"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 11 de junho de 2012

MINISTRO RUSSO DIZ QUE ANNAN ESTÁ PARALISADO PELA AÇÃO DOS QUE QUEREM A INTERVENÇÃO MILITAR NA SÍRIA

 

O chanceler russo Sergey Lavrov manifestou preocupação sobre “a reação de alguns atores de fora” os quais, disse ele, “apoiam grupos armados da oposição e, ao mesmo tempo exigem que a comunidade internacional dê passos decisivos para mudar o regime na Síria.”

O ministro disse que “para justificar uma intervenção militar, continuam a falar dos refugiados que saem da Síria. Mas ninguém sabe dos que estão sitiados dentro da Síria. É o que já se viu na antiga Yugoslávia. Alguém pensou nos refugiados sitiados na Sérvia e na Eslovênia (Croácia)?” – perguntou Lavrov, acrescentando:

“Segundo estimativas recentes, há cerca de um milhão de refugiados do Iraque e meio milhão de refugiados palestinos, hoje, na Síria. E não vejo ninguém preocupado com eles ou falando deles.”
Para o ministro russo, “atores externos provocam a oposição síria para que continue a ação militar. Assim, vão construindo ali cenário semelhante ao que construíram na Líbia.”

“O principal motivo pelo qual o plano de paz de Annan está paralisado é a ação dos que apoiam a intervenção militar externa na Síria, que impede a implementação do plano” – continuou Lavrov.
Lavrov disse que alguns atores “não gostam” da estabilidade que o plano pode gerar imediatamente. Querem manter a comunidade internacional indignada, e iniciar ofensiva total para intervirem na Síria.”

Lavrov repetiu, mais uma vez, que “a Rússia jamais concordará com o uso da força, no Conselho de Segurança da ONU.” Disse que esse tipo de intervenção levaria a “consequências severas para todo o Oriente Médio.”

Assinalou que o governo sírio é responsável pela segurança dos cidadãos e pelo respeito aos direitos humanos, além de ser responsável por tudo que está acontecendo no país.

Tragédias como a de Houla e outros inúmeros atos de violência são resultado do confronto, hoje ativamente estimulado por atores externos. Também manifestou preocupação sobre a segurança de professores e especialistas russos que foram atacados em Damasco.

Sobre a cobertura jornalística, o ministro das Relações Exteriores da Rússia disse que “bloquear canais oficiais e privados na Síria e impedi-los de transmitir não é ação que deponha a favor da liberdade de expressão.” Lembrou os ataques aéreos contra as instalações de transmissão de televisão em Belgrado, na Sérvia, e em Trípoli, na Líbia. “É indispensável que os atores responsáveis por esses ataques respeitem os direitos da comunidade internacional, de receber informação limpa – seja qual for a informação.”

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REUNIÃO EM MOSCOU

Moscou propôs uma conferência internacional sobre a crise síria, da qual participem todos os principais atores internacionais.
A Rússia manifestou esperança de que todos os atores internacionais consigam influenciar o desenrolar dos eventos na Síria, na saída de uma sessão da ONU na qual o secretário-geral dissera que o presidente sírio perdera a legitimidade.

“A conferência deve ser feita sob a autoridade da ONU” – disse Lavrov, e acrescentou que a discussão global não deve ser evento único. “A Rússia está gravemente preocupada com a presença crescente, na Síria, de terroristas internacionais e de extremistas”.
Com alguns países ocidentais já falando de impedir o Irã de participar da conferência sobre a Síria, Lavrov disse que banir Teerã “seria atitude, no mínimo, irrefletida.”

Para o ministro russo, são partes ativas e “integrais” do processo o Qatar, a Arábia Saudita, o Líbano, a Jordânia, o Iraque, a Turquia, o Irã, a Liga Árabe, a União Europeia e a Organização de Cooperação Islâmica, dentre outras.
Também Lavrov repetiu a jornalistas que “não haverá autorização do Conselho de Segurança da ONU para intervenção militar na Síria.”
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11 de junho de 2012
Rick Rozoff (Worldpress)

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