundo Moderno, o livro de Greenblatt contemplado com o último Prêmio Pulitzer e o National Book Award de 2011, lançado agora no Brasil.

A Virada narra a redescoberta, em 1417, do poema de Lucrécio dado como perdido por mil anos. O livro é um tratado visionário sobre a natureza de tudo e foi encontrado num monastério alemão pelo italiano Poggio Bracciolini, então recém-demitido como secretário de um papa corrupto e deposto.

Bracciolini, erudito à caça de obras perdidas da era clássica, no estilo dos humanistas da época, salvou Da Natureza do esquecimento, mandando seu copista reproduzir o livro, que logo se espalhou pela Europa. O efeito dessa decisão tomada antes mesmo de Bracciolini compreender a importância do que tinha nas mãos, se fez sentir, narra Greenblatt, muito além da escuridão do monastério, através da Renascença - e apontou para a modernidade.

Há 2 mil anos, Lucrécio descreveu em Da Natureza um mundo formado por um número infinito de átomos, um mundo sem Deus, onde a busca do prazer deve se dar na Terra pelo homem. Era uma tentativa de nos liberar do medo da morte, interpretou, desde o início, o estudante Greenblatt.

Mas Lucrécio abre o poema com um belíssimo hino a uma deusa, Vênus:
Ó mãe dos Enéadas, prazer dos homens e dos deuses, ó Vênus criadora,
que por sob os astros errantes povoas o navegado mar e as terras férteis em searas, por teu intermédio se concebe todo o gênero de seres vivos e, nascendo, contempla a luz do sol: por isso de ti fogem os ventos, ó deusa
Greenblatt não vê incongruência nesses versos. "Lucrécio queria se apegar ao poder da imaginação como força erótica", diz ele.

Por que decidiu mergulhar na história da perda e recuperação do poema Da Natureza?
Não conhecia a história quando encontrei o livro por acaso, com 18 ou 19 anos. Mas, como passei minha vida profissional estudando a Renascença, me tornei interessado no que chamo de mobilidade cultural. O que acontece quando as coisas são deslocadas e precisam interagir com novo ambiente? Esse é tema recorrente da Renascença e ótimo exemplo é História de Uma Viagem Feita na Terra do Brasil, do Jean de Léry, em 1578. É um livro maravilhoso sobre um encontro em que uma cultura é forçada a interagir com outra, totalmente estrangeira.

Temos exemplos dessa mobilidade em Shakespeare, que quase nunca criava uma trama do nada, adaptava narrativas clássicas.
A recuperação de Lucrécio é emblemática desse tema, da obra fazendo uma reentrada em nova cultura.
O senhor nota que a primeira versão do poema que encontrou tinha uma tradução apenas correta e acredita que mesmo as obras mal traduzidas retêm seu impacto, quando descobertas em outro contexto.

Sim, acredito nisso. Uma antiga fonte de frustração para mim é não poder ler originais em línguas que não domino, especialmente o grego clássico. Mas isso não me impede de sentir a força da Ilíada e da Odisseia. Muito depois de ler a primeira tradução de Da Natureza, consegui ler o original em latim e aí o poder do poema cresceu para mim. Eu tive de ler Os Lusíadas em inglês, sei que não senti o mesmo como se dominasse o português, mas fui tocado pelo poema de Camões e entendo sua importância. Afinal, a tradução repousa sobre a convicção de que algo vai ser transmitido.
A virada do título se refere, na verdade, a múltiplas viradas e começa com a noção epicurista de clinamen, exposta por Lucrécio.

Sim, e você tem em português a palavra declinar, que usa a raiz latina para a virada. Eu destacaria pelo menos três viradas. Para Lucrécio, o Universo é um mundo material, onde não há deuses ou causas misteriosas. O que existe é o acaso e a incerteza com o fato de que os átomos se movimentam a qualquer momento e é impossível localizá-los.
Só a física quântica do século 20 retornou a essa questão, que era considerada uma ideia ridícula, tanto quando Lucrécio escreveu, quanto depois, na Renascença. A segunda virada acontece com os acontecimentos inesperados que levam à redescoberta do livro por Poggio Bracciolini. E a virada maior se dá na mudança lenta do mundo medieval para a modernidade. O conteúdo do livro, que era estrangeiro e até bizarro na Renascença, foi instrumental na evolução para a modernidade.

E como o senhor distingue a progressão dessa mudança, entre a Renascença e o mundo moderno?
Para mim, há o distúrbio fundamental da Renascença, nesse dia do inverno alemão, há 600 anos, quando alguém encontra um manuscrito do tempo de Cícero e Júlio Cesar. Aquela era se define em parte pela redescoberta dos clássicos. Essa foi a tarefa a que se dedicou Poggio Bracciolini, um homem que servia à corte de um papa corrupto, e sua empreitada é a quintessência do Renascimento.

Todo o ser nasce. A natureza experimenta incessantemente. Se uma criatura é capaz de se reproduzir e encontrar alimento, pode estender a vida de sua espécie. E será extinta quando o ambiente se tornar hostil. Lucrécio entendia a extinção das espécies há 2 mil anos, algo viria a violar os preceitos do cristianismo. Esta era uma noção radicalmente moderna, e não podia ser aceita na Renascença.

Por falar em espécies, não acha estranho ler um poema de 2 mil anos, ligar a TV, no século 21, e ouvir um conservador como Rick Santorum, que foi candidato sério a presidente, falando do assunto?
(Risos) É verdade, os Estados Unidos são de uma piedade incomum no mundo contemporâneo. Acredito que haja vários motivos pelos quais os americanos se agarram tanto ao fundamentalismo e me pergunto se um deles não tem a ver com uma reação a deslocamentos provocados pela tecnologia. Uma pesquisa de opinião recente mostrou que 75% dos pastores protestantes acreditam que Adão e Eva são personagens literais.

Como você pode acreditar nisso e ao mesmo tempo acreditar nos últimos 200 anos da ciência? A alternativa da imaginação oferecida por Lucrécio continua encontrando grande resistência no nosso tempo. E veja que ele não estava reagindo ao cristianismo, reagia ao culto de Diana e Apolo. Nossos atletas, quando marcam um gol, olham para os céus, como se alguém lá em cima tivesse chutado. Esse tipo de pensamento mágico traz conforto.
Foi frustrante não encontrar mais fatos sobre a vida de Lucrécio, já que nada emergiu após a recuperação do manuscrito, no século 15?

Não havia informação confiável. O relato de seu tormento erótico após tomar uma "poção do amor" e o suposto suicídio aos 44 anos, feito por São Jerônimo, em 94 a.C., veio de um polemista interessado em lançar luz negativa sobre um filósofo pagão. Sabemos mais sobre Cícero e Ovídio. Compensei essa lacuna mergulhando sobre a vida de Bracciolini, sobre quem conhecemos bastante.

O senhor escreve que Shakespeare foi só uma faceta espetacular de um movimento cultural mais amplo, que incluiu Rafael, Montaigne, Cervantes, dezenas de artistas e escritores. Mas lembra que Da Natureza se reflete na arte primeiro.

É o que é mais interessante, na minha perspectiva. O poema volta ao mundo em 1417, num momento em que suas proposições eram profundamente inaceitáveis. E por quê? O poema poderia ter desaparecido, mas como sobreviveu? Porque foi abraçado por intelectuais, cientistas, mas, acima de tudo, inicialmente por artistas. Ele aparece na Primavera de Botticelli.

Nas obras do excepcionalmente estranho Piero di Cosimo, de Florença. Foi acolhido nos Ensaios de Montaigne, que cita diretamente Da Natureza em mais de cem passagens, ainda que discorde de Lucrécio. É fascinante notar essa aceitação estética do poema, que não depende da tolerância a suas ideias. É uma apreensão de significado que precede em muito o momento, no século 17, quando Galileu se volta para os átomos ou outros cientistas cujo trabalho depois vai desaguar em Isaac Newton.
E isso mostra como a arte tem o poder de antecipar a nossa compreensão do mundo?

Sim, esquecemos como a arte faz avançar ideias que o presente ainda não pode aceitar. Os artistas que compreenderam Lucrécio sabiam que a arte não se opõe à ciência. Lucrécio produziu um dos grandes textos visionários sobre esse encontro. Hoje, podemos olhar para ele e pensar como devemos curar essa divisão entre o artista e o cientista.
Lúcia Guimarães - O Estado de S.Paulo
23 de junho de 2012

O SUMIÇO DO VÍDEO MOSTROU QUE, PARA DILMA, FALAR INGLÊS É FALAR BRASILEIRO SÍLABA POR SÍLABA

 

A presidente Dilma Rousseff anuncia à plateia a próxima atração da Rio+20: um vídeo “com uma mensagem da Estação Espacial Internacional, cortesia da NASA, Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço”, recita com um papel na mão.
Olha para a direita. O vídeo não aparece. Olha para a esquerda. Nada. Olha para a frente e para baixo. Coça os dois lados do rosto, logo abaixo das pálpebras. Confere outra vez. O vídeo continua sumido. Olha desconfiada para Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, sentado à sua direita.

A cara de brava avisa que vai dar um pito no companheiro sul-coreano. Ou pelo menos chamá-lo de “meu querido”. Resolve dar uma última chance a Ki-moon. “E o vídeo?”, pergunta. O tom de voz é parecido com o que fazia José Sérgio Gabrielli chorar.
A expressão confusa do visitante informa que o suspeito não entende coisa alguma em português, nem imagina o que enfureceu a presidente do Brasil. Então, Dilma decide interrogá-lo em inglês: “VI-DE-Ô”. Para sorte do desavisado forasteiro, o vídeo aparece antes que a inquisidora parta para as vias de fato.

O vídeo sobre o sumiço do vídeo comprova que, para o neurônio solitário, falar inglês é falar brasileiro sílaba por sílaba.



23 de junho de 2012
Augusto Nunes

"WASHINGTON POST": NÃO VALEU A PENA GASTAR MILHÕES COM RIO + 20

Imprensa americana critica resultados da Rio +20. Para o 'Washington Post', não vale a pena gastar milhões em cúpula mundial sobre mudanças climáticas

Os jornais americanos reagiram ao encerramento da Rio+20 com omissão completa ou crítica dura ao seus resultados. O New York Times e o Wall Street Journal seguiram a primeira linha. O Washington Post afirmou não valer a pena gastar tantos milhões de dólares em reunião cúpula mundial sobre mudança do clima.
Veja também:
Na Califórnia, o Estado mais consciente sobre a questão ambiental, o Los Angeles Times foi um dos raros jornais americanos a se concentrar no lado positivo do encontro no Rio de Janeiro. O LATimes destacou o compromisso de aporte de US$ 513 bilhões em planos para levar tratamento de águas, obras sanitárias e energia aos países mais pobres, sem a degradação do meio ambiente.
O Post, entretanto, mostrou-se implacável na análise dos resultados em reportagem escrita de Washington, com base na avaliação de especialistas locais.
O texto diz ter a conferência "produzido uma declaração não-vinculativa", com compromissos modestos dos líderes mundiais. "As propostas apresentadas no início, como a de prover acesso universal à energia e de dobrar os recursos renováveis até 2030, foram deixadas no chão da sala."
A reportagem cita a conclusão da diretora de política Internacional do Pew Environment Group, Susan Lieberman, que considerou positiva a atenção da Rio +20 para os oceanos. Mas, de forma geral, sua leitura sobre o evento do Rio de Janeiro foi negativa. "Não sei se eles devem fazer isso (uma nova conferência da ONU sobre mudança climática) de novo e não sei se precisaremos de outra de novo", afirmou Susan ao Post.
Se não saiu nas páginas do NYTimes de ontem, o tema foi pelo menos explorado pelos seus blogs. O de Taylor Barnes, dedicado a questões de Energia e Meio Ambiente, expôs o "palco colorido" proporcionado por personalidades políticas e ambientalistas presentes no Rio de Janeiro.
O texto assinalou as ausências do presidente dos EUA, Barack Obama, e da chanceler alemã, Angela Merkel. Mas ressaltou ter o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, tirado vantagens de sua presença, assim como as lideranças indígenas brasileiras contrárias à construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
23 de abril de 2012
Denise Chrispim Marin - Correspondente em Washington

DE ONDE AFINAL, VEIO O DINHEIRO DA QUADRILHA "ALOPRADA" DE LULA?

 
Escândalo dos 'aloprados' do PT ainda não foi totalmente esclarecido. Trapaça eleitoral resultou na denúncia contra um grupo de petistas rasos. Apesar das evidências, não se descobriu de onde veio o dinheiro, muito menos quem foi o mandante da operação

Pressão - O delegado Edmilson Bruno, que prendeu os “aloprados”, disse que o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, telefonou para a delegacia e perguntou se o nome do presidente Lula havia sido citado pelos presos
Pressão - O delegado Edmilson Bruno, que prendeu os “aloprados”, disse que o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, telefonou para a delegacia e perguntou se o nome do presidente Lula havia sido citado pelos presos (Tuca Vieira/ Folhapress; Dida Sampaio/ AE)
dinheiro! que dinheiro?   Surpreendidos pela polícia, os petistas tiveram um ataque de amnésia: esqueceram o nome dos mentores da trama e a origem do dinheiro

Na semana passada, a Justiça Federal abriu processo contra nove envolvidos no escândalo dos aloprados, aquele em que petistas foram presos em São Paulo, às vésperas das eleições de 2006, quando se preparavam para comprar um dossiê fajuto que serviria para enredar políticos do PSDB com a máfia que fraudava licitações no Ministério da Saúde. A decisão sugere que mais uma jogada rasteira de petistas interessados em se perpetuar no poder à base de práticas escusas — entre as quais o mensalão desponta como exemplo mais degradante — será, depois de seis anos, finalmente punida. Ledo engano.

Os aloprados levados às barras dos tribunais são militantes de baixo escalão e meros tarefeiros a serviço de próceres do partido. Eles vão responder a um processo manco, que não esclarece duas das principais dúvidas relacionadas ao caso: quem encomendou a trapaça eleitoral e de onde saiu o dinheiro que financiaria a operação.

Se essas questões não forem explicadas, restará a certeza de que compensa investir no vergonhoso vale-tudo que impera na política brasileira. Afinal, como castigo, só uma arraia-miúda do PT ficará pelo caminho.

Os aloprados — como foram batizados pelo ex-presidente Lula depois de descobertos pela Polícia Federal — agiram em setembro de 2006 numa tentativa de implicar o tucano José Serra, ex-ministro da Saúde e então candidato ao governo de São Paulo, com a quadrilha que desviava recursos públicos direcionados para a compra de ambulâncias.

Os petistas portavam 1,7 milhão de reais para comprar papéis falsos destinados a macular a imagem do tucano. À frente da ação figuravam assessores próximos de Lula e do atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que à época disputavam, respectivamente, a reeleição presidencial e o governo paulista. Essa operação para atingir os adversários foi um dos muitos tiros no pé disparados pelo partido, talvez o mais exemplar deles.

Em vez de ajudar o PT, o caso, ao ser revelado, contribuiu para que Lula fosse obrigado a disputar um segundo turno contra Geraldo Alckmin. Já Mercadante foi derrotado por Serra. As urnas foram as únicas penalidades impostas aos dois petistas. O caso, porém, é mais um a reforçar a suspeita de que órgãos de investigação têm sido usados com fins meramente políticos — principalmente para livrar cardeais do PT de embaraços com a Justiça.

A PF concluiu o inquérito sobre o escândalo, ainda em 2006, com o indiciamento de sete pessoas. Não conseguiu apontar os mandantes do crime nem a origem do dinheiro que pagaria o dossiê fajuto.

Apesar de sobrarem evidências sobre a participação de integrantes do comitê central de campanha de Lula, o personagem mais graúdo entre os indiciados foi Aloizio Mercadante.

Os policiais concluíram que Mercadante seria o principal beneficiário do dossiê, que atingia seu rival direto na eleição de 2006. O indiciamento do petista foi derrubado posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal.

Restaram, então, só os militantes usados pelo partido para transportar a mala com notas de real e dólar e executar o plano. Os cérebros da empreitada ficaram de fora. No auge do episódio, a Polícia Federal foi acusada de montar uma operação limpeza para apagar os indícios que poderiam levar aos petistas graúdos.

Coube a um dos delegados que participaram da investigação, Edmilson Bruno, denunciar a trama. Em depoimento ao Ministério Público, ele acusou alguns de seus principais superiores hierárquicos de ter feito pressão para impedir que o caso chegasse ao núcleo da campanha de Lula. Responsável pela apreensão do dinheiro num hotel vizinho ao Aeroporto de Congonhas, o delegado revelou que até o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tinha se empenhado pessoalmente no caso, indagando se os presos haviam citado o nome do presidente Lula.

Tuca Vieira/ Folhapress; Dida Sampaio/ AE
Pressão - O delegado Edmilson Bruno, que prendeu os “aloprados”, disse que o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, telefonou para a delegacia e perguntou se o nome do presidente Lula havia sido citado pelos presos
Pressão - O delegado Edmilson Bruno, que prendeu os “aloprados”, disse que o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, telefonou para a delegacia e perguntou se o nome do presidente Lula havia sido citado pelos presos

A investigação da Polícia Federal deixou mais lacunas que certezas. Seguir o caminho do dinheiro, procedimento básico em investigações desse tipo, foi uma das medidas deixadas de lado.

Graças a informações enviadas pelo FBI, a polícia federal americana, os agentes brasileiros souberam que os dólares que faziam parte da dinheirama apreendida foram impressos em Miami, circularam pela Alemanha e foram parar numa casa de câmbio do Rio de Janeiro. Lá, foram comprados por pessoas humildes, os conhecidos laranjas.

A investigação parou por aí. Não se conseguiu sequer descobrir a mando de quem estavam esses laranjas. Já a origem dos reais nunca deixou o terreno das hipóteses, embora existissem duas pistas consistentes dentro do próprio inquérito. A primeira é que uma parte do dinheiro foi sacada em três bancos de São Paulo, provavelmente pela mesma pessoa.

Essa conclusão foi possível após os agentes perceberem nas planilhas da quebra de sigilo telefônico que um mesmo celular, em nome de Ana Paula Cardoso Vieira, era usado para falar com vários envolvidos no escândalo. Ana Paula, na verdade, era Hamilton Lacerda, um dos aloprados petistas encarregados de executar a operação (o CPF da verdadeira Ana Paula foi usado pelo bando para habilitar o aparelho). No dia da prisão, Hamilton "Ana Paula" Lacerda teria passado por três bancos diferentes.

"Tentamos várias formas de identificar a origem do dinheiro e não conseguimos", justifica-se o delegado federal Diógenes Curado, responsável pela conclusão do inquérito.

A outra suspeita, de que parte do dinheiro tinha origem na Bancoop, cooperativa controlada por grão-petistas e usada em outros rolos financeiros do partido, também foi deixada de lado. Tão logo foi concluído pela PF, o inquérito seguiu para o Ministério Público Federal. Os procuradores poderiam ter solicitado diligências para sanar as deficiências da investigação original, mas os avanços foram pífios. A abertura de processo na semana passada sugere o pleno funcionamento das instituições e alimenta a esperança de punição aos culpados.

Na prática, porém, fica a impressão de que, mais uma vez, tudo vai terminar na conta de um bando de inconsequentes — ou aloprados, como preferem alguns.



Rodrigo Rangel e Otávio Cabral - Veja
Colaborou Hugo Marques
23 de junho de 2012

"RADIOGRAFIA DA INEFICIÊNCIA" (DE DILMA)

Editorial do Estadão

Incapaz de planejar e de tocar projetos, o governo federal só conseguiu um bom nível de execução em pouco mais de metade - 54% - das 92 ações prioritárias incluídas no orçamento do ano passado, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). O novo relatório sobre as contas governamentais, entregue ao presidente do Senado na terça-feira, vale como um atestado de incompetência gerencial. A execução de um quinto das ações foi considerada fraca ou muito fraca.

A de outros 26%, apenas razoável. Apontada muitas vezes como administradora severa e eficiente - uma fama inexplicável, quando se considera seu desempenho no governo central -, a presidente Dilma Rousseff completou seu primeiro ano de mandato com resultados muito pobres.


O quadro continua ruim, quando se deixa de lado o número de ações e se examinam os valores aplicados nos vários programas e projetos. No orçamento de 2011 foram autorizados R$ 17,3 bilhões para o conjunto de prioridades. Foram empenhados R$ 14,5 bilhões, 84% do total. Mas só foram efetivamente liquidados R$ 10,3 bilhões, 59,5% do valor previsto para o ano. Sobraram dos empenhos R$ 4,3 bilhões de restos a pagar transferidos para os anos seguintes.

O relatório chama a atenção para o atraso na execução de grande parte das obras de infraestrutura e para o consequente aumento de custos. Os problemas decorrem não só de falhas na preparação e na condução dos projetos, mas também da lentidão nas decisões. O autor do parecer, ministro José Múcio Monteiro, alerta para os riscos da indefinição quanto às concessões do setor de eletricidade com vencimento previsto para 2015. Esses contratos representam 18% de toda a geração de energia elétrica e 84% da rede básica de transmissão e envolvem 37 das 63 distribuidoras de energia.

Há problemas de atrasos em todos os setores, mas o quadro é especialmente preocupante quando se trata de energia e de transportes. Neste setor, falta a conclusão dos planos aeroviário, portuário e hidroviário. Sem avanço nesse trabalho, não haverá como consolidar o planejamento das várias modalidades.

Várias das grandes obras foram incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007 e com execução muito atrasada, embora já tenha sido inaugurada oficialmente sua segunda fase. Previa-se inicialmente para 2014 a conclusão das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e da ferrovia de alta velocidade, mas o prazo dos dois projetos foi ampliado até 2019. "Esses atrasos não são isolados nem restritos aos grandes empreendimentos. No eixo Transportes, a diferença média entre os prazos repactuados no PAC 2 e os prazos estimados ao final do PAC 1 é de 437 dias por ação", comenta o autor do parecer.

A falta de capacidade de administrar grandes obras e projetos complexos caracteriza, segundo ele, tanto o governo federal quanto as administrações estaduais e municipais e até as empresas privadas, "responsáveis pela execução de grande parte das obras do PAC". A baixa qualidade dos projetos básicos também prejudica o rendimento dos investimentos, forçando revisões durante as obras, e, portanto, o cronograma e os custos.

O relator acentua a necessidade de melhoras no acompanhamento dos projetos e na avaliação dos resultados. Isso vale não só para as obras financiadas pelo setor público, mas também para o uso dos benefícios fiscais concedidos ao setor privado. A renúncia fiscal aumentou 30% em 2011 e chegou a R$ 187,3 bilhões, mas faltam, segundo o relatório, prestações de contas satisfatórias e indicadores para avaliação do uso desses recursos.

Diante disso, o relator sugeriu à Casa Civil dois cuidados na elaboração dos projetos de lei e de medidas provisórias para concessão ou ampliação de benefícios tributários: identificação do órgão gestor da política e especificação de objetivos, indicadores e critérios de avaliação de resultados.

A presidente Dilma Rousseff assumiu o governo prometendo elevar a qualidade do gasto público e a eficiência da administração federal. Pouco fez para cumprir essa promessa, até agora. Refletir sobre a análise e o parecer do TCU sobre o exercício de 2011 talvez a estimule a cuidar mais seriamente do assunto.

O Estado de S.Paulo
23 de junho de 2012

O FICTÍCIO AUMENTO DE RENDA DO BRASLEIROI

 

Temos assistido nos últimos anos o anúncio, pelas administrações Lula e Dilma, de que o Programa Bolsa Família supostamente aumentou a renda do povo brasileiro. Tal anúncio vem embalado no constante crescimento da capacidade de consumo das classes “C” e “D” e aumentando sobremaneira o mercado consumido de nosso país. Mas até onde esse fato é realmente uma verdade verificável?

Tal assertiva é, no mínimo, uma falácia. Isso porque o Programa Bolsa Família é um programa de transferência de renda, ou seja, a renda é transferida de um setor produtivo para um setor, até então, não-produtivo. Em regra, esses programas visam induzir o desenvolvimento em setores deficitários da economia e costumam ser temporários, visto que não devem servir de muleta ao setor produtivo.

Outro fator a ser considerado é que se formos medir de maneira real e criteriosa programas de transferência de renda iremos perceber que esses, de forma direta, reduzem a renda da sociedade no curto prazo. Até podem vir a gerar renda no médio e longo prazo, mas no curto prazo reduzem a renda da sociedade.
Um exemplo típico é um casal com um filho adolescente: ao decidirem dar uma mesada ao filho os pais transferem parte de sua renda ao jovem. A renda do jovem não soma a dos pais para o cálculo da renda familiar, ao contrário, ao se realizar esse cálculo esse valor deverá ser reduzido da renda total da família.

O Bolsa Família não aumentou a renda do povo brasileiro e, em alguns casos, pode estar servindo, inclusive, como fator de redução ao atuar como agente inflacionário ao expandir, de forma descontrolada, o mercado de crédito
 
Quando as pessoas percebem isso o governo defende a transferência de renda afirmando que o aumento do consumo está provocando um circulo virtuoso ao país por meio do consumo nas classes que não estavam no mercado até então. Nova falácia e, ainda por cima, perigosa. Na realidade, essa vaidade governamental pode vir a se converter em um pesadelo futuro para a equipe econômica

A grande questão nesse caso é o fato de que boa parte do público do Bolsa Família é um público que não tinha como comprovar renda e que, após esse programa passou poder a fazê-lo. Com a estabilização da economia oriunda do Plano Real possibilitando com que se torne possível financiamentos de médio e longo prazo para a aquisição de bens de consumo esse público veio com força ao mercado adquirir bens aos quais não tinham acesso.

O grande problema embutido nisso é que toda espécie de financiamento é uma forma de alavancagem econômica. A pessoa capta no mercado um capital que não possui para pagar com um capital que possui expectativa de realizar no futuro – para utilizar um termo contábil. Contudo, a falta de planejamento financeiro, aliado as enormes possibilidades de crédito pode colaborar para que se crie um cenário de perspectivas perigosas no futuro.

Outro fator desconsiderado é o fato que a expansão do mercado de crédito e o conseqüente aumento do consumo provoca um aumento na demanda em relação à oferta fazendo com que os produtos encareçam gerando inflação. Dessa forma, é essencial que se monitore o mercado de forma permanente para que não se crie condições para que a inflação se descontrole em algum setor.

Utilizar a expansão do crédito como argumento de aumento de renda da população em decorrência do Bolsa Família é agir de forma completamente sem critério, visto que a relação existente entre um fato e outro não é vinculado, especificamente a renda. Programas de Transferência de Renda podem ter eficácia em determinadas condições e situações, todavia os mesmos devem ser sempre por tempo limitado e com objetivos claros a ser alcançados, caso contrário se convertem apenas em assistencialismo oficial com objetivos meramente políticos sem qualquer objetivo de desenvolvimento.

Espero haver evidenciado que, diferente do que se vem sendo alardeado pelo Governo, o Bolsa Família não aumentou a renda do povo brasileiro e, em alguns casos, pode estar servindo, inclusive, como fator de redução ao atuar como agente inflacionário ao expandir, de forma descontrolada, o mercado de crédito.

Sandro Schmitz
23 de junho de 2012

SEGURANÇA OU INCOMPETÊNCIA?



Carlos Alberto Sardenberg

James Bond já surfou ondas de três metros para alcançar praias inimigas. Assim, por que um terrorista não poderia voar de asa-delta da Pedra da Gávea até o Riocentro, descer lá armado de bazucas e eliminar meia dúzia de chefes de estado?
Vai daí, o Exército proibiu voos de asa-delta em todo o espaço aéreo da cidade durante a Rio+20.
Com segurança não se brinca, dizem.

Reparem, porém: o sujeito teria que trazer a arma de algum lugar, circular pela cidade, carregar a coisa até a Pedra, voar e descer no Riocentro, tudo isso sem ser percebido e interceptado. Ninguém desconfiaria. E com todos aqueles soldados e policiais, brasileiros e estrangeiros, que estão na cidade e, concentrados, no local da conferência? Só se fossem muito incompetentes, não é mesmo?
Mas proibindo todos os voos, em todo o Rio, qualquer um que passar de asa-delta torna-se suspeito. Fica fácil para a segurança. E atrapalha a vida de quem gosta de asa-delta.

Dirão que esse é um aspecto menor e que, afinal, o pessoal pode ficar uns dias sem voar, em nome da segurança que garanta um bom evento no Rio.

O problema é que esse tipo de comportamento se aplica a todo o evento. Não há qualquer esforço ou qualquer planejamento para garantir a segurança e, ao mesmo tempo, causar o menor dano possível aos moradores e visitantes.

Não está vetada apenas a asa-delta. O espaço aéreo foi fechado. Até os inocentes voos da Ponte Aérea sofrem restrição. Será que não conseguem detectar uma aeronave suspeita, voando fora das rotas?
Só para lembrar: todo mês de setembro tem a assembleia geral da ONU em Nova York, para onde se dirigem mais de 100 chefes de estado. Sabem o que acontece com o tráfego aéreo? Nada. Continua tudo normal nos três aeroportos.

Dirão: lá tem mais aeroportos e mais pistas, de modo que fica mais fácil. Falso. Lá também há muito mais voos por hora. A resposta é outra: mais equipamento, mais engenharia, mais eficiência e empenho de não torrar a paciência dos moradores.

Outra: as comitivas não podem ficar presas no trânsito carioca, claro. Saída simples: fecham-se vias ou pistas, que se tornam seletivas para os carros credenciados. Assim, o não credenciado fica horas e horas no trânsito, tendo ali ao lado pistas e vias vazias, apenas vez ou outra ocupadas por uma comitiva. Será que não existe engenharia melhor?

E, pensando bem, quem precisa mesmo de segurança extrema? Hilary Clinton certamente é um alvo, mas, com todo respeito, o chefe de estado de Tuvalu? Na verdade, nem precisa ser chefe de estado. Autoridades menores gostam do aparato de segurança. Polícia e Exército também gostam de exibir seu aparato.

Na Rio+20, nem a presidente Dilma vai de carro a álcool
Experimente passar um tempinho ali no Forte Copacabana, por exemplo, onde há exposição e reuniões. A autoridade vai deixar o local. Aparecem seguranças com terno preto, mesmo quando são mulheres, e soldados com metralhadora. Motos param o trânsito, fecham a rua, afastam as pessoas. Surgem os carrões, pelo menos três: um da segurança, o da autoridade, outro da segurança. Param abruptamente, abrem-se as portas, gritaria nos celulares.
Chega o tal, sempre acompanhado, e todos vão entrando rapidamente nos veículos, como se estivessem fugindo. Então, o grande espetáculo: as portas batendo em sequência, as motos arrancam, os carros partem em velocidade. Todos os seguranças com expressão de que estão tirando alguém de um atentado.

E ali olhando, com expressão de paciência obrigada, um homem de bermuda tomando sorvete, a mulher ao lado de um carrinho de bebê, garotos esperando com pranchas, que, aliás, ainda não foram proibidas. Não devem ter visto o filme do James Bond.

Grandes eventos valorizam as cidades. Mas também exibem suas carências. Falta de equipamentos e de planejamento cobram um custo da cidade e, sobretudo, de seus moradores.

Sem contar as contradições: a Rio+20 provoca aumento de emissão de poluentes só com os enormes congestionamentos. E terem utilizado geradores a diesel no Riocentro é inacreditável. E o etanol?
Na Rio 92, o governo brasileiro encontrou a melhor maneira de fazer propaganda de uma energia renovável bem nacional: os carros oferecidos às autoridades eram todos movidos a etanol.

De lá para cá, a tecnologia do etanol só melhorou. A produção de cana tornou-se mais eficiente e sustentável, inclusive com a progressiva eliminação do penoso corte manual, as usinas são mais produtivas, o etanol gera mais energia, sendo, pois, mais econômico, e, ponto forte, o motor flex é um marco tecnológico. Também se começou a produzir energia a partir do bagaço da cana. Mas na Rio+20, nem a presidente Dilma vai de carro a álcool.

PREÇO

Parece que um minuto e meio de televisão vale mais que uma Erundina.

Carlos Alberto Sardenberg
Fonte: O Globo, 21/06/2012

HULA GARU


Com a idade, fica cada vez mais difícil encontrar autor ou leitura que fascine. Já não consigo encontrar em um livro o deslumbramento com que li Fédon, o Quixote ou as Viagens de Gulliver. Verdade que nos últimos 2.300 anos não surgiu um novo Platão, faz meio milênio que não surge um novo Cervantes e pelo menos uns quatro séculos que não ocorre um novo Swift. Nosso século não produziu ainda outro Orwell ou Fernando Pessoa. José Hernández morreu há mais de 100 anos e ainda não surgiu no continente poeta que se lhe equipare. Nietzsche morreu com o século passado e a humanidade ainda não o repôs.

Enfim, o século recém está começando. Mas tendo a desconfiar que tão cedo não teremos gênios de tal porte. Olho em torno, e não vejo nada de mais importante na área da literatura ou poesia. Ou nosso século é estéril, ou talvez necessitemos de um bom distanciamento no tempo para reconhecer o gênio.

O gênio, de modo geral, tem consciência de seu gênio. No prólogo a Novelas Ejemplares, Cervantes faz seu auto-retrato. Nesta confissão de um homem machucado pela vida, lamenta seus dentes, "ni menudos ni crecidos, porque no tiene sino seis y son mal acondicionados y peor puestos, porque no tienen correspondencia los unos con los otros". Também glorifica a mão perdida em Lepanto, "herida que, aunque parece fea, él la tiene por hermosa, por haberla cobrado en la más memorable y alta ocasión que vieron los pasados siglos ni esperan ver los venideros". Ali está o homem, mutilado pela vida, mas inteiro e orgulhoso de seus feitos. Mais tarde, ciente da grandeza de sua obra, Cervantes dirá de Cervantes:

"tú, que en la naval dura palestra
perdiste el movimiento de la mano
izquierda, para gloria de la diestra!"

Swift, que curiosamente é mais conhecido no Brasil como um autor de histórinhas infantis, não foi exatamente um homem benquisto pelos seus contemporâneos. Deão de Saint Patrick, em Dublin, Irlanda, escreveu anonimamente a maior parte de suas obras. Diz a lenda que sua obra maior, As Viagens de Gulliver, teria sido jogada de uma carruagem pela janela adentro do editor. Mas seu estilo era inconfundível. Para que se tenha uma idéia do humor do deão e de seu conflito com a própria época, bastaria citar esta reflexão sua: "Quando um verdadeiro gênio aparece no mundo, podeis conhecê-lo por este sinal: todos os cretinos se aliam contra ele".

Pessoa se revela em um de seus ensaios, Heróstrato:

“A avassaladora produção literária tornará a seleção igualmente avassaladora, pela reação. A verdadeira produção abundante de livros bem escritos fará com que muitos livros antigos pareçam menos bons do que quando se destacam de um pano de fundo de nada. (...) A competição entre os mortos é mais terrível do que a competição entre os vivos; os mortos são mais numerosos”.

Aqui o homem já diz ao que vem. Quando afirmava que o gênio é o mais comum dos homens, tão comum a ponto de passar despercebido em sua época, obviamente falava de si mesmo. Hostil à celebridade, Pessoa morreu quase inédito e considerava ser editado uma ofensa à genialidade.

Depois de ler estes autores – e outros menores mas nem por isso menos importantes – fica difícil encontrar pensamento novo na literatura contemporânea. Existem é claro reflexões sobre os dias que correm, que não poderiam ter sido feitas por quem não os viveu. Mas muitas vezes os homens do passado demonstram mais conhecimento do presente que nossos coetâneos.

Em minha idade, o mesmo está acontecendo com as demais artes, particularmente com o cinema. Fui iniciado com Chaplin, Bergman, Louis Malle, Fellini, Kurosawa, Peckinpah, cineastas personalíssimos, cujas obras eram sempre esperadas com sofreguidão. Hoje, está difícil encontrar quem os substitua. Depois destes, vi obras interessantes, dessas que jamais encherão várias salas ao mesmo tempo.

Sempre me comovem La Strada e Noites de Cabíria, de Fellini. Como aliás quase todos seus filmes. Adoro Bas Fond, do Kurosawa (vi o filme em Paris, não sei qual o título brasileiro), como também seus demais filmes. Curto muito também o Buñuel, particularmente O Anjo Exterminador. Falando nisso, alguém viu J'irais comme un cheval fou, do Arrabal? Vale a pena. Pelo que sei, não passou no Brasil.

O dileto entre os diletos, que vejo e revejo com prazer, é A Festa de Babete, de Gabriel Axe. Certamente, o mais belo e sensível filme que já vi. Mexeu muito comigo também The Map of Human Heart, de Vicent Ward, que creio que não passou no Brasil. No fundo, a busca de uma filha pelo pai, um esquimó que, por circunstâncias da vida, tornou-se fotógrafo em um bombardeiro inglês durante a Segunda Guerra. Comovente.

Mash, de Robert Altman e A Vida de Brian, de Terry Jones, até hoje me fazem rir, particularmente este último. É a mais ferina sátira já feito pelo cinema ao cristianismo. Palombella Rossa, de Nanni Moretti, ataca os comunistas. (Só passou no Brasil quase clandestinamente, em um festival no Rio). Louve-se o engenho do cineasta: consegue fazer um filme dinâmico e divertido que se passa praticamente o tempo todo dentro de uma piscina.

Morri de rir vendo East Side Story, produção alemã da romena Dana Ranga. (Passou em um cinema escondido nos confins de São Paulo. Quando fui ver, tinha apenas três espectadores). Outro filme belíssimo que vi foi Lepota Poroka (em francês, La Beauté du Peché), do iugoslavo Zivko Nikolic, com uma atriz divina, Mira Furlan. Uma moça que vivia nas montanhas da Iugoslávia, vai trabalhar em uma colônia de nudismo na costa montenegrina. O conflito cultural é inevitável.

Em Estocolmo, lá por 71, vi outro belo filme que jamais deu as caras por aqui, The Bus, do turco Tunç Okan. Um grupo de imigrantes turcos clandestinos é jogado dentro de um ônibus, que é abandonado em plena T-Centralen, a estação central do metrô de Estocolmo. Foi o primeiro filme que vi sobre a condição do imigrante na Europa.

Ultimamente, os melhores que vi foram Adeus Lênin, do alemão Wolfgang Becker, e Slogans, do romeno Gjergj Xhuvani, uma sinistra comédia situada nos dias da ditadura de Nicolae Ceaucescu. Muito Além do Jardim, de Hal Ashby é outro filme importante. Nos remete imediatamente a nosso Primeiro Magistrado, o Supremo Apedeuta.

Fora isto, tenho vivido relativamente longe do cinema. Difícil encontrar algo novo nesta idade, dizia. De qualquer forma, com alguma paciência, sempre se cata alguma obra-prima perdida na televisão. Foi o que aconteceu nesta madrugada. Vi Hula Garu (Um Paraíso Havaiano), comovente surpresa do cinema japonês, filme do qual jamais havia ouvido falar, dirigido por Sang-il Lee.

O relato é inverossímil. Estamos em 1965, na pequena cidade mineira de Iwaki, no Japão. Ante a iminência do fechamento das minas, a Joban Coan Mining Company resolve construir um Centro Havaiano. Sob protesto dos moradores, é colocado um anúncio convidando moças que desejem aprender hula, a dança típica do Havaí. O encarregado Yoshimoto convida a senhorita Madoka Hirayama para dar aulas às interessadas.

Reação violenta da comunidade, que acha que todo mundo deve mourejar nas minas e que corpo de baile é coisa de prostitutas. Contra tudo e contra todos, Madoka insiste em seu projeto e vence. Acaba tendo a adesão dos mineiros. Suas garotas provam que se pode criar um mundo onde se pode trabalhar e ao mesmo sorrir.

A história é inverossímil, afirmei. No entanto, as resenhas do filme me informam que o relato é verídico. Que o Parque Havaiano Joban foi inaugurado em 15 de janeiro de 1966. Esperava-se um público de 1000 pessoas durante a semana e umas 3000 nos fins-de-semana e dias de festa. A realidade é que o empreendimento se converteu num sucesso que atraiu 1,5 milhão de pessoas no ano. Em 1990, trocou o nome para Spa Resort Hawaiians e continua evoluindo, embora se mantenha como manancial termal integrado na estrutura social da região.

Madoka Hirayama teria hoje mais de 70 anos e ensinou 318 bailarinas. A demonstração mais cabal de que a grande arte enobrece e é capaz de comover uma aldeia de mineiros, que só viam na vida um sentido, a extração de carvão.

Lindo e comovente. Recomendo vivamente.


23 de junjho de 2012
janer cristaldo

ASSALTAR




Fonte: Brazil No Corrupt

23 de junho de 2012

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS POR EVO MORALES

PARLAMENTARES EM VIGÍLIA ENTRAM EM GREVE DE FOME EM PROTESTO CONTRA DESCASO DA ONU ANTE SUAS DENÚNCIAS DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS POR EVO MORALES
Deputado Adrian Oliva e Senadora Carmen González se declararam em greve de fome e estão abandonados no escritório do Comissariado de Direitos Humanos da ONU na Bolívia. ONU não lhes deu atenção.

A senadora Carmen Eva González e o depugado Adrian Oliva, em vigília nos escritórios do Alto Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos na Bolívia (OACNUDH), se declararam em greve de fome frente à posição frívola e parcial dessa organização da ONU antes às demandas apresentadas, informou sua colega parlamentar María Elena Méndez, que esta tarde foi internada num hospital devido a seu delicado estado de saúde.
 
Méndez, senadora da Convergência por Tarija, assinalou que a atitude radical assumida por González e Oliva se originou como resposta ao trato displicente e autoritário do delegado da OACNUDH na Bolívia, Denis Racicot, e pelo escritório central dessa instituição, que desde Genebra, Suíça, através de um contato por vide-conferência, pediu aos manifestantes que abandonassem seus escritórios sem responder às demandas apresentadas pelos opositores contra o regime do tiranete Evo Morales.
 
Os parlamentares bolivianos protestam contra Evo Morales por manter diversos presos políticos sem qualquer julgamento.
 
Essa Comissão de Direitos Humanos da ONU trata os parlamentares em vigília como delinquente comuns. Chegaram inclusive a cortar o sistema de calefação expondo-os ao frio intenso. Transcrevo na íntegra em espanhol o texto cujo link foi postado pelo ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe Velez. Leiam:
EN ESPAÑOL - La senadora Carmen Eva González y el diputado Adrian Oliva, en vigilia las oficinas de la Alta Comisionada de las Naciones Unidas para los Derechos Humanos en Bolivia (OACNUDH), se declararon en huelga de hambre frente a la posición frívola y parcializada de esta organización ante las demandas planteadas, informó su colega parlamentaria María Elena Méndez, quien esta tarde fue dada de baja y luego internada en un centro hospitalario por su delicado estado de salud.
 
Méndez, senadora de Convergencia por Tarija, señaló que la actitud radical asumida por González y Oliva se originó como respuesta al trato displicente y autoritario del delegado de la OACNUDH en Bolivia, Denis Racicot, y por la oficina central de esta institución, que desde Ginebra, Suiza, a través de un contacto por videoconferencia, pidió a los asambleístas abandonar sus oficinas sin responder a las demandas de fondo planteadas por los opositores.
 
Por otro lado, Méndez denunció que ayer y hoy fue privada de ser atendida por su médico particular y que los parlamentarios que se quedaron en vigilia son tratados hostilmente, ya que son constantemente monitoreados por sus equipos de seguridad, como si se tratara de simples delincuentes; no recibieron ningún tipo de facilidad ni siquiera en los servicios básicos y la primera noche de vigilia, el pasado martes, se les cortó el sistema de calefacción, por lo que tuvieron que soportar el intenso frio en esas instalaciones, entre otros.
 
“Con el Alto Comisionado para los Derechos Humanos parecería que hemos vuelto a tiempos de dictadura, porque en esas oficinas nos mantuvieron como si estuviéramos en los sótanos del Ministerio de Gobierno, han conseguido que las baterías de nuestros celulares se acaben y no se nos ha permitido que entren nuestros cargadores y Adrian (Oliva) y la senadora González están totalmente incomunicados”, denunció Méndez.
 
Dijo además que, ante la falta de una respuesta adecuada, ya que las recibidas hasta ahora solo se remiten al ámbito de sus protocolos, la OACNUDH está cometiendo una “flagrante violación a los derechos en Bolivia”.
 
Agregó que la OACNUDH se desenmascaró en su posición de encubrimiento a un gobierno dictador, ya que a los burócratas de esta institución sólo les interesa sus sueldos y su participación en eventos sociales, antes que ocuparse de la protección de los ciudadanos, monitoreo y denuncia en las violaciones a los derechos humanos en Bolivia.
 
Con lagrimas en los ojos informó que sus colegas parlamentarios “decidieron entrar en la huelga de hambre porque hemos pedido una amnistía para los presos y perseguidos políticos, porque hemos pedido que los refugiados y perseguidos políticos puedan volver a Bolivia y que se conforme una Comisión de la Verdad que tenga la capacidad de hacer un análisis caso por caso de los presos y que también se reestructure a la justicia, para que el accionar de sus operadores, tanto jueces y fiscales, seas transparente”.
 
Méndez fue evacuada en una silla de escritorio desde el piso 10 del edificio donde funcionan las oficinas de la OACNUDH, luego que el personal de seguridad de esa institución impidió el ingreso del médico y de una camilla para que pueda ser atendida adecuadamente.
Via Twiffo - by @AlvaroUribeVel
 
23 de junho de 2012
in aluizio amorim

SITUAÇÃO NO PARAGUAI É DE ABSOLUTA NORMALIDADE

Presidente Federico Franco e esposa participaram da Missa na Praça da Catedral no final da tarde deste sábado em Assunção
O novo presidente paraguaio afirmou, neste sábado, que um eventual boicote ao país prejudicaria empresários brasileiros com interesses no Paraguai, que mantém a maior parte de seu comércio (60%) com o Brasil. Por isso, assinalou que os cidadãos brasileiros radicados no país terão tratamento preferencial, referindo-se aos "brasiguaios", agricultores ricos que exploram as terras mais férteis do Paraguai, no leste do país.
Federico Franco disse que buscará se conciliar com os países vizinhos, que questionam a sua legitimidade, após o impeachment de seu antecessor. O dia transcorria com normalidade, na capital e no restante do país.
— A situação atual é preocupante, não é fácil. Reconheço que existem inconvenientes junto à comunidade internacional —, disse Franco durante uma entrevista coletiva à imprensa internacional, na sede do governo.
O núncio apostólico Agustín Arietti foi o primeiro diplomata a visitá-lo na manhã de hoje, pouco antes dos embaixadores de Estados Unidos e Alemanha.
— Faremos o maior dos esforços para manter contato com os países vizinhos e tentar mostrar com fatos nossa clara vocação democrática —, indicou Franco, embora tenha dado a entender que não participará da reunião de cúpula do Mercosul, convocada para as próximas quinta e sexta-feira, em Mendoza, Argentina.
O presidente assistiu, posteriormente, a um ofício religioso na catedral, presidido pelo núncio Arietti. A hierarquia católica havia deixado claro sua falta de apoio ao ex-bispo Lugo, suspenso "ad divinis" pelo Vaticano quando se candidatou à presidência.
A capital paraguaia registrava um dia normal. Na rua central e comercial Palma, o sábado era como outro qualquer, com lojas abertas e sem a presença de forças de segurança.
Os paraguaios celebram esta noite a festa de São João em várias comunidades do país. Nenhum evento foi cancelado.
A tensão social que provocou a crise política que custou o cargo de Lugo é latente. José Rodríguez, líder da Liga Nacional de Carperos, movimento de sem-terra que protagonizou o confronto violento ocorrido há oito dias em Curuguaty, que deixou 17 mortos e iniciou a crise política, convocou seus seguidores a "permanecerem mobilizados", diante do que considerou um "golpe parlamentar".
Grandes produtores agrícolas da União de Grêmios de Produção (UGP) anunciaram neste sábado terem cancelado o "tratoraço" previsto para a próxima segunda-feira contra o governo de Fernando Lugo, e apoiaram o seu impeachment.
— Temos que dar uma oportunidade ao novo governo —, disse Héctor Cristaldo, presidente da UGP. O grêmio reúne, entre outros, os poderosos produtores e exportadores de cereais e oleaginosas.
Do Portal da RBS/Diário Catarinense
23 de junho de 2012
in aluizio amorim

VATICANO, ALEMANHA E ESPANHA JÁ RECONHECERAM OFICIALMENTE O NOVO GOVERNO DO PARAGUAI. PRESIDENTE PARTICIPA DE MISSA

O presidente do Paraguai, Federico Franco, recebe a visita oficial do Núncio Apostólico (embaixador do Papa) Eliseo Antonio Ariotti. O Vaticano, a Alemanha ea Espanha já reconheceram oficialmente o novo Governo. Foto do jornal ABC do Paraguai.
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, participou de uma missa no final da tarde deste sábado (23) na área externa da catedral de Assunção, localizada na praça do Congresso. O local é o mesmo onde milhares de pessoas protestaram contra a deposição do ex-presidente Fenando Lugo, que aconteceu ontem. Cerca de mil pessoas participaram da cerimônia.
O núncio (embaixador do papa junto de um governo estrangeiro) da Igreja Católica no Paraguai, Eliseo Antonio Ariotti, disse neste sábado (23) que Franco pode contar com o apoio dos católicos para exercer os 11 meses de governo que tem pela frente. Segundo ele, o país viveu momentos delicados, mas agora é tarefa de todos contribuir para a normalização da situação. No país, cerca de 90% dos 7,3 milhões habitantes são católicos. Do site UOL
 
23 de junho de 2012

O PASSADO ALOPRADO ASSOMBRA O PT



A coincidência não deve agradar a Lula, mas dificilmente será possível dizer que se trata de mais um golpe dos reacionários contra o governo popular do PT. Aliás, o noticiário criminal envolvendo o PT indica que o partido há muito vem se metendo em enrascadas.

Às vésperas do julgamento do mensalão, desta vez a Justiça reavivou o escândalo dos aloprados, que na eleição de 2006 tentaram comprar um dossiê que supostamente continha denúncias contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, o mesmo que hoje Lula tenta derrotar com o auxílio de Paulo Maluf, na disputa para a prefeitura de São Paulo.

Naquela ocasião, Serra venceu o candidato petista Aloizio Mercadante no primeiro turno. Um dia depois do escândalo provocado pela exibição despudorada de intimidade entre o ex-presidente e Maluf, um dos brasileiros relacionados na lista de alerta vermelho da Interpol dos criminosos mais procurados do mundo, a Justiça de Mato Grosso aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra nove dos envolvidos.

Dois deles, Jorge Lorenzetti, petista de Santa Catarina que era também churrasqueiro extraoficial da Granja do Torto no primeiro governo Lula, e o advogado Gedimar Pereira Passos, que supervisionava a segurança do comitê da campanha de reeleição, eram ligados diretamente ao ex-presidente, que, no entanto, como sói acontecer, declarou desconhecer o assunto e ainda fez-se de indignado, classificando os membros do grupo de “aloprados”.

Preso na Polícia Federal, Gedimar incluiu no grupo um segurança particular da primeira-dama Letícia Maria de nome Freud (que não se perca pelo nome) Godoy, que o teria chamado para avaliar se o tal dossiê continha mesmo fatos que comprometiam Serra.

Freud acabou desaparecendo do noticiário, assim como uma coincidência reveladora: o ex-ministro José Dirceu (sempre ele), antes mesmo que fosse divulgado o conteúdo do dossiê, escreveu que as acusações seriam “a pá de cal na campanha do picolé de chuchu”, como se referia ao candidato tucano à presidência Geraldo Alckmin.

Gedimar Passos, assessor da campanha de Lula, negociava a aquisição do dossiê com Valdebran Padilha, empresário filiado ao PT. A PF prendeu a dupla em flagrante com 1,7 milhão de reais que seria usado na compra do material forjado.
Expedito Veloso, outro dos envolvidos, denunciou meses mais tarde que o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o ex-governador de São Paulo já falecido Orestes Quércia foram os mandantes.

Mesmo que entre os acusados estivesse Hamilton Lacerda, então assessor de Mercadante, e que ele fosse o maior beneficiado, o candidato petista não foi arrolado como partícipe do golpe.

O centro da conspiração estava no “Núcleo de Informação e Inteligência” da campanha de reeleição de Lula, e quem chefiava a equipe de “analistas de informação” era o petista histórico Jorge Lorenzetti, ex-dirigente da CUT, enfermeiro de profissão, diretor financeiro do Banco do Estado de Santa Catarina e churrasqueiro do presidente nas horas vagas.
Lorenzetti chefiava Gedimar Pereira Passos na tarefa de contrainformação eleitoral, e foi nessa qualidade que teria sido enviado para analisar o dossiê contra os tucanos.

A descoberta do plano revelou a existência de uma equipe dentro da campanha de reeleição que se envolve em falcatruas variadas, uma maneira de atuar politicamente que vem das batalhas sindicais do ABC, as quais Lula conhece bem com que armas se disputam.

Esse mesmo esquema provocou uma crise no comitê da candidata Dilma Rousseff, quando foi descoberto que havia um grupo recrutado para fazer espionagem, inclusive o jornalista Amaury Ribeiro Filho que levou para o grupo o hoje nacionalmente conhecido Dadá, o grampeador oficial do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Os protagonistas do chamado escândalo dos aloprados responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro e operação fraudulenta de câmbio.

Segundo a denúncia do Ministério Público, eles “se associaram subjetiva e objetivamente, de forma estável e permanente, para a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro, que tinha por fim a desestabilização da campanha eleitoral de 2006 do governo de São Paulo”.

O Ministério Público, embora as investigações tenham rastreado todo o caminho do dinheiro, não conseguiu definir sua origem, um dos grandes mistérios desse caso.
A fotografia da montanha de dinheiro apreendido acabou sendo divulgada às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial, e os petistas atribuem ao impacto da imagem a ida da eleição para o segundo turno.

Merval Pereira
23 de junho de 2012


PARAGUAI: DEMOCRACIA VENCE E UM PRESIDENTE SACANA É DEPOSTO

Fernando Lugo fala em rede nacional após ter sido destituído democraticamente pelo Congresso Paraguaio



Mandato: 15 de agosto de 2008 a 22 de junho de 2012

23 junho de 2012

KIT GAY NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Jair Bolsonaro tem razão. O que falta pra essa gente é relho e vergonha na cara!

Assistam o vídeo e tirem suas conclusões

RIO + 20 E A NOVA ORDEM MUNDIAL - PARTE 2


          Artigos - Globalismo        

Diversos grupos e diversas ONGs que participaram da Rio+20 estão imbuídos da mentalidade da Nova Era e, de forma clara, aderiram à espiritualidade e à educação gaiana. A educação gaiana, a Gaia Education, é um projeto global que tem por escopo capacitar pessoas para a "sustentabilidade".

No artigo anterior afirmei que a Rio+20 é um evento inserido na agenda da Nova Ordem Mundial, a qual propõe uma espiritualidade anticristã, o abortismo, a supressão gradual das liberdades civis e da soberania dos Estados. No presente artigo procurarei apresentar mais fatos e informações a respeito.
1. Construindo uma nova espiritualidade
Os construtores da Nova Ordem Mundial sabem que não podem abolir as religiões da face da Terra. O apelo à transcendência está presente em todas as sociedades humanas. Para contornar essa impossibilidade, os planificadores globais promovem a nova religião, a chamada Nova Era.
A Nova Era não é propriamente uma religião, mas tão somente um simulacro de religião, que se apropria indevidamente de elementos de diversas tradições religiosas e os mistura com um discurso pretensamente “científico” e com técnicas psiquicas, mantras, programação neorolinguística e autoajuda. Trata-se de uma “religião” biônica e universal criada em laboratório com vistas a suprir a demanda religiosa durante a construção da Nova Ordem Mundial. Em tempo hábil, a Nova Era será descartada, mas enquanto isso não acontece, ela servirá como um pano de fundo religioso legitimador da governança global. A Nova Era precede o pesadelo tecnocrático e científico de Aldous Huxley em o Admirável Mundo Novo.

A Nova Era não é uma “religião” institucionalizada, com um corpo coeso de doutrinas e ritos, ela é um movimento e, enquanto tal, já possui - por força dos inúmeros grupos, seitas e submovimentos que para ela concorrem - certa autonomia, ou seja, já se apresenta como um simulacro suficiente de religião nesses tempos de materialismo cafona e conta com número significativo de adeptos.

Contudo, a Nova Era ainda precisa parasitar as grandes tradições religiosas, ou para corroê-las por dentro ou para fisgar novos adeptos à nova espiritualidade global.

Engana-se quem pensa que a Nova Era limita-se a parasitar as filosofias e as religiões orientais e as crenças animistas. Na atual etapa, a Nova Era é usada para forjar a unificação das religiões e para isso se infiltra também nas religiões do ramo semítico, mormente no Cristianismo[1].

A construção de uma “religião” global passa pela promoção de um ecumenismo indecente entre as tradições religiosas e pelo resgate de mitos antigos como o mito de Gaia.

Por meio da
Hipótese de Gaia James Lovelock, um dos founding fathers do aquecimentismo antropogênico[2], não apresentou somente uma hipótese científica pela qual se considera a Terra um ser vivo em busca de seu autoequilíbrio, mas também resgatou o mito de Gaia, a Terra, ou Mãe Terra, mito esse que veio a ser usado no bojo da nova espiritualidade da Nova Era.

Na
Teogonia de Hesíodo, Gaia é uma divindade, uma potestade ou divindade originária[3].

Pode-se dizer que o culto a Gaia serve a uma concepção panteísta de Deus. No entanto, nesse culto a própria ideia de Deus acaba sendo deixada de lado, pois o que se cultua não é um suposto deus na natureza, imanente, mas a natureza em si: diviniza-se a natureza.
O culto a Gaia se presta a dois fins imediatos: além de romper com a noção de transcendência, acaba por suprir a demanda feminista por um sagrado feminino.
A noção de transcendência que se perde é a noção de que existe um Deus criador, que embora também seja imanente, está para além do tempo, além do mundo e de sua criação. Ao se perder essa noção, o homem deixa de se sentir uma criatura que tem sua própria relação com o transcendente. Na linguagem new ager ou somos todos deuses ou somos uma massa celular compactada regida quase que exclusivamente por reações bioquímicas e ou por “energias”[4]. O próprio Deus - quando permitem falar Dele - é reduzido a uma mera energia.
Entretanto, essa perda deixa um vácuo que precisa ser preenchido por uma transcendência artificializada. É por essa razão que os movimentos new agers se valem de correntes místicas e esotéricas ou pseudo-esotéricas das mais diversas com o fito de promover uma suposta “iluminação”.
A Nova Era é tida como a era do “novo tempo”, a Era de Aquários, a Era pós-cristã.
E qual é a relação da Rio+20 com essa história?
Só com uma olhada rápida e descuidada é difícil identificar com clareza a relação da Rio+20 com a Nova Era. No entanto, quando se vai um pouco mais a fundo a relação começa a se tornar evidente.
Diversos grupos e diversas ONGs que participaram da Rio+20 estão imbuídos da mentalidade da Nova Era e, de forma clara, aderiram à espiritualidade e à educação gaiana. A educação gaiana, a Gaia Education, é um projeto global que tem por escopo capacitar pessoas para a "sustentabilidade". No Brasil, a educação gaiana é promovida pela ONG Terra UNA. A Gaia Education e seus representantes brasileiros estão na Rio+20.
Mas o que mais evidenciou a relação da Rio+20 com a Nova Era foi a Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, que foi

“um evento organizado pela sociedade civil global
que acontecerá entre os dias 15 e 23 de junho no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro – paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), a Rio+20”[5].

Na Cúpula dos Povos foi montanda uma Tenda chamada Gaia Home, na qual froam realizados rituais que mostraram bem a nova espiritualidade que orienta a Rio+20.
Dança da Paz na Rio+20
Não se pode dissociar essas iniciativas notoriamente religiosas, ou melhor, pseudo-religiosas, com as atividades da URI (United Religions Initiative), que é hoje um tentáculo da ONU. No entanto, ações as quais dá suporte são observadas desde o século XIX, visando, em nome da tolerância e pluralidade religiosa, neutralizar a influência das grandes religiões; o principal alvo é o cristianismo, bem como fortalecer idéias como o controle populacional, uma “ética global” coletivista, e reduzir as religiões à mera militância em prol “de um mundo melhor”, ao mero ativismo social.

O livro de Lee Penn, False Dawn, traz praticamente tudo o que é necessário saber a respeito da URI, e logo se percebe porque eventos como a Rio+20 são como são.
A nova espiritualidade global é uma espiritualidade sem Deus; é uma espiritualidade onde não há pecado, nem pecadores, mas tão somente semi-deuses “iluminados” e “libertos”, partícipes da ”nova consciência universal” definida de antemão pelos novos Concílios Ecumênicos, formados pela ONU e pelas ONGs (cujos líderes são como patriarcas que representam a massa dos fiéis da sociedade civil global).
2. Aborto para a sustentabilidade
A legalização do aborto por todos os cantos do mundo é um dos objetivos mais caros da agenda da Nova Ordem Mundial.
O aborto em escala global é defendido e patrocinado por diversos atores da Nova Ordem Mundial (ONU[6], OMS[7], Fundação Ford[8], etc.).
A Rio+20 – conforme fora destacado no artigo anterior – faz parte da agenda da Nova Ordem Mundial. Por essa razão, as ONGs, as representantes da “sociedade civil global” na Rio+20, defenderam a legalização do aborto como uma medida necessária para a promoção do desenvolvimento sustentável[9].
A defesa do aborto por ONGs visa dar a impressão de que é a sociedade que almeja a prática “sustentável” do aborto.
Essa postura das ONGs na Rio+20 não deve causar espécie. As ONGs globalistas, muito bem financiadas por fundações bilionárias, estão fazendo o que foram pagas para fazer; estão atendendo, pavlovianamente, ao chamado de seus senhores.
Doravante, já se pode falar em “aborto verde”, “aborto sustentável” ou, quiçá, “bioaborto”.
3. “Governança Mundial”
A soberania dos Estados é um óbice para a construção de uma Nova Ordem Mundial e de um Governo Mundial. Os globalistas não se cansam de criar estratégias para superar o conceito “retrógrado” de soberania. Em novilíngua, é preciso “avançar”...
O globalismo de cepa ocidental é sofisticado, sedutor, e forjado com muita paciência. Esse globalismo não é propriamente uma novidade[10], no entanto, sua efetiva articulação é mais recente.
Da década de 1950 para cá é possível se constatar o fortalecimento e a aceitação do discurso globalista. Contudo, a propositura de um Governo Mundial propriamente dito só surge na década de 1990[11].
Para tornar palatável a ideia de um Governo Mundial os globalistas inventaram a expressão eufemística “Governança Global”.
Como tentáculos da Nova Ordem Mundial, as melancias totalitárias reunidas na Rio+20 promovem abertamente a dita “governança global”.
Os mentores do governo mundial viram na questão ambiental um meio eficaz para legitimar a criação de um poder global centralizado. Para tanto, exploram-se até a exaustão problemas transfronteiriços (p. ex.: chuva ácida, questão dos refugiados ambientais, etc.) e ou regionais com vistas a transformá-los em problemas globais que demandam soluções globais. Assim, foram elaborados uma série de documentos enfatizando a “necessidade” de uma Governança Global para se proteger o meio ambiente e se promover o desenvolvimento sustentável.
Porém, antes de defenderem enfaticamente um Governo Mundial os planejadores globais destacaram a importância de haver uma Organização Mundial para o desenvolvimento sustentável. Assim, em 2002, o relatório International Sustainable Development Governance.The Question of Reform: Key Issues and Proposals da Universidade das Nações Unidas já defendia a centralização política da questão ambiental na World Environment Organisation (WEO).
Na esteira desse relatório foram elaborados outros relatórios: em 2008, o International Institute for Sustainable Development (IISD) publicou um texto chamado Governança Ambiental Global: Quatro Passos para Coerência segmentada: Uma Abordagem Modular e em 2010, o Instituto Fritjof Nansen publicou o relatório International Environmental Governance; também 2010 o Stakeholder Forum elaborou, já visando a Rio+20, o Artigo de Discussão 1: Governança Internacional para o Desenvolvimento Sustentável e Perspectiva Iniciais para Rio +20.

Superada a fase preparatória, os globalistas já se permitem falar em
Governança Global sem, contudo, os usuais e limitantes subtítulos. Nesse sentido, merecem destaque as Propostas Para uma Nova Governança Mundial, as quais foram elaboradas tendo em vista a Conferência Rio+20[12]. Dentre as propostas vale destacar a instituição de um Tribunal Internacional do Meio Ambiente e a constituição de uma força armada mundial independente dos Estados.

Por fim, merece destaque o texto Caminhos e Descaminhos para a Biocivilização disponibilizado pelo Portal Rio+20. O texto propõe uma transformação no paradigma civilizatório no sentido de se criar uma Biocivilização. O texto fala em “desprivatização da família”, critica uso de carros, manifesta indignação com os sistemas de segurança e vigilância dos prédios e condomínios (vistos como meios de exclusão social), traz a propriedade privada intelectual como um elemento “negador de humanidade”, defende que o “princípio da propriedade individual da terra” deve ser posto radicalmente em questão e, por fim, defende “o diálogo intra e inter movimentos que permita sínteses novas combinando tudo o que significa o bem viver dos povos indígenas,com o cuidado das feministas (???), o conhecimento compartilhado das plataformas do software livre e do copyleft, da agroecologia e economia solidária, sem contar o que vem da ecologia profunda e a ética ecológica”. O diálogo entre os diversos “sujeitos coletivos” é tido como “um novo modo de fazer política”; um “mosaico dinâmico e de múltiplas possibilidades da nascente cidadania planetária”.
4. Declaração final da Rio+20 – “The future we want”
A declaração final da Rio+20, The future we want, por ser uma declaração oficial, adota, ardilosamente, um tom leniente. A Declaração, de forma estratégica e sedutora aponta a necessidade de se erradicar a pobreza, coloca o ser humano no centro do desenvolvimento sustentável e reafirma a importância da liberdade, da segurança, do estado de direito e dos direitos humanos, dando assim, a impressão de que se trata de um evento voltado tão somente para resolução de problemas e para a valorização da vida humana. Isso é só estratégia discursiva.
A Declaração Final da Rio +20 reafirma os princípios da Rio 92 e os planos de ação anteriores, ou seja, reafirma a agenda novordista que a precedeu. Destarte, traz novamente o discurso da necessidade e urgência de se enfrentar as mudanças climáticas e, alinhada com as propostas anteriores de redução da população mundial, enfatiza a promoção do planejamento familiar e dos direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e jovens:

Reafirmamos nuestro compromiso con la igualdad entre los géneros y la protección de los derechos de la mujer, los hombres y los jóvenes a tener control sobre las cuestiones relativas a su sexualidad, incluido el acceso a la salud sexual y reproductiva, y decidir libremente respecto de esas cuestiones […].
A defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres é uma forma sofisticada de se promover a agenda abortista.
Quanto à promoção de direitos sexuais aos jovens, vale dizer que há aí a tentativa de retirar a autoridade dos pais sobre seus filhos. O objetivo é fazer com que os jovens exerçam, precocemente e sem quaisquer impedimentos, a sexualidade. Eis aí uma aplicação concreta da “desprivatização” da família.
Ademais, a Declaração reconhece a importância internacional da expressão “Mãe Terra” (“Madre Tierra”).
Conclusão:
Tal como Hitler, Stálin e Mao, as melancias totalitárias propõem um novo homem e uma nova civilização.

A Rio+20 não é um evento espiritualmente neutro, afinal a ONU não é, e a existência da URI é prova disso. Ela está alicerçada num projeto que visa construir uma nova espiritualidade global.
Nessa espiritualidade, o ser humano é colocado no mesmo plano das galinhas e das árvores. Na Nova Era, a morte de um ser humano é análoga a uma espinha que estoura, ao furúnculo que é expelido. É por isso que as ONGs defenderam o aborto como uma prática sustentável. Matar bebês no ventre de suas mães, nesses tempos de duplipensar, não é violência é “não violência”, é paz.
Os biocidadãos new agers se postam contra as guerras e promovem uma cultura de “paz” e “não violência”, o que parece ser uma coisa bonita, pois afinal, quem é que gosta de guerra, dor e sofrimento? Contudo, a sustentabilidade new ager, “gaiana”, não dispensará o uso da força para se impor. Um exército mundial certamente será o braço armado da solução ambiental global que marchará contra os povos, as religiões e os Estados não dispostos a se prostrar perante um poder temporal, global, ilegítimo e antidemocrático.
A despeito de eventuais propostas bem intencionadas e razoáveis, a Rio+20 é um evento enraizado numa cosmovisão desumanizadora e totalitária.
O espetáculo de bom mocismo e engajamento cidadão da Rio+20 é falsa luz é falsa paz. É a paz sem Deus; é a paz da Nova Ordem Mundial; é a paz do Governo Mundial. 
 Escrito por Saulo de Tarso Manriquez

Notas
[1] Para se ter uma ideia do grau de infiltração da Nova Era dentro do Cristianismo – e também no Judaísmo, diga-se – basta notar que há uma organização chamada National Religious Partnership for the Environment, uma coalisão inter-religiosa que envolve judeus, católicos, protestantes e ortodoxos em torno da “causa” do meio ambiente. Já há quem denuncie que a organização está tentando inculcar nas pessoas o culto a Gaia. Outro exemplo trágico é a Campanha da Fraternidade de 2011, cujo hino oficial chama a Terra de “Nossa mãe” e, incorporando plenamente o conceito de Gaia trazido por Lovelock, diz que a Terra é uma “criatura viva” que “respira, se alimenta e sofre”.

[2] Recentemente James Lovelock admitiu que suas projeções alarmistas estavam equivocadas.

[3] Cf. HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. São Paulo: Iluminuras, 2007.

[4] Eric Voegelin provavelmente enxergaria esse processo como um processo de “rebaixamento da substância de ordem do logos, na hierarquia ontológica, para o nível das substâncias orgânicas e dos impulsos” (VOEGELIN, Eric. Bases morais necessárias à comunicação numa democracia. Caderno de Ciências Sociais Aplicadas, Curitiba, n. 5, 2002, p. 09-10).

[5] Cúpula dos Povos: http://cupuladospovos.org.br/o-que-e/

[6] A título de exemplo, vale a pena conferir o seguinte documento: Human Rights Committe - Second Periodic Report - CCPR/C/BRA/2004/2 - 11 April 2005. Disponível em: http://www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf/0/1cfb93fe59fa789ec125703c0046a987/$FILE/G0541019.pdf

[7] Cf. ESSIG, Andrew M. The World Health Organization’s Abortion Agenda. New York: IORG, 2010.

[8] A própria Fundação Ford reconhece seus financiamentos ao movimento pró-aborto. Para conferir isso, basta procurar pelos relatório anuais dessa fundação (Ford Foundation Annual Report) e fazer uma busca com as expressões “abortion” e “reproductive rights”.
[9] Cf.: http://g1.globo.com/natureza/rio20/noticia/2012/06/na-rio20-ongs-estrangeiras-defendem-legalizacao-do-aborto.html


[10] Kant, em seu opúsculo dedicado À Paz Perpétua, já propunha no segundo artigo para a paz perpétua que “o direito internacional deve fundar-se em um federalismo de Estados livres”, o “Estado dos povos, que por fim viria a compreender todos os povos da terra”[11]. Ora, o “Estado dos povos”, de todos eles, reunidos sob um “federalismo de Estados livres”, em uma ordem internacional só pode significar uma Federação Mundial que demanda necessariamente um Governo Mundial (Cf. KANT, Immanuel. À paz perpétua. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008, p. 31 e 36).

[11] Um dos primeiros discursos abertos e, por assim dizer, “oficiais” (no âmbito da ONU), no sentido de se construir um Governo Mundial é o texto de Jan Tinbergen encontrado no Human Development Report 1994. Nesse texto Tinbergen diz: “Mankind’s problems can no longer be solved by national governments. What is needed is a World Government. This can best be achieved by strengthening the United Nations system” (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human development report 1994. Disponível em: http://hdr.undp.org/en/media/hdr_1994_en_chap4.pdf).

[12] IBASE/FÓRUM PARA UMA NOVA GOVERNANÇA MUNDIAL. Propostas para uma Nova Governança Mundial. Disponível em: http://rio20.net/wp-content/uploads/2011/07/Propuestas_nueva_Gob_mundial_PT.pdf