"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

COMO SE ESCOLHE UM PAPA?

 


À porta fechada, sob grande secretismo e isolamento. É neste clima único no mundo que decorre o conclave em que é escolhido o futuro Papa.
 
Dentro de 20 dias no máximo, o Conclave de Cardeais terá de iniciar o processo de escolha do novo Sumo Pontífice. Segundo dados do Vaticano, 118 cardeais, de 66 países, todos com idades inferiores a 80 anos, vão reunir-se na Capela Sistina, no Vaticano, e decidir o sucessor de Bento XVI.

Portugal tem actualmente três cardeais no Colégio de Cardeais: D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos; D. José Policarpo, cardeal Patriarca de Lisboa; e D. Manuel Monteiro de Castro. Apenas D. José Policarpo e D. Manuel Monteiro de Castro são eleitores por terem actualmente menos de 80 anos.

O dia exacto para o Conclave de Cardeais ainda não foi anunciado (deverá ter início em Março, segundo o Vaticano), mas a forma como decorrerá mantém-se inalterada há séculos. No primeiro dia, os cardeais reúnem-se na Capela Sistina à porta fechada. As chaves da sala são retiradas das portas e guardadas e o isolamento verificado pelo cardeal camerlengo, que tem a responsabilidade de organizar e supervisionar o processo de eleição.

Longe dos olhares do mundo, os cardeais, que juraram sigilo e arriscam a excomunhão se o violarem, iniciam uma discussão secreta sobre as qualidades dos potenciais candidatos a Papa, que não têm que ser obrigatoriamente um dos seus pares, já que qualquer homem, maior de idade, baptizado pela Igreja Católica, pode ser eleito Papa.

Antes de se iniciar a votação, toda a área é escrutinada pela segurança em busca de microfones ou câmaras escondidas. O Conclave pode demorar vários dias e até que termine, com o anúncio do novo Papa, os cardeais comem e dormem numa zona chamada “Domus Sanctae Marthae”, junto à Basílica de São Pedro.
Durante todo o processo, é vedado aos cardeais o contacto com o exterior. Só poderão ter acesso a assistência médica. À zona que envolve a sala onde decorre o Conclave só podem aceder padres para as confissões e pessoal de manutenção e limpeza. Todas estas pessoas ficam obrigadas a uma cláusula de segredo absoluto sobre tudo o que ouvirem ou virem.

No primeiro dia do Conclave é celebrada de manhã uma eucaristia “pro elegendo Papa”. Já no interior da sala onde o processo eleitoral vai decorrer, os cardeais ficam finalmente sozinhos, sem a presença de qualquer pessoal do Vaticano. Os cardeais podem votar apenas uma vez no primeiro dia de eleição, mas a partir do segundo dia devem votar duas vezes de manhã e outras duas à tarde.

Num boletim de voto em que se pode ler “Eligio in Summum Pontificem" ("Eu elejo como Sumo Pontífice..."), cada cardeal deve escrever o nome do seu eleito. Depois de recolhidos todos os votos, estes são contados e os nomes dos cardeais que receberam votos ditos em voz alta.

Os boletins são depois queimados num forno. É o fumo que resulta da queima que fica visível na chaminé da Capela Sistina que anunciará ao mundo se a Igreja Católica já tem um novo Papa.
Se o fumo negro se tornar branco, foi encontrado o sucessor do último Sumo Pontífice. Se se mantiver negro, haverá uma nova votação. O processo continua até que um dos candidatos reúna dois terços dos votos.

É ainda necessário um voto adicional se o número de votantes não for divisível por três. No entanto, este processo pode sofrer alterações se, ao final de vários dias, não for alcançado um consenso.
Pode decidir-se, por exemplo, que seja nomeado Papa o candidato que reúna mais de metade dos votos. Se ao fim de três dias de votação nenhum dos candidatos conseguir uma maioria de dois terços, o processo eleitoral é suspenso por um dia para orações e discussões informais.

Alcançada a maioria necessária é entregue uma espécie de resumo das votações e respectivos resultados ao recém-eleito Papa. O documento é depois selado e arquivado.
Ao cardeal eleito é perguntado se aceita a nova função e qual o nome pelo qual quer passar a ser designado.
O nome pelo qual o novo Papa escolheu ser designado é também avançado nessa altura. A 19 de Abril de 2005, Joseph Ratzinger escolheu Bento XVI.

O anúncio de que foi eleito um novo Sumo Pontífice é depois feito através da chaminé da Capela Sistina, de onde sairá fumo branco. “Habemus Papam!” (“Temos Papa”, em latim), será anunciado em seguida pelo decano do Colégio dos Cardeais a partir da varanda da basílica de São Pedro. O novo Papa oferece depois a sua primeira bênção apostólica.

11 de fevereiro de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário