"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

RIO DE JANEIRO E PORTO ALEGRE TIRAM O SONO DOS POLÍTICOS CORRUPTOS



Enquanto centenas de cidades preparam para 12 de outubro a reprise em escala ampliada das manifestações de 7 de setembro, o Rio e Porto Alegre resolveram tirar o sono da bandidagem já nesta terça-feira. Os assaltantes de cofres públicos terão de ouvir a voz dos cariocas e porto-alegrenses que não perderam a vergonha e não se rendem ao vale-tudo que deixou o país parecido com um imenso clube dos cafajestes.

Coisa de moralista, assustam-se nos blogs estatizados os comparsas dos larápios providos de CIC e RG, como recomenda Lula, e de padrinhos poderosos e amorais, como atesta o comportamento do ex-presidente reduzido a Padroeiro dos Companheiros Pecadores. Coisa de quem exige a prevalência da lei, sem a qual não há Estado Democrático de Direito, retruca o Brasil que presta, assombrado com as dimensões da roubalheira.

A corrupção endêmica já é medida em países. Baseado em números fornecidos pela Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União e pela Controladoria Geral da União, o economista Marcos Fernandes da Silva, da Fundação Getúlio Vargas, constatou que o desvio de recursos federais entre 2002 e 2008 foi do tamanho da economia da Bolívia: R$ 42 bilhões. É dinheiro suficiente para reduzir à metade o número de casas sem saneamento, hoje calculado em 25 milhões de moradias. E é só uma fração do que foi tungado dos pagadores de impostos.

Não entraram na conta os assaltos ainda ocultos, como os que envolvem a Famiglia Sarney. Nem o que foi embolsado por larápios que agem nas administrações estaduais e nas prefeituras. O produto do roubo certamente equivale a várias bolívias. Nenhum centavo foi recuperado. Não há nas cadeias um único ladrão da classe executiva. Mas existe a sensação de que algo começou a mudar. Amanhã, cariocas e gaúchos dirão se faz sentido acreditar na chegada simultânea de duas primaveras.

Augusto Nunes

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