"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 12 de junho de 2012

O PORQUÊ DO MASSACRE DE MARCONI PERILLO

A ordem do Lula é para o PT massacrar o governador Marconi Perillo, em seu depoimento de hoje, na CPI do Cachoeira. Como senadores do PSDB bateram bem mais firme no ex-presidente, quando no palácio do Planalto, fica a indagação de por que tanta sede de vingança contra o tucano.
À primeira vista, só tem uma explicação: Perillo espalhou aos sete ventos haver alertado o então presidente a respeito da existência do mensalão, antes mesmo das denúncias de Roberto Jefferson. E completou que sua denúncia caiu no vazio, quer dizer, o Lula sabia e não fez nada.

Junte-se a essa hipótese a obstinada reação do ex-presidente contra o julgamento do mensalão e se terá a resposta para tanta veemência: ele teme que respinguem sobre seu governo porções do barro a ser lançado no ventilador depois que o Supremo Tribunal Federal terminar sua tarefa.

A questão fundamental não é se o Lula sabia ou não sabia das trapalhadas que José Dirceu orquestrava quando no palácio do Planalto. Por declarações anteriores do ex-chefe da Casa Civil, nada do que fazia era desconhecido pelo primeiro-companheiro.
O raciocínio vai mais adiante: além de saber, o Lula teria autorizado a compra de deputados com dinheiro duvidoso, para garantir maioria tranqüila na Câmara? Nesse caso, senão réu, como os 38 indiciados, o Lula teria sido conivente. Será essa sombra que ele tenta afastar de sua gestão, mandando bater firme no primeiro político a denunciar a lambança?

A orientação do ex-presidente não afasta, é claro, a pesada carga de acusações contra o governador de Goiás. Suas ligações com Carlinhos Cachoeira parecem óbvias. Ainda agora surgem evidências da venda de uma casa de Perillo, em Goiânia, paga com dinheiro do bicheiro. E mais mil e um envolvimentos do atual governo goiano com a quadrilha. Se vier a ser massacrado, o depoente de hoje nada terá que reclamar.

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MÁRCIO, QUEM DIRIA?

Chocou o mundo jurídico a entrevista do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos a um programa de televisão, no fim de semana. Menos por haver dito que a imprensa tomou partido contra os réus do mensalão, tentando influenciar o julgamento no Supremo Tribunal Federal, mais porque criou uma nova figura processual, a “publicidade opressiva”. Que diabo será isso?
Pela Constituição, é livre a expressão do pensamento através dos meios de comunicação. Estaria o fulgurante advogado contestando esse direito ao confundi-lo com publicidade e, mais do que isso, com opressão? Sentir-se-iam os ministros da mais alta corte nacional de justiça oprimidos pelo exercício de uma das liberdades constitucionais? Afinal, se está havendo abuso por parte de certos meios de comunicação, nada mais simples do que exigir sua punição.

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SE NÃO VEM, AZAR O DELES

A ausência de alguns chefes de governo e de estado de inequívoca expressão, na reunião do Rio+20, longe de ofuscar o encontro, testemunha contra eles. Deixa claro estarem as grandes potências pouco preocupadas com o meio ambiente e o futuro do planeta. Alem de indispô-los com nações menos ricas porém mais cônscias de seus deveres para com a Humanidade. Não farão falta.

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SILÊNCIO INEXPLICÁVEL

Pouco adiantou a cobrança de mais luz sobre os trabalhos da Comissão da Verdade. Nenhuma reação ouviu-se a respeito da ausência de informações por parte dos sete membros do grupo encarregado de investigar denúncias de torturas, sequestros e assassinatos praticados por agentes do Estado e parte de seus adversários, durante os anos da ditadura. Ou estão em confronto interno, sem saber para onde vão, ou, pior ainda, julgam-se acima do bem e do mal, à maneira daqueles que deveriam estar investigando.

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