"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 9 de agosto de 2013

TEMPOS ESTRANHOS


 

O que mais estarrece neste episódio envolvendo a transferência ilegal, por parte do TSE, de dados sigilosos  de mais de 140 milhões de pessoas à SERASA, empresa privada de análise de concessão de crédito, é o fato de a Ministra Carmen Lúcia, presidente do TSE, ter tomado conhecimento do fato aparentemente pela imprensa.  
 
Certamente o caso, associado ao by-pass sofrido pela autoridade máxima da instituição, possui os ingredientes necessários para  afetar a confiança do eleitor brasileiro em relação à certeza de que seu voto é direcionado ao candidato soberanamente por ele escolhido. 
 
Assim, acredita-se ser necessário que o TSE demonstre à sociedade, já meio inquieta em relação à urna eletrônica, que está tentando aperfeiçoar e modernizar o sistema de apuração e, simultaneamente, puna os arquitetos de um acordo que divulga, não se sabe com  que objetivo, dados sigilosos sem o conhecimento das pessoas afetadas e muito menos da presidência, a verdeira responsável.
 
A propósito, é a segunda vez que Marco Aurélio Mello, vice presidente do TSE e Ministro do STF, aparentando surpresa, afirma que o país está vivendo "tempos estranhos". A primeira ocorreu em maio de 2012, por ocasião do furtivo e até hoje pouco esclarecido encontro do ex-presidente Lula com o Ministro Gilmar Mendes, com o objetivo de negociar o adiamento do julgamento do mensalão. 
 
Se Marco Aurélio, do alto de sua autoridade, recorrentemente considera estranhos os tempos, o cidadão comum provavelmente os vê macabros.
 
Outros tempos tão ou mais estranhos estarão por vir? 
Tudo indica que sim.   

09 de agosto de 2013 Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-mar-e-guerra – reformado.

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