"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 19 de janeiro de 2013

FESTANÇA ARRETADA!!!

Cid faz festa no Ceará sob calamidade pública

Com 174 dos 184 municípios cearenses em estado de calamidade pública, na pior seca dos últimos 70 anos, o governador Cid Gomes (PSB) inaugurou ontem um hospital em Sobral, sua cidade, com show de Ivete Sangalo.
 
Somente ela recebeu dos cofres públicos um cachê de R$ 650 mil. Técnicos do setor avaliam que o dinheiro seria suficiente para levar água a pelo menos três municípios de pequeno porte.

Festa milionária

Somando o cachê de Ivete Sangalo às despesas de produção, o custo da festa de Cid Gomes pode haver superado R$ 1 milhão.

19 de janeiro de 2013
in claudio humberto

AÇÃO CONTRA LOBÃO, SENADOR E MINISTRO DE DILMA, NÃO ANDA HÁ 11 ANOS

Ação contra senador Lobão Filho não anda há 11 anos. Banco cobra de senador dívida de um empréstimo em que foi dada como garantia fazenda-fantasma
Desde 2002 tramita na Justiça do Maranhão uma ação que tenta cobrar do senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA) e mais três pessoas, uma delas mulher do parlamentar, o pagamento de uma dívida calculada, na época, em R$ 5,5 milhões (no processo, não há valores atualizados). Em 2009, inexplicavelmente, o processo foi arquivado, sem que ninguém assim determinasse. No ano passado, ao descobrir o erro, o banco pediu o desarquivamento, mas, mesmo assim, embora desde agosto de 2011 esteja concluso, o processo continua parado.

O juiz que cuidava do caso, José de Arimatéia Correia Silva, da 5ª Vara Cível de São Luís, foi aposentado compulsoriamente em fevereiro deste ano pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Arimatéia foi acusado de agir com parcialidade em várias ações.

No meio do processo, entre tentativas de Lobão Filho de excluir seu nome como um dos fiadores de um empréstimo junto ao Banco do Nordeste (BNB), a empresa da qual foi sócio tentou substituir as garantias que havia dado por uma fazenda-fantasma.

Lobão Filho foi sócio da Bemar Distribuidora de Bebidas entre 1996 e 1998. Em julho de 1997, a empresa contraiu um empréstimo de US$ 648 mil —R$ 699 mil na cotação da época. O dinheiro foi utilizado para a compra de caminhões — há pelo menos três em nome do parlamentar. Como garantia pela liberação da verba, a Bemar não deu os próprios veículos, como seria comum — deixou alienadas para o pagamento da dívida 28.820 caixas de cerveja Schincariol.

O agora senador, sua mulher, Paula, e as sócias Maria Luiza Thiago de Almeida e Ana Maria dos Santos aparecem como fiadores do empréstimo que deveria ter sido pago em 30 prestações. A empresa, porém, não honrou o compromisso, e, desde 2002, o BNB tenta penhorar os bens da Bemar e dos fiadores.

Em 2008, quando Lobão Filho assumiu a vaga do pai, que virou ministro de Minas e Energia, veio a público a história de que ele havia transferido para uma empregada doméstica suas cotas da Bemar para tentar fugir da cobrança da dívida. Ele negou que tivesse conhecimento de que a sócia que entrava em seu lugar era uma laranja.

No decorrer do processo de cobrança da dívida, a Bemar sugeriu trocar a garantia dada pelo empréstimo: em vez das 28.820 caixas de cerveja, apresentou uma fazenda de 20 mil hectares em Sento-Sé, na Bahia, avaliada, segundo informava a empresa, em R$ 4,5 milhões. A distribuidora de bebidas também procurou retirar Lobão e os demais ex-sócios da condição de fiadores. No entanto, o BNB descobriu que a fazenda que a Bemar disse ter adquirido em abril de 2002 por R$ 10 mil não existia.

‘Até hoje estou pagando com a minha imagem’

SÃO LUÍS A Bemar juntou avaliações que teriam sido realizadas no mesmo mês da compra da fazenda que afirmavam que o imóvel valia R$ 4,5 milhões. “Estranha-se, portanto, o fato de o imóvel sofrer uma valorização de mais de 40.000% no mesmo mês”, anotaram os advogados do banco num agravo de instrumento. O técnico do BNB que esteve no lugar enviou e-mail à chefia da instituição atestando que a fazenda não existia.

O senador Edison Lobão Filho (PMDB) negou que soubesse que era fantasma a fazenda que a Bemar Distribuidora de Bebidas queria dar como garantia para pagamento da dívida. Lobão declarou ao GLOBO que se arrepende de ter deixado a sociedade, porque, de acordo com ele, a empresa, que era deficitária, agora é muito lucrativa.

O senador disse que quando entrou na sociedade, em 1996, a empresa era pequena e faturava pouco. A Bemar, segundo contou, trazia cerveja da Bahia para revender no Maranhão.

—Entrei como avalista, e as dívidas começaram a se acumular. Com o tempo, fiz um acordo pelo qual eu saía sem nada, mas os demais sócios assumiam todas as dívidas.

Ele afirmou que procurou o Banco do Nordeste para retirar seu nome da condição de avalista, uma vez que já não era mais sócio da empresa, mas o banco não aceitou.

— Eu procurei o banco e disse que a empresa não havia falido e que meus ex-sócios estavam ricos. Pedi para transferir a dívida para eles porque eu não tenho mais nada a ver com o negócio.

O senador maranhense lamenta hoje sua decisão de sair da sociedade.

— A empresa está muito maior do que antes. Foi um péssimo negócio eu ter saído. Eles ficaram ricos com este negócio — repetiu.

Para o senador, é estranho o banco afirmar que a fazenda que seria dada como garantia não existe. Ele afirmou que há um ano, ao conversar com Marco Aurélio Costa, um dos sócios da Bemar, este lhe teria dito que havia comprado uma fazenda que havia valorizado demais.

— Ele afirmou que estava preferindo fazer um acordo e ficar com a fazenda. Eu não tenho nenhuma fazenda porque não gosto. Mas eles são grandes fazendeiros, têm diversas fazendas. Com toda a grana da bebida, eles compraram fazendas. Vou procurá-los para saber o que fizeram.

Lobão Filho disse que foi investigado quando surgiram notícias de que teria vendido sua parte para uma laranja e que nada foi provado contra ele.

— Até hoje estou pagando com a minha imagem.

19 de janeiro de 2013
Chico de Gois - O Globo

VENEZUELA PERSEGUE O FRACASSO COM EFICIÊNCIA

 

Haja o que houver em Havana, convertida em centro do poder venezuelano, quem for cumprir o mandato para o qual foi reeleito Hugo Chávez terá um projeto de governo e poder à sua espera em Caracas.
Ele também está na internet, no site www.chavez.org.ve, em que pode ser encontrado o “Programa da Pátria” para 2013-2019, período da gestão já iniciada numa mirabolante decisão sancionada pela Suprema Corte chavista sem que o presidente tomasse posse.

Repleto de chavões clássicos do palavrório supostamente revolucionário latino-americano, o programa traz metas de toda ordem. Não é apenas uma peça de proselitismo. Aponta para 2019 como prazo final para a instituição do “socialismo do século XXI”. E nele não há mesmo espaço para a iniciativa privada.

É incrível, mas, depois da autopulverização soviética e da consequente falência do Leste da Europa, dos delírios da Coreia do Norte, da pauperização cubana, o chavismo trabalha para cometer os mesmo erros.

Reportagem publicada segunda-feira pelo GLOBO relata alguns passos dados com sucesso no projeto de destroçamento da empresa privada. Um deles, a Lei Orgânica do Trabalho, baixada por decreto em maio do ano passado, na prática tornou estáveis todos os empregados.

Aumenta o absenteísmo, cai a produtividade, e assim inviabiliza-se qualquer empresa que precisa do lucro para reinvestir e sobreviver. Numa grande indústria de alimentos, Monaca, 40% dos funcionários já não aparecem para trabalhar, noticiou o jornal “El Universal”.

A folha de funcionários públicos dobrou desde 1999, quando Chávez chegou ao poder pelo voto. E todos tendem a ser servidores, pois a empresa privada será extinta, é evidente. (Como prevê, no jargão engajado, o “Programa da Pátria”).

Ao seguir na desmontagem do setor privado, Chávez amplia o emprego informal. Mas quem se encontra na informalidade recebe do governo uma espécie de “bolsa” — um incentivo a não se buscar emprego formal.

Chavista considera responsabilidade fiscal algo burguês, neoliberal. Pois o déficit fiscal venezuelano, a depender da fonte, varia de 25% a 30% do PIB (!)

A conta só fecha, por enquanto, devido ao petróleo. Mesmo assim, por ainda estar na faixa dos US$ 100 o barril — US$ 80 a mais que na posse do caudilho.

Há muitas interrogações à frente da Venezuela. Não se sabe, por exemplo, se os efeitos colaterais do projeto de desmontagem da empresa privada serão suportáveis.

É conhecida a crise de desabastecimento no país, cada vez mais dependente da importação de bens de consumo, e com uma enorme diferença entre o câmbio oficial e o “negro” (4 para 14).
Não se pode ser otimista. Enquanto o chavismo desmonta o sistema capitalista, parece não conseguir substituí-lo pelo socialismo, que já fracassou na História.

E, mesmo que tenha sucesso na troca de regimes, o desastre será inevitável. Pois já ocorreu.

19 de janeiro de 2013
O Globo. Editorial

INACREDITÁVEL...

 


A parruda Lurian
A parruda Lurian
 
Nada a surpreender, porque os “incomuns” não tem esses pruridos. Rebentos gerados por amancebamento é comum nas famílias imperiais.
O autor do texto, José Eugênio de Santana, do Saber Literário, ficou puto da vida com o que leu e nos brindou com um delicioso texto, que a deliqüencia geriátrica deste jornal não pode deixar de saber.

“Até a ‘robusta’ filhota bastarda do EX presidente Defuntus Maracutaius, entrou na confusão e na presepada para defender as trampolinagens do alcoviteiro papai. Lurian (háháhá, Lurian, mais uma vez a prova que pobre adora misturar nomes para dar à cria) Lulla da Silva, a robusta senhoura, em sua página do feicebuqui, fez ameaças aos que querem ver o traste PTralha batendo com o costado na cadeia.
Entre outras baboseiras, a filhota ONGueira do ex presidente disse que: ‘estão mexendo em um vespeiro’. Em seus vômitos de insanidades, a filhota ainda insiste em dizer que mexer com seu amado papai, é mexer com 80% do povo brasileiro.
Bem, minha querida e robusta criatura, mesmo que seu papai tivesse 80% de popularidade, nada iria adiantar acreditar que o povo iria para as ruas em defesa do seu trampolineiro ‘papis’.

Por dois motivos: O primeiro é porque o povo só vai para as ruas para festejar alguma coisa. Para protestar, ou mesmo para defender quem quer que seja é IMPOSSÍVEL!!!
O brasileiro não tem o hábito de sair em passeata para porcaria nenhuma, e não terá para sair em defesa de um mentiroso e patético parlapatão apedeuta que na vida só aprendeu a levar vantagens sem ter que se esforçar para ganha-la.

E o segundo, pelo que temos visto, nem a militontância do partido das ratazanas vermelhas anda motivada para fazer ainda mais papel de palhaço.
Veja que o Zé Dirceu berrou aos quatro ventos que o povo iria às ruas em sua defesa e não conseguiram reunir nem cem otários que ainda acreditam nas mentiras e manobras perpetradas pela quadrilha que se formou em Brasília e que o MUNDO sabe quem é o chefe do bando.

Tanto sabe, que algumas das palestras que seu papai iria fazer pelaí, já foram canceladas pelas empresas que contrataram. Ninguém mais quer ser visto ao lado do trampolineiro mór da pocilga. Assim que o barco começa a afundar os ratos são os primeiros a fugir, e rato vermelho é o que não falta no PT.
Mas em vez de ir ao Feicebuqui para ameaçar uma revolta que nunca acontecerá, porque você não prestou contas dos DEZ MILHÕES que pegou para sua fajuta ONG que simplesmente desapareceu após a entrada dessa grana?
E o dinheiro do Fome Zero que sumiu?
 Ou então abra suas contas para que a população veja o quanto você torrou de grana nos cartões corporativos que seu papai arrumou para seu uso, mesmo você não tendo cargo algum na presidência da república, ou no estado Brasuca.

Em vez de ficar pagando de indignada e de aglutinadora de otário para defender bandoleiros, venha à público e abra suas contas e mostre o quanto vocês são honestos e que tudo o que dizem a respeito da sua família é coisa da imprensa golpista e dos reacionários pagadores de impostos da pocilga.

Sem contar o quanto sua família PESA no erário público para manter seguranças da PF tomando conta de vocês.
Oras, se vocês sabem que o papis tem 80% de popularidade, não há o que temer, portanto não precisam de babás da PF garantindo seu sono. Ainda mais sabendo que povo Brasuca é de uma covardia e frouxidão estratosférica.

E sinceridade, eu nem sei como é que sua família consegue dormir em paz sabendo o quanto vocês se apoderaram do sofrido povo pobre, burro, e festeiro da pocilga.
E devolva a grana da ONG como mostra de que você é uma pessoa séria e impoluta.
Pois enfiar dez milhetas no bolso e depois ficar pagando de indignada é fácil. Dificil mesmo é mostrar a verdadeira cara de bolacha e abrir as contas para uma auditoria…”

19 de janeiro de 2013
Marc Aubert

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



19 de janeiro de 2013

REPUBLICANAGEM

 

O QUE É ISSO, COMPANHEIROS?

Maluf terá de devolver R$ 57 milhões à Prefeitura de São Paulo. Empresas ligadas à família do ex-prefeito teriam sido usadas para desviar dinheiro. Que dinheiro? Que prefeitura? Que empresas? Que São Paulo? O que é isso, companheiros?!?

OS FORA DA LEI

Rio de Janeiro aprova a criação da "Lei dos bons costumes". Lei pretende resgatar os valores morais, sociais, éticos e espirituais. Enfim, o político carioca será enquadrado será enquadrado como um fora-da-lei.

SUJOU

De olho na reeleição, Dilma Vana cria canal com prefeitos. É o verdadeiro Canal da Mancha.

LIVRE E SOLTO

Homem invade palco e aponta arma contra líder de partido político na Bulgária. Ele não disparou e foi preso na sequência. O político permanece em plena liberdade.

MICARETAS

Novos prefeitos estão cancelando o Carnaval, por causa das dívidas que herdaram dos seus antecessores. Já confirmaram o cancelamento da folia oficial, os prefeitos de Florianópolis (SC), São Luiz do Maranhão, Petrópolis (RJ), Diamantina (MG); também não haverá Carnaval em Ilhéus (BA) e nem em Porto Velho (RO).
Em São Paulo, foram canceladas festas em São Carlos, Barretos, Caçapava, Guaratinguetá, Lorena, São José dos Campos, Araraquara, Campinas e Taubaté. O motivo é simples: os prefeitos que saíram já tinham feito o maior carnaval com os cofres municipais. Isso é que é micareta!

SOLIDÃO

Pronto, não há mais sombra de dúvida. O delegado desvendou o mistério: Walmor Chagas cometeu suicídio. Não aguentou a solidão que 82 aniversários causam na vida da gente, ainda mais quando se vive recluso como ele vivia em seu hotel fazenda, localizado no bairro das Pedrinhas, em Guaratinguetá, interior de São Paulo.

NADA NO FRONT

Começaram os campeonatos estaduais. Surpresas em todas as rodadas: venceram todos os favoritos

19 de janeiro de 2013
sanatório da notícia

NOVELA SOBRE CHÁVEZ GANHA NOVO CAPÍTULO COM NOTÍCIA SOBRE INFARTO DURANTE CIRURGIA

 

(Foto: AFP)

Enredo sem fim – As notícias sobre Hugo Chávez são tão contraditórias, que o plano do Palácio Miraflores, sede do Executivo venezuelano, para camuflar a verdade pode ruir a qualquer momento. Há dias, o vice-presidente e presidente interino Nicolás Maduro disse que o caudilho está lúcido e dando ordens a partir de Havana, onde passou por delicada e arriscada cirurgia para tentar conter a metástase de um sarcoma, que atingiu a medula óssea e obrigou os médicos à retirada da próstata e de parte do intestino.

Na quinta-feira (17), em entrevista à Agência Efe, Maduro garantiu que o líder bolivariano está “muito sereno, muito consciente”. Todas essas informações absurdas e desencontradas não passam de uma armação da cúpula do governo da Venezuela, que aguarda o momento adequado para dar a derradeira notícia sobre Chávez, como forma de evitar uma guerra civil no país entre chavistas e opositores do regime totalitarista local.

A discrepância entre a realidade dos fatos e os discursos de Nicolás Maduro confirma que há algo muito estranho nessa epopeia que tem como pano de fundo o “Pacto de Havana”, comandado pelo ditador cubano Raúl Castro, um dos maiores interessados na continuidade do chavismo na Venezuela.
Enquanto nenhuma imagem de Hugo Chávez é divulgada, há uma estranha movimentação no hospital militar de Caracas, para onde seria levado o líder venezuelano para tomar posse oficialmente e de pronto transferir o cargo a Nicolás Maduro, evitando a convocação de nova eleição presidencial. Para que isso ocorra, informa o jornal espanhol ABC, os médicos que cuidam de Chávez estão sendo diuturnamente pressionados para estabilizá-lo a ponto de o paciente conseguir enfrentar uma viagem de avião até a capital da Venezuela.

A rede de televisão Univisión, com sede em Miami, informou que Chávez sofreu uma parada cardíaca durante a cirurgia realizada em 11 de dezembro. Citando fontes diretamente ligadas ao tratamento a que é submetido o líder da Revolução Bolivariana, a Univisión afirma que sua aparência deteriorada não permite a divulgação de qualquer imagem. Hugo Chávez perdeu entre 19 e 22 quilos e recentemente teve uma hemorragia abdominal, mas os médicos descartaram a possibilidade de cirurgia por causa do seu grave estado de saúde.

O presidente venezuelano estava na UTI Centro de Investigaciones Médico-Quirúrgicas (Cimeq), em Havana, mas foi transferido para um “hospital-bunker”, localizado na capital cubana e que funciona como um centro médico de emergências exclusivo para o ditador Fidel Castro. Ainda de acordo com a Univisión, a transferência de Chávez para outro hospital se deu depois que notícias sobre seu estado de saúde vazaram para a imprensa internacional.

Protegidos por um forte esquema de segurança, os familiares de Hugo Chávez continuam no Cimeq, um centro médico-hospitalar elitizado para os padrões da ilha caribenha, com a intenção de provar que nenhuma mudança ocorreu no quadro de saúde do venezuelano. Isso explica o fato de Ollanta Humala e Cristina Kirchner, presidentes do Peru e da Argentina, respectivamente, terem viajado a Havana para visitar Chávez, mas, impedidos, limitaram-se a conversar com a família.

No contraponto, crescem na internet e na imprensa as notícias sobre a eventual morte de Chávez, que teria ocorrido dias depois da cirurgia por causa de uma septicemia. Membros do serviço secreto de alguns países já trabalham com a informação de que Hugo Chávez está morto.
Confirmada a notícia, o traslado de Chávez para Caracas com o objetivo de tomar posse seria mais uma farsa de um imbróglio que, não fosse mórbido, seria uma ópera-bufa.

19 de janeiro de 2013
ucho.info

JUDICIÁRIO E LEGISLATIVO AINDA SE ADAPTAM À LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO

Mais de 7 meses depois de a Lei de Acesso à Informação entrar em vigor, o Legislativo e o Judiciário ainda se adaptam às mudanças exigidas pela norma.
Embora a lei federal seja única para os Três Poderes, cada órgão tem seu próprio sistema para tratar e divulgar os dados públicos, o que acaba dificultando a obtenção de informações consolidadas e o monitoramento de resultados.



No Supremo Tribunal Federal (STF), uma portaria baixada em julho pelo então presidente Carlos Ayres Britto regulamentou a Lei de Acesso à Informação de forma provisória.
O documento terá validade até que uma comissão tríplice, formada pelos ministros Marco Aurélio Mello, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, faça um estudo mais aprofundado, que ainda não tem data para ser apresentado.

O estudo do STF não valerá para o restante do Judiciário, que deve adotar as regras do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em julho, o órgão atualizou resolução de 2009 que continha orientações sobre transparência, inserindo a obrigação de os tribunais publicarem os vencimentos de seus servidores com identificação nominal. Ainda assim, cada tribunal se adapta a seu modo à inovação legal, especialmente nos formatos e prazos de atendimento ao cidadão e classificação de demandas.

Uma das justificativas para a autonomia é que muitos órgãos do Judiciário tinham seu próprio canal de comunicação com o cidadão antes da Lei de Acesso à Informação, como o STF e sua Central do Cidaouvidorias em vários tribunais.
No STF, menos de 1% das demandas externas são relativas à Ledão e as i de Acesso à Informação(896 casos) e não há separação por temas.
O CNJ recebeu 110 solicitações nos últimos seis meses, a maioria para o esclarecimento de dúvidas sobre a própria Lei de Acesso à Informação e sua aplicação no Judiciário.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informa que a maioria dos 1.632 pedidos de informação diz respeito a andamento de processos. No Tribunal Superior do Trabalho (TST), 660 demandas da Lei de Acesso à Informação chegaram até outubro.
O Superior Tribunal Militar (STM) montou uma comissão para estudar a melhor forma de implementar a lei e, enquanto um canal específico não é aberto, os questionamentos são respondidos pela ouvidoria.

O Legislativo também adequou estruturas existentes para atender à Lei de Acesso à Informação. Na Câmara dos Deputados, o Centro de Documentação e Informação recebeu 4,5 mil pedidos, dos quais mais de 96% foram atendidos de imediato.
Um balcão de informações fez 14 mil atendimentos no período, transformando 108 em pedidos de acesso à informação.
Os principais assuntos de interesse do cidadão na Câmara são proposições e publicações.

###

NO SENADO

O Senado Federal também uniu duas estruturas existentes na Casa, o Alô Senado e a Ouvidoria, para dar efetividade à Lei de Acesso à Informação, além de lançar o portal e-Cidadania, que aposta na participação política direta do cidadão.
Procurado pela Agência Brasil, o Senado não forneceu, até o fechamento desta matéria, dados mais específicos sobre os atendimentos ao cidadão.

Uma das principais diferenças no tratamento da Lei de Acesso à Informação entre Judiciário e Legislativo está na divulgação da remuneração de integrantes e servidores.
Enquanto os tribunais superiores e a Procuradoria-Geral da República têm planilhas abertas para acesso nominal (embora algumas estejam desatualizadas), as duas casas do Legislativo impuseram uma série de restrições, como a necessidade de informar dados pessoais como nome, identificação e e-mail.

Tanto o Senado quanto a Câmara podem fornecer esses dados posteriormente aos seus funcionários, o que ocasionou várias “saias justas” e até mesmo processos judiciais movidos por cidadãos abordados grosseiramente por servidores insatisfeitos. O Tribunal de Contas da União (TCU), órgão de controle do Legislativo, divulgou remuneração nominal dos servidores em planilha aberta até setembro.

19 de janeiro de 2013
Débora Zampier (Agência Brasil)

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 





19 de janeiro de 2013

A DITADURA DA FELICIDADE

 

Há mais de 15 anos que o meu trabalho cotidiano tem sido – para resumir em algumas poucas palavras – escutar o sofrimento alheio e, por opção, atuando na saúde pública.
E durante esse percurso profissional testemunhei uma mudança muito interessante na minha prática clínica.
 
Sofremos por diversos motivos e de diferentes formas e, pela minha experiência, o motivo do sofrimento não mudou muito, no entanto, a demanda que as pessoas têm feito quando estão em sofrimento, mudou significativamente.
 

Estudos da psicanálise atual têm tratado nossa época como a era do direito ao gozo.
Ou seja, vivemos em uma época que não trata a felicidade como algo a ser construído ou conquistado, mas sim como um direito.
Numa caricatura, diríamos que toda criança que nasce, especialmente no ocidente capitalista, recebe em sua certidão de nascimento um carimbo que outorga a ela o direito de ser feliz, de gozar sem restrições, sem qualquer porém.

Me lembrei agora dos versos de uma música do saudoso Tim Maia.
Essa tal felicidade, hei de encontrar. Mesmo se eu tiver que aguardar. Se eu tiver que esperar.”

Nos tempos do Tim Maia a felicidade ainda era uma contingência, quase uma utopia, uma busca na qual poderíamos ou não ter sucesso. Mas hoje a coisa é bem diferente, como a felicidade passou a ser um direito de todos, acabou alcançando também o patamar de uma certa obrigação do sujeito.

É como se você tivesse ganhado o direito de, sem nenhum ônus, acessar mais 90 canais de TV e dissesse não. As pessoas te perguntariam: – Como assim, você não quer mais 90 canais de TV? Entendo que essa seja a grande pergunta que permeia o discurso ocidental capitalista: – Como assim, você não é feliz?

MUDANÇA DA DEMANDA

Esse modo de entender a felicidade implicou numa mudança radical, como eu disse, no tipo de demanda que as pessoas fazem a nós, trabalhadores da saúde mental. Para os que não estão familiarizados com o fluxo de funcionamento da atenção à saúde do SUS, preciso fazer um parêntese param que compreendam melhor o que vou dizer adiante.

O sistema funciona, ou pelo menos deve funcionar, em rede. A atenção primária é a extremidade da rede mais próxima do usuário, portanto a primeira que ele procura quando apresenta qualquer problema de saúde.
A atenção primária – o posto de saúde, unidade de saúde ou estratégia de saúde da família – deve atender e oferecer resolutividade para a maior parte dos casos, cerca de 80% deles.
O desafio da atenção primária é não trabalhar em cima das especialidades médicas, mas, intervir no sujeito como um todo, tendo como diretriz a promoção e a prevenção em saúde.

Entretanto, a atenção primária pode, em casos mais específicos nos quais a intervenção do chamado especialista seja imprescindível, acionar outros parceiros da rede que possam oferecer suporte e parceria. Os CAPS, modalidade de serviço que trabalho, compõem exatamente este trançado da rede, eles oferecem uma escuta especializada no campo da saúde mental.
Sendo assim, quase sempre recebemos encaminhamentos e demandas dos demais parceiros da rede, em especial da atenção primária, apesar de também recebermos demanda espontânea.

O ACOLHIMENTO

Ao chegar no CAPS o sujeito passará por um dispositivo chamado: acolhimento. Como o próprio nome diz, este é o momento que o sujeito será acolhido em sua demanda, será escutado com cuidado por um ou mais profissionais do serviço, não necessariamente o médico, para que se possa, a partir de então, construir uma estratégia de intervenção.
E o que temos notado nesses acolhimentos é que as pessoas simplesmente não suportam ficarem infelizes, tristes, frustradas ou enlutadas (e também não suportam ver outras pessoas nesse estado).
É como se elas agregassem um plus ao próprio sofrimento, sofrem pelo que as fazem sofrer e sofrem porque estão sofrendo, como se não tivessem mais o direito de ficarem infelizes.

Somos procurados para fazer intervenção de saúde mental de alguém que está vivendo uma situação de luto ou perda, por exemplo, e quer ser medicado porque está chorando muito.
Como assim? Então o sujeito perdeu um ente amado e precisa estar de bom humor para ir ao cinema depois do enterro?
Mães nos procuram com suas filhas adolescentes por chorarem trancadas no quarto depois de uma desilusão amorosa. Então a famosa “dor de cotovelo” tornou-se um grande mal a ser tratado com antidepressivos?

Certa vez, recebemos o encaminhamento de uma senhora via atenção primária, cuja queixa era insônia persistente e delírios persecutórios. Avaliando o caso com cuidado no acolhimento, entendemos que a tal senhora não dormia porque estava sendo ameaçada pelo marido há meses (ameaça real, não delírio de perseguição).
Ele dizia que jogaria água fervente no seu ouvido enquanto ela estivesse dormindo. Alguém, por favor, me diga: como essa mulher poderia dormir? Não dormir, nesse caso, é sinal de saúde e não de doença.

ENSINANDO A CHORAR

Esses são alguns dos muitos exemplos que têm nos convocado a fazer intervenções muito peculiares, diferentes daquelas que fazíamos há alguns anos atrás. Se, num passado não muito distante, grande parte da nossa intervenção era feita no sentido de autorizar as pessoas a serem felizes, hoje, temos precisado lançar mão de intervenções que autorizem as pessoas a serem infelizes, a chorarem, a sofrerem por um fracasso, uma perda, a mergulharem numa boa “dor de cotovelo”, sem que com isso precisem ser medicadas ou enquadradas em algum diagnóstico de transtorno mental.

Muitas vezes precisamos dizer a essas pessoas que não precisam se envergonhar de chorar a morte de alguém. Que é normal não dormirmos quando estamos endividados, desempregados ou sendo ameaçados. Invariavelmente precisamos lembrar às mães que elas também já choraram uma dor de amor e que sobreviveram. Precisamos dizer que num acesso de raiva não é uma insanidade irreparável quebrar algumas louças e a coleção de CDs. Às vezes precisamos dizer que (quase) todo mundo já pensou em suicídio pelo menos uma vez na vida, e que a imensa maioria nunca chegou a concretizá-lo.

Por isso, a bandeira que levanto aqui é a seguinte: Se a felicidade é um direito a infelicidade é uma necessidade. Um brinde a infelicidade nossa de cada dia! Porque infelicidade não é doença, é parte da nossa condição existencial, sem ela perdemos pelo menos a metade da nossa humanidade.

Então, que todos tenham um 2013 feliz, mas quando a infelicidade vier, que possamos mergulhar nela em paz…sem pudor.

19 de janeiro de 2013

Artigo enviado por Mário Assis.
Rita de Cássia de A. Almeida é psicóloga/psicanalista da Rede de Saúde Mental do SUS.
 
 

FALTA UMA CULTURA DE EDUCAÇÃO, FISCALIZAÇÃO E ENGENHARIA DE TRÂNSITO NO BRASIL


Conforme matéria de destaque de O Globo, apenas 0,3% do arrecadado pela prefeitura do Rio com multas, no ano de 2012 (R$ 174.4 milhões), foram destinados à ações educativas de trânsito. O problema é evidentemente cultural. O motorista brasileiro, por deficiência de formação, tem um perfil voltado para a conduta imprudente e deseducada no trânsito.

É urgente, portanto, desenvolver campanhas educativas de trânsito, de caráter permanente, em horários nobres de televisão, tipo das existentes na República Tcheca e na Espanha com imagens fortes, tristes e chocantes de acidentes de trânsito.
Na Austrália há um vídeo mostrando, por exemplo, os cuidados necessários com o transporte de crianças no carro.
Algumas celebridades, que se envolveram em graves acidentes de trânsito, também poderiam se dispor a relatar, durante as campanhas, suas amargas experiências numa mea culpa dos atos imprudentes cometidos ao volante.

Por outro lado, o país possui rodovias e vias urbanas inseguras, muito mal pavimentadas e sinalizadas. No acidente da sexta-feira (11/01/13) que matou seis pessoas de uma mesma família, entre elas duas crianças, numa colisão de veículos em sentidos opostos, na Via Lagos, em Araruama, município do Estado do Rio de Janeiro, a rodovia não possui mureta divisória de pista, o que é um erro de prevenção e engenharia injustificável.

TEMPORIZADOR
No âmbito do Estado do Rio de Janeiro, os órgãos municipais, responsáveis pela engenharia de trânsito, como é o caso na prefeitura do Rio, ainda não cumpriram totalmente, embora o prazo tenha se expirado, a Lei do Temporizador, (5818/10), de autoria do deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha.
Tal lei, de caráter educativo-preventivo, prevê que os pardais eletrônicos, que registram o avanço do sinal, só podem ser instalados onde os semáforos possuam temporizador digital de contagem regressiva. Os pardais existentes, anteriores à lei, já deveriam também estar de acordo a nova regra.

Finalmente, aqui vale ressaltar as declarações do médico Carlos Alberto Lobo Jardim, ex-presidente da Associação Brasileira de Ortopedia, quando disse:
"A arrecadação de multas é alta, mas nem de longe supera as despesas para tratar vítimas de graves acidentes. E a experiência nos hospitais mostra que aqueles pacientes que se envolvem em acidentes graves dificilmente são reincidentes. Ou seja, são educados pela pior experiência possível", disse Jardim ao jornal O Globo.

19 de janeiro de 2013
Milton Corrêa da Costa

A MUDANÇA SOCIAL NA EUROPA E A ECONOMIA BRASILEIRA

 

A Espanha é um exemplo importante da mudança que está ocorrendo nos países da periferia do capitalismo europeu.
Depois da especulação imobiliária e hipotecária que provocou a quebra das principais instituições financeiras espanholas, as quais foram socorridas por cerca de 40 bilhões de euros da União Européia, o governo espanhol tratou de baixar um pacote de ajuste fiscal aumentando impostos e reduzindo os gastos públicos, incluindo cortes no seguro desemprego, aumento do copago (parcela do preço do medicamento paga pelo cidadão), privatização da saúde, supressão da gratificação natalina dos servidores públicos etc, medidas dessa natureza para assegurar a existência de recursos para o pagamento do serviço da dívida pública, cujos títulos estão em mãos, principalmente, dos bancos alemães.



Juntamente com isso, têm sido aprovadas reiteradas reformas que reduzem ou flexibilizam os direitos trabalhistas, de modo a baratear tanto a contratação quanto, principalmente, a demissão dos trabalhadores, medidas que estimulam a contratação temporária e a precarização dos empregos, além de enfraquecer tanto os sindicatos quanto a negociação coletiva.

Como os países da Zona do Euro não podem mais desvalorizar a moeda, a forma que encontram para aumentar a competitividade internacional dos produtos que fabricam é reduzir ao máximo os custos trabalhistas.
Pensam que só assim poderão ter um mínimo de chance para concorrer com produtos fabricados na China, onde a mão de obra é baratíssima e os direitos trabalhistas não existem.
A China pratica um dumping escancarado, além de manter a moeda demasiadamente desvalorizada para favorecer suas exportações, sem que a OMC a sancione de forma mínima.

CAPITALISMO

Essa sucessão de medidas demonstra a força do fator capital e a debilidade do fator trabalho no capitalismo contemporâneo, bem como o desmantelamento do sistema de proteção social dos países do Sul europeu. Toda a parte do Tratado da União Européia (UE) que trata de direito laboral e da proteção social é formada por regras do tipo “soft law”, ou seja, direito não vinculante que os Estados membros não são obrigados a obedecer.

As sucessivas reformas trabalhistas na Espanha têm sido realizadas de modo a fortalecer o poder privado unilateral do empresário individual para encerrar a relação contratual de assalariamento e enfraquecer o poder coletivo das entidades sindicais e da negociação coletiva.

Uma diferenciação importante a fazer é que, na Europa, a tradição sempre foi a da negociação coletiva direta entre patrões e empregados por meio das respectivas entidades sindicais, na elaboração dos chamados convênios coletivos, sem que houvesse Lei estabelecendo os direitos trabalhistas, como ocorre na CLT no caso do Brasil. Isso porque, até há algum tempo atrás, os sindicatos eram fortes na Europa e fracos no Brasil, onde ainda são débeis.

FIM DO DIÁLOGO

A tradição européia é de diálogo social, mas, com o triunfo político do neoliberalismo e a adesão da social democracia ao ideário neoliberal, o poder privado unilateral do empresariado está cada vez mais forte e os sindicatos cada vez mais fracos, e a decorrência disso é que os trabalhadores europeus estão cada vez mais próximos de se tornarem desempregados, inclusive com menos seguro desemprego, enquanto os bancos espanhóis são salvos pelo dinheiro da União Européia.

É um pesadelo o que está acontecendo para os espanhóis que vivem de salário, inclusive os servidores públicos. A verdade é que, infelizmente, toda essa sorte de acontecimentos vai chegar ao Brasil, e nós, trabalhadores brasileiros, seremos as vítimas.

19 de janeiro de 2013
Carlos Frederico Alverga

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



19 de janeiro de 2013

O GATO E OS RATOS


A informação de que 35.000 aparelhos celulares foram apreendidos dentro de presídios, no Brasil, no ano passado, é estarrecedora. Milhares de presos tiveram acesso à comunicação externa, a fim de encomendar homicídios, simular sequestros, extorquir. Pelo que ela diz, estão envolvidos na transgressão alguns dos que ali se encontram, pagos pelo Estado, para, entre outras tarefas, impedir a entrada de drogas, bebidas e telefones móveis.

Ninguém nos pode convencer, em um país no qual até mesmo crianças são revistadas ao entrar em um presídio para visitar parentes – e mesmo intimamente revistadas – que esses 35.000 celulares apareceram do lado de dentro das grades sem a participação e, no mínimo, a conivência, de agentes penitenciários e outros funcionários que fazem parte da banda podre do sistema prisional.

Todo mundo sabe que, além da revista feita às famílias na entrada do presídio, os presos são revistados à porta da cela, quando voltam do pátio ou da área de visita. O preso tem que se desnudar, praticamente, e submeter-se ao famoso "agachamento". Isso é corriqueiro e usual. Uma vez que não há magia, nem aquilo que a ficção científica descreve como teletransporte, é impossível acreditar que os celulares surjam dentro dos presídios, sem a participação de funcionários.

CÂMERAS
Esse e outros graves problemas seriam resolvidos se o Ministério Público – com a colaboração das autoridades do sistema prisional e da polícia de cada estado – colocasse câmeras com monitoramento externo, operado pelos seus servidores, e supervisionado pelos procuradores, para controlar não apenas os presos, mas também o comportamento dos funcionários e carcereiros.

Isso acabaria com a corrupção e os abusos, e inibiria disputas e rebeliões, ajudando a identificar seus líderes com uma tecnologia que está, hoje, plenamente acessível, e que custaria uma fração do que se gasta, mensalmente com os reclusos. Essa vigilância, em primeiro lugar, asseguraria a incolumidade dos prisioneiros, que é responsabilidade do Estado. E protegeria os detentos mais frágeis contra qualquer tipo de violência dos mais fortes.

Colocar bloqueadores de sinal de celular em volta das cadeias, ao preço de milhões de reais, é como enxugar gelo. Equivale à troca do sofá da sala pelo cônjuge que está sendo traído. É a confissão pública de que não se consegue ter um mínimo de controle sobre o sistema prisional.
Agora, só falta colocar a culpa desses milhares de celulares na conta dos gatos, como o felino que capturaram outro dia em Arapiraca, em Alagoas, tentando voltar para a cela em que havia sido criado, com uma serra e um celular, amarrados ao corpo.


(do Blog do Santayana)
19 de janeiro de 2013
Mauro Santayana

LULA DESTACA QUE VAI PARTICIPAR ATIVAMENTE DA POLÍTICA EM 2014

 

Ao se reunir com Fernando Haddad e parte do secretariado do prefeito da cidade de São Paulo, quando apresentou diretrizes sob a forma de sugestões, o ex-presidente Lula informou aos paulistas, mas sobretudo ao país, sua disposição de participar intensamente do processo político e de pelo menos duas sucessões: a presidencial e a do governo de São Paulo.

A imprensa teve livre acesso ao encontro e a Folha de São Paulo manchetou sua edição de quinta-feira 17 com uma foto aberta em oito colunas, tendo ao centro Lula e Haddad ladeados por integrantes da administração municipal.

O impacto foi grande, primeiro pelo caráter singular do encontro, com o eleitor traçando diretrizes para o eleito.



E sugerindo a elaboração de projetos consistentes para obter mais acesso e financiamentos à base de recursos federais. Comparou São Paulo com o Rio de Janeiro, dizendo que o RJ está à frente no índice per capita dos recursos obtidos. Além disso, como publicou a Folha de São Paulo, reproduzindo declarações de Haddad, Lula aconselhou a Prefeitura a buscar parcerias com o governo estadual.

O governador Geraldo Alckmim, do PADB, é candidato à reeleição. Mas segundo comentário recente a respeito da candidatura de Aécio Neves não demonstrou o mesmo entusiasmo revelado mais de uma vez pelo ex-presidente Fernando Henrique.

São Paulo, maior colégio eleitoral do país, reunindo pouco mais de vinte por cento dos votantes, é essencial para qualquer campanha à presidência da República. Sobretudo porque Aécio Neves é forte em Minas Gerais, segundo maior reduto de votos, como demonstrou nas recentes eleições.
Se vier a crescer em São Paulo, Aécio cresce mais do que o previsto inicialmente, tanto por Luís Inácio, quanto pelo Palácio do Planalto. Além disso, existe uma expectativa quanto ao rumo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em ascensão no panorama nacional.

AÉCIO NEVES

Pessoalmente não creio num grande crescimento da candidatura de Aécio Neves, mas, em matéria de sucessão presidencial a expectativa, ainda que remota, não pode ser descartada. Dilma Rousseff, a meu ver, deve ser a candidata do PT à sua própria sucessão. Mas e Lula? Talvez seja candidato ao Senado por São Paulo, a fim de arrebatar os eleitores paulistas, levando-os também a formar em torno de Dilma. São especulações, entre elas a que o próprio Lula poderia voltar ao Planalto.

Não creio, entretanto, ser muito provável esta vontade, já que reduziria o poder da atual presidente e também criaria uma dúvida a respeito de sua satisfação coma candidata que elegeu por ampla margem de votos: 47% no primeiro turno, vitória de 56 a 44 pontos no segundo.
O prestígio de Lula continua firme, não foi atingido pelo resultado do julgamento do mensalão. Tentar identificá-lo com o episódio, sobretudo com as condenações, ninguém conseguirá. Até porque, quando as denúncias vieram a público, ele afastou José Dirceu da Casa Civil e não se empenhou para evitar que tivesse o mandato cassado.

Tanto assim que Aécio Neves vem fazendo críticas à política econômica colocada em prática por Dilma Rousseff, não se referindo em momento algum às condenações determinadas pelo STF como instrumento de retórica. Bem, todas essas interpretações são conjecturas. Podem mudar de repente. Mas que seria da política sem elas?

19 de janeiro de 2014
Pedro do Coutto

MALUF TERÁ DE DEVOLVER US$ 28 MILHÕES À PREFEITURA DE SP


A Corte de Jersey anunciou que empresas offshores ligadas ao ex-prefeito Paulo Maluf terão de devolver aos cofres públicos do município de São Paulo US$ 28,3 milhões, além de pagar nove anos de custos com advogados no processo que ainda tramita no paraíso fiscal. A avaliação da prefeitura é de que, só com advogados, o custo chegou a US$ 4,5 milhões nesse período.

Em novembro, a Corte constatou que as empresas ligadas à família Maluf haviam sido usadas pelo ex-prefeito para desviar dinheiro de obras públicas em São Paulo, entre elas a obra da Avenida Águas Espraiadas nos anos 90.

Faltava definir o valor, que originalmente foi calculado em US$ 10 milhões. Com juros e correções, além das multas, Maluf terá de devolver US$ 28 milhões, além de US$ 4,5 milhões dos custos dos advogados. As empresas já recorreram e uma decisão final deve sair em março.
Cálculo original da Procuradoria do Município mostra que o valor seria entre US$ 22 milhões e US$ 32 milhões.


MALUF E A FRAUDE

"Paulo Maluf era parte da fraude na medida em que, pelo menos no decorrer de janeiro e fevereiro de 1998, ele ou outras pessoas em seu nome receberam ou foram creditadas no Brasil com uma série de 15 pagamentos secretos", concluiu a Corte.

O valor que voltará para a prefeitura está bloqueado em Jersey, sendo que parte importante é composta por ações da Eucatex – empresa da família Maluf.

Através de duas empresas fundadas e administradas pela família, Maluf e Flávio, seu filho, foram os beneficiados do desvio de cerca de 20% da verba destinada à construção da atual avenida jornalista Roberto Marinho. Com notas fiscais frias, a prefeitura pagou US$ 10,5 milhões a mais para a construtora Mendes Júnior. Esse dinheiro foi repassado a subcontratados e, depois, transferido a Nova York. De lá, o dinheiro cruzou o Atlântico para ser depositado em nome de duas empresas offshore dos Maluf em Jersey.

19 de janeiro de 2013
Jamil Chade (Estadão)

MUSA DA ESCOLA DE SAMBA MANGUEIRA ERA HOMEM, AFIRMA PUBLICAÇÃO




19 de janeiro de 2013

O 9 DE JULHO DE 1932, APELIDADO DE "REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA", NÃO PASSOU DE FARSA, FRAUDE, FALSIFICAÇÃO. TENTATIVA DE PRESERVAÇÃO DA ELITE PAULISTA, OS ENRIQUECIDOS "BARÕES DO CAFÉ"

 

Anteontem, assisti no Canal 113 da Net, documentário sobre o assunto. Informaram que o canal é “especializado em documentários históricos”, achei ótimo, será uma nova forma de debate e polêmica.
Mas precisam ter mais cuidado, desfiguraram ou omitiram fatos, mutilaram a interpretação, a conclusão só poderia se transformar num equivoco total, apesar de histórico.



Nem perceberam que esse 1932 começa em 1889, quando Rui Barbosa toma posse como Ministro da Fazenda. Como sempre falando de improviso, fez este registro, de grande repercussão: “O Brasil tem que deixar imediatamente de ser um país essencialmente agrícola. A Revolução Industrial da Ingraterra (Manchester) já tem mais de 100 anos, e nem tomamos conhecimento”.

Esse “essencialmente agrícola” atordoou os paulistas, que viviam do café. Ficaram apavorados, mas não tinham coragem suficiente para enfrentar Rui Barbosa. Deixaram passar algum tempo, como já estava convocada (indiretamente) a Constituinte de 13 de novembro de 1890, sugeriram que Rui fosse aos EUA, estudar a Constituição deles, promulgada em 1788.

Genial mas com excesso de ingenuidade, Rui aceitou. Já era candidato a senador e estava redigindo o anteprojeto da primeira Constituição da República. Voltou, se elegeu e por unanimidade indicado relator da Constituição, que seria promulgada em 25 de fevereiro de 1891.

Rui foi derrotado em tudo na hora, ou superado mais tarde. Queria presidente e vice eleitos diretamente. Deodoro e Floriano se “elegeram” sem votos, sem urnas, sem povo. Não conseguiu encaminhar a industrialização do país. Ganhou a ideia de senadores serem 2 por estado, 6 anos de mandato, como nos EUA. Mais tarde aumentaram para 3 por estado, com duração de 8 anos em vez de 6.

A “QUEBRA” DA BOLSA DE WALL STREET EM 1929 ARRUINOU OS “BARÕES DO CAFÉ”

Enriqueceram desvairadamente, só eram chamados de “paulistas de 400 anos”, de acordo com discurso de Alcântara Machado na Câmara, em 1924. Só que não sabiam que a tragédia estava próxima. 5 anos depois desse discurso, Wall Street explodia, o mundo mergulhava na maior recessão.

Antes disso, o Brasil vendia 96 por cento de todo o café bebido pelo mundo. São Paulo plantava, colhia, exportava 92 por cento desse café. Os outros 4 por cento eram divididos entre o Estado do Rio e o Espírito Santo. Desesperados, os paulistas não sabiam o que fazer. Para complicar, veio a Revolução (?) de 30, o presidente, que era paulista, foi derrubado.

São Paulo, arruinado econômica e financeiramente, se viu desmoronado politicamente. Vargas assumiu como chefe do Governo Provisório, não se incomodou nem se aborreceu, sabia que não ia passar o cargo a ninguém. Derrotado em março de 1930 pelo paulista Julio Prestes, se vingou, não ligava para eles.

Foi nomeando interventores para São Paulo, que duravam pouco tempo. Incluindo o Tenente João Alberto, que faria longuíssima carreira de mais de 40 anos. Tentou mudar tudo, não conseguiu, jogou os paulistas no desespero de tentarem enfrentar as poderosas “Forças Legalistas”, como eram chamadas. Derrotados facilmente por Vargas, este espertíssimo, resolveu convocar a Constituinte para maio de 1933.

Essa Constituinte deveria promulgar a Constituição e, em 1934, realizar a primeira eleição verdadeiramente direta e democrática. Nessa eleição, as mulheres votariam pela primeira vez para presidente. O Partido Comunista, que estava na legalidade, teria candidato, em vez do Partido Republicano único, várias legendas.

Só que antes, Vargas, matreiramente, criou os deputados sem votos, chamados de “pelegos”, trabalhadores e patronais. Com isso, Vargas ficou com mais de um terço da Constituinte, o resto arranjou facilmente, foi eleito indiretamente, transferiu a eleição direta para 1938.

Foi a grande frustração nacional. Mas os paulistas não se manifestaram, não protestaram, ao contrario, aceitaram e conversaram com Vargas. Sem demorar muito, o “indireto” nomeou interventor em São Paulo o líder da elite, genro do principal incentivador do “golpe” de 1932. Nome desse interventor? Armando Sales de Oliveira.

Em janeiro de 1937, se lançou candidato à sucessão de Vargas. Este chamou Benedito Valadares (interventor em Minas), mandou que lançasse, como candidato à sua sucessão, José Américo de Almeida. Este não podia aceitar, mas aceitou. (No início de 1945, se vingou , deu entrevista ao Correio da Manhã, assinada por Carlos Lacerda, liquidando a censura).

Com dois candidatos à sua sucessão, em 10 de novembro de 1937 Vargas implantou o Estado Novo, ficou no Poder até 29 de outubro de 1945. Nesse dia exagerou, nomeou seu desmoralizado irmão Beijo para chefe de Polícia do Distrito Federal. No mesmo dia foi derrubado.

###

PS – Mas como não houve cassação nem inelegibilidade, todos voltaram em 2 de dezembro do mesmo ano, apenas 33 dias depois.

PS2 – O “documentário histórico” do Canal 113 não cita nada disso. E principalmente não explica que a “insatisfação” da elite paulista levou à “insatisfação” do Brasil inteiro, que suportou uma ditadura de 15 anos.
19 de janeiro de 2013
Helio Fernandes

MOVIMENTO

Se sentindo desamparada pelo poder público para tratar do filho usuário de crack há oito anos, a modelista Maria da Conceição Assis Lacerda, 59, criou um grupo para auxiliar mães de viciados em drogas e pedir a internação involuntária dos que usam crack.
Apesar de Minas ter decidido, em maio do ano passado, adotar essa prática a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) jamais a adotou.
O governo de São Paulo também anunciou que irá fazer internações involuntárias.


Mortos vivos nas ruas

“Eu já tentei internar meu filho voluntariamente várias vezes, mas não consegui vaga. Fico pensando que, se não tive sucesso com o consentimento dele, imagina de forma involuntária? Minas tem essa regra, mas não cumpre.
Estou criando o grupo para lutar por essas internações, pois os usuários de crack, principalmente, precisam de tratamento”, disse.
O movimento ganhou o nome de Mães de Mortos Vivos, porque Maria da Conceição acredita que os usuários estão perdendo suas vidas para os entorpecentes.

Minas tem cerca de 340 mil dependentes, além dos apenas usuários. No último dia 21, reportagem de O Tempo mostrou que, de acordo com dados da Subsecretaria de Políticas sobre Drogas de Minas, os serviços de acolhimento médico do Estado atenderam a 3 mil dependentes e acompanharam 200 internações compulsórias – quando há determinação da Justiça.
A Seds informou ontem, por meio de nota, que acompanha atualmente 345 casos de internação involuntária em Minas.

INTERNAÇÕES

A coordenadora do projeto Mães de Minas contra o Crack, Dalvineide Almeida Santos, disse que ainda não teve informações sobre nenhuma internação involuntária em Minas.
“Quando o usuário traz conflitos para ele mesmo e para a família, ele deve ser internado mesmo contra a sua vontade. Temos relatos de mães que têm medo dos filhos usuários de drogas, mas o problema é que não se fazem nem as internações voluntárias e compulsórias”, disse.

Maria da Conceição disse que vai cobrar do Estado um aumento das internações e maior atenção aos dependentes químicos. “Todo dia meu filho desaparece. Por mais que doa, eu fico sempre esperando a notícia da morte dele. Eu não tenho mais celular, porque ele pega e vende”, disse ela.

Segundo a modelista, um núcleo de mães deve ser criado, na praça Sete, para protestar pedindo mais eficiência nas internações. Para Dalvineide, a criação do grupo vai somar para pressionar o Estado a fazer as internações.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A omissão das autoridades é impressionante, em todo o país. No Rio de Janeiro, a venda de drogas foi liberada pelo governador Sergio Cabral em troca do marketing da “pacificação” das favelas, em acordo celebrado com os traficantes. A venda de drogas, incluindo crack, passou a ser feita por motoqueiros, no sistema delivery.
Nos hospitais, não há internação forçada e dificilmente se acha vagas para internações voluntários. É a política do abandono, até os viciados morrerem.

19 de janeiro de 2913
Natália Oliveira (O Tempo)
 

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 



19 de janeiro de 2013

IMAGENS DO DIA

'Naga Sadhus', ou homens sagrados hindus chegam para o 'Shahi Snan', primeiro grande banho do festival religioso 'Kumbh Mela', Índia

'Naga Sadhus', ou homens sagrados hindus chegam para o 'Shahi Snan', primeiro grande banho do festival religioso 'Kumbh Mela', Índia - Jitendra Prakash/Reuters


Devotos hindus se banham nas águas do Ganges durante o dia Makar Sankranti, no início do 'Kumbh Mela Maha' em Allahabad, Índia
Devotos hindus se banham nas águas do Ganges durante o dia Makar Sankranti, no início do 'Kumbh Mela Maha' em

 
'Kumbh Mela', maior festival religioso do mundo que atrai milhões de devotos hindus ao Sangam, local de encontro dos rios sagrados Ganges, Yamuna e Saraswati onde segundo a crença, os devotos devem se banhar para alcançar a purificação dos pecados
 
'Kumbh Mela', maior festival religioso do mundo que atrai milhões de devotos hindus ao Sangam, local de encontro dos rios sagrados Ganges, Yamuna e Saraswati onde segundo a crença, os devotos devem se banhar para alcançar a purificação dos pecados - Ahmad Masood/Reuters
 
19 de janeiro de 2013

OS OPOSICIONISTAS DISPOSTOS A ENGOLIR O PRONTUÁRIO DE RENAN MERECEM GANHAR A CARTEIRINHA DE SÓCIO DO CLUGE DOS CAFAJESTES QUE CONTROLA A CASA DO ESPANTO

 

Em fevereiro de 2011, depois de uma semana de investigações, os repórteres Bruno Abbud e Branca Nunes conseguiram identificar só oito dos 11 senadores que votaram contra a permanência de José Sarney na presidência da Casa do Espanto. Três, sabe Deus por quê, jamais assumiram publicamente a opção pela decência.
Se tornou incompleta a reportagem agora republicada na seção O País quer Saber, tal esquisitice ─ uma entra tantas ─ permitiu que se produzisse um retrato perturbador da bancada oposicionista no Senado. É o tipo de oposição com que sonham todos os governos.
 
Na sessão que elegeu Sarney, os quatro partidos da oposição oficial foram representados por 18 senadores. Quatro ─ dois do PSOL e dois do PSDB ─ completaram o grupo que se negou a reverenciar Madre Superiora. Como votaram os 14 restantes?
Alguns confessaram o crime, um alegou que o voto é secreto, outros se refugiaram falatórios ininteligíveis. Para justificar o injustificável, todos evocaram a necessidade de respeitar o que chamam de “tradições da Casa”.
 
Como não aparecem em nenhum código, manual, regulamento ou coisa parecida, não existem oficialmente. São normas não escritas que não têm força de lei. Como as vacinas, podem pegar ou não.
 
Uma das “tradições da Casa” recomenda que a formação da Mesa Diretora se baseie no critério da proporcionalidade, que confere à maior bancada partidária o direito de indicar o candidato à presidência. Nenhum senador é obrigado a votar no indicado.
Se a escolha atropelar normas éticas e morais, se agredir o bom senso, se não atender às expectativas dos eleitores, a maioria está à vontade para mandar às favas o critério da proporcionalidade e eleger qualquer um.
O dono da capitania hereditária do Maranhão livrou-se desse risco no momento em que o PSDB, o DEM e o PPS se dispuseram a engolir sem engasgos um símbolo do Brasil primitivo.
 
Passados dois anos, a oposição oficial ameaça reprisar o tapa na cara dos milhões de brasileiros agrupados na resistência democrática: de novo invocando o critério da proporcionalidade, o PSDB está pronto para encampar a candidatura de Renan Calheiros, orgulho do PMDB alagoano e líder da bancada do cangaço.
Ao ajoelhar-se diante de Sarney, os oposicionistas que não se opõem mostraram que haviam perdido a vergonha. Caso se curve a Renan, a oposição oficial deixará claro que perdeu também o juízo, o instinto de sobrevivência e a última chance de conectar-se com a imensidão de brasileiros honestos decididos a encerrar a era lulopetista.
 
Sem chances de vitória, os eleitos pela oposição real terão de escolher entre a capitulação ultrajante e o combate desigual que engrandece o vencido. Os que engolirem o prontuário de Renan ganharão uma carteirinha de sócio do clube dos cafajestes que controla o Senado. Daqui a alguns anos, estarão todos amontoados num asterisco do capítulo brasileiro da história universal da infâmia.

19 de janeiro de 2013
Augusto Nunes

JERSEY vs, MALUF E OUTRAS NOTAS NÃO MENOS IMPORTANTES

              Quanto valem R$ 58 milhões?

Não faz muito tempo, a necessidade de “traduzir” grandes quantias monetárias produzia quase sempre os mais asnáticos disparates. Com não sei quantos milhões se poderiam comprar não sei quantos milhares de automóveis. Quem vai comprar milhares de automóveis? Enfileiradas, as células fariam a volta ao mundo, ou chegariam à lua etc.

No sábado (19/1), os jornais todos deram, como na véspera emissoras de rádio e televisão e portais de notícias, informação sobre a decisão da Justiça de Jersey que condena o ex-prefeito Paulo Maluf a devolver à Prefeitura paulistana cerca de R$ 58 milhões (cabe recurso). O único jornal que deu chamada na capa foi a Folha de S. Paulo.

A reportagem, assinada por Mario Cesar Carvalho, também é a única que “traduz” o valor arbitrado pelos juízes. E o faz de modo inteligente: esse dinheiro daria para construir 13 escolas ou dois CEUs (sigla de Centro Educacional Unificado, atualização dos Cieps fluminenses de Brizola ou dos Ciaps nacionais de Collor). Ou seja, atividades precípuas de uma prefeitura.

Megassena e Itaquerão

No infográfico que ilustra a reportagem há menos precisão do que no texto, onde se lê quanto custa construir cada escola do tipo usado para a comparação (R$ 4,4 milhões) ou CEU (o mais recente custou R$ 29 milhões).

O infográfico usa imagens para simbolizar 40 escolas (cabe ao leitor dividir 58 por 40), ou porcentagens da soma que Maluf, se o recurso de seus advogados não funcionar, terá que desembolsar (além dos gastos da Prefeitura com o processo, que podem chegar a R$ 9 milhões).

As porcentagens são: o ressarcimento vale 50% “do custo de um hospital, aproximadamente” (claro, porque há hospitais e hospitais); “24% do prêmio da Megassena da virada 2013” e “7% do Itaquerão, o novo estádio do Corinthians”. Também nesses dois casos cabe ao leitor fazer a conta, se estiver interessado em saber quanto pagou a loteria brasileira (que dá prêmios mixurucas, comparados aos padrões internacionais; questão de renda per capita) ou quanto vai custar o estádio.

Nesses dois últimos itens a pertinência das comparações vai para o espaço. Uma pequena recidiva da doença das comparações malucas. Melhor teria sido, quem sabe, reduzir a parte gráfica e colocar uma pitada de análise, algum comentário sobre como se repetem e se ampliam nas prefeituras brasileiras os esquemas de superfaturamento de obras. Ou até de ausência delas, como em Nova Friburgo, para citar um único e doloroso caso.

O PP e a habitação

A matéria está na página 4, ilustrada com foto bem aberta e atual de Maluf sorridente. Ao lado, no “Painel”, quatro tópicos, incluída a abertura da coluna, falam da pressão do PP, partido de Maluf, para conquistar o controle dos programas habitacionais paulistas, fechando assim um arco que começa na esfera federal (o ministro das Cidades é do PP) e termina na municipal (Fernando Haddad entregou à agremiação malufista o comandos dos programas habitacionais). Alckmin, dizem as notas, tende a contentar Maluf, de olho nas alianças para 2014.

É pura coincidência que as notas estejam ao lado da matéria (de fato, sem brincadeira). E não se lerá aqui nenhum comentário a esse respeito.

Qualidade é o desafio

O detalhe das comparações tem relevo porque faz parte do esforço diário para melhorar a qualidade dos jornais, também diariamente contra-arrestado pelos interesses negociais, ideológicos e políticos que abastardam o noticiário. E pelo mau jornalismo, que existe desde o primeiro jornal do mundo e é indispensável à civilização: se não houvesse mau jornalismo seria impossível identificar o bom jornalismo.

Qualidade é uma combinação de confiabilidade, presteza e contextualização. Em outras palavras: a novidade vinda de fonte segura, mas não “solta” no noticiário.

Qualidade do conteúdo e da forma é a grande arma dos jornais impressos na luta para sobreviver à aceleração do tempo social. A aceleração, levada a patamares quase desumanos pela internet e, mais ainda, pela telefonia móvel, e ainda pela combinação das duas, é muito anterior ao advento da rede mundial e do celular.
É um fenômeno que começa com o telégrafo, passa pelo telefone fixo e ganha extraordinário impulso com a radiofonia comercial. A televisão entra nesse circuito acrescentando um elemento poderosíssimo, a imagem. É mais lenta do que o rádio para contar as novidades, embora impressione mais.

Renovação e rotina

O cinema estaria condenado pela massificação da televisão, mas comercialmente vai bem, obrigado, graças à sua capacidade de renovar conteúdos e técnicas. Quando ainda não havia televisão – e, portanto, filmes não eram nela exibidos –, fizeram na França uma experiência com homens que haviam passado a década de 1920 presos e que tinham ido ao cinema antes da prisão. Eles simplesmente não conseguiram entender os filmes novos, tamanhas as mudanças de técnica cinematográfica ocorridas enquanto estavam encarcerados.

Os jornais não param de se renovar, embora sejam uma complexa operação diária que precisa se apoiar fortemente em rotinas. Nem sempre, porém, a renovação contribui para melhorar a qualidade. Vide a mais recente reforma gráfica do O Globo. Errare humanum est.

19 de janeiro de 2013
Mauro Malin