"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO SOBRE O JULGAMENTO DO MENSALÃO

Petralhas articulam tramóias para tentar desmoralizar Barbosa assim que Britto se aposentar no STF


Será que o operador do Mensalão, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, com condenação à prisão praticamente sacramentada, pode cometer um ato de vingança, deixando vazar algum dossiê que destrua a imagem pública e até leve para a cadeia alguém mais que ficou de fora da Ação Penal 470? O mesmo também pode ser feito pelo publicitário Duda Mendonça, caso também seja condenado ao cárcere? Eis a grande dúvida que atormenta a petralhada até o final do julgamento no Supremo Tribunal Federal.

Calculando tamanho risco, sob o comando do chefão Lula da Silva e do poderoso-réu José Dirceu, os petistas já têm acertada uma tática defensiva programada. Se a condenação é inevitável que se tente diminuir as penas ou até criar embaraços para atrasar o desfecho do julgamento para que alguns crimes prescrevam. Já está certo que os advogados dos réus tentarão embargar decisões dos ministros do STF, para que o resultado final seja arrastado para o ano que vem.

A pressão política de bastidores sobre os ministros do STF acontecerá na fase de dosimetria das penas. Quem deve tomar cuidado máximo é o futuro presidente do STF, Joaquim Barbosa. Arma-se, nos mafiosos bastidores petralhas, alguma tramoía para tentar desmoralizar o relator do Mensalão tão logo ele assuma o comando do Supremo, com a aposentadoria, em novembro, do presidente Carlos Ayres Britto. A transformação de Barbosa em herói público desagrada ao alto-comando petralha. O nome dele já figura na lista de risco como potencial adversário para a sucessão presidencial de 2014.

Risco de vingança

O que fortalece o risco de Marcos Valério cometer alguma vingança contra os petistas é que eles o escolheram como instrumento para a detonação de Aécio Neves (outro concorrente do PT em 2014), quando o julgamento do chamado Mensalão Mineiro acontecer no STF, provavelmente ano que vem.

A questão é se Marcos Valério – que até hoje sempre se manteve calado e nunca comprometeu ninguém da cúpula petista – aceitará tal jogo passivamente.

A pista para tal tática de guerra petralha (com risco grande de haver um troco) ficou evidente em um comentário do ministro José Dias Toffoli, ontem, durante mais uma condenação aplicada a Marcos Valério e seus sócios por lavagem de dinheiro.

Alvos mineiros

Dias Toffoli frisou que o plenário atestou que o chamado valerioduto de fato existiu.

Toffoli também fez questão de recordar e frisar que “a tecnologia de movimentação financeira” das empresas de Marcos Valério já havia sido usada “por parte de um grupo proveniente de Minas Gerais”.

Toffoli se referiu ao mensalão tucano, em análise pela Justiça Estadual em Minas Gerais e, em breve, pelo STF, pois existem réus com foro privilegiado.

Número perigoso

Pelas condenações, até agora, por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro, Marcos Valério já faz jus a uma condenação mínima de 13 anos de prisão em regime fechado.

Treze é exatatamente o número do PT.

Como o 13 é a carta da morte no tarô, é bom que os envolvidos tomem cuidado para o jogo não ficar mais perigoso do que já está...

Aliviando

O advogado e ex-sócio de Valério, Rogério Tolentino, recebeu dois votos por sua absolvição.

Vieram de Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli...

Os dois ministros alegaram que não se comprovou que o réu fosse mais do que advogado de Marcos Valério.

Escaparam

Duas rés foram absolvidas no julgamento de ontem.

A ex-diretora do Banco Rural, Ayanna Tenório, foi inocentada por unanimidade.

Geiza Dias, ex-secretária de Valério, chamada de mequetrefe por seu gaiato advogado, acabou absolvida por sete votos a três, por não saber da origem e destinação ilícita dos recursos.

Bom velhinho em ação

Marco Aurélio de Mello discordou dos ministros que absolveram Geiza, opinando que “ela tinha domínio da tramóia”:

Aos 66 anos, não posso acreditar em Papai Noel. Minha experiência de vida é conducente a votar reconhecendo configurada a prática do delito de lavagem do dinheiro”.

Pelo visto, Geiza ganhou um presente antecipado de Natal...

Próximo passo

No julgamento de ontem, os ministros entenderam que o esquema operado por Marcos Valério, com ajuda de dirigentes do Banco Rural, usou de mecanismos para ocultar e dissimular a origem do dinheiro público desviado para abastecer políticos da base aliada do então governo Lula.

O próximo passo agora é votar se são culpados ou inocentes os políticos que foram beneficiados pelo valerioduto mensaleiro.

A tendência é que sejam condenados...

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

14 de setembro de 2012Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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