"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 9 de março de 2013

FINANCIAL TIMES DESCREVE TIRIRICA COMO "PALHAÇO QUE PERDEU O SORRISO"

 

Segundo jornal britânico, deputado não pretende tentar a reeleição.
Correspondente acompanhou rotina do parlamentar em Brasília.

 
Deputado federal campeão de votos, o palhaço Tiririca (PR-SP) estampou nesta terça-feira (26) a página principal da versão online do jornal britânico “Financial Times”, um dos periódicos mais prestigiados do mundo.

Intitulada de “Palhaço político do Brasil perde seu sorriso”, a reportagem resgata a trajetória do humorista brasileiro e sua imersão no cenário político, nos últimos dois anos.
Segundo a publicação, Tiririca se decepcionou com a política e, desde que foi eleito, “perdeu seu sorriso”.

O palhaço que virou deputado, em 2010, com 1,3 milhão de votos afirmou ao diário inglês que não pretende disputar a reeleição no ano que vem.

O texto destaca que ele se elegeu para o Congresso beneficiado por votos de protesto dos eleitores de São Paulo. O site do jornal relembra que os slogans da campanha eleitoral do comediante “deliberadamente” satirizavam a política brasileira.


No mais famoso deles, Tiririca confessava que não sabia o que fazia um deputado, porém, dizia que se votassem nele ele iria descobrir e contaria aos eleitores.

“Você passa dias inteiros fazendo nada, só aguardando para votar alguma coisa enquanto as pessoas discutem e discutem”, ressaltou o palhaço.


O correspondente do “Financial Times” que redigiu o texto acompanhou a rotina do parlamentar em Brasília. Segundo o relato, para se entrar no gabinete de Tiririca na Câmara dos Deputados é preciso transpor uma multidão de pessoas que se aglomeram na porta de entrada do recinto.

“Há dias em que nós temos de chamar os seguranças para nos ajudar a deixar o gabinete”, contou Tiririca à publicação nglesa. Ele também disse ao jornal que todos os dias cerca de 150 fãs ingressam no Congresso apenas para fazer fotos ao lado dele.


Imagem do site do 'Financial Times' com reportagem sobre o deputado Tiririca (Foto: Reprodução)Imagem do site do 'Financial Times' com reportagem sobre o deputado Tiririca (Foto: Reprodução)
 
O “Financial Times” comparou Tiririca ao comediante italiano Beppe Grillo, criador do Movimento Cinco Estrelas, ou M5S. Representando o voto de contestação, Grillo se tornou uma liderança política no país europeu. Seu grupo se saiu bem nas eleições legislativas e passou a ser visto como "curinga" na Itália.

Ao descrever a entrada de Tiririca na política nacional, em 2010, o jornal inglês disse que, à época, ele foi visto como uma piada pela elite política brasileira ao chegar a Brasília.

No entanto, diz o texto, desde que trocou o picadeiro pelo plenário da Câmara, se tornou um dos parlamentares mais destacados da Casa, “pelo menos em termos de assiduidade”. “E inverteu a piada sobre o Congresso, criticando-o por sua ineficiência”, diz o jornal.

A reportagem ressalta ainda que Tiririca faz parte de um crescente número de celebridades que trocaram os holofotes pelos carpetes verdes da casa legislativa. O periódico relaciona no rol de “estrelas” do Congresso Nacional o ex-jogador da Seleção Romário e o ex-boxeador Acelino “Popó” Freitas.

Tiririca disse à publicação que ninguém tentou corrompê-lo na Câmara desde que assumiu seu mandato. Mas ele observou que a corrupção “é uma realidade da instituição”, referindo-se às compras de votos que levaram políticos de diversos partidos a serem condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema do mensalão.

“Aqueles que cometem coisas erradas não irão parar, porque esse mundo funciona dessa forma, mas eles passarão a tomar mais cuidado”, avaliou o deputado. “O que faz um parlamentar? Ele trabalha um monte e produz pouco. Essa é a realidade”, ironizou.

09 de março de 2013
Fabiano Costa, Do G1, em Brasília

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