"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A ALEGRIA DE SER MULHER E A ARMADILHA FEMINISTA

    
          Artigos - Conservadorismo

caravaggioMulher virtuosa, quem a achará? O seu valor excede o de rubis. O coração de seu marido confia nela, e a ele não falta riquezas.”
Pv 31:10-11

A mulher segundo o coração de Deus era dedicada a família e submissa ao seu marido.
E isso não significa que fosse "escrava", pois esta mulher do capítulo 31 do livro de Provérbios dava ordens às suas servas. No versículo 11 diz que “a ele não falta riquezas”.
E o coração de seu marido confia nela, porque ela é submissa a ele. E ser submissa a um homem, não significa ser inferior a ele, nem ser sua empregada ou capacho. E sim ser o suporte para a missão dele.

 
Basta pensar no sentido literal da palavra – “sub-missão”. Por confiar nela, sabendo que ela está cuidando com esmero da casa e dos filhos, o marido tem segurança e tranquilidade para passar o tempo necessário fora, e produzir riquezas. Se as feministas entendessem isso, o que é de fato ser submissa ao homem, seria para elas uma grande alegria e plena realização.
 
Então estaria eu dizendo que uma mulher de verdade, feliz e realizada, é aquela que fica em casa cuidando dos filhos, enquanto o marido sai para ganhar dinheiro? Sim, é exatamente isso que eu estou dizendo.
 
Já imagino a reação das feministas, ou, se preferirem, das mulheres “modernas”, “inteligentes”, e bem sucedidas que ganham mais que seus maridos, e por isso os tratam como idiotas. E claro que não posso esquecer daquelas que dizem que não querem se casar, porque são muito focadas em suas carreiras. O que eu duvido.
 
A esta altura já devem também estar me chamando de antiquada. Que seja, eu não negocio valores para receber elogios de ninguém. Prefiro ser útil do que ser simpática.
 
A verdade é que mulher feliz, mulher realizada é sim, aquela que tem uma casa para cuidar, filhos para educar e marido para obedecer e amar.
 
Sendo assim, e em defesa das mulheres que ainda tem valores e princípios conservadores, não posso deixar de expressar aqui a minha indignação com a campanha pela destruição da família que vem sendo promovida por este governo socialista que se apoderou do nosso país.
 
Para destruir a família vale tudo: incentivar o homossexualismo, patrocinando paradas gays por todo país, distribuir “kit gay” nas escolas; descriminalizar e patrocinar o aborto. Como se isso tudo não bastasse, eles conseguem jogar ainda mais sujo, com uma emenda constitucional proposta pela senadora (licenciada) Marta Suplicy, com a qual se pretende tirar o nome da mãe e do pai dos documentos dos recém nascidos (daqueles que conseguirem sobreviver ao aborto, é claro). Me surpreende que Marta Suplicy, apesar de ter nascido mulher, ter se casado e ter sido mãe, hoje tem como um de seus objetivos destruir a família de outras mulheres. Obviamente, não devemos esperar outra coisa de uma petista.
 
Se esta emenda for aprovada, não existirão mais, juridicamente, as figuras do pai e da mãe. Mas e os filhos então? Seriam filhos de quem? Filhos da... meretriz? Por que essa “mulher” não começa tirando seu próprio nome e o de seu ex-marido, o senador Eduardo Suplicy, dos documentos daquele seu filho, o Supla?
 
Então fica a questão: se Marta é contra a família, por que ela tem uma? Eis uma bela resposta:
"Em últimas contas, se o patriarcalismo fosse coisa ruim os ricos não o guardariam ciumentamente para si mesmos, mas o distribuiriam aos pobres, preferindo, por seu lado, esfarelar-se em pequenas famílias nucleares. Se fazem precisamente o oposto, é porque sabem o que estão fazendo." É o que afirma Olavo de Carvalho observando a conduta da família Rockefeller no artigo 'A família em busca da extinção'.
 
Que as mulheres de bem deste país, aquelas que tem alguma reserva do que é verdadeiro e bom guardado em suas almas, tenham seus olhos abertos a tempo, e não se deixem enganar pela manipulação feminista promovida pelos partidos de esquerda e reverberada pela mídia.
 
Que consigam tocar suas vidas com sabedoria e princípios ensinados por Deus, valorizando a família e o privilégio de ter nascido mulher.

(Ilustração: “Marta e Maria Madalena” — Caravaggio, 1598)

23 de janeiro de 2013
Elis Bobato


VENDENDO CONSELHOS...

Consulta: 25 centavos

Como se vendem conselhos nas ruas de Nova York

Todos os domingos, depois do almoço, o búlgaro Ivailo Dimov sai do Brooklyn em direção à Union Square, em Manhattan, arma sua cadeira de acampamento azul e pelas cinco horas seguintes segura uma placa que diz: “Conselhos. 25 cents.” Dimov não é padre, terapeuta, nem sequer um velho sábio.
É um homem de 35 anos, estatura mediana e um sorriso amigável que combina com suas bochechas cheinhas. Trabalha no mercado financeiro em Wall Street, mas nunca é perguntado sobre bolsas e ações.
Num domingo recente, entre as dezenas de pessoas que o procuraram, ele atendeu um homem sofrendo de amor, uma mulher endividada, um escritor em crise existencial, dois alunos inseguros sobre a vida escolar e um jovem com o polegar cortado que fugia da namorada.

Era o início da tarde e o furacão Sandy estava previsto para chegar a Nova York no dia seguinte.
Mesmo que o vento já quase levasse embora sua peruca black power de Halloween, Dimov decidiu manter o serviço que presta desde setembro, o Advice4Quarter.
Três amigos o acompanharam nesse dia na missão de vender conselhos a desconhecidos. Não podiam deixar os nova-iorquinos na mão num momento de crise.

A Union Square é uma espécie de teatro popular ao ar livre, mas nesse dia estava vazia por causa da tormenta iminente.
Toda a fauna de obsessivos, loucos, pedintes, performáticos e transeuntes que povoa a praça parecia diluída na multidão no mercado em frente, comprando comida para estocar em casa.
Do lado de fora, um jovem se acercou do grupo e perguntou se os conselhos deveriam ser sobre coisas específicas ou gerais.

Ele então jogou uma moeda de 25 centsno chapéu e pediu um conselho qualquer. Um dos conselheiros, chamado Will, lhe perguntou se ele já estava preparado para a tormenta, se comprara comida e baterias.
Sim, o rapaz já fizera isso. E como iria trabalhar no dia seguinte? O metrô estaria fechado.

“Ah, esse foi um bom conselho de verdade. Não tinha pensado nisso”, disse o rapaz, antes de seguir seu caminho.

Brian, um estudante de medicina da Universidade de Nova York, loiro e magricela, passava por ali em direção ao East Village, onde se refugiaria na casa de um amigo. Mas não fugia da tormenta, e sim da namorada.

Ela só tem 19 anos – um a menos que ele. Nas palavras do rapaz, ela está sempre depressiva e é muito carente. Na noite anterior, Brian tentara terminar a relação, mas a garota ameaçou se cortar com um estilete caso ele não voltasse atrás.
Ao tentar tirar o objeto da mão dela, acabou com o polegar direito cortado. Vendo que a ameaça era séria, decidiu ficar até ela dormir, quando correu para casa. Na manhã seguinte, ela estava na porta do prédio dele aos berros. Ao fugir novamente em direção à casa de um amigo, Brian viu o grupo com os cartazes anunciando conselhos. Ainda com o dedo sangrando, afobado e perturbado, contou a Ivailo Dimov sua história.

imov se mudou da Bulgária para os Estados Unidos há dez anos, quando foi estudar física no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston. Ali ouviu pela primeira vez sobre estudantes que vendiam conselhos na Harvard Square inspirados na personagem Lucy, dos quadrinhos do Charlie Brown, que cobrava nada mais que 5 cents por suas opiniões.
Dimov tinha o desejo de comprar um baixo, mas era estudante e com pouco dinheiro. “Paguei os 5 cents a um daqueles conselheiros e me convenci que deveria comprar o baixo”, disse. Ele aprendeu a tocar o instrumento, mas o perdeu na mudança, quando foi estudar na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, onde se formou Ph.D. em física.

Dimov estima que 10% das pessoas que falam com ele só querem saber o propósito do serviço. A maioria quer se divertir e pergunta coisas circunstanciais, eleitas no momento. Naquele dia uma moça quis saber se sua calça jeans nova a deixava bem. Jodi Samsom, uma mulher elegantemente vestida que descobriu o Advice4Quarter pelo Facebook e ajudava Dimov no serviço, respondeu à dúvida, como se fosse uma amiga fofocando no banheiro: “Ah, sabe o quê? Na verdade ela deixa sua bunda um pouco achatada.” Se ouvisse isso de uma amiga, a mulher poderia pensar que a opinião era tendenciosa. Vindo de uma desconhecida, o palpite – ou conselho – não está sujeito a esse tipo de constrangimento.

No domingo seguinte à tormenta, muitas árvores tombadas ainda não haviam sido retiradas das ruas e parte da Union Square estava fechada pela polícia. Dimov montou as cadeiras em uma esquina mais isolada. Com o serviço de metrô restabelecido, oito amigos puderam acompanhá-lo. Nenhum deles era amigo íntimo de Dimov, mas sim gente que fora aconselhada em algum dia e quis voltar, mas para o outro lado do balcão. Para Dimov, dar conselhos é uma habilidade universal.

Num dia movimentado, ele e seus amigos chegam a aconselhar 100 pessoas, o que somou 25 dólares, usados para comprar as cadeiras de acampamento, placas novas, chá e café para os conselheiros. Sua ambição, porém, não é criar um negócio, e sim um movimento como o Free Hugs,que espalhou pelo mundo a ideia de abraçar desconhecidos na rua. “Somos 8 milhões numa pequena ilha e a maioria não tem com quem conversar. Essa é a proposta do Advice4Quarter”, explicou.

Quem não gosta do conselho pode ter sua moeda de volta. Uma vez um homem de passagem lhe disse: “Eu faço a mesma coisa que você para viver, só que cobro 250 dólares por hora e não devolvo o dinheiro se eles não gostarem.”

O caso de Brian bem poderia ser encaminhado a um divã, mas ele se contentou com o que ouviu na rua. Em troca de 25 cents, escutou que naquela situação não era errado ser um pouco egoísta e cuidar primeiro da própria segurança. Ele ficou alguns segundos assentindo com a cabeça. E então disse: “Isso é exatamente o que vou fazer.”

23 de janeiro de 2013
Carol Pires

ERA SÓ O QUE FALTAVA: INSTITUTO LULA É INVADIDO POR SEM-TERRA

 

O diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, se reuniu nesta quarta-feira com os invasores da entidade e disse aos jornalistas que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou “chateado” com a ação dos sem-terra. “Relatei o movimento e ele ficou chateado porque o pessoal invadiu e ele teve de mudar a agenda, mas faz parte”, disse Okamotto.
 
 

 
Segundo ele, Lula viria para ao escritório nesta quarta-feira, mas decidiu viajar para lugar não divulgado. Okamotto ressaltou que o grupo tem a solidariedade do ex-presidente, mas que ele, Okamotto, não concorda com o método dos invasores.
“Eles têm a solidariedade do presidente Lula para resolver o problema do assentamento e de todos nós. O que eu não posso concordar é com os métodos que eles estão usando. Eu acho que é inadequado, não pediram sequer uma audiência. Nunca pediam apoio”, reclamou o diretor-presidente do Instituto Lula.
 
Okamotto afirmou ainda que tudo o que a entidade poderia fazer pelos invasores, além de oferecer “café e água”, já foi feito. “Mais do que isso é dizer que o movimento deles está certo, mas que a forma não me parece muito correta.”
 
Ele transmitiu aos sem-terra a disposição da presidência do Incra em recebê-los, desde que eles deixem o Instituto Lula e a sede do Incra em São Paulo.
“Por enquanto, estão como nossos convidados aí, mas não podem ser convidados eternos, têm de achar uma solução”, disse o diretor-presidente descartando uma medida judicial para a retirada dos invasores neste momento. “A partir de agora é a relação deles com o governo.
O nosso papel é só levar os fatos que ocorreram para ver se as autoridades tomam alguma providência”, completou.
 
De acordo com Okamotto, que teve o consentimento dos invasores para entrar no prédio, as instalações estão preservadas. Com essa ação, ele já avisou que pretende mudar os procedimentos de segurança do Instituto Lula para evitar ações semelhantes. “Certamente algumas rotinas terão de ser alteradas.”

23 de janeiro de 2013
Daiene Cardoso (Agência Estado)

DÍVIDA DOS EUA: ESTEJAMOS PRONTOS PARA CUNHAR A MOEDA DE US$ 1 TRILHÃO

 

Acaso o presidente Obama deveria estar preparado para cunhar uma moeda de platina de US$ 1 trilhão, caso os republicanos tentem forçar os Estados Unidos a dar o calote da dívida? Seguramente. Afinal, ele terá de escolher entre duas alternativas: uma absurda, mas benigna, a outra igualmente absurda, embora ambas torpes e desastrosas. A decisão deveria ser óbvia.



Para os que não estão a par do problema, a história é a seguinte. Em primeiro lugar, temos a estranha e destrutiva instituição do teto da dívida; ela permite que o Congresso aprove projetos de lei sobre impostos e gastos que implicam um enorme déficit orçamentário – projetos de lei que o presidente deve legalmente implementar – e, depois, permite que o Congresso se recuse a conceder ao presidente a autoridade para tomar dinheiro emprestado, impedindo que ele atenda às suas obrigações legais e provocando um calote provavelmente catastrófico.

Os republicanos ameaçam abertamente usar este recurso desastroso para chantagear o presidente a fim de obrigá-lo a implementar medidas que eles não podem aprovar mediante processos constitucionais legais.

UMA BRECHA LEGAL

Quanto à moeda de platina, existe uma brecha legal que permite que o Tesouro imprima moedas de platina de qualquer valor que o secretário desejar. De fato, ela foi prevista para produzir artigos comemorativos de colecionador – mas não é isto que a letra da lei diz. Cunhando uma moeda de US$ 1 trilhão e depositando-a no Federal Reserve (Fed, banco central americano), o Tesouro poderia adquirir dinheiro suficiente para evitar o teto da dívida – sem, ao mesmo tempo, prejudicar a economia.

E por que não?
É fácil fazer declarações solenes para nos desencorajar a procurar subterfúgios; em vez disso, deveríamos sentar como pessoas sérias e tentar solucionar os nossos problemas com seriedade. O que talvez pareça razoável – se a gente tivesse vivido numa caverna nos últimos quatro anos.

Considerando a realidade da nossa situação política, e em particular a mistura de crueldade e loucura que atualmente caracteriza os republicanos da Câmara, é simplesmente ridículo – muito mais ridículo do que a ideia da moeda.

Portanto, se a solução apresentada pela 14ª emenda – declarando que o teto da dívida é inconstitucional – é inviável, vamos optar pela moeda.

O que nos deixa ainda com a questão do rosto a ser impresso na moeda – mas é fácil: o de John Boehner (republicano e presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos). Porque sem ele e seus colegas, não haveria necessidade disto.

23 de janeiro de 2013
Paul Krugman (Estadão)

A RIQUEZA DO URÂNIO POR TRÁS DA INTERVENÇÃO FRANCESA NO MALI

 


A intervenção militar francesa no Mali, supostamente a pedido do Governo de Bamako, visando a sustar o avanço radical islâmico e a ameaça inaceitável à integridade de alguns cidadãos franceses (vivem cerca de 5 mil naquele país), traz velhas lembranças de uma epopéia ainda viva em nossa memória – as Cruzadas.

Não há como deixar de comparar. O que provocou as Cruzadas, pelo menos inicialmente, foram os maus tratos aos cristãos pelos radicais islâmicos, tal como agora ocorre em todo Oriente Médio –perseguições, incêndio de igrejas, assassinatos e estupros.

Dificilmente haverá um cristão que não sinta uma ponta de revolta ao ver essas notícias – e somos mais de dois bilhões.

Tal como nas Cruzadas, novamente os franceses se mostram mais dispostos a tomar a frente dessa reação. Já mostraram isto na Líbia. Entretanto, há quem considere que por detrás desta ação militar francesa (e ocidental) se escondem outros interesses, que no caso do Mali estariam relacionados com a Areva (empresa de extração de urânio).

Isto ainda nos lembra o passado, nem todas as Cruzadas foram motivadas por um ideal, a IV Cruzada então, financiada pelos venezianos, foi onde a cupidez se revelou mais forte e quebrou a espinha de Bizâncio, tornando impossível os nobres objetivos que em parte impulsionavam aquelas epopéias.

As motivações de cada soldado podem ser variadas, mas a do Estado Francês é fácil de deduzir: relaciona-se com o urânio, do qual a França depende assim como de ouro e de outras jazidas.
Melhor para nós. Há muito suspeitávamos de descaminho de nosso minério radiativo via Guiana Francesa. Que vão buscá-lo em outro lugar.

23 de janeiro de 2013
Gelio Fregapani

LIÇÕES DE POLÍTICA

Nicolau Maquiavel - O Príncipe



* O Príncipe (no original, Il Principe) é um livro escrito por Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi publicada postumamente em 1532. O Principe é livro fascinante, daqueles que uma vez iniciada a leitura, não se pode largar até o ponto final.

O nome de seu autor deu origem ao termo maquiavélico que define um homem perverso, cínico, a serviço de tiranos. Como diz T.S.Eliot: nenhum grande homem foi tão completamente mal interpretado.

De um prefácio assinado por Raymond Aron: Que queria dizer Maquiavel? A quem queria dar aulas, aos reis ou aos povos? De que lado ele se colocava? Do lado dos tiranos ou dos republicanos? Ou de nenhum dos dois?

 
Capítulo XXII
DOS SECRETÁRIOS QUE OS PRÍNCIPES MANTÊM JUNTO DE SI


Não é de pouca importância para um príncipe a escolha dos ministros, os quais são bons ou não, de acordo com sua prudência. A primeira conjetura que se faz da inteligência de um senhor, resulta da observação dos homens que o cercam. Se estes forem competentes e fiéis, o príncipe sempre poderá ser reputado sábio porque soube reconhecê-los competentes e mantê-los fiéis.

Quando não são assim, sempre se pode fazer mau juízo do príncipe, porque cometeu seu primeiro erro na escolha.

Não houve ninguém que conhecesse messer Antônio de Venafro, ministro de Pandolfo Petrucci, príncipe de Siena, e não julgasse Pandolfo um homem de grande valor por tê-lo como ministro.

Há três tipos de inteligências: uma entende as coisas por si, outra discerne aquilo que os outros entendem e a terceira não entende nem a si nem aos outros. A primeira é excelentíssima, a segunda é excelente e a terceira, inútil.

Pandolfo, se não se classificava no primeiro grau, estava, necessariamente, no segundo. Porque, toda vez que alguém tem a capacidade de distinguir o bem do mal que outro faz e diz, ainda que por si mesmo não possa concebê-los, distingue as obras más e boas de um ministro, corrige aquelas e elogia estas, o ministro sabe que não poderá enganá-lo e se conserva bom.

Existe um modo perfeito pelo qual o príncipe pode conhecer um ministro. Quando vês que um ministro pensa mais em si do que em ti, e em todas as ações procura primeiro seu próprio benefício, pode concluir que este jamais será um bom ministro e nele nunca poderás confiar pois aquele que tem o estado do outro em suas mãos não deve jamais pensar em si mesmo, mas no príncipe, nem ocupá-lo com coisas que não lhe digam respeito.

Por outro lado, o príncipe, para conservar sua lealdade, deve pensar no ministro, concedendo-lhe honrarias e riquezas, obsequiando-o e compartilhando com ele as honras e funções.

Desse modo o ministro perceberá que não pode passar sem ele; as inúmeras honrarias o dispensarão de desejar mais outras honrarias; as muitas riquezas de desejar mais riquezas e as múltiplas atribuições o farão recear as mudanças.

Portanto, enquanto os ministros agirem assim em relação aos príncipes e estes em relação aos ministros, poderão ambos confiar um no outro; caso contrário sempre haverá um fim mau para um deles.

23 de janeiro de 2013

Nicolau Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469 e faleceu em sua cidade natal em 21 de junho de 1527. Está enterrado na Igreja de Santa Croce, Florença. Foi filósofo, escritor, dramaturgo, poeta. Há exatamente 500 anos, em 1513, escreveu este que é um dos livros “imortais”, segundo todos os pontos de vista. (mhrrs)

*detalhe retrato de Maquiavel por Santi di Tito, acervo Palazzo Vecchio, Florença
in ricardo noblat

FMI - MEDIDAS DE ESTÍMULO DO GOVERNO NÃO FAZEM ECONOMIA DESLANCHAR

FMI prevê crescimento potencial menor para o Brasil. Para economista-chefe, medidas de estímulo do governo não fazem economia deslanchar

Agência Estado

Obra no Porto de Suape, em Pernambuco: baixo crescimento do Brasil e da Índia preocupam Fundo
Após o fraco desempenho econômico do Brasil em 2012 e a redução das projeções para 2013 e 2014, a discussão dos limites de crescimento do País voltam à tona, segundo o economista-chefe e diretor do Departamento de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard.
O Brasil pode ter uma taxa de crescimento potencial menor do que o estimado, disse em entrevista coletiva, nesta quarta-feira, para comentar previsões econômicas para 2013. O fraco crescimento do Brasil e da Índia é uma preocupação do FMI, destacou Blanchard.

Para ele, a discussão do crescimento potencial desses países ganha importância, uma vez que medidas de estímulo do governo estão tendo dificuldade em fazer a economia deslanchar. A recomendação do Fundo é de que o Brasil evite que medidas para estimular o crescimento piorem a situação fiscal do País, segundo o diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, Jorg Decressin.

Outro ponto é investir em infraestrutura, para evitar que o lado da oferta limite ainda mais o crescimento do País. Sobre a economia mundial, Blanchard recomendou cautela. "Podemos ter evitado abismos, mas temos pela frente altas montanhas para colocar a economia mundial de volta aos trilhos", disse o economista.

Blanchard mostrou ainda preocupação com o pacote de estímulo lançado pelo Japão. Se por um lado a economia pode crescer mais, por outro pode comprometer o lado fiscal.

23 de janeiro de 2013
Tomas Munita/The New York Times

DENÚNCIAS... HENRIQUE ALVES, RENAN E EDUARDO CUNHA

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Renan, Alves e Cunha: colecionadores de denúncias e investigações
23/01/2013 15:20
O Globo

Candidatos aos cargos mais importantes do Congresso, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) estão envolvidos em denúncias que vão de crime ambiental a evasão fiscal e enriquecimento ilícito

Henrique Eduardo Alves é candidato à presidência da Câmara - Crédito: Ailton de Freitas / O Globo


- MPF move ação desde 2004 baseada em denúncia da ex-mulher do parlamentar, Mônica Infante de Azambuja, que o acusa de manter US$ 15 milhões fora do país. O jornal "O Estado de S.Paulo" divulgou que Alves estaria protelando, com recursos, investigação em curso no MPF. Em 2002, quando essa acusação foi publicada, Henrique Alves perdeu o cargo de vice na chapa do tucano José Serra

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O GLOBO revelou em 16 de janeiro deste ano que Alves usa a verba de gabinete para abastecer o carro em um posto de gasolina que doou dinheiro para a sua campanha em 2010. Só em 2011 e 2012, o posto Jacutinga, em Natal, recebeu R$ 50.548 da Câmara. Em 2010, um cheque de R$ 10 mil, emitido pela R. G. Barros Vasconcelos Bezerra, pessoa jurídica do estabelecimento, foi entregue à campanha de Alves

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Dinheiro do Orçamento da União teria beneficiado o tesoureiro do PMDB no Rio Grande do Norte e assessor do deputado na Câmara, Aluizio Dutra de Almeida. Ele é sócio da Bonacci Engenharia e Comércio Ltda, contratada para fazer obras financiadas por emendas do deputado. Henrique Alves negou irregularidades na destinação das emendas, e, segundo Almeida, a empresa participou de licitações.

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Segundo denúncia da revista "Veja", Henrique Alves aluga carros da Global Transportes, que seria do ex-assessor do PMDB César Cunha. A empresa está registrada no nome de Viviane dos Santos, que disse ter emprestado o nome à tia Kelen Gomes, responsável por emitir as notas para o gabinete do deputado. Segundo a assessoria de imprensa de Alves, a empresa está legalmente constituída.

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O GLOBO publicou em 22 de janeiro deste ano que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), conhecido feudo do PMDB, abriga em seus quadros Mônica Infante Azambuja, ex-mulher do deputado Henrique Eduardo Alves. Ela tem salário de R$ 10,1 mil como assessora de diretoria. Alves informou, pela assessoria, que não comentaria o assunto.

23 de janeiro de 2013
O Globo

RENAN ENTREGA CASAS INACABADAS DO "MINHA CASA"

 

Em Arapiraca, segunda maior cidade de Alagoas, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) sorteou e entregou mais de 600 casas do maior conjunto habitacional do Minha Casa, Minha Vida no Estado.
As unidades do Residencial Brisa do Lago foram entregues inacabadas, apesar de o laudo de vistoria da Caixa Econômica Federal atestar a existências de itens de conforto e de segurança que nunca existiram nas unidades habitacionais.
Beneficiários e representantes da construtora Engenharq assinaram o relatório afirmando que foram instaladas cerâmicas, rodapé, louças, azulejos, além de interfone e instalação para telefone. Fora do papelório da CEF, nada foi feito.
Renan participou, em outubro de 2011, da cerimônia ao lado do ex-prefeito da cidade Luciano Barbosa (PMDB), ex- ministro da Integração Nacional e membro da direção da sigla no Estado. Com 10 mil moradores, o conjunto de casas inauguradas há um ano revela a baixa qualidade da construção.
Reboco e forro solto, fiação elétrica exposta, infiltrações, portas quebradas, entre outras queixas. Os imóveis, dizem os moradores, foram entregues "pela metade".
O "check list" com a marcação no SIM foi dado em todos os itens da lista da Caixa. Na coluna "outros", que não tinha qualquer especificação, o engenheiro marcou "sim/condição boa".
"Na hora de pedir o voto, eles prometem que a casa vai ter cerâmica, que a porta vai ser de vidro e tudo mais. Agora entregaram tudo pela metade e depois você não acha uma pessoa para reclamar. Até a fechadura da porta eles colocaram a mesma em todas as casas. O pessoal foi trocando porque a mesma chave abria a porta do vizinho", queixou-se a moradora Ana Paula dos Santos.
 
A qualidade das instalações elétricas provocou revolta nos últimos dias, após uma criança morrer queimada dentro de casa.
Um curto circuito teria provocado o incêndio.
 
AE/As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
23 de janeiro de 2013

RECORDES DO BNDES

 

 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assumiu proporções gigantescas.
É, por exemplo, quase equivalente em volume de financiamentos ao Banco Mundial - criado em Bretton Woods (1946), como Fundo Monetário Internacional, para alavancar o desenvolvimento mundial.
Ontem, seu presidente, Luciano Coutinho, desfilou recordes e mais recordes: desembolsos de R$ 156 bilhões em 2012 -12% a mais do que no ano anterior; consultas por novos financiamentos no valor de R$ 312,3 bilhões; e aprovação de R$ 260,1 bilhões em novos projetos.
O BNDES continua sendo uma entidade estratégica no desenvolvimento do Brasil e é objeto de admiração. Argentinos, por exemplo, morrem de inveja porque os brasileiros têm o BNDES e eles não. Estão sempre apontando sua atuação como um dos elementos criadores das tais assimetrias e de outras desvantagens da sua economia em relação à do Brasil.
Mas não dá para dizer que o BNDES seja uma instituição que só traga benefícios para o interesse nacional. Tam­bém é problema - e problema sério.
Nos três últimos anos vem se benefi­ciando de uma relação incestuosa com o Tesouro. Recebe recursos oficiais de grande magnitude (em geral, títulos da dívida pública), sobre cujo emprego não presta contas ao Congresso Nacio­nal. E opera com subsídios e juros favo­recidos sem que estes sejam incluídos no Orçamento da União.
Essas distorções produzem ainda ou­tras mais. Uma delas é o bloqueio do desenvolvimento de um mercado de ca­ pitais sadio no Brasil. Nenhum banco consegue competir com o BNDES no financiamento de projetos de longo prazo por não contar com a mesma fon­te (junding) subsidiada de recursos.
As grandes empresas, por sua vez, se desin­teressam por lançar debêntures e ou­tros títulos de longo prazo no merca­do, porque o BNDES está sempre pron­to a fornecer recursos a custos mais camaradas.
E um país sem um mercado de capitais desenvolvido corre o risco de destruir sua capacidade de crescer.
Outra distorção - para a qual algu­mas vezes o Banco Central já chamou a atenção - é a sabotagem, digamos as­sim, que o BNDES faz à política monetária (política de juros). Como opera com juros inferiores aos praticados no mercado, o Banco Central está sempre obrigado a puxar os juros básicos (Se- lic) para acima do nível "normal", para compensar o jogo contra do BNDES e, assim, dar conta da tarefa de combater a inflação.
Em outras palavras, o BNDES é parte das explicações para juros tão elevados no Brasil. Uma terceira distorção acontece nas condições de competição no mercado.
Grande número de financiamentos do BNDES elege arbitrariamente certos grupos econômicos, nem sempre sa­dios, para que se tornem os campeões do futuro. Dessa maneira, criam cir­cunstâncias artificiais que agem como fatores que funcionam como alavancas desleais de negócios.
É um fator que sela o futuro das empresas:
os vencedo­res, que contam com apoio privilegia­do do BNDES, alijam seus concorren­tes do mercado.
Essas são razões suficientemente for­tes para que o BNDES seja repensado e recalibrado para atuar a favor do inte­resse público.
Rombo adiado
A contabilidade criativa do governo não se limitou às contas públicas. Desde novembro era fato conhecido que o Ministério do Desenvolvimen­to escondia cerca de US$ 6 bilhões em importações da Petrobrás para não mostrar números decepcionan­tes em dezembro.
E, agora, trata de descarregá-los em 2013.
Essa é a principal razão pela qual, apenas nas três primeiras semanas de janei­ro, o rombo do comércio exterior (déficit) foi para US$ 2,7 bilhões.
Celso Ming O Estado de S. Paulo
23 de janeiro de 2013

SENTINDO O GOSTO DO FEL

Moradores do assentamento Milton Santos invadem INSTITUTO DO CACHACEIRO PARLAPATÃO O FILHO... DO brasil..
 
Cerca de 50 pessoas que vivem no assentamento Milton Santos, de Americana, interior do estado, e estão ameaçadas de despejo, invadiram o Instituto Lula, no Ipiranga, Zona Sul de São Paulo. A Polícia Militar, que está no local desde as 7h30m, disse que não houve confrontos. Eles ocupam o jardim e uma área interna do prédio de dois andares, mas não chegaram a invadir as salas.

Há faixas e camisetas colocadas no muro. Os representantes do assentamento querem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interceda por eles junto à presidente Dilma Rousseff, para que ela assine um decreto de desapropriação por interesse social e evite a desocupação.

Na semana passada, um grupo maior, com cerca de 300 pessoas, ocupou o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no centro de São Paulo. Hoje, há 120 pessoas no local. Parte deste grupo decidiu ir para o Instituto Lula.

A assessoria do Instituto Lula informou que o ex-presidente não deve ir para a sede nesta quarta-feira.

As invasões vêm ocorrendo porque as famílias do assentamento vão receber a ordem de reintegração de posse do terreno, que pertence a uma família da região.

Desde junho do ano passado, as famílias sofrem a ameaça de despejo. E já receberam a notificação judicial para que desocupem a área. Caso permaneçam, está autorizado o uso da força policial militar e federal para realizar o despejo.

As famílias, que vivem e produzem no local há sete anos, estão determinadas a não deixar as moradias. Em dezembro, os moradores do assentamento chegaram a ocupar o prédio da Presidência da República, em São Paulo, para protestar contra o despejo.

Roseana dos Santos, que vive no assentamento, planta mandioca, milho e hortaliças. Ela teme pelo futuro dela e dos filhos.

- Está prejudicando a nossa saúde esta situação. Há seis meses estamos conversando e nada acontece - declarou à Rádio CBN.

A área onde está o assentamento pertencia ao Grupo Abdalla. Na década de 70, foi tomada para pagamento de dívidas com a União. Em 2005, o espaço, registrado em nome do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), foi cedido ao Incra para assentamento. Mas o processo não chegou a ser
concluído.
O Grupo Abdalla alega que readquiriu judicialmente a propriedade.

Segundo Roseane, o grupo, que vive no assentamento há sete anos, vem há seis meses sofrendo ameaças de despejo, e a ocupação foi o modo encontrado para pressionar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a interceder por eles junto à presidente Dilma Rousseff, a fim de que ela assine um decreto de desapropriação por interesse social, com o objetivo de encerrar as disputas pela propriedade da área. Roseane disse que o grupo foi assentado durante o mandato de Lula.
Questionada sobre qual seria a condição para deixar o Instituto Lula, Roseane afirmou:
"Só vamos sair com a assinatura do decreto".
Ela não descartou que o grupo possa acampar no local.
"Estamos dispostos a tudo."
O Globo
23 de janeiro de 2013

SENADO, A OPOSIÇÃO NA ENCRUZILHADA

 


Como Pedro Taques do PDT de Mato Grosso resolveu disputar a presidência com Renan Calheiros do PMDB de Alagoas, os senadores do PSDB e do DEM terão de optar entre uma biografia limpa e o prontuário do candidato da base alugada.
 
23 de janeiro de 2013
Veja online

IMAGEM DO DIA

 
Mulher anda de bicicleta usando máscara durante forte poluição em Pequim, China
Mulher anda de bicicleta usando máscara durante forte poluição em Pequim, China - Feng Li/Getty Images
 
23 de janeiro de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




23 de janeiro de 2013

ONDE FOI QUE PERDEMOS O BONDE

 

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Volto ao tema de ontem pela importância decisiva que lhe atribuo, tentando fazer-me entender melhor.

O sistema de precedentes baseados na Common Law ou nas práticas cotidianas dos cidadãos comuns começou a se institucionalizar na Inglaterra mais ou menos na mesma época em que a Universidade de Bolonha abriu o desvio da suposta “ressurreição” do direito romano que, na verdade, era uma forma disfarçada de garantir e dar sustentação institucional ao poder aumentado das monarquias.

Ha cerca de 700 anos todos os casos levados aos tribunais ingleses – brigas entre vizinhos, discussões entre compradores e vendedores, relações entre casais, ofensas menores, crimes comuns e o mais que põe em confronto dois seres humanos e não possa ser resolvido só entre eles – passaram a ser relatados por escrito em duas versões, uma mais livre, descrevendo os acontecimentos, outra mais “técnica” descrevendo os passos do processo que tinham de atender a uma espécie de check-list que foi sendo aperfeiçoada ao longo do tempo: convocação de um júri de “iguais” (aos envolvidos na querela), convocação e inquirição das testemunhas dos acontecimentos, manifestações da acusação, manifestações da defesa e assim por diante, até o resultado final do julgamento.

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Esses “writs” em dois rolos de pergaminho distintos, eram então arquivados para consultas futuras.
Acabaram por constituir uma história detalhada das práticas reais da sociedade. O que se aceitava como justo? O que era admissível e o que era inadmissível? Que pena recebia quem praticava cada tipo de ato inadmissível?

Daí por diante, para requerer Justiça, o cidadão tinha de buscar nos compêndios que resumiam esses processos um que fosse exatamente semelhante ao seu, o que vale dizer, vinha requerer do tribunal que fosse dada também a ele a mesma satisfação que vinha sendo dada àquele tipo de avença ou de desavença desde sempre.

Ao tribunal cabia aferir por meio de testemunhos e com o auxílio de um júri, se “não”, ou se “sim”, aqueles dois casos eram exatamente semelhantes. E ao juiz, zelar para que cada item daquela check-list fosse integralmente percorrido.

A sentença do juiz do tribunal de Common Law limita-se, portanto, a este “sim” ou a este “não” (caso em que ha recurso).

A pena, se “sim”, é automaticamente idêntica à aplicada desde sempre para casos semelhantes.
Praticamente não ha espaço para corrupção, portanto.

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O subproduto desse sistema, entretanto, vem a ser, a longo prazo, mais importante que o produto inicialmente visado de fazer justiça.

A história das práticas e das relações do dia a dia das pessoas comuns não só vem sendo sistematicamente registrada nos países que adotam a Common Law como tem de ser obrigatoriamente revisitada a cada vez que o Judiciário é acionado, o que resulta em que esses povos tenham uma consciência aguda de sua identidade e de sua trajetória como povo, assim como da evolução dos seus costumes e do seu senso moral; do que, ao longo do tempo, têm tido como certo ou como errado.

Não ha como esquecer, a cada dia, o que passou e deixar-se manipular pela política ou pela mídia, marca definidora das culturas latinas onde a única história que fica registrada é a do último “herói” que fez o suficiente para submete-lo e todas as outras são apagadas, o que leva rapidamente o povo a entender que nenhuma delas merece crédito.

Eles têm uma consciência aguda e praticamente obrigatória daquilo que são e de como se tornaram o que são. Nós andamos perdidos de revolução em revolução, vale dizer de apagamento do passado em apagamento do passado.

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Não é por nada, portanto, que é lá que surgem as duas formulações teóricas que sintetizam o sistema democrático. Elas nascem espontaneamente dessa prática multi secular que, por mais tempo do que não, foi comum a todos os povos europeus. Se é dele que emana toda a Justiça, também é necessariamente verdadeiro que “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”; assim como que “Todos são iguais perante a lei”.
Isso já era uma realidade concreta no que dizia respeito ao oferecim
ento de Justiça, a mais alta função dos governos, vale repetir, antes mesmo de ter sido posto nesses termos para atalhar as últimas ações do rei (o Poder Executivo) que porventura passassem por cima desses princípios fundamentais.
O resto do arcabouço dos modernos sistemas democráticos de governo é pura decorrência lógica.

Já o pseudo “direito romano redivivo” parido na Universidade de Bolonha inaugurava o nosso velho e conhecido hábito de “mudar para que tudo continue igual”. Tratava-se, na verdade, de atender à crise do poder do papa desafiado pelas novas tecnologias (de armamento, de transporte/comunicações e de técnicas de governo) que aumentaram o poder dos reis, até então de alcance muito limitado.

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Resumidamente afirmava o seguinte: “Todo o poder emana de deus e será exercido pelo seu escolhido” (que deixa de ser o papa, porta-voz autonomeado de deus, para passar a ser algum “local” que se comprometesse o bastante para ser ungido por ele). E este, por sua vez, concederá parte do poder que lhe foi concedido com os seus escolhidos (os seus barões e etc.).

De “deus” para baixo, o poder vai sendo sempre “delegado” pelos seus autonomeados representantes e destes para os representantes desses representantes, nunca, é claro, a troco de nada.

Desde então, sempre que a necessidade aperta, geralmente em função da reverberação de movimentos vindos do exterior, vimos “mudando para que tudo continue igual”.

O rei em cheque, na versão “corporativista” ibérica, transferirá o bastão para o juiz, que “regulamentará” o lugar de cada um na sociedade, distribuirá “direitos especiais” para “pessoas especiais” e tratará de garantir para todo o sempre (e quando possível hereditariamente) cada um dos direitos assim “adquiridos”.

Ou ao “sábio”, na versão Positivista que inspirou o “Ordem e Progresso” da nossa bandeira, que terá direito de ser “despótico” uma vez que é o promotor “esclarecido” desses dois supremos benefícios em prol do povo “ignorante“.

Como conter a corrupção com tanto poder em tão poucas mãos?
E cá seguimos nós, agora com don Lula e dona Dilma e seus barões do BNDES, tudo fazendo e tudo podendo fazer “pelo bem do povo”, incapaz que ele é, coitado, de fazer por si mesmo…

desv4
 
23 de janeiro de 2013
vespeiro

HOMEM DE LULA DIZ QUE INSTITUTO NÃO VAI INTERFERIR EM FAVOR DE ASSENTADOS PORQUE É ASSUNTO DE GOVERNO. SEI... E AQUELE GOLPEZINHO DADO PELO APEDEUTA?

 
É realmente fabuloso! Luiz Dulci, ex-ministro de Lula e um dos chefões do instituto que leva o nome do Apedeuta, afirmou que a entidade não vai interferir em favor dos assentados que invadiram a entidade. Leio na Folha Online suas declarações:
 
“Esperamos que o movimento entenda que, se queria dar visibilidade à causa, talvez já tenha conseguido. Mas o instituto não interfere em decisões de governo. Não só nesta área como em nenhuma outra”.
“Não faz sentido ocupar o Instituto Lula porque não é uma decisão que possa ser tomada. O instituto não vai interferir, já que a negociação está aberta e os órgãos competentes estão atuando e empenhados em resolver a questão.”
 
Didi Mocó perguntaria: “Cuma, inselença?”. O instituto “não interfere em decisões de governo?” Há dois dias, Luiz Dulci foi um dos homens de Lula que anunciaram que o poderoso chefão assumiria a coordenação política do governo. E o fizeram à revelia do Planalto, que não disse nada até agora. Assim, não só o instituto “interfere” como, na prática, decidiu SER o governo.
 
Ora, ora… Se a solução do conflito dependesse de alguma ação que pudesse ser tomada pelo governo do estado, alguém dúvida de que esses valentes se apresentariam como intermediários da causa? Hipocrisia pouca é bobagem.
 
Os ocupantes do Instituto Lula divulgaram a seguinte carta:

 Chegamos a uma situação limite.
Somos 68 famílias que, depois de anos e anos de luta, fomos assentadas num terreno de 104 hectares localizado entre os municípios de Americana e Cosmópolis. Este terreno pertenceu à família Abdalla, ricos empresários que perderam o a área durante a ditadura militar por dívidas trabalhistas.
 
Em 2006, o presidente Lula e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nos instalaram no Sítio Boa Vista. Desde então, para a consolidação deste assentamento, depositamos tudo o que tínhamos: nosso trabalho e nossa vida na produção de alimentos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos.
Passamos por inúmeras dificuldades para produzir. Mesmo assim, passo a passo, conseguimos estabelecer parcerias com mais de 40 entidades e escolas através do Programa Doação Simultânea. E, hoje, temos orgulho de dizer que somos uma comunidade que fornece mais de 300 toneladas de alimentos para a região metropolitana de Campinas.
 
Após consolidarmos nossas vidas nesta terra com o suor de anos de trabalho e dedicação, recebemos em maio de 2012 a notícia de que a família Abdalla, aliando-se à Usina Ester, havia recuperado as terras na justiça e ganho o seu direito de posse. A justiça federal, então, emitiu um aviso ao INCRA de que deveríamos ser retirados em prazo determinado, caso contrário, haveria a reintegração de posse do terreno.
 
O INCRA moveu vários recursos em vão. Realizamos audiências com os representantes do órgão, que afirmavam que não sairíamos do assentamento e que, se fosse preciso, seria assinado o decreto de desapropriação por interesse social.
Fizemos reunião com representantes do governo federal; e estes também garantiram que o problema seria resolvido, sem que precisássemos deixar nossas casas. No entanto, o tempo passou e nada mudou. Ao contrário, para a nossa aflição, aproxima-se a data em que assistiremos à destruição do esforço de toda uma vida: nossas casas, nossas plantações, nossos sonhos.
 
Sabemos que todas as possibilidades jurídicas já foram esgotadas e que o destino de nossas famílias depende, isto sim, da vontade política de quem pode decidir. Também sabemos que não nos resta outra alternativa senão um grito de apelo.
 
Lembramos que há exatamente um ano, em um quadro bastante semelhante, 1600 famílias foram brutalmente despejadas da área do Pinheirinho. Um representante político como Lula, que agora tem a honra de batizar uma instituição que zela pelo “exercício pleno da democracia e a inclusão social”, não pode permitir que uma situação dessas se repita.
 
Lula foi o Presidente da República que, em 2006, assinou a concessão do terreno do Assentamento Milton Santos para fins de reforma agrária. Todo processo ocorreu com o seu conhecimento e do órgão do governo federal responsável pelo assunto, o Incra.
 
Confiamos que o peso de sua figura política seja capaz de interceder em favor de nós, assentados, e estabelecer um diálogo mais direto com a presidente Dilma Rousseff, para que esta se disponha a nos receber pessoalmente em uma audiência e assine o decreto de desapropriação por interesse social.
 
23  de janeiro de 2013
Por Reinaldo Azevedo

MINISTRO JAPÔNÊS QUE SUGERIU ANTECIPAR A MORTE DE IDOSOS DEVERIA CONVERSAR COM LULA E ROSEANA

 


Maluco beleza – O experiente jornalista Oscar Andrades, um dos baluartes da assessoria parlamentar em Brasília, atualmente se dedica ao seu blog, que trata principalmente das questões ligadas à Previdência Social e aos aposentados.

Seguindo sua sugestão, até porque é um equilibrado guru dos bastidores jornalísticos da política nacional, trataremos da declaração do ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, 72 anos, que sugeriu que os idosos deveriam ser autorizados a apressar a própria morte, como forma de minimizar a pressão sobre o Estado, responsável pelo pagamento das despesas médica dos japoneses.

“Deus o livre de ser forçado a viver quando se quer morrer. Eu acordaria me sentindo cada vez pior sabendo que [o tratamento] estaria sendo integralmente pago pelo governo”.
A verborragia insana de Aso foi disparada durante encontro do conselho nacional de reformas do seguro social. “O problema não será resolvido a não ser que eles [os idosos] possam se apressar e morrer”, insistiu o ministro.

Esse pensamento mórbido e antidemocrático de Taro Aso não merece, em tese, uma linha em qualquer noticiosa, mas seu pensamento canibal precisa ser freado, antes que a ideia se propague pelo mundo e alcance algumas republiquetas de araque que existem na América Latina, onde só os donos do poder conseguem tratamentos em caros e disputados hospitais públicos.

Aso, que disse que recusará esses “cuidados no fim da vida”, poderia aproveitar a própria sugestão e antecipar sua morte, sem qualquer tipo de autorização, pois arma de fogo serve também para esses temas.

O Japão enfrenta uma situação crucial na previdência social, pois um quarto da população local, que é de 128 milhões de pessoas, tem mais de 60 anos, contingente que chegará aos 40% nas próximas cinco décadas.

Taro Aso, que já deveria estar demitido, reconsiderou seu discurso horas depois e disse que suas palavras foram inapropriadas, mas que apenas externou sua preferência pessoal. Ora, se o Estado japonês sabe da cobrar impostos dos cidadãos, que serão aumentados nos próximos três anos para cobrir esse déficit previdenciário, que seja capaz de dar a devida contrapartida ao contribuinte. Para isso é que existe o tal do planejamento.

A Previdência Social em qualquer nação do planeta é uma pirâmide, em que a base é formada pelos contribuintes, enquanto o cimo é composto pelos beneficiários. Quando essa figura geométrica começa a mudar de forma ou de posição, o negócio é correr para encontrar uma solução.

Normalmente isso acontece por causa de um binômio inevitavelmente explosivo: envelhecimento da população e aumento do desemprego, o que acarreta queda na contribuição.

O Brasil vive uma situação semelhante, mas não tão grave porque o Estado não dá ao contribuinte a contrapartida que deveria e está explícita na Constituição Federal.

Se por ventura o ministro Taro Aso ficar desempregado nas próximas horas, até porque o Japão é um país sério, a governadora Roseana Sarney poderia contratá-lo como assessor especial para assuntos de saúde pública. Afinal, a excelência da saúde pública do Maranhão comporta com folga um cidadão com pensamento tão tacanho e criminoso. Não vingando a contratação, Roseana Sarney tem a receita que Aso procura.

Caso a demissão não ocorra, Aso poderia consultar o ex-presidente Lula, que tem absoluta convicção que o SUS é eficiente e barato.

23 de janeiro de 2013