"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 10 de setembro de 2011

TONINHO DO PT - 10 ANOS

Na manhã de 11 de setembro de 2001, o principal assunto da reunião de pauta na Redação da Folha era o assassinato do prefeito de Campinas, Toninho do PT, ocorrido horas antes, na noite do dia 10.

Em 17 minutos, entre 8h46 e 9h03, quando as Torres Gêmeas foram atingidas, a morte de Toninho passou de destaque do dia a uma nota de rodapé esquecida. Não foi, porém, apenas o 11 de Setembro que ofuscou esse crime. Dez anos depois, o assassinato do prefeito da maior cidade do interior do Estado ainda não foi esclarecido. Quem o matou - e a mando de quem?

O caso Toninho é tão intrigante e mal explicado quanto o assassinato de Celso Daniel, prefeito petista de Santo André, ocorrido pouco meses depois, em janeiro de 2002.

Nos dois episódios, a versão oficial - de que foi crime comum, sem motivação política ou envolvimento de gente graúda com interesses ameaçados - é no mínimo insatisfatória.

As investigações da morte de Toninho foram reabertas em novembro do ano passado. Antes disso, a Justiça havia rejeitado a denúncia contra o sequestrador e traficante Andinho por considerar as provas do Ministério Público "frágeis, inseguras, contraditórias".

A família do ex-prefeito aponta uma sucessão de lambanças durante o inquérito (participação de policiais envolvidos na CPI do Narcotráfico, desaparecimento de provas, ausência de perícia em objetos, a chacina de quatro suspeitos por membros da própria polícia de Campinas, ocorrida no litoral).

Apesar disso tudo, e da sua insistência, a viúva de Toninho nunca conseguiu que a PF entrasse na investigação - pedido que dorme há três anos na gaveta da Procuradoria-Geral da República.

A mágoa dela com a omissão do PT e o corpo mole do governo petista é imensa. Basta ver o que diz no site quemmatoutoninho.org. Não sabemos ainda a resposta. Mas sabemos quem matou a honestidade quando chegou no poder em Campinas, em Santo André, no país.

Fernando de Barros e Silva, Folha de S. Paulo

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