"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ESTUDAR PRA QUÊ? SEM DEMAGOGIA E FALANDO SÉRIO: A PEDAGOGIA DO JEITINHO


O ensino público fundamental e médio, com raras exceções, agoniza no país.
São escolas desaparelhadas.
Professores mal pagos (recebem, em média, os mais baixos salários do funcionalismo).
E alunos desestimulados.

Diante desse triste quadro, fica evidente que não há como as vítimas do nós pega o peixe competirem com estudantes de colégios particulares por uma vaga nas universidades federais.

Logo, a solução seria investir na melhoria da rede oficial.
Óbvio? No Brasil, não.
É o que mostra projeto aprovado pelo Senado na terça-feira.


Agora, falta apenas a sanção da presidente Dilma para que vire lei e, a partir de 2013, 50% das vagas nas federais sejam destinadas a quem cursou todo o ensino médio em escolas públicas. Não importa que a nota deles seja inferior à de alunos igualmente pobres de uma instituição privada.

Danem-se os pais que trabalham feito loucos para propiciar uma educação de qualidade ao filho.
Quem mandou se comportar como burguês?
Saber?
Conhecimento?
Boa Formação?
Esqueça.

O que vale hoje no Brasil, cada vez mais, é a demagogia que rende votos.
Se o que se pretende é reduzir as desigualdades sociais no ensino superior, que o governo transforme a educação em prioridade e invista pesado na qualidade do ensino fundamental e médio.

Vai ser difícil fazer isso da noite pro dia?
Vai.

Então, enquanto essa revolução não vem, que tal bancar cursinhos pré-vestibulares para alunos da rede pública? Um das fontes de financiamento pode ser a cobrança de mensalidade (com valor de mercado) dos ricos que hoje estudam de graça nas federais. Nada mais justo, não é não?
Em suma:
deixem de demagogia.
Querem ver sobrar dinheiro para melhorar a educação?
Parem com a sangria ao erário:
as indecentes mordomias dos políticos, o repasse de verbas aos partidos, a indústria das festas...


E, sobretudo, instituam penas duríssimas contra o desvio de recursos dos cofres públicos. Dados da Transparência Internacional e da Fiesp apontam o Brasil como o país onde os
corruptos mais roubam no mundo:
R$ 70 bilhões anuais.
Sejam implacáveis com esses ladrões.
E verão que nunca antes na história deste país vai haver tanto dinheiro para reduzir as desigualdades.

Plácido Fernandes Vieira Correio Braziliense
10 de agosto de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário