"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O PADRÃO DNOCS

O diretor-geral do Dnocs, Elias Fernandes, perdeu a cabeça mas não perdeu o prestígio.

No momento da demissão, seu chefe, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, fez questão de reafirmar “absoluta confiança no trabalho realizado” pelo subordinado demitido.

É mais um integrante do governo Dilma que vai para casa coberto de elogios.

É perfeitamente compreensível a admiração do ministro Bezerra pelo subordinado. O agora ex-diretor do Dnocs ficou conhecido por destinar ao seu estado, Rio Grande do Norte, 37 dos 47 projetos do órgão contra desastres naturais.

Foi exatamente a mesma técnica usada pelo próprio Bezerra na distribuição das verbas contra enchentes. Como se sabe, 90% do dinheiro choveu sobre Pernambuco, estado do ministro.

Fica a dúvida de sempre: com tanta eficiência e confiança, agindo perfeitamente de acordo com os padrões do Ministério, por que Elias Fernandes caiu?

Uma hipótese pode ser a modéstia: o ex-diretor do Dnocs beneficiou seu estado com apenas 78,7% dos projetos. Em termos de verbas, o Rio Grande do Norte ficou com um pouco menos de 50%.

Diante dos 90% de Pernambuco, é realmente um índice sofrível.

Isso talvez explique o fato de o diretor do Dnocs ter caído e o ministro da Integração ter ficado de pé. Ambos usaram dinheiro público com propósitos políticos, mas Fernandes mostrou ser tímido demais nesse ramo.

Se não foi isso, como explicar a permanência de Fernando Bezerra no governo?

Pode ter sido uma questão de calendário. No caso do ministro do Desenvolvimento – o consultor Fernando Pimentel –, a sequencia de manchetes foi interrompida pela chegada de Papai Noel. No caso de Bezerra, o governo estava de férias.

O azar do companheiro do Dnocs foi o Carnaval não ter caído em janeiro.

28/01/2012
guilherme fiuza

Nenhum comentário:

Postar um comentário