"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 14 de abril de 2013

BRASIL, TERRA SEM LEI

Já há mortes dos dois lados. Índios massacram brancos. Brancos matam índios. Por todo o Brasil, a FUNAI, o CIMI da Igreja Católica e ONGs internacionais fomentam uma verdadeira guerra civil.
 
Aliados ao Ministério Público Federal, cujo papel de "fiscal das leis" se transformou em contestar decisões judiciais e relativizar o direito de propriedade.
 
Ontem, indios guaranis kaiowas executaram um produtor rural em Douradina, Mato Grosso do Sul.
Veja post de ontem, abaixo.
 
Hoje, o jornal O Globo traz uma notícia de que, com o apoio do Ministério Público, índios prometem entrar em guerra e descumprir uma decisão judicial.
A Constituição Federal está sendo rasgada em todo o país, porque Dilma Rousseff não nomeia um ministro do STF que irá julgar os embargos interpostos por quem no caso Raposa Serra do Sol?
Pelo Ministério Público!
 
O STF definiu, neste caso, exatamente o que é terra indígena e qual o rito demarcatório. É só cumprir.
 
Dilma, Maria do Rosário, José Eduardo Cardozo, a FUNAI e o Ministério Público não querem cumprir. É o Brasil, terra sem lei. Leia abaixo a absurda matéria de O Globo.
 

Índios reunidos na tribo em Caarapó
Foto: Michel Filho
Índios reunidos na tribo em Caarapó
 
DOURADOS (MS) — A bandeira vermelha foi hasteada nesta sexta-feira no acampamento guarani-caiová de Pindoroky, em Caarapó, Mato Grosso do Sul. Foi o sinal dado pelos mil indígenas instalados dentro da fazenda de Orlandino Gonçalves Carneiro, de que vão resistir à ordem judicial de reintegração de posse.
 
A Justiça deu a eles dez dias para desocupar a fazenda e permitir a exumação do cadáver do menino Denilson Barbosa, de 15 anos, assassinado a tiros em fevereiro pelo fazendeiro. Isso revoltou os índios, que estão dispostos a morrer pela posse da fazenda, considerada por eles e pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como parte da terra indígena.
A reintegração de posse foi concedida anteontem pela juíza Raquel Domingues do Amaral Corniglion, da 1ª Vara Federal de Dourados. A notificação chegou à aldeia ontem, o que faz com que eles tenham de deixar a área até dia 19 de abril, o Dia do Índio.
Logo que souberam da ordem de despejo, os índios iniciaram a convocação dos guarani-caiovás de todo o sul do estado, como os vizinhos da reserva Teikuê, habitada por 5.600 índios. Nesta sexta-feira, já estavam no local 2 mil índios.
Os líderes indígenas prometem reunir 5 mil homens até a semana que vem, para impedir o despejo. Em toda a região, com 26 municípios, moram 45 mil guarani-caiovás. Dezenas de líderes se reuniram nesta sexta-feira em frente à oca principal e, uma a uma, começaram a fazer relatos desesperados da situação em que vivem desde o dia 18 de fevereiro, dia em que o fazendeiro Orlandino Carneiro atirou duas vezes na cabeça de Denilson Barbosa. Foi depois desse crime que eles resolveram ocupar a propriedade e lá enterrar o corpo do garoto indígena.
Ernesto Veron, líder guarani-caiová, de cara pintada para a guerra, disse:
— Vamos reunir todos os nossos irmãos aqui para lutar contra a decisão da juíza. Ela não tem coração. Aqui moram crianças, velhos e mulheres grávidas. Vamos morrer aqui. Daqui não sairemos vivos. Aproveito para dar um recado para a juíza e para a presidente Dilma: a aldeia do Tekuê tem 5 mil índios e todos estão dispostos a resistir. Nosso sangue já foi derramado aqui — disse, apontando para a cova onde está sepultado Denilson.
Os índios gritavam enlouquecidamente a cada palavra de Veron, que teve o pai, Marcos Veron, assassinado em 2003 por pistoleiros do fazendeiro Jacinto Honório, em Juti, a 40 quilômetros de Caarapó.
— Isso não é justiça. O assassino do Denilson está em liberdade. Ele matou o menino como se fosse um cão.
Pegou o corpo, colocou numa camionete e o jogou na estrada. Depois, confessou o crime. Ao invés da Justiça jogar o fazendeiro atrás das grades, vem esta ordem judicial. Mas não vamos sair. Vamos enfrentar polícia, jagunços do fazendeiro, quem vier. Vamos resistir até a morte — bradou Ernesto.
Depois, falaram os avós, tios e até os três professores de Denilson. Todos repetiam que vão resistir até a morte e que jamais permitirão a exumação do corpo do garoto.
Muitos choraram enquanto falavam, em guarani, como foi o caso de dona Lúcia Barbosa, a avó:
— Não vou sair de perto do meu neto. O tio, Odivaldo Barbosa, ameaçou “invadir a cidade de Caarapó” se a reintegração acontecer:
Não vamos correr. Pode vir batalhão de choque. Se a presidente Dilma não se sensibilizar e não fizer a demarcação das terras indígenas, é melhor que mande abrir grandes valas para nos enterrar aqui.
Valdelice Veron, líder guarani-caiová, era a mais emotiva e contundente: — Orlandino é réu confesso, mas seus pistoleiros estão com sede do nosso sangue.
Vão nos atacar junto com a polícia no dia do despejo, mas vamos morrer aqui lutando pela terra que a Constituição nos garante. Nunca aceitamos ficar no chiqueiro das oito reservas em que nos confinaram aqui no Mato Grosso do Sul. Vamos lutar por nossa terra até o último suspiro. Os índios reivindicam uma área de seis mil hectares, incluindo a fazenda de Orlandino como terra indígena.
O procurador da República Marco Antonio Delfino, do Ministério Público Federal de Dourados, não acredita que a decisão da juíza será cumprida no próximo dia 19, como temem os índios. Segunda-feira, ele vai entrar com um embargo contra a decisão da Juíza Raquel Corniglion. Vai alertá-la de que a reintegração pode gerar um conflito de grandes proporções.
— A juíza não levou em consideração que 5 mil índios podem se rebelar. No embargo, vamos lembrar as dificuldades de se retirar tanta gente. Como convencer um índio que ele tem que tirar da terra o corpo de um filho? — disse Delfino.
Vamos levar pelo menos dois ou três meses com recursos, tempo suficiente para negociar uma saída para o impasse.
A Funai e o MPF estão fazendo estudos antropológicos para considerar o local como terra indígena.
A advogada Sueli Lima, que representa o fazendeiro Orlandino Carneiro, no entanto, diz que se os índios não deixarem as terras de seu cliente em dez dias, vai requerer força policial para o cumprimento da ordem judicial: — O Orlandino reconheceu seu erro. Foi à polícia e disse que atirou para assustar. Confessou que atirou, mas não é invadindo suas terras que vão penalizar meu cliente.
 
14 de abril de 2013
in coroneLeaks

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