"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 23 de março de 2013

A REBELIÃO DOS SEIOS...

Seios nus na internet — e a jovem da Tunísia é condenada à morte por clérigo muçulmano. A família resolveu interná-la num hospício


Amina -- sem direito sobre o próprio corpo
Amina, em uma das fotos postadas: "meu corpo pertence a mim e não é a fonte da honra de ninguém"

Ela se chama Amina, tem 19 anos de idade, nasceu e vive na Tunísia, país que, teoricamente, tornou-se uma democracia após a chamada “Primavera Árabe” que derrubou a ditadura do eterno presidente Zine el-Abidine Ben AliAmina, em janeiro de 2011.

Mas Amina cometeu um pecado mortal em uma sociedade islâmica — e por essa razão foi condenada à morte por um sacerdote islâmico, enquanto a família tomou suas providências: rapidamente internou-a em uma instituição psiquiátrica em Túnis, capital do país.

O pecado: a jovem postou fotos suas de seios de fora na web page que ela criou, na Tunísia, para o grupo feminista radical ucraniano Femen, constituído por ativistas que se desnudam em público por diferentes causas, sempre protestando contra algo.

Uma das fotos mostra Amina lendo e fumando um cigarro, tendo no peito a inscrição em árabe da frase “meu corpo pertence a mim e não é a fonte da honra de ninguém”. Em outra foto, ela aparece levantando os dedos médios para a câmera tendo no corpo a inscrição, em inglês: “F…-se a moral de vocês”.

Outra foto de Amina, pela qual foi condenada à morte
Outra das fotos de Amina que provocaram a reação do clérigo muçulmano

A reação na Tunísia veio pela boca espumando de ódio do pregador muçulmano salafista Almi Adel, segundo o qual a jovem deveria ser “apedrejada até a morte”, uma vez que sua ação poderia causar “epidemias e desastres” e “poderia ser contagiosa e sugerir ideias a outras mulheres”. Ocorre que Almi Adel acumula as funções de clérigo islâmico com a direção de uma Comissão para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício na Tunísia — órgão oficial com título semelhante aos existentes nos regimes totalitários do Irã e da Arábia Saudida.

Leila, da espanha, em solidariedade a Amina
Leila, da Espanha, em solidariedade a Amina

Do ponto de vista religioso, ele lançou uma fatwa contra a moça — o que significa que os fiéis estão autorizados a matá-la. Do ponto de vista laico, as coisas não estão claras, mas a mídia tunisiana diz que, conforme a legislação dessa “democracia” árabe, ela poderia ser condenada a até dois anos de prisão.

Meriam, também tunisiana, em apoio fotografou-se com os dizeres: 'Ninguém deveria ter o poder de vida ou morte sobre nós. Apoio Amina e todas as mulheres árabes
Meriam, também tunisiana, em apoio a Amina fotografou-se com os dizeres: 'Ninguém deveria ter o poder de vida ou morte sobre nós. Apoio Amina e todas as mulheres árabes"

A notícia de que a jovem foi internada pela família num hospital psiquiátrico da capital da Tunísia chegou ao QG do grupo Femen em Paris e foi divulgada por sua líder, Inna Shevchenko.

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23 de março de 2013
in r.noblat

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