"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A DECADÊNCIA DE NOVA YORK É IMPRESSIONANTE


Qualquer observador que tenha visitado os Estados Unidos nas últimas décadas pode constatar a visível decadência social.
É bem verdade que se agravou nos derradeiros 10 anos. Para uma pessoa que tenha estado na cidade de Nova York, por exemplo, nos anos 60 e 70, é simplesmente assustador o visual social na atualidade.

Áreas que nos anos 70 eram cheias de vida e elegância, como as circunvizinhas ao Bloomingdale’s, estão praticamente mortas ao entardecer, incluindo a Av. Lexington, entre as ruas 44 e 60, outrora movimentadíssima.

Os comércios da tradicional rua 34, entre as 5ª e 8ª avenidas, excluindo Macy’s, estão cheios de lojinhas de produtos ordinários e chineses. Produtos de toucador europeus de boa qualidade desapareceram das lojas em geral. Nem no Saks Fifth Avenue se podem achar. A proliferação de ambulantes a vender bagulhos falsificados e comidas gordurosas nas ruas cêntricas, até defronte ao famoso Radio City,deprimem o ambiente.

Os turistas que outrora priorizavam shows da Broadway e espetáculos clássicos no Lincoln Center hoje visitam a cidade apenas para compras de computadores, tablets e roupas que podem ainda ser adquiridos a preços inferiores aos de seus países.

Nem para mencionar os antigos amplos e aprazíveis "coffee shops", hoje reduzidos a minúsculos e incômodos espaços. Lugares de entretenimento elegantes, como o Chateau Madrid, com orquestras, ou do tipo Maxwell’s Plumps, na 64 st e 1ª Av não existem mais.

O sistema de metrô parece que parou no tempo, com os mesmos carros barulhentos dos anos 70, bem inferiores aos silenciosos e limpos, por exemplo do Rio, com seu corredores e escadas em péssimos estado de conservação. O sistema de metrô IRT do "west side" atenta contra a audição humana, tamanha a barulhada que sofre o usuário do serviço. Os idosos penam para subirem suas escadas.

Os táxis estão imundos e os motoristas parecem de outro mundo, levando muitos passageiros a preferirem serviços de limousine que proliferam pela cidade com corridas de preços combinados. A outrora alegre Little Italy (bairro italiano), pegada ao Chinatown, é uma tristeza só, com seus restaurantes às moscas, até mesmo em noites de verão.

Demais lugares movimentados e cheios de vida no passado, como Forest Hills, Woodside (Queens), Brooklyn Heights, Atlantic Avenue (Brooklyn) parecem que foram golpeados severamente pela crise econômica, cheios de espaços vazios para alugar.

Quem duvida, que vá lá fazer suas comprinhas, conversar e constatar com pessoas sexagenárias. E o retrato da crise econômica e do incremento da concentração de renda...

28 de dezembro de 2012
Laco Silva

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