"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

OS MORTOS E OS VIVOS DO ROCK IN RIO

Este Rock in Rio promete entrar para a história. Não pelas atrações, mas pelos micos. Confira comigo, Juquinha:

-Abertura: quem foi o jeca que teve a ideia de fazer aquela abertura com texto piegas e locutor de convenção de vendas? Parecia tudo: a entrega do Oscar, ou a premiação da Votorantim. Menos um festival de música. Sua avó deve ter achado lindo.



-Milton Nascimento: já ficou para história como o pior assassinato musical das últimas décadas. Sem um décimo da voz de Fred Mercury e com animação de tiozão em dia de exame no geriatra, Milton soterrou “Love of my life”, do Queen. Colocar Milton para emular o vocalista do Queen equivale a chamar a Mallu Magalhães para imitar Ella Fitzgerald.



-Claudia Leite: ok, podem chamar cantora de Axé para o festival. Mas deixar a infeliz fazer cover de Chico Science, já é um pouco demais.



-Entrevistas: se faltava rock no palco, faltava cérebro nas áreas vips. As entrevistas da TV envolviam só gente “entendida” em música, como Ana Maria Braga (falando com a língua enrolada, não sei se por bebida ou por excesso de botox) e Suzana Vieira, que queria ver o Red Hot Chilli “Pop” (SIC). E para abrilhantar, teve a Cristiane Torloni manguaçada. Nem em churrasco “de firma” vi tanta bola fora.

-Assaltos: em dois dias já se acumulavam mais de 100 boletins de ocorrência. E a empresa de segurança fazendo cara de paisagem. Lembrando: este é o país que vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, ok?

-Odor: fãs ficaram incomodados com o inebriante odor dos banheiros. Pior que isso só o show do Ed Motta.

Se algum dos shows prestou? O único que eu gostaria de ver: Mike Patton cantando música italiana com a orquestra de Heliópolis. O resto é pipocão para as massas. Nada contra, mas pagar para tomar pisão e ver Rihanna eu não acho um grande negócio.



Qual é o resumo disso? sei lá. Só sei que se Cauby Peixoto e o Parangolé forem convidados para o próximo Rock In Rio e o PCC for chamado para fazer a segurança eu não vou estranhar.
Marcadores: Dicas culturais estupidamente sinceras

Escrito (hein?) por Walter Carrilho, Setembro 27, 2011 20


PORQUE EU NÃO VOU AO ROCK IN RIO

O povo me pediu para escrever sobre o Rock in Rio. É difícil escrever algo mais engraçado que a união de Milton Nascimento e Ed Motta em um festival com “Rock” no nome. Mas de um evento que se chama “Rock In Rio” e que já foi realizado em LISBOA a gente pode esperar tudo, menos coerência, confere?

Festivais como esse me lembram um rodízio chinfrim de carne, com a diferença de que TODAS as opções são obrigatórias: você vai pra comer picanha, mas é obrigado a engolir beterraba e jiló primeiro. No final, com sorte, vem um fiapo de carne. Ressecado. Só isso reflete, remotamente, a sensação de quem vê Claudia Leite antes de Elton John.

E esse rodízio tem um barman, no mínimo, esquizofrênico. As misturas de convidados prometem dores de cabeça de proporções épicas. Monobloco com Pepeu Gomes? Erasmo Carlos com Arnaldo Antunes? As escolhas foram conscientes mesmo ou foi tudo um lance de “joquempô”? Porque nem vodka barata com benzina daria uma ressaca pior.

O Rock In Rio já promoveu micos históricos, como o show em que Carlinhos Brown foi recepcionado com uma chuva de garrafas de água (vale rever esse momento histórico de justiça musical aqui). Deviam convidá-lo novamente e deixar o público terminar o serviço. Dessa vez com uma bazuca, quem sabe? Aposto como seria o momento mais legal do festival.

Ah, sim, e estão fazendo campanha para promover um Rock In Rio "sem drogas". Não boto fé. Na hora em que bater o desespero vai ter gente querendo enrolar o Nx Zero e acender. Pode ser que cause algum efeito.

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