"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 3 de dezembro de 2011

NEM SONHO, NEM ÉTICA.


Está lá o corpo estendido no chão...
A figura de linguagem ilustra bem a situação do ministro do Trabalho. Acusado de uma penca de irregularidades, Carlos Lupi perdeu o timing. Até o momento em que escrevia este artigo, ele jazia na Esplanada.

Devia ter pedido pra sair fazia tempo.
Mas seguia cheirando mal e provocando grande constrangimento ao governo da presidente Dilma.

E não deveria deixar o posto apenas por causa das denúncias da "imprensa golpista":
até mesmo a insuspeita Comissão de Ética da Presidência da República tinha recomendado a saída do pedetista do cargo.

Lembrei-me, então, de outro período até mais constrangedor.
Ocorreu em 2005, época em que Roberto Jefferson denunciou o mensalão.

Naqueles dias, o escândalo era tamanho que o país parava para assistir ao show do deputado fluminense provocando e espicaçando o todo-poderoso José Dirceu, ministro da Casa Civil:

"Ó, Zé. Pede pra sair", ironizava Jefferson.

Assim como Lula, constrangido, não demitia Dirceu, ninguém sabe, agora, por que Dilma demora tanto em varrer Lupi do Planalto.

Outra vez, entro no túnel do tempo. E me lembro de quando participava do movimento estudantil e sonhava com o dia em que viveríamos num mundo mais livre, mais justo, mais ético.

Aí sempre vem um grande desânimo e me pergunto:
o que testemunhamos hoje é mesmo o fim do socialismo?
Toda a utopia, os sonhos e as lutas da juventude por um mundo em que imperasse a liberdade, a fraternidade, a ética e a justiça foram para o saco?
O caminho da esquerda será sempre uma ditadura tão vil quanto as de direita?
Não há saída fora do capitalismo nu e cru tal o conhecemos?

Quando vejo aposentados perdendo direitos e qualidade de vida na Europa, fico ainda mais assustado. Que mundo é este? Que futuro nos espera?
O realismo dessa revolução pela corrupção que pseudoesquerdistas querem impor no Brasil?


É triste constatar que estamos cada vez mais distantes de um planeta livre de tiranias, fanatismos, intolerância. O sonho de uma sociedade empenhada em garantir qualidade de vida a todos os cidadãos parece ter sido varrido da órbita terrestre.

Plácido Fernandes Vieira

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