"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

UMA CRIANÇA = PAPAI + MAMÃE

 

RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)
Esse era um dos cartazes, empunhados com orgulho hétero, na manifestação gigante de Paris no dia 13: Un enfant = un papa + une maman. Centenas de milhares de franceses saíram do armário para dizer “não” ao projeto de lei do governo socialista de François Hollande de “mariage pour tous” (casamento para todos).

No país da “liberté, égalité et fraternité”, os homossexuais ainda não têm direito ao casamento civil – e avós, papais, mamães, jovens e criancinhas defenderam nas ruas uma versão idealizada e romântica da família contra “a ameaça gay”.

A crise econômica e o desemprego atingem seriamente a Europa, mas o que leva uma imensa multidão a marchar no inverno parisiense não é a exigência de “trabalho para todos” – eles só querem impedir que homossexuais casem nos cartórios. Segundo as autoridades, foram 340 mil manifestantes. Segundo os organizadores, de 800 mil a 1 milhão. A disparidade dos números é um indício da irracionalidade do debate. La France n’est pas un pays sérieux.

Por que esse pânico, que beira a histeria? O que muda realmente na vida de um casal heterossexual se outro casal, homossexual, decide transformar sua união estável em casamento? Qual o resultado pernicioso dessa lei? Que significado teria, além de celebrar a igualdade de direitos civis numa democracia republicana laica, e não numa teocracia?

 
O que está em jogo não é o ritual da cerimônia, nem os papéis assinados ou os direitos à pensão ou herança. O que apavora os homofóbicos costuma vir logo depois do casamento: os filhos, a família. Os héteros mais fanáticos surtam só de pensar que um casal gay, de homens ou mulheres, tenha direito à paternidade ou à maternidade. Aí é demais. Contraria a natureza. O que será desses meninos e meninas, meu Deus?

Como se tivéssemos produzido gerações de crianças e adultos “normais”, livres de neuroses e traumas. Como se a heterossexualidade de pai e mãe assegurasse um vínculo afetivo sadio, um ambiente familiar exemplar. O argumento de que gays, por gostarem de pessoas do mesmo sexo, criarão filhos infelizes ou desajustados é de uma prepotência difícil de engolir.

“É natural o receio de que essas crianças sofram alguma discriminação na escola”, afirma a psicanalista e terapeuta familiar Junia de Vilhena. “Atendo no consultório um casal de mães homossexuais que se preocupam com a filha de 10 anos na escola. Mas a menina está muito bem integrada num meio liberal.

As amiguinhas não questionam. Normalmente, quando existe preconceito, vem dos pais dos alunos, mesmo nas escolas mais avançadas. Sou esperançosa. A sociedade aos poucos aceitará. Pior e mais cruel é o preconceito contra crianças gordas. Elas enfrentam barbaridades.”

Ser pai ou mãe, mais que
uma possibilidade biológica,
é um aprendizado 
 
Mesmo nos países com leis progressistas, como o Brasil, desconfio que a maioria silenciosa da população seja contra o direito de um casal gay de educar uma criança como seu filho. Não importa o método: adoção, inseminação, fertilização in vitro ou acordos domésticos com amigos ou amigas. Há uma turma que considera a criança mais bem assistida num orfanato do que na casa de pais ou mães homossexuais.

“Dificilmente, hoje, encontramos essa família idealizada de um filho, um papai e uma mamãe, uma visão ligada à ideia do amor romântico e eterno”, diz Junia. A família de núcleo patriarcal é hoje minoria. Crianças vivem só com a mãe solteira, separada e provedora. Ou com padrastos, madrastas e meio-irmãos. “A classe alta não está nem aí para as regras. A classe baixa está fora desse sistema – em vez de sonhar com o casamento ideal, foca na sobrevivência. Quantos pais nem sequer reconhecem seus filhos. Ou têm amantes. Essa família arrumadinha e feliz nunca existiu, mas ainda é uma aspiração da classe média. Muitos homens e mulheres ficam juntos e infelizes até morrer.”

Estranho pensar que muitas de nós lutaram pelo direito de não casar de papel passado nem na igreja. Tive dois filhos, de dois homens, jamais casei oficialmente por ser contra associar o amor a qualquer contrato ou rito perante um juiz ou um padre.

Há 40 anos, num mundo ainda com utopias, era uma transgressão. Formei minha família com erros e acertos.

Ser pai ou mãe, mais que uma possibilidade biológica, é um aprendizado. “Podemos encarar a família como uma prisão ou um lugar de abrigo. Um espaço de trocas ou de isolamento coletivo. Um agente de mudanças ou um dispositivo de alienação. De qual família estamos falando?”, diz Junia.

Alguns heterossexuais convictos alegam que gays só formam um casal, e não uma família. Um homem e uma mulher sem filhos tampouco são uma família. Mas conviver com filhos biológicos ou adotados, exercer a paternidade e a maternidade, deveria ser, sim, um direito de todos. O mundo caminha nessa direção. É irreversível. Nenhuma “parada hétero” reverterá esse processo.


22 de janeiro de 2013
RUTH DE AQUINO é colunista de ÉPOCA

AINDA O CÃOZINHO


          Artigos - Cultura 
Tudo o que o sr. Patschiki escreve sobre o Mídia Sem Máscara é, de fato, projeção inversa: como a esquerda é um movimento político unitário, riquíssimo e bem organizado, ele tem de imaginar que qualquer bloguinho anticomunista é exatamente a mesma coisa.


O sr. Patschiki tenta desesperadamente camuflar o seu panfleto vagabundo sob as aparências de uma tese científica, mas não tem a esperteza necessária para isso. Se tivesse, não apelaria de maneira tão confiante e ingênua a um dos chavões mais compulsivos e autodenunciadores da propaganda comunista, que é o de tentar desmoralizar o adversário, o anticomunista, como um agente pago da burguesia. No meu caso, a prova que ele fornece dessa vinculação monetária é de uma candura que chega a ser comovente na sua puerilidade:
 
“A preocupação com que Olavo de Carvalho analisa a burguesia brasileira é retribuída, pois o dota de meios e rendimentos para levar essa luta adiante...: sua permanência nos EUA é financiada pelo Diário do Comércio.”
Descontado o português subginasiano, impotente para esclarecer se o sujeito da oração subordinada é a preocupação ou a burguesia, ele quis dizer que recebo subsídios do Diário para lutar em favor da classe que o jornal representa.
 
Sou jornalista profissional há quarenta anos e nunca soube que salário fosse “financiamento”. Se o fosse, e como o próprio sr. Patschiki reconhece haver uma pletora de jornalistas de esquerda nas redações, deveríamos concluir que a burguesia financia muitos agentes para que lutem contra ela e só uns poucos para que a defendam. É claro que, se ela faz isso, só pode ser por estupidez genuína ou por algum tipo de malícia inversa cuja engenhosidade me escapa.
Na primeira hipótese, fica impugnada a tese do sr. Patschiki de que a burguesia detém o controle ideológico dos seus órgãos de imprensa. O sr. Patschiki acredita piamente na segunda, mas não nos fornece a menor explicação do que pode fazer em benefício da burguesia um mecanismo tão paradoxal e contraproducente.
 
Uma hipótese que nem lhe passa pela cabeça é a de que as empresas de mídia se atêm à mais rigorosa abstinência ideológica na contratação de seus empregados, acabando os esquerdistas por obter aí a superioridade numérica pelo simples fato de praticarem a gramsciana “ocupação de espaços” que a direita ainda não aprendeu.
 
Todos os jornalistas profissionais recebem um salário, independentemente do conteúdo ideológico daquilo que escrevem. Se o fato de eu ser um deles basta para fazer de mim um agente pago a serviço ideológico de um grupo ou classe, o sr. Patschiki teria a obrigação de perguntar se acusação idêntica não se aplicaria muito mais ao agente que é subsidiado para a tarefa específica de produzir um ataque político a determinada pessoa ou entidade, tal como ele foi financiado, não pelos proletários dos quais se imagina um porta-voz, e sim por um pool de bilionários interesses estatais e privados, a Fundação Araucária, para escrever contra mim e o Mídia Sem Máscara e defender assim a aliança comuno-dinheirista que nos governa.
 
Todo historiador ou cientista social só pode compreender a posição dos outros na sociedade desde uma consciência clara da sua própria posição, da fonte dos seus meios de sustento, dos grupos que o protegem, etc. Mas o sr. Patschiki, que não é nem uma coisa nem a outra, não apenas não precisa saber de nada disso como de fato não sabe e nem de longe suspeita que deveria saber. Por isso ele pode continuar sonhando que todo salário de jornalista profissional é um “financiamento” ideologicamente comprometedor e ignorando que o financiamento da sua tese é exatamente isso no mundo real e em grau superlativo.
 
Mais esquisito ainda é que, vendo no salário que recebo do Diário do Comércio uma prova da conspiração fascista financiada pela burguesia, ele nem se dá conta de que, admitida essa hipótese, o comando da conspiração não teria como estar nas minhas frágeis mãos de agente contratado, e sim nas do meu poderoso contratador.
De fato, não tem sentido ele me qualificar como um “litor” – segundo a sua definição, aquele que representa o poder sem exercê-lo – e ao mesmo tempo fazer de mim, e não daqueles que supostamente me comandam, o centro da trama conspiratória.
Talvez haja nisso um secreto desejo de evitar briga de cachorro grande, trocando o comandante pelo comandado e batendo neste para acertar naquele sem que se possa dizer que o faz. Porém há mais provavelmente a confusão patética do semi-analfabeto que, mal conseguindo manejar o idioma pátrio, se mela todo ao tentar fazer bonito com um termo latino.
 
Qualquer que seja o caso, o fenômeno Patschiki já estava prefigurado na contradição interna da própria doutrina marxista, como expliquei anos atrás:
 
“A teoria marxista da ideologia de classe não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária.”
 
Tudo o que o sr. Patschiki escreve sobre o Mídia Sem Máscara é, de fato, projeção inversa: como a esquerda é um movimento político unitário, riquíssimo e bem organizado, ele tem de imaginar que qualquer bloguinho anticomunista é exatamente a mesma coisa.
 
Como trabalho científico, sua tese não vale nada, mas vale muito como informe de espião, desses que os comunistas sempre fazem para ter pronta a lista de inimigos a ser assassinados no momento propício.

22 de janeiro de 2013
Olavo de Carvalho
 Publicado no Diário do Comércio.


REDE ESGOTO DE TELEVISÃO

    
          Media Watch - Outros
globosataUm dos grandes beneficiados pela Revolução foi o senhor Roberto Marinho, das Organizações Globo, por isso nos apoiou nos vinte anos em que ela durou; depois, nos deu as costas. Em um dos últimos dias de março de 1964, o Almirante Aragão entrou na redação dele, com fuzileiros navais, para fechar o jornal O Globo. Testemunha disso? É o capitão da Aeronáutica que hoje é casado com a sobrinha do Roberto Marinho. Pediu demissão da FAB. Chama-se Luís Jacobina Vasconcelos. Esse foi um dos que teve a metralhadora apontada na cabeça. Se, realmente, o outro lado tivesse ganho não existiria o ‘Império Globo’. No entanto, o que fazem hoje conosco? Acho uma covardia que, ao mesmo tempo que nos massacram, não nos dão a chance de defesa, porque não abrem espaço para nada.
Tenente-Coronel Aviador Juarez de Deus Gomes da Silva - História Oral do Exército/1964, Tomo 10, pg. 415.

Hoje, as Organizações Globo, aparelhada por jornalistas esquerdosos, como Míriam Leitão, diabolizam o Exército e mistificam terroristas, como na série Anos Rebeldes.

Para a mídia de pau”, anos de dinamite, promovidos pelos terroristas, passaram a se chamar “anos de chumbo” - uma reação natural e obrigatória das Forças de Segurança para combater os esquerdistas que queriam implantar no Brasil uma ditadura comunista, à moda cubana.

Alfredo Syrkis, do grupo terrorista de Carlos Lamarca, que participou do sequestro de dois embaixadores, o alemão e o suíço, “fugiu para o exterior, não exilado, depois foi anistiado e escreveu o livro ‘Os Carbonários’, que serviu de tema da série Anos Dourados da TV Globo.

Só que a equipe da Globo, safadamente, escamoteou a realidade, mudou o nome dos países e em nenhum momento falou que era um movimento comunista; mas os episódios são mais ou menos os mesmos” (General-de-Divisão Raymundo Maximiliano Negrão Torres - História Oral do Exército/1964, Tomo 8, pg. 103).

Na verdade, a série chamou-se Anos Rebeldes, não Anos Dourados, e teve inspiração, também, no livro de Zuenir Ventura, 1968, o ano que não terminou.

Em 2001, a TV Globo apresentou uma reportagem, Recontando os mortos da repressão, de autoria de Caco Barcellos, em que apresentava a versão do soldado desertor do Exército, Valdemar Rodrigues, de que teria participado do assassinato de dois terroristas e quem os matou teria sido um coronel do Exército.

Tanto A Revolução Impossível, de Luís Mir, quanto Combate nas Trevas, de Jacob Gorender, afirmam que o casal de terroristas, João Antônio Santos Abi-Eçab e Catarina Helena Abi-Eçab, morreram em acidente, quando bateram em um caminhão, na região de Vassouras, RJ - provavelmente, a caminho de mais um ato terrorista.

A mentira foi denunciada em uma série de textos do coronel do Exército José Luis Sávio Costa, no site Mídia Sem Máscara. Apesar do embuste, a mentira rendeu a Caco Barcellos dois prêmios de jornalismo, Embratel e Líbero Badaró.

Além da desinformação esquerdista promovida nas últimas décadas, a Rede Globo se esmera na destruição dos padrões éticos do povo brasileiro. Isto pode ser comprovado em suas novelas, onde impera o erotismo e a ética da malandragem.

Depois de brincar com criminosos e corruptos na construção de seus enredos, anos após anos, o autor de novelas Sílvio de Abreu, cinicamente, se mostrou surpreendido quando foi realizada uma pesquisa sobre as personagens de uma de suas novelas, Belíssima.

O apogeu da esbórnia ocorreu em Avenida Brasil, novela em que os atores fizeram sexo entre si, como se fosse a coisa mais natural do mundo, convivendo numa mesma casa, vale dizer, num mesmo cabaré. Na época, apareceu no Facebook a mais apropriada expressão para designar a suruba apresentada pela vênus platinada: Rede Esgoto de Televisão.

A esbórnia em tempo integral continua com o Big Brother Brasil, já em 13ª edição. “Vamos dar uma espiadinha?” - convida Pedro Bial, babando esgoto de satisfação pelos cantos da boca.

22 de janeiro de 2013
Félix Maier  

CALÍGULA DAVA ORDENS À LUA E LHE FAZIA AMEAÇAS. LULA REDESENHA A TERRA.

Ou: O Apedeuta, como Saturno, decidiu engolir a própria cria


Vejam esta imagem.
 

 
É Saturno engolindo uma de suas crias, na versão terrificante de Goya. Por que está aqui? Vamos lá.
Lula é um logólatra. Mas não é fissurado num “logos” qualquer. Ele também é um “Lulólatra”. É apaixonado pelo som da própria voz. Às vezes, a gente nota, ele se deixa encantar pela complexidade do próprio pensamento, que alcança sempre altitudes ignotas. Foi assim, por exemplo, quando refletiu sobre a conveniência de a Terra ser quadrada, não redonda. Vale a pena rever.
 

 
Num programa da VEJA.com, lembrei essa diatribe astrometafísica de Lula e uma outra frase sua não menos sensacional, quando demonstrou certa invejinha de Dilma porque ela teria tido a sorte de suceder a alguém como ele…
 

 
Já identifiquei a doença de Lula, que o citado Freud não teve tempo de diagnosticar. É a SIPP (Síndrome da Inveja do Próprio Pênis). Lula se ama de tal sorte que adoraria ser… Lula, como Narciso que mergulha em busca da própria imagem. Certos governantes têm dessas coisas.
Lembrei aqui certa feita como Suetônio caracterizou o imperador Calígula em “Os Doze Césares”. Leiam um trechinho que traduzi (em azul). Vale a pena:

 (…)
Mas lhe disseram que era superior a todos os príncipes e reis da Terra, e então começou a atribuir a si mesmo a divina majestade. Fez trazer da Grécia as estátuas dos deuses mais famosos (…) entre elas a de Júpiter Olímpico, da qual cortou a cabeça para substituir pela sua própria. Estendeu até o Fórum uma ala de seu palácio e transformou o templo de Castor e Pólux num pátio, sentando entre os dois irmãos, oferecendo-se à adoração da multidão. Alguns o saudavam como Júpiter Latino. Teve, para a sua divinização, o seu próprio templo, sacerdotes e as oferendas mais raras. Nesse templo, podia-se contemplar sua estátua de ouro (…). As vítimas sacrificadas a este deus eram flamingos, pavões, codornas, galinhas da Numídia, galinhas d’angola, faisões — a cada dia uma espécie diferente.
À noite, quando a Lua estava cheia, ele a convidava a vir receber o seu abraço e a compartilhar seu leito. Durante o dia, mantinha conversações secretas com Júpiter Capitolino, falando-lhe algumas vezes ao ouvido (…). Em outras, falava ao deus com arrogância e em voz alta. Certa vez, ouviram-no dizer a Júpiter em tom de ameaça: “Prove o seu poder ou tema o meu!”
(…)
 
Como não ver, assim, o ímpeto de Calígula no homem que resolve meter os pés na porta do governo e roubar da presidente a coordenação política? Cortou a cabeça dela; pôs a dele no lugar. Ele é assim.
60 dias calado

Pois é… O ególatra, logólatra e lulólatra, desta feita, está mudo — mas não parado. Há 60 dias, observa Jean-Philip Struck na VEJA.com
não diz uma palavra sobre o Rosegate, por exemplo, aquele rumoroso caso que pôs Rosemary Nóvoa Noronha, a sua “amiga íntima”, no centro de um azeitado esquema de corrupção instalado na… Presidência da República. Não fala a respeito, mas tem ouvido muito, especialmente no ambiente doméstico, o que é compreensível.
 
O homem que já fez digressões sobre as vantagens de a Terra ser um quadrilátero se dedica agora a criar um novo regime político no Brasil: o “Lulismo Mitigado”. Ele até topa dividir o poder com Dilma: ela fica com a parte chata — ver se o governo desempaca —, e ele, com a coordenação política. Lula não gosta mais da criatura que gerou e decidiu, como Saturno, engoli-la. Como no mito, teme que que surja alguém mais forte que ele. Haverá alguém de peito para fazê-lo engolir uma pedra? Não sei.
 
Uma coisa é evidente e certa: Lula decidiu tomar à força o governo de Dilma Rousseff. Deixa claro, assim, que nem mesmo a legitimidade popular que ela tem — eleita que foi — e que pode ser referendada pelo povo, se reeleita, supera a autoridade natural daquele que, a exemplo de Calígula, se sente com força para interferir nas esferas celestes.
 
Lula deixa claro, assim, o apreço que tem pelo mandato popular. Convenham: isso não é estranho à sua trajetória. Passou 16 anos — oito como oposição e oito como governo — tentando destruir a reputação de FHC, que tinha sido, afinal, eleito pelo povo.
Saturno, como Carcará, pega, mata e come.
 
22 de janeiro de 2013
Por Reinaldo Azevedo

IMAGEM DO DIA

 
Pelo menos 28 veículos se envolveram em dois engavetamentos seguidos nesta terça-feira na rodovia Egnatia, em Kleidi, a cerca de 500 quilômetros de Atenas
Pelo menos 28 veículos se envolveram em dois engavetamentos seguidos nesta terça-feira na rodovia Egnatia, em Kleidi, a cerca de 500 quilômetros de Atenas - Sakis Mitrolidis/AFP
 
22 de janeiro de 2013

"FINANCIAL TIMES" DIZ QUE DILMA JOGA META DE INFLAÇÃO PELA JANELA

 
Publicação critica foco do governo brasileiro no PIB e afrouxamento fiscal e diz que, mesmo com a economia estagnada, a inflação subirá

Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional
Publicação inglesa cita declaração de Arno Augustin sobre a redução da meta fiscal (Valter Campanato/Agência Brasil)

O jornal inglês Financial Times voltou a criticar a política econômica brasileira, ao publicar em seu blog Beyond Brics, nesta segunda-feira, matéria intitulada “Brasil: meta de inflação jogada pela janela”. Fazendo referência ao relatório Focus do Banco Central (BC), a publicação afirma que os economistas estão elevando cada vez mais suas expectativas para a inflação para 2012, passando-a de 5,53% para 5,65% no último relatório.

Para o FT, estes são “tempos cada vez mais difíceis” para os formuladores de política monetária e fiscal do país - e ressaltou que o corte da Selic foi justificado pelo abrandamento da economia do país e do exterior. “Mas, enquanto a economia continuar estagnada, a inflação estará persistentemente subindo”, traz o texto, ressaltando que a expectativa de crescimento do PIB em 2013 caiu de 3,2% para 3,19% no relatório Focus do BC, divulgado nesta segunda-feira.

O blog destaca que os investidores brasileiros não estão acreditando que o BC vai conseguir estimular a economia sem custo inflacionário. O texto argumenta ainda que os contratos de juros futuros de 2012 a 2015 estão a preços mais altos, indicando uma expectativa de aumento da Selic. Contudo, há pressões políticas para que a taxa de juros básica caia, a despeito dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) entenderem que essa não deve ser a política mais eficiente. “Se isso acontecer, a meta de inflação (entre 2,5% e 6,5%) será realmente jogada pela janela”, diz o texto.

No ano passado, a inflação fechou em 5,84%, distante do centro da meta (4,5%). Em dezembro, a inflação subiu 0,79% e a estimativa do Focus é de alta de 0,83% em janeiro (maior do que há uma semana, que estava em 0,79%). “Se a inflação estivesse no topo das prioridades do BC, certamente ela estaria se ajustando agora", diz a publicação. Em inúmeros artigos publicados ao longo dos últimos meses, o FT critica a decisão de priorizar o Produto Interno Bruto (PIB) em detrimento da inflação.

O jornal inglês afirma ainda que a decisão do Copom de manter a taxa básica de juros (Selic) em 7,25%, em sua primeira reunião do ano, foi acertada e deve manter a inflação com tendência negativa. Contudo, os estímulos monetários e a maior disponibilidade de crédito tiveram pouco efeito porque os brasileiros estão muito endividados.

Outro fator citado pelo FT que evidencia a piora do cenário macroeconômico do país é a atenção do governo aos estímulos fiscais, colocando na mesa a possibilidade de diminuir a meta do superávit primário (dinheiro economizado para o pagamento dos juros da dívida externa, atualmente fixado em 3,1% do PIB), conforme falou o secretário do Tesouro, Arno Augustin, na semana passada. “Se os consumidores não vão gastar para recuperar a economia, ao que parece, o governo o fará”, destacou.

22 de janeiro de 2013
Veja Online

SEQUESTRARAM O CHÁVEZ?

 

Estava a fazer uma arrumaçãozinha numa prateleira da estante e caiu-me nas mãos a Revista do Brasil, nº 1, de 1984. Não resisti e reli “Bolívar e a pátria americana”, um artigo de Darcy Ribeiro, naquela época secretário de Ciência e Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

E vice-governador de Leonel Brizola, fundador do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

Entre os temas abordados nos discursos de Bolívar, Darcy se referia ao da complexidade da identidade latino-americana e ao desafio de formular o projeto político que permitisse unificar os americanos do Sul numa federação nacional. Na qual, nenhum deveria ser fraco em relação a qualquer outro; nem mais forte.

Darcy enxergava o ideal bolivariano nas gerações de seu tempo (e nas que lhe sucederiam) em luta pelo nascimento da “Nação Latino-Americana”. Acreditava que isso seria possível.

Mais: que ela garantiria liberdade, justiça social, igualdade e “coragem de lutar pela beleza e pela felicidade humana”. Darcy enaltecia a utopia bolivariana.

No ano anterior à publicação da revista, se comemorara o segundo centenário do nascimento de Simon Bolívar, falecido em 1830. Mesmo derrotado em seu megaprojeto, o “herói libertador” continuou inspirando ideólogos contemporâneos. A começar por Brizola, que defendia o “socialismo moreno”.

Porém, Brizola não conseguiu ser eleito presidente do Brasil. Apoiou Lula no segundo turno das eleições de 1989 ao transferir para ele os votos de seu eleitorado. Mas o petista perdeu.

Em 1990, inconformado com a queda do Muro de Berlim, Fidel Castro procurou Lula para criar o Foro de São Paulo. A meta? Derrubar o “neoliberalismo”. Para isso, a jovem revolução da Venezuela passou a financiar com barris de petróleo a velha revolução de Cuba; pagando os serviços cubanos de assistência social, saúde e educação.

Com o óleo venezuelano, o comando político permanece em Cuba. Já o Mercosul transformou-se em um tratado de integração de força econômica e política. Mais política do que econômica. A luta atual é para mitificar ídolos de carne e osso.

Bolivarianos são otimistas em qualquer situação. Até o momento em que escrevo não observei qualquer sinal de luto nos olhos e na expressão facial das autoridades latino-americanas visitadoras de Chávez em Havana.

Esta resumidíssima história pode ser lida de diversas formas, com liberdade de opinião. E em nome dela, sabe o que me disseram? Que Chávez pode ter sido sequestrado pelos hermanos Castro. Quanto vai custar o resgate?

 22 de janeiro de 2013
Ateneia Feijó é jornalista

O SEGUNDO GOVERNO OBAMA

OBAMA 2.0


Com uma demonstração de respeito pela Constituição, que diz que a posse deve ser no dia 20 de janeiro, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama tomou posse oficialmente no domingo perante a Suprema Corte e ontem foi a festa oficial diante do Congresso, com o discurso para o povo. Nem mesmo a “continuidade administrativa” justificaria a mudança de datas num país onde as instituições funcionam.
O cuidado é tanto que, em 2009, o presidente da Suprema Corte, juiz John Roberts, foi à Casa Branca para Obama repetir o juramento, pois errara algumas palavras na cerimônia do dia anterior. Ontem, Obama brincou com sua filha Sasha ao final do juramento em que não errou: “Consegui”.

O nervosismo natural da primeira posse dá lugar a uma maior determinação do presidente reeleito, que terá pela frente projetos políticos delicados além dos problemas econômicos: o controle de armas (a que não se referiu no discurso) e a nova lei de imigração (que fez parte dos compromissos públicos assumidos ontem).

Por sinal, a juíza da Suprema Corte Sonia Sottomayor, nomeada por Obama, foi a primeira hispânica a participar da cerimônia de posse das mais altas autoridades do país ao tomar o juramento do vice-presidente Joe Biden.

O Presidente Obama reiterou a disposição de seu governo de levar a democracia a todas as partes do mundo: “Nós vamos apoiar a democracia em todo o mundo. Porque simpatizamos com aqueles que defendem a liberdade, Os EUA continuarão a ser a âncora de alianças fortes em todos os cantos do mundo. Porque nenhuma Nação tem uma participação maior por um mundo pacífico do que sua nação mais poderosa”.

Mas Obama terá, sobretudo, que enfrentar uma situação internacional conturbada por novos focos de terrorismo no norte da África que muitos observadores atribuem à queda do ditador libanês Muamar Kadafi, o mesmo podendo acontecer em decorrência da luta para tirar do poder o ditador da Siria Bashar Al Assad. Em ambos os casos as forças da OTAN apoiaram e apoiam, pelo menos informalmente, as forças rebeldes, formadas por diversos grupos extremistas islâmicos, alguns ligados à Al Quaeda.

Esses “efeitos colaterais” da Primavera Árabe, que derrubou as ditaduras do Egito, Tunísia e Líbia, estão sendo analisados agora como uma nova fonte de problemas para o governo americano, mas não há ainda um consenso sobre quão diretamente os Estados Unidos devem enfrentar a situação.

Uma reportagem do International Herald Tribune lembrava ontem que o ditador Kadafi, ao ver a derrota se aproximar, advertiu os líderes ocidentais de que se ele fosse derrubado, “o caos e a guerra santa” tomarão conta do Norte da África. O painel independente que analisou o ataque de Benghazi, na Libia, onde foi assassinado o embaixador americano J. Christopher Stevens acusou o serviço secreto dos Estados Unidos de ter falhado na identificação das diversas milícias terroristas da região, que estão em constante mutação. O fato é que tanto a crise dos reféns no campo de gás da Argélia quanto a ação da França em Mali estão sendo vistos como consequências da ação de grupos terroristas que estiveram envolvidos na guerra que acabou derrubando o ditador Kadafi.

Num mundo multipolar onde os Estados Unidos será “a âncora segura” mas não ditará as regras hegemonicamente, o presidente Barack Obama assume seu segundo mandato falando em união dos americanos para superar a crise econômica e, sobretudo, fala sobre o futuro com olhos para dois objetivos: a preservação do meio-ambiente, que passa a ser uma prioridade, e as inovações tecnológicas que levarão os Estados Unidos, segundo Obama, a superar a crise econômica e a manter a liderança desse novo mundo.


22 de janeiro de 2013
Merval Pereira

A FALÁCIA DA MULTIPLICAÇÃO DE MUNICÍPIOS

 

Assim que se instalou a indústria de criação de municípios, impulsionada por interesses políticos paroquiais, ficou claro que a pulverização de prefeituras não melhoraria a administração pública.

Impulsionada pela Constituição de 1988, esta indústria chegou ao auge com a possibilidade de as assembleias legislativas poderem aprovar a realização de plebiscitos para a emancipação de distritos e povoados. Como as Casas legislativas estaduais estão muito próximas da influência de caciques políticos locais, foi uma farra, principalmente até 1996, quando emenda constitucional passou a subordinar à lei complementar federal a criação de municípios.

De 1984 a 2000, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), surgiram 1.405 prefeituras. Hoje são, ao todo, 5.568, um universo disforme que pesa mais no bolso do contribuinte do que o atende em serviços.

O que era visível há tempos agora passa a ser contabilizado, com a criação, pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), composto por informações dos ministérios do Trabalho, da Educação e da Saúde. O Ipea, do governo federal, também trabalha numa metodologia para acompanhar os municípios.

Com base no IFDM, foram analisadas 58 prefeituras criadas entre 2001 e 2010. E ficou comprovado que é uma falácia o discurso de que a emancipação leva ao desenvolvimento. Muitas vezes ocorre o inverso — eles retrocedem, como demonstra reportagem do GLOBO.

O diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, Rogerio Boueri, diz que isso se explica pelo fato de as novas prefeituras criarem despesas antes inexistentes. Afinal, passam a contar, por exemplo, com uma estrutura de funcionários públicos no Executivo e no Legislativo.

E como não costumam explorar a principal fonte de receita tributária municipal, o IPTU, viram eternas dependentes do Fundo de Participação, alimentado por repasses federais e estaduais.

A grande maioria das 5.568 cidades não sobrevive com recursos próprios. Hoje, esta dependência é sério obstáculo à redução da carga tributária total, para a economia ganhar competitividade.

As 58 prefeituras estudadas criaram 31 mil empregos públicos — o total da folha de servidores de Curitiba —, receberam, nos últimos cinco anos, R$ 1,3 bilhão do Fundo de Participação, mas não melhoraram a vida de suas populações em itens fundamentais: saneamento, coleta de lixo, água encanada. Há também números preocupantes em Educação e problemas em Saúde.


Deveria ser levada a sério a proposta de reversão de emancipações sem qualquer perspectiva de sobreviverem como municípios autônomos. Haverá menos gastos públicos, impostos menos pesados e melhores serviços à população.

Mas, para isso, a baixa política, que se beneficia do empreguismo e do tráfego de dinheiro federal e estadual, terá de ser vencida.

22 de janeiro de 2013
Editorial d'O Globo

IMAGEM E SEMELHANÇA

 

Não surpreende a sem cerimônia com que o Congresso se prepara para eleger presidentes de suas duas Casas um deputado e um senador cujas trajetórias colidem com o decoro formalmente exigido para o exercício da atividade parlamentar.

A razão da naturalidade é a pior possível: o Parlamento não se dá ao respeito e isso não causa espanto nem move forças suficientes para mudar o curso da triste história.

A menos que o inesperado faça uma surpresa, daqui a duas semanas Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros serão os escolhidos para presidir a Câmara e o Senado, respectivamente, pelos próximos dois anos.

Ungido por força de um acordo de rodízio entre PT e PMDB firmado ainda no governo Lula, na reta final Alves está envolto em atmosfera de irregularidades relativas à destinação de emendas e verbas de representação parlamentar.

Antes, em 2002, havia sido obrigado a abrir mão da candidatura de vice-presidente da chapa de José Serra em decorrência de informações dadas pela ex-mulher, Mônica Azambuja, em processo de divórcio litigioso, sobre depósitos de R$ 15 milhões em contas sem a devida declaração, em paraísos fiscais mundo afora.

No quesito folha corrida, Calheiros quase chega a dispensar apresentação. É alvo de investigações por crime ambiental, é suspeito de comandar emissoras de rádio por meio de testas de ferro, em 2007 foi processado por falta de decoro parlamentar porque uma empreiteira pagou a pensão da filha que teve com a jornalista Mônica Veloso, na ocasião apresentou documentos fraudulentos ao Senado para comprovar rendimentos e finalmente renunciou à presidência da Casa em troca da manutenção do mandato.

A maioria dos senadores aceitou o escambo e o inocentou na votação secreta em plenário. A maioria, agora, ao que tudo indica, não vê nada demais em reconduzi-lo ao posto para cujo exercício era tido como moralmente impedido há seis anos.

Tanto tem consciência do disparate, que Calheiros é candidato na condição de sujeito oculto: ainda não se lançou oficialmente para reduzir o tempo de exposição a eventuais protestos.

Ao que se vê, no entanto, medida cautelar desnecessária, pois a despeito de resistências aqui e ali e de tentativas de apresentar candidaturas alternativas, não há disposição, interesse, força nem capacidade para reações.

E que não se culpe Henrique Alves ou Renan Calheiros por almejarem posições para as quais se exigiria o cumprimento estrito do manual da boa conduta. Ambos jogam para o futuro de suas carreiras nos Estados de origem, Rio Grande do Norte e Alagoas, territórios dominados e desprovidos de massa crítica.

O problema aí não é de quem pleiteia, mas de quem aceita de boa vontade e compactua com o pleito: governo e Congresso.

Ao Planalto pode até desconfortar o excesso de poder nas mãos do PMDB, partido de Alves e Calheiros. Mas, convenhamos, não desagrada que os dois eleitos sejam líderes feridos, sem a plenitude da credibilidade.

Já o Congresso não vota o Orçamento, defende mandatos de condenados, não examina vetos presidenciais, faz troça do instituto da CPI, deixa o governo pintar e bordar com medidas provisórias, debita na conta do contribuinte imposto de renda devido por suas excelências, só se mobiliza em defesa dos próprios privilégios, submete-se ao Executivo em troca de qualquer cafuné.

Sendo assim, nada de novo no front: Alves e Calheiros são comandantes à altura de um Parlamento em situação falimentar.

Fantasia chavista. Barack Obama tomou posse ontem de seu segundo mandato. Que diria o mundo se, doente, internado em outro país, o presidente dos Estados Unidos fosse considerado empossado em regime de continuidade com o aval da Suprema Corte sob a justificativa de que a norma constitucional é mera formalidade?

22 de janeiro de 2013
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

ELE TAMBÉM QUER UMA VAQUINHA

 


Mas agora a coisa está apertando para ele, pois o pegou onde mais dói, isto é no bolso. Nesse último dia 18, a corte de Jersey, uma pequena ilha do Canal da Mancha próxima à Inglaterra, determinou que ele terá que devolver, em números corrigidos, à Prefeitura de São Paulo, o equivalente a US$ 28,3 milhões.

                                        fernando-haddad-

Nosso informante dentro do PT, que atende pelo apelido de “Bolso Profundo”, contou que Maluf foi procurar Fernando Haddad, atual prefeito de SP (PT), que ele ajudou a eleger, e exigiu que, como aconteceu para os larápios José Dirceu, José Genoino “et caterva” fosse para ele também feita uma vaquinha num jantar, afim de pagar sua dívida, caso contrário tiraria o apoio que Haddad tanto precisa.

Maluf também mostrou, segundo “Bolso Profundo”, ser vingativo, o jantar, ele exigiu que fosse organizado pelos antigos desafetos, Lula e Luiza Erundina.

Na foto pode-se ver Maluf com se estivesse dando um esporro no babaca do Haddad e dizendo o que fará com os dois dedos caso não seja atendido.

22 de janeiro de 2013
Giulio Sanmartini

4.500 SOLDADOS ESTÃO AQUARTELADOS NA VENEZUELA, DENUNCIA DIRIGENTE POLÍTICO DA OPOSIÇÃO


4.500 soldados cubanos estão aquartelados no Forte Tiuna.
O ex-deputado e dirigente do Movimento Trabalhista venezuelano Pablo Medina, denunciou a presença no Forte Tiuna, de um contingente militar de 4.500 homens a mando do general de divisão cubano Leonardo Vadés. Assegurou que se trata de uma "invasão planejada e ordenada pelo governo cubano com o beneplácito do inconstitucional Governo de Nicolás Maduro".
Num manifesto ao povo venezuelano, Medina pergunta se a presença destas forças militares cubanas têm como propósito "reprimir os legítimos protestos dos cidadãos venezuelanos ante ao vazio de poder e a situação de anarquia que vive o país".
Transcrevo na íntegra no original em espanhol matéria publicada no site Notitarde.com.:

EN ESPAÑOL - O ex-deputado e dirigente do Movimiento Laborista, Pablo Medina, denunció este domingo la presencia en Fuerte Tiuna de un contingente militar de 4.500 hombres al mando del general de división cubano Leonardo Valdés. Aseguró que se trata de una “invasión planificada y ordenada por el Gobierno de Cuba con el beneplácito del inconstitucional Gobierno de Nicolás Maduro”.

Se pregunta también, en un manifiesto al pueblo venezolano, si la presencia de estas fuerzas militares tiene como propósito “reprimir las legítimas protestas de los ciudadanos venezolanos ante el vacío de poder y la situación de anarquía que vive el país”.

“Venezolanos, hoy más que nunca peligra nuestra nación ante la bota extranjera! y, democrática y constitucionalmente, todos estamos llamados a defenderla. Venezuela recibió el año 2013 con una invasión de tropas cubanas; un contingente de 4.500 hombres de infantería organizados en ocho batallones de 500 efectivos cada uno y un escuadrón estacionado en Fuerte Tiuna, al mando del General de División cubano, Leonardo Valdés. Invasión planificada y ordenada por el Gobierno de Cuba con el beneplácito del inconstitucional Gobierno de Nicolás Maduro. ¿Es acaso esta fuerza invasora para reprimir las legítimas protestas de los ciudadanos venezolanos ante el vacío de poder y la situación de anarquía que vive el país?”, dijo Medina en manifiesto público.

Se preguntó si el vicepresidente Maduro conoce que la Fanb institucional se niega a disparar contra los ciudadanos ante los inminentes y justos reclamos de trabajadores, estudiantes, sociedad civil, empresarios y transportistas.

Calificó como “aberración” si esta acción es apoyada por Maduro y por una minoría del Alto Mando, pero rechazada por la gran mayoría de la Fuerza Armada Nacional.

Instó al Gobierno de Raúl Castro a que deje de trabajar en la sombra y pidió a los sectores de oposición contundencia ante estos hechos, comenzando por demandar el retiro inmediato de la bandera cubana de las oficinas públicas.

Asimismo alertó a los oficiales de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana que “las hojas de la Constitución de la República Bolivariana de Venezuela han sido manchadas cuando la Sala Constitucional del TSJ dicta la torcida sentencia de Continuidad Administrativa a su conveniencia”, dijo.

Finalizó haciendo un llamado al pueblo venezolano a protestar contra las series de irregularidades jurídicas en el país.
 
22 de janeiro de 2013
in aluizio amorim

LULA DIVIDE TROFÉU COM ROSEMARY


 
22 de janeiro de 2013

´"NOVILÍNGUA" SAPA DEMOCRACIAS


Costumo afirmar que há décadas não leio ficções. Mas há aquelas que se impõem, às quais voltamos sempre. O livro mais importante do século passado, a meu ver, é 1984, de George Orwell, publicado em 1948. Em verdade, não é exatamente uma ficção. Mas um denso e premonitório tratado de lingüística.
Que é 1984?

Estamos em uma sociedade que, em 1948, Orwell situará trinta anos atrás. O mundo está dividido em três grandes superpotências — como hoje — em guerra permanente: a Eurásia, que situamos nas atuais Rússia e Europa; a Lestásia, coincidindo com a China e o Japão; e a Oceania, incluindo a Grã-Bretanha, as três Américas e Austrália.
Há ainda um vago território em disputa, que inclui o Oriente Médio, a África e o Afeganistão.
 
A ação do romance transcorre em Londres, capital da Oceania.
O personagem central é Winston Smith, funcionário do Ministério da Verdade, cuja função é criar e divulgar inverdades. Winston relaciona-se com Júlia, "rebelde da cintura para baixo", o que, entre outras coisas, o levará à perdição, pois neste Estado não se admite relações mais sólidas entre um cidadão e outro do que as relações entre o cidadão e o Estado.
Temos ainda Goldstein, de hipotética existência, membro de uma oposição subterrânea denominada Fraternidade.
 
Temos o Grande Irmão, de abstrata existência, tão abstrata que sequer talvez exista, ou pelo menos tenha deixado há muito de existir, mas que exige de todos amor e submissão. E temos outro elemento importante, o tecnocrata O'Brien, o mantenedor da Ordem, definida como eterna e imutável.
Toda transformação, toda revolução, é impensável no universo orwelliano. A relação entre dominante e dominado será possível através da dor. Ouçamos O'Brien, enquanto tortura Winston:
 
"— O verdadeiro poder, o poder pelo qual temos de lutar dia e noite, não é o poder sobre as coisas, mas sobre os homens. Como é que um homem afirma seu poder sobre outro, Winston?
Winston refletiu.
— Fazendo-o sofrer.
— Exatamente. Fazendo-o sofrer. A obediência não basta. A menos que sofra, como podes ter certeza que ele obedece tua vontade e não a dele? O poder está em se despedaçar os cérebros humanos e tornar a juntá-los da forma que se entender. Começas a distinguir que tipo de mundo estamos criando?"
 
Às antigas civilizações fundadas no amor ou na Justiça, O'Brien contrapõe um mundo de medo, traição e tormento, onde o progresso será no sentido de maior dor.
 
"— Já estamos liqüidando os hábitos de pensamento que sobreviveram de antes da Revolução. Cortamos os laços entre filho e pai, entre homem e homem, entre mulher e homem. Ninguém mais ousa confiar na esposa, no filho ou no amigo. Mas no futuro não haverá esposas nem amigos. As crianças serão tiradas das mães ao nascer, como se tiram os ovos da galinha. O instinto sexual será extirpado. A procriação será uma formalidade anual como a renovação de um talão de racionamento. Aboliremos o orgasmo. Nossos neurologistas estão trabalhando nisso. Não haverá nem arte, nem literatura, nem ciência.(...) Mas sempre... não te esqueças, Winston... sempre haverá a embriaguez do poder, constantemente crescendo e constantemente se tornando mais sutil. Sempre, a todo momento, haverá o gozo da vitória, a sensação do pisar um inimigo inerme. Se queres uma imagem do futuro, pensa sempre numa bota pisando um rosto humano — para sempre".
 
Para manter ad aeternum este poder, os tecnocratas de Oceania utilizam instrumentos simples e eficazes, ao alcance de qualquer ditador contemporâneo:
 
— a vigilância permanente, através de um aparelho emissor-receptor de TV, o olho onipresente do Grande Irmão. Permanentemente ligada, transmite o tempo todo propaganda estatal, enquanto ao mesmo tempo vigia o espectador involuntário.
 
— a destruição do passado, mediante o recurso elementar de controlar o registro da História, rescrever documentos e jornais, eliminar qualquer possibilidade de memória.
 
a criação de um novo vocabulário, a Novilíngua, ou melhor, a redução sistemática do acervo vocabular então existente.
 
O discurso se reduz a slogans, o que permite dizer: guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força.
As palavras se transformam em siglas, não temos mais socialismo inglês, mas Ingsoc.
A palavra é substituída por módulos. Em vez de mau, temos inbom.
Uma pessoa que desapareceu não é uma pessoa que desapareceu, é uma impessoa. Nunca existiu.
 
— a aniquilação imediata, através de uma eficiente polícia política, de toda e qualquer oposição ao sistema.
 
Objetivo final desta filosofia: a eliminação total daquilo que se convencionou chamar um ser humano.
 
— Se és homem, Winston, és o último homem. Tua raça está extinta. Nós somos os herdeiros. Entendes que estás sozinho? Estás fora da história, tu és não existente".
Mas o mais profético da obra de Orwell é certamente o newspeak. Ou novilígua. Eliminar palavras antigas e conferir-lhe nova forma e novo significado. É o que estamos vendo, em todos os países do Ocidente, através do politicamente correto.
 
Comentava ontem a nova mania na Alemanha, que pretende eliminar da literatura a palavra negro. Comentei ainda há pouco o ousado passo dos suecos, que pretendem eliminar da escola os pronomes ele e ela.
Em Estocolmo, a pré-escola proíbe que crianças sejam tratadas como meninos e meninas. Em conformidade com um currículo escolar nacional que busca combater a "estereotipação" dos papéis sexuais, uma pré-escola do distrito de Södermalm, da cidade de Estocolmo, incorporou uma pedagogia sexualmente neutra que elimina completamente todas as referências aos sexos masculino e feminino.
Os professores e funcionários da pré-escola Egalia evitam usar palavras como "ele" ou "ela" e em vez disso se dirigem aos mais de 30 meninos e meninas, de idades variando entre 1 e 6 anos, como "amigos".
 
O han e o hon (ele e ela), foram trocados pelo pronome neutro hen, palavra que não existe nos dicionários. Mas tampouco é nova. Foi proposta por Hans Karlgren em 1994. Mas já havia sido aventada por Rolf Dunas, no Upsala Nya Tidning, em 1966. Nesta proposta, hen era apresentado como substituição a han e hon e mais: henom substituiria henne/honom (dele/dela). A palavra parece ter sido inspirada no finlandês hän.
 
Chez nous, temos a homoafetividade e o poliamor. Homossexualismo já era. Agora vige homoafetividade. A velha poligamia morreu. Viva o poliamor. Negro é insulto. O correto agora é afrodescendente. (Como se não fossemos todos afrodescendentes). Para o PT não existem mais crimes. Mas malfeitos.
 
O idioma fictício criado por Orwell só podia existir em um Estado totalitário, que controla inclusive a História, reescrevendo livros e jornais. Em 2013, estamos em pleno 1984 orwelliano.
Removendo-se a palavra ou um de seus sentidos, as pessoas não podem se referir a algo. Logo, este algo não existe mais. Controlando a linguagem, o governo controla o pensamento.
Alguns conceitos da novilíngua:
 
Duplipensar - Duplo pensamento, duplicidade de pensamentos, saber que está errado e se convencer que esta certo. "Inconsciência é ortodoxia".
 
Crimidéia - Crime ideológico, pensamentos ilegais.
 
Impessoa - Uma pessoa que não existe mais, e todas as referências a ela devem ser apagadas dos registros históricos.
 
Crimideter – Segundo Orwell, "faculdade de deter, de paralisar, como por instinto, no limiar, qualquer pensamento perigoso. Inclui o poder de não perceber analogias, de não conseguir observar erros de lógica, de não compreender os argumentos mais simples e hostis ao Ingsoc, e de se aborrecer ou enojar por qualquer trem de pensamentos que possa tomar rumo herético." - Como descrito pelo próprio autor no livro.
 
Negrobranco - A palavrinha tem dois sentidos mutuamente opostos. Quando é aplicada a um adversário, é o hábito de se afirmar que o negro é branco, apesar dos fatos evidentes. Quando aplicada a um membro do Partido, simboliza a lealdade de afirmar que preto é branco, se isso for exigido pelo Partido. Também significa acreditar que o preto é branco, ou até mais, saber que o preto é branco, e acreditar que jamais foi o contrário.
 
Daí a afirmar que guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força, basta apenas um passo.
 
Qualquer semelhança não é mera coincidência. O curioso é que a novilíngua contemporânea não é imposição de um Estado totalitário, mas de grupos de pressão vivendo em Estados democráticos. É a universidade, o mundo editorial e a imprensa que o impõem.
 
Os jornais escrevem catilinárias contra o politicamente correto. Mas ai do jornalista que, na hora de publicar, não seja politicamente correto. Morto o comunismo, as democracias estão sendo sapadas desde dentro. É como se as viúvas do Kremlin, não mais dispondo de um instrumento para exercer sua tirania, pretendessem exercê-la sem o suporte do Estado.
Se colar, colou. O pior é que está colando.
 
janer cristaldo
 
 
COMENTO: há muito instala-se "neçepaíz" a "petralíngua" onde recursos irregulares ou ilegais são "verbas não contabilizadas"; bandidos que pretendiam transformar o Brasil em uma imensa Cuba são "lutadores pela liberdade"; sistemas de câmeras de vigilância, "chips" de controle e localização de pessoas e automóveis, além de aparelhos de televisão que entopem os cérebros das pessoas de "cultura concebida nos estúdios" (noticiários, novelas e talk-shows - nem vou citar os reality-shows - que só mostram futilidades) substituem o olho do Grande Irmão vigiando e controlando atos e pensamentos. E em Banânia, uma Comissão da Verdade busca reescrever a História recente do país, invertendo valores dos atores da luta ocorrida entre terroristas e servidores que, cumprindo ordens e os sagrados juramentos feitos com base em suas honras, evitaram a queda do país em mãos de malucos seguidores de uma ideologia fracassada, que ainda teimam em não ver sua idiotice.
 
22 de janeiro de 2013
in mujahdin cucaracha

TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO


Neste domingo, o Fantástico da Rede 'Grobo', apresentou uma reportagem sobre o estado de abandono das obras de transposição do Rio S. Francisco.
 
Obras estas que fazem parte do PAC, "Plano de Aceleração da Corrupção", criado pela genialidade bandida da quadrilha dos Ratos Vermelhos, com fins de desvio dos recursos públicos da Pocilga.

O que quase ninguém lembra é que durante a campanha de 2010 para a presidencia da república, o Sebento e sua cangalha FELASDAPOTA vagabundos, inauguraram esta obra TRES vezes. Tudo para alavancar a cãdidatura Dilmarionett.

Pelo visto naquela região as mentiras fizeram efeito, e a Cã didata recebeu milhares de votos dos mesmos idiotas que hoje morrem à míngua com sede e fome por causa da seca.

A obra está abandonada, o que já foi construído está deteriorando por conta da má qualidade dos materiais e pela falta de responsabilidade do governo.

Sem contar que a previsão de custo da obra, como sempre, já ultrapassou o dobro do orçado e a obra está às moscas.

Certo que a 'Grobo' fez um trabalho jornalístico para mostrar para os idiotas que votam sem saber o por quê, que PTralha no governo é sinônimo de roubalheira e muita maracutaia.

Agora passaremos uma semana ouvindo e lendo a matilha de vira latas vermelhos atacando a 'Rede Grobo' como sendo reacionaria da direita golpista a fins de derrubar o governo.

Pobre país onde um DESgoverno arregaça os cofres públicos e ainda assim tem mais "popularidade" que Jesus Cristo. Por causa de um povo inerte, indolente, covarde e burro.

Mas certamente no dia em que a população da pocilga tiver um mínimo de cidadania a história irá julgar esses DESgovernos vagabundos e ladrões. Mas até lá...oremos para que o país não quebre.
 
22 de janeiro de 2013
omascate

ESTE BRASIL VAREJEIRO

 
Conquistamos Nova York. Em números e dólares somos campeões. Em Miami também.
A amiga de uma amiga entrou numa butique cara e falou bom inglês. Quando a dona descobriu que falava português, disse a ela que precisava de uma gerente que falasse nossa língua e podia começar no mesmo dia. A brasileira trabalha na Universidade da Flórida e está feliz no emprego.
 
Gerente da loja: "Dê seu preço. Eu pago o dobro". E foi mostrando o talão de cheques. A brasileira agradeceu e foi embora.

A fonte é boa, mas pode ser parte da fantasia do poder consumidor brasileiro em algumas cidades americanas.

Não sei se a dona da loja já encontrou a gerente, mas sei que em Nova York, como em Miami, brasileiro documentado com bom inglês está em falta e em alta.

Chegamos aos milhares e compramos. Foram uns US$ 2 bilhões no ano passado, um aumento de quase 500% em seis anos.

A prefeitura dá vivas ao Brasil, abre portas, imprime e distribui novos guias em português.

As más línguas dizem que brasileiros só vêm para as compras, mas Harold Holzer, vice-presidente do Metropolitan Museum, me contou que hoje os brasucas estão em terceiro lugar nas visitas do museu. Um amigo cético garante que eles vão às compras na lojona, antiga lojinha, do museu, mas isto não está na pesquisa.
"Em Nova York, como em Miami, brasileiro documentado com bom inglês está em falta e em alta."

O Financial Times, de Londres, publicou que estamos endividados até o pescoço, numa bolha de consumo que vai explodir a qualquer momento. Outra pesquisa, da Global Inteligence Alliance, informa que até 2017 o Brasil continuará sendo a bola e não a bolha da vez. Vai bombar e bolar na Copa e nas Olimpíadas.

Na terça-feira, passei algumas horas com mais de duzentos varejistas brasileiros reunidos no Waldorf Astoria. Estão aqui para o evento anual da National Retail Federation, que reúne o mais poderoso lobby dos varejistas americanos. Sobre o Brasil, entre brasileiros, otimismo nota dez.

Lá estavam Luiza, do Magazine Luiza, a segunda rede de varejo no Brasil, Flavio Rocha, presidente da Riachuelo-Guararapes, campeã em confecções, Manuel Correa, presidente da Telha Norte, do Grupo Saint Gobain, líder da América Latina em material de construção, e Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura, pronto para bater de frente com os invasores da Amazon.

Todos veem um futuro promissor. Vão investir no Brasil em 2013. Flavio Rocha é o único que vê nuvens negras no horizonte, mas só daqui a uns dez anos. Ele enxerga longe e compara nossa situação com a década americana de 70 a 80.

Mas porque os brasileiros deixaram R$ 4 bilhões ano passado em Nova York em vez de enriquecer nossos varejistas? Luiza culpa o custo Brasil da burocracia e dos impostos, enfim o governo, pela falta de apoio ao varejo que, embora seja cada vez mais importante na economia brasileira e na geração de empregos, não é tratado com o mesmo respeito que os varejistas americanos pela Casa Branca, Congresso e até pelo próprio povo. Varejo é coisa barata, de gente pobre.

Consumo representa 70% da economia americana, mas o governo nem sempre andou de mãos dadas com Walmart e outros gigantes do varejo. Na primeira metade do século 20, a rede AP, Atlantic Pacific, tinha 16 mil supermercados nos Estados Unidos. Hoje, a Walmart, maior empregadora privada do mundo, tem 4.300 hipermercados. São US$ 35 mil de faturamento, por minuto.

A AP era tão poderosa que o governo proibia a rede de dar descontos, senão quebrava a vizinhança. Quando a AP descumpriu a lei, foi processada pelo Tio Sam por vender barato, perdeu, pagou multa e subiu os preços. Dane-se o consumidor no mundo capitalista, o capitalismo tem razões que a razão desconhece.

A partir da década de 60, graças aos carros, Walmart, K-Mart e Target se tornaram gigantes no varejo, conquistaram espaço nos subúrbios e cidades pequenas. Varejo nos Estados Unidos é classe média, mas até hoje muitos governos barram suas superlojas nos centros urbanos.

Quando a Magazine Luiza abre uma lojona numa área de baixa renda, gera centenas de empregos, mas mata quantas lojinhas? Deveria ter perguntado a ela. Mais importante é saber quando o brasileiro poderá comprar nas Luizas brasileiras o que compra em Nova York.

22 de janeiro de 2013
Lucas Mendes em ilustração de Baptistão
Lucas Mendes, De Nova York para a BBC Brasil