"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 6 de novembro de 2012

UMA INICIATIVA DE OBAMA PARA A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL

    
          Artigos - Educação 
Tanto faz se um estudante é negro, branco, laranja ou pintado de bolinhas e se ele é pobre ou rico, existem alguns requisitos mínimos que devem ser cumpridos para que ele se saia bem na escola.

O presidente Barack Obama expediu recentemente uma ordem executiva que estabeleceu uma iniciativa da Casa Branca visando a excelência do ensino para os negros americanos, que será adotada no Departamento de Educação. Ele propõe "identificar s melhores práticas comprovadas" para melhorar o rendimento dos negros em escolas e faculdades. Embora a educação dos negros esteja em situação desesperadora, a ordem executiva do presidente não vai conseguir absolutamente coisa alguma para melhorar a educação dos negros. A razão é que ela não aponta as raízes da podridão educacional entre os negros americanos. Não é nenhum bicho de sete cabeças; vamos olhar para elas.

A iniciativa do presidente não contém uma palavra sobre violência escolar desenfreada nas escolas de subúrbios, o que torna impossível a excelência educacional. Durante os últimos cinco anos, 268 escolas da Filadélfia tiveram 30 mil graves casos criminais, incluindo assaltos – 4 mil dos quais foram vítimas os professores - roubos e estupros. Antes de recentes demissões, o distrito escolar da Filadélfia empregava cerca de 500 policiais. Em Chicago, no ano passado, 700 jovens foram vítimas de armas de fogo e dúzias deles perderam suas vidas. Histórias semelhantes de violência de rua e escolar podem ser contadas em outras grandes cidades, predominantemente de população negra, como Baltimore, Detroit, Cleveland, Oakland e Newark.

Se o crime desenfreado na escola não for eliminado, a excelência acadêmica será inatingível. Se muito, a iniciativa do presidente vai ajudar a minar a disciplina escolar, porque defende a "promoção de um clima escolar positivo que não dependa de métodos que resultem em uso de desiguais ferramentas disciplinares". Isso significa, por exemplo, se os estudantes negros são suspensos ou expulsos a taxas maiores do que, digamos, os alunos asiáticos, é um "uso desigual de ferramentas disciplinares". Assim, mesmo que os negros estejam causando uma parte desproporcional de problemas disciplinares, eles não podem ser disciplinados de forma desproporcional.

Tanto faz se um estudante é negro, branco, laranja ou pintado de bolinhas e se ele é pobre ou rico, existem alguns requisitos mínimos que devem ser cumpridos para que ele se saia bem na escola. Alguém deve botar o aluno para fazer a lição de casa, zelar para que ele tenha o descanso de uma boa noite, providenciar um café da manhã, certificar-se que ele vá para a escola no horário e ter certeza de que ele respeita e obedece a seus professores. Aqui está a minha pergunta: quais desses requisitos podem ser obtidos por uma ordem executiva presidencial, um mandato parlamentar ou o decreto de um prefeito? Se esses requisitos mínimos não são cumpridos, o que quer que se faça é em vão.

Gastar mais dinheiro em educação não pode substituir paternidade ruim. Se pudesse, o desempenho acadêmico dos negros não seria um problema. Washington-DC, por exemplo, gasta 18.667 dólares por aluno a cada ano, mais do que qualquer estado, mas vem em último lugar em termos de desempenho estudantil. A escola secundária Paul Laurence Dunbar foi criada em 1870, em Washington, DC, como a primeira escola pública secundária para negros no país.

De 1870 a 1955, a maioria dos seus diplomados foi para a faculdade, obtendo diplomas de Harvard, Princeton, Williams, Wesleyan e outras. Já em 1899, os alunos de Dunbar pontuaram mais em testes de toda a cidade do que os alunos, em qualquer das escolas de brancos do bairro. Sua frequência e registros de atrasos foram geralmente melhores do que os de escolas de brancos. Durante esta época de grandes realizações, não havia violência escolar. Não havia integração racial. Não havia um grande orçamento. Não havia sequer um refeitório ou todas as outras coisas que o establishment educacional de hoje diz que são necessárias para o êxito escolar dos negros.

Numerosos estudos mostram que as crianças criadas em estáveis famílias biparentais se saem muito melhor no ensino do que aqueles criados em famílias monoparentais. Historicamente, as famílias negras têm sido relativamente estáveis. De 1880 a 1960, a proporção de crianças negras criados em famílias biparentais se manteve estável em cerca de 70%; em 1925 no Harlem, foi de 85%. Hoje, apenas 33% das crianças negras usufruem os benefícios da família biparental. Em 1940, a ilegitimidade negra era de 19%; hoje é 72%.

Muitos jovens negros se tornaram praticamente inúteis em uma economia cada vez mais high-tech. A única perspectiva brilhante é o filete de mais e mais pais negros percebendo isso e tirando seus filhos de escolas públicas. A iniciativa do presidente vai ajudar a enriquecer o establishment de ensino, mas não fará nada para jovens negros em situação educacional desesperadora.


 Escrito por Walter Williams

Walter Williams
é professor de Economia na Universidade George Mason.
Tradução: Daniel Antonio de Aquino Neto

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