"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 13 de maio de 2013

O HORROR SEM LIMITES NA SÍRIA: LÍDER "REBELDE" ARRANCA E COME O CORAÇÃO DE UM SOLDADO INIMIGO. ESTÁ EM VÍDEO.

 

O vídeo abaixo é para almas cujo estômago suporta o horror. Ou então não vejam. Ali aparece um líder rebelde sírio, chamado Abu Sakkar, um dos fundadores da Brigada Farouq, arrancando e, santo Deus!, comendo o coração de um soldado leal ao governo de Bashar Al Assad. E ele o faz diante das câmeras, para o mundo, com um recado:
 
“Juro por Deus que vamos comer seus corações e seus fígados, soldados do cão Bashar!”
Como, então, quem destrinchasse um porco — ou nem isso, já que esse animal e considerado sujo pelo islamismo —, ele cavouca o peito do soldado que acabara de morrer (ainda não há rigidez cadavérica), arranca o coração e leva à boca.
 
A denúncia não é feita por um grupo qualquer. Foi tornada pública pela Human Rights Watch. Segue o vídeo. Volto depois.
 

 
Voltei

Não escrevo com o objetivo de ter razão. Tampouco me compraz constatar que minhas piores expectativas às vezes se cumprem. Mais de uma vez, expressei aqui meu ceticismo em relação à dita “Primavera Árabe”, cuja existência não reconheço. Trata-se de uma invenção da imprensa ocidental, que se dá por mimetismo.
Tenta-se se ver nesses países movimento semelhante ao que resultou na derrocada comunista.
É uma besteira. Nos países comunistas, não havia apenas democratas — também havia os nacionalismos de caráter até fascistoide —, mas a pressão por democracia era e é real. Nos países árabes, infelizmente, esse é um desejo que se manifesta do lado de cá, nas democracias ocidentais, não do lado de lá. A exceção jamais fará a regra.

No dia q9 de julho de 2012, escrevi um escrevi um post intitulado “Por que não me entusiasmo com os ‘democratas’ da Síria. Um trecho, em azul, diz o seguinte:
(…)

Conheço, já contei aqui, famílias sírias no Brasil que têm parentes em seu país de origem. Desde o começo do levante, relatam a espantosa violência dos insurgentes. Como Assad é um ditador, suas versões sobre os fatos, e não por maus motivos, sempre caem no descrédito.
Mas o fato é que também os que se opõem ao governo recorrem a execuções sumárias, ações terroristas, barbárie. Não vou abrir meus braços para essa gente e saudar: “Bem-vinda à democracia!”.

Mais: a Síria é uma espécie de síntese ou emblema de todas as questões que têm se mostrado até agora insolúveis no Oriente Médio, a começar de sua própria composição interna.
Os Assad pertencem à minoria alauíta — 10% da população —, um ramo do xiismo odiado, igualmente, pela maioria sunita e pelos xiitas. São hoje parte da elite dirigente do país.
A chance de que essa e outras minorias — como a cristã, por exemplo — venham a ser esmagadas é grande.
E isso pode se dar sob o silêncio cúmplice da imprensa ocidental, a exemplo do que se verifica no Egito. O assassinato de cristãos naquele país “democrático” se tornou corriqueiro.
Estão sendo expulsos de suas propriedades. As igrejas estão sendo incendiadas. Nada disso é notícia!
(…)
 
Retomo

Fui acusado, claro!, de distorcer os fatos a partir da experiência pessoal, de querer igualar desigualdades, de não reconhecer o lado bom da história. Qual lado bom? Eis aí. Extremistas como o canibal que aparece acima ganharam uma importância enorme na “luta”. A Al Qaeda comanda boa parte da resistência armada. Essa gente está a serviço de uma espécie de governo sírio na oposição, cuja existência foi reconhecida pela União Europeia e pelos EUA.
É claro que Assad é um tirano asqueroso. A questão é saber até onde se pode ir para apeá-lo do poder.
 
No texto cujo link vai acima, escrevi ainda (em azul):

Nego-me a me comportar como o Foucault de Higienópolis, entenderam [Nota: Foucault se encantou com a revolução iraniana]? Assad é um assassino asqueroso, como era o xá Reza Pahlev, no Irã. Vejam lá a maravilha de democracia e tolerância em que se transformou o país dos aiatolás… Os métodos a que aderiram os insurgentes sírios não me animam, e não vejo uma trilha virtuosa caso cheguem ao poder — o que parece, a esta altura, inevitável. De resto, entendo que o Oriente Médio e a África islâmica passam, infelizmente, é por um processo de “desocidentalização”, não o contrário.
 
13 de maio de 2013
Por Reinaldo Azevedo

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