"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

NATAL!





AOS AMIGOS NAVEGANTES QUE APORTAM POR ESTAS PRAIAS, DESEJO UM NATAL DE MUITA PAZ, MUITO AMOR E MESA FARTA.
SEI QUE MUITOS BRASILEIROS, PRINCIPALMENTE OS NORDESTINOS QUE PADECEM UMA DAS MAIS DRAMÁTICAS SECAS QUE A REGIÃO JÁ ENFRENTOU NOS ÚLTIMOS QUARENTA ANOS, NÃO TERÃO A MERECIDA FARTURA, NEM ENCONTRARÃO RAZÕES PARA A ALEGRIA. TERRA ESTORRICADA, RACHADA; AÇUDES SECOS; GADO MORRENDO; A CULTURA DO MILHO PERDIDA; GENTE SECANDO... E AS LOROTAS DE SEMPRE NO COMBATE À SECA, ESQUECIDAS, E SOMENTE LEMBRADAS NOS PALANQUES ELEITORAIS...
E O POVO À MÍNGUA.
ONDE ENCONTRAR A ALEGRE  CELEBRAÇÃO DO NASCIMENTO DO MENINO JESUS, QUANDO NOSSOS IRMÃOS NORDESTINOS ESTÃO PADECENDO HORRORES ESCALDANTES?
NÃO VOU FALAR DOS TANTOS HORRORES NOSSOS DE CADA DIA.
ESTE BLOG JÁ ESTÁ GRITANDO TODOS OS DIAS AS ENORMES INJUSTIÇAS, A BANDALHEIRA, A DESFAÇATEZ, O CINISMO, O DESCASO COM A NAÇÃO.
QUERO NESTE NATAL APENAS ÃGUA PARA QUEM TEM SEDE, OS HOMENS E AS
CRIATURAS DE DEUS. QUERO APENAS LOUVAR A CORAGEM E A VALENTIA DESSA GENTE,  DESSE POVO NORDESTINO, QUE APESAR DE TUDO, CONTINUA EM  PÉ, CORDIAL MESMO NO SOFRIMENTO. AMANDO A SUA TERRA, MESMO QUANDO ELA ESTÁ CINZENTA, ESGALHADA...
 m.americo

24 de dezembro de 2012

ESSA É PRA VALER!!!




24 de dezembro de 2012

SERÁ ESSE O CARA?


A atuação de Joaquim Barbosa durante o julgamento do mensalão chamou a atenção do país
O DISCURSO de posse de Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal me fez olhá-lo de maneira especial. Não é que antes fizesse restrições ao seu desempenho como relator do mensalão.

Pelo contrário, desde o primeiro momento admirei a coragem moral com que votou pela punição dos réus e particularmente daqueles que gozavam do apoio ostensivo do PT e de Lula. Quando se sabe que sua presença no STF se deveu à indicação do ex-presidente petista, a independência com que julgou figuras como José Dirceu e José Genoino provocaram a admiração de amplos setores da opinião pública e a minha em particular.

Mas o seu discurso de posse me revelou outra coisa: revelou-me que ele não é apenas um juiz severo e independente na aplicação da lei, como é também um homem lúcido, maduro, que dispensa as firulas e salamaleques no exercício da missão de julgar.

A firmeza tranquila de sua postura e a dos outros oradores, ao tratar dos problemas da Justiça brasileira e das mudanças que ela está a exigir, me fez vê-lo como um exemplo de magistrado e de cidadão.

Não é que as falhas que apontou em nossa Justiça sejam desconhecidas de todos. Importa que aquilo foi dito por um juiz, naquela ocasião, ao assumir a presidência da mais alta corte da Justiça brasileira, num momento solene, quando, costumeiramente, preferem-se as palavras solenes e a falsa modéstia. Ou seja, os salamaleques.

Em seu discurso, Joaquim Barbosa disse que, quando se fala em igualdade, é preciso honestidade intelectual para reconhecer que há um grande deficit de Justiça entre nós. E acrescentou: "De nada valem as edificações suntuosas, sofisticados sistemas de comunicação e informação, se naquilo que é essencial, a Justiça falha".

Todos sabemos disso, já que o Brasil se caracteriza como um país da impunidade. Por isso mesmo, é estimulante ouvi-lo da boca do novo presidente do Supremo Tribunal Federal. É estimulante porque sabemos que não se trata de mera retórica, uma vez que foi precisamente a firme disposição de punir severamente os culpados que lhe conquistou a admiração popular.

A atuação de Joaquim Barbosa durante o julgamento do mensalão chamou a atenção do país para ele, como pessoa, e isso deu maior relevo à sua atuação como ministro. Nascido numa família muito pobre, filho de um pedreiro, dispôs-se a trabalhar e estudar, superando todos os obstáculos de cor e de classe social. Formou-se em direito pela Universidade de Brasília, depois em direito público pela Universidade de Paris, e ainda estudou idiomas, o que lhe permite hoje expressar-se fluentemente em inglês, francês, espanhol e alemão.

Essa mesma firmeza de caráter, mostrada durante o julgamento, influiu nos demais membros do STF. A cada intervenção sua, a cada análise da conduta dos envolvidos naquele processo, a parte da sociedade brasileira, que acompanhou pela televisão aquele julgamento, identificou-se com a sua decisiva disposição de punir os que atentaram contra a democracia brasileira e os valores éticos que a sustentam.

E isso pode ter importantes consequências: a impunidade que impera, particularmente quando o delito envolve o interesse público, é um dos principais obstáculos à solução dos problemas nacionais. Basta considerar as recentes denúncias de falcatruas envolvendo centenas de milhões de reais, ocorridas em todos os níveis da administração pública. Diante desses escândalos a que temos assistido, o combate à corrupção e à impunidade é um fator determinante do nosso futuro como nação digna e justa.

Mas isso dificilmente acontecerá se o petismo continuar governando o país e aparelhando a máquina do Estado. Sabemos que uma das primeiras medidas tomadas por Lula, ao assumir a Presidência da República, foi revogar o decreto que obrigava o preenchimento de cargos técnicos por técnicos. É que ele queria ocupá-los com sua corriola, como o fez, para perpetuar-se no poder. Daí os mensalões.

As alternativas existentes dificilmente seriam capazes, a curto prazo, de mudar isso. Talvez seja por essa razão que, fora dos partidos, começa a esboçar-se um movimento para fazer de Joaquim Barbosa o candidato da mudança.

24 de dezembro de 2012
Ferreira Gullar

A MAGIA DA LEITURA

 

Todos nós, jovens e menos jovens, estamos crescentemente dependentes da plataforma virtual. É fascinante o apelo da web. Investimos muito tempo digitando mensagens de texto, escrevendo nos blogs, postando fotos e comentários no facebook ou curtindo videogames.
Eu mesmo já fiz o propósito de não acessar meus e-mails nos fins de semana. Tem sido uma luta. Com vitórias, mas também com derrotas.
 
Para o norte-americano Nicholas Carr, formado em Harvard e autor de livros de tecnologia e administração, a dependência da troca de informações pela internet está empobrecendo nossa cultura. Ele não fala do uso da internet, mas da compulsão virtual.
 
Segundo Carr, o uso exagerado da internet está reduzindo nossa capacidade de pensar com profundidade. “Você fica pulando de um site para o outro. Recebe várias mensagens ao mesmo tempo. É chamado pelo Twitter, pelo Facebook ou pelo Messenger. Isso desenvolve um novo tipo de intelecto, mais adaptado a lidar com as múltiplas funções simultâneas, mas que está perdendo a capacidade de se concentrar, ler atentamente ou pensar com profundidade.”
 
A nova geração de adolescentes tem mais acesso à informação que qualquer outra antes dela. Mas isso não se reflete em um ganho cultural. Os índices de leitura e de compreensão de texto vêm caindo desde o início dos anos 1990.
 
A conclusão é que, apesar do maior acesso às novas tecnologias, não se vê um ganho expressivo em termos de apreensão de conhecimento.
 
A internet é uma formidável ferramenta. Mas não deve perder o seu caráter instrumental. O excesso de internet termina em compulsão, um tipo de dependência que já começa a preocupar os especialistas em saúde mental. Usemos a internet, mas tenhamos moderação. Precisamos, todos, redescobrir a magia da leitura.


 
Compartilho com você, amigo leitor, algumas obras. Espero, quem sabe, que o estimulem em suas férias de verão.
 
O silêncio contra Muamar Kadafi (Editora Companhia das Letras, São Paulo). Um livro com pegada. Reportagem na veia. “Em poucos minutos, ouvimos o ruído de um motor a diesel. Um carro chegava pela parte de trás da casa, em baixa velocidade, até parar. Ouvi as portas se abrirem, Ghaith e Mohamed silenciaram.
Tudo silenciou. O tempo parou por um instante, enquanto quatro homens vestindo jaquetas pretas se aproximaram. Um deles trazia uma arma em punho, e os demais carregavam bastões de ferro. Mohamed deu um passo para o lado, cedendo passagem.
Um dos estranhos caminhou até Ghaith, agarrando-o; outro veio até mim e apalpou minha jaqueta e meus bolsos até deparar com o iPhone que eu protegia com uma das mãos. Segurei o aparelho com firmeza, sem menção de reagir, lembrando que dezenas de entrevistas gravadas estavam ali. O homem fez força para arrancá-lo com as duas mãos, até conseguir. Então, sem que reagíssemos, fomos pegos à força pelos braços e arrancados da casa, empurrados à rua de chão batido e obrigados a olhar para baixo.”
 
O relato em primeira pessoa do repórter Andrei Netto, enviado especial do jornal O Estado de S.Paulo, para cobrir a primeira revolução armada da Primavera Árabe, que em oito meses terminaria com a execução do ditador Muamar Kadafi, mostra a garra da reportagem de qualidade.
 
Andrei e um colega iraquiano foram os primeiros jornalistas estrangeiros a ingressar na região sob controle do regime e a revelar ao mundo a extensão e a intensidade das rebeliões contra a ditadura.
O correspondente do Estado foi sequestrado, agredido e mantido incomunicável num cárcere militar até sua libertação, intermediada pela diplomacia brasileira, pelos esforços da direção do jornal e a solidariedade da imprensa mundial.
 
Lembro-me da tensão daqueles dias. A grande reportagem de Andrei Netto, agora transformada em livro, constitui um relato impressionante das suas experiências ao longo da guerra revolucionária que matou mais de 20 mil pessoas.
 
A adrenalina da guerra bate forte no leitor, sem sensacionalismo, sem nada de apelativo, numa narrativa informativa e legitimamente dramática. A presença do correspondente no campo de combate possibilita uma cobertura altamente qualificada. Faz toda a diferença. Um belo livro.
O Óbvio Ululante – As Primeiras Confissões (Editora Agir, Rio de Janeiro). Como dizia Nelson Rodrigues, a “arte da leitura é a da releitura”. Comentário certeiro.
 
Acabo de reler as memórias de Nelson Rodrigues, suas Confissões, condensadas no magnífico O óbvio ululante. Trata-se de um dos maiores cronistas que o Brasil já teve. Seu conhecimento da alma humana, com seus picos de grandeza e seus abismos de miséria, fica esculpido num texto insuperável.
 
Nelson foi um criador de tipos antológicos. Como o anônimo cidadão que lhe serviu para criar o Palhares, o canalha, o que “atacava as cunhadas nos corredores”. Ou a imortal grã-fina “com nariz de cadáver”. Ou, ainda, o sacerdote que o inspirou a criar o “padre de passeata”.
 
Seu texto, brilhante e saboroso, dissecava a alma humana e radiografava a sociedade. Mas o que mais me impressiona é a atualidade do pensamento rodrigueano. Um livro fascinante.
 
A Igreja das Revoluções (Editora Quadrante, São Paulo). Este é o último título da História da Igreja de Cristo, a monumental obra de Daniel-Rops. O autor, membro da Academia Francesa de Letras, estava trabalhando no décimo primeiro, que trataria do Concílio Vaticano II quando faleceu, em 1965.
 
A multissecular história da Igreja, intimamente relacionada com a história da civilização, é um banho de cultura e um magnífico prazer intelectual.
A todos, boa leitura e feliz Natal. E, aos que viajam, boas férias!

24 de dezembro de 2012
Carlos Alberto Di Franco, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciência Sociais – IICS (www.iics.edu.br) e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia

"FUX FALOU QUE MENSALÃO NÃO TINHA PROVA" - DIZ CARVALHO

 

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) afirmou que, antes de ser indicado ao Supremo Tribunal Federal, o ministro Luiz Fux o procurou e disse que o processo do mensalão “não tinha prova nenhuma” e que “tomaria uma posição muito clara”. As declarações de Carvalho foram dadas ao programa É Notícia, exibido na noite do domingo pela Rede TV.

“Ele foi falar comigo também e, sem que eu perguntasse nada, ele falou para mim o que falou para os outros: que ele tinha estudado o processo, que o processo não tinha prova nenhuma, que era um processo sem fundamento e que ele tomaria uma posição muito clara”, afirmou Carvalho.

Primeiro nome indicado ao Supremo pela presidente Dilma Rousseff em 2011, Fux tornou-se alvo nos bastidores de petistas insatisfeitos com o modo como votou no julgamento do mensalão. O ministro foi o que mais acompanhou os posicionamentos do relator do processo, o hoje presidente do STF, Joaquim Barbosa.

No início do mês, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Fux contou que buscou apoio até do ex-ministro José Dirceu, na época réu no processo do mensalão, para ser indicado ao Supremo. Também foram procurados os ex-ministros Antonio Palocci e Delfim Netto e o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, além do peemedebista Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio, Estado natal de Fux.

Nessa entrevista, Fux negou ter prometido a algum réu que votaria pela absolvição e disse que leu o processo do mensalão em julho - e não antes de ser indicado, como declarou ontem Carvalho. “Havia essa manifestação cotidiana e recorrente de que não havia provas”, afirmou Fux. “Eu pensei que realmente não tivesse (provas). Quando fui ler o processo, no recesso (em julho), verifiquei que tem prova. Eu fiquei estarrecido.”

Em outro trecho do programa, Carvalho disse considerar “uma hipocrisia” as críticas de quem ataca “violentamente” o PT e, ao mesmo tempo, é contrário ao financiamento público de campanha. Para o ministro, o sistema atual, com doações privadas, “é o indutor da corrupção”.

Carvalho afirmou que Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão trabalhar pela reforma política no início de 2013. “Eu tenho clareza que nós vamos fazer essa proposta no começo do ano”, disse o ministro. Segundo ele, Dilma vai “apoiar fortemente e bancar politicamente essa reforma”.

Ao ser questionado sobre o recente escândalo revelado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, Carvalho reconheceu que houve “baixa exigência” na escolha de nomes para cargos de direção nas agências reguladoras. O esquema desmantelado pela PF envolvia diretores desses órgãos, que negociavam pareceres técnicos com empresas.

“Esse caso das agências reguladoras, eu concordo, nós tivemos um critério de baixa exigência para colocar ali. Falhou o filtro”, afirmou Carvalho. “Não tivesse falhado, não tinha havido o que aconteceu. É muito doloroso para nós vermos companheiros nossos que foram se enriquecendo ao longo desses anos. Claro que teve erro.”

Ao falar de eleições, Carvalho defendeu apoio do PT ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para a disputa presidencial de 2018. “Eu não acho que é um cenário absurdo”, disse. “Pode ser maturidade do PT convidar outro partido para ser cabeça de chapa e voltar para a planície.”

24 de dezembro de 2012
Agência Estado

DIRETAMENTE DO PALÁCIO...




24 de dezembro de 2012

MINHAS SAUDAÇÕES AOS PASSAGEIROS DESTA NAVE

 


Se o ser humano não olhasse somente para o seu microcosmo, mas levasse em conta que participa ativamente do macrocosmo, quem sabe ele entenderia a seguinte frase:


Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você” (Carl Sagan).


Deus meu, a quantidade de planetas, estrelas, galáxias, é ilimitada no Universo e, no entanto, temos um Planeta nosso entre trilhões de outros em trilhões de galáxias diferentes, mas foi determinado que hoje, agora, seres humanos vivessem com pessoas mesmo que por um segundo (neste exato momento que escrevo estas linhas quantos não morreram no mundo?) ou que passam a compartilhar a Terra os seres que nascem e dividirão conosco o espaço e tempo que este belo Planeta ocupa no Universo.

Que, pelo menos hoje, a inocência nos comande os sentimentos; Que, pelo menos hoje, a solidariedade nos una; Que, pelo menos hoje, externemos o amor que temos por nós mesmos para o próximo; Que, pelo menos hoje, vamos enaltecer a vida que nos foi concedida para admirar tamanha grandeza que nos cerca, diante da insignificância do que somos perante o Universo, mas da infinita capacidade que temos para fazer o bem.

Minhas saudações aos passageiros desta nave, que precisamos preservá-la, pois ainda o nosso destino está longe de ser alcançado porque não sabemos a real dimensão dos poderes que temos e que somente agem de forma coletiva.

Enquanto perdurarmos em encontrar soluções pessoais à raça humana, não lograremos êxito nesta intenção. No entanto, quando coletivamente pensarmos em resolver as atribulações de cada ser humano, então saberemos equacionar definitivamente as diferenças que hoje desnivelam o equilíbrio que deveríamos ter, e que alteram o significado desta espaçonave que nos oferece a sua magnificência para que melhor possamos viver entre nós.

Os tesouros não estão no fundo da terra, o poder não está na moeda. O tesouro verdadeiro é a vida e, o poder, o que da vida fizermos para o bem de todos!

24 de dezembro de 2012
Francisco Bendl

AS DÚVIDAS DE SÓCRATES SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS E A REENCARNAÇÃO PERDURAM ATÉ HOJE, 2500 ANOS DEPOIS

 

Já falamos aqui sobre oito dos avatares que criaram as principais religiões, com doutrinas muito semelhantes e praticamente os mesmos ensinamentos – Krishna, Lao Tsé, Moisés, Buda, Confúcio, Sócrates, Jesus Cristo e Maomé.


Sócrates tinha dúvidas…

Entre esses oito doutrinadores, os registros mais precisos que existem são de Sócrates, embora ele tenha nascido muito antes de Jesus (400 anos) ou Maomé (1.100 anos). Esse legado nos foi transmitido por dois de seus discípulos em Atenas: Platão e Xenofonte.
Os ensinamentos de Sócrates, ministrados quatro séculos antes do nascimento de Jesus Cristo, perduram até hoje e influenciam não somente o Cristianismo, em suas diferentes segmentações, mas também outras religiões, como o Espiritismo, que nitidamente é baseado nos pensamentos do mestre ateniense.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec destacou que a doutrina cristã “foi pressentida muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, tendo por principais precursores Sócrates e Platão”, e analisou em profundidade os ensinamentos dos mestres gregos em relação à espiritualidade.

Antes de Sócrates e Platão, grandes pensadores já haviam concluído haver uma nítida separação entre corpo e alma (espírito). Muitas religiões acreditavam em reencarnação, outras pregavam a transmigração das almas ou metempsicose, segundo a qual o homem poderia reencarnar também em animais.

Sócrates tinha dúvidas. Aos juízes que o condenaram à morte, disse ele: “De duas uma: ou a morte é uma destruição absoluta, ou é passagem da alma para outro lugar. Se tudo tem de extinguir-se, a morte será como uma dessas raras noites que passamos sem sonho e sem nenhuma consciência de nós mesmos. Todavia, se a morte é apenas uma mudança de morada, a passagem para o lugar onde os mortos têm de se reunir, que felicidade a de encontrarmos lá aqueles a quem conhecemos! O meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e distinguir lá, como aqui, os que são dignos e os que se julgam tais e não o são. Mas é tempo de nos separarmos, eu para morrer, vós para viverdes”.

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CORPO E ALMA

Na prisão, em diálogos com os discípulos, dizia Sócrates:

O corpo conserva bem impressos os vestígios dos cuidados de que foi objeto e dos acidentes que sofreu. Dá-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda, evidentes, os traços do seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida. Assim, a maior desgraça que pode acontecer ao homem é ir para o outro mundo com a alma carregado de crimes. Vês, Cálicles, que nem tu, nem Pólux, nem Górgias podereis provar que devamos levar outra vida que nos seja útil quando estejamos do outro lado. De tantas opiniões diversas, a única que permanece inabalável é a de que mais vale receber do que cometer uma injustiça e que, acima de tudo, devemos cuidar, não de parecer, mas de ser homem de bem”.

Passados quase 2,5 mil anos, a humanidade continua com as mesmas dúvidas que atormentavam Sócrates e seus discípulos, a respeito da existência de Deus e da possibilidade de reencarnação. Na verdade, só sabemos que nada sabemos, podemos dizer assim, parafraseando o mais famoso ensinamento do grande mestre ateniense.

24 de dezembro de 2012
Carlos Newton
 
AMANHÃ:
Acreditar em Deus pode até ser um erro,
mas é um grande alento para bilhões de pessoas

NO MEIO DE UMA SITUAÇÃO SOMBRIA DA TERRA E DA HUMANIDADE, OS SENTIMENTOS QUE, NESTE NATAL, DEVEMOS ALIMENTAR

 
O Natal representa a oportunidade de voltarmos ao cristianismo originário. Em primeiro lugar, existem a mensagem de Jesus, a experiência de Deus como Pai com características de mãe, a misericórdia e a entrega radical a um sonho, o do Reino de Deus. Em segundo lugar, há o movimento de Jesus, daqueles que, sem aderir a algum dogma, se deixam fascinar por sua saga generosa e radicalmente humana e o têm como uma referência. Em terceiro lugar, há as teologias sobre Jesus, já contidas nos evangelhos, escritos 40, 50 anos após sua execução na cruz.



As comunidades subjacentes a cada um dos evangelhos elaboraram suas interpretações sobre a vida de Jesus, sua experiência de Deus e o significado de sua morte e ressurreição. No entanto, cobrem sua figura com tantas doutrinas que se torna difícil saber quem foi realmente o Jesus histórico que viveu entre nós.
Por fim, existem as Igrejas que tentam levar avante o legado de Jesus.
Uma delas é a católica, com a reivindicação de ser a única verdadeira guardiã de sua mensagem e a exclusiva intérprete de seu significado. Tal pretensão torna praticamente impossível o diálogo ecumênico e a unidade das Igrejas, a não ser mediante a conversão.

Hoje, tendemos a dizer que Jesus não pode ser apropriado por nenhuma Igreja. Ele pertence à humanidade e representa um dom que Deus ofereceu a todos.

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A CULPA

Tomando como referência a Igreja Católica, notamos que duas tendências ganharam grande curso. A primeira se funda muito na culpa, no pecado e na penitência. Sobre tais realidades paira o espectro do inferno, do purgatório e do medo.

Efetivamente, podemos dizer que o medo foi um dos fatores fundamentais na penetração do cristianismo. O método, no tempo de Carlos Magno, era: converta-te ou serás passado ao fio da espada. Lendo os primeiros catecismos feitos na América Latina, vê-se claramente essa tendência. Começa-se com a descrição idílica do céu e, depois, a terrificante, do inferno. Setores da atual Igreja manejam ainda hoje as categorias do medo e do inferno.

Outra tendência, mais contemporânea, e penso, mais próxima de Jesus, põe a ênfase na compaixão e no amor, na justiça original e no fim bom da criação. Entende que a história da salvação se dá dentro da história humana e, não, como uma alternativa a ela. Daí surge um perfil de cristianismo mais jovial, em diálogo com as culturas e com os valores modernos.

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DEUS-MENINO

A festa do Natal se liga a essa última tendência do cristianismo. O que se celebra é um Deus-menino que choraminga entre a vaca e o burrinho, que não mete medo nem julga ninguém. É bom que os cristãos voltem a essa figura. Ele representa o “puer aeternus”, a eterna criança que, no fundo, nunca deixamos de ser.

Uma das melhores discípulas de C. G. Jung, Marie-Louise von Franz, analisou em detalhe esse arquétipo em seu livro “Puer Aeternus” (Paulinas, 1992). Ele possui certa ambiguidade. Se colocamos a criança atrás de nós, ela deslancha energias regressivas de nostalgia de um mundo que passou e que não foi totalmente superado e integrado. Continuamos infantis. Mas, se colocamos a criança eterna à nossa frente, ela suscita em nós renovação de vida, inocência, novas possibilidades de ação que correm em direção do futuro.

Esses são os sentimentos que queremos alimentar neste Natal, no meio de uma situação sombria da Terra e da humanidade. Sentimentos de que ainda teremos futuro e que podemos nos salvar porque a Estrela é magnânima e o “puer” é eterno, e porque ele se encarnou neste mundo e não permitirá que afunde totalmente. Nele se manifestou a humanidade e a jovialidade do Deus de todos os povos. Tudo o mais é vaidade.

24 de dezembro de 2012
Leonardo Boff

NATAL DE DESESPERO

A seca se agrava e as cidades não recebem dinheiro do governo

Drama. Cidades enfrentam dificuldades com abastecimento de água; no campo, animais estão morrendo de sede por causa da longa seca. Enquanto a chuva faz estragos em uma parte de Minas Gerais, em outra, não há água para beber, animais estão morrendo e há perdas nas lavouras em diversas cidades mineiras.
Muitos dos 122 municípios do Estado que decretaram situação de emergência por causa da seca ainda no início deste ano requisitaram verbas ao governo federal. Entretanto, chegado o período chuvoso, os recursos ainda não foram repassados.


A seca atinge o Norte de Minas

Durante uma semana, a reportagem solicitou ao Ministério da Integração Nacional a lista de cidades que receberam ajuda em Minas, mas não obteve resposta. Porém, um levantamento divulgado recentemente mostrou que, dos 2.058 municípios em emergência no Brasil, 68% ficaram sem ajuda neste ano.

Em Monte Azul, no Norte do Estado, a pouca chuva que veio foi insuficiente para encher os reservatórios. “Não veio nenhuma ajuda. A sorte é que tínhamos os carros-pipa que serviam à zona rural”, conta o chefe de gabinete Edson Silvestre Lages.
O recurso citado por ele foi o mesmo apoio para a maioria dos municípios mineiros durante a estiagem. Disponibilizados pela Defesa Civil estadual, caminhões pipas, cestas básicas e galões de água ajudaram a amenizar o sofrimento da população.

“Mas essas coisas não são suficientes porque as comunidades são muitas e muito dispersas. Queríamos verbas para criar reservatórios de água e caixas d’água”, diz a secretária municipal de Agricultura de Salinas, Maria Helena Silva. Na cidade, os rios Mumbuca e do Saco e outros córregos secaram.

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O GADO ESTÁ MORRENDO

Já o rebanho bovino da cidade de Itinga, no Vale do Jequitinhonha, foi reduzido em 40%, segundo o diretor de Planejamento contra a Seca, Dimas Jardim. “Ainda tivemos uma queda na arrecadação por causa da redução do Fundo de Participação dos Municípios. Escolas ficaram sem água”.

Em Coronel Murta, um projeto para a construção de pequenas barragens foi elaborado e enviado ao governo federal por meio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). “Seria uma forma de criar reservatórios de água para a população. Mas o projeto está parado”, afirma o secretário de governo, José Carlos Barbosa.

A construção de uma nova represa também é o objetivo de Espinosa, no Norte. Mas faltam recursos. “A água que temos hoje é usada para irrigar plantações e tem agrotóxicos. Aqui, 50% das lavouras foram perdidas”, diz o secretário municipal de Agricultura, Nilson Faber.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA reportagem do jornal O Tempo mostra apenas a situação no Norte de Minas Gerais. No Nordeste é muito pior. O governo tem dinheiro para sediar a Copa do Mundo e a Olimpíada, mas trata a seca com essa falta de apoio. Nada mudou, o Brasil continua sendo a Belíndia, mistura de Bélgica e Índia, como dizia o economista Edmar Bacha. Que Deus proteja os flagelados neste Natal, porque, se depender do governo… (C.N.)

24 de dezembro de 2012
Johnatan Castro (O Tempo)

PRIORIDADE DO SUPREMO EM 2013 É O JULGAMENTO DOS RECURSOS DOS MENSALEIROS

 

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, já adiantou as prioridades que adotará como dirigente da Suprema Corte e também do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).



Barbosa disse que “a prioridade número um” no Supremo em 2013 será o julgamento de recursos reconhecidos como repercussão geral. Nesses casos, as decisões em apenas um processo no STF é aplicada a todos os casos semelhantes em instâncias inferiores, desafogando a Justiça. O ministro disse que colocou sua equipe para analisar a questão em conjunto com tribunais pelo país.

Ainda segundo Barbosa, a pauta das sessões de 2013 será “mais regular”, destinada à “limpeza de processos que estão prontos para julgamento há muito tempo”.
Quanto ao processo que apura o chamado mensalão mineiro, Barbosa disse que não é mais relator do caso e que a arbitramento do processo dependerá da liberação do próximo ministro responsável, que ainda não foi indicado pela presidenta Dilma Rousseff.

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CORRUPÇÃO

O presidente ainda disse que, no CNJ, atacará a questão do “patrimonialismo no Brasil” em casos de corrupção e improbidade, mas apenas nos casos que envolvem a competência do Conselho, “sem extrapolação”. Ele também analisará a questão dos supersalários no Judiciário e dará atenção especial à questão carcerária, com estudos, publicações e mutirões para tornar o cumprimento das penas mais humano.

Uma das ações, segundo o ministro, será combater a advocacia de parentes de ministros e conselheiros em tribunais superiores, o que ele considera um privilégio indevido.

“É uma visão minha, mas é muito provável que seja contrária ao pensamento de uma maioria. O Brasil é o país dos privilégios, que são internalizados como se fosse a coisa mais natural do mundo. Parece ser um direito constitucional ao privilégio”, disse o ministro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGAo que parece, Barbosa pretende fazer uma limpeza no Judiciário, o poder que bota mais banca, mas que na verdade é tão apodrecido quanto Executivo e Legislativo. Vamos aguardar, para ver até onde ele pretende ir. (C.N)

24 de dezembro de 2012
Débora Zampier (Agência Brasil)

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 
24 de dezembro de 2012


PAPAI NOEL DO PT

 
Charge do cartunista Jean Galvão publicada na página A2 da edição deste domingo da Folha; veja outros cartuns


24 de dezembro de 2012

"LULA QUER O POVO NA RUA DEFENDENDO DELINQUENTES" - AFIRMA ELIO GASPARI




Lula acha que pode botar o povo na rua para defender delinquentes; Collor teve a mesma ideia, deu no que deu
 
LULA E José Dirceu, bem como os comissários Gilberto Carvalho e Rui Falcão, mostraram-se dispostos a botar povo na rua para defender o que chamam de "nosso projeto". A ideia é tirar a nação petista do inferno astral em que se meteu com o ronco das praças.
 
Deveriam pensar duas vezes. Talvez três, consultando-se com o senador Fernando Collor de Mello. Em agosto de 1992, ainda na Presidência, acossado por denúncias de roubalheiras, ele foi à televisão e pediu ao povo que o defendesse, vestindo verde e amarelo no dia Sete de Setembro. A garotada o ouviu e saiu por aí vestindo luto, com as caras pintadas. Em dezembro, Collor renunciou à Presidência.
 
O que vem a ser o "nosso projeto" em cuja defesa o comissariado quer gente na rua? O pedaço dos dez anos de mandarinato petista que garantem popularidade a Lula e à doutora Dilma nada tem a ver com o infortúnio dos mensaleiros e dos jardins de Rose Noronha.
Há gente disposta a sair às ruas para defender muitas iniciativas realizadas pelo PT desde 2003, mas se o comissariado acredita que conseguirá uma mobilização popular para proteger delinquentes condenados pelo Supremo Tribunal ou apanhados pela Polícia Federal, pode estar apostando numa radicalização suicida.
 
O repórter José Casado acompanhou três comícios de Lula durante a última campanha eleitoral. Viu-o nas praças de São Bernardo, Santo André e Diadema. Em cada uma delas havia algo em torno de 2.000 pessoas. Dois terços da audiência eram compostos por uma plateia que havia chegado em ônibus fretados por comissários. Casado tirou uma prova perguntando a vendedores de água como ia a féria. Muito mal.
 
24 de dezembro de 2012
Folha de São Paulo

ÚLTIMO RECURSO DOS QUADRILHEIROS DE LULA NO MENSALÃO PODE NEM EXISTIR


Último recurso dos réus do mensalão pode nem existir. Supremo decidirá se convém analisar os chamados embargos infringentes. Aposta derradeira dos advogados, esse recurso gera nova análise em casos de condenação por votação apertada 
O recurso jurídico que virou a principal aposta dos advogados dos réus do mensalão para tentar rever as condenações de seus clientes no ano que vem poderá ser barrado pelos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
 
Os advogados já anunciaram que esperam apenas a publicação do acórdão com as conclusões do julgamento para apresentar esse recurso, conhecido no meio jurídico como embargo infringente.

De acordo com o regimento do tribunal, os réus têm direito a usar embargos infringentes quando são condenados em votações muito apertadas, com pelo menos quatro ministros votando a favor da absolvição.
 
Em casos assim, os embargos poderiam ser usados para forçar os ministros a julgar novamente algumas questões, o que poderia até mesmo anular condenações ou reduzir as penas já fixadas pelo STF.
 
Dos 25 condenados do mensalão, 15 poderão apresentar embargos, entre eles o ex-ministro José Dirceu. Ele foi condenado por corrupção passiva e formação de quadrilha a dez anos e dez meses de prisão. No segundo crime, perdeu por 6 votos a 4.
 
Antes de rediscutir os argumentos dos réus contra suas condenações, porém, o Supremo terá que decidir se os embargos podem mesmo ser examinados ou se eles não têm cabimento no caso do mensalão.
 
A dúvida existe por causa da Lei 8.038, de 1990, que criou procedimentos para processos no STF e no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Essa lei prevê embargos infringentes para tribunais de segunda instância, mas não para o Supremo.
 
"O que se diz é que a Lei 8.038 pode ter revogado a norma do regimento sobre os embargos infringentes, mas isso vai ter que ser definido porque não foi objeto de discussão", disse o ministro Gilmar Mendes.
 
"É mais uma discussão que precisará ser feita", disse o ministro Marco Aurélio, lembrando que os embargos infringentes foram criados na época em que o Supremo tinha votações secretas, na ditadura militar (1964-1985).
 
No pedido de prisão imediata dos condenados que apresentou na semana passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que, na sua opinião, esse recurso não poderá ser usado no mensalão.
 
Como o processo foi conduzido no Supremo do começo ao fim, não haveria sentido em obrigar os ministros a rever suas próprias decisões. Os embargos infringentes só poderiam ser usados, de acordo com essa tese, em casos iniciados em outras instâncias do Judiciário.
 
Ao rejeitar o pedido de prisão, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmou que "em tese" esses recursos são possíveis em situações excepcionais, mas disse que o problema terá que ser analisado pelo tribunal.
 
"A questão relativa ao cabimento ou não dos embargos infringentes em caso de condenação criminal ainda vai ser enfrentada pela corte, não se podendo, por ora, concluir pela inadmissibilidade desse recurso", escreveu.
 
Para os advogados dos condenados, outro motivo para que os embargos sejam analisados é que a composição do tribunal mudou durante o julgamento e haverá dois novos ministros no plenário quando chegar a hora de julgar os recursos: o recém-empossado Teori Zavascki e o substituto do ex-ministro Carlos Ayres Britto, ainda não escolhido.
 
A expectativa dos ministros do Supremo é que o acórdão com os votos dos ministros e as conclusões do julgamento do mensalão seja publicado depois de fevereiro. Os recursos dos advogados só poderão ser apresentados após a publicação.
 
Se prevalecer o entendimento de que não cabem embargos infringentes, os condenados poderão apresentar apenas os chamados embargos declaratórios, previstos para esclarecer casos de obscuridade, contradição ou omissão no texto do acórdão.
 
24 de dezembro de 2012
FELIPE SELIGMAN e MÁRCIO FALCÃO - Folha de São Paulo

NO OLHO DO FURACÃO

Aliados suspeitam de ‘golpe’ em atos pró-Lula

O PT despertou desconfiança sobre o real objetivo dos atos realizados em defesa do ex-presidente Lula, nos últimos dias. Lideranças avaliam que o desagravo só jogou luz sobre o envolvimento do ex-presidente nas denúncias, embora não tenha sido indiciado pela Polícia Federal.
Os petistas também trouxeram à tona a fragilidade de Lula ao mostrar que ele não tem apoio de todos os partidos e governadores da base.

Terreno arenoso

Faltaram aos atos de solidariedade os líderes do PR, PP, PTB e PDT. Dos governadores, apenas oito compareceram, sendo um do PSDB.

Cara ou coroa

Parlamentares acreditam que, de duas, uma: ou vem mais chumbo grosso contra Lula, ou querem colocá-lo no olho do furacão. 

Privilegiado

Os próprios petistas temem que o desagravo seja vingança de ala do PT por ele ter sido o único a se salvar do julgamento do mensalão.
24 de dezembro de 2012
coluna do claudio humberto

SURTO DE ESPERTEZA

A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA... OU MARCOS VALÉRIO...


 
Marcos Valério pode mesmo ser o Retardado que Sabia Demais, no entanto, de burro não tem nada.

Não é que ele tenha se atrasado para denunciar a mixórdia dos governos Lula. Ele não teve um acesso de coragem, nem tampouco de honestidade ou covardia. É só mais um surto de esperteza.

E já se explica: ao denunciar o recadoameaça de Paulo Okamoto, ele está se encaminhando para o Serviço de Proteção às Testemunhas. Um chá de sumiço, longe dos presídios e com a boa vida que pediu a Deus.

Com isso, não vai precisar usar aliança de barbante no dedo, nem ser faxineira de bandido. Vai passar a vida comendo do bom e do melhor. E longe da pandilha que vai mandar para o fundo do porão
 
24 de dezembro de 2012
sanatório da notícia

JEFFERSON TEM LIVRO COM DETALHES OCULTOS DO MENSALÃO, MAS SÓ PUBLICA DEPOIS DO "JUÍZO FINAL"


Roberto Jefferson, o homem que brigou com José Dirceu e chutou o balde do Mensalão, promete publicar um livro com bastidores inéditos do escândalo que só não derrubou Lula por milagre. Jefferson negocia com duas editoras: uma do Brasil e outra muito famosa da Espanha. Mas a publicação só sairá depois que o tal “transitado em julgado” for finalmente uma realidade na sentença da Ação Penal 470. Em tratamento contra um câncer no pâncreas, Jefferson continua na briga de sempre... Te cuida, Bob!


Mais tortura psicológica que o Julgamento do Mensalão (conforme reclamou outro dia o condenado José Genoíno) é a onda de dossiês que promete revelar ainda mais detalhes sobre megaescândalos que assolam o Brasil, apavorando a petralhada, a tucanalha e seus comparsas mais ou menos votados. O Brasil ficaria eletrizante se Marcos Valério, Carlinhos Cachoeira, Paulo Vieira e tantos outros operadores de esquemas revelassem uma boa parte do que sabem. O problema é que nosso Judiciário ainda é muito lento para punir crimes contra a coisa pública.
Um escândalo supera o outro em dimensão e repercussão. E praticamente todos rendem punições brandas ou que demoram tanto a acontecer que beneficiam os infratores. Vide o mensalão, no qual os condenados devem passar pouco tempo na cadeia. Valério pegará um mínimo de 6 anos, 8 meses e 21 dias na prisão. José Dirceu pegará 1 ano, nove meses e 10 dias. Delúbio: 1 ano, 5 meses e 25 dias. João Paulo Cunha: 1 ano, 6 meses e 20 dias. Henrique Pizzolato: 2 anos, 1 mês e 5 dias. Pelo mal que fizeram ao Brasil, é pouco! Joaquim Barbosa foi bonzinho com eles, indultando-os da prisão imediata.
 
As festas de fim e começo de ano foram providenciais para os nossos corruptos. Ninguém quer saber de escândalos. O noticiário se transforma em um mar de tranquilidade. Como janeiro também é o mês de férias – para a maioria dos servidores públicos e, principalmente, do Judiciário -, a calmaria continua. Em fevereiro, quando o ano ameaça começar, vem o carnaval, e tudo fica paradinho novamente. Assim, ficam esquecidos – e mais abafados ainda – o Rosegate, o Gabrielligate, o Eletrogate e tantos outros escândalos capazes de encher o nosso saco e o do Papai Noel.
 
Ontem, tive uma ilusão. Cheguei a acreditar que seria brindado com a bela mensagem natalina da Presidenta Dilma Rousseff. Que nada! A Velha Guerrilheira foi para a cadeia (de rádio e televisão, claro) para despejar um papo furado, cheio de números, sobre as maravilhas do Governo Federal. Tudo lido no teleprompter, escrito por marketeiros, sem a menor credibilidade no que era dito. Dilma é até uma razoável “atora”, mas nem a Velhinha de Taubaté levou muita fé no que ela falou. Prometeu mundos e fundos, e não explicou por que o Brasil não cresce como deveria.
 
Já que a Dilma não cumpriu a missão sincera de nos desejar um feliz natal e um ano novo concretamente melhor, cada um dos “amigos e amigas” devem fazê-lo por ela. Logo mais, que todos se lembrem do nascimento de Jesus – o exemplo dos exemplos. E vamos pedir ao Pai dele que derrame suas luzes de Justiça para purificar os podres poderes que infestam o Brasil.
Feliz Natal!
 
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
24 de dezembro de 2012

Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

MINHAS CORRUPÇÕES PREDILETAS


Leitores querem saber por que não escrevo sobre as grandes corrupções nacionais. Ora, isto está na primeira página de todos os jornais. A crônica é tão vasta que já existem extensas compilações on line, para orientar o leitor no organograma da corrupção. Prefiro falar sobre o que os jornais não trazem. Por exemplo, o Chico Buarque sendo traduzido na Coréia às custas do contribuinte. Não sei se o leitor notou, mas a dita grande imprensa não disse um pio sobre isto. O que sabemos vem da blogosfera.

Prefiro falar de corrupções mais sutis, quase imperceptíveis, mas corrupções. A imprensa denuncia com entusiasmo a corrupção no congresso, na política, nos tribunais. Não diz uma palavrinha sobre a corrupção no santo dos santos, a universidade. Corrupção esta mais difícil de ser detectada, já que em geral foi legalizada. Mordomias para encontros literários internacionais inúteis, concursos com cartas marcadas, endogamia universitária, tudo isto se tornou rotina no mundo acadêmico e não é visto como corrupção.

Tampouco se fala sobre a corrupção no mundo literário, que há muito se prostituiu. Jorge Amado, que passou boa parte de sua vida escrevendo a soldo de Moscou, está sendo homenageado nestes dias no país todo. Devo ter sido o único jornalista que o denuncia – e isto há décadas – como a prostituta-mor das letras tupiniquins.

Corrupção só existe quando em uma ponta está o Estado. Se o dono de meu boteco me cobra 50 reais por uma cerveja e eu pago com meu dinheiro, pode ter ocorrido um abuso, mas jamais corrupção. O dinheiro é meu e a ele dou a destinação que quiser, por estúpida que seja. Mas se um fornecedor de cervejas as vende por 50 reais ao governo, está caracterizada a corrupção. Porque governo não tem dinheiro. Governo paga com os meus, os teus, os nossos impostos. E obviamente alguém do governo vai levar algo nessa negociata.

Escritores, esses curiosos profissionais que querem transformar suas inefáveis dores-de-cotovelo em fonte de renda, adoram subsídios do Estado. Não falta quem pretenda a regulamentação da profissão. O que não seria de espantar, neste país onde até a profissão de benzedeira acaba de ser reconhecida no Paraná.

Em 2002, Mário Prata, medíocre cronista do Estadão, pedia a Fernando Henrique Cardoso o reconhecimento da profissão de escritor: "O que eu quero, meu presidente, é que antes de o senhor deixar o governo, me reconheça como escritor". Claro que não era apenas a oficialização de uma profissão que estava em jogo. Mas o financiamento público da guilda. Cabe observar como o cronista, subserviente, se habilita ao privilégio: “meu presidente”.

Esquecendo que existe um Congresso neste país, o cronista pedia ao presidente a elaboração de uma lei. Mais ainda. Citava a Inglaterra como exemplo de país onde o escritor é reconhecido. Lá, segundo o cronista, toda editora que publicar um livro, tinha que mandar um exemplar para cada biblioteca pública do país. "Claro que os 40 mil exemplares são comprados pelo governo. Quem ganha? Em primeiro lugar o público. Ganha a editora, ganha o escritor. Ganha o País. Ganha a profissão".

E quem perde? - seria de perguntar-se. A resposta é simples: como o governo não paga de seu bolso coisa alguma, perde o contribuinte, que com os impostos tem de sustentar autores até mesmo sem público. É o que chamo de indústria textil. Textil assim mesmo, sem acento: a indústria do texto. É uma indústria divina: você pode não ter nem um mísero leitor e vender 40 mil exemplares. O personagem mais venal que conheço é o escritor profissional. Ele segue os baixos instintos de sua clientela. O público quer medo? Ele oferece medo. O público quer lágrimas? Ele vende lágrimas. O público quer auto-ajuda? Ele a fornece. É preciso salvar o famoso leite das criancinhas.

No fundo, saudades da finada União Soviética, onde os escritores eram pagos pelo Estado comunista para louvar o Estado comunista. Seguidamente comento – e creio ser o único a comentar – o livro A Sombra do Kremlin, relato de viagem do jornalista gaúcho Orlando Loureiro, que viajou a Moscou em 1952, mais ou menos na mesma época que outro jornalista gaúcho, Josué Guimarães. Enquanto Josué, comunista de carteirinha, vê o paraíso na União Soviética em As Muralhas de Jericó, Loureiro vê uma rígida ditadura, que assume o controle de todo pensamento. Comentando a literatura na então gloriosa e triunfante URSS, escreve Loureiro:

- A União dos Escritores funciona como um Vaticano para a moderna literatura soviética. O julgamento das obras a serem lançadas obedece a um critério estreito e sectário de crítica literária. Esta função é exercida por um conselho reunido em assembléia, que discute os novos livros e sobre eles firma a opinião oficial da sociedade. A exegese não se restringe aos aspectos literários ou artísticos da obra julgada, senão que abrange com particular severidade seu conteúdo filosófico, que deve estar em harmonia absoluta com os conceitos de “realidade socialista” e guardar absoluta fidelidade aos princípios ideológicos da doutrina marxista. Se o livro apresentar méritos dentro do ponto de vista dessa moral convencionada, se resistir a esse teste de eliminatória, então passará por um rigoroso trabalho de equipe dentro dos órgãos técnicos da União, podendo vir a tornar-se num legítimo best-seller, com tiragens astronômicas de 2 a 3 milhões de exemplares. E o seu modesto e obscuro autor poderá ser um nouveau riche da literatura e será festejado e exaltado e terminará ganhando o cobiçado prêmio Stalin...

Foi o que aconteceu com a prostituta-mor das letras brasileiras. Em 1950, o ex-nazista e militante comunista Jorge Amado passou a residir no Castelo da União dos Escritores, em Dobris, na ex-Tchecoslováquia, onde escreveu O Mundo da Paz, uma ode a Lênin, Stalin e ao ditador albanês Envers Hodja. No ano seguinte, quando o livro foi publicado, recebeu em Moscou o Prêmio Stalin Internacional da Paz, atribuído ao conjunto de sua obra, condecoração geralmente omitida em suas biografias.

Não que hoje se peça profissão de fé marxista ou louvores a Stalin. No Brasil, para ter sucesso, o escritor hoje tem de aderir ao esquerdismo governamental. Não precisa louvar abertamente o PT. Mas se tiver dito uma única palavrinha contra, não é convidado nem para tertúlia nos salões literários de Não-me-toques. Você jamais ouvirá um Luís Fernando Verissimo, Mário Prata, Inácio de Loyola Brandão ou Cristóvão Tezza fazendo o mínimo reproche às corrupções do PT. Perderiam as recomendações oficiais como leituras escolares e acadêmicas... e uma considerável fatia de seus direitos de autor. O livro de Loureiro não mais existe, só pode ser encontrado em sebos. Os de Josué continuam nas livrarias. Et pour cause...

Escritor financiado pelo Estado é escritor que vendeu sua alma ao poder. É o que acontece quando literatura vira profissão. Alguns se rendem aos baixos instintos do grande público e fazem fortuna considerável. Uma minoria consegue exercer honestamente a literatura e manter a cabeça acima da linha d'água.

Uma imensa maioria, que não consegue ganhar a vida nem honesta nem desonestamente, apela à cornucópia mais ao alcance de suas mãos, o bolso do contribuinte. É o caso de Chico Buarque, o talentoso escritor cujo talento maior parece ser descolar financiamento para sua “obra” junto ao contribuinte. Mas Chico está longe de ser o único. Está cometendo algum crime? Nenhum, seus subsídios são perfeitamente legais. Mas por que cargas eu ou você temos de pagar pelas traduções e viagens a congressos internacionais de um escritor que se dá ao luxo de ter uma maison secondaire às margens do Sena?

Ainda há pouco, eu comentava o absurdo de o contribuinte financiar a tradução de Chico na Coréia. Leio agora que o programa de bolsas de tradução da Biblioteca Nacional vai apoiar mais autores best-sellers no Brasil. O Diário de um Mago, de Paulo Coelho, será lançado na China pela editora Thinkingdom Media Group. Já As Esganadas, de Jô Soares, estará nas livrarias francesas. Ora, Coelho tornou-se milionário graças a suas obras de auto-ajuda, já traduzidas em quase 60 idiomas. Jô, que deve ganhar salário milionário na televisão, tem seus livros entre os mais vendidos, graças ao fator Rede Globo. Será que estes senhores precisam enfiar a mão em nosso bolso para pagarem seus tradutores na China e na França?

É destas corrupções, perfeitamente legais, que prefiro falar. Porque delas ninguém fala. Em verdade, nem mesmo os leitores. Não há quem não chie contra a carga tributária imposta ao contribuinte no Brasil. Mas todos pagam sem chiar as mordomias destas prostitutas das Letras.


24 de dezembro de 2012
janer cristaldo
 

ESSA GENTE ORDINÁRIA MENTE DEMAIS: GOVERNO MAQUIA ORÇAMENTO DE PREVENÇÃO A DESASTRES

 

Ministro afirma que R$ 7,7 bilhões foram destinados para a área em 2012, sendo metade paga. Levantamento exclusivo mostra: recursos somam, na verdade, R$ 5,1 bilhões e só um terço do prometido para o ano foi desembolsado
Imagem de Nossa Senhora das Graças em meio a destruição causada pela chuva, na Região Serrana do Rio, em 2011

Se você não pode convencê-los, confunda-os. A frase foi cunhada no final dos anos 40 pelo então presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, para resumir o método de atuação de seus adversários.
A máxima, entretanto, segue atual no Brasil. Ela traduz com precisão a filosofia do governo brasileiro em relação à transparência de gastos públicos. A metodologia beira a crueldade quando usada para disfarçar o descaso das autoridades com a prevenção e a resposta a desastres naturais.
As chuvas mataram no Brasil 473 pessoas em 2010 e 1008 em 2011 — sendo 905 delas na Região Serrana do Rio, nos primeiros dias de janeiro.

Em uma tentativa de mostrar serviço, às vésperas do período mais chuvoso do ano, entre dezembro e fevereiro, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, convocou um evento no dia 12 de dezembro, em Brasília, para anunciar: “Ouso dizer que nós nunca estivemos tão preparados como agora.”

Bezerra escorou a profecia em uma apresentação com 29 slides. Em um deles, atestava que os recursos federais para a área somavam 7,7 bilhões de reais em 2012. Desse valor, na versão do ministro, 4,9 bilhões de reais foram empenhados, ou seja, reservados para futuro pagamento, e 3,9 bilhões de reais foram efetivamente pagos. O resultado: o governo teria desembolsado metade do prometido para a área no ano.

Levantamento da ONG Contas Abertas e do site de VEJA com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) mostra que, na realidade, a poucos dias do fim do ano, só um terço dos recursos previstos no orçamento da União para 2012 foi gasto.
O índice é ainda pior do que os modestos 51% apresentados por Fernando Bezerra [foto].
Veja detalhes no infográfico abaixo.

O ministro usou um cálculo maroto para inflar o valor investido na prevenção e combate a desastres naturais. A fórmula: somar aos dados verdadeiros cifras bilionárias do Minha Casa Minha Vida, administrado pelo Ministério das Cidades.

“O programa nunca foi considerado nesse cálculo, nem nos balanços do próprio governo”, afirma o secretário-geral do Contas Abertas, Gil Castello Branco. “Eles pinçaram recursos de outros programas para fazer volume. Fugiram das ações específicas de prevenção e resposta a tragédias porque, nelas, a execução do orçamento foi pífia.”

O valor real destinado à área foi de 5,1 bilhão de reais, dos quais apenas 1,7 bilhão foi pago até 20 de dezembro. A quantia está prevista em três rubricas do orçamento: prevenção e preparação para desastres; resposta aos desastres e reconstrução; e gestão de riscos e resposta a desastres. Essa última criada em 2012.

Em agosto, a presidente Dilma Rousseff lançou o PAC Prevenção, que fazia referência ao Minha Casa Minha Vida como um mecanismo de auxílio a pessoas desabrigadas ou desalojadas por intempéries.
O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, prometeu reservar 50.000 imóveis do programa para famílias de baixa renda afetadas por desastres naturais.
Não há hoje, dentro das três rubricas referentes ao assunto, porém, nenhum recurso previsto para essa finalidade.

O Ministério da Integração Nacional é o responsável por articular as ações de prevenção e socorro em caso de desastres e recebe a maior fatia (63%) dos 5,1 bilhões de reais. São 3,2 bilhões de reais. Cidades fica com 1,7 bilhões de reais (33%). As pastas de Ciência e Tecnologia, Educação, Minas e Energia, Saúde, Meio Ambiente, Defesa e Desenvolvimento Social dividem entre si os 239 milhões de reais restantes.

Prevenir ou remediar?

Quando o assunto são tragédias naturais, o governo continua ignorando o dito popular segundo o qual é melhor prevenir do que remediar. Além de destinar mais dinheiro para dar resposta a desastres (337 milhões de reais) do que à prevenção (139,8 milhões de reais), o governo executa mal o orçamento previsto para evitar ou diminuir o risco de enchentes e deslizamentos.

Segundo o levantamento do Contas Abertas e de VEJA, até 20 de dezembro foi desembolsado 58% do valor previsto para o ano em ações preventivas. A execução da rubrica “gestão de riscos e resposta a desastres”, que reúne atividades de prevenção e de socorro, foi ainda pior: só 25% dos recursos, do total de 4,6 bilhões de reais, foram gastos.

Caixa-preta

Ao longo de uma semana, a reportagem do site de VEJA questionou o Ministério da Integração Nacional sobre os critérios usados pelo governo para chegar ao valor de 7,7 bilhões de reais apresentado no evento por Fernando Bezerra. A pasta enviou três explicações diferentes sobre o assunto por e-mail e deu outras duas por telefone sem, em nenhuma delas, responder à pergunta feita ou informar os critérios para incluir ações do Minha Casa Minha Vida no montante.

A assessoria de comunicação do ministério informou que só detalharia os números que diziam respeito à Integração Nacional — 3,5 bilhões de reais dos 7,7 bilhões de reais.
Na listagem de atividades, misturaram dados de dotação com os de valores pagos. Alertados, enviaram novas informações, em que a dotação total passava de 7,7 bilhões de reais para 8,4 bilhões de reais. Os dados, dessa vez, incluíam uma medida provisória editada pela Presidência no fim do ano. O ministério não informou a que rubricas do orçamento refere-se cada projeto listado, o que impede a confirmação das informações nos dados oficiais do Siafi.

Os mesmos questionamentos foram feitos ao Ministério das Cidades, responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida e dono do segundo maior orçamento para prevenção e socorro em situações de desastres naturais. O órgão público não respondeu à solicitação de informação da reportagem.
Por maior que seja o esforço do governo para mascarar a realidade, dificilmente ele resistirá às primeiras chuvas de verão.

 24 de dezembro de 2012Veja online