"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 11 de março de 2012

TEOTIHUACÁN, UM POVOADO MISTERIOSO

Teotihuacán não fazia parte de nenhum império, o que reforça a crença de que seu povoado era multi-étnico, auto-suficiente e culturalmente alheio às guerras.
Muito antes de Nova York, as Américas já sabiam o que era ter uma metrópole. Teotihuacán foi, em seu apogeu – entre 150 a.C a 450 d.C -, menor apenas que Roma. Suas pirâmides majestosas – do Sol e da Lua -, a grande avenida principal – Rua dos Mortos [nomes dados modernamente para atrair turistas] – e outros aspectos, como o fato de terem incentivado uma política de construir residências definitivas de pedra para cidadãos comuns, por exemplo, são símbolos de seu desenvolvimento e superioridade. Diferentemente de Roma, Teotihuacán não deixou sinais de trabalho escravo e não fazia parte de nenhum império, o que reforça a crença de que seu povoado era multi-étnico, auto-suficiente e culturalmente alheio às guerras.

O imperialismo e o comando ali estabelecidos permanecem um mistério porque, apesar de todo o planejamento e sucesso evidentes da cidade, não há registro de um governante sequer. Tudo não passa de suposição, uma vez que a falta de registros não se limita à história de seus líderes. Até hoje, não se sabe onde os cidadãos teotihuacanos eram enterrados, por exemplo. Nem os nobres, nem a plebe, nem sacerdotes ou imperadores.



Tampouco se sabe o motivo de sua decadência repentina, há cerca de 1500 anos. Cogita-se a possibilidade de uma invasão e conquista por outros povos, mas as teorias mais aceitas falam em revoltas populares ou até mesmo de um possível rompimento dos sacerdotes com os deuses, já que há mais marcas de destruição encrustadas nos templos e na cidadela do que nas casas dos moradores.

Chegar até este misterioso sítio arqueológico a partir da Cidade do México é fácil e barato. Vá à estação de metrô Autobuses del Norte e, dentro do terminal rodoviário, dirija-se ao setor 8, onde são vendidas passagens para as “pirámides”. A viagem de 40 km é rápida e em veículos confortáveis. Os guias TimeOut e DK têm informações e leituras interessantíssimas sobre o local.

Curiosidades:

- A pirâmide do Sol é a terceira maior do mundo

- Apesar das semelhanças físicas e culturais, Teotihuacán nunca pertenceu ao Império Azteca (ou Mexica)

- No auge, Teotihucán pode ter parecido uma utopia, mas alguns corpos encontrados decapitados e com membros atados sugerem que alguma espécie de ritual, envolvendo muito sangue e sacrifício humano, era praticado para manter a ordem.

- A Rua dos Mortos parece mesmo uma fonte de inspiração para as avenidas das metrópoles atuais. Ampla, extensa e pontuada pelas principais atrações da cidade.

Tiago Caramuru
Artigo publicado originalmente no Esvaziando a mochila, parceiro do Opinião e Notícia.
11 de março de 2012

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