"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 16 de outubro de 2011

POR ENQUANTO A "FAXINEIRA" DILMA PREFERE ESPERAR A SUJEIRA INVADIR SEU GABINETE


Escândalo no Esporte

Conforme antecipamos ontem, uma nova crise se instaurou no governo Dilma. Desta vez no Ministério dos Transportes. As denúncias tem um potencial destrutivo imprevisível.

Com a proximidade da Copa do Mundo e a série de dificuldades que o governo enfrenta para gerenciar as obras de infraestrutura, a presidente avalia se é melhor manter um ministro sob suspeição ou demití-lo e tentar reestrutura a pasta.

A gravidade da denúncia recomendaria o afastamento e uma investigação rigorosa, mas como tornou-se hábito na administração petista, outros fatores são levados em consideração antes da tomada de decisão. Nos comentários abaixo explicamos melhor, agora leiam o que informa a Folha de São Paulo:

Dois integrantes de um suposto esquema de desvio de recursos do Ministério do Esporte acusam o ministro Orlando Silva (PC do B) de participação direta nas fraudes, segundo reportagem publicada pela revista “Veja”.

O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira e seu funcionário Célio Soares Pereira disseram à revista que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na garagem do ministério.

Localizado ontem pela Folha, Pereira confirmou a acusação contra o ministro, mas recusou-se a dar entrevista. Segundo a “Veja”, Pereira descreveu assim a entrega, que teria ocorrido em 2008: “Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do [programa] Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais”.

Do México, onde acompanha o Pan-Americano, o ministro disse que a acusação é uma “fraude” e pediu à Polícia Federal que a investigue.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que conversou ontem com Silva por telefone e que determinará a abertura de inquérito no começo da semana.

O PC do B informou que, por solicitação do ministro, pedirá a antecipação de um depoimento que Silva daria à Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados.

Segundo a Folha apurou, a reação do ministro agradou ao governo, que por ora não cogita substituí-lo.

COMENTÁRIO

Quem acompanha minimamente os escândalos na administração petista não deve se surpreender com o itinerário de ações do governo frente à casos de corrupção. Num primeiro momento, avalia-se o potencial que as denúncias tornadas públicas na imprensa tem de gerar desdobramentos.

Se as reportagens forem baseadas somente em depoimentos, ótimo para o governo. Mantém-se o servidor no cargo. Foi assim com as denúncias que ligaram Aloizio Mercadante ao esquema dos “aloprados”.

Quando há provas materiais e o envolvimento de um maior número de pessoas, a história é diferente. Neste caso o governo se articula e busca informações sobre investigações em andamento. Caso perceba que elas serão capazes de fornecer pauta para a “mídia” durante um bom período, demite-se. Foi o que ocorreu com Antônio Palocci e Wagner Rossi, só pra citar alguns dos vários exemplos.

Salvo raras exceções, como o ocorrido com Alfredo Nascimento, onde a presidente Dilma aguardava uma justificativa para pedir a cabeça do então ministro dos Transportes, é esse o procedimento padrão. Sendo assim, não faz sentido empregar o termo “faxina” já que em nenhum momento o governo preocupou-se em remover a sujeira de sua administração. Ao contrário, a preocupação é uma só, impedir que os detritos que se acumulam invadam o saguão do Palácio do Planalto.

O correto neste caso é que o ministro Orlando Silva fosse afastado até o término nas investigações. Não se trata aqui de um pré-julgamento e sim de um ato de responsabilidade e zelo pelo bem público. Como qualquer cidadão, Silva dispõem da presunção de inocência, mesmo que seu histórico indique o contrário.

implicante

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