"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 1 de dezembro de 2012

ROSEGATE - INVESTIGADA INTERMEDIOU OPERAÇÃO DE CRÉDITO NO BANCO DO BRASIL


Do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha operou para que uma das empresas envolvidas no esquema de compra de pareceres obtivesse crédito de R$ 48 milhões no Banco do Brasil (BB). Acusada pela Polícia Federal de tráfico de influência no governo federal, a ex-chefe de gabinete conseguiu ainda que uma subsidiária da instituição contratasse construtora de sua família por R$ 1,12 milhão.
O inquérito mostra que Rosemary marcou reunião do empresário Carlos César Floriano, do grupo Formitex, com o ex-vice-presidente de crédito do banco, Ricardo Flores. O objetivo era facilitar a ampliação das linhas de financiamento do grupo, que controlava a empresa Tecondi, envolvida na compra de relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) para ocupar áreas do Porto de Santos.
A PF interceptou e-mails nos quais Rosemary acerta com o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira a aproximação do empresário com o banco. Numa das mensagens, de 25 de abril de 2009, ele explica que o Formitex mantinha no BB crédito de R$ 85 milhões, mas pretendia ampliá-lo.
(…)

Flores é amigo de Rosemary e, assim como ela, militante do PT. Ele ocupa hoje a presidência da Brasilprev, companhia de previdência privada do BB. De acordo com o inquérito, o encontro de fato ocorreu na data combinada. Em e-mail enviado a Floriano 12 dias depois, Vieira pede informações sobre a reunião, “ocorrida na terça-feira”, recebendo a seguinte resposta: “Esta semana é que deveremos ter alguma manifestação sobre a reunião da semana passada”.
Quando as negociações começaram, Flores ainda era vice-presidente de governo do banco. Ele assumiu a área de crédito em 23 de abril de 2009. Na véspera, Rosemary explicava a Vieira que seus pleitos seriam atendidos após a nomeação: “Seus dois pedidos não dependem de mim, mas estão muito bem encaminhados. Eu já te avisei que só serão resolvidos após a posse na nova diretoria, que é amanhã”.
Questionado, o BB não se pronunciou, alegando que operações dessa natureza são protegidas por sigilo. Fontes da instituição, no entanto, confirmam que Flores deu entrada no pedido da Formitex. Mas o crédito foi negado, em decisão colegiada. Segundo a PF, Rosemary recebia vantagens para prestar favores a Paulo. Na mesma época da negociação no banco, o ex-diretor providenciava viagem de cruzeiro para ela.
Em maio de 2010, a Cobra Tecnologia, do grupo BB, firmou contrato, sem licitação, com a construtora New Talent, registrada em nome de Carlo Alexandro Damasco Torres e Noêmia Oliveira Vasconcelos, genro e sogra da ex-chefe de gabinete. À época da contratação, o presidente da empresa era Luiz Carlos Silva, ligado a Flores.
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Por Fábio Fabrini e Alana Rizzo, no Estadão:
01 de dezembro de 2012
Por Reinaldo Azevedo

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