"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

GRUPO DE RISCO


O número de jovens homossexuais masculinos com aids aumentou 60% em uma década, informa o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.

Em 2010 foram confirmadas 514 infecções entre gays de 15 a 24 anos, equivalente a 26,9% dos casos nessa faixa etária. Em 2000, haviam sido notificados 321 pacientes com o vírus. Entre jovens heterossexuais, a tendência é inversa: em 2000, eles respondiam por 29,8% dos casos confirmados da doença enquanto em 2010 representam 21,5%.

Os índices levaram a pasta a constatar que o risco de um jovem gay brasileiro ter o HIV é 13 vezes maior que o do restante da população da faixa etária. Ao lado de meninas de 13 e 19 anos e travestis, essa população é a que desperta maior preocupação.

O aumento de casos entre jovens gays destoa do que se verifica entre os números gerais. Em 2010, foram registrados no País 34.212 casos novos - pouco menos que os 35.979 de 2009. As mortes também caíram. Em 2010, foram 11.965, ante 12.097 informados em 2009. “A epidemia está estabilizada”, diz o diretor do Departamento de DST-Aids e Hepatites Virais do ministério, Dirceu Greco.

De acordo com o boletim, a Região Sul concentra a maior taxa de incidência de aids no País, com 28,8 casos por 100 mil habitantes. Em seguida vem a Região Norte e Sudeste, com 20,6 e 17,6. No Centro-Oeste, a taxa foi de 15,7 e no Nordeste, de 12,6.

Pois é. Aí vêm os “especialistas” com suas teorias: o governo diz que essa população teria crescido num período em que a aids já não é mais vista como sentença de morte.
Sem ter vivenciado os problemas do início da epidemia, o grupo teria “relaxado”. Pesquisa de 2010 do ministério já mostrava que jovens gays usavam menos camisinha que a população em geral; o “viadólogo” e presidente do Grupo Pela Vidda, Mário Scheffer, culpa a dificuldade do acesso a ações de prevenção e à testagem do HIV, principalmente por causa da homofobia, dizendo que “há centros que não estão abertos para esse público. Daí a necessidade de estratégias específicas”.

Tudo muito bonitinho e politicamente correto, pena que tudo errado. Na glamurização dos gays em todos os meios de comunicação, no prestígio cada vez maior que se dá às manifestações de massa de homossexuais e na importância dada às reivindicações que eles fazem, ninguém fala.
Esse status todo acaba proporcionando aos jovens gays uma falsa sensação de poder e de liberdade, que acaba gerando o aumento do número absoluto de relações sexuais e do número relativo das que são feitas sem preservativos.

Na verdade, hoje se dá muito pouca importância a uma divisão criada nos primórdios da AIDS: os grupos de risco. Não é porque os efeitos da doença tenham sido atenuados significativamente pela ciência que esses grupos vão deixar de existir.

A promiscuidade é a mãe da AIDS, e enquanto ela for incentivada, glamurizada e enfatizada como sendo natural, não há ciência que dê jeito.
Por Ricardo Froes

CORRUPÇÃO DEVE SER CRIME HEDIONDO

O Líder do PSDB, senador Alvaro Dias(PR), foi escolhido relator do Projeto de Lei 204/2011 do senador Pedro Taques, que transforma em crimes hediondos a concussão, a corrupção passiva e a corrupção ativa.

Hoje, na Comissão de Constituição e Justiça, Alvaro Dias cobrou urgência para votação da proposta: “Peço aos senadores para que esse projeto seja votado o mais rápido possível, porque a sociedade exigue uma resposta enérgica para tantos escândalos de corrupção no governo”, disse.

O projeto alltera o Código Penal para aumentar as penas mínimas previstas para o crime de corrupção, passando a ser de 4 anos de reclusão. “Não há nada mais sujo que a corrupção. A corrupção tem ocasionado falta de verba para a saúde, para a educação, para os presídios, para a sinalização e construção de estradas, para equipar e preparar a polícia. A corrupção mata ”, diz a justificativa do projeto.

(Postado por Cristiane Salles – assessoria de imprensa)

O TEMPO NÃO PÁRA



PSDB RESGATA PROPAGANDA DO PT E COLOCA RATOS NA TV PARA TRATAR DO ASSUNTO.

COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA RECOMENDA QUE DILMA DEMITA LUPI

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República recomendou, por
unanimidade, a presidente Dilma Rousseff a exonerar o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, alvo de denúncias de irregularidades na Pasta.


Segundo o presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence, a recomendação se dá por "explicações não satisfatórias" dadas por Lupi. Pertence também disse que Lupi deu respostas "inconvenientes" à própria Comissão, ao Congresso e à imprensa.

Além da recomendação, a Comissão também fez advertência a Lupi.
De acordo com Pertence, essa é a sanção que a Comissão pode aplicar ao ministro. Além da recomendação de demissão, a Comissão também fez advertência a Lupi.

Questionado se a presidente Dilma agora vai demitir o ministro do Trabalho, Pertence respondeu: "Aí, não é um problema da Comissão", disse ao final de reunião de rotina realizada nesta quarta-feria, 30, no Palácio do Planalto.

Sobre o ministro das Cidades, Mário Negromonte, também alvo de denúncias na pasta que comanda, não houve abertura de processo.

Tânia Monteiro, de O Estado de S.Paulo

IRREGULARIDADES NA AGRICULTURA MOSTRAM QUE A POPULARIDADE DE LULA FOI COMPRADA A PESO DE OURO


A natureza é sábia. Ele não passa de um Papai-Noel de Guaranhuns, com a missão de presentear a maior quadrilha de ladrões de todos os tempos em tempo integral. Movcc ucho.info

Irregularidades na Agricultura mostram que a popularidade de Lula foi comprada a peso de ouro

Radiografia completa
Na segunda-feira (29), os veículos de comunicação do País, como sempre fazem, dedicaram espaço ao noticiário político, com ênfase aos escândalos de corrupção que marcam o primeiro ano da era da neopetista Dilma Vana Rousseff.
Entre os imbróglios que mereceram destaque no primeiro dia da semana está o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), que detectou “falhas graves” em contratos do Ministério da Agricultura.

Quando foi apeado do cargo, depois de um sangramento político que durou semanas a fio, Wagner Rossi foi alvo de elogios por parte da presidente da República, que agiu dessa forma para não açoitar o PMDB, principal partido da base aliada do governo no Congresso Nacional.

As irregularidades detectadas pela CGU podem chegar à impressionante cifra de R$ 228 milhões, dinheiro que saiu do bolso do contribuinte diretamente para o cofre dos alarifes que há mais de cinco séculos dominam a cena política verde-loura.

A imprensa fez a sua parte ao noticiar o fato, mas errou enormemente ao deixar de comentar a órbita de mais um escândalo de corrupção.

O primeiro quesito a ser abordado é que nenhum partido político assume um ministério por competência ou dedicação incondicional à pátria. O faz, sim, por interesses financeiros, pois manter-se no poder custa caro e campanhas eleitorais não são baratas.
MOVCC

DILMA FICA DESOLADA QUANDO O GOVERNO PERDE UM CORRUPTO


O guerrilheiro aposentado José Dirceu não sabe distinguir o pente de uma Mauser de um pente Flamengo, e acha que o cão do Colt 45 é uma raça de cachorro. Mas faz quase 50 anos que atira na verdade sem jamais errar o alvo.
Vê pecadores em quem não tem culpa no cartório, absolve liminarmente bandidos de nascença, solta rajadas de mentiras com a perícia de um fuzileiro naval americano. Foi o que fez Dirceu neste fim de semana, na entrevista ao jornal espanhol El País.

Empunhando a metralhadora imaginária em defesa dos seis ministros desempregados por envolvimento em patifarias diversas, o trapalhão vocacional acabou disparando uma verdade de grosso calibre: “Dilma se viu obrigada, contra sua vontade, a prescindir de seus ministros”, constatou.
Todo 171 sabe reconhecer um colega de ofício. Uma faxineira de araque não engana um guerrilheiro de festim. E ambos sabem que uma dilma tem tanto apreço por códigos éticos quanto um dirceu.

O discurso de posse da presidente somou 3.612 palavras. As mais citadas foram “brasileiras” e “brasileiros” (17 vezes). “Corrupção” ficou numa só menção.
O falatório durou 40 minutos. Dilma precisou de 11 segundos e 21 palavras para liquidar a questão da roubalheira desavergonhada: “Serei rígida na defesa do interesse público. Não haverá compromisso com o desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente”.
Passados 11 meses, teve seis chances para mostrar ao país que fora sincera. Desperdiçou-as todas.


O vídeo de 2min39 editado pela repórter Fernanda Nascimento, do site de VEJA, é um documento tão penoso quando revelador.
Curto e contundente, começa e termina com o trecho do discurso de posse em que o combate à corrupção apareceu pela primeira e última vez num palavrório presidencial. A fantasia recitada em 11 segundos é destroçada por cenas que registram as despedidas de Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais e Orlando Silva. A sexta chance atirada ao lixo continua homiziada no Ministério do Trabalho.

Como admite Dirceu e o vídeo comprova, Dilma não demitiu ninguém. Depois de fazer o que pôde e o que não podia para livrá-los do castigo merecidíssimo, aceitou desolada o pedido de demissão que os pecadores redigiram depois de perdida a esperança de salvação.

Se pudesse, manteria por perto todos os parceiros que afrontaram o Brasil decente com o espetáculo da bandalheira impune.
No Palácio do Planalto, corrupção deixou de ser crime. É garantia do que os donos do poder chamam de “governabilidade”. É esse o novo nome da velha bandidagem sem perigo de cadeia.
Augusto Nunes

NOTA AO PÉ DO TEXTO

PARA ASSISTIR O VÍDEO, PROCURAR NO GOOGLE SOB O TÍTULO "DILMA FICA DESOLADA QUANDO O GOVERNO PERDE UM MINISTRO"

IMPOSTURA DEPLORÁVEL

Essa é a definição correta da caricatura que a ironia denomina “comissão da verdade”. São cínicos os seus mentores, pela desfaçatez com que pretendem maquinar veredictos a partir de um grupo comprometido.

Sob o pálio da ineficácia jurídica, ergue-se uma espada de Dâmocles sobre reputações respeitáveis, a quem deve a Nação a estabilidade política de que hoje desfruta.

O fantasma da calúnia, de triste inspiração nazista, ressuma no cenário de um País pacificado, como estratagema de um grupo de vingadores obstinados, dirigida aos que lhes frustraram o projeto de aqui implantar a tirania totalitária.

Decorrido quase meio século, esvaiu-se o bolchevismo soviético, evoluíram os costumes e aplacou-se a sociedade, mas persiste o ânimo vingativo dessa minoria sectária, insensível às lições da vida.

Alega-se politicamente necessária a investigação dos abusos da repressão e de seus responsáveis, a fim de “pacificar” a memória nacional. Como é possível fazê-lo, porém, sem a catarse dos fatos que lhes deram causa?

Prevarica a autoridade, em qualquer regime de governo, que admita a subversão da ordem no âmbito da sua competência, sem providências retificadoras.

Não existe argumento que justifique a violência, nem mesmo o idealismo do bem comum. A práxis leninista de que os fins justificam os meios não passa de sofisma hediondo.

Portanto, para ser crível, o levantamento dessa comissão merece começar pela identificação dos assaltantes, terroristas e assassinos políticos, em atenção às vítimas inocentes, suas viúvas e seus órfãos.

E, além disso, se a autoridade moral para atirar a primeira pedra é inerente ao que está sem pecado, não assiste o direito de revisar o passado a quem prodigalizou o “mensalão”, enriqueceu-se na função pública ou omitiu-se ante a corrupção de seus correligionários.

Reabrir uma ferida cicatrizada, sem a devida assepsia, pode disseminar infecção por todo o organismo.

Espera-se que o Congresso Nacional cumpra o seu dever de legitimar a vontade da maioria, atendendo às prioridades do povo e descartando as imposturas de grupos carbonários.

Gen Maynard Marques de Santa Rosa

CARTA CONTANDO A VERDADE

VAMOS MANDAR PARA A COMISSÃO DA VERDADE! HEITOR DE PAOLA ESTEVE PRESO NO 23º BC E FOI MUITO BEM TRATADO.

A VERDADE VEM APARECENDO COM A JORNALISTA MIRIAN MACEDO E REUNIR VENTURA.
GRUPO GUARARAPES
CARTA DE EX-COMUNISTA 13/11

Heitor de Paola

O texto abaixo é uma carta que mandei para um debatedor de outro grupo de discussão que me parece um democrata autêntico e sincero, mas submetido ao encantamento gramcista da moda. Tudo começou quando ele escreveu:
"Eu ainda prefiro a democracia petista do que os anos de chumbo da ditadura de 64". Apenas perguntei: "Você vivenciou os chamados "anos de chumbo" para poder afirmar isto"? E ele me respondeu que não precisava, pois nunca viveu em Cuba e pode dizer que não lhe serve.

Texto completo

Como eu já estava querendo escrever sobre isto, estou aproveitando para postar neste grupo também, onde alguém de fora há uns tempos se referiu aos "comunistas arrependidos" com desdém, se referindo a mim.

Caro R...

Sabe por que você nunca viveu em Cuba? Porque os militares, a pedido da população, abortaram a tentativa de fazer do Brasil uma Cuba, pelos mesmos que hoje, na "democracia petista", estão no poder e vão tentar de novo, podes ter certeza. A frase do Olavo de que "a democracia leva à ditadura" é o que talvez venhamos a experimentar em breve e são as verdadeiras intenções dos "democratas" Zé Dirceu, Genoíno et caterva.

Pois eu vivi intensamente aqueles anos, em 64 eu já estava no segundo ano da Faculdade, era Vice-Presidente do Centro Acadêmico e, obviamente, como qualquer babaca daquela época, de esquerda, da AP (a mesma do Serra). Estive foragido alguns dias e dois meses preso. Perdi um ano de estudos. E me desencantei. Com as esquerdas, não com os militares.

Em 68, inicio do ano, foi oficialmente lançada a "luta armada". Eu participei das reuniões com gente vinda de Cuba, não é mentira não, eles estavam aqui fornecendo dinheiro e armas tchecas para tornar o Brasil uma outra Cuba a serviço de Moscou, como a original. Não era nada de democratas em luta contra uma ditadura como hoje dizem: eram comunistas querendo instalar uma verdadeira ditadura totalitária!

Eu estudei os textos, meu chapa, não ouvi falar nem li em livrecos idiotas escritos por ex-seqüestradores. Sabe o que nos era indicado para ler? Mao Tse Tung, Ho Chi Min, Nguyen Vo Giap, Lenin, Che, Fidel e, como não podia faltar um francês, Régis Debray, o tal da "Revolução na Revolução".

Como descobri que eu era, autenticamente, um democrata - mas sem negar os riscos da democracia - pulei fora e acredite, meus "cumpanheiros democratas" me ameaçaram, a mim e à minha então namorada. Como eu sou um ávido leitor de livros policiais e de espionagem, inventei uma carta colocada no cofre de três advogados com todos os nomes e esquemas, para ser entregue no quartel mais próximo, caso algo ocorresse comigo ou com ela .... e me livrei das ameaças!

Eu frisei que isto ocorreu no início de 68 porque hoje é dito que a luta armada foi desencadeada contra o endurecimrnto da ditatura com o AI 5, quando foi justo o oposto: o AI 5 foi conseqüência do desencadeamento da luta armada! Você me diz, com toda a sapiência de historiador: "Heitor, história é história". E eu te respondo: história é um troço escrito por gente e, como tal, cada um puxa a brasa para a sua sardinha. Os reais vencedores de 64 foram os que escreveram estas mentiras que você, como tantos outros democratas sinceros, engole com facililidade!

Pois no Governo Castello Branco - que hoje reputo como o maior estadista brasileiro do Século XX (tenho engulhos quando ouço dizerem que este idiota pomposo do FHC é estadista!) - e também nos primeiros anos do Costa e Silva, o Brasil era uma efervescência cultural.

No teatro surgiram grupos como o Opinião que atacava publicamente o regime. A peça "Liberdade, Liberdade" era um libelo contra a "ditadura". Surgiu "O Pasquim" que ironizava os "milicos" e o Stanislaw Ponte Preta ( Sérgio Porto) com seu FEBEAPÁ (Festival de Besterias que Assola o País - como faz falta hoje em dia!) que não poupava ninguém. Juca Chaves, ácido crítico dos militares (sua modinha "Brasil já vai à guerra" devia irritá-los profundamente) cantava à vontade. Aliás, ainda em 70 (Governo Médici) ele dizia o que bem entendia no Circo Irmãos Sdruws, no Parque da Catacumba, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio - isto não é história, eu fui a três shows.

Ocorreram os Festivais da Canção, com as músicas antimilitaristas de Geraldo Vandré - hoje puxa-saco dos "milicos" da FAB - e as bobagens do Chico Buarque (até hoje não sei porque depois do AI 5 censuraram as músicas deste chato, só dando mais "charme" a elas).

O Caio Prado Jr, comunista de carteirinha, publicava em sua Editora o que bem queria, bem como a Ed Civilização Brasileira. A velha editora do PCB, a Editorial Vitória Ltda. editava e distribuía livros de Marx, Engels e Lenin. Sua sede ficava na antiga Rua das Marrecas (hoje voltou a se chamar assim), à época Rua Juan Pablo Duarte, Centro, Rio, num sobrado que tinha sido a sede do Partidão no Estado da Guanabara.

Isto, meu caro, não é história, fui à minha estante agora mesmo buscar um livro editado em 64 e que eu comprei livremente em livraria aberta, em 1970 (Médici): "A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", do Engelsdo de quem Marx era gigolô . Em 1971 comprei da Editora Saga, também de orientação comunista, "A História da Revolução Russa" de Leon Trotski, em 3 volumes de lombada vermelha, como sói!

Se você não me chamar de mentiroso, ou como fez com a A. e o P., levar no sarcasmo hostil, vê se abre a tua cachola para algo que não seja a "história oficial".

Houve sim uma guerra revolucionária em que ambos os lados mataram. Por que raios só os de um lado hoje recebem comendas, indenizações e aposentadorias milionárias, status de pobres vítimas; e os do outro são desmoralizados, suas corporações são sucateadas - como se mante-las fosse só do interesse deles e não da defesa nacional, cáspite! - tem seus soldos achatados e suas aposentadorias ameaçadas de serem tungadas para sobrar dinheiro para o BNDES mandar para a Venezuela?

Adiantando-me a algumas idiotices que já ouvi: não, meu caro, não sou puxa-saco de milicos nem o Olavo de Carvalho é meu gurú. Estou numa situação curiosa na qual a tchurma da esquerda me chama disto aí e os nacionalistas de direita me chamam de entreguista porque não concordo com o antiamericanismo obssessivo reinante. Incrível, não?

Para terminar, um pouco só de teoria histórica.

Hanna Arendt - que já não deve ser lida, sequer conhecida dos modernos "historiadores" - fez uma diferenciação entre regimes autoritários e totalitários que as esquerdas execram, pois põe a nú suas mentiras. Os primeiros são regimes como o de 64 em que alguns são perseguidos, mas não se impões o pensamento único.
Tanto que a esquerda venceu no terreno "intelectual" (sic). Os outros, são aqueles em que se impõe o pensamento único do qual não pode haver a mínima discordância senão, paredón! Nos primeiros a imprensa é censurada, o que ocorreu aqui, nos segundos a imprensa é totalmente destruída só sobrando o órgão do Partido condutor das massas - seja o Pravda, o Granma, o Vöelkischer Beobachter ou o Popolo d'Italia.

Leia algo mais dos que as cartilhas oficiais que você só tem a se beneficiar.

Atenciosamente, Heitor

O MARANHÃO ACORDOU!!! CANSOU DO ESBULHO!!! ABAIXO A SARNEYLÂNDIA!!! QUE VOLTE O MARANHÃO!!!

Com gritos de “Ôh Roseana os maranhenses vão desempregar você” manifestantes exigem renúncia de Roseana.


O primeiro ato do movimento denominado ‘Primavera Maranhense’ ficará para a história do Maranhão. Num vibrante e emocionante protesto, estudantes, jovens, líderes sindicais e membros de movimentos sociais realizaram, na tarde desta terça-feira (29), um grande ato na Assembleia Legislativa pedindo a saída de Roseana Sarney do comando do governo do Estado.

Depois de se concentraram na entrada da Assembleia, por volta das 16h uma multidão de pessoas seguiram em caminhada proferindo gritos de ordem como “Ôh Roseana pode tremer, os maranhenses vão desempregar você”, “Sarney, ladrão, devolve o Maranhão” e subiram a rampa até chegarem na frente das dependências da Casa. Lá, foram recebidos com muita festa por policiais e bombeiros em greve que abriram um corredor para recebê-los.


De caras pintadas, vestindo camisas e empunhando faixas, cartazes e bandeiras onde se lia explicitamente “Fora Roseana”, juventude e militares entoaram palavras de ordem contra o domínio da família Sarney no Maranhão e pediram o impeachment de Roseana Sarney. Na oportunidade foi lido um manifesto ao povo do Maranhão e cantado o hino nacional.


Com discursos inflamados, todos foram unânimes em exigir a renúncia da governadora do cargo, em razão da administração caótica e inoperante da filha do senador José Sarney.

“Roseana que comece a fazer seu currículo porque nós vamos demitir ela do governo”, afirmou um manifestante. “Por estar vendo policiais de mais aqui nem sei pra quem eu peço para que faça a prisão de Roseana”, asseverou outro, mais exaltado. Uma militante de esquerda disse que com o surgimento da ‘Primavera Maranhense’ era hora de mandar a família Sarney para a “p… que p….”. Ao final, num clima de muita união todos se confraternizaram.

30/11/2011
John Cutrim

Veja abaixo algumas fotos do movimento, registradas por Sáride Maíta.



O BRASIL REAL

A pesquisa “Doing Business”, do Banco Mundial, é o retrato do Brasil real que o poder público teima em esconder por debaixo do tapete. Um país burocrático, cheio de regras anacrônicas, taxas abusivas e legislações inúteis, que só faz dificultar aos que desejam se tornar empreendedores.

O ambiente de negócios do país, com seus vários obstáculos legais e burocráticos, é um convite à ilegalidade, totalmente refratário aos pequenos e médios negócios, um importante gerador de empregos, como bem se observa em países como a Itália. Pesquisas variadas afirmam que montar uma empresa no país é mais do que uma aventura, é um ato de extrema coragem. De mil empresas abertas, pouquíssimas sobrevivem.

Muitos irão contra-argumentar que o país já evoluiu muito nos últimos anos. Sim, até evoluímos, mas estamos ainda muito aquém de algo que seja considerado aceitável ou digno. Estamos entre os piores Brics, só melhores do que a Índia, um país reconhecidamente burocrático.

Alguém com lucidez e o mínimo, estou dizendo, o mínimo de bom senso, acharia o Brasil um país atraente para montar negócios? No geral estamos na 126ª posição. Para as Polyanas de plantão estamos muito bem. Pois é, vejamos os dados da pesquisa “Doing Business”.

A segunda melhor colocação por área obtida pelo país no estudo foi a relativa a investidores, na qual o Brasil ocupa a 79º posição. Já a pior ficou com arrecadação de impostos, com o Brasil ocupando o 150º lugar.

No indicador obtenção de eletricidade, o país obteve desempenho de destaque, ocupando a 51º posição. Mas mesmo nos quesitos em que o Brasil mais se destaca, como no indicador de força dos direitos legais, seu desempenho ainda precisa ser melhorado, e muito!

Na obtenção de crédito, por exemplo, as agências de crédito têm sido permitidas a coletar e compartilhar informações positivas. Apesar desses avanços, o país ainda está atrás de várias economias latino-americanas e entre os Brics é o segundo pior colocado.

Na montagem de um negócio, estamos em 120º posição. São 130 procedimentos para abrir uma empresa (PJ), sendo necessários 119 dias, com custo de 5,9% da renda per capita;

Para obter uma permissão para a construção de edificações o Brasil se encontra na 127º posição, sendo necessários 469 dias e custo de 402% da renda per capita.

No pagamento de taxas, estamos na 150º posição. É uma carga fiscal de quase 40% do PIB por ano, absorvendo 2.600 horas por ano, com a taxação chegando a 67% do lucro.

Quer mais? Chega, já é o suficiente.

Em síntese, vivemos num país em que o cipoal de impostos e burocracias inibe qualquer iniciativa mais arriscada na montagem de um negócio. Keynes diria que o espírito do capitalismo estaria muito no chamado animal spirits dos empresários em empreender e criar oportunidades para novos negócios. Na certa, Keynes, quando disse isso, não conhecia o ambiente de negócios por essas plagas, caso conhecesse, na certa, reveria seus conceitos.

Julio Hegedus Netto, 30 de novembro de 2011

VALE A PENA LER DE NOVO: A FACE DO PODER


José Ribamar Ferreira de Araújo Costa é a mais perfeita tradução do oligarca brasileiro. Começou jovem na política, conduzido pelo pai. Aos 35 anos resolveu mudar de nome. Tinha acabado de ser eleito governador do seu estado.
Foi rebatizado por desejo próprio. Alterou tudo: até o sobrenome. Virou, da noite para o dia, José Sarnei Costa. O Costa logo foi esquecido e o Sarnei, já nos anos 80, ganhou um “y” no lugar do “i”. Dava um ar de certa nobreza.

Na história republicana, não há personagem que se aproxime do seu perfil. Muitos tiveram poder. Pinheiro Machado, na I República, durante uma década, foi considerado o fazedor de presidentes. Contudo, tinha restrita influência na política do seu estado, o Rio Grande do Sul. E não teve na administração federal ministros da sua cota pessoal. Durante o populismo, as grandes lideranças lutavam para deter o Poder Executivo.
Os mais conhecidos (Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Leonel Brizola, entre outros), mesmo quando eleitos para o Congresso Nacional, pouco se interessavam pela rotina legislativa. Assim como não exigiram ministérios, nem a nomeação de parentes e apaniguados.

Mas com José Ribamar Costa, hoje conhecido como José Sarney, tudo foi – e é – muito diferente. Usou o poder central para apresar o “seu” Maranhão. E o fez desde os anos 1960.

Apoiou o golpe de 1964, mesmo tendo apoiado até a última hora o presidente deposto. Em 1965, foi eleito governador e, em 1970, escolhido senador. Durante o regime militar priorizou seus interesses paroquiais. Nunca se manifestou contra as graves violações aos direitos humanos, assim como sobre a implacável censura. Foi um senador “do sim”.

Obediente, servil. Presidiu o PDS e lutou contra as diretas já. No dia seguinte à derrota da Emenda Dante de Oliveira – basta consultar os jornais da época – enviou um telegrama de felicitações ao deputado Paulo Maluf – que articulava sua candidatura à sucessão do general Figueiredo – saudando o fracasso do restabelecimento das eleições diretas para presidente.

Meses depois, foi imposto pela Frente Liberal como o candidato a vice-presidente na chapa da Aliança Democrática. Tancredo Neves recebeu com desagrado a indicação. Lembrava que, em 1983, em fevereiro, quando se despediu do Senado para assumir o governo de Minas Gerais, no pronunciamento que fez naquela Casa, o único senador que o criticou foi justamente Ribamar Costa. Mas teve de engolir a imposição, pois sem os votos dos dissidentes não teria condições de vencer no Colégio Eleitoral.

Em abril de 1985, o destino pregou mais uma das suas peças: Tancredo morreu. A Presidência caiu no colo de Ribamar Costa. Foram cinco longos anos. Conduziu pessimamente a transição.
Teve medo de enfrentar as mazelas do regime militar – também pudera: era parte daquele passado. Rompeu o acordo de permanecer 4 anos na Presidência. Coagiu – com a entrega de centenas de concessões de emissoras de rádio e televisão – os constituintes para obter mais um ano de mandato. Implantou três planos de estabilização: todos fracassados. Desorganizou a economia do país. Entregou o governo com uma inflação mensal (é mensal mesmo, leitor), em março de 1990, de 84%. Em 1989, a inflação anual foi de 1.782%. Isso mesmo: 1.782%!

A impopularidade do presidente tinha alcançado tal patamar que nenhum dos candidatos na eleição de 1989 – e foram 22 – quis ter o seu apoio. O esporte nacional era atacar Ribamar Costa.
Temendo eventuais processos, buscou a imunidade parlamentar. Candidatou-se ao Senado. Mas tinha um problema: pelo Maranhão dificilmente seria eleito. Acabou escolhendo um estado recém-criado: o Amapá. Lá, eram 3 vagas em jogo – no Maranhão, era somente uma. Não tinha qualquer ligação com o novo estado.

Era puro oportunismo. Rasgou a lei que determina que o representante estadual no Senado tenha residência no estado. Todo mundo sabe que ele mora em São Luís e não em Macapá. E dá para contar nos dedos de uma das mãos suas visitas ao estado que “representa”. O endereço do registro da candidatura é fictício? É um caso de falsidade ideológica? Por que será que o TRE do Amapá não abre uma sindicância (um processo ou algo que o valha) sobre o “domicílio eleitoral” do senador?

Espertamente, desde 2002, estabeleceu estreita aliança com Lula. Nunca teve tanto poder. Passou a mandar mais do que na época que foi presidente. Chegou até a anular a eleição do seu adversário (Jackson Lago) para o governo do Maranhão.

Indicou ministros, pressionou funcionários, fez o que quis. Recentemente, elegeu-se duas vezes para a presidência do Senado.
Suas gestões foram marcadas por acusações de corrupção, filhotismo e empreguismo desenfreado. Ficaram famosos os atos secretos, repletos de imoralidade administrativa.

O mais fantástico é que em meio século de vida pública não é possível identificar uma realização, uma importante ação, nada, absolutamente nada. O seu grande “feito” foi ter transformado o Maranhão no estado mais pobre do país. Os indicadores sociais são péssimos.

Os municípios lideram a lista dos piores IDHs do Brasil. Esta é a verdadeira face do poder de Ribamar Costa.
Como em uma ópera-bufa, agora resolveu maquiar a sua imagem. Patrocinou, com dinheiro público, uma pesquisa para saber como anda seu prestígio político. Não, senador. Faça outra pesquisa, muito mais barata. Caminhe sozinho, sem os seus truculentos guarda-costas, por uma rua central do Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília. E verá como anda sua popularidade. Tem coragem?

Marco Antonio Villa
O Globo,30 de novembro de 2011

LEANDRO NARLOCH CONVERSA COM JÔ SOARES

ENTREVISTA COM O POLÊMICO ESCRITOR LEANDRO NARLOCH - GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA HISTÓRIA DO BRASIL

ALESSANDRO MOLON SE REBELA CONTRA A CÚPULA DO PT

Molon se rebela contra a cúpula do PT, que tenta manter o incompetente Eduardo Paes na prefeitura do Rio.

Fala-se muito em reforma política, porém nada se faz. Os parlamentares fingem se interessar pelo importante tema, mas acabam deixando tudo como está. Na Tribuna da Imprensa e aqui no Blog, Helio Fernandes sempre defendeu uma tese admirável, dizendo que os partidos deveriam ser obrigados a apresentar candidatos aos cargos majoritários, fazendo coligações apenas no segundo turno.

Se essa sugestão fosse adotada, no último fim de semana não teríamos visto aqui no Rio de Janeiro o prefeito Eduardo Paes e o ministro da Pesca, Luiz Sérgio, presidente do PT fluminense, tentarem promover um ato para dar como fato consumado o apoio dos petistas à reeleição do prefeito em 2012.

Num cenário armado no histórico auditório da Associação Brasileira de Imprensa, com a participação do presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, as cúpulas dos dois partidos queriam cravar, no evento, a indicação do vereador Adilson Pires, líder do governo Paes na Câmara, como vice na chapa da reeleição.

Confiante na armação, na véspera Pires até postou no twitter a seguinte mensagem: “PT-RJ vai confirmar em reunião amanhã meu nome como vice na chapa de Eduardo Paes, que concorrerá à reeleição em 2012”.

Mas acontece que o deputado federal Alessandro Molon, do PT, compareceu à ABI, foi chamado para compor a mesa e aproveitou para implodir o suposto acordo.
Num pronunciamento inflamado, Molon disse que não reconhecia aquele ato nem a indicação de Pires, assinalando que a militância petista deveria ser ouvida sobre esse fato inédito: uma aliança que deixaria o PT sem candidato próprio a prefeito do Rio.

“Ao contrário do que o Picciani disse em entrevista ao site do IG, o PT tem sim lideranças fortes para a disputa e não precisa ser burro de carga do PMDB. O projeto do PMDB do Rio é fazer do PT um partido subalterno para tentar se manter no poder até2022” – disse Molon após o evento na ABI, acrescentando: “A cúpula do PT do Rio tem uma visão menor nessa disputa, não a visão de cidade que o eleitor espera do PT. Quer o caminho mais fácil para se manter no poder e não o melhor caminho para o Rio”.

Traduzindo: nem tudo está perdido, porque Molon é um dos melhores quadros do PT e seria uma grande candidato a prefeito do Rio. Mas o grande problema dele é a cúpula do PT.
Se Lula atender a dupla Sergio Cabral/Eduardo Paes e mandar o partido fazer acordo, teremos de aturar esse prefeito incompetente por mais quatro anos, infernizando a vida dos cariocas.
Carlos Newton

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Isso aí é briga de cachorro grande! PiTbull enfrentando pastor alemão... O bom dessas brigas é o denuncismo que sempre comparece no palanque!
Pagar pra ver! O espetáculo é divertido! Essa história de "caminho mais fácil para se manter no poder" já está parecendo até ladainha. Se algum partido fez mais por isso foi o PT. E quanto a "não ser o melhor caminho para o Rio", isso o PT tem mostrado numa escala bem maior, que é o Brasil petista da corrupção... Aliado, é claro, a 'base fisiológica' do PMDB.
Óbvio que pode até ser que Alessandro Molon seja um quadro melhor do que a dupla Cabral/Paes, o que não significa nada; mas a depender de Lula, certamente que Molon poderá descansar em paz, pois que Lula não estará disposto a perder o apoio de Cabral no Rio. Uma questão prática de olho no futuro... deles! Daí, imolam Molon...
Difícil é escolher a direção que as placas indicam, quando a encruzilhada leva, seja qual for escolha que se fizer da direção, a caminhos esburacados e cheios de lama.
m.americo

LÍDER DO GOVERNO ABRE O JOGO SOBRE OS FUNCIONÁRIOS-FANTASMAS DA CÂMARA: LUPI É IGUAL AOS OUTROS.

Líder do governo abre o jogo sobre os funcionários-fantasmas da Câmara: Lupi é igual aos outros
Jorgina Gonçalves


Para defender o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que foi funcionário-fantasma da Câmara por seis anos, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), fez uma patética confissão: disse que a maioria dos funcionários dos deputados “jamais pisou” na Câmara.
Como se sabe ocupava um CNE (Cargo de Natureza Especial), e pelas regras da Câmara, ocupantes dessas vagas precisam trabalhar nos gabinetes em Brasília.

Dessa forma, sem aparecer na Câmara, Lupi recebeu entre 2000 e 2006 o maior salário pago a um assessor técnico na liderança do PDT na Câmara, enquanto cumpria apenas atividades partidárias e morava no Rio de Janeiro. Isso contraria as normas da Casa.

Vários jornais ouviram assessores, deputados e ex-parlamentares do PDT, e funcionários do partido em Brasília, que pediram para não ser identificados, e todos confirmaram que Lupi não aparecia no gabinete da Câmara e se dedicava exclusivamente a tarefas partidárias.

Detalhe:
Vaccarezza está mais do que à vontade para defender Lupi, porque, de abril até novembro de 1996, quando ocupava o posto de secretário-geral do PT, o hoje líder do governo foi funcionário-fantasma da Câmara Municipal de São Paulo, lotado no gabinete do vereador malufista Brasil Vita, então no PPB.
E Vaccarezza só deixou o cargo após a imprensa revelar o caso. Médico da prefeitura, o hoje líder se negava a trabalhar no PAS (Plano de Atendimento à Saúde), criado por Paulo Maluf. Mas, num acordo inusitado, foi comissionado no gabinete de um malufista e só ia lá para assinar o ponto, vejam a que ponto chegamos.

NOTA AO PÉ DO TEXTO

"Vacarezza disse que a maioria dos funcionários dos deputados “jamais pisou” na Câmara."

Até o Vaccarezza? Ah! Então está explicado... Lupi era igual a todos os outros fantasmas! O que significa isso?
Primeiramente que Lupi não gozava de nenhuma excessão que o beneficiasse. Compartilhava com os demais o direito de uma sessão espírita funcional. Sem privilégios. Agora, considerando o fato de que recebia o maior salário pago a um aspone técnico, também não significa que estivesse abusando de influências, mas tão somente por ser portador de virtudes inegáveis, que vem comprovando com a mais absoluta transparência: persistência, determinação - também entendidas como "casco duro", no eufemismo 'luliano', que se encontra no dicionário político petista.

Então, essa história que a imprensa golpista quer colar no Lupi, não cola! Ele não abusou e nem usou de regalias e favores, já que algumas centenas de outros fantasmas também andaram assombrando o casarão. Não foi ele o único, o que o faz vítima exclusiva desses denuncistas de meia tijela!
O que diria o macaco Sócrates, diante de tamanha injustiça?

- Só eu?! Cadê os outros?

A lógica é simples, basta que a imprensa golpista se dispa desses preconceitos de achar fantasmas em todo lugar, e veja que nada há de mais num chefe partidário, com mil cuidados no exercício do mais alto cargo do Partido, tenha recebido uns trocados de R$ 12 mil pilas, um pequeno complemento em sua renda, que não fará falta alguma no erário público. Ou essa imprensa quer ele tenha o dom da ubiqüidade?!



Até porque, sendo um fantasma mais ajuda do que se estivesse de corpo presente, amealhando comissões e assombrando os espoliados! Não creio que o "golpismo" deva achar motivos para desencadear um escândalo que compromete a ética do honesto parlamentar, a ponto de despertar a ira discursiva de outro fantasma!

Quanto as comissões das centenas de sindicatos, e outras 'cositas más', cá entre nós, é tudo mentira desses caluniadores inconformados por não serem ministro e não poderem passar um batonzinho na boquinha...
Basta ver, por exemplo, que continua 'sobranceiro e fornido' no exercício do ministério.
Se a imprensa golpista quer achar fantasmas, que vá ver filmes de terror na TV a cabo!!! Ora bolas!!! E deixem em paz, quem não incomoda os que querem trabalhar em causa própria! Qualquer dúvida, perguntem ao Sarney!
m.americo


A HISTÓRIA DO GRANDE RACIONAMENTO DE PALAVRAS

Um dia disse Nosso Senhor a sua mulher:

- Ouve, Elvira, é algo absolutamente incrível o que os homens falam e falam sem
parar. Acho que a situação piorou nos últimos tempos com tagarelices cada vez mais sem sentido. Para alguém como eu que tudo vê e tudo ouve, devo confessar que isso se torna um pouco irritante.

- Não seja idiota, Karl-Ragnar - disse a mulher de Nosso Senhor -. Uma conversinha de quando em quando, podes muito bem permitir aos pobres coitados.

- Besteiras aqui, besteiras lá, besteiras por todo lado - disse Nosso Senhor - mas
agora vou terminar com este eterno blá-blá-bá. Acho que vou racionar um pouco as palavras.

- Então faz o favor de te limitar aos teus homens - atalhou a mulher de Nosso Senhor -. Não te mete com minhas colegas, lembra-te bem disto.

- Não vamos brigar por uma coisinha destas - disse Nosso Senhor, conciliante -. Se todos os homens se tornam um pouco mais silenciosos, a coisa já melhora.

Nosso Senhor sentou-se e pensou: "Não será agora que vou ser parcimonioso, mas, pelo contrário, fartamente generoso. Vou dar-lhes dez mil palavras por dia, isto certamente lhes será suficiente.

Vejamos... isto dá três milhões e seiscentas e cinqüenta mil palavras ao ano... acho que posso deixar de lado um acréscimo extra para os anos bissextos, este dia eles podem muito bem calar a boca em nome da paz... e assim em 78 anos teremos... bem, se ofereço a cada um cem milhões de palavras, contadas desde o nascimento, eles têm em todo caso uma boa margem para conversa fiada".

Nosso Senhor expediu uma circular com este conteúdo a todos os seres humanos do sexo masculino. Comunicava ainda que cada ocasião que alguém ultrapassasse a cifra exata de um milhão de palavras, soaria uma pequena campainha no ouvido do próprio. E quando a provisão de palavras estivesse quase esgotada e restassem apenas dez palavras, a campainha emitiria sinais curtos durante um minuto.

Nosso Senhor calculara certo, como sempre. A consciência de que a provisão de palavras era racionada fez com que muitos dos mais loquazes senhores na terra se pusessem a pensar um pouco mais cada vez que soava a campainha. Talvez eu tenha falado demais, pensavam. Talvez eu deva pensar um pouco mais e falar um pouco menos.

E assim pensavam um pouco antes de continuar a falar. Para suas alegrias, observaram que suas conversas dali por diante se tornaram mais coerentes e interessantes de serem ouvidas, e tiveram grande sucesso na vida graças à sábia decisão de Nosso Senhor. Até aqui, apenas três pessoas deram cabo de suas cem milhões de palavras.

O primeiro foi um sacerdote que durante muitos anos de serviço desfiava as escrituras em tão longas prédicas que a campainha lhe tilintava freqüentemente no ouvido. Ele no entanto não se preocupava muito com aqueles avisos da campainha, pois achava que na condição de servidor de Nosso Senhor, certamente teria direito a uma reserva extra de palavras caso sua quota chegasse ao fim.

Um dia, justo quando havia começado sua prédica dominical, ouviu os curtos e insistentes sinais que significavam que agora ele tinha apenas dez palavras. Mas nem ligou para isso. "O chefe certamente me fornecerá um acréscimo extra, bom como ele é", pensou despreocupadamente.

Encontrava-se em meio a um raciocínio que começara com a caminhada de Jesus sobre as águas e continuava com uma comparação entre o passeio divino e o comportamento ímpio que dão prova muitos escravos do pecado em nossos tempos dissolutos ao banharem-se embriagados e nus, à noite, nos chafarizes em frente a nossos museus e instituições de cultura. E continuou como se nada tivesse acontecido em seus ouvidos:

- Objetará então o pecador: não é pecado gozar a vida.

Um silêncio divino inundou a igreja. Os paroquianos despertaram surpresos de suas semi-sonolências. Terminaria a prédica com estas palavras? Sim, pelo jeito, pois o pastor mantinha o rosto entre as mãos e nada mais dizia. Após alguns instantes, um órgão perplexo começou a soar.

Naquele dia todos chegaram alegres da missa em bom tempo para escutar programas da velha guarda, fortalecidos na alma pelas palavras finais do pastor que diziam não ser pecado gozar a vida.

- Foi uma prédica extraordinariamente linda - diziam os paroquianos um para o outro, e ninguém entendeu porque depois daquele domingo o pastor foi conduzido para um silencioso serviço na secretaria da paróquia.

O segundo pela ordem a ser atingido pelo racionamento de palavras foi um relações-públicas do ramo de detergentes.

Sua profissão consistia em ser excepcionalmente gentil, da manhã à noite, e em especial durante o almoço e a janta, com todas as pessoas que sua firma entrava em contato.

Então vocês podem imaginar que o relações-públicas conhecia todas as histórias engraçadas sobre detergentes que existiam e mais algumas ainda, e além disso dominava a arte de sorrir todo o tempo com seus dentes alvíssimos enquanto falava, de forma que as pessoas ficavam loucas por ele e por seus detergentes.

- Cada vez que eu abro a boca, um par de meias é jogado em nosso detergente em
alguma parte do mundo - costumava dizer com seu sorriso irresistível e, como isto havia sido calculado pelo departamento de estatística de sua firma, era indubitavelmente verdade.

Para um tal relações-públicas, a campainha evidentemente soava com freqüência. Após cada sinal ele ficava algo pensativo e naquele dia não tomava nenhum Dry Martini, pois Dry Martini lhe soltava de tal modo a língua que lindas palavras e lindos slogans lhe fluíam da boca sorridente como um lindo rio onde as associações de donas-de-casa e revendedores se afogavam prazerosamente.

Quando soaram os últimos e repetidos sinais curtos em seus ouvidos ele estava almoçando, por custa de sua firma, com uma delegação do Instituto de Pesquisas Domésticas. Já havia tomado seu Dry Martini aquele dia, e antes de perceber exatamente que soara o último sinal, deixou escapar:

- Apanhem o detergente que quiserem e comparem-no ao nosso.

Então controlou-se. Por Deus, a campainha das dez palavras. E nove já haviam sido ditas! Uma única palavra, pensou ele, uma única!

Enfiou a mão no elegante bolso de seu casaco e apanhou um pacotinho com o deteergente de sua firma, que sempre carregava consigo. Despejou uma dose mortal do detergente em sua taça de vinho, ergueu com seu sorriso alvíssimo a taça ante os encantados delegados do Instituto de Pesquisas Domésticas e disse:

- Delicioso.

Bebeu e caiu, elegantemente morto. Pois um relações-públicas não pode viver sem a possibilidade de dizer sem cessar coisas lindas.

Naturalmente agora vocês se perguntam quem foi o terceiro homem a dar cabo de suas cem milhões de palavras. Pois bem, vou dizer-lhes, foi um político.

Ele desenrolava textos e conversava fiado e lançava acusações e sofismava e esbravejava tanto que antes mesmo de ter chegado aos cinqüenta a campainha já havia soado em seus ouvidos noventa e nove vezes. E agora se aproximavam as eleições e nosso político sentou-se em uma mesa em companhia de seus adversários e de um apresentador, para um debate na TV.

O político do qual falo olhava fixamente para a câmara e disse no seu minuciosamente ocupado espaço onze mil quinhentas e sessenta e três palavras, entre as quais podemos escolher, ao azar: segurança, todos, aposentadoria, vocês mentem, padrão de vida, conspiração, eleitores querem saber, aposentadoria, besteiras, 1956, orçamento, homens do povo, grupos de baixo salário, confiança e aposentadoria.

Ao chegar ao apelo final soaram os pequenos sinais curtos nos ouvidos daquele político. Ficou tão estupefato que disse espontaneamente a todo mundo:

- Já disse tantas bobagens que agora eu calo a boca.

Graças a este apelo final aquele político foi escolhido para ministro e governou por muitos anos.

Como não podia mais dedicar-se a cacetear os eleitores com conversa fiada, dispunha então do dia inteiro para pensar um pouco e executar uma série de medidas, de modo que se tornou um dos melhores ministro de Estado que este país teve, como consta nos Anais do Partido. E se não estivesse morto, estaria governando ainda.

Enquanto vocês lêem isto, Nosso Senhor fez um levantamento para sua mulher do resultado de seu grande racionamento de palavras.

Podes notar que tudo ficou significativamente mais silencioso agora, Elvira - disse ele.

Seria agora o caso de pensarmos em estender as determinações de racionamento inclusive ao campo das mulheres, não achas? Hás de convir, tu que falas a todo instante de emancipação e dessa papagaiada toda. (Lá no fundo, Nosso Senhor pensou que seria melhor se inclusive sua mulher fosse submetida ao racionamento, mas evidentemente nem tocou no assunto).

- Emancipação aqui, emancipação acolá - disse a mulher de Nosso Senhor -. Mas um racionamento desses para mulheres tu só vais estabelecer em cima de meu cadáver, Karl-Ragnar.

E o fato é que a mulher de Nosso Senhor nunca morre. Esta é a sorte de vocês, adoráveis tagarelas.

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Conheci Tage Danielsson (1928-1985) em Estocolmo, em 1982, quando visitei a Suécia a convite do Ministério de Relações Exteriores sueco. Jovial e sempre irônico, me recebeu com fidalguia em sua casa.

Danielsson foi um dos mais importantes escritores suecos do século passado, dividindo sua criatividade entre a literatura e o cinema. Crítico mordaz de sua própria sociedade, a Suécia cosmopolita e superdesenvolvida, seus contos continuando ecoando no mundo contemporâneo.

O conto traduzido pertence à coletânea Estórias para crianças de mais de 18 anos.

Conto de Tage Danielsson
Tradução do sueco de Janer Cristaldo

PSDB QUER QUE GILBERTO CARVALHO SE EXPLIQUE À CÂMARA

O PSDB pediu nesta terça-feira a convocação do secretário-geral da Presidência, o ministro Gilberto Carvalho, para falar à Câmara dos Deputados sobre o escândalo de corrupção no Ministério do Trabalho. A mais recente edição de VEJA traz o depoimento do sindicalista Irmar Batista, vítima de extorsão dentro da pasta.
Depois que subordinados de Carlos Lupi pediram 1 milhão de reais para regularizar o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sirvesp), Irmar enviou correspondências à presidente Dilma Rousseff e a Gilberto Carvalho, mas nada foi feito.

O requerimento foi apresentado à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle e só tem chances de ser aprovado se a base aliada aceitar a ida de Carvalho à Casa. “Diante da gravidade dos fatos, da omissão da Presidência da República e da informação de que o Ministro Gilberto Carvalho teria sido previamente alertado sobre as denúncias, urge convocar o referido ministro para que preste esclarecimento sobre as denúncias acima referidas”, argumentam os tucanos no pedido.

Também nesta terça-feira, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira, apresentou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um complemento a uma representação contra Lupi e outras duas pessoas: o coordenador-geral de Qualificação do Trabalho, Anderson Alexandre dos Santos, e o ex-chefe de gabinete do ministro, Marcelo Panella.

Os tucanos já havia apresentado à PGR um pedido semelhante quando VEJA mostrou as primeiras revelações sobre o esquema de cobrança de propina dentro do ministério: “É preciso considerar que não se trata de um fato isolado”, afirma diz Duarte Nogueira na nova representação. “Tem-se situação em muitos aspectos semelhante àquela que motivou o oferecimento de representação anterior, contra os mesmos funcionários”.

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:

OS COMUNISTAS NA CHEFIA

Artigos - Desinformação

A mídia alternativa nunca foi um refúgio de excluídos e marginalizados: foi um pseudópodo lançado pela esquerda dominante desde a chefia dos grandes jornais, um instrumento auxiliar na longa luta dos comunistas brasileiros pelo domínio monopolístico dos canais de informação.

Ainda a propósito da chamada "imprensa nanica" dos tempos da ditadura, duas notas:

1) Tão logo publicados os meus artigos sobre o assunto, a leitora Míriam Macedo teve a gentileza de me enviar uma cópia da tese "Preparados, leais e disciplinados: os jornalistas comunistas e a adaptação do modelo de jornalismo americano ao Brasil" (2007), dos pesquisadores Afonso de Albuquerque e Marco Antonio Roxo da Silva, ambos da Universidade Federal Fluminense (http://www.compos.org.br/files/22ecompos09_Albuquerque_Silva.pdf).

A tese confirma integralmente o que eu disse: nunca houve uma fronteira nítida, muito menos um abismo de diferença entre a "grande mídia" e a "imprensa alternativa" no período militar.

A esquerda tinha poder de mando numa como na outra.

Numa revisão de praticamente toda a bibliografia publicada a respeito, os autores concluem: "Os comunistas tiveram uma presença significativa nos jornais desse período, tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo (cargos de chefia)." E não se tratava apenas de infiltrados individuais: o PCB atuava ali organizadamente, como centro de comando subterrâneo embutido na hierarquia formal das redações.

A mídia alternativa nunca foi um refúgio de excluídos e marginalizados: foi um pseudópodo lançado pela esquerda dominante desde a chefia dos grandes jornais, um instrumento auxiliar na longa luta dos comunistas brasileiros pelo domínio monopolístico dos canais de informação, luta que hoje vai alcançando o seu ponto culminante como projeto fatídico do "Marco Regulatório das Comunicações", que virtualmente submeterá ao governo petista o controle das informações circulantes no País.

A História, para os comunistas, nunca foi apenas um estudo erudito, mas um instrumento de ação política. A auto-idealização sentimental do velho jornalismo de esquerda não é, portanto, uma simples falsificação do passado: é a preparação do futuro império da falsidade.

2) Não imaginem que, ao escrever meus dois artigos a respeito, eu tenha examinado as narrativas dos porta-vozes da velha "mídia alternativa" com malevolência de crítico azedo.
Faltava-me qualquer motivo para isso, no mínimo porque fui eu mesmo um personagem daquela história, tendo colaborado com vários órgãos da imprensa então dita "nanica" e participado até mesmo do lance mais decisivo da série, cantado em prosa e verso nos longos depoimentos de Audálio Dantas, José Hamilton Ribeiro e Fernando Pacheco Jordão ao documentário do Instituto Vladimir Herzog.

Refiro-me à edição do célebre número 4 do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que denunciou pioneiramente o assassinato de Herzog e acabou por desencadear uma onda nacional de protestos contra o regime.

A juventude dessas criaturas foi a minha. A diferença entre nós é que, ao chegar à maturidade, reexaminei minha vida com senso crítico em vez de me deixar estagnar na deleitação caquética de um mito corporativo, para não dizer de uma mentira deliberada, consciente, maquiavélica.

Uma coisa que compreendi, e que essa gente não parece ter compreendido até hoje, é que nenhum ódio que tivéssemos ao regime autoritário brasileiro, por mais legítimo que fosse, poderia jamais justificar a cumplicidade da nossa geração de jornalistas com as ditaduras genocidas da URSS, da China, da Hungria, da Alemanha Oriental, do Vietnã, do Camboja, da Coreia ou de Cuba. E não se trata apenas de comparar, em abstrato, ditaduras com ditaduras. Vários desses governos davam orientação, ajuda e treinamento aos terroristas brasileiros, tornando-se portanto personagens ativos do drama nacional.

Qualquer tentativa de isolar uma coisa da outra, de modo a fazer os comunistas brasileiros parecerem puras vítimas da violência alheia, sem culpa pelo que seus mandantes e parceiros faziam no mundo, falsifica por completo a realidade do quadro histórico.

Quando lembro o tempo que despendi na sede do Sindicato, preparando aquela e outras edições do Unidade, nas ruas gritando slogans comunistas ou em casa escondendo fugitivos do regime, não me vejo como um herói, à maneira dos comovidos apologistas de si mesmos, nem como miniatura de herói, mas como um idiota útil, privado do senso das proporções, incapaz de medir a gravidade relativa dos males e entender que a ditadura brasileira, por execrável que fosse em si mesma, era um preço módico a pagar pela eliminação da ameaça comunista, cuja existência negávamos com cinismo exemplar ao mesmo tempo que nós mesmos a representávamos pessoalmente e tudo fazíamos para que ela se realizasse.

"Éramos jovens", pode-se alegar. É, éramos mesmo, mas não somos mais. Não temos o direito de falsificar toda a memória histórica de um país só para continuar dando a impressão de que éramos lindos.

O simples fato de que essa operação-camuflagem assuma hoje o nome de "Comissão da Verdade" já mostra que o fingimento se tornou, entre os esquerdistas brasileiros, um estilo de vida.

P. S. – Do ponto de vista da emocionada autolatria comunista, a expressão acima, "preço módico", soará cruel e escandalosa. Discutirei isso em artigo vindouro, mas desde já advirto: na política e na ciência que a estuda, a comparação da gravidade relativa dos males, da qual a esquerda nacional hoje foge como o diabo da cruz, é uma exigência incontornável e a base de quase todos os diagnósticos e decisões. Qualquer tentativa de evitá-la é pura hipocrisia e culto da ignorância politicamente conveniente.

Olavo de Carvalho, 30 Novembro 2011

O MUNDO EM CRISE: MAS NÃO CAI A FICHA NEM A POSE


Em apenas três meses o planeta passou da fase de boom para a recessão. Por

Black Friday, Cyber Monday, décimo terceiro salário, liquidações, muito consumo e nada de poupança. Nem parece que o mundo vive uma crise econômica à beira de grave recessão.
As incertezas apontam para os Estados Unidos e para a Europa – considerados os blocos mais ricos do planeta.


O número de sem-teto em Atenas cresceu 25% desde 2008. Assim como nas principais capitais brasileiras, a população de rua aumenta na Grécia, na Itália e na França.
Dormem-se nas calçadas e debaixo de viadutos, esticando-se uma folha de papelão e usando um cobertor para espantar o frio. Em Paris, são cada vez mais numerosos os homens ajoelhados nas calçadas exibindo a plaquinha “Eu tenho fome”.

No âmbito mundial, recente estudo do instituto alemão IFO diagnosticou que o Índice de Clima Econômico (ICE) para especialistas de 119 países despencou de 5,4 para 4,3 pontos entre julho e outubro. A falta de confiança nas políticas econômicas dos governos, o déficit público e o desemprego foram considerados os fatores que limitaram o crescimento econômico.

Em apenas três meses o planeta passou da fase de boom para a recessão. Por essa metodologia, até a Alemanha – maior economia da Europa – caiu de 4,6 para 2,9 pontos. Nos Estados Unidos, a tendência de recuperação acabou impactada pela piora nas expectativas. Ainda assim, as agências de classificação de risco Moody’s e Fitch mantêm no AAA o rating norte-americano.

O problema para Barack Obama – em plena campanha para se manter na Casa Branca – é que não se sabe até quando o “triple A” será mantido. E qualquer alteração antes das complicadíssimas eleições – com seus delegados e votos por escrito – pode significar que o havaiano será o primeiro a não se reeleger, ao contrário de seus antecessores Bill Clinton (de 93 a 2001) e George W. Bush (2001 a 2009).

Os BRICS – agora com “S” maiúsculo por conta do ingresso da África do Sul – replicaram a tendência mundial. A Rússia e a Índia deixaram a confortável região de indicadores favoráveis (boom) em julho. Em outubro, a Rússia passou para a fase recessiva e a Índia conheceu o declínio. A mesma situação vive o Brasil, segundo o IFO, embora nossos shopping centers lotados digam o contrário.

O declínio do ciclo econômico atingiu também a América Latina que recuou de 5,6 para 4,4 pontos no trimestre analisado em relação ao anterior. Enquanto Brasil, Bolívia, Venezuela e México ocupam as últimas posições do ranking, o Peru deixou o quinto lugar do trimestre passado para liderar o clima econômico da região.

Projeções recentes do governo e de especialistas apontam que a economia deste país poderá crescer até 6,5% este ano. Segundo o estudo, carências – como falta de competitividade internacional, de mão de obra qualificada e de confiança nas políticas governamentais – além da inflação e desemprego são os principais problemas enfrentados pelos países latinos.

Esta semana, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, chega ao Brasil com Louboutin nos pés e pires na mão. Vem pedir dinheiro para a União Europeia. Nosso discurso de contrapartida já está pronto: uma maior participação no FMI.

Em tempo: as vendas da Black Friday nos Estados Unidos – na semana passada –foram 16% maiores que no ano passado. Durma com um barulho desse…

Claudio Carneiro, 30 DE NOVEMBRO 2011

COLLOR DESMENTE BONI SOBRE DEBATE NA TV EM 1989 CONTRA LULA. BONI

Collor desmente Boni sobre debate na TV em 1989 contra Lula. “Boni despirocou”, diz Collor.
Carlos Newton

Em entrevista ao repórter Nelson de Sá, da Folha, o ex-presidente Fernando Collor reagiu duramente a uma declaração de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ao canal GloboNews. Nela, o principal dirigente da Rede Globo durante a campanha presidencial de 1989 descreveu “palpites” que teria dado ao então candidato, antes do debate contra Lula que antecedeu o segundo turno da eleição.

Na entrevista, exibida pelo canal Globo News no último sábado, Boni conta que convenceu o então candidato a tirar a gravata, “botar um pouco de suor com uma glicerinazinha” e colocar pastas sobre o púlpito do candidato com supostas denúncias contra Lula, mas que estavam vazias.

Collor respondeu duramente, afirmando que nunca pediu para falar com Boni e sempre falava direto com Roberto Marinho, dono da emissora.

“Uma viajada na maionese” e “o Boni despirocou” foram algumas das reações do ex-presidente da República, que parece estar com a razão nesse entrevero, já que no debate Collor estava usando gravata e não parecia estar suado. Quem estava muito nervoso e suado era Lula, e isso todo mundo lembra.

Carlos Newton

SOBERANIA E DEFESA DA AMAZÔNIA, NA VISÃO DO GEN. DURVAL DE ANDRADE NERY

O comentarista Vilé Magalhães abre mais uma vez seus arquivos implacáveis e nos manda um artigo do general Durval de Andrade Nery, que Helio Fernandes mandou publicar na Tribuna da Imprensa há oito anos. “Esse artigo é para a Dona Dilma ler, meditar e se possível responder a um general brasileiro. O texto é de 2003, mas poderia ser de hoje”, diz Vilé, cheio de razão.

***

“Árdua é a missão de defender e desenvolver a Amazônia. Muito mais difícil, porém, foi a de nossos antepassados em conquistá-la e mantê-la” (general Rodrigo Octavio Jordão Ramos).

A INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

General Durval de Andrade Nery

A tese da internacionalização da Amazônia nada tem a ver com as razões ecológicas que agora são levantadas. É uma tese cíclica, que sob pretextos vários (direito exploratório da natureza, necessidade de espaço demográfico, liberdade de navegação nos grandes rios, e, agora, ecologia), após uma fase de esquecimento, volta sob a forma de pressões políticas sobre o governo do Brasil.

A imensidão geográfica da Amazônia não poderia deixar de ser objeto de ambição das nações ricas e poderosas do mundo, instrumentadas com maior capital e tecnologia, cujo sentimento de expansão muitas vezes se esconde sob o véu de missões messiânicas a serviço da humanidade.

Em um rápido retrospecto histórico veremos que a tese da internacionalização da Amazônia foi motivo de pressão sobre os governantes brasileiros em várias ocasiões, desde os primórdios da nossa colonização.

A conquista e a manutenção da integridade territorial da Amazônia brasileira tem sido uma epopéia escrita com sangue, coragem e determinação. E o sangue foi derramado em acirrados combates na selva onde a criatividade e o emprego das técnicas da guerra de guerrilhas sempre estiveram presentes.

No século XVII, lutas violentas foram travadas pelas forças luso-brasileiras para expulsão de ingleses, franceses, holandeses e irlandeses, que em incursões permanentes para exploração e comércio, procuravam também o domínio da terra, com a edificação de fortificações às margens dos rios. E um nome destaca-se dos demais nestas lutas: Pedro Teixeira, O Conquistador da Amazônia.

Em meados do século XIX o governo americano dirigiu movimento a favor da abertura do rio Amazonas à navegação mundial. Em 1902, a Alemanha pressionou para que o Brasil não privasse o mundo das riquezas naturais da Amazônia. Nos anos 30, o Japão pretendia instalar 20 milhões de japoneses na Amazônia.

Em 1948, a Unesco tentou criar o Instituto Internacional da Hiléia Amazônica, uma “autarquia” internacional com jurisdição sobre um território que abrangia quase a metade do Brasil. O Estado Maior das Forças Armadas (Emfa) foi contra e impediu essa ameaça à soberania brasileira.

A tese é sempre a mesma, “internacionalização da Amazônia”, são sempre os mesmos atores, desempenhando o mesmo papel. Só trocam o cenário: ora é patrimônio científico da humanidade; ora a navegação internacional dos grandes rios; ora a necessidade de matérias-primas para o progresso da civilização; ora a conquista da tecnologia; e, por fim, a ecologia.

Não há dúvidas que uma grande ameaça ronda as fronteiras do Brasil. A presença de tropas americanas em bases localizadas ao longo da fronteira amazônica indica a possibilidade de se repetirem, a curto prazo e em maior escala, antigas tentativas das potências imperialistas de nos subjugar. Embora ninguém mais duvide da realidade desse perigo, ainda há quem não pressinta certa iminência.

O presidente americano George Bush, em debate pela TV americana quando ainda estava em campanha, ao referir-se ao Terceiro Mundo e suas dívidas com o FMI, declarou: “Existem países que não têm mais como pagar suas dívidas, por isso podem entregar parte de suas florestas tropicais como pagamento”.

É claro que estava se referindo ao Peru, ao Equador, à Colômbia, à Venezuela, ao Brasil e ao tesouro natural da floresta amazônica, a maior reserva florestal mineral do planeta.

Se atentarmos para as possibilidades energéticas da Amazônia, verificaremos que o uso da biomassa como fonte energética, os rios, a energia das diversas fontes de óleos naturais, o sol equatorial, entre outras fontes de energia, tudo isso eleva a Amazônia a um status energético sem precedentes em todo o mundo. Este potencial, conjugado com a capacidade da Petrobras, seria, com certeza, o maior potentado energético do planeta.

A Amazônia é hoje o maior tesouro da humanidade e, segundo a cobiça internacional, não pode pertencer aos países terceiromundistas. Com o sucateamento e aviltamento das Forças Armadas do Brasil, entendemos que o processo já está armado para encenarem a farsa da Política de Globalização, agora com nova roupagem, a “governança progressista”.

É preciso lembrar que a Amazônia brasileira mede aproximadamente 5 milhões de km2, é região de floresta tropical primária, praticamente virgem, apenas 8% da sua superfície foi exposta à ação antrópica, quer dizer, a vegetação primária foi retirada e substituída por outra natural, esta, por sinal, só avança na razão de 0,2%. Note-se que nos 300 mi km2 alterados pelo homem acham-se incluídos 150 mi km2 de cidades, fazendas, núcleos institucionais etc.

A luta pelo domínio e posse de grandes áreas da região amazônica está mais acesa do que nunca. O problema diz respeito, sim, à segurança nacional.
Ao contrário dos tempos em que o país tomava cuidados especiais com a preservação da Soberania Nacional sobre a Amazônia, nestes últimos anos o governo brasileiro tem aberto a região à cobiça mundial, permitindo o ingresso ali de interesses econômicos espúrios, mas que podem servir de pretexto a uma eventual intervenção naquela região brasileira.

A subdivisão do Brasil já começa a ser defendida em academias americanas, como Harvard. Um de seus intelectuais, Juan Henriquez, defende a tese de desmembramento dos países gigantes e fim da soberania nacional, dizendo que, quanto mais globalizado se tornar o mundo, menos traumático para os nacionalistas será a separação de seus estados. Como a Amazônia brasileira constitui 56,4% do território nacional, ao dividi-la, o Brasil estará totalmente desmembrado.

A presença militar americana em bases situadas em países limítrofes com o Brasil é um fato. No governo Menem, a Argentina ofereceu aos EUA uma área de 10 mil hectares de seu território, próximo à fronteira com o Brasil, com pistas de pouso para aviões e campos de treinamento dentro de uma área de selva.

É oportuno lembrar que, partindo dessa base, é possível atingir, em missão de ataque, os centros do poder brasileiro – São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro – como resposta a qualquer tentativa do Brasil de defesa da sua integridade territorial.

O povo brasileiro precisa saber que essa nova forma de ocupação militar, tanto pode ser propícia a uma invasão armada, a qualquer momento, quanto um obstáculo à ação do Brasil em represália ou de defesa da sua soberania.

Para quem julgava paranóia essa história da internacionalização da região, eis mais uma evidência de que estão não apenas de olho na floresta, mas anunciando quando e como tomá-la. A primeira proposta de troca por dívidas deveu-se a Margaret Thatcher, quando era primeira-ministra da Inglaterra, exortando as nações do Terceiro Mundo a vender suas riquezas.

De lá para cá, foi uma sucessão de pirataria explícita, da qual não escaparam François Miterrand, da França, Felipe Gonzales, da Espanha e até Mickail Gorbachev. Com a participação decisiva, também, de Al Gore e até de Bill Clinton, sem esquecer John Major, também da Inglaterra. Quer dizer, a rapinagem supera as ideologias.

O grave no caso do Sr Bush é que não há saída, pois é presidente da maior potência mundial, aquela que defende seus valores e seus interesses através da utilização de mísseis, tanques, frotas e bombardeiros.

Não se trata de imaginar os boinas verdes americanos em Manaus ou os bombardeiros sobre a Amazônia, mas sim a continuação do domínio por outros métodos tão eficazes como o controle da economia dos países pobres, a cooptação de suas elites e a compra de seus governantes.

HISTÓRIAS POLÍTICAS

A eleição de padre Gaito

Em 1954, a Bahia fez uma aliança política do crioulo doido: PTB, UDN e comunistas, que naquela época, no País, viviam brigando como gato e cachorro: para governador Antonio Balbino (PSD na legenda do PTB, apoiado pela UDN e pelos comunistas), para senador Juracy Magalhães (UDN) e Lima Teixeira (PTB).

Getulio havia se matado em 24 de agosto, a eleição seria em 3 de outubro, e João Goulart, presidente nacional do PTB, já cogitado para vice-presidente de Juscelino, governador de Minas pelo PSD, veio à Bahia apoiar a chapa salada de frutas. Os candidatos foram ao interior fazer um comício juntos.

No comando do palanque, padre Gaito, um vigário brigão, inimigo furioso do PSD, cujo candidato a governador era Pedro Calmon, baiano ilustre, reitor da Universidade Federal do Rio e membro da Academia Brasileira de Letras.

***
BALBINO

Juracy pegou o microfone antes de o padre Gaito abrir o comício:

- Minha boa gente baiana! Meus amigos! Aqui, nesta noite, nesta praça, sobre todos nós, paira a alma de um homem que foi amigo de cada um dos candidatos e sobretudo do povo brasileiro, a quem deu sua vida e sua morte. Vamos, todos, rezar uma fervorosa oração em sua memória, de joelhos.

A praça se pôs toda de joelhos, como numa romaria do padre Cícero. No palanque, também de joelhos, padre Gaito, Balbino, Juracy, Lima Teixeira e João Goulart, com sua perna dura, de banda, apoiado nas costas de Balbino, como um Cristo torto. Rezaram, contritos, o Pai Nosso e a Ave-Maria inteiros.

E o padre Gaito, gordo e grande, começou o comício. Como sempre, agressivo, violento, apoplético contra os adversários. Foi falando, foi imprecando, foi ficando cada vez mais gordo, mais vermelho, já quase roxo.

***
JURACY

E padre Gaito desabou no palanque. Caiu duro. Todos gritando se havia um médico. Havia. Mas, quando chegou, era tarde. Nada tinha o que fazer. Padre Gaito estava morto, ao pé do microfone, um colapso fulminante.

Era o fim do comício. Mas Juracy era profissional. Pegou o microfone:

- Meus amigos, meus irmãos! Padre Gaito morreu! Padre Gaito está morto! E vocês são testemunhas que suas últimas palavras, na hora de entrar na eternidade, foram um apelo para esta cidade, sua cidade, a cidade da qual ele era o vigário, votasse inteira na nossa chapa. Que Deus o leve e nos ilumine!

Balbino, Juracy e Lima Teixeira ganharam. Ali e na Bahia toda. E, no ano seguinte, Jango também ganhava com Juscelino. Padre Gaito morreu por todos.

***
MENDES DE BARROS

Em 2008, Alagoas estava passando dos limites. E, evidentemente, não por culpa de seu povo, mas de seus dirigentes políticos. O governo do Estado, vazio como um fim de feira. A Assembléia Legislativa, transformada numa delegacia de maus costumes. E a violência política e pessoal se espalhando pelo Estado inteiro.

Um dos absurdos foi a invasão, depredação e roubo dos computadores do escritório de advocacia do consagrado advogado, ex-candidato do MDB a senador e durante muitos anos procurador geral da Assembléia Legislativa, Luís Gonzaga Mendes de Barros.

Foi exatamente ele quem denunciou os escândalos e crimes da Assembléia Legislativa, que na época levaram uma dezena de deputados à exclusão da mesa diretora, e muitos outros à Justiça, à polícia e à cadeia.

Pensaram amedrontar Mendes de Barros. Parece que não o conheciam. Ele é igual á imagem que ficou de Padre Gaito, luta por todos.

Sebastião Nery

DILMA NÃO TENTOU PROIBIR LIVRO SOBRE O ASSALTO AO COFRE DE ADEMAR

Acabou de sair, e tão logo li a matéria de Bernardo Melo Franco na Folha de São Paulo de sábado, fui à livraria Travessa do Leblon e comprei o livro O Cofre do Dr. Rui, do jornalista Tom Cardoso, Civilização Brasileira. Excelente, de alto valor histórico, estilo Hemingway, ou seja, uma reportagem dupla; de um lado o assalto ao tesouro do Ademar, num casarão de Santa Teresa, julho de 1969, de outro as ações da guerrilha dividida entre facções, mas destacando a Var-Palmares, na qual atuou a presidente Dilma Rousseff, presa durante três anos e torturada, como ela própria já assinalou.

Ótimo trabalho de Tom Cardoso, inclusive no campo da pesquisa. Primoroso também o texto de Bernardo Melo Franco, neto do embaixador Afonso Arinos Filho. Bisneto do senador Afonso Arinos, chanceler de Jânio Quadros, embaixador de João Goulart na ONU. Figura extraordinária.

Perfeita igualmente a postura da presidente da República. Ao contrário de muitos que andam por aí, não tentou impedir a obra. Deu assim uma lição a Roberto Carlos que conseguiu de forma inconstitucional bloquear uma biografia a seu respeito. Ao contrário das filhas de Garrincha, celeuma com Ruy Castro, a seu respeito. Ao contrário dos herdeiros de Nelson Rodrigues. Ao contrário de herdeiros da artista plástica Lígia Clark. Ao contrário de um dos filhos de Roberto Campos, que proibiu Gilberto Paim de publicar livro sobre seu pai.

Estes exemplos no plano nacional são suficientes para assinalar o absurdo. Digo absurdo, porque o parágrafo 2º do artigo 220 da Constituição Federal diz o seguinte: É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. O direito de resposta é assegurado. Indenização também, se mentira for praticada. Proibição, não. Mas este é outro assunto.

Antes de mais nada: doutor Rui era o codinome que o ex governador Ademar de Barros destinou a Ana Gimol Capriglione, depositária de parte do tesouro que acumulou em vida. Pequena parte, aliás: 2 milhões e 598 mil dólares.

Disseram que havia no cofre documentos comprometedores envolvendo o general Costa e Silva, presidente da República. A versão não se confirmou. Se havia documentos, eles desapareceram. Os dólares, inclusive, viriam a desaparecer numa névoa de mistério, como narrou Tom Cardoso.

Carlos Minc, atual secretário de Meio Ambiente do governo do Rio de Janeiro, um dos personagens de destaque no assalto cinematográfico (rolaram o cofre pela escadaria da mansão) talvez possa esclarecer. Não custa perguntar. Afinal, sobrevivente, ao contrário de outros. É uma testemunha da história moderna.

Mas em matéria de dinheiro, sobretudo papel ao portador, tudo fica mais sensível, mais nervoso, mais enigmático, ao mesmo tempo mais cobiçado.
Tom Cardoso levanta a hipótese, dentro de um estilo de romance policial, de haver uma maldição em torno do tesouro. Talvez. Mas os fatos nada têm com isso. Não se sabe como, tampouco o autor revela, um gerente de agência do Bradesco, procurou os guerrilheiros e se ofereceu para trocar os dólares pela moeda nacional, inclusive pagando acima do mercado. Feito o contato, aí aparece a atual presidente da República, na praça Serzedelo Correa, o gerente diz que a direção do banco autorizou.

Cabe uma interpretação. Recentemente o Canal Brasil exibiu o excelente documentário sobre a morte numa emboscada em São Paulo, do empresário Hering Boilesen, um dos financiadores, talvez o principal, da OBAN, Operação Bandeirantes, caminho que levava ao túnel dos horrores e ao porão da tortura. O documentário mostra diálogos entre generais e empresários buscando recursos privados para sua atuação. Numa outra sequência, Delfim Neto, ministro da Fazenda numa recepção a Boilesen.

No travelling do tempo, a informação (sem imagem) de que um dos financiadores da OBAN era o banqueiro Amador Aguiar, então presidente do Bradesco. Coincidência ou nem tanto, a partir do câmbio ilegal, aliás duplamente ilegal porque produto de roubo, a Var-Palmares desabou. Poucos sobreviventes para contar a história. O livro é fantástico.

Pedro do Coutto

O TERTIUS DE BIGODE...

Renan Calheiros não esconde o desejo de voltar à presidência do Senado e já trabalha para isso, ainda que falte muito para o biênio 2013-2014.
Eis que surge outro candidato, também do PMDB: o senador Garibaldi Alves, hoje ministro da Previdência Social mas preparado para a reforma ministerial de janeiro. Da mesma forma que Renan, ele já presidiu a casa.

Prenuncia-se uma briga de foice em quarto escuro no âmbito do partido, unido apenas na disposição de não ceder a presidência ao PT, num suposto rodízio no qual ninguém mais acredita.

Para evitar o racha, procura-se um tertius na bancada. Aliás, ele já existe e usa bigode. José Sarney pode candidatar-se a mais dois anos, conforme o regimento interno. Vai recusar?

Carlos Chagas

RÚSSIA E CHINA DE BRAÇOS DADOS

UNIDOS OUTRA VEZ

Rússia e China só estiveram unidos por pouco tempo, depois da vitória da revolução do presidente Mao. Rapidamente desfez-se a aliança socialista, chegando as duas nações a preparar-se para uma guerra que por sorte não se deflagrou. Mas permaneceram, desde os tempos de Kruchev, numa pax armada plena de diatribes e insultos.

Pois agora a situação é outra, gerada desde o fim da União Soviética e da transformação da China em potencia mais ou menos capitalista. As diferenças são enormes, ainda que lentamente se aproximem no plano político.

China e Rússia acabam de condenar a agressão da Otan ao Paquistão, como antes haviam condenado a interferência na Líbia.
Leia-se terem os governos de Moscou e Pequim enviado um alerta a Washington, pois a Otan nada mais é do que uma fachada dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, se não apóiam o regime dos aiatolás, no Irã, também não formam no grupo que prega a invasão daquele país. Muito pelo contrário.

Acrescente-se a concentração de forças russas na Síria, sinal evidente de que o mundo ocidental pensará duas vezes antes de promover o bombardeio de Damasco.

Arma-se um novo quadro na política mundial. É bom prestar atenção.

Carlos Chagas

A VIDA É SEMPRE MAIS ESTRANHA E FASCINANTE DO QUE A FICÇÃO

Candidatura do Lula
A entrevista do ex-presidente Lula à revista New Yorker foi concedida antes de descoberto o câncer que ele tem na garganta. É fácil concluir que seu estado de espírito era um, depois ficou outro. Mesmo assim, quando indagado se disputaria outra vez a presidência da República, ele ficou em cima do muro, claro que com óbvia tendência de pular para o lado da candidatura: “não tenho coragem de dizer que vou concorrer, como não tenho coragem de dizer que não vou concorrer.”

Até o diagnóstico incômodo o Lula colocava nas mãos de Dilma Rousseff a decisão, quer dizer, deixava a presidente de saia justa, sabendo que quando chegasse a hora ela devolveria o raciocínio: “Se você quiser voltar em 2014 eu não disputarei a reeleição”. Seria a resposta natural e leal da criatura que chegou ao palácio do Planalto exclusivamente por ato de vontade do criador.

Agora, tudo depende do tratamento a que o primeiro-companheiro se vê submetido, bem como de sua recuperação. Talvez não repita mais o conceito exposto aos jornalistas americanos, de considerar-se um ser eminentemente político. Pode estar concluindo que antes de político, é um ser humano. Toda doença faz o doente repensar sua vida, mesmo depois de recuperado.

O Lula já não será tão candidato quanto era. A disposição de voltar ao poder talvez não o sensibilize como antes. Seus valores serão outros.

Como a vida é sempre mais estranha e fascinante do que a ficção, vale ressaltar que a presidente Dilma passou pela mesma situação do antecessor. O câncer também a acometeu, não constituindo obstáculo para sua eleição. Supõe-se que tenha, da mesma forma, meditado sobre a própria existência. Mais quatro anos seria sacrifício necessário à sua biografia?

Em suma, acima e além de ambições, de arroubos e de estoicismo, abre-se uma pausa na prospecção do futuro.
Carlos Chagas

PMDB GANHA MAIS UM GRANDE REFORÇO NO SENADO: JADER BARBALHO, UM PARLAMENTAR VERDADEIRAMENTE DE FICHA SUJA!!!


Com a posse do senador João Capiberibe (PSB-AP), a bancada do PMDB, maior partido do Senado, cai para 17 senadores. Mas logo voltará a ter 18, com a volta de Jader Barbalho, beneficiado pela prorrogação da entrada em vigência da Lei da Ficha Limpa, graças ao voto de desempate do ministro Luiz Fux no Supremo Tribunal Federal, é bom não esquecer.

Na verdade, o PMDB tinha 19 senadores, mas no início do mês, o partido perdeu uma cadeira com a chegada de Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), também beneficiado pelo voto de Fux. Como se sabe, Capiberibe, Cunha Lima e Barbalho tinham sido barrados pela Lei da Ficha Limpa, mas conseguiram ser empossados depois que o Supremo decidiu que a norma não valeria para a eleição de 2010.

Agora, o PMDB quer atrair mais três senadores. O senador Clésio Andrade (PR-MG) já está certo. Espera apenas o resultado de uma consulta feita ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para assinar a nova filiação, porque a legislação atual proíbe troca-troca de partidos, mas sempre há alguma brecha na lei.

Segundo o repórter Marcio Falcão, da Folha, os senadores Blairo Maggi (PR-MT) e Antonio Russo (PR-MS) também estão na mira do PMDB, mais precisamente do grupo do líder do Senado, Renan Calheiros (AL), vejam só a quem o partido entrega a liderança.
Mas essas negociações são consideradas mais delicadas.

O PMDB na verdade é um retrato perfeito da política brasileira. Suas bancadas são uma espécie de salada mista, reunindo fichas limpas, sujas e enxovalhadas.
Em meio a essa confusão ética e ideológica, o chamado G8, grupo de senadores independentes do partido, tenta marcar presença. Dele fazem parte os senadores Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS), Luiz Henrique (SC), Casildo Maldaner (SC), Roberto Requião (PR), Waldemir Moka (MS), Ricardo Ferraço (ES) e Eduardo Braga (AM), que às vezes fazem moderada oposição ao governo.

É desanimador constatar como a política brasileira é hoje uma atividade menor, comprovando que os três poderes estão realmente podres, já que Executivo e Judiciário também passam ao largo da ética.

O único dado capaz de animar os analistas é o bom desempenho da economia, em meio à crise mundial, comprovando um velho ditado que hoje pouca gente lembra: “O Brasil cresce à noite, quando os políticos estão dormindo e não conseguem atrapalhar”.

Carlos Newton