"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

PIOR QUE PORNOCHANCHADA

O problema dos escândalos políticos no Brasil é a péssima qualidade de seus roteiros. Entre a primeira denúncia e a demissão deste ou daquele ministro, tudo que acontece é de uma chatice de fazer inveja ao cinema brasileiro dos anos 1970. Os diálogos são repetitivos, por vezes sem nexo, a trama é desinteressante, o desfecho patético – nas pornochanchadas, pelo menos, tinha gente bonita pra se ver.

O momento mais excitante – ou pelo menos inesquecível – no copião dessas lambanças de governo em 2011 foi, salvo engano, a revelação de que o ex-ministro Pedro Novais, um homem de 80 anos, pagou com dinheiro público a despesa de uma festinha em motel do Maranhão. Fora isso, teve aquele meio strip-tease mental do Lupi, a saia justa do Palocci, a língua solta do Jobim, o golpe de kung-fu no Orlando Silva, e olhe lá!

Assistimos, sem data para acabar, a uma sucessão de histórias mal contadas, mal ouvidas, mal escritas e mal lidas no noticiário nacional. Não à toa, o ano ainda não acabou e o brasileiro já não está bem certo, entre Wagner Rossi e Alfredo Nascimento, quem, quando, onde e porque cada um deles caiu do governo. Você lembra ao menos de que pastas eles foram ministros?

Gente assim ocupou em 2011 mais tempo de atenção da classe média do que as telenovelas. E olha que em nenhum folhetim de TV personagens como o ministro das Cidades, Mário Negromonte, seria protagonista. É dele a máxima da semana, que muito leitor confuso – ô, raça! – atribui por engano a João Havelange: “A idade de mentir já passou!”

“Inexiste incompatibilidade!” – saiu do nada para as primeiras páginas de jornal um certo Otílio Prado, ex-assessor e sócio do ministro Fernando Pimentel em empresa de consultoria, mais não Digo para não fazer o leitor perder seu tempo de seu domingo. A gente já viu esse filme: é remake do Palocci!

Tutty Vasques

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