"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 27 de março de 2012

EM 20 ANOS, A TV GLOBO JÁ PERDEU 35% DA AUDIÊNCIA

Ricardo Feltrin, editor do F5, do grupo Folha, divulgou dados impressionantes. Nos últimos 20 anos, a TV Globo teria perdido quase 35% de participação nas tevês ligadas na região metropolitana de São Paulo. “O F5 obteve dados inéditos de audiência da TV aberta no país, o mais extenso período já publicado sobre número de aparelhos ligados (o chamado ‘share’)”.

“Em números exatos, a Globo perdeu 34,97% da participação no universo das tevês ligadas (de 59,2%, em 1993, para 38,5%, em 2011). O primeiro trimestre mostra que 2012 também não deve ser redentor: o ‘share’ até agora está em 37,4%”. O jornalista também analisa a pontuação do Ibope, que mede a audiência das emissoras brasileiras.

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QUEDA DE AUDIÊNCIA

“Todas as emissoras, com exceção da Record, perderam pontos… Em 93 o SBT tinha 8 pontos de média e no ano passado teve 5,7 ponto; a Band marcava 2,8 pontos em 93 e no ano passado teve 2,5; a extinta TV Manchete tinha 1,5 ponto em 93, e no ano passado sua sucessora, a RedeTV!, teve 1,4. No início dos anos 90 a TV Cultura tinha 1,9 ponto – o dobro de sua média atual”.

“A Record foi a única que teve muito ganho de ibope e ‘share’ nas últimas décadas. Em 93, ela tinha 3,7% de participação nas TVs ligadas. No ano passado foi 17%. Em pontos de ibope, porém, a emissora ainda dá menos que a metade da Globo. Em 93 a Record tinha apenas 1,5 ponto de audiência e a Globo tinha 23,5 pontos. No ano passado, ela teve 7,2 pontos (contra 16,3 da Globo)”.

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ESTRANHO MERCADO PUBLICITÁRIO

O jornalista Ricardo Feltrin, um especialista no assunto, dá algumas explicações para a decadência da TV Globo. Ele lembra que em 1993 ainda não havia TV por assinatura. “Hoje, porém, 25% dos aparelhos ligados estão nela e nos chamados ‘outros aparelhos’”. Ele observa também que, em 1993, havia muito menos canais abertos disponíveis, a concorrência era menor.

Estes dados são um petardo para a famiglia Marinho. Afinal, o “share” define a fatia no mercado da publicidade, que movimentou R$ 39 bilhões no ano passado. Desde montante, R$ 18 bilhões foram a TV aberta e R$ 11,5 bilhões ficaram para a TV Globo. Ou seja: “A Globo tem 38,5% de participação nas TVs ligadas em 2011 e recebeu 64% da receita publicitária de toda a TV aberta”.

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GLOBO TENTA SE EXPLICAR

O estudo de Ricardo Feltrin comprova que há algo de muito estranho no mercado publicitário brasileiro. Não é para a menos que a Rede Globo tratou de rebatê-lo de imediato. Em comunicado, ela garantiu que a sua audiência cresceu nas duas últimas décadas porque o número de aparelhos ligados aumentou. Na prática, a emissora tentou justificar a sua enorme fatia no mercado publicitário. Veja alguns trechos:

“O Brasil registra os maiores índices de TV aberta do mundo ocidental, com consumo crescente de horas assistidas por dia. Nos últimos 10 anos, o telespectador brasileiro aumentou sua permanência em frente à TV – uma média de cinco horas por dia, por pessoa, por domicílio. Devemos lembrar ainda que a população cresceu, o número de lares com TV e de aparelhos por lar também. A média de aparelhos de TV em cada lar brasileiro quase dobrou em relação a 20 anos”.

“O resultado disso é que a televisão aberta está cada vez mais forte na preferência do telespectador brasileiro – e também do mercado publicitário. O que se vê no Brasil e no resto do mundo é que a televisão se mantém como o principal assunto de todas as novas plataformas/mídias/tecnologias… Essa conjuntura explica porque o meio TV segue como o mais importante e preferido, tanto pelo o público quanto pelos anunciantes, pelos resultados efetivos que ela oferece de vendas e de imagem e prestígio para as marcas”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG

Que cada um tire suas próprias conclusões.

27 de março de 2012
Altamiro Borges (site Pátria Latina)

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