"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 13 de novembro de 2011

A USP E A FOLHA

Artigos - Cultura

O jovem radical ególatra, presunçoso e insolente, a quem todos os crimes são permitidos sob pretextos cada vez mais charmosos, tornou-se o modelo e juiz da conduta humana, a autoridade moral suprema a quem o próprio consenso da mídia e do establishment não ousa contrariar.

Nos anos 1930-1940, quando a USP ainda estava se constituindo administrativamente e o espírito dessa comunidade se condensava na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a luta dos estudantes contra a ditadura getulista expressa o anseio de uma ordem constitucional democrática, como viria a ser proposta consensualmente em 1945 pelas duas alas da UDN, o conservadorismo cristão e a esquerda democrática.

O suicídio de Getulio Vargas e o recrudescimento espetacular do getulismo na década seguinte afetam profundamente a mentalidade uspiana, que, num giro de 180 graus, adere ao discurso nacional-progressista, em que a ênfase já não cai no culto das liberdades democráticas, mas nos programas sociais nominalmente destinados a erradicar a pobreza, ainda que ao custo do intervencionismo estatal crescente.

Surge nessa época o mito da "camada mais esclarecida da população", que, se conferia aos estudantes o estatuto de guias iluminados da massa ignara, ao menos lhes infundia algum senso de gratidão e de responsabilidade.

Nos anos 1960, o nacional-progressismo uspiano transmuta-se em marxismo explícito, com a adesão maciça do estudantado à revolução continental orquestrada em Cuba.

As correntes liberais e democráticas desaparecem, só restando, como simulacro de pluralismo, as divisões internas do movimento comunista: stalinistas, trotskistas, maoístas etc.

Nas duas décadas seguintes, a esquerda internacional, sob a inspiração da "New Left" americana (herdeira da Escola de Frankfurt), vai abandonando as formulações marxistas dogmáticas para ampliar a base social do movimento, absorvendo como forças revolucionárias todas as insatisfações subjetivas de ordem racial, familiar, sexual etc., muitas das quais a alta hierarquia comunista condenava como irracionalistas e pequeno-burguesas.

Ao mesmo tempo, no Brasil, a derrota das guerrilhas abre caminho à adoção da estratégia gramsciana, que integra como instrumentos de guerra cultural o "sex lib", a apologia das drogas e a legitimação da criminalidade como expressão do "grito dos oprimidos".

O fracasso do modelo soviético acentua ainda a flexibilização do movimento revolucionário, com o abandono da hierarquia vertical e a adoção do modelo organizacional em "redes".

Bilionários globalistas passam a patrocinar movimentos esquerdistas por toda parte, de modo que rapidamente o discurso agora chamado "politicamente correto" se erige em opinião dominante, inibindo e marginalizando toda oposição conservadora ou religiosa, que se refugia em grupos minoritários cada vez mais desnorteados ou entre as camadas sociais mais pobres, desprovidas de canais de expressão.

Os efeitos desse processo na alma uspiana foram profundos e avassaladores: consagrados como representantes máximos do novo ethos global, os estudantes já não têm satisfações a prestar senão a seus próprios impulsos e desejos.

O jovem radical ególatra, presunçoso e insolente, a quem todos os crimes são permitidos sob pretextos cada vez mais charmosos, tornou-se o modelo e juiz da conduta humana, a autoridade moral suprema a quem o próprio consenso da mídia e do establishment não ousa contrariar de frente, sob pena de se autocondenar como reacionário, fascista, assassino de gays, negros e mulheres etc. etc. etc.

Há quem reclame dos "excessos" cometidos por aqueles jovens, mas a expressão mesma denota a queixa puramente quantitativa, a timidez mortal de contestar na base uma ideologia de fundo que é, em essência, a mesma de deputados e senadores, professores e reitores, ministros de Estado e empresários de mídia -a ideologia de todo o establishment, de todas as pessoas chiques.

A ideologia, em suma, da própria Folha de S.Paulo.

Publicado na Folha de São Paulo.

Escrito por Olavo de Carvalho, 13 Novembro 2011

O CASO INVASÃO DA REITORIA DA USP

Balanço da invasão da Reitoria da USP: a PM continua no campus, mas os panetones dos funcionários sumiram

Está certo que os invasores disfarçados de alunos que depredaram a Reitoria da USP não são muito fãs do capitalismo, mas começar a revolução socialista justamente pelos panetones dos funcionários é covardia. É isso mesmo: os panetones guardados na Reitoria desapareceram durante a invasão. Outros tiveram pendrives e até um “cobertor” roubados. Mas quem será que pode ter sido, hein? Lenin?

Bem, se a investigação a respeito do sumiço de produtos e de objetos pessoais dos proletários (queremos dizer, funcionários) durante a invasão dos burgueses (queremos dizer, revolucionários) “alunos” da USP seguir o ritmo habitual da justiça no Brasil, ninguém jamais será responsabilizado pelos panetones. Afinal, é difícil deixar recibo de furto no local do crime. São “suspeitas”, nada além. Melhor deixar para lá (http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,fflch-faz-mocao-por-furto-de-objetos-de-funcionarios-em-invasao,797587,0.htm).

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Seria interessante, entretanto, que em alguma das próximas invasões levadas a cabo por “movimentos sociais” (na verdade, grupelhos de extrema esquerda) compostos por universitários, sindicalistas, sem-tetos, sem-terras, sem-empregos, etc., os responsáveis por tais ações cívicas e altamente democráticas deixassem os lugares invadidos mais providos de riqueza, mais limpos, e não depenados e vandalizados, como tem sido regra (por que será que, sempre que um grupo de sem-teto deixa um prédio invadido, por exemplo, por estar supostamente abandonado, o local está em condições ainda piores do que quando eles chegaram?).

Ou pelo menos que não roubem a sobremesa dos trabalhadores do lugar.

Mídia@Mais

A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR...

“Eu quero ser o primeiro paciente
dessa UPA aqui”.




O presidente Lula, em inauguração de Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, elogiou as instalações e disse que queria ficar doente para receber atendimento no local.


Por que o Presidente não foi atendido na UPA???

POLÍTIDOS PROFISSIONAIS BANDIDOS

Vivemos uma farsa de democracia em que as raízes da discordância e dos protestos são podadas pelo assistencialismo aos ignorantes e o suborno dos canalhas esclarecidos.


Como livrar nossos filhos e suas famílias do caminho da prostituição moral ou física pela influência das cartilhas do petismo que estão sendo distribuídas por toda a sociedade a partir das escolas e universidades públicas?

Durante a Fraude da Abertura Democrática nossa sociedade foi gradualmente dominada pela classe dos políticos profissionais que fazem de uma carreira para servir a quem os elege e que paga seus absurdos salários e mordomias, um projeto de poder desonesto, visando, em sua maioria, a prática do ilícito moral e financeiro que tem feito milionários sem parar - os corruptos e seus cúmplices.

De estelionato em estelionato nos pleitos eleitorais, uma classe cada vez maior de corruptos, subornadores, subornados, prevaricadores e seus assemelhados, foram se afirmando como vereadores, deputados, senadores e presidentes da República, com uma sólida base de apoio nas relações públicas e privadas corrupto-corporativistas, para que as oligarquias e as burguesias de ladrões fizessem do poder público um covil de bandidos, e a política se transformasse em um instrumento do processo de absurda degeneração moral da sociedade.

Esse projeto criminoso e genocida assumiu contornos mais nítidos, de um caminho talvez sem volta, durante a Fraude da Abertura Democrática em que milhares de ratos da corrupção deixassem os porões mais escondidos em que estavam durante o Regime Militar e viessem à luz do dia iniciar um lento, mas persistente processo de destruição do país, através de suas infiltrações no meio jornalístico, acadêmico, estudantil e no meio artístico.

Infelizmente o DNA da formação social do país, desde o seu descobrimento, tem feito prevalecer o imoral, o aético, a leviandade, a mentira, a falsidade e todos os correlatos da canalhice dos esclarecidos, desgastando durante toda a nossa história o esforço e as tentativas feitas por poucos para evitar que o país chegasse ao ponto de se tornar um Paraíso de Patifes.

Após transformarem o poder público em um covil de bandidos a canalha da corrupção, simultaneamente, tratou de unir os podres Poderes da República com o Poder Executivo no comando direto ou indireto de gangues, que através da prostituição da política transformaram a capital do país em um bunker de bandidos da corrupção, que irradia sem controle suas teias de influência degenerativa das relações públicas e privadas pelo resto do país.

Vivemos uma farsa de democracia em que as raízes da discordância e dos protestos são podadas pelo assistencialismo aos ignorantes e o suborno dos canalhas esclarecidos.

Temos liberdade, menos a de lutar nas ruas, de maneira dura e organizada, para que o poder público não continue sendo um preferencial empregador – temporário ou efetivo – dos maiores canalhas que se tem notícia na história do país, um verdadeiro covil de bandidos próximo de garantir a impunidade da gangue dos quarenta e um, os bandidos que fizeram da casa do povo – o Congresso Nacional – um refém e aliado dos pulhas da política profissional que toma conta do país, e que recebem ordens de centenas de “disfarçados” emissários do Poder Executivo.

Estamos reféns dessa gente sórdida que continua humilhando as Forças Armadas – com o suborno moral ou financeiro já pautando inexplicáveis e inaceitáveis posturas de comandantes – e transformando a Justiça do país, principalmente através de seus Tribunais Superiores, em um instrumento de absurda impunidade dos que controlam ou trabalham para o covil de bandidos em que foi transformado o poder público.

Temos somente uma saída: a união patriótica de militares e civis com as bandas boas da polícia civil, militar e federal, para reverter a procriação dos filhotes do comuno sindicalismo corrupto que nos legou essa corruptocracia fascista civil que bate já às nossas portas, destruindo nossos sonhos de vivermos em um país decente, com um poder público que não seja mais um covil de bandidos, mas sim de homens e mulheres que cumpram com honestidade, ética e dignidade seus verdadeiros objetivos perante a sociedade que os sustentam.

As forças policiais e militares que estão invadindo guetos e favelas, prendendo ou matando as vítimas de uma sociedade feita covarde, corrupta e sem vergonha pela Fraude da Abertura Democrática, deveriam cercar Brasília para prender ou matar os verdadeiros bandidos, políticos profissionais e seus cúmplices, todos responsáveis diretos por milhares de mortes durante a Fraude da Abertura Democrática que ainda persiste.

O serviço sujo do petismo está quase completo a partir do fato de que as antigas caras-pintadas, que fingiam lutar contra a corrupção, hoje querem fazer dos campos universitários centros de livre consumo de drogas, além de palco para a prostituição de valores em todos os sentidos.

Com uma Justiça que garante a impunidade dos corruptos e seus cúmplices, sem promover o cerco a Brasília talvez não tenha nada mais a ser feito, além do que esperar o resultado final da invasão dos bárbaros do PT, e depois reconstruir, dos escombros de um sórdido e genocida projeto de poder, nossos sonhos de liberdade, justiça social e de uma verdadeira democracia.

Por Geraldo Almendra

O COCALEIRO EVO MORALES, AMIGO DE LULA: A LEGALIZAÇÃO DO CRIME

Nova lei da nacionalização visa regularizar 128 mil veículos que circulam sem documentos na Bolívia. Boa parte, carros roubados no Brasil

O taxista boliviano Juan Pedro de Jesus ao lado de seu Uno, roubado no Brasil: ele reclama que corre o risco de perder o carro (Aiuri Rebello)

Quando descobriu que suas duas vans Mercedez-Benz Splinter tinham sido furtadas da garagem da casa onde mora, em Corumbá (MS), o empresário Vilson de Souza Vilalva deduziu imediatamente que os veículos já estavam do outro lado da fronteira com a Bolívia. Depois de relatar o caso às autoridades bolivianas e contratar quatro policiais do país vizinho para acompanhá-lo na expedição – arcando com os custos de alimentação, combustível e hospedagem de todos durante a jornada – Vilalva encontrou os carros, pagou 12 000 reais por cada um e os levou de volta para o Brasil.

Foi para coibir casos como esse e, principalmente, para aumentar a arrecadação de impostos, que o presidente boliviano Evo Morales lançou, em junho deste ano, um controverso projeto de nacionalização dos veículos estrangeiros que circulam pela Bolívia sem documentos ou com a documentação irregular. O prazo para a legalização dos automóveis venceu na última segunda-feira, dia 7, quando havia 128.000 veículos inscritos no programa (o governo esperava 10.000). Desses, pelo menos 4.000 são brasileiros, a grande maioria roubado. Segundo a Polícia Federal, o número pode muito maior: até agosto, a PF havia analisado as informações referentes a apenas 30.000 veículos da lista. Faltavam 98.000.

Na sua maioria, os carros brasileiros circulam nas regiões de Puerto Quijarro, Puerto Suarez e Arroyo Concepción, cidades que fazem parte da principal fronteira boliviana com o Brasil, na região de Corumbá. A cidade, no meio do Pantanal, é a porta de entrada dos veículos brasileiros roubados que são vendidos no país vizinho.

“Um carro brasileiro na Bolívia, novo ou usado, vale menos da metade do que no Brasil”, explica o delegado Alexandre do Nascimento, titular da Polícia Federal em Corumbá. “Então, a quem interessa vender um veículo do lado de lá da fronteira? Só a um ladrão ou a alguém que esteja dando um golpe na seguradora, o que também é bastante comum”. Muitas vezes, os veículos são utilizados como moeda de troca na aquisição de drogas por traficantes.

O baixo preço dos carros na Bolívia se deve ao fato de o país não ter montadoras. Toda a frota que circula por lá é importada e os impostos sobre veículos automotores sempre foram pequenos. O governo de La Paz – ao contrário do governo do Brasil e da Argentina, por exemplo – permite a importação de carros velhos e usados, que chegam principalmente do Japão, da Coréia do Sul e da China. Como em seus países de origem esses veículos valem muito pouco, chegam à Bolívia a preços irrisórios depois de entrarem no continente pelos portos chilenos.

Tentativa de moralização - O governo boliviano sempre teve pouquíssimo controle sobre a frota do país. A nacionalização tenta corrigir essa situação. Até este ano, cada prefeitura tinha o poder de conceder placas municipais para os veículos, bastava que o cidadão apresentasse um documento qualquer de compra e venda, preenchesse alguns formulários, levasse o carro para inspeção, pagasse uma taxa e pronto, o carro estava emplacado. A única condição era a de que o veículo não circulasse fora da província (o equivalente a estado no Brasil) onde estava registrado. Com a nova lei, os municípios ficam proibidos de fazer o emplacamento. O governo federal, que já fazia esse tipo de trabalho para veículos que fossem rodar por todo o país – e para os que entravam na Bolívia legalmente – passa a centralizar as informações e a controlar a arrecadação dos impostos.

Aparentemente, a medida é benéfica para o Brasil. O governo boliviano anunciou a criação de um banco de dados com informações enviadas pelas polícias dos países vizinhos e garantiu que só vai nacionalizar carros que não tenham problemas na Justiça. Teoricamente, a Bolívia promete devolver todos os carros roubados. Na prática, existem quase 200 carros brasileiros roubados, apreendidos durante a nacionalização, estacionados num pátio próximo à fronteira com Corumbá. Apenas um foi devolvido ao Brasil.

“Não adianta criar uma lei nova se não houver fiscalização”, diz o delegado Gustavo Vieira, titular da delegacia de Polícia Civil em Corumbá. “Temos que esperar para ver se muda alguma coisa. Se tomarmos o montante de carros brasileiros irregulares que rodam por lá e o que já foi devolvido até agora, não adianta ficar muito animado”.

Não existe controle nos postos fronteiriços para fiscalizar a passagem de veículos entre o Brasil e a Bolívia por Corumbá. Basta pagar 1 real de pedágio e cruzar a fronteira. A pé, a passagem é gratuita. Além disso, inúmeras estradas vicinais de terra ligam os dois países. Do lado de lá da fronteira, é comum ver carros brasileiros – com placas do Brasil, dos municípios bolivianos, ou mesmo sem placa nenhuma – circulando livremente.

Convivência difícil - O advogado Marcio Toufic Baruki, radicado em Corumbá desde os anos 1970, já perdeu a conta do número de clientes que o procuraram em busca de ajuda para recuperar os veículos do outro lado da fronteira. A fórmula do sucesso é semelhante a usada por Vilson de Souza Vilalva. “Na Bolívia, ou você paga propina ou não tem acordo, não interessa qual o assunto ou problema”, afirma o advogado. Há quatro anos, ele viveu na pele a experiência.

“Comecei a rastrear o carro com a ajuda da polícia”, conta. “Quando encontrei, entrei na Justiça para consegui-lo de volta. Foi o primeiro carro roubado no Brasil devolvido pela Bolívia legalmente, via ordem judicial, antes da nacionalização”, comemora o advogado, antes de contar que, paralelamente, foi obrigado a distribuir propinas para todo mundo, do promotor ao juiz responsável pelo caso.

“Nós não temos culpa” - Do lado de lá da fronteira, os bolivianos estão indignados. Os comitês cívicos de Puerto Quijarro, Puerto Suarez e Arroyo Concepcíon chegaram a fechar a fronteira com o Brasil duas vezes – uma por mais de 12 horas – em protesto contra a medida. “Nós não temos culpa se alguém rouba um carro no Brasil e vende aqui”, argumenta José Luís Santander, presidente do Comitê Cívico de Puerto Suarez. Na Lei boliviana, não existe a figura do receptador de mercadoria roubada. Assim, quem compra algo roubado não está cometendo crime. Os bolivianos protestam principalmente contra o valor dos impostos pagos para conseguir a nacionalização.

“Um Toyota Corolla 1998, por exemplo, que na Bolívia custa 2 000 dólares, tem que pagar 3 200 dólares para ser nacionalizado”, explica Santander. “O emplacamento do mesmo carro no município custava cerca de 300 dólares. A diferença é muito grande e a maioria das pessoas não tem condições de pagar isso”.

Outro ponto que revolta os bolivianos é a apreensão dos carros roubados. “Várias pessoas compraram carros brasileiros e regularizaram os veículos nas prefeituras, com placa e tudo”, afirma Santander. “Ninguém disse que o carro tinha problemas. Agora, chegam no posto de nacionalização e o carro é apreendido porque foi roubado em outro país. Que culpa temos se antes estes carros era considerados legais?”.

O taxista boliviano Juan Pedro de Jesus, de 48 anos, reclama que vai perder seu carro brasileiro, um Uno Mile 2002 branco, por causa da nacionalização. “Até sabia que o carro era roubado quando comprei, mas isso não era problema para rodar por aqui”, justifica. “Se eu levar meu Uno no posto de nacionalização, ele vai ser apreendido. Se não levar, vai ser apreendido na rua pela polícia”. Daquele lado da fronteira, os comitês cívicos prometeram novos protestos e ameaçam incendiar os veículos apreendidos.

Desde 1993, a Bolívia decretou oito anistias similares, que também tinham o objetivo de apreender os carros estrangeiros flagrados com documentação irregular ou sem placas. Nenhuma deu certo. Por enquanto, os bolivianos podem continuar sossegados. Pelo menos nesta primeira semana em que vigorou plenamente, nenhum veículo que circulou ilegalmente na região da fronteira entre os dois países foi autuado com base na mais nova versão da lei da nacionalização.

Aiuri Rebello - VEJA

BANDIDAÇO

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Dirceuzinho Beira-Mar. ( blog do Coturno Noturno)
Não é de surpreender que José Dirceu tenha saído do Naoum, juntado a petezada e garantido o aval do governo e do partido para bancar as falcatruas de Agnelo Queiroz, governador petista do DF. De quebra, ainda botou um amigo a mandar no dinheiro, indicando o diretor do Banco de Brasília. José Dirceu jamais deixou de ser o chefe da "sofisticada organização criminosa", conforme está na denúncia pública feita por um Procurador Geral da República. Fernandinho Beira-Mar é, no ramo do tráfico de drogas e do crime organizado, o espelho de José Dirceu na política. Está lá, preso em instalação de segurança máxima, mas continua comandando toda a quadrilha. É assim que funciona no governo e no PT, conduzidos pela mão de ferro de um clandestino sem mandato e com um processo enorme de corrupção nas costas. Portanto, não se surpreendam com nada: ele é o Dirceuzinho Beira-Mar no jogo da corrupção na política.

O CAPO

O chefe da quadrilha do governo Lula, critica o combate moralista contra a corrupção


Dirceu critica 'luta moralista contra corrupção'

Ele foi homenageado em congresso da Juventude do PT com uma camiseta em que aparece sua imagem e a palavra 'inocente'

Eduardo Bresciani, do Estadão.com.br

Discursando para uma plateia de centenas de militantes no 2º Congresso da Juventude do PT, em Brasília, o ex-ministro da Casa Civil, deputado cassado e réu no processo do mensalão José Dirceu criticou o que chamou de "luta moralista contra a corrupção". Ele foi homenageado pelos organizadores com uma camiseta em que aparece sua imagem, a frase "contra o golpe das elites" e a palavra "inocente". O julgamento do processo do mensalão pode acontecer no próximo ano.

Veja também - Presidente do PT sai em defesa de Lupi e Agnelo

Para criticar os movimentos que tem cobrado combate à corrupção, o ex-ministro afirmou que ações semelhantes levaram às eleições de Jânio Quadros e Fernando Collor para a presidência da República. "Nossa luta tem que remontar o passado. Nas duas vezes em que houve lutas moralistas contra a corrupção deu no Jânio e no Collor, um renunciou e o outro sofreu impeachment".

Para ele, a intenção das denúncias é somente atacar o governo. "Nesse momento o que pretende construir é isso, a pretexto de combater a corrupção". Na visão de Dirceu, a pressão que é feita sobre os ministros não é a mesma em relação a escândalos em São Paulo, onde o PSDB está a frente da administração. "Quando dizem que tem de responsabilizar o ministro e o partido por problemas no ministério, então tem que se responsabilizar o PSDB, o Geraldo Alckmin e o José Serra pelo escândalo das emendas em São Paulo".

Logo no início de sua exposição, de cerca de 30 minutos, Dirceu falou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em tratamento de um câncer na laringe. "Vamos enviar energia e força para o companheiro Lula para que ele saiba que estamos ao lado dele e ele está conosco".

O ex-ministro valorizou as ações do governo Dilma Rousseff como a aprovação da Comissão da Verdade e do fim do sigilo eterno de documentos, mas destacou que é preciso avançar nas áreas de transporte público, cultura e educação. "Enquanto professores e professoras ganharem R$ 1,2 mil de salário, alguma coisa está muito errada no Brasil". Segundo ele, as eleições ganhas pelo PT foram "sem o apoio das elites e dos meios de comunicação". Afirmou que cabe ao PT discutir a regulamentação da mídia e as reformas políticas e tributárias. Disse ainda que os que reclamam da política de alianças do governo precisam trabalhar para fortalecer os partidos de esquerda no país.

Já no fim de sua fala, Dirceu fez questão de mencionar o ex-ministro do Esporte Orlando Silva, que deixou a função em meio a denúncias de desvios de recursos na pasta. Enviou uma mensagem de "ânimo, força e afeto" ao ex-ministro que, na visão de Dirceu, representava muito bem a juventude no governo

movimento da ordem vigilia contra corrupção

"O IRÃ É COMO UM FOGO ADORMECIDO"

Em Brasília, iraniana Nobel da Paz elogia o Brasil, lamenta não ter sido recebida pela presidente e denuncia a repressão brutal em seu país.

A passagem da iraniana Shirin Ebadi por Brasília teve sabor de decepção. A advogada que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2003 por sua luta pelos direitos humanos no Irã não conseguiu ser recebida pela presidente Dilma Rousseff, em viagem a Blumenau (SC). Em entrevista exclusiva ao Correio, Ebadi não escondeu a frustração. "O motivo pelo qual não houve a reunião com a presidente teria que ser perguntado ao gabinete da Presidência.

"Eu desconheço", desabafou. Durante 25 minutos, a mulher que desafiou o regime dos aiatolás falou sobre a repressão extrema praticada pelo governo iraniano, com a ajuda de um intérprete, que traduziu as perguntas para o farsi. "O povo nem está livre para enterrar seus mortos", comentou. E citou o caso da filha do dissidente Ezzatollah Sahabi, espancada e morta durante o funeral do pai, no último dia 1º. Também abordou a perseguição sofrida pelos seguidores da fé Bahá"í e pelas mulheres.

Desde junho de 2009, Ebadi não visita sua terra natal. Já recebeu ameaças de morte e soube que seu escritório de advocacia foi fechado. Apesar de reconhecer a insatisfação dos iranianos ante a aproximação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o colega Mahmud Ahmadinejad, ela celebra mudanças na política externa brasileira. "Agora, há mais respeito aos direitos humanos", disse.

Pela manhã, a Nobel da Paz foi recebida por parlamentares da oposição em uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Durante o evento, ela pediu por várias vezes que o Brasil mantenha seu posicionamento de repreensão a Teerã por violações aos direitos humanos. Também no Congresso, manifestou o descontentamento com o fato de Dilma não atendê-la. "Queria falar para a presidente do Brasil, que é uma mulher, sobre essas leis (contra as mulheres). Infelizmente, não foi possível", declarou Ebadi.

A decisão de Dilma foi criticada pela base oposicionista no Congresso — na quarta-feira, os parlamentares tentaram aprovar uma moção de repúdio à presidente, mas a medida foi vetada. Ontem, eles lembraram que Dilma recebeu os cantores Shakira e Bono Vox.

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto admitiu que a cada 20 pedidos de audiência com Dilma, apenas um costuma ser atendido — por questão protocolar, os encontros seriam preferencialmente com chefes de Estado ou de governo e com ministros. Segundo a Presidência, as solicitações feitas por personalidades da sociedade civil são avaliadas de acordo com a conveniência e a agenda de Dilma. A assessoria descartou que existisse o temor do governo de se criar um mal-estar entre Teerã e Brasília. Shirin Ebadi permanece até a próxima quarta-feira no Brasil. Hoje pela manhã, ela embarcaria para o Rio de Janeiro.

O mundo árabe enfrenta uma revolta contra regimes autoritários, mas os iranianos estão relativamente passivos. Um levante também pode ocorrer no Irã?

No Irã, o povo saiu às ruas, há dois anos, mas foi brutalmente reprimido. Devido à brutalidade e à violência do governo, o povo não sai mais às ruas. Mas eles não estão quietos nem rendidos. No Irã, cresce, dia a dia, o nível de insatisfação e descontentamento. E a situação do Irã é como um fogo adormecido. A democracia nos países árabes com certeza terá uma influência na questão da democracia no Irã.

É possível que o Irã realize uma guinada na democracia, uma nova revolução para depor o regime dos aiatolás?

Há 32 anos, o povo do Irã entendeu o significado de um governo islâmico. E, agora, quer que o governo e a religião se separem. A maioria do povo do Irã é secular e sabe que, um dia, a democracia vai chegar.

Como funciona a campanha de perseguição sistemática adotada pelo regime iraniano?

A censura é muito severa no Irã e, além disso, o governo constantemente controla a internet e o telefone das pessoas mais visadas. A agregação de várias pessoas em espaços públicos e as passeatas são proibidas no Irã. Os iranianos nem sequer podem ter comemorações para pessoas mortas na família, como acontece aqui no Brasil, com as missas de sétimo dia. Há uns dias, um dos críticos do regime, o senhor Ezzatollah Sahabi, de 80 anos, faleceu. A família queria enterrar o corpo do senhor Sahabi, mas o governo não deixou que isso ocorresse. Tomaram o corpo à força e o enterraram em algum lugar, por conta própria. No meio do enterro e dessa briga para agarrar o corpo da família, a filha de Sahabi — uma feminista famosa chamada Haleh — foi espancada durante o sepultamento e morreu. Quando Haleh morreu, mais uma vez o governo não deixou que a família tomasse o corpo dela. Eles (as autoridades) o levaram o corpo secretamente de madrugada e o enterraram por contra própria. Há tanta repressão e limitação das liberdades, que o povo nem está livre para enterrar seus mortos e para estar de luto por aqueles que morreram.

De que modo a senhora vê a questão dos seguidores da fé Bahá"í? Qual é a situação dos sete líderes bahaí"ís presos?

Infelizmente, cada um dos sete líderes bahá"ís foram condenados a 20 anos de prisão. E todos estão presos. Não são apenas esses sete líderes, aos quais chamamos de hamdam ("companheiros", em persa), mas existem vários bahá"ís que estão presos atualmente. Talvez vocês saibam que o governo não dá aos bahaí"ís nem sequer o direito de estudar nas universidades e faculdades. Como resposta, os bahá"ís tinham fundado uma universidade secreta, onde os pais com formação universitária davam aula aos estudantes. O governo ficou sabendo, fecharam a universidade à força, prenderam os professores da universidade e confiscaram os materiais.

Durante o governo Lula, o Brasil mostrou-se mais próximo ao presidente Mahmud Ahmadinejad, apesar da oposição do Ocidente à política nuclear iraniana. Isso foi muito negativo para a imagem do Brasil perante o povo iraniano?

No Brasil, algumas pessoas lutaram muito pela democracia e, finalmente, conseguiram trazê-la ao seu país. E os iranianos não esperavam que um povo que lutou tanto pela democracia fosse apoiar um governo não democrático.
Por outro lado, a presidente Dilma Rousseff deu sinais de que vai manter uma certa distância do regime iraniano. O Brasil votou a favor do envio de um relator especial da ONU para investigar as violações dos direitos humanos no Irã. Como a senhora vê essa guinada de posição?
Na política externa do Brasil, houve algumas mudanças. E, agora, há mais respeito aos direitos humanos. Há um ano, essa mudança vem sendo percebida. Antigamente, o governo do Brasil votava a favor do governo do Irã. Porém, agora, vota a favor do povo do Irã. Por isso, o povo do Irã agradece. Era a minha intenção de vir aqui e falar pessoalmente à presidente sobre o agradecimento do povo do Irã por essas mudanças. E espero que o governo do Brasil não mude essa conduta, que mantenha essa conduta. E em setembro, quando ocorrerá uma nova votação na ONU, que o governo brasileiro vote novamente a favor do povo do Irã. E, assim, que a Dilma mostre e comprove que respeita os direitos humanos.

A seu ver, qual o motivo de Dilma não a ter recebido?


O motivo pelo qual não houve a reunião com a presidente teria que ser perguntado ao gabinete da Presidência. Eu desconheço. Eles nos ligaram do gabinete da Dilma e falaram que a reunião não vai acontecer. E que, em vez disso, teríamos um encontro com o Marco Aurélio (Garcia, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência). Eu não aceitei e, por isso, nós só tivemos hoje uma reunião no Congresso

O que a senhora esperava debater com a presidente?

Era minha intenção trazer a mensagem de agradecimento e de amizade do povo do Irã para a Dilma. E agradecer pelo fato de, no último ano, o Brasil ter votado a favor do povo do Irã. Depois, queria falar com ela sobre assuntos relacionados aos direitos humanos, principalmente em relação aos direitos da mulher. E pensava que talvez o tema dos direitos das mulheres no Irã fosse interessante para ela.

A mulher iraniana é, hoje, a maior vítima da repressão?

Sim, são as maiores vítimas. Porque nós temos muitas leis discriminatórias contra a mulher. Vou dar alguns exemplos agora. O valor da vida de uma mulher é metade do valor da vida de um homem. Por exemplo, se um homem e uma mulher sofrerem um acidente e tiverem os mesmos ferimentos, a mulher receberia metade da indenização que caberia ao homem. Em qualquer tribunal do Irã, o testemunho de duas mulheres é igual ao de um homem. Um homem pode se casar com quatro mulheres e, na hora que quiser, pode se divorciar de qualquer uma delas. Para conseguir o divórcio, uma mulher teria muita dificuldade.

Que análise faz dos recentes atritos entre o aiatolá Ali Khamenei e Ahmadinejad? Por que o presidente não tem total apoio do líder espiritual iraniano?

O conflito, a diferença deles, trata de poder político. Ahmadinejad chegou à Presidência com a ajuda e o apoio de Khamenei e, agora, quer mais poder.

O que a concessão do Prêmio Nobel da Paz à sua pessoa representou para o regime iraniano? A perseguição sofrida pela senhora piorou após 2003?
Depois do Prêmio Nobel, a minha voz alcançou — de forma muito melhor e efetiva — o povo do mundo. E isso não era algo que agradasse ao governo do Irã. As limitações que causavam para mim aumentaram.

As autoridades iranianas tentaram boicotar sua vinda ao Brasil?

Desde junho de 2009, eu moro fora do Irã. Por isso, eles não podiam causar limitações para mim, pois eu não estava no Irã. Mas o governo pegou meu marido e minha irmã como reféns e proibiu a saída deles do país. Por um tempo, os dois ficaram na cadeia. Já fui ameaçada de morte várias vezes. --

Rodrigo Craveiro
10 de Junho, 2011

LUPI TAMBÉM JÁ SABE POR QUE OS FARSANTES ACHAM QUE É SÁBADO O MAIS CRUEL DOS DIAS...

Há uma semana, VEJA provou que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ignora os limites impostos pelo Código Penal, por valores morais e por normas éticas. De lá para cá, pendurado no sexto andor da procissão dos corruptos do primeiro escalão a caminho do despejo, o farsante que controla o PDT cuidou de mostrar que ignora também os limites da sensatez, do decoro e do ridículo. A presidente Dilma Rousseff pode escolher as más companhias que quiser. Mas não tem o direito de manter um delinquente num emprego bancado por quem paga imposto.

Até agora, ela fez de conta que nem notou a imundície crescendo no quintal da própria casa. “Que crise?”, fingiu espantar-se a chefe de governo exposta às bravatas e, depois, à canastrice derramada de um personagem de bolerão. (“Que crise?”, repetiu José Dirceu na festinha de aniversário do companheiro bandido Agnelo Queiroz. Nenhuma coincidência). Para justificar a omissão da supergerente de araque, que tenta arrastar mais um cadáver insepulto até a “reforma ministerial” de janeiro, o caixa-preta Gilberto Carvalho vem insistindo na lengalenga: “Não existe nada que envolva pessoalmente o Lupi”.

Existe, souberam na manhã de sábado centenas de milhares de leitores de VEJA ─ e, em seguida, milhões de brasileiros confrontados com as revelações da reportagem que coloca em frangalhos a fantasia mambembe inventada às pressas. O álibi repleto de buracos e fissuras foi implodido. O passeio de avião com o comparsa que alegava nunca ter visto é o Fiat Elba do falastrão fora-da-lei. Está comprovado que Carlos Lupi se enfiou no pântano até o pescoço. Como os colegas de bandalheiras que o precederam no regresso à planície, outro ministro já descobriu por que, para quem tem culpa no cartório, é mesmo sábado o mais cruel dos dias.

augusto nunes

O ESTILO CAPATAZ DO PIOR MINISTÉRIO DA HISTÓRIA

Celso Arnaldo e o estilo da capataz do pior ministério da história: ‘Drogado, são 18 horas. Tchau, drogado, volta amanhã’

Na edição deste domingo, a Folha dedicou duas páginas ao que seria o modo Dilma Rousseff de administrar a nação. Acabou revelando o estilo da capataz que desgoverna o Brasil à frente do pior ministério de todos os tempos. Sempre atento, o jornalista Celso Arnaldo Araújo capturou oito manifestações do neurônio solitário que Lula legou à nação, anexou um curto parecer e devolveu a freguesa ao quarto presidencial do Sanatório Geral. Depois de acuradas análises, o corpo clínico do mais eficaz nosocômio do país (o segundo deve ser o Sírio-Libanês) achou que era outro caso para um atendimento de emergência na UTI do Direto ao Ponto. E é. (AN)

– Tchau, dinheiro.

– Drogado, são 18 horas. Tchau, drogado, volta amanhã.

– Pô, general!

– Pode tocar!

– Não tô preocupada com repercussão de imprensa.

– Vocês estão me entendendo?

– De jeito nenhum!

– Eu quero que o embaixador…

Comentário do implacável caçador de cretinices:

Como pretende a Folha deste domingo, em duas páginas assombrosas que a esta altura já devem estar sendo emolduradas por um dos 218 funcionários do setor de clipping do Palácio do Planalto, sete explosões de candura pessoal, sabedoria republicana e supereficiência administrativa da presidente que conhece tudo, controla tudo, enquadra todos – mas só é capaz de perceber quando as drogas de seus ministros dão um tchau ao dinheiro público com a repercussão da imprensa.

augusto nunes

A CONVERSA FIADA DO PAVIO CURTO


Celso Arnaldo e a conversa fiada do pavio curto: ‘Toda essa macheza de Dilma não impede a roubalheira no primeiro escalão’

CELSO ARNALDO ARAÚJO

Ficamos sabendo pela própria Folha, semana passada, que a presidente Dilma Rousseff ─ mais implacável, competente e inovadora que Steve Jobs, embora não domine os rudimentos de sua própria língua – tem um prazer todo especial em “espancar” projetos que não param de pé, fulminados pela saraivada de perguntas certeiras da douta gerente que sabe tudo de tudo.

Devem ser projetos com a configuração anatômica do boneco João Bobo, porque, aprovados por ela depois dessa sessão UFC/MMA, estão todos aí, se arrastando, silenciosos como fantasmas sem correntes nos pés, a exemplo das fabulosas 6 mil creches prometidas para seu mandato, nas quais as crianças entrariam subnutridas e sem rumo, saindo dois anos depois rebatizadas como Eike Batista Jr. ou Lily Safra da Silva.

Agora, na Folha deste domingo, tropeça-se de novo no velho projeto de conversa fiada que não apenas não para de pé como, invertendo os papéis, espanca furiosamente o que hoje se sabe, de verdade, sobre a presidente Dilma. As páginas A16 e A17 dessa edição merecem um lugar na história das grandes mistificações, em galeria de honra onde estão, por exemplo, Os Protocolos dos Sábios de Sião. Mas Os Protocolos da Sábia Dilma não trazem revelação alguma.

Ao contrário: apenas conspiram, de maneira mais agressiva e orquestrada, a favor de uma velha mentira – a existência de uma presidente que, por trás da casca grossa e da deselegância no trato pessoal, abriga a mais competente administradora da história do Brasil, a presidente que leu mais do que o professor Fernando Henrique, conhece mais de canteiro de obra que o peão Lula, é impaciente com o malprovado, implacável com o malfeito e intransigente com o maldito.

As grosserias atribuídas a ela, na matéria da Folha deste domingo, por conta de um “pavio curto” que seria apenas a ponta mais visível de uma colossal competência, soam apenas como falas da impagável imitação proibida para menores feita para o site Kibeloco pelo humorista mineiro Gustavo Mendes – que aliás, segundo o jornal, a imitada acha muito engraçado, talvez pela fidelidade. Levadas a sério, não passam de bravatas de uma presidente incapaz de encadear um raciocínio.

LINGUAGEM BERLUSCONIANA
Vejamos. Relata a Folha que, comandando uma reunião interministerial para discutir medidas de apoio a dependentes químicos, enfureceu-se com um funcionário da Saúde que sugeriu uma sigla para identificar a nova política do governo:

“O quê? Você está me sugerindo mais uma sigla?”, explodiu a presidenta que conhece cada escaninho do governo. “Você sabe quantas siglas tem no Ministério da Saúde?” – e, ainda segundo a Folha, se pôs a enumerar várias delas. Citou uma, em particular – uma tal CAP-AD, Centro de Atenção Psicossocial Antidrogas. E, neste momento, deu uma mostra do tipo de linguagem berlusconiana que costuma empregar no Palácio e que não repetiria nem diante do apresentador Ratinho:

─ Você sabia que os CAPs-AD fecham às 18 horas? Você chega para o drogado e fala: “Drogado, são 18 horas. Tchau, drogado, volta amanhã”.

Espere: os tais CAPs-AD, e as demais siglas que não funcionam, pertencem ao governo Dilma ou Chávez? Não é ela que manda e desmanda? Se ela já sabia desse horário de repartição pública ao dar a bronca, por que não mandou estender o atendimento? Depois dessa rotunda falta de sensibilidade presidencial ao se referir ao dependente, os CAPs passaram a atender 24 horas? Hoje, quando um dependente liga pedindo ajuda, a atendente pergunta “boa noite, drogado, em que posso ajudá-lo?”. Ou o tal funcionário que propôs nova sigla saiu da reunião chorando e tudo ficou por isso mesmo? Quer apostar?

O raciocínio pode ser estendido a todas as situações “pavio curto” relatadas na matéria. A grosseria funcionou? As coisas andaram? Nenhuma palavra. O day after da bronca não interessa à Folha nem aos que alimentam ou se deixam levar pela mistificação. E a repórter do jornal caprichou no perfil:

*”Tem gente que nem decide nem submete a ela, com medo da bronca”

*”Com Dilma a coisa é pessoal, olho no olho, em público e quase sempre aos gritos”

*”O cara sabe na hora que vai para o pelourinho”

*”O bordão meu querido é outro sinal de encrenca”

*”Tem ministro que se abala emocionalmente”

TROVEJANDO NA CHUVA
Toda essa macheza, como se sabe, não impediu, sequer dificultou, a roubalheira generalizada no primeiro escalão, debaixo de seu nariz empinado. Não fez andar o Minha Casa Minha Vida – nem a indústria fabricante de peças Lego pode materializar a promessa de três milhões de casas até o fim do governo. E, de novo, onde estão as creches? Que funcionário está levando porrada de Dilma até a primeira criança ser atendida? O teco-teco que conduz o ministro Lupi e sua turma de ongueiros de estimação vai um dia poder pousar no terceiro aeroporto de São Paulo e dali direto para o DP de Guarulhos?

Mas é preciso reconhecer algo de bom na bomba por trás desse pavio curto – Dilma é democrática na distribuição de patadas. A Folha traz dois casos envolvendo um general de carreira, Marco Antônio Amaro dos Santos, chefe da segurança presidencial, que está até agora contando as estrelas que caíram de seus ombros, depois dessas invertidas.

O general, que acompanha Dilma até na porta de toilettes, não conseguiu entrar no elevador que levaria a presidente ao térreo do Palácio do Planalto. Pegou o próximo, mas, ao chegar, viu que Dilma, irritadíssima com o “atraso” do guarda-costas, já estava dentro do carro, com o motor ligado. Ainda tentou correr ─ como os agentes do Serviço Secreto americano que acompanham a pé a limusine presidencial em carreata ─ mas perdeu o bonde. Mais tarde saberia pelo motorista o teor do comando irrevogável de Dilma no momento em que ele corria, esbaforido, atrás de sua protegida:

─ Pode tocar!!!

Freud talvez explique essa reação, invocando os tempos em que Estela era guardada por militares em outras circunstâncias. E o mesmo general Amaro, que a esta altura tem toda a nossa solidariedade civil, seria vítima do lado mais light do gênio feroz da presidente de ferro. Em Nova York, para a abertura da assembleia da ONU, Dilma tinha acabado de fazer o cabelo com seu personal coiffeur, Celso Kamura, que se deslocara do Brasil só para pentear madame, e notou que, no trajeto entre o hotel e o carro, seu hairspray deixaria de estar imaculado: garoava. Amaro daria sua vida para proteger, com o próprio corpo, a presidente de um louco no caminho. Mas não tinha um guarda-chuva para abrigá-la dos pingos, naqueles poucos metros. Dilma enfureceu-se. Desta vez, ela não gritou uma ordem unida estilo BOPE contra o fiel segurança. Apenas alvejou-o com fino sarcasmo, apontando seu capacete de fios:

─ Pô, general…

As reticências da transcrição da Folha sugerem que ela pensou coisa muito pior sobre o general, mas outra questão aqui se impõe: em vez de levar Celso Kamura para Nova York, não seria muito mais barato levar um guarda-chuva?

O DISCURSO SOBRE O NADA

Celso Arnaldo e o Discurso sobre o Nada em Cannes: dar um jeito no neurônio de Dilma é coisa para um Sírio-Libanês.

Impressionado com o Discurso sobre o Nada em Cannes, o jornalista Celso Arnaldo Araújo achou que era pouco internar Dilma Rousseff por causa de um único trecho do palavrório sem pé nem cabeça.

O grande caçador de cretinices juntou logo quatro maravilhas do dilmês rústico, acrescentou seu parecer e remeteu aos enfermeiros a hóspede mais assídua do Sanatório Geral.

Fez um trabalho tão bom que os médicos do famoso nosocômio acharam que é coisa para o Direto ao Ponto. (AN)

“Aí fomos para a reunião do G20. Na reunião do G20… Aliás, desculpa, dos Brics.

Na reunião dos Brics, os Brics discutiram a questão da crise europeia.

Os Brics, eu acho que nenhum deles foi… todos eles acharam que tinha de aumentar, se houvesse uma ajuda, se fosse necessário a ajuda, se… obviamente, os que são ajudados têm de querer.

Enfim, são discussões…”

“Nas reuniões, assim, mais laterais: com os japoneses, discutimos o trem de alta velocidade…

Quem mais que foi?

Ah, com a OIT, foi essa questão que a OIT enfatizou muito, a importância que o Brasil tem na questão da política social, da política de proteção social, da política de valorização do trabalho.

Até a nossa… a recente promulgação do Pronatec.

Eles acompanham bem acompanhado”.

“Com a primeira-ministra, com a chanceler Angela Merkel, nós discutimos a importância da relação do Brasil com a Alemanha; enfatizamos que vamos dar uma ênfase muito grande à questão da pequena e da média empresa no Ano Brasil-Alemanha 2013/2014 (…)

Enfim, eu estou tentando ser o máximo específica, mas, em geral, há muita, havia muita preocupação com a questão da crise europeia”.

“Não é protecionismo, nós temos de nos proteger também, cada um faz o que pode.

Agora, tem algumas medidas que nós nunca vamos controlar.

Não vamos controlar a hora que eles resolvem despejar 800…

A última vez foram 800 milhões?

Bi?

Trezentos?

Quanto foi o último quantitative easing, o dois?

Seiscentos bi?

Eu não vou… não tem como controlar isso, não tem como controlar a política cambial chinesa.

Nós achamos é que não… passamos o tempo inteiro dizendo isso: que tem isso, que não pode ser assim, que tem de mudar.

E, hoje, isso meio que se internalizou; hoje, não somos só nós a falar isso”.

Celso Arnaldo faz o resumo da Ópera da Maluquice:

Dilma Rousseff, tentando explicar aos jornalistas o conteúdo de suas sucessivas reuniões com chefes de estado das outras 19 nações mais ricas do mundo, que discutiram em Cannes o futuro do planeta, com uma sucessão de frases e idéias que, levadas ao pé da letra, sem uma rigorosa revisão, seriam barradas da ata da reunião de condomínio de um conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida.

Augusto Nunes

A FOTOGRAFIA DO ANO

Entenderam agora porque o Brasil é uma piada?

NINGUÉM MERECE!!!


Dá para acreditar na política da pocilga?
Olhem na imagem e tirem suas conclusões.
Eu não tenho condições de tecer maiores comentários sem vomitar, portanto...

o mascate

OS DESAVERGONHADOS

O errado e o malfeito, a incompetência e o desleixo, a estupidez e a má-fé são próprios da condição humana. A diferença está entre os que se envergonham e os desavergonhados. No Japão civilizado, a vergonha é o pior castigo para uma pessoa e sua família, mais temida do que as penas da lei. Homens públicos se suicidam por pura vergonha. Embora seja só meio caminho para não errar de novo, o sentimento de vergonha ajuda a civilizar. Já os que não se envergonham, nem por si nem pelos outros, são determinantes para que suas sociedades sejam as que mais sofrem com a corrupção, a criminalidade e a violência, independente de sua potência econômica ou regime politico.

Em brilhante estreia no Blog do Noblat, o professor Elton Simões analisou pesquisas internacionais sobre as relações entre o sentimento de vergonha social e familiar e a criminalidade.

Nas sociedades em que a violência e o crime são vistos como ofensas à comunidade, e não ao Estado, em que a noção de ética antecede a de direito, em que o importante é fazer o certo e não meramente o legal, há menos crime, violência e corrupção, e todo mundo vive melhor – por supuesto, o objetivo de qualquer governo. Nas sociedades evoluídas e pacíficas, como o Japão, a principal função da Justiça é restaurar os danos e relações entre as pessoas, e não punir ofensas ao Estado e fabricar presos.

“Existe algo fundamentalmente errado em uma sociedade quando as noções de legalidade ou ilegalidade substituem as de certo ou errado. Quando o sistema jurídico fica mais importante do que a ética. Nesta hora, perdemos a vergonha”, diz o professor Simões. Como os políticos que, antes de jurarem inocência, bradam que não há provas contra eles. Ou que seu crime foi antes do mandato.

Não por acaso, no Brasil, onde a falta de vergonha contamina os poderes e a administração pública – apesar de todo nosso progresso econômico e avanços sociais -, a criminalidade, a violência e a corrupção crescem e ameaçam a sociedade democrática. Não há dinheiro, tecnologia leis ou armas que vençam a sem-vergonhice. Só o tempo, a educação e líderes com vergonha.

Nelson Motta
Fonte: O Estado de S. Paulo, 11/11/2011

MANIFESTO PELA MORALIDADE E PELA ATUAÇÃO FISCALIZADORA DO CONGRESSO NACIONAL: SALVANDO O BRASIL DA CORRUPÇÃO...

Na construção diuturna da contemporaneidade, a teorização da tripartição dos poderes teve de adaptar Montesquieu às necessidades de cooperação e subsidiariedade, no sentido de um poder auxiliar (suprir) ao outro.

A mutação na tradicional tripartição dos poderes se deu por vários motivos que se foram somando, desde a Revolução Francesa até o século XXI, dentre os quais: (1) a intensificação das relações internacionais no pós-guerra; (2) a relativização do conceito de soberania – que implicou no esvaziamento da ideia de que “quem manda é só o rei (ou o chefe do Executivo)”; (3) a omissão de um poder em exercer os seus encargos constitucionais, com o consequente perigo de paralisação das estruturas modernas e/ou pós-modernas da “polis”; (4) a redução do aparato estatal ocasionada pela readoção, em estilo (neo)liberal, da doutrina do “laisser faire, laisser passer”, fator este detectável após a derrocada do Império Soviético e da “percepção cega” das regras do consenso de Washington; (5) o sucesso obtido pelos Estados que adotaram a forma federal na repartição harmônica de competências; (6) a necessidade premente de implementação de instrumentos de garantia dos direitos humanos positivados pela Constituição e por tratados internacionais. Estes seis fatores, e mais dezenas de outros, mudaram a feição estatal em escala mundial, e isto, evidentemente, influiu nas competências de atuação dos três Poderes clássicos de Montesquieu. A partir de tais mudanças, os três Poderes passaram a ter que agir de modo a subsidiarem-se.

Seguindo algumas das tendências acima descritas e entorpecida pelo sentimento de liberdade alcançado após 21 anos de ditadura militar e pela eleição de Tancredo Neves – e não de José Sarney – , estabeleceu a Assembleia Nacional Constituinte de 1988, no artigo segundo da atual Constituição brasileira que: “São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

O presente manifesto dirige-se, sobretudo, aos senhores senadores e deputados. “Eles não têm exercido o poder de fiscalização que a Constituição lhes outorgou. Daí o desmando e a corrupção endêmica no governo federal. Entretanto, dispõe também o presente texto – e por reflexo – sobre a atuação dos outros dois poderes e daquele que, na Constituição de 1988, foi erigido à condição de função essencial à justiça, o Ministério Público.

Os fatos que desencadearam a escrita deste manifesto são os que estamos a ver e ler, diariamente, nos noticiários brasileiros, e que dizem respeito à atuação da presidente Dilma Rousseff e de seus ministros “demitidos” (a propósito, Dilma não fez “faxina” alguma pois não exonerou nenhum deles; todos saíram por pressão da imprensa e por arranjos partidários).

As graves denúncias contra o governo do PT, desde os “mensaleiros” da época de Marcos Valério até as ONGs de Orlando Silva, deixam claro que o Parlamento do Brasil (Senado mais Câmara), em vez de “a Casa Democrática de Representação dos Estados Membros da Federação e do Povo Brasileiro”, mostra-se, ao atônito eleitorado nacional, na verdade, como “a incorrigível Casa Demagógica de Legitimação dos Atos Secretos, da Malversação, da Promiscuidade Política e da Falta de Observância do Princípio Constitucional da Moralidade”. Isso significa: o Parlamento do Brasil, que não fiscaliza por não ser isto de seu interesse, é um estímulo sedutor à conduta corrupta de políticos em todos os níveis.

Portanto, a atual crise não é só de essência ética e moral – dos integrantes do Parlamento –, mas ela é institucional, encontrando-se nas entranhas da Câmara e do Senado da República, devendo-se aqui fazer constar, outrossim, que não é somente o Senado e a Câmara Federal que se encontram infectados pelo vírus da malversação e pela prática constante da violação dos ditames constitucionais. Tais anomalias detectam-se também nas Assembleias Legislativas dos Estados e do Distrito Federal e nas Câmaras de Vereadores. Repita-se: os nossos parlamentos não fiscalizam nada!

Os Legislativos do Brasil, que deveriam cumprir as suas funções precípuas de legislar e fiscalizar, têm-se mostrado – malevolamente – à população como os Legislativos que, em verdade: (a) não legislam; (b) não fiscalizam; (c) aceitam ser os vassalos dos Poderes Executivos; (d) submetem-se à pressão externa de lobistas; (e) violam repetidamente os princípios constitucionais da administração pública constantes no artigo 37, quais sejam, os da legalidade, impessoalidade, publicidade, eficiência e sobretudo o princípio da moralidade. Em Legislativos assim, não é de se espantar que a própria presidente da República se sinta imune das acusações que contra seu governo são feitas, passando a esconder-se atrás da certeza da impunidade e de sua “tropa de choque” constituída por políticos e cabos eleitorais hipócritas.

Em contexto como o atual, concluem as brasileiras e os brasileiros que: (i) aqueles que deveriam legislar e fiscalizar estão a fugir de suas responsabilidades; (ii) os que deveriam julgar, estão também a fugir de suas responsabilidades; (iii) e os que deveriam somente governar, imiscuem-se indevidamente nos outros poderes para garantir apoios e arranjos; (iv) e, para completar o quadro, os que deveriam acusar e para isto são pagos, calam-se indevidamente.

No atual instante, os acusados e denunciados devem estar a pensar: “Se contra mim nunca fizeram nada, então continuarão a nada fazer, pois esta tem sido a ordem natural no trato com as oligarquias políticas brasileiras. E se contra mim ainda não fizeram nada, então continuarei a ser corrupto!”.

Passou da hora do Congresso Nacional abrir Comissões Parlamentares de Inquérito, no mínimo cinco, para investigar cada uma das saídas dos ministros que foram substituídos no governo Dilma. Nessas CPIs, cabe também ao Parlamento brasileiro apurar a responsabilidade, por ação ou por omissão, da própria presidente da República, isto porque o Brasil tem adotado tradicionalmente (desde 1889) o sistema presidencialista de governo – no qual o(a) presidente da República é diretamente responsável pelos atos de seus ministros e demais subordinados. Só com sucessivas e/ou concomitantes CPIs o Congresso se colocará nos trilhos daquilo que o mestre lusitano – Jorge Miranda – chama de ética republicana.

Eminentes representantes do povo, a palavra é vossa…

Alexandre Coutinho Pagliarini

A GUERRA PAULISTANA

Nenhuma disputa pelas prefeituras das capitais desperta mais atenção que a de São Paulo. Os mentores dos prováveis candidatos anteciparam a fixação de quase todos. Fernando Haddad foi lançado durante a semana, pelo PT, depois da ordem unida que o ex-presidente Lula deu no partido, com o apoio da presidente Dilma. Difícil não foi, apesar de traumático e até meio truculento, pela imposição feita pelo primeiro-companheiro de um nome desconhecido na política paulistana. O Lula peitou Marta Suplicy, Eduardo Suplicy, Jilmar Tatto e Carlos Zarattini, humilhando-os e exigindo a não realização de prévias. Fez com que cada pré-candidato se curvasse à sua vontade.

Está correndo um risco, baseado na suposição de poder eleger um poste. Afinal, o ainda ministro da Educação é um desconhecido do eleitorado, carece de carisma e não deve saber o nome de 20 por cento dos integrantes do diretório municipal petista. Como a vontade do rei é indiscutível, vão para a aventura.

O vice-presidente Michel Temer rebateu na hora. Com todo jeito, avisou o ex-presidente que o PMDB lançará candidato próprio, no caso, Gabriel Chalita. Cortou no nascedouro a proposta de seu candidato formar aliança com o PT, como vice-prefeito.

O atual prefeito Gilberto Kassab luta para fazer de Guilherme Afif o indicado pelo recém-criado PSD, tomando cuidado para situar o novo partido como linha auxiliar do governo federal. Caso consiga emplacar o empresário, terá avançado passo significativo na disputa pelo governo estadual, em 2014, ou até sedimentado a base para a sucessão presidencial, quando poderia ser o candidato à vice-presidência da República numa chapa encabeçada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB.

A grande incógnita esconde-se no ninho dos tucanos. José Aníbal saiu na frente, existem competidores, mas, para entrar na corrida ocupando a pole-position, o nome é José Serra. O ex-governador jura que não vai disputar, ainda que seu juramento pareça, hoje, menos vigoroso do que ontem. Sabe dos resultados das sondagens reservadas que diversos institutos tem realizado para diversos partidos e recebe conselhos variados a respeito do mote popular de que “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.

Gostaria de pleitear pela terceira vez o palácio do Planalto, mas permanecendo sem mandato até lá, desconfia de que poderá faltar-lhe chão. Até porque, já abandonou a prefeitura de São Paulo uma vez, no meio de seu período administrativo, precisamente para concorrer à presidência da República. Poderia repetir a dose.

Em favor de sua candidatura a prefeito estão o governador Geraldo Alckmin, de olho na reeleição para o palácio dos Bandeirantes, o senador Aécio Neves, candidatíssimo a presidente da República, e até o ex-presidente Fernando Henrique, por motivos desconhecidos.

Movimentam-se outros candidatos a prefeito, mas tem um que olha para o horizonte, faz cara de paisagem e nem quer ouvir falar da hipótese, mas surpreendentemente é o segundo colocado nas tomadas informais de opinião: por incrível que pareça, o deputado Tiririca, em quem montes de paulistanos votariam em sinal de protesto, para ver se pior não fica.

***

CONTA OUTRA

Corre em Brasília que na visita feita pela presidente Dilma ao ex-presidente Lula, sexta-feira, nem uma vez foi referido o nome do ministro Carlos Lupi. Ainda que submetido a delicado tratamento de saúde, o Lula jamais deixará de ser um animal político. Dificilmente essa versão será verdadeira, ainda que sobre o conteúdo da conversa ninguém ouse especular. Para efeito externo, os dois apóiam o ministro do Trabalho em sua ânsia de permanecer ministro. Na intimidade, porém…

Carlos Chagas

O EX-MINISTRO E GOVERNADOR AGNELO GUEIROZ É UMA ESPÉCIE DE RORIZ E ARRUDA, EM NOVA VERSÃO

Os pedidos de impeachment contra o governador Agnelo Queiroz (PT) foram apenas uma tentativa de a oposição marcar presença. Já se sabia que jamais iriam prosperar, porque a base governista conta com 19 dos 24 deputados distritais, e não há dissidentes.

O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal é Patrício (PT), vejam a que ponto chegamos, em que os políticos passar a não ter mais sobrenomes. O tal Patrício é aliado de Agnelo. Além de serem do mesmo partido, foi eleito presidente da Câmara com o apoio do governador.

Os pedidos de impeachment se baseavam em irregularidades que ocorreram no Ministério do Esporte, quando Agnelo era ministro – ele é investigado pelo Superior Tribunal de Justiça por suspeitas de participação no desvio de dinheiro por meio de ONGs. Além disso, a oposição pediu a queda de Agnelo por conta do depoimento dado pelo lobista Daniel Tavares à deputada Celina Leão (PSD), no qual acusa o governador de receber propina. Agnelo confirma que recebeu R$ 5 mil de Tavares, mas afirma que foi um pagamento de empréstimo, vejam que coincidência.

Além dos pedidos de impeachment arquivados, Patrício descartou uma CPI para investigar as denúncias que pesam contra o governador. “Nem sempre uma CPI vai ter o desfecho de indiciamento, pode se tornar um palco político, infelizmente. Eu acredito mais na Polícia Federal, que pode trazer mais resultados”, alegou.

Para arquivar os pedidos de impeachment, o presidente da Câmara Distrital se baseou em dois pareceres da Procuradoria da Câmara. Num deles, os procuradores afirmam que o DEM e o PSDB não têm legitimidade para pedir o processo, apenas cidadãos. Também foi arquivado, por problemas formais, o pedido de um advogado.

Traduzindo: Agnelo Queiroz está blindado na Câmara do Distrito Federal. É uma espécie de Roriz & Arruda em nova versão. O grande advogado José Carlos Werneck, um dos mais famosos de Brasília, já tinha denunciado a verdade sobre Agnelo Queiroz, em 27 de julho, aqui no Blog da Tribuna. Basta entrar no arquivo e conferir o que Werneck escreveu sobre ele.

Carlos Newton

MINISTRO LUIZ FUX, DO SUPREMO, INVENTA A LEI DA FICHA MAIS OU MENOS SUJA

A reação, é claro, está sendo altamente negativa. O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, foi logo criticando o voto do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux liberando políticos a renunciarem para escapar da cassação do mandato.

“A prevalecer o entendimento do ministro Fux, os políticos voltam a poder renunciar, na véspera da reunião do Conselho de Ética, para não serem cassados, ficando plenamente elegíveis para a eleição imediatamente seguinte, ou seja, nada muda”, disse o presidente da OAB, acrescentando: “A se manter esse ponto do voto do ministro Fux, ficarão elegíveis todos os políticos que já renunciaram antes da abertura do processo pelo Conselho de Ética para escapar de cassações, como é o caso do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz.”

Como se sabe, a validade da Ficha Limpa começou a ser julgada na tarde de quarta-feira no plenário do STF, mas teve sua apreciação suspensa após a leitura do voto do relator com o pedido de vista do ministro Joaquim Barbosa.

O presidente da OAB defendeu a reforma nesse ponto do voto do ministro Fux, a fim de que se restaure a essência da Lei da Ficha Limpa e se reverta o que classificou como uma verdadeira “excrescência”.

“Trata-se de um abuso do direito de renunciar com o objetivo único de fugir da cassação, o que, infelizmente, tem sido uma praxe no Parlamento brasileiro, como uma forma de driblar a lei e de debochar do eleitor e da sociedade”, desabafou.

Só para lembrar: foi justamente Luiz Fux quem desempatou a votação no Supremo e fez a Ficha Limpa só valer na próxima eleição, em decisão que em breve trará de volta ao Senado o sujíssimo Jader Barbalho, que já mandou fazer o terno para tomar posse.

Nesse novo capítulo da novela Ficha Limpa, diante das fortes reações, o ministro Luiz Fux já admitiu que pode rever sua posição quando for retomada a discussão. Ele alegou que não tinha a intenção de tornar a lei mais branda. E como se sabe, o ministro Joaquim Barbosa pediu vista e disse que só devolverá o caso ao plenário quando a 11ª integrante da Corte tomar posse, em data ainda não marcada.

Carlos Newton

OCUPAÇÃO DA ROCINHA: UM IMPORTANTE PASSO PARA O CAMINHO DA PAZ SOCIAL

A ocupação pela forças legais, das Favelas da Rocinha e do Vidigal, neste domingo, com o apoio efetivo da Forças Armadas, constituiu-se num gigantesco passo a caminho da paz social no Rio, onde a população, há mais de vinte anos, sofre os efeitos do terror imposto pela ação do narcotráfico.

Assim como a ocupação do Complexo do Alemão e suas cercanias, pela união da forças de segurança, no memorável 25 de novembro de 2010, tido até então como o ‘quartel general’ do poderio bélico do tráfico e de homizio de perigosos narcoterroristas no Rio, foi considerada o divisor de águas da política de segurança do governo Sérgio Cabral, pode-se dizer, com toda certeza, que a ocupação e futura instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora, na Favela da Rocinha, é o marco decisório e promissor da política de enfraquecimento do poder paralelo no Rio, quanto mais com a recente prisão do líder local, o traficante Nem e de importantes lideranças de seu bando.

Há que se ressaltar que a Rocinha, considerada até então área de difícil tomada pelas forças legais, face as suas características peculiares de favela-bairro e região acidentada (66% de sua área está acima da cota de 100m), é o ‘quartel general’ do poder financeiro do narcotráfico no Rio, fato que lhe confere importância estratégica extrema no processo de consolidação para o projeto de implantação das UPPs, um modelo de policiamento de proximidade de vital importância para a paz social.

Registre-se que a Rocinha, situada na Zona Sul do Rio, entre os bairros da Gávea e São Conrado, considerada a maior favela da América Latina, é o principal centro de refino da pasta básica de coca no Rio, na produção da cocaína, além de importante centro de comércio do ecstasy, uma droga sintética muito consumida nas chamadas festas ‘rave’. Já se perdeu a conta, inclusive, dos laboratórios de refino de cocaína encontrados pela polícia naquela localidade nos últimos anos.

Ressalte-se que o local foi escolhido estrategicamente, há tempos, pelo comando da facção criminosa que ali atua, objetivando a produção e o comércio da cocaína, através do refino da pasta de coca. A Rocinha situa-se na passagem entre a Zona Sul e a Barra da Tijuca, isto significa dizer que usuário de cocaína é clientela de maior poder aquisitivo. Cocaína não é droga consumida por jovens de classes menos favorecidas. Em relação à maconha e ao crack, seu preço é bem mais caro. Há quem afirme que o lucro financeiro do tráfico da Rocinha, ainda mais com a instalação de UPPs em bairros da zona sul, centro e no cinturão da Tijuca, possa chegar anualmente hoje a cerca de R$ 100 milhões, fato que desperta, não é de hoje, o interesse e a conivência de policiais corruptos que se associam ao tráfico local para dar-lhe proteção, como restou provado na recente prisão, no bairro da Gávea, de uma quadrilha que envolvia policiais e traficantes, no momento de fuga da localidade transportando armas, jóias e vultosa quantia em dinheiro.

Por outro lado há que se considerar que a estratégia de ocupação da Rocinha, numa ação proativa da polícia, com uso do elemento surpresa, diferente da estratégia empregada em outras ocupações para implantação da UPPs no Rio, teve o seu planejamento baseado na troca de informações entre os órgãos de inteligência da Polícia Federal e do aparelho policial do Estado, fato altamente positivo para o desencadeamento de futuras operações semelhantes no Rio. Quando há sigilo e bom planejamento as possibilidades de sucesso da missão são consideráveis.

O elemento surpresa pegou Nem e seu grupo que acreditavam piamente no poder da grana e na impunidade face a proteção lhes conferida, por longo tempo, por maus policiais. São “duplamente marginais”, disse o governador.

A realidade é que, com a pacificação da Rocinha, o progressivo caminho da pacificação e da possibilidade do resgate da cidadania e definitiva inclusão social de moradores de outras comunidades, ainda oprimidos pelo terror das armas de guerra, torna-se mais viável, desde que obviamente se transforme, no futuro, numa autêntica política de estado, não mais de governos. É muito otimismo porém imaginar, num primeiro momento, que o traficante Nem, mesmo que transferido com seus principais asseclas, para penitenciária de segurança máxima fora do Estado, deixe repentinamente, ainda que a distância, de exercer forte influência naquela comunidade, que dominou até então. Foram longos anos de terror e opressão imposto aos habitantes do local que pelo medo devem continuar lhe pagando “pedágios” pelos bens e serviços ali existentes.

Obviamente que não se deve também imaginar, no início de um processo de tamanha transformação no comando do controle de suas vidas cotidianas, que moradores do local se livrem rapidamente do medo de represálias do tráfico. As sequelas e o pavor ficam como consequentes traumas. Nem continuará, pois, através de bandidos que restaram de sua hoje despedaçada fração de ‘soldados do tráfico’, tentando fazer uso de sua influência no local.

Só o tempo dará àquela comunidade e a outras já pacificadas no Rio a crença definitiva no poder legal do Estado. Um tempo de adaptação que não será curto, com toda certeza.

A outra importante conclusão, face aos episódios que ora antecederam à ocupação da Rocinha é que a era dos “mitos do tráfico” e de maus policiais parece que começa a chegar ao fim. Conclui-se também que não há mais, no Rio de Janeiro, áreas inexpugnáveis, de exclusão à ação das forças de segurança. A sociedade, por sua vez, clama e quer acreditar em uma polícia confiável. A consolidação da UPP na Favela da Rocinha será, portanto, o mais duro golpe até hoje desferido na estrutura econômica do narcotráfico no Rio e uma vitória para a sociedade. A Unidade de Polícia Pacificadora é a estratégia de segurança, um remédio atípico para uma criminalidade atípica como a do Rio, que faltava para possibilitar a invasão social em redutos dominados pelo tráfico.

Para os que consomem a droga e alimentam a violência, financiando indiretamente os fuzis do tráfico, fica a reflexão de que drogas não agregam valores sociais positivos. É um perigoso caminho, muitas vezes sem retorno, que pode levar à destruição humana. A possibilidade futura da almejada paz social no Rio, com a implantação da UPP da Rocinha, torna-se agora consistentemente viável. Não há dúvida.

Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro

OS MACONHEIROS E OS HIPÓCRITAS

É impressionante que até hoje se tente usar a maconha no xingatório político.
Isso era comum sob a ditadura militar. Sem a legitimidade que só as democracias oferecem, o regime e seus aliados evitavam argumentos políticos para criticar adversários.
Mulheres emancipadas eram chamadas de prostitutas. Mesmo oposicionistas que rejeitavam a luta armada eram acusados de terrorismo.

Glamourizada pela contracultura, que pregava uma forma de liberdade que produzia tensões no autoritarismo, a maconha era um dos alvos prediletos.

A ditadura acabou mas o estigma prosseguiu.

Em 1985, quando tentava desqualificar Fernando Henrique Cardoso, seu adversario na campanha pela prefeitura de São Paulo, o conservadorismo paulista contratou um jornalista inescrupuloso para distribuir um panfleto chamando-o de maconheiro.
Na verdade, o máximo que FHC admitira era ter experimentado maconha, como contou à jornalista Miriam Leitão em entrevista a Playboy. (Só para lembrar como certos argumentos se repetem. FHC também foi atacado em 1985 porque deu uma resposta ambígua sobre “Deus.” Não se podia admitir dúvidas nem hesitações nos reinos do absoluto. Isso lembra alguma coisa?)
É curioso que hoje se use a expressão “maconheiro” para rebaixar os estudantes que ocuparam — erradamente, a meu ver — a reitoria da USP.
Já disse em outras notas o que penso sobre a visão política desses estudantes. Para mim, é irracional. Mas não acho que isso tenha a ver com uso de maconha. (Piadinha….)
Em 2011, a maconha é uma droga consumida por um número imenso de pessoas e não só na USP e não só por pessoas “de esquerda”, “contestadoras”, “radicais”, “hippies”, “hippies velhos”, o que for…
Tenho certeza de que há usuários de maconha entre estudantes que ocuparam a reitoria e entre seus adversários. Com certeza vamos encontrar “maconheiros” entre aqueles que articulam uma chapa “apolítica” e até mesmo entre adultos que lhes servem de inspiração e que conservaram o costume da juventude.

Conheço aquilo que poderiamos chamar de famílias maconheiras, pois pais e filhos acendem um baseado num ritual semelhante ao que se vê em casas onde as pessoas se reunem para tomar uma taça de vinho.
Com um pouco de curiosidade, talvez se encontre uso de maconha na própria polícia que reprimiu os estudantes.

Não uso maconha e acho que há uma tolerancia excessiva em relação aos males que ela causa à memória e mesmo a saude psíquica das pessoas.
Mas ela está aí. Fernando Henrique Cardoso faz campanha por sua legalização e ninguém acha um disparate. Pelo contrário. O filme sobre a maconha – uma peça de propaganda, desequilibrada e unilateral – foi badalado com gosto e prazer, como se fosse sério.
Muita gente faz ar inteligente quando explica que é preciso aceitar a noção de que nenhuma sociedade vive sem drogas, que a guerra foi perdida para o tráfico e assim por diante. Fala-se de Portugal, da Suiça, da Holanda. Mostra-se imagens de clínicas equipadas, limpas, sem fila e com médicos de plantão…

Chiquérrimo.

Por que não fazer o mesmo ar inteligente quando a PM resolve levar para a delegacia três estudantes que enrolavam um baseado dentro do carro?
Por que esse coro da legalização não foi à rua falar de flexibilidade?

Por que não lembrar que, mesmo ilegal, o uso da maconha talvez não seja a irregularidade prioritária a ser combatida na USP?

Não vamos fingir que somos tão inocentes.

É evidente que temos uma visão utilitária, aqui. Quando é necessário fazer ar de moderno, fala-se em legalizar a droga.

Quando é necessário fazer ar de antigo, fala-se de “maconheiros.”

E ninguém acha estranho.

12/11/2011, Paulo Moreira Leite

QUEM AMA LUPI?

Ninguém merece um ministro assim no Trabalho, pasta que requer equilíbrio e capacidade de negociar.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já se tornou a figura mais patética do ministério de Dilma. Um feito impressionante num grupo que teve em cinco meses seis baixas: de 7 de junho até hoje, caíram Palocci, Nascimento, Jobim, Rossi, Novais e Silva. Só um caiu por ser inconveniente, o ministro Jobim, gaúcho de alma tucana. O resto foi por acusações de corrupção e desvio.

O processo de desgaste segue roteiros parecidos. Alguns se debatem mais, por amor incondicional ao poder. De Lupi, suor e bravatas escorrem pelos poros. Ele bate no peito, espuma, grita. Mas não explica nada.

“Sou osso duro de roer. Quero ver até onde vai essa onda de denuncismo.” “Daqui ninguém me tira. Só se for abatido à bala. E tem de ser bala de grosso calibre, porque eu sou pesado.” “Morro, mas não jogo a toalha.” “Conheço a presidente Dilma há 30 anos. Duvido que ela me tire. Nem na reforma ministerial.” “Bola da vez? Só se for a bola sete, a bola da vitória.” “Peço desculpas à opinião pública, que fica com a imagem de que sou louco, um tresloucado.” “Presidente Dilma, me desculpe se fui agressivo. Dilma, eu te amo.”

Ninguém merece um ministro assim no Trabalho, uma pasta que requer equilíbrio, habilidade, capacidade de negociar e analisar as reivindicações de trabalhadores. Lupi – como todos os outros – se considera vítima de perseguição. Até do próprio partido, o PDT, dividido entre o pessoal de raiz e os oportunistas.

O motivo da perseguição é inacreditável. Querem derrubá-lo por puro preconceito de classe. Por ser “ex-jornaleiro”. Todo jornalista tem um apreço especial pelos jornaleiros. São eles que, nas bancas, ajudam ou não a impulsionar a venda avulsa. Mas Lupi hoje detesta a imprensa.

Não tenho ideia de como Lupi (“sou italianão, sou atirado”) se comportava como jornaleiro nos anos 1980, quando conheceu Brizola. Eu nem sabia disso, para falar a verdade. Sei que ele foi secretário de Governo de Garotinho. E que o Ministério do Trabalho, comandado por ele há quase cinco anos, teria um esquema de tabela de propinas para liberar recursos a um instituto no Rio Grande do Norte. E teria assinado convênios irregulares com ONGs investigadas pela Polícia Federal e denunciadas pelo Ministério Público de Minas Gerais. Isso é o que veio à tona.

Ninguém merece um ministro assim no Trabalho, pasta que requer equilíbrio e capacidade de negociar
Sei que os detalhes estão ficando meio repetitivos e chatos para os leitores – mas é nos detalhes que o diabo mora. É preciso alertar para o ridículo. Não tem sentido dar quase R$ 1 milhão de sinal, no ano passado – num convênio de R$ 2 milhões –, para uma organização em Confins, Minas Gerais, treinar 2.400 operadores de telemarketing. E descobrir, um ano depois, que só pouco mais de 200 pessoas tinham feito o curso até ontem. Fico pensando o que se ensina nesse curso de telemarketing. Como é fácil “captar” dinheiro neste Brasil generoso. O enredo é tão semelhante às quedas anteriores de ministros que está explicada a treslouquice de Lupi.

Dilma, numa solenidade recente, nem sequer olhou para Lupi quando ele puxou e beijou sua mão. Mais constrangedor que o desafio público de um subordinado é o puxa-saquismo meloso e explícito. A presidente não parece gostar dessas demonstrações. Ela quase perdeu o rebolado quando repórteres lhe perguntaram sobre a declaração de amor de Lupi e a crise no Ministério do Trabalho. Sorriu. “Vocês vão me perguntar isso nesta altura do campeonato?” e citou as palavras de “um líder gaúcho antigo” para negar qualquer crise com Lupi: “O passado passou”.

Não sei se Lupi é passado, mas não parece ser futuro. Não é o futuro que esperamos para o Brasil. No presente, o Planalto resolveu, na última hora, fazer a portas fechadas um seminário internacional em Brasília que reunirá 60 ONGs. Sem a presença de bloquinhos, gravadores e câmeras indiscretas.

Os brasileiros se dividem entre quem não aguenta mais tantos escândalos... e os que esperam estar vivendo um momento histórico de prestação de contas. No alto escalão da política, é inédita essa queda de dominós herdados de um governo mentor e amigo. Na segurança pública, a ocupação de uma favela como a Rocinha, com 70 mil moradores, abandonada por sucessivos governos ao poder de bandidos com e sem farda, é recebida com elogios à banda boa da polícia e punições à banda podre. No Supremo Tribunal Federal, a mídia e a população mantêm a pressão sobre o julgamento da Ficha Limpa. A ponto de forçar o ministro Luiz Fux a rever seu voto pela alteração da lei. A brecha sugerida por Fux beneficiaria políticos que renunciam para fugir de punição. O debate é público e instrutivo.

Na novela das 8, na semana passada, soubemos que Lupi ama Dilma. Nos próximos capítulos, saberemos quem ama Lupi.

RUTH DE AQUINO é colunista de ÉPOCA

DROGAS, MIDIOTICES E SENSO COMUM MODIFICADO

Maconheiros, uni-vos e chorai! No mesmo mês em que a “empresa” narcovarejista de Fernandinho Beira-Mar sofre várias baixas, produzidas pela inteligente ação da Polícia Federal, os parceiros colombianos dele, seus fornecedores de maconha e cocaína, também sofreram uma das maiores perdas. O número 1 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foi abatido em uma ofensiva armada do Exército Colombiano, no último dia 4 deste novembro.

Maconheiros, uni-vos e chorai a morte do líder rebelde Alfonso Cano. Até porque, em 47 anos de existência, as Farc só tiveram dois comandantes de fato. O maior deles foi Manuel Marulanda – que o Diabo levou, por morte natural, em 2008. Seu sucessor, agora também ajudando a subir em mil graus a temperatura do inferno, foi Guillermo Leon Saenz –mais conhecido no mundo das drogas e revoluções como Alfonso Cano. Que o Cramulhão lhes seja leve! E celebre este momento acendendo um bagulhão comprado dos fornecedores de droga pelos inocentes-inúteis da Cidade Universitária da USP.

Maconheiros universitários, uni-vos para me ajudar a responder. Primeiro, na Colômbia: Quem será o terceiro homem – capaz de segurar a onda da narcoguerrilha em decadência? Agora, no Brasil, a pergunta é: Quem vai suceder comandar os negócios milionários do narcovarejo no Rio de Janeiro, já que o sistema decretou, aparentemente, o fim da Era Beira-Mar?

Certamente, não vai para o lugar dele o estúpido fornecedor de drogas para jovens e adolescentes de nossas universidades. A tendência é que o império de Beira-Mar seja recomendado por algum parceiro do Foro de São Paulo. Afinal, é pública e notória a simpatia e convivência dos principais líderes de partidos de esquerda na América Latina com os narcoguerrilheiros da Colômbia e adjacências.

As drogas tomam conta do noticiário. Por sorte, a sociedade não está completamente midiotizada por elas – e nem por ele. Vide a reportagem de Flávio Freire, veiculada por O Globo, o desabafo, resignado, de Zélia Paiva, mãe de Felipe de Ramos Paiva, aluno da Faculdade de Economia e Administração (FEA) morto em 18 de maio deste ano no estacionamento da Universidade de São Paulo.

Foi por causa desta morte que a USP autorizou a colocar a PM no campus, revoltando grupelhos de estudantes profissionais, que protestaram, invadiram a reitoria, acabaram presos, soltos no mesmo dia e agora estão em greve. Ainda bem que, na invasão, os inocentes meninos e meninas não precisaram usar as 7 garrafas de coquetel molotov, 6 caixas de morteiros com 12 tiros e 5 litros de gasolina que a PM apreendeu com eles.

Já que é uma burrice diplomada a greve de estudante profissional aprendiz de terrorista, não percamos tempo com ela. Voltemos ao comovente e contundente depoimento da mãe que perdeu o filho para os bandidos que os maconheiros uspianos tanto protegem:

“Vi ontem uma mãe na delegacia chorando porque o filho estava preso, mas ele foi preso porque escolheu. Esses alunos, esses pais, parecem não ter noção do que é chorar por ter perdido um filho. Talvez, se tivesse policiamento, o meu Felipe não teria sido morto com um tiro na cabeça”. Seu marido Ocimar Florentino Paiva acrescentou: “Nunca ninguém do sindicato ou da USP telefonou”.

Sabe por que os maconheiros da USP não ligam para nada – no máximo, só telefonam para comprar drogas entregues a domicílio? Elementar, meu caro Watson. Todos já foram midiotizados pela falta de educação, pelos emburrecedores meios de comunicação e pela overdose de marketing. Este é o esquema que modifica o senso comum das pessoas, levando-as ao consumismo. Esta atitude psicossocialmente gerada é a mãe das compulsões – por drogas, bebidas, sexo, dinheiro, religião, ideologia e por aí vai...

A compulsão por bebida e droga têm um papel mais deletério no sistema de controle social da Nova Ordem Mundial. Ambas detonam as mentes de consumidores constantemente afetados pelos programas neurolinguísticos produzidos pelos laboratórios de Engenharia Social. Trata-se do conjunto de práticas mercadológicas para enganar e influenciar as pessoas com conceitos errados, a fim de lhes preparar, psicologicamente, para adoção de comportamentos programados e padronizados pelo esquema de Poder Real.

Um dos executores deste sistema de controle, manipulação e dominação é o Instituto Tavistock. Criado na segunda década do século passado, o renomado laboratório britânico alimenta todos os centros de pesquisa relacionados com as modificações do comportamento e propagandas para induzir opiniões isentas de informação real e reflexão.

A combinação da droga com a ideologia esquerdista – ou vice-versa – produz ainda mais escatologias. No caso específico das universidades, bostas em nível superior. O mau exemplo produzido por uma minoria de estudantes da USP é o produto sintomático de duas correntes de pensamento que afetam, há muito, o chamado mundo acadêmico – docentes e discentes que viram presas fáceis da ideologia indecente.

O primeiro é o Gramscismo – baseado nas teorias do comunista italiano Antonio Gramsci, que promove a ideologia coletivista junto a um amplo corpo de intelectuais orgânicos nos partidos políticos, nos aparelhos privados da “sociedade civil” e órgãos da “sociedade política”. O segundo é a Escola de Frankfurt – cujos teóricos, também, de linha marxista, como Herbert Marcuse, influenciam o meio universitário, sobretudo as escolas de comunicação que formam os profissionais da mídia.

As duas correntes de pensamento contribuem para o trabalho, executado principalmente pelos meios de comunicação de massa, de difundir o chamado “pensamento politicamente correto”, junto com as ideologias supostamente promotoras da “igualdade e justiça social”. Esta união promove a modificação senso comum da sociedade sobre seus valores, crenças, tradições e preceitos éticos tradicionais e conservadores.

Além de intimidar e neutralizar a capacidade de reação da sociedade às decisões da Engenharia Social, focadas no controle sobre o cidadão, o senso comum modificado cria um vácuo cultural, intelectual e moral. Este vazio de reflexão impede a sociedade de entender e perceber o que realmente se passa.

Assim se formam os midiotas – os idiotas formados pelo senso comum midiático que propaga conceitos errados, anti-valores humanos e ideologias que enaltecem o papel do Estado acima das pessoas comuns (os tais cidadãos). O mais grave é que tal processo é iniciado na infância, a partir da escola...

É este esquema da Nova Ordem Mundial que precisamos entender e neutralizar com atitudes focadas nas liberdades: de pensamento, expressão e política para um equilíbrio entre a razão, emoção e ação humanas. O resto é maconha para maluco fumar até que o tetrahidrocanabiol (componente ativo da droga) impeça seus neurônios de se comunicarem entre si.

Tá doidão?

Sintomático o ato-falho do aspone especial do ministério da Defesa, José Genoíno, em entrevista ao Portal IG explicando quem definiria os nomes para a mentirosa Comissão da Verdade (CV):

“Os nomes quem vai definir é a Presidente Lula”.

Pior que isso, só a tétrica imagem da companheira Mariza Letícia tragando seu cigarrinho, na janela de seu apartamento em São Bernardo do Campo, pouco depois do maridão Lula chegar do tratamento quimioterápico contra o câncer de laringe – doença, seguramente, gerada e agravada pelo abuso de cigarro e bebidas alcoólicas...

Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
13.NOV.2011