"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 4 de julho de 2012

CHÁVEZ TENTOU INICIAR UMA GUERRA CIVIL NO PARAGUAI ANTES DO IMPEACHMENT DE LUGO

 
 
O novo governo paraguaio apresentou ontem vídeos que, segundo ele, comprovam que o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, se reuniu com o alto comando militar do Paraguai antes da deposição de Fernando Lugo da Presidência. Além do ministro do governo Hugo Chávez, o embaixador equatoriano Julio Prado estaria no encontro. "Tenho certeza de que serão entregues [cópias das gravações] aos órgãos responsáveis", afirmou a ministra da Defesa do Paraguai, María Liz García, durante entrevista.
 
Ela e o presidente Federico Franco acusaram na semana passada os governos da Venezuela e do Equador de tentar promover levante dos militares paraguaios para que Lugo permanecesse no poder. As imagens divulgadas ontem mostram que os comandantes das Forças Armadas paraguaias e o chanceler venezuelano estavam presentes no palácio do governo, em Assunção, no dia 22 de junho, momentos antes de o Congresso aprovar o impeachment, em processo que durou pouco mais de 30 horas. No entanto, não é possível concluir se Maduro e os militares estiveram realmente reunidos. Além disso, o áudio do material distribuído para a imprensa é de má qualidade e não permite verificar o que é conversado.
 
As imagens mostram também que os chanceleres Ricardo Patiño (Equador) e María Ángela Holguín (Colômbia), assim como o secretário-geral da Unasul, o venezuelano Alí Rodríguez, chegaram ao palácio ao mesmo tempo que Maduro. O ministro do governo Hugo Chávez respondeu as acusações dizendo que elas dão "a amostra política e moral de um pessoal que acabou de dar um golpe de Estado e trata de acusar os outros de dar golpes e contragolpes". "Essa acusação não tem base na realidade", concluiu Maduro.
 
Os chanceleres da Unasul, incluindo o brasileiro Antonio Patriota, estavam em missão no Paraguai para acompanhar a crise no país. O governo brasileiro reagiu com perplexidade à divulgação do vídeo. A avaliação é que a denúncia dá argumento e força aos críticos da entrada da Venezuela. Apesar disso, o Itamaraty diz que a inclusão do país é uma "decisão já tomada e irreversível". Isso porque o documento assinado por Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai), na sexta, diz que eles "decidem o ingresso da República Bolivariana da Venezuela no Mercosul".
 
O vice-presidente uruguaio, Danilo Astori, disse que a entrada da Venezuela no Mercosul -decidida na semana passada, após a suspensão do Paraguai- "pode ser a ferida mais grave" da história do bloco. Anteontem, o chanceler uruguaio Luis Almagro afirmou que o país era contrário ao ingresso da Venezuela, o que é negado pelos governos do Brasil e da Argentina -o ministro foi convocado pelo Senado do seu país para dar explicações sobre o caso. Segundo Almagro, a decisão só se deu após intervenção da presidente Dilma em reunião com Mujica e Kirchner em Mendoza (Argentina).
 
Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência brasileira para assuntos internacionais, disse que a decisão de incluir a Venezuela foi proposta por Mujica e acatada pelos demais países.
 
04 de julho de 2012
in coroneLeaks

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