"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

UMA PÁGINA TRISTE DA HISTÓRIA AMERICANA

Numa guerra, não há mocinhos, nem bandidos como os filmes de Hollywood tanto disseminaram, por décadas.
Recentemente foi descortinada uma página triste da história americana, onde atrocidades cometidas por cientistas yankees os igualaram às práticas nazistas em campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial.


O médico americano John Cutler no começo da década de 1960 com cobaias extraídas da comunidade negra do Alabama

Documentos revelaram que entre 1946 e 1948, experimentos científicos patrocinados por uma agência de saúde subordinada ao Departamento de Saúde Norte-americano, infectou cerca de 1300 cidadãos guatemaltecos com doenças venéreas, para supostamente testar os efeitos da recém-lançada penicilina no combate às doenças sexualmente transmissíveis.

Entre outras praticas dignas de um Dr. Mengele, inocularam sífilis no globo ocular de prostitutas, estimulando-as a copular posteriormente com soldados do exército daquele país latino-americano, além de homens com deficiências físicas e mentais.

Órfãos também foram usados nos experimentos, onde o cientista responsável, um senhor chamado, Dr. John Charles Cutler, mantinha um laboratório nos moldes do usado pelo sinistro Dr. Moreau na ficção científica "A Ilha do Dr. Moreau" *(Livro de H.G. Wells), que gerou três bons filmes, por sinal.
E o Dr. Cutler que antes desses documentos virem à baila, por décadas foi considerado um benfeitor da humanidade por suas descobertas no campo das DST, agora sabemos às custas de pessoas pobres de um país centro-americano, certamente tratadas como cidadãos de terceira classe.

E indo mais fundo, descobriram que antes, em 1943, já fizera vários experimentos em presidiários e adivinhem, pessoas negras e pobres de uma penitenciária da Indiana.
Mas Mengele e Cutler não estão sozinhos na disputa pela "medalha de ouro Dr. Moreau".

Cientistas coreanos nos anos 1930, obrigaram cobaias humanas a ingerirem repolhos envenenados e através de um vidro, monitoravam "cientificamente', os vinte minutos em média que esses infelizes demoravam para morrer após violentas convulsões.

Um microbiologista japonês chamado Shiro Ishii, montou durante o período da Segunda Guerra Mundial , um laboratório ainda mais cruel que o do Dr. Cutler, num rincão asiático dominado pelo exército imperial nipônico.


Grigori Mairanovski, um cientista soviético, costumava fazer experimentos com cobaias humanas nos gulags, envenenando-os com gás C-2. Durava cerca de 15 minutos a agonia dessas pessoas, observada com afinco pelo nobre pesquisador. E o objetivo desse experimento era descobrir um meio do gás não deixar vestígios para legistas e assim contribuir com a eficácia do sigilo da espionagem na Guerra Fria.

E o que dizer dos experimentos da bomba atômica? Pergunte aos pobres moradores do Atol de Bikini ou das Ilhas Marshall, com seus casos de abortos, nascimentos prematuros, câncer tireoidiano etc.
Entre 1971 e 1989, um cientista sul-africano torturou milhares de pessoas, alegando ter encontrado a "cura" para o homossexualismo masculino e feminino. Entre seus métodos, eletrochoques e castração química.



Cena do filme "The Manchurian Candidate" com Frank Sinatra
E o projeto MK-Ultra? Muito antes dos Hippies dos anos sessenta elegerem o LSD como seu combustível sob as bênçãos de Timothy Leary, a CIA fazia experimentos desde o final dos anos 1940, mas com outros propósitos menos lúdicos.
O objetivo era controlar a mente de super espiões, violando as normas do código de Nuremberg (Quando se proibiu experimentos desse nível para efeitos militares ou de inteligência secreta).
E para testar tais métodos, doses cavalares de LSD eram injetadas nas cobaias e muita gente morreu de forma trágica. Recomendo assistir o excelente filme "The Manchurian Candidate", onde esse tema é tratado, com Frank Sinatra atuando como protagonista e muito bem por sinal.

Encerrando: Em nome da "ciência", não são apenas os pobres animais que já sofreram. E nenhuma nação está livre desse ônus, onde não existem mocinhos, só bandidos.

Acrescento:

*A Ilha do Dr. Moreau é um romance de ficção científica de H.G.Wells (foto) lançado originalmente em 1896.

O enredo fala de um médico que cria criaturas monstruosas em uma ilha tropical. Moreau é um cientista obcecado pela idéia de transformar animais em homens através de cirurgias e hipnose.
A chamada vivissecção é o crime de que Moreau é acusado ao fazer suas experiências dolorosas em animais. Isto o leva a se refugiar na ilha onde desenvolve suas idéias. Há, nesta obra, toda uma discussão sobre religião, ética científica, behaviorismo e evolução.

Mais recentemente, um filme estrelado por Marlon Brando, A ilha do Dr. Moreau (1996), tentou contextualizar o enredo usando ciência moderna: engenharia genética e eletrônica.

Luiz Antonio Domingues

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