"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 18 de outubro de 2011

NOTAS POLÍTICAS

Problema para o sucessor de Dilma

ONGs e empreiteiras estão envolvidas nas denúncias de corrupção no governo, atingindo agora o ministério dos Esportes, como antes o ministério do Turismo, sem esquecer os Transportes, a Agricultura e até a Casa Civil. É a velha regra de não haver corruptos sem corruptores. O diabo está em que, apesar da defenestração de ministros e montes de funcionários, prevalece a impunidade relativa aos que superfaturaram obras, impuseram aditivos contratuais sem prestar os serviços contratados e distribuíram comissões e propinas, ficando com a maior parte dos recursos públicos.

A lógica e as evidências indicam a mesma prática em outros ministérios, ainda não denunciados, e em altos patamares da administração pública. Seria necessário atacar o mal pela raiz, ou seja, proibir toda e qualquer ONG de celebrar contratos com o governo. Ou não se intitulam entidades não-governamentais? Vão buscar dinheiro na iniciativa privada.

Ao mesmo tempo, cancelar a participação das empreiteiras flagradas em ilícitos e malfeitos na execução de obras e na prestação de serviços.

Só que tem um problema: se a presidente Dilma optasse por essas ações cirúrgicas, o país iria parar. Boa parte da economia é movida por esses dois pilares de sustentação das lambanças, obviamente que erigidos com o cimento da esperteza de partidos políticos, maus funcionários, grupos e quadrilhas encasteladas no poder. Numa palavra: sem a corrupção, viria de imediato a recessão.

Fazer o quê? Apelar para o Judiciário, aguardando a imediata apuração e punição de cada denúncia, seria sonhar acordado. Esperar que corruptos e corruptores abandonem suas práticas por medo da cadeia ou por arrependimento ético, outra ilusão. Arrancar do Legislativo profunda modificação nas leis, de modo a fechar as brechas por onde escoa a impunidade? Nem pensar.

Conclusão: Dilma precisa adotar a lição daquele velho Papa que ao ser abordado por um místico, informando haver o anti-Cristo nascido em Roma, perguntou que idade tinha o rebento. Ao saber que estaria com três anos, respondeu: “então não é problema meu, mas do meu sucessor…”

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ENGANAÇÃO

Da Europa vem a informação de que os grandes bancos decidiram ajudar ainda mais a Grécia, Portugal, Espanha e outras nações à beira da falência. Verdade? Não. Mentira pura e deslavada. Os bancos não ajudam ninguém. Os recursos que supostamente adiantarem aos governos referidos e outros nem sairão de seus cofres. Servirão para pagar dívidas atrasadas, com a peculiaridade de gerarem mais lucros, tendo em vista os juros impostos a essas nações. O endividamento só fará aumentar.

“Me engana que eu gosto”, deveria chamar-se essa nova fase da crise econômica mundial, mesclada ao aumento de impostos, a redução de salários, as demissões em massa e a supressão dos investimentos sociais.

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ACABA DANDO REPETECO

Vão de mal a pior as relações de cúpula entre o PT e o PMDB. Dificilmente será cumprido o acordo da inversão de presidências, quer dizer, os companheiros entregariam aos peemedebistas a presidência da Câmara e, no Senado aconteceria o inverso. Pelo jeito, para o biênio 2013 – 2014, permanecerão em seus postos o deputado Marco Maia e o senador José Sarney. Há uma certa lógica na hipótese, porque o PT continua a maior bancada na Câmara e o PMDB, no Senado.

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A MÁGICA E O MÁGICO

Disse o general Golbery do Couto e Silva, depois de haver deixado o Gabinete Civil, rompido com o presidente João Figueiredo, que a única mágica boba era aquela que fazia desaparecer o mágico. Guardadas as proporções, aplica-se esse princípio nas preliminares da regulamentação da Copa do Mundo de 2014. O Brasil pode lutar e espernear o quanto quiser diante das exigências da Fifa, mas de jeito nenhum deverá levar a disputa até o cancelamento do torneio em nosso território. A platéia ficaria decepcionada, sem o mágico no palco.

Carlos Chagas

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