"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 26 de março de 2012

BASE ALIADA AGORA COBRA GURGEL SOBRE A DEMORA NO CASO DEMÓSTENES

Como dizia Magalhães Pinto, a política é como uma nuvem. Você olha, está de um jeito. Olha de novo, já está de outro jeito… É justamente isso que está acontecendo com o PT, PSB e PDT, que ficaram quietinhos quando o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, absolveu Antonio Palocci, então chefe da casa Civil, mas agora exigem rapidez na investigação contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), anunciou domingo que seu partido, o PDT e o PSB querem que o procurador Gurgel, explique a demora na apuração do caso, que já transcorre desde 2009. Segundo Pinheiro, as legendas preparam para terça-feira uma representação cobrando Gurgel sobre o caso.

Segundo o repórter Leandro Colon, da Folha, a decisão foi tomada depois da descoberta de que há três anos Gurgel tem informações sobre as ligações do senador com o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e nada fez. “O procurador tem que explicar essa demora toda até agora em abrir um inquérito, um processo, algo parecido”, disse Pinheiro.

A Procuradoria-Geral da República alega que este primeiro inquérito de 2009 ficou aguardando o resultado das investigações de outro inquérito, o da Operação Monte Carlo, que desmontou no mês passado um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na exploração de jogos. Cachoeira foi preso na operação.

O material da Monte Carlo já está com Gurgel, que disse estar analisando as informações em conjunto com os dados de 2009. Ele não tem prazo para tomar a decisão de investigar ou não o senador do DEM. Como Demóstenes Torres tem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal, somente o procurador-geral pode investigá-lo no âmbito criminal, com o aval dos ministros da corte.

Acusado de ser o chefe do esquema, Carlinhos Cachoeira é amigo do senador do DEM. Demóstenes, gravado em cerca de 300 telefonemas com Cachoeira em menos de um ano, admitiu ter recebido um telefone especial do empresário para conversas entre os dois e também ganhou de presente eletrodomésticos de cozinha, importados dos Estados Unidos.

O inquérito policial aponta que os celulares habilitados nos Estados Unidos foram distribuídos por Cachoeira porque eles seriam imunes a grampos. Porém, a Polícia Federal conseguiu quebrar o sigilo.

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RELAÇÕES PERIGOSAS

Depois que surgem as primeiras acusações, as denúncias sempre se multiplicam. É justamente o que está acontecendo com o senador Demostenes Torres (DEM-GO), cuja íntima ligação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira demorou três anos para vir a público, vejam só como a Polícia e a Justiça podem ser coniventes com “malfeitos”.

Como se sabe, o senador tem seu nome envolvido na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou no mês passado um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na exploração de jogos caça-níquel e prendeu Carlinhos Cachoeira, que é amigo de Demóstenes e teve quase 300 telefonemas com ele gravados pela polícia em menos de um ano.

Agora, quando Demóstenes Torres corre o risco de virar alvo do Supremo Tribunal Federal, por ter foro privilegiado, surge a notícias de que o líder do DEM emprega em seu gabinete uma enteada de Gilmar Mendes, um dos 11 ministros do STF, segundo reportagem de Leandro Colon e Fernando Mello, publicada na Folha.

Ketlin Feitosa Ramos, que é tratada na família como filha do ministro, ocupa desde setembro o cargo de assessora parlamentar de Demóstenes, posto de confiança e livre nomeação.

Demóstenes e Mendes negaram haver conflito de interesse e afirmaram, por meio das assessorias, que a nomeação de Ketlin Feitosa foi feita por critérios técnicos. Por escrito, Ketlin disse que procurou por conta própria emprego no Senado.

“Demóstenes me fez uma proposta de trabalho para que eu atuasse em sua assessoria jurídica e que estava precisando de um servidor com o meu perfil pois tinha muito interesse na área ambiental”, explicou.

E fica combinado assim, como se dizia antigamente.

Carlos Newton
26 de março de 2012

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