"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 27 de novembro de 2011

ESQUERDA PERDE ELEIÇÃO DO DCE DA UFMGA

Esquerdistas perdem eleição do DCE da UFMGA Onda, chapa que segundo os adversários tem viés de direita, mas que se define como apartidária, venceu eleição, derrotando a apoiada pela UNE e a atual gestão, ligada ao PCR

Uma onda conservadora tirou a esquerda do controle do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (DCE-UFMG).
Com 1.911 votos (34,9% do total, incluindo brancos e nulos), a chapa batizada de Onda (O Nosso Diretório Apartidário) venceu a disputa pelo comando do DCE-UFMG contra as quatro concorrentes, todas vinculadas à esquerda.
Esta é a primeira vez desde 1976, quando as eleições para o DCE-UFMG passaram a ser diretas (veja texto nessa página), que uma chapa não esquerdista assume o comando do diretório.

Eleições na UFMG geram polêmica no movimento estudantil

Movimento parecido aconteceu no mês passado na Universidade de Brasília (UnB) quando a chapa Aliança pela Liberdade ganhou a eleição para o DCE da instituição também contra grupos ligados à esquerda.
Apesar de a chapa vencedora rejeitar o rótulo de direita ou liberal, sua eleição foi comemorada por integrantes do DEM e do PSDB nas redes sociais que criticam o que eles classificam como “aparelhamento” pela esquerda do movimento estudantil.

Ao todo votaram 5.472 alunos, o que representa 12,9% dos alunos da universidade. A segunda colocada na disputa foi a chapa Há Quem Sambe Diferente, com 149 votos a menos que a vencedora.
A maioria dos votos da Onda (1.295) vieram dos alunos do Instituto de Ciências Aplicadas (Icex) e do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
Apoiada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), a chapa Tempos Modernos ficou em penúltimo lugar na disputa, com 253 votos, atrás apenas da chapa Reiventar, que teve 195 votos.

A atual gestão do DCE-UFMG, Voz ativa, ligada ao PCR (Partido Comunista Revolucionário), agremiação de extrema esquerda fundada na década de 1960 a partir de uma dissidência do PCdoB, ficou em terceiro lugar na disputa, com 1.349 votos.

PUC Minas O fim da hegemonia da esquerda não é inédita na UFMG, mas não em outros diretórios estudantis de Belo Horizonte. Desde 2010, o DCE da PUC Minas no Bairro Coração Eucarístico é comandado por integrantes do PSDB.

O atual presidente do diretório, Vitor Colares, 21 anos, aluno do curso de direito, dirige também a juventude tucana de Belo Horizonte. Antes dele, a gestão estava sob o comando do presidente do PSDB Jovem do estado, Caio Nárcio, filho do deputado federal licenciado Nárcio Rodrigues.

Apesar da vinculação política, ele diz que o DCE da PUC é apartidário. “Não temos partido no movimento estudantil. Levamos nossa experiência da legenda para o movimento, sem partidarizar a entidade, ao contrário do que ocorre com os movimentos de esquerda que sempre aparelharam as entidades de representação estudantil”, compara.

Para propagar essa idéia, segundo ele, as entidades criam o Conselho Estudantil Universitário (Ceunir) que reúne diretórios estudantis “apartidários”. Fazem parte desse conselhos os diretórios das faculdades Newton Paiva, Uni-BH e Fumec, comandados por pessoas ligadas ao PSDB, e também o da Faculdade Milton Campos, cujo comando é ligado ao PHS.

A reportagem não conseguiu falar com nenhum dos integrantes da chapa. A porta-voz escolhida pela Onda para falar com a imprensa, identificada apenas como Clarice, não foi localizada. Seu namorado, Guilherme Lima, também um dos apoiadores da chapa, disse que ela passou a tarde dormindo pois a apuração dos votos terminou de madrugada e que ela não ia dar entrevistas nessa sexta-feira.
Alessandra Mello, 26/11/2011

Outros tempos
A volta das eleições diretas


Depois do golpe de 1964, os militares extinguiram a União Nacional dos Estudantes (UNE) e proibiram as eleições diretas para os diretórios centrais dos estudantes, em uma tentativa de esvaziar os movimentos políticos de oposição.
Essa situação perdurou até 1976, quando os universitários decidiram enfrentar a ditadura e eleger os DCEs livres, com votação direta. A primeira eleição livre ocorreu na USP, em São Paulo, e teve um episódio interessante. Agentes da polícia política invadiram a universidade e roubaram as urnas, forçando os estudantes a fazer nova eleição.

Em Belo Horizonte, os alunos da UFMG foram ameaçados pelo general Antônio Bandeira de Mello, então comandante da 4ª Divisão do Exército, que prometeu impedir a votação e prender os estudantes. Mas nada disso ocorreu. A eleição foi tranquila, com a vitória da chapa Liberdade, de orientação marxista leninista, na retomada da tradição de escolha direta e democrática dos dirigentes do DCE.
Álvaro Fraga

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